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Usos da Epidemiologia Profª: Gabriela Meira Diagnóstico da situação de saúde; Investigação etiológica; Determinação de risco; Aprimoramento na descrição do quadro clínico; Determinação de prognósticos; Identificação de síndromes e classificação de doenças; Verificação do valor de procedimentos diagnósticos; Planejamento e organização de serviços; Avaliação das tecnologias, programas ou serviços; Análise crítica de trabalhos científicos. Diagnóstico da Situação de Saúde Consiste na geração de dados quantitativos sobre a saúde de uma dada população ou parte dela. Uma única condição: agravo ou fator de risco, uso dos serviços de saúde, uma característica populacional; Um grupo de condições: doenças infecciosas, doenças cardiovasculares, acidentes; A saúde global: de uma comunidade (principais agravos). Finalidade do Diagnóstico Orientar as ações saneadoras; Indicar as necessidades de saúde da população; Fornecer subsídios para a formulação de hipóteses sobre as possíveis causas dos problemas identificados. Direcionar Ações Elaboração de explicações – formulação de hipóteses. Investigação Etiológica A busca das possíveis causas que explicam ocorrência e distribuição dos eventos na população. Abordagem unicausal: Relaciona uma causa a um efeito. Exemplo: hábito de fumar câncer de pulmão. Abordagem Multicausal Em razão da grande complexidade de fatores implicados no processo etiológico da doença, a prevenção e os cuidados devem ser feitos em múltiplas direções, no sentido de atingir a maioria dos fatores associados (herança genética, tipo de ocupação, etc.). Determinação de Risco Conceito de risco: O grau de probabilidade da ocorrência de determinado evento. Exemplos: Viajar para o Líbano e ser atingido por uma bomba... Dirigir alcoolizado e bater em um poste... O cálculo do risco: A probabilidade de o dano vir a ocorrer no futuro, a partir de um fator de risco isolado ou de vários ao mesmo tempo. Formas de Expressão de Risco Risco absoluto ou taxa de incidência: mostra quantos casos novos de uma doença aparecem num grupo, em um determinado período. Exemplo: 15 óbitos anuais por coronariopatia por mil adultos com colesterol elevado. 5 óbitos anuais de coronariopatia por mil adultos com colesterol baixo. Risco relativo (RR): é a razão entre duas taxas de incidência. Informa quantas vezes o risco é maior em um grupo quando comparado com outro. Exemplo: RR = 15/5 = 3 Interpretação: Risco 3 vezes maior de mortalidade por coronariopatia entre os que tem colesterol elevado, quando comparados com os que tem colesterol baixo. Aprimoramento na descrição do Quadro Clínico Certos detalhes da doença somente são esclarecidos em estudos populacionais, bem conduzidos, baseados em métodos da epidemiologia. Exemplo Doença de Chagas: Apenas a reunião, recentemente,, de observações sobre o maior numero de pacientes portadores da doença, possibilitou o delineamento mais completo do quadro evolutivo com a adição de detalhes. Determinação de Prognóstico Predizer o curso futuro de uma doença, após sua instalação. Fator de prognóstico: Fatores associados às doenças que quando presentes ou ausentes determinam um prognóstico. Generalização de resultados: a partir dos resultados obtidos em um grupo, aplicar ao demais indivíduos afetados com o mesmo problema, com a devida prudência. Identificação de Síndromes e Classificação de Doenças O reconhecimento de padrões comuns de evolução pode fazer com que se distinga uma condição da outra, até então consideradas como uma só categoria clínico-patológica. A partir da coleta adequada dos dados, os quais são agrupados e utilizados para fazer as diferenciações que levarão a novas classificações ou ao aperfeiçoamento das já existentes. CID 10 Fornece códigos relativos à classificação de doenças e de uma grande variedade de sinais, sintomas, aspectos anormais, queixas, circunstâncias sociais e causas externas para ferimentos ou doenças. Verificação do Valor de Procedimentos Diagnósticos Os usos dos resultados de uma investigação diagnóstica estão subordinados à precisão dos diagnósticos realizados individualmente, que ao se somarem formam o diagnóstico coletivo. Validade da informação: Diz respeito ao grau em que o diagnóstico reflete a real condição do paciente. Confiabilidade ou reprodutibilidade da informação: Refere-se à consistência dos resultados, quando o teste diagnóstico é repetido. Planejamento e Organização dos Serviços Dentre as informações empregadas para subsidiar as decisões para definição de prioridades e melhor uso dos recursos, estão: A magnitude e a distribuição dos problemas de saúde, fatores de risco e características da população; Recursos humanos, financeiros e materiais; Relação causal entre características da população, fatores de risco e agravos à saúde, além do impacto das diversas intervenções. Avaliação das Tecnologias, Programas ou Serviços O objetivo da avaliação é identificar os produtos e procedimentos que ofereçam os melhores resultados e tenham impacto significativo na população. Eficácia: procura investigar as tecnologias em condições ideais. Efetividade: avalia as tecnologias em condições reais. Eficiencia: avalia as tecnologias a nível financeiro. Análise Crítica de Trabalhos Científicos A literatura especializada no campo da saúde é um importante recurso de educação continuada, mas é preciso selecionar as produções de qualidade daquelas sem muito valor científico. Aspectos para Avaliar uma Pesquisa Científica Os principais métodos, aplicações e suas limitações; Os indicadores de saúde mais utilizados; Características das fontes de dados; Erros na seleção do grupo a ser investigado; Erros de coleta de dados; Variáveis confundidoras (devem ser neutralizadas). Processo Saúde-Doença Na antiguidade acreditava-se que a saúde era dádiva e a doença castigo dos deuses, com o decorrer dos séculos, a dádiva da ssúde e o castigo da doença passou a ser d responsabilidade de um único Deus. Saúde – latim – salutis, derivado do radical salus (salvar, livrar do perigo). Doença – latim – dolentia, derivado do dolor e dolore (dor e doer). Saúde Saúde pode ser definida como: “estado de adaptação do organismo ao ambiente físico, psíquico ou social em que vive, em que o indivíduo sente-se bem (saúde subjetiva) e não apresenta sinais ou alterações orgânicas evidentes (saúde objetiva)” (PEREIRA, 1997). A saúde é silenciosa, geralmente não a percebemos em sua plenitude; na maior parte das vezes apenas a identificamos quando adoecemos. É uma experiência de vida, vivenciada no âmago do corpo individual. Doença Doença pode ser definida como: “estado de falta de adaptação ao meio ambiente físico, psíquico ou social, no qual o indivíduo sente-se mal (sintomas) e/ ou apresenta alterações orgânicas evidenciáveis (sinais)”. A doença não pode ser compreendida apenas por meio das medições fisiopatológicas, pois quem estabelece o estado da doença é o sofrimento, a dor, o prazer, enfim os valores e sentimentos expressos pelo corpo, subjetivo que adoece (CANGUILHERM; CAPONI apud BRÊTAS e GAMBA,2006). Muito se tem escrito sobre o Processo Saúde-Doença, no entanto, um novo instrumento intelectual para a apreensão da saúde e da doença deve levar em conta a distinção entre a doença, tal como definida pelo sistema da assistência à saúde– e a saúde , tal como percebida pelos indivíduos. O Processo Saúde-Doença está diretamente atrelado à forma como o ser humano, no decorrer de sua existência, foi se apropriando da natureza para transformá-la, buscando o atendimento as suas necessidades (GUALDA e BERGAMASCO, 2004). Em síntese, pode-se dizer, em termos de sua determinação causal, que o processo saúde-doença representa o conjunto de relações e variáveis que produzem e condicionam o estado de saúde e doença de uma população, que variam em diversos momentos históricos e do desenvolvimento científico da humanidade. Vigilância Epidemiológica Conhecemos o quanto é essencial saber sobre o perfil epidemiológico da população e a importância dos indicadores de saúde. Agora vamos focalizar na aquisição dos dados e a efetivação na rotina de trabalho. Os avanços tecnológicos facilitam o acesso a uma grande quantidade de dados sobre a saúde da população. Por meio da internet, inúmeras informações estão ao nosso alcance em poucos minutos, devemos saber utilizá-las a nosso favor, para melhorar a qualidade do trabalho. As questões políticas também influenciam e até o mesmo determinam o contesto de informação em saúde. Sistema de Informação em Saúde O SIS é o suporte para o planejamento, avaliação e ações em saúde. Resultado de um planejamento baseado em informações concretas, é muito mais eficaz que uma ação feita sem parâmetros e sem indicadores. Além do mais, os instrumentos de informação avançam na cidadania e são mecanismos de participação popular. São questões essenciais para a efetivação dos princípios do SUS (Sistema Único de Saúde). Principais SIS brasileiros Sistema de informações sobre mortalidade (SIM): podem-se pesquisar as principais causas de morte no município ou região. Com os dados nas mãos, é possível calcular os indicadores de mortalidade. Sistema de informações sobre nascidos vivos (SINAC): Coleta dados em todo Brasil, independente da instituição, a partir da declaração de nascido vivo. Sistema de informações de agravos de notificação (SINAN) Os profissionais de saúde de instituições públicas ou particulares devem notificar aos gestores do SUS a ocorrência de casos suspeitos ou confirmados de determinadas doenças ou agravos. É uma rotina que pretende garantir que o país, os estados e municípios possam ter noção aos riscos a que possam estar expostos. Para o Ministério da Saúde o SINAN é um grande instrumento de descentralização do SUS. Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH – SUS) Informam dados de questões hospitalares. São informações sobre motivos, taxas e duração de internação. Sistema de Informação de Atenção Básica (SIAB): Está próximo à realidade. Agentes comunitários visitam residências brasileiras, trabalho indispensável para os bairros e comunidades. É o mais próximo da estratégia da saúde da família, coleta de dados, análise e na possibilidade de subsidiar ações locais. Poderosa ferramenta na consolidação d estratégia da saúde da família. A informação assume dimensão política transformadora, quando iluminada por idéias de justiça, igualdade, liberdade, segurança e cidadania. Competência da Vigilância Epidemiológica Capacidade para monitorar continuamente a tendência de uma doença/agravo na população, estabelecendo medidas de prevenção e controle. Conhecimentos da Vigilância Epidemiológica Conhecer a importância do papel do SVE e seu fluxo no processo saúde-doença. Conhecer sobre e quais as doenças de notificação Habilidades da Vigilância Epidemiológica Conhecer o fluxo das informações no Sistema de Vigilância Epidemiológica (SVE). Conhecer o papel e a responsabilidade dos diversos níveis no SVE. Notificar e realizar investigação epidemiológica de um caso suspeito. Definição O SUS incorporou o SNVE (Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica), definindo VE como: “conjunto de ações que proporcionam o conhecimento, a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle da doenças ou agravos “ (Lei 8080/90). Vigilância Epidemiológica e Informação Funções da Vigilância Epidemiológica Coleta de dados (demográficos, ambientais, socioeconômicos, morbidade, notificação de surtos e epidemias). Processamento de dados coletados. Análise e interpretação dos dados coletados Recomendação de medidas de controle Promoção das ações de controle indicadas Avaliação da eficácia e efetividade das medidas adotadas Divulgação de informações pertinentes. Notificação da Vigilância Epidemiológica É a comunicação da ocorrência de determinada doença ou agravo à saúde, feita à autoridade sanitária por profissionais de saúde ou qualquer cidadão, para fins de adoção de medidas de intervenção pertinentes. Principal instrumento de coleta dos dados de notificação compulsória ⇓ Sistema Nacional de Agravos Notificáveis (SINAN) Aspectos a Serem considerados na Notificação Notificar a simples suspeita da doença. A notificação tem de ser sigilosa. A notificação deverá ser feita mesmo na ausência de casos (Notificação Negativa). Lista Nacional de Doenças e Agravos de Notificação Compulsória (Portaria nº 1.271, 06/6/2014): Botulismo Carbúnculo ou Antraz Cólera Coqueluche Dengue Difteria Doença de Creutzfeldt – Jacob Doenças de Chagas (casos agudos) Doença Meningocócica e outras Meningites Esquistossomose (em área não endêmica) Eventos Adversos Pós- Vacinação Febre Amarela Febre do Nilo Ocidental Febre Maculosa Febre Tifoide Hanseníase Hantavirose Hepatites Virais Infecção pelo vírus da imunodeficiência humana - HIV em gestantes e crianças expostas ao risco de transmissão vertical Influenza humana por novo subtipo (pandêmico) Leishmaniose Tegumentar Americana Leishmaniose Visceral Leptospirose Malária Meningite por Haemophilus influenzae Peste Poliomielite Paralisia Flácida Aguda Raiva Humana Rubéola Síndrome da Rubéola Congênita Sarampo Sífilis Congênita Sífilis em gestante Síndrome da Imunodeficiência Adquirida – AIDS Síndrome Febril Íctero- hemorrágica Aguda Síndrome Respiratória Aguda Grave Tétano Tularemia Tuberculose Varíola Tipos de Vigilância Epidemiológica Ativa: quando as agências de saúde solicitam ativamente as notificações da doença. Passiva: quando as agências de saúde esperam o envio das notificações da doença pelas fontes notificadoras. Evento sentinela: tipo especial de vigilância usada em hospitais e clínicas onde é comum o atendimento de pacientes (ou grupos populacionais) com determinados diagnósticos. Conceitos Importantes O que é Surto? Designa quando dois ou mais casos de uma determinada doença ocorre. Aliados à hipótese de que tiveram, como relação entre eles, a mesma fonte de infecção ou de contaminação ou o mesmo fator de risco, o mesmo quadro clínico e ocorrência simultânea. Ex.: escola, quartel, apartamentos, etc. O que é Epidemia? É a ocorrência de um número "exagerado ou inesperado" de casos de uma doença numa comunidade ou região (Brès, 1986). É temporário Ex.: Quando têm alguns casos de conjuntivite. Quem? Onde? Quando? Por Que? pessoa/lugar/tempo/causa Origem da Epidemia 1 - Fonte comum ↓ Os indivíduossusceptíveis são simultaneamente expostos a um foco de infecção. 2 - Por contágio ↓ A doença é transmitida de pessoa a pessoa e o aumento inicial do número de casos é mais lento. Término de uma Epidemia Fonte contaminação é modificada/eliminada. Modo de transmissão interrompido. Número susceptíveis ↓ ou esgotados (imunidade de grupo). Cofator (ou fator de risco para a doença) modificado. O que é Endemia? É a ocorrência de um número "normal ou esperado” de casos de uma doença numa comunidade ou região. Ex.: A dengue, que não se espalha para outras regiões, a não ser aquelas que contém o mosquito transmissor. ƒ Quem? Onde? Quando? Pessoa/lugar/tempo Fatores Relacionados à Epidemias/Endemias Agente Infeccioso; Transmissão: direta/indireta; Aumento da eficácia; Hospedeiro: (↑ susceptíveis); Ambiente: (↑ exposição). O que é Pandemia? Ocorrência caracterizada por uma larga distribuição espacial que atinge várias nações. Ex.: AIDS que mata milhares de pessoas no mundo e não tem cura.
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