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MIT OpenCourseWare Multivariable Calculus, Fall 2007 Prof. Denis Auroux Notas de Aula∗ Aula 20 Integrais de Linha – Continuac¸a˜o Lembre-se que a integral de linha de um campo ~F = Mıˆ+Nˆ ao longo da curva C e´ dada por∫ C ~F · d~r = ∫ C Mdx+Ndy = ∫ C ~F · Tˆ ds. Exemplo 1 Calcular ∫ C ~F · d~r para o campo ~F = yıˆ + xˆ e a curva C = C1 + C2 + C3 que delimita o setor circular do disco unita´rio de 0 a pi/4 (ver figura ao lado). Soluc¸a˜o. Precisamos computar ∫ Ci ydx+ xdy para cada curva Ci, i = 1, 2, 3. 1. C1 (eixo Ox): nesse caso, usando a parametrizac¸a˜o x = t e y = 0 com t ∈ [0, 1], temos dx = dt e dy = 0, logo ∫ C1 ydx+ xdy = ∫ 1 0 0 dt = 0. De forma geome´trica, ao longo do eixo Ox em que y = 0, temos ~F = xˆ, enquanto que Tˆ = ıˆ. E´ claro enta˜o que ∫ C1 ~F · Tˆ ds = 0. 2. C2 (arco de c´ırculo): usando a parametrizac¸a˜o x = cos θ e y = sen θ, com 0 ≤ θ ≤ pi4 , temos dx = − sen θ dθ e dy = cos θ dθ. Da´ı obtemos que∫ C2 ydx+ xdy = ∫ pi/4 0 (sen θ(− sen θ) + cos θ cos θ) dθ = ∫ pi/4 0 cos(2θ) dθ = 1 2 sen(2θ) ∣∣∣pi/4 0 = 1 2 3. C3 (segmento de reta de ( 1√ 2 , 1√ 2 ) a (0, 0)): poderiamos escolher a parametrizac¸a˜o y = x = 1√ 2 − 1√ 2 t com 0 ≤ t ≤ 1. Mas podemos facilitar os ca´lculos notanto que o caminho contra´rio de C3, denotado por −C3, pode ser parametrizado por y = x = t com 0 ≤ t ≤ 1√ 2 . Ale´m disso, o trabalho ao longo de −C3 e´ o oposto do trabalho ao longo de C3. Obtemos assim que∫ C3 y dx+ x dy = − ∫ −C3 y dx+ x dy = − ∫ 1√ 2 0 2t dt = −t2 ∣∣∣1/√2 0 = −1 2 . ∗Traduc¸a˜o livre, por Andre´ von Borries Lopes, de parte do texto Lecture Notes - Week 8 Summary 2 Somando os treˆs valores acima obtemos que ∫ C ~F · d~r = 0, e portanto a forc¸a na˜o realiza trabalho ao longo desse caminho. � Se ~F e´ um campo gradiente, isto e´, se ~F = ∇f = fxıˆ+ fy ˆ, dizemos que f e´ uma ”func¸a˜o potencial´´ para o campo ~F . Nesse caso, podemos simplificar a avaliac¸a˜o de integrais de linha por meio do teorema fundamental do ca´lculo: Teorema 1 (Teorema fundamental do ca´lculo para integrais de linha) Se ~F = ∇f = fxıˆ+fy ˆ e C e´ um caminho que liga P0 a P1, enta˜o∫ C ∇f · d~r = ∫ C fxdx+ fydy = ∫ C df = f(P1)− f(P0) Demonstrac¸a˜o. Indique por P (t) = (x(t), y(t)) uma parametrizac¸a˜o da curva C, com t0 ≤ t ≤ t1. Da regra da cadeia segue enta˜o que∫ C ∇f · d~r = ∫ t1 t0 (fx(x(t), y(t)) dx(t) dt + fy(x(t), y(t)) dy(t) dt ) dt = ∫ t1 t0 d dt f(x(t), y(t)) dt = f(x(t), y(t)) ∣∣∣t1 t0 = f(P1)− f(P0). � No exemplo acima, em que ~F = 〈y, x〉, temos que ~F = ∇f para a func¸a˜o f(x, y) = xy. Enta˜o cada integral ∫ Ci ~F · d~r, i = 1, 2, 3, pode ser calculada simplesmente avaliando f(x, y) = xy nos pontos extremos de cada caminho. A figura ao lado mostra C, o campo vetorial, e as curvas de n´ıvel. Consequeˆncias Para um campo gradiente ~F = ∇f = 〈fx, fy〉, temos: • Independeˆncia do caminho. Se C1 e C2 tem os mesmos pontos extremos, enta˜o ∫ C1 ∇f · d~r = ∫ C2 ∇f · d~r (ambos iguais a f(P1) − f(P0) pelo teorema). Enta˜o a integral de linha ∫ C ∇f · d~r depende apenas dos pontos extremos, na˜o da trajeto´ria. • Conservac¸a˜o. Se C e´ uma curva fechada enta˜o ∫ C ∇f · d~r = 0 (= f(P )− f(P )). Atenc¸a˜o: isso acontece apenas para campos gradientes! Por ex- emplo, o campo ~F = −yıˆ + xˆ na˜o e´ gradiente. De fato, como visto na aula anterior, ao longo do c´ırculo C de raio a no sentido anti-hora´rio, temos que ~F e´ paralelo ao tangente unita´rio Tˆ , e portanto ∫ C ~F ·d~r = 2pia2 (ver figura ao lado). Consequentemente ~F na˜o e´ conservativo, e na˜o e´ um campo gradiente. 3 Interpretac¸a˜o f´ısica Se um campo de forc¸a ~F e´ o gradiente de um potencial f , enta˜o o trabalho de ~F = mudanc¸a de valor no potencial. Por exemplo: 1) ~F = campo gravitacional, f = potencial gravitacional; 2) ~F = campo ele´trico; f = potencial ele´trico (voltagem). (Na verdade os f´ısicos usam como convenc¸ao o sinal oposto ~F = −∇f). Conservativo significa que a energia vem de uma mudanc¸a no potencial f , e nenhuma energia pode ser extra´ıda de um movimento ao longo de uma trajeto´ria fechada (conservativo = conservac¸a˜o da energia: a mudanc¸a na energia cine´tia e´ igual ao trabalho da forc¸a, que e´ igual a` mudanc¸a de energia potencial). Temos quatro propriedades equivalentes: (1) ~F e´ conservativo ( ∫ C ~F · d~r = 0 para qualquer curva fechada C) (2) ∫ ~F · d~r e´ independente do caminho (mesmo trabalho se tivermos as mesmas extremidades) (3) ~F e´ um campo gradiente: ~F = ∇f = fxıˆ+ fy ˆ. (4) Mdx+Ndy e´ uma diferencial exata (= fxdx+ fydy = df .) Notar que (1) e´ equivalente a (2) considerando as curvas C1 e C2 com as mesmas extre- midades, e notando que C = C1 − C2 e´ uma curva fechada. Que (3) ⇒ (2) e´ o teorema fundamental do ca´lculo, e que (2) ⇒ (3) e´ a chave para descobrirmos a func¸a˜o potencial: se tivermos independeˆncia enta˜o podemos obter f(x, y) calculando ∫ (x,y) (0,0) ~F · d~r. Finalmente, notar que (3) e (4) sa˜o reformulac¸o˜es da mesma propriedade.
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