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x I/c, H/ \'H H x I /C, H/ \'Y H Estereoquimica Voce e canhoto ou destro? Embora nao pense muito sobre is so, a questao so- bre a quiralidade tern urn papel muito import ante em suas atividades diarias. Muitos instrumentos musicais, como clarinetas e oboes, apresentam a quiralidade; a luva de beisebol mais moderna sempre se encaixa na mao errada; os canhotos escrevem de urn modo "engra~ado". A razao fundamen- tal para essas dificuldades e que suas maos nao SaDidenticas, pelo contrario, elas SaDa imagem especular uma da outra. Quando voce levanta sua mao di- reita na frente de urn espelho, a imagem que voce ve e identic a a de sua mao esquerda. Experimente. A quiralidade tamMm e muito import ante na quimica organic a em conseqiiencia da estereoquimica tetraedrica do carbono com hibridiza~ao sp3.Amaioria das moleculas em nosso organismo e muitos dos remedios, por exemplo, apresentam a estereoquimica e SaDquirais. Alem disso, a quirali- dade molecular e responsavel por muitas das intera~oes especificas entre moleculas, tao fundamentais para a bioquimica. Vejamos como a quiralidade aparece na quimica organica. Enantiomeros e o Carbono Tetraedrico Observe as mole cuIas do tipo CH3X, CH2XY e CHXYZ mostradas na Figura 9.1. A sua esquerda estao as tres moleculas e a direita, as imagens refietidas no espelho. As mole cuIas CH3X e CH2XY SaDidenticas as suas imagens es- peculares e, dessa maneira, nao se sobrepoem. Be voce montar modelos moleculares dessas moleculas e de suas imagens especulares, descobrira que pode sobrepor uma a outra. Contrariamente as moleculas de CH3X e CH2XY, a molecula de ~ CHXYZ naa e identic a a sua imagem especular. Voce nao consegue sobrepor ~ o modelo da molecula com 0 de sua imagem especular pela mesma razao que nao consegue sobrepor a mao dire ita com a mao esquerda. Voce ate consegue ~ sobrepor dais substituintes, X e Y, por exemplo, mas os substituintes H e Z.----. ficam em posi~ao contraria. Be os substituintes H e Z se sobrepusessem, se- ~ ria a vez dos substituintes X e Y ficarem em posi~ao contraria. FIGURA 9.1 Os atomos de carbona tetraedricos e suas x I /C, H/ \'H H imagens especulares. As ~ moleculas do tipo CH3Xe CH2XYsac identicas as suas imagens especulares, contrariamente a molecula do x I /C, H/ \'Y H tipo CHXYZ.A molecula CHXYZpode ser relacionada a sua imagem especular da ........mesma maneira que a mao direita esta relacionada a mao esquerda. H I HO--;C-C02H H,le FIGURA 9.2 Tentativas de sobreposigao das imagens H--especulares do acido latico: I /"(a) quando os substituin.tes Nao se r- -H e -OH se sobrepoem, os H 1sobrepoem 3ubstituintes -C02H e -CH3 HO--IC"'I---c02H =:dOe~:nSdOeb:::~::~ da ~~:~/- C--- CHo maneira como as moleculas Nao se ., /'- sobrepoem CO?HJejam orientadas, elas -'ao sac identicas. (a) As moleculas que SaDimagens especulares umas das outras, mas nao se sobrepoem, SaDdenominadas enantiomeros (derivado do grego enantio, que significa "oposto"). Os enantiomeros assemelham-se uns aos outros da mesma maneira que a mao direita se assemelha a mao esquerda. Os enan- tiomeros SaD0 resultado da presen<;a de urn carbono tetraedrico ligado a quatro substituintes diferentes. Por exemplo, 0 acido latico (acido 2-hidro- xipropan6ico) existe com urn par de enantiomeros porque possui quatro gru- pos diferentes ligados ao atomo de carbono central (-H, -OH, -CHa, -C02H). Os enantiomeros SaDchamados (+ )-acido latico e (- )-acido latico. H I CH3-y-C02H OH H ~ I /~~",-C-",Io H I H02C-C\--OH CH3 Nao importa 0 quanto tente, voce nao conseguira sobrepor a mole cui a de (+)-acido ,latico com a molecula de (- )-acido latico: as duas nao SaDiden- ticas como mostra a Figura 9.2. Be dois grupos se sobrepoem, -H e -C02H, por exemplo, os outros dois grupos restantes nao se sobrepoem. A Raz30 para a Quiralidade em Moleculas FIGURA 9.3 0 significado do plano de simetria. Um frasco de laborat6rio (a) possui um plano de simetria que separa 0 objeto em duas partes que SaDas imagens uma da outra. Um objeto - assim como uma mao - (b) nao possui plano de simetria; a metade "direita" da mao nao e a imagem especular da metade "esquerda". FIGURA 9.4 A molecula aquiral do acido propan6ico em comparac,;ao com a molecula quiral do acido latico. 0 acido propan6ico possui um plano de simetria que faz que um lado da molecula seja a imagem especular do outro lado. 0 acido latico nao possui plano de simetria. As moleculas que nao se sobrep6em com suas imagens especulares, origi- nando duas formas enantiomericas sao chamadas moleculas quirais (qui- ral, palavra de origem grega, cheir, que significa "mao"). Voce nao consegue sobrepor uma mOlecula quiral com seu enantiomero de forma que todos os atomos se coincidam. Como prever se uma determinada molecula e ou nao quiral? Uma molecula niio e quiral se ela contem um plano de simetria. Urn plano de simetria e aquele que passa pelo meio de urn objeto (ou uma molecula) de forma que a metade do objeto seja a imagem especular da outra. Por exem- plo, urn frasco de laborat6rio possui urn plano de simetria. Se voce pudesse cortar 0 frasco ao meio, uma metade seria a imagem especular da outra. Uma mao, ao contrario, nao possui plano de simetria. Uma "metade" da mao nao e a imagem especular da outra metade (Figura 9.3). Uma molecula que possui urn plano de simetria em qualquer uma de suas possiveis conformac;6es deve ser identica a sua imagem especular e, dessa maneira, e uma molecula nao-quiral ou aquiral. Assim, 0 acido pro- pan6ico possui urn plano de simetria quando disposto linearmente, como in- dica a Figura 9.4, e e, portanto, uma molecula aquiral. 0 acido latico (acido 2-hidroxipropan6ico), entretanto, nao possui plano de simetria em qualquer _ conformac;ao e, dessa forma, e uma molecula quiral. A causa mais comum da quiralidade em uma mole cuIa organica, ainda que nao seja a unica, e a presenc;a de urn atomo de carbono ligado a quatro grupos diferentes - por exemplo, 0 atomo de carbono central no acido latico. Esses carbonos sao denominados centros de quiralidade, embora sejam empregados outros termos, como centro assimetrico e centro estereogenico. Observe que a quiralidade e uma propriedade da molecula como urn todo, ao ~ pas so que 0 centro de quiralidade e a caracteristica estrutural dentro da mole cuIa que origina a quiralidade. Plano simetrico Plano NAo simetrico CHs IH_C_H I 902H, CH3 IH-C-OH I 902H,, Acido propan6ico (aquiral) Acido llitico (quiral) o reconhecimento de centros de quiralidade em uma molecula com~ plexa requer uma certa pratica, porque muitas vezes nao e aparente qUE>~ quatro grupos diferentes estejam ligados a urn determinado atomo de car- bono. As diferenc;as nao aparecem necessariamente pr6ximas ao centro d: quiralidade. Por exemplo, 0 5-bromodecano e uma molecula quiral, pois qua- tro grupos diferentes eshio ligados ao C5 (0 centro de quiralidade esta mar- cado com urn asterisco): Br I CHaCH2CH2CH2CH2?~H2CH2CH2CH3 H -"CH2CH2CH2CHa (butill - CH2CH2CH2CH2CHa (pentil) Urn substituinte butil e semelhante ao pentil, mas nao e id€mtico. A diferenc;a nao e aparente ate 0 quarto atomo de carbono a partir do centro de quiralidade. Como outros exemplos, observe as moleculas de metilciclo-hexano e 2- metilciclo-hexanona. Essas moleculas saD quirais? 0 metilciclo-hexano e aquiral porque nenhum dos atomos de carbono da molecula esta ligado a quatro grupos diferentes. Voce pode desconsiderar todos os carbonos -CH2- e 0 carbono -CHg, mas e 0 carbono Cl do anel? 0 carbono Cl esta ligado a urn grupo -CHg, a urn atomo -H e aos carbonos C2 e C6 do anel. Os atomos de C2 e C6 saDequivalentes, da mesma maneira que os atomos de carbono C3 e C5. Assim, 0 "substituinte" C6-C5-C4 e equivalente ao subs- tituinte C2-C3-C4, portanto,a molecula de metilciclo-hexano e aquiral. Outra forma de chegar a mesma conclusao e observar que 0 metilciclo- hexano possui urn plano de simetria que passa atraves do grupo metil e do Cl e C4 do anel. A situac;ao e diferente para a molecula 2-metilciclo-hexanona. Essa mole cuIa nao possui plano de simetria e e quiral porque 0 C2 esta ligado a quatro grupos diferentes: urn grupo -CHg, urn atomo -H, uma ligac;ao -COCH2 no anel (Cl) e uma ligac;ao -CH2CH2- no anel (C3). Plano de simetria Metilciclo-hexano (aquiral) 2-Metilciclo-hexanona (quiral) Mais exemplos de moleculas quirais saD apresentados a seguir. Veri- fique voce mesmo que os carbonos marcados com urn asterisco saDcentros de quiralidade. (Os atomos de carbono nos grupos -CH2-, -CHg, C=C, C=O e C==Cniio podem ser centros de quiralidade.) Carvona (oleo de horteHi) Nootkatona (oleo de pamplemussa) Quais dos seguintes objetos sao quirais? (a) Urna chave de fenda (b) Urn parafuso (d) Urn sapato (e) Urn rnartelo Identifique os centros de quiralidade nas seguintes rnoleculas. Construa rnode- los rnoleculares, se necessario. Cicutina (extrato toxico da cicuta venenosa) Mentol (agente de sabor) Dextrometorfano (calmante da tosse) A alanina, urn arninoacido encontrado em protefnas, e urna rnolecula quiral. Re- presente os dois enantiorneros da alanina utilizando a convenc;ao-padrao de linhas solidas, grossas e pontilhadas. Treose (a~ucar) Enflurano (anestesico) FIGURA 9.5 Representa<;ao esquematica de um polarimetro. A luz plano- polarizada pass a atraves de uma solu<;ao contendo moleculas organicas opticamente ativas, que giram 0 plano de polariza<;ao da luz. o estudo da estereoquimica tern sua origem no trabalho do quimico frances Jean Baptiste Biot, no seculo XIX, que investigou a natureza da luz-plana polarizada. Urn feixe de luz comum consiste em ondas eletromagneticas que oscilam em urn mimero infinito de pIanos perpendiculares a direr;ao de propagar;ao da luz. Quando urn feixe de luz comum passa atraves de urn aparelho chamado polarizador, somente as ondas luminosas que oscilam em urn determinado plano atravessam 0 polarizador, dai 0 nome de luz plano- polarizada. As ondas luminosas que oscilam em todos os outros pIanos sao bloqueadas. Biot fez uma extraordinaria observar;ao de que, quando urn feixe de luz-plana polarizada passa atraves de uma solur;ao de certas moleculas organicas, como 0 ar;ucar ou a canfora, 0 plano de polarizar;ao sofre rotac;;ao. Nem todas as substancias organic as apresentam essa propriedade, mas aquelas que 0 fazem sao denominadas opticamente ativas. o angulo de rotar;ao pode ser medido por meio de urn instrumento conhecido como polarimetro, representado na Figura 9.5. Uma solur;ao con- tendo moleculas opticamente ativas e colocada em urn tubo de amostra, a luz-plana polarizada passa atraves desse tubo, ocorrendo uma rotar;ao do plano de polarizar;ao. A luz entao passa atraves de urn segundo polarizador intitulado analisador. Podemos determinar 0 novo plano de polarizar;ao gi- rando 0 analisador ate que a luz passe atraves dele. A rotar;ao observada e simbolizada pela letra grega (l' (alfa) e expressa em graus. Luz polarizada Alem de determinar 0 angulo de rotar;ao, podemos tambem descobrir 0 sentido da rotar;ao. Do ponto de vista de urn observador que olha diretamente pelo angulo do analisador, algumas moleculas opticamente ativas giram a luz polarizada para a esquerda (no sentido anti-horario) e sao denominadas lev6giras, outras giram a luz polarizada para a direita (no sentido horario) e sao chamadas dextr6giras. Por convenr;ao, a rotar;ao para a esquerda re- cebe 0 sinal de menos (-) e a rotar;ao para a direita recebe 0 sinal de mais (+).A (- )-morfina, por exemplo, e uma substancia lev6gira, enquanto a (+) -sacarose e uma subs tan cia dextr6gira. o angulo de rotar;ao obtido em urn experimento de polarimetria de- pende do numero de moleculas opticamente ativas encontradas pelo feixe de luz. Esse numero, por sua vez, depende da concentrar;ao da amostra e do caminho 6ptico. Se dobrarmos a concentrar;ao da amostra, a rotar;ao obser- vada tambem dobrara. De maneira semelhante, se dobrarmos 0 caminho 6p- tico do tubo de amostra, veremos que a rotar;ao tambem dobrara. 0 angulo de rotar;ao depende ainda do comprimento de onda da luz utilizada. Para expressarmos os valores de rota<;ao 6ptica de uma forma signi- ficativa de maneira que possam ser feitas compara<;6es, e necessario pa- dronizar as condi<;6es de medida. A rota~ao especifica, [alD,de urn com- posta e definida como a rota<;ao observada quando 0 caminho 6ptico l e de 1 decimetro (l dm = 10 cm), a concentra<;ao C da amostra e 1 g mL -1 e 0 com- primento de onda utilizado e de 589 nanometros (nm). (A luz de comprimento de onda de 589 nm, conhecida como linha D do s6dio, e a luz amarela emi- tida pelas lampadas de s6dio comuns; 1nm = 10-9 m.) [] _ Rota9ao observada (graus) a D - Caminho 6ptico, l (dm) X Concentra9ao, C (g·mL) Quando os valores de rota<;ao sao expressos na forma padronizada, a rota<;ao especifica, [a]D, e uma constante fisica caracteristica de urn determi- nado composto opticamente ativo. Por exemplo, 0 (+ )-acido latico, visto na Se<;ao9.1, apresenta [a]D =3,82° e 0 (- )-acido latico apresenta [a]D = -3,82°. Alguns outros exemplos sao apresentados na Tabela 9.1. TABELA 9.1 Rota9ao EspecTfica para Algumas Moleculas Organicas Composto [«]D (graus) Composto +233 Colesterol Mortina +44,26 +25,5 Urn gram a e meio de uma amostra de cicutina, 0 extrato taxico da cicuta ve- nenosa, foi dissolvido em 10,0 mL de etanol e colocado em urn tubo de amostra de caminho aptico igual a 5,00 em.A rota<;aoobservada na linha D do sadio foi de +1,21°13. Calcule 0 valor de [a]D para a cicutina. Pasteur Descobre os Enantiomeros Louis Pasteur (1822-1895), nasceu em Dole, na regiao da Jura, na Fran9a, era filho de tingidores de couro. Sua descoberta lendaria sobre os enantiomeros do acido tartarico ocorreu um ana depois de receber 0 titulo doutor pela Ecole Normale Superieure, aos 25 anos. Pasteur e mais conhecido por seus estudos em bacteriologia e pela descoberta de vacinas contra 0 antrax e a raiva. Muito pouco foi feito ap6s a descoberta da atividade 6ptica por Biot ate que Louis Pasteur iniciasse seu trabalho em 1849. Pasteur teve sua forma<;ao academic a em quimica, mas se interessava sobre 0 estudo da cristalografia. Ele come<;oua trabalhar com sais cristalinos do acido tartarico obtidos a par- tir do vinho e estava repetindo algumas medidas publicadas alguns anos antes quando fez uma descoberta surpreendente. Ao recristalizar uma solu<;aoconcentrada de tartarato de amonio e s6dio abaixo de 28°C, obser- you a precipita<;ao de dois tipos de diferentes cristais. Pasteur tambem ob- servou que esses cristais eram a imagem especular urn do outro e estavam relacionados entre si do mesmo modo que a mao direita se relaciona com a esquerda. Trabalhando cuidadosamente com uma pin<;a, Pasteur foi capaz de separar os cristais em duas por<;6es, uma de cristais "destros" e outra de cristais "sinistros" como mostra a Figura 9.6. Muito embora a amostra origi- nal, uma mistura 50:50 de destros e sinistros, fosse opticamente inativa, as solUl:;8es con tendo somente os cristais de cada uma das porr;8es separadas eram opticamente ativas e suas rota<;6es especificas, iguais, porem com sinais opostos. FIGURA 9.6 Desenhos dos cristais de tartarato de arnonio ~, e sadie tirados dos rascunhos originais de Pasteur. Urn dos cristais e "destro" e 0 outro, "sinistro". co2- Na+ I H-C-OH I HO-C-H I CO2- NH4+ Pasteur estava muito adiante de seu tempo. Embora a teoria estru- tural de Kekule ainda nao tivesse sido proposta, Pasteur explicou seus re- sultados falando em termos moleculares: "Nao ha duvida de que [no acido dextro-tartarico]existe urn arranjo assimetrico que possui uma imagem a que nao se sobrepoe. Tambem e certo que os atomos do acido levo-tartarico possuem precisamente 0 arranjo assimetrico inverso". A concepc;;aode Pas- teur foi extraordinaria, visto que somente 25 anos mais tarde Van't Hoff e Le Bel confirmaram suas ideias acerca do atomo de carbono assimetrico. Hoje em dia, descreveriamos 0 trabalho de Pasteur dizendo que ele des- cobriu 0 fenomeno da enantiomeria. Os sais de acido tartarico enantiome- ricos que Pasteur separou sao fisicamente identicos em quase todos os aspectos, exceto na forma dos cristais e em sua interac;;ao com a luz-plana po- larizada. Possuem os mesmos pontos de fusao e de ebulic;;ao,as mesmas solu- bilidades e propriedades espectrosc6picas. Regras de Seqiiencia para a Especifica(:ao da Configura(:ao ww Clique na pagina do livro, no site http://www. thomsonlearning.com.br, em Organic Interactive. Regras de Sequencia R,S: aprenda a listar os substituintes baseando-se nas regras de Cahan-Ingold-Prelog. Os desenhos fomecem uma representac;;ao visual da estereoquimica, porem se faz necessario urn me todo verbal que indique 0 arranjo tridimensional dos atomos no centro de quiralidade, ou configura~ao.0 metodo-padrao em- prega as mesmas regras de sequencia Cahan-Ingold-Prelog para a especifi- cac;;aoda geometria de alcenos E e Z apresentada na Sec;;ao6.6. Vamos fazer uma breve revisao das regras de sequencia ever como elas sao usadas para especificar a configurac;;ao de urn centro de quiralidade. Para uma revisao mais detalhada, leia novamente a Sec;;ao6.6. Observe os quatro atomos ligados diretamente ao centro de quiralidade e atribua prioridades em ordem decrescente de mimero atomico. 0 atomo com numero atOmicomais alto e 0 primeiro da serie; 0 atomo commimero atomico mais baixo (geralmente 0 hidrogenio) e 0 quarto da serie. Se nao for possivel determinar a prioridade pela aplicaC;;aoda Regra 1, com- pare os nlimeros atomicos dos atomos seguintes em cada substituinte, se necessario continue a comparaC;;aodo terceiro ou quarto atomo seguinte ate que 0 ponto de diferenc;;aseja atingido. Os atomos com ligac;;oesmultiplas sao equivalentes ao mesmo numero de ato- mos com ligac;;oessimples. Por exemplo: H I +C=O H I +C-O I I° C Clique na pagina do livro, no site http://www. thomsonlearning.com.br, em Organic Interactive. Determinando as Sequencia em Moleculas Organicas: utilize 0 Chime™ para manipular as estruturas 3D e atribua as designa<;:oes R,S. FIGURA 9.7 Atribui<;:aoda configura<;:aode um centro de quiralidade. Quando a moh§culae orientada de maneira que 0 grupo de mais baixa prioridade (4) esteja situ ado na parte detras da molecula, os tres grupos restantes apontam na dire<;:aodo observador como os aros de um volante. 5e 0 giro 1 ~ 2 ~ 3 for no sentido horario (para a direita), 0 centro de quiralidade apresenta configura<;:ao R. 5e 0 giro 1 ~ 2 ~ 3 for no sentido anti-horario (para a esquerda), 0 centro de quiralidade apresenta configura<;:aoS. Tendo decidido a ordem de prioridade dos quatro grupos ligados ao carbono quiral, descrevemos a configural;ao estereoquimica ao redor do car- bono orientando a molecula de maneira que 0 grupo de mais baixa prioridade (4) esteja apontando para tnis, afastado do leitor. Em seguida, vejamos os tres substituintes restantes que agora apontam para 0 leitor como os aros de urn volante (Figura 9.7). Be a seta curva que parte do substituinte de maior para 0 substituinte de menor prioridade (l ~ 2 ~ 3) estiver no sentido horario, entao 0 centro de quiralidade apresenta con:figura~ao R (pro- veniente do latim, rectus, que significa "direito"). Be a seta curva 1 ~ 2 ~ 3 estiver no sentido anti-horlirio, entao 0 centro de quiralidade apresenta con- :figura~ao S (derivado do latim, sinister, que significa "esquerdo"). Para se lembrar dessas atribuil;oes, pense no volante de urn carro quando gira para a direita (sentido horario) e quando gira para a esquerda (sentido anti- horario). IJ) !)>> <c----- ~ c :--------~ 0 mesmo que \ Observador 3 ~ IJ),~/~ ~1) (Girar 0 volante a direita) 'ilt <c----- ~ c:--------~ 0 mesmo que \ Observador ~ (Girar 0 volante a esquerda) Observe no exemplo do (- )-acido latico na Figura 9.8 como a configu- ral;ao pode,ser atribuida. A regra de sequencia mimero 1 diz que 0 grupo -OH tern prioridade 1 e que - H tern prioridade 4, mas nao permite a dis- tinl;ao entre os grupos -CHg e -COzH, uma vez que ambos os grupos tern 0 carbono como 0 primeiro atomo. Entretanto, a regra de sequencia numero 2 informa que 0 grupo -COzH tern prioridade mais alta que 0 grupo -CHg, porque 0 atomo de oxigenio (0 segundo atomo no -COzH) tern numero at6mico maior que 0 atomo de hidrogenio (0 segundo atomo no -CHg). Agora gire a moIecula de maneira que 0 grupo de mais baixa prioridade (-H) per- manel;a na parte detras da molecula, afastado do observador. Vma vez que a seta curva de 1 (-OH) para 2 (-COzH) para 3 (-CHg) esta no sentido horario (gire 0 volante para direita), 0 (- )-acido latico apresenta configu- ral;ao R. 0 mesmo procedimento pode ser aplicado para 0 (+ )-acido latico, conduzindo a uma atribuil;ao inversa. FIGURA 9.8 Atribuiyao da configurayao para (a) (R)-( - )-acido latico e (b) (S)-(+)-acido latico. FIGURA 9.9 Atribuiyao da configurayao para (a) (- )-gliceraldeido e (b) (+ )-alanina. Ambos apresentam configurayao S, embora um seja levogiro e 0 outro dextrogi ro. H I H;JC--; C -- C02H HO H I HO C-C---CH 2 \ 3 OH Configural,lao R (a) (- )-Acido latico Configural,lao 8 (b) (+ )-Acido latico 0(- )-gliceraldeido e a (+ )-alanina sao exemplos de moIeculas organi- cas naturais que apresentam eonfigura~ao S, como mostrado na Figura 9.9. Observe que 0 sinal da rotar;do 6ptica, ( +) ou (-), ndo esta relacionado com a designar;do R,S. 0 composto (S)-gliceraldeido e lev6giro (-), enquanto a (S)- alanina e dextr6giro (+). Nao existe uma rela~ao simples entre a configu- ra~ao R,S e 0 sentido ou grandeza da rota~ao 6ptica. (8)-Gliceraldeido [(8)-(- )-2,3-Di-hidroxipropanal] [a]n = -8,7° ~ 3 H 2C't7 1 (8)-Alanina [Acido (8)-(+)-2-aminopropan6ico] [a]n = +8,5° Outra questao merece destaque - a importancia da configura~ao absoluta. Como podemos saber se nossa designa~ao sobre a configurac;ao R,S esta correta em termos absoluto ou relativo? Como nao podemos enxergar as moIeculas, como sabemos que a configura~ao R pertence ao enantiomero dextr6giro do acido latico? Essa e uma questao dificil que nao foi resolvida ate 1951, quando J.M. Bijvoet, da University ofUtrecht, publicou urn metodo de espectroscopia de raios X para a determina~ao do arranjo espacial abso- luto dos atomos em uma molecula. Com base em seus resultados, podemos dizer com certeza que as conven~6esR,S estao corretas. Oriente cada urn dos seguintes desenhos de maneira que os grupos de mais baixa prioridade estejam situados na parte detras da molecula, e entao atribua a con- figurac;;aoR ou S. ESTRATEGIA A visualizac;;ao e orientac;;ao do centro de quiralidade em tres dimens6es re- querem uma certa pratica. Vocedeve comec;;arindicando onde 0 observador deve ser posicionado - afastado 1800 do grupo de mais baixa prioridade. Agora se imagine na posic;;aodo observador e desenhe novamente aquilo que voce ve. SOLU~AO Em (a) voce esta em frente da pagina do lado superior a direita da molecula, ob- servando 0 grupo 2 a sua esquerda, 0 grupo 3 a sua direita e 0 grupo 1 abaixo. Essa disposic;;aocorresponde a configurac;;aoR. ~ O,~/~) ~l) Em (b) voce esta atras da pagina do lado superior a esquerda da molecula. Do seu ponto de observa~ao voce ve 0 grupo 3 a sua esquerda, 0 grupo 1 a sua direita e 0 grupo 2 abaixo. Essa disposi~ao tambem corres- ponde a configura~ao R. (b) Observador (it ./~Ie tf'n- - -C''-- VU.. -- / "--Ii(J( ,~ ~~ ~, ~/Q) ~l) ESTRATEGIA Comece pela atribuic;;aoda prioridade dos quatro substituintes ligados ao centro de quiralidade. Para desenhar uma representac;;ao tetraedrica da molecula, oriente 0 grupo -H de mais baixa prioridade, de maneira que ele fique afastado '" ~ '" ~ '" ~ ~ ~ SOLUt;AO ~ de voce e entao imagine que os outros tres grupos estao saindo da pagina em sua diret;ao. Entao, coloque os tres grupos restantes de maneira que 0 giro 1 ~ 2 ~ 3 seja no sentido horario (para a direita) e incline a molecula em 900 para deixar 0 atomo de hidrogenio a vista. Os quatro substituintes ligados ao carbono quiral do (R)-2-clorobutano apresen- tam a seguinte ordem de prioridade: (1) -CI, (2) -CH2CH3, (3) -CH3, (4) - H. Deixe 0 grupo -H de mais baixa prioridade afastado de voce e coloque os tres grupos restantes de maneira que 0 giro 1 ~ 2 ~ 3 seja no sentido horario (para a direita). Finalmente, incline a molecula para a frente para obter a seguinte representat;ao tetraedrica. Atribua prioridades aos seguintes conjuntos de substituintes: (a) -H, -Br, -CH2CH3, -CH2CH20H (b) -C02H, -C02CH3, -CH20H, -OH (c) -CN, -CH2NH2, -CH2NHCH3, -NH2 (d) -Br, -CH2Br, -CI, -CH2CI Oriente cada urn dos seguintes desenhos de maneira que 0 grupo de mais baixa prioridade esteja situado na parte detras da molecula, e entao atribua a configu- ra<;aoR ouS. Atribua a configura<;aoR ou S para 0 centro de quiralidade de cada uma das seguintes moleculas: (c) NHz H, <~CH3 C\ 'eN Desenhe a'representa<;ao tetraedrica para a molecuIa (S)-2-pentanol (2-hidro- xipentano). Atribua a configura<;aoR ou S para 0 centro de quiralidade domodelo molecular do aminoacido metionina mostrado a seguir (preto = 0, cinza-escuro = N, cinza- claro = S). Moleculas como 0 acido latico, a alanina e 0 gliceraldeido sao relativamente simples porque cada urna del as possui apenas urn centro de quiralidade e dois estereois6meros. A situal;;ao torna-se mais complexa, entretanto, com moleculas que possuern rnais de urn centro de quiralidade. Vejarnos 0 exem- plo do aminoacido treonina (acido 2-amino-3-hidroxibutan6ico). Como a treo- nina possui dois centros de quiralidade (C2 e C3), existem quatro este- reoisomeros possiveis, como exibido na Figura 9.10. Verifique voce mesmo se as configural;;oes R,8 estao corretas. FIGURA 9.10 Os quatro estereoisomeros do acido 2-am ino-3-hidroxibutan6ico. eO.,R R, i ;NH,e " Ie R~ i "OR eRa as quatro estereois6meros do acido 2-amino-3-hidroxibutan6ico po- dern ser agrupados em dois pares de enanti6meros. a estereois6rnero 2R,3R e a irnagem especular do 28,38, e 0 estereois6mero 2R,38 e a imagern espe- cular do 28,3R. Porem, qual e a relal;;ao entre qualquer uma das duas molecu- las que nao sao imagens especulares uma da outra? Por exemplo, qual e a relal;;ao entre 0 is6mero 2R,3R e 0 isomero2R,38? Eles sao estereois6meros, mas nao sao enanti6meros. Para descrever essa relal;;ao, precisamos de urn novo termo - diastereoisomero. as diastereoisomeros sao estereois6meros que nao sao imagens es- peculares urn do outro. as diastereois6meros quirais possuem configural;;oes opostas em um ou mais centros de quiralidade, mas apresentam a mesma con- figural;;ao no restante da molecula. as enantiomeros, ao contrario, possuem configural;;oes opostas em todos os centros de quiralidade. Vma descril;;aocom- pleta dos quatro estereois6meros da treonina e dada na Tabela 9.2. 'ABELA 9.2 Relagoes entre os Quatro Estereois6meros da Treonina Estereoisomero Enatiomericocom Diastereomericocom 28,38 2R,3R 28,3R 2R,3S 2R,38 e 2S,3R 2R,3S e 2S,3R 2R,3R e 28,3S e2S,3S Dos quatro estereoisorneros da treonina, sornente 0 isornero 2S,3R, [a]n= -28,3°, ocorre naturalrnente em plantas e anirnais, sendo urn nutrien- te essencial para a dieta hurnana. Esse e urn resultado tipico: a rnaioria das rnoleculas biologicarnente irnportantes e quiral e geralrnente apenas urn dos estereoisorneros e encontrado na natureza. Atribua as configural;oes R,S para cada centro de quiralidade nas seguintes rnoleculas. Quais sao enanti6rneros e quais sao diastereois6rneros? (a) Br (b) CH3 (c) CH3 (d) H H,:...;CH3 H,:...;Br Br,:...;H Br,: ...;CH3 C C C C I I I I C C C C H~i"OH H3C~ i"H H~ i"CH3 H3C~ i"OH CH3 OH OH H o cloroanfenicol, urn antibi6tico poderoso isolado em 1949 da bacteria Strepto- myces venezuelae, e urn cornposto ativo contra varios tipos de infecl;oes bacteria- nas e e especialmente valioso contra a febre tif6ide. Atribua a configural;aOR,S ao centro de quiralidade no cloroanfenicol. Atribua a configural;aOR,S para cada centro de quiralidade no seguinte modelo molecular do aminoacido isoleucina (preto = 0, cinza-claro = N): Vejarnos rnais urn exernplo de urn cornposto com dois centros de quiralidade: o acido tartarico. Ja estarnos farniliarizados com 0 acido tartarico por causa do seu papel na descoberta da atividade 6ptica por Pasteur, e podernos de- senhar os quatro estereois6rneros: Espelho Espelho lC02H lC02H lCOoH lC02H H,:...;OH HO,:...;H H,:;OH HO,:...;H 2C 2C 2C 2C I I I I 3C 3C 3C 3C HO~:"H !l~ I "OH' H~:"OH HO~:"H I J....i : . I r . . . " 4C02H ,C02H 4CO)1 4C02H " 2R,3R 28,38 2R,38 28,3R As estruturas 2R,3R e 28,38 que sao a imagem especular uma da outra nao sao identicas e, portanto, constituem urn par de enanti6meros. Vma analise cuidadosa, entretanto, mostra que as estruturas 2R,38 e 28,3R sao identicas, como podemos observar girando em 1800 uma das estruturas: lC02H (H:t"OH)H••.....:"OH I 4COzH· 2R,3S Girar 1800 lC02H HO,:...;H 2C I 3CHO ••.•...:"H I 4COzH 2S,3R Ja as estruturas 2R,38 e 28,3R sao identicas porque a molecula possui urn plano de simetria e e, portanto, aquiral. 0 plano de simetria corta a mole cuIa atraves da ligar;ao C2-C3, fazendo da metade da moIecula a ima- gem especular da outra meta de (Figura 9.11). FIGURA 9.11 Um plano de simetria corta a Iigagao C2-C3 do meso-acido tartarico e torna a molt§cula aquiral. Por causa do plano de simetria, 0 estereois6mero do acido tartarico re- presentado na Figura 9.11 e aquiral, mesmo com a presenr;a de dois centros de quiralidade. Os compostos aquirais, embora contenham urn centro de quirali- dade, sao chamados de compostos meso. Assim, 0 acido tartarico existe em tres formas estereoisomericas: dois enanti6meros e uma forma meso. ESTRATEGIA Para verificar a existencia de urn centro de quiralidade, observe 0 atomo de car- bono ligado a quatro grupos diferentes. A fim de verificar se a molecula e quiral ou nao, procure pela ausencia de urn plano de simetria. Nem todas as moleculas com centros de quiralidade sao quirais - os compostos meso constituem uma exce9ao. SOLU~AO A estrutura do cis-l,2-dimetilciclobutano mostra que os dois carbonos ligados aos grupos metila (Cl e C2) san centros de quiralidade. No seu todo, entretanto, o composto e aquiral, porque existe um plano de simetria que bisseciona 0 anel entre Cl e C2. A molecula e, portanto, um composto meso. j ffi H"0L1:J~H" H 'S H (a) H~ ,..OHV'H Quais das seguintes substancias apresentam a forma meso? (a) 2,3-Dibromobutano (b) 2,3-Dibromopentano (c) 2,4-Dibromopentano A seguinte estrutura representa um composto meso? Se a resposta for afirma- tiva, indique 0 plano de simetria (preto = 0). Moleculas com Mais de Dois Centros de Quiralidade Vimos que um unico centro de quiralidade em uma moIecula da origem a dois estereoisomeros (um par de enantiomeros) e que dois centros de quiralidade em uma molecula dao origem a quatro estereoisomeros, ou dois pares de enantiomeros. Normalmente, uma molecula com n centros de quiralidade possui no maximo 2n estereoisomeros, ou 2n-1 pares de enantiomeros, embora esse numero possa ser menor se os estereoisomeros san compostos meso. 0 colesterol,por exemplo, possui oito centros de quiralidade, tornando possivel a existencia de 28 =256 estereoisomeros, embora muitos deles estejam su- jeitos a uma tensao grande demais para existirem. Somente um, entretanto, e produzido na natureza. Colesterol (oito centros de quiralidade) Quantos centros de quiralidade possui a morfina? Quantos estereoisomeros da morfina san possiveis, em principio? Algumas das propriedades fisicas de tres estereoisomeros do acido tartarico san apresentadas na Tabela 9.3. Como indicado, os acidos tartarico (+) e (-) apresentam pontos de fusao identicos, as mesmas solubilidades e densi- dades. Eles diferem apenas no sinal da rota<;ao da luz-plana polarizada. 0 isomero meso, ao contrario, e diastereoisomerico em rela<;ao as formas (+) e (-). Ou seja, ele nao possui rela<;ao especular com os acidos tartarico (+) e (-). Ele e urn composto totalmente diferente e, portanto, apresenta pro- priedades fisicas diferentes. Propriedades Fisicas dos Estereoisomeros 'ABELA 9.3 Algumas Propriedades dos Estereois6meros do Acido Tartarico Ponto de [aID Densidade Estereoisomero fusao (OC) (graus) (gjem3) (+ ) (-) Meso 168-170 168-170 146-148 +12 -12 o 1,7598 1,7598 1,6660 Solubilidadea 20°C (g/100 mLH20) 139,0 139,0 125,0 Para finalizar a discussao sobre estereojsomerismo, voltemos ao trabalho pioneiro de Pasteur. Ele usou urn sal de acido tartarico opticamente inativo e descobriu que poderia recristaliza-Io em duas formas opticamente ativas com configura<;6es 2R,3R e 28,38. Mas qual era a forma opticamente inativa que ele iniciou sua investiga<;ao? Nao poderia ter sido 0 meso-acido tar- tarico, uma vez que ele e urn composto quimico diferente e nao se pode con- verter em dois enantiomeros quirais sem a que bra e forma<;ao de liga<;6es quimicas. Misturas Racemicas e sua Resolu(:ao FIGURA 9.12 Reat;:?io do acido 1<3ticoracemico com a metilamina produzindo uma mistura racemica de sais de am6nio. A resposta e que Pasteur iniciou seus estudos com uma mistura 50:50 dos dois enanti6meros quirais opticamente ativos do acido tartarico. Essa mistura e denominada mistura racemic a ou racemato e especificada com 0 simbolo (±) ou com 0 prefixo d,l que indica a mistura em partes iguais de formas dextrogiras e levogiras. As misturas racemicas apresen- tam rotac,;aooptica igual a zero, porque a rotac,;ao(+) de urn enanti6mero se cancela com a rotac,;ao (- ) do outro. Por pura sorte, Pasteur foi capaz de se- parar, ou resolver, 0 acido tartarico racemico nos seus enanti6meros (+) e (-) por meio de cristalizac,;ao fracionada. Infelizmente, esse metodo nao funciona para a maioria das misturas racemicas, assim, outras tecnicas SaD necessarias. ometodo mais comum para a resoluc,;aode misturas racemic as utiliza uma reac,;ao acido-base entre a mistura racemic a de acidos carboxilicos quirais (RC02H) e uma amina (RNH2) para produzir urn sal de am6nio: °II R-C-OH + RNHz °II ----'> R-C-O- RNHs+ Acido Base carbmnlico amina Para compreender como esse metodo de resoluc,;aofunciona, vejamos 0 que acontece quando uma mistura racemica de acidos quirais, como os aci- dos laticos (+) e (-), reage com uma amina aquiral, como a metilamina, CH3NH2, para produzir urn sal de am6nio. Estereoquimicamente, a situac,;ao e semelhante ao que acontece quando a mao dire ita e a mao esquerda (quirais) pegam uma bola de tenis (aquiral).Ambas as maos pegam a bola de tenis de maneira eficiente, e os produtos - bola na mao esquerda versus bola na mao dire ita - SaDa imagem especular uma da outra. Da mesma maneira, ambos os acidos Iaticos (+) e (- ) reagem com a metilamina eficientemente e o produto e uma mistura racemica de dois sais que SaDa imagem especular urn do outro, (+ )-lactato de metilam6nio e (- )-lactato de metilam6nio (Figura 9.12). + ~02 - H:3NCHs ,C, H/I 'cnHO .3 HO H-,\ ....CHs'C/ I + COz- HaNCHs Acido llitico racemico (50% R, 50% S) Sal de amonio racemico (50% R, 50% S) Vejamos agora 0 que acontece quando uma mistura racemic a dos aci- dos laticos (+) e (- ) reage com urn unico enantiomero de uma amina quiral, como, por exemplo, a (R)-1-feniletilamina. Estereoquimicamente, a situac;ao e semelhante ao que acontece quando uma das maos (urn reagente quiral) calc;a uma luva da mao direita (tambem um reagente quiral). As maos direi- ta e esquerda nao calqam a mesma luva da mesma maneira. Os produtos - mao direita na luva direita e mao esquerda na luva direita - nao SaDima- gens especulares, SaDcompletamente diferentes. Da mesma forma, os acidos laticos (+) e (-) reagem com a (R)- 1-feniletilamina para formar dois produtos diferentes (Figura 9.13).0 (R)- acido latico reage com a (R)-1-feniletilamina para formar 0 sal R,R. 0 (S)-acido latico reage com a (R)-amina para formar 0 sal S,R. Esses dois sa is SaDdiastereoisomeros, compostos diferentes e, portanto, com proprie- dades fisicas e quimicas diferentes. Assim e possivel separa-los por crista- lizac;ao ou algum outro metodo. Vma vez separados, a acidificac;ao dos dois sais diastereoisomeros com acido forte permite isolar os dois enantiomeros do acido latico em sua forma pura e recuperar a amina quiral. FIGURA 9.13 A reac;;aodo acido latico racemico com a (R)-l-feniletilamina que produz uma mistura de sais de am6nio diastereoisomericos. ~ Diastereoisomeros / SaIR,R + Acido llitico racemico (50% R, 50% S) Quais estereoisomeros seriam obtidos a partir da reac;aodo (::t::)-acidolatico com (S)-1-feniletilamina, e qual a relac;ao entre eles? Uma Breve Revisao sobre Isomeria Como vimos em divers as ocasi6es anteriores, os isomeros SaDcompostos que apresentam a mesma formula quimica, porem estruturas diferentes. Vimos varios tipos de isomeros nos ultimos capitulos, e e uma boa ideia neste ponto relembrarmos como esses isomeros se relacionam uns com os outros, uti- lizando 0 fluxograma da Figura 9.14. FIGURA 9.14 Fluxogramaque resume os diferentes tipos de isomeroso I IOEIAS-CHAVE I···~ Isomeros I I Isomeros Estereoisomerosconstitucionais I I I Enantiomeros Diastereoisomeros (imagem especular) (nao sao imagensespeculares) I I Diastereisomeros Diastereoisomeros configuracionais cis-trans Existem dois tipos fundamentais de is6meros que ja encontramos: is6meros constitucionais e estereois6meros . • Isomeros constitucionais (veja a Se~ao 3.2) sao compostos cujos atomos estao ligados de maneira diferente. Entre os tipos de is6meros constitu- cionais, vimos os is6meros de cadeia, os funcionais e os de posi~ao. Cadeias de carbono diferentes Grupos funcionais diferentes Grupos funcionais em posiQoes diferentes • Estereoisomeros (veja a Se~ao 3.8) sao compostos cujos atomos estao liga- dos na mesma ordem, mas com orienta~ao espacial diferente. Entre os tipos de o estereois6meros que ja vimos estao os enanti6meros, diastereoi- s6meros e os is6meros cis-trans (ambos em alcenos e cicloalcanos). De fato, os is6meros cis-trans sao outro tipo de diastereois6meros, pois sao es- tereois6meros que nao sao a imagem especular urn do outro: Enantiomeros (estereoisomeros cujas imagens especulares nao se sobrepoem) Diastereoisomeros (estereoisomeros que nao sac imagens especulares) Diastereoisomeros configuracionais Acido 2R,3R-2-Amino-3- hidroxibutan6ico licido 2R,3S-2-Amino-3- hidroxibutan6ico Diastel'eoisomeros cis-trans (substituintes no mesmo lado ou em lados opostos da ligac;aodupla ou do anel) trans-l,3- Dimetilciclopentano cis-l,3- Dimetilciclopentano Que tipo de is6meros sao os seguintes pares? (a) (S)-5-Cloro-2-hexeno e clorociclo-hexano (b) (2R,3R)-Dibromopentano e (2S,3R)-dibromopentano Estereoquimica de Reac;:oes:Adic;:ao de HBr aos Alcenos Clique na pagina do livro,ww no site http://www. thomsonlearning.com.br. em Organic Interactive. GerandoCentros de Quiralidade a partir de Rea90es de Adi980 em Alcenos: aprenda a preyer a estereoquimica nas rea90es de adi980 em alcenos. A maioria das rea<;6es bioquimicas que ocorrem no corpo humano e grande parte das rea<;6es organicas no laborat6rio formam produtos com centros de quiralidade. Por exemplo, a adi<;aode HBr ao 1-buteno produz o2-bromobu- tano, uma mole cuIa quiral. Qual e a estereoquimica do produto quiral? Be um unico enanti6mero e formado, ele e R ou S? Be uma mistura de enati6meros e formada, qual a propor<;ao entre eles? De fato, 0 2-bromobutano produzido e uma mistura racemic a dos enanti6meros ReS. Vejamos 0 porque. HBr---,------? Eter I-Buteno (aquiral) (±)-2-Bromobutano (quiral) Para compreender pOI'que 0 produto da rea<;ao de HBr com 1-buteno e uma mistura racemic a, pense urn pouco no mecanismo dessa rea<;ao. 0 1- buteno e primeiramente proton ado para formal' urn carbocation (secundario) intermediario. Vma vez que 0 carbono trivalente tern hibridiza<;ao Sp2 e e planar, 0 cation nao possui centros de quiralidade, possui urn plano de sime- tria e e, portanto, aquiral. Como resultado, 0 cation pode ser atacado pelo ion FIGURA 9.15 Reagao do TonBr- com 0 carbocation sec-butila. o ataque na parte superior forma o produto S que e a imagem especular do produto formado por meio do ataque na parte inferior, 0 produto R. Como ambos sac igualmente provaveis, forma-se uma mistura racemica. A ligagao pontilhada C· •. Br no estado de transigao indica a formagao parcial da ligagao. Br- pelos dois lados com a mesma eficH~ncia.0 ataque na parte superior ori- gina 0 (S)-2-bromobutano por meio do estado de transi<;ao 1 (TS 1) na Figura 9.15, e 0 ataque na parte inferior origina 0 produto R por intermedio de es- tado de transi<;ao TS 2. Os dois estados de transiqilo silo a imagem especular um do outro. Portanto, possuem energias identicas, sao formados com a mesma velocidade e ocorrem eficientemente na mesma propor<;ao. Br I CHsCHz ---C,--H CHs CH3 ICHsCHz -- C --- H I Br Estereoquimica de Reac;oes: Adic;ao de Br2 aos Alcenos 'NWV! FIGURA ATIVA 9.16 ~. EstereoquTmica da adigao de Br2 ao cis-2-buteno. Uma mistura racemica dos produtos 25,35 e 2R,3R e formada porque a rea9ao de do TonBr- com ambos os carbon os do Ton brom6nio intermediario e igualmente provavel. Teste voce mesmo seus conhecimentos desta figura na pagina do livra, no site http://www. thomsonlearning.com. br A adi<;ao de Br2 ao 2-buteno leva a formac;ao do 2,3-dibromobutano e a ge- rac;ao de dois centros de quiralidade. Qual e a estereoquimica da reac;ao? Comec;ando com 0 cis-2-buteno, que e planar e aquiral, 0 Br2 pode se adi- cionar a ligac;ao dupla com igual facilidade, tanto pela face superior como pela face inferior para gerar dois ions bromonio como intermediarios. Por raz6es de simplicidade, vamos considerar somente a reac;ao que ocorre pela face superior, tendo em mente que toda a estrutura que considerarmos tern sua imagem especular. o ion bromonio formado pela adic;ao de bromo a face superior do cis-2- buteno pode ser atacado pelo ion Br- tanto pelo lado direito como pelo lado esquerdo da face inferior, como mostra a Figura 9.16. 0 ataque pelo lado es- querdo (caminho a) leva a forma<;ao do (2S,3S)-dibromobutano e 0 ataque pelo lado direito (caminho b) conduz a formac;ao do (2R,3R)-dibromobutano. Vma vez que ambos os modos de ataque ao ion bromonio aquiral sao igual- mente provaveis, forma-se uma mistura 50:50 (racemic a) dos dois enan- tiomeros. Assim, 0 resultado e a obten<;ao do (:±)-2,3-dibromobutano. H Br ~ H:lC"C_/ . / \'H Cammho a Br CH" (2S,3S).dibromobut:no Br H \ /':""CH:, _C-C w" \ HoC Br (2R,3R)·Dibromobutano cis·2·Buteno (aquiral) o que acontece na rea~ao de adi~ao de Br2 ao trans-2-buteno? It for- mada a mesma mistura racemica? Pode parecer surpreendente em urn primeiro momento, mas a resposta e nao. 0 trans-2-buteno reage com Br2 para formar 0 ion bromonio e, novamente, vamos considerar somente a rea~ao que ocorre pela face superior. 0 ataque do ion Br- ao ion bromonio in- termediario ocorre com igual facilidade pelo lado direito e pelo lado esquerdo da face superior, levan do a forma~ao dos produtos 2R,3S e 2S,3R em quanti- dades iguais (Figura 9.17). Se observarmos cuidadosamente os dois produ- tos, no entanto, veremos que eles saD identicos. Ambas as estruturas correspondem ao meso-2,3-dibromobutano. ww FIGURA ATIVA 9.17 Estereoqufmica da adi9ao de Br2 ao trans-2-buteno. Um produto meso e formado. Teste voce mesmo seus conhecimentos desta figura na pagina do livro, no site http://www.thomsonlearning. com.br H Br H3C•••.:> / C-C, / B: \~CH3 Caminho a (2S,3R)-Dibromobutano (meso) Espelho Ion bromonio intermedilirio (2R,3S)-Dibromobutano (meso) A principal conclusao que podemos obter a partir das tres rea~oes de adi~ao conforme acabamos de discutir e que, em cada caso, formou-se urn pro- duto opticamente inativo.A reac;tioentre dois compostos opticamente inativos (aquiraisJ sempre da origem a um produto opticamente inativo - seja ele um produto racemico ou meso. Em outras palavras, a atividade 6ptica nao pode surgir do nada; produtos opticamente ativos nao podem ser obtidos a partir de reagentes opticamente inativos. Qual e a estereoquimica do produto resultante da rea~ao de adi~ao de Br2 ao 1- metilciclo-hexeno? 0 produto formado e opticamente ativo? Explique. ESTRATEGIA Os problemas desse tipo exigem urn raciocinio cuidadoso, urn conhecimento do mecanismo da rea(:ao e urn dominio sobre os principios de estereoquimica. Primeiramente, escreva os passos do mecanismo da rea(:ao, identifique a etapa ou as etapas em que a estereoquimica do produto e determinada e decida quais produtos serao formados. SOLUC;AO A adi(:ao de Br2 a urn alceno envolve duas etapas: (1) rea(:ao com 0 ion Br+ para formar 0 ion bromonio intermediario e (2) rea(:ao do ion bromonio com Br-. A primeira etapa determina a estereoquimica de urn centro e, a segunda, a es- tereoquimica do outro. Por causa da presen(:a de urn plano de simetria no reagente, a primeira etapa ocorre eficientemente em ambas as faces da liga~ao dupla, levan do a forma~ao de uma mistura 50:50 de ions bromonio enantio- mericos. Cada ion, por sua vez, pode ser atacado por urn ion Br- tanto pelo lado direito como pelo lado esquerdo para formar dois produtos. Mas como os ions bromonio nao apresentam pIanos de simetria, os ataques pelo lado direito e pelo lado esquerdo nao saD igualmente provaveis, assim sera formada uma mis- tura desigual de produtos R,R e 8,8. a produto em menor quantidade cons- tituido por urn ion brom6nio sera 0 produto em maior quantidade formado por outro ion brom6nio, formando uma mistura 50:50 (racemica) de dibro- mos R,R e 8,8. H Br <'\ J,> ~ Br CHs ~---? H l CHs ~Br~r Aadi~ao de Brz a urn alceno assimetrico, como0 cis-2-hexeno, leva a forma~aodo 2,3-dibromo-hexano, embora a rea~ao do ion Br- com 0 ion bromonio assimetrico intermediario nao seja igualmente provavel. Fa~a desenhos do intermediario e dos produtos e explique 0 resultado estereoquimico esperado. Preveja 0 resultado estereoquimico da rea~ao de Brz com 0 trans-2-hexeno, ex- plicando suas conclus6es. Estereoquirnica de Rea~oes:Adi~ao de HBr a urn Alceno Quiral As rea~6es de adi~ao discutidas nas duas se~6es anteriores envolvem alcenos aquirais com forma~ao de produtos opticamente inativos em todos os casos. a que pode acontecer se a rea~ao ocorrer a partir de urn unico enanti6mero de urn reagente quiral? Por exemplo, qual seria a estereoquimica do produto formado da rea~ao de adi~ao de HBr a urn alceno quiral como 0 (R)-4-metil- 1-hexeno? a produto da rea~ao, 2-bromo-4-metil-hexano, possui dois centros de quiralidade e, portanto, quatro estereois6meros. ~ 1\ + HBr H CHs CHs Br I I CHsCHz9HCHzyHCHsVamos considerar os dois centros de quiralidade separadamente. Qual e a configura~ao em C4, 0 atomo ligado ao grupo metila? Como 0 C4 tern con- figura~ao R no material de partida e 0 seu centro de quiralidade nao e afe- tado pela rear;ao, essa configurar;ao permanece inalterada. Assim, a con- figurar;ao de C4 no produto permanece R (assumindo que as propriedades relativas dos quatro grupos ligados a esse carbono nao se alteram). E a configura~ao no C2, este centro de quiralidade recem-formado? Como mostra a Figura 9.18, a estereoquimica no C2 e estabelecida pela rea~ao do ion Br- com urn intermediario carbocation da maneira usual. FIGURA 9.18 Estereoqulmica da adir;ao de HBr ao alceno quiral (R)-4-metil-1-hexeno. Forma-se uma mistura de diastereoisomeros 2R,4R e 2S,4R em quantidades diferentes porque 0 ataque ao intermediario carbocation quirai nao ocorre com a mesma probabilidade, superior e inferior. Porem esse carbocation nfio possui um plano de simetria; ele e quiral devido a presenqa de um centro de quiralidade no C4. Como 0 carbocation nao tern plano de simetria, 0 ataque as faces superior e inferior nao se da com a mesma eficiencia. Vma das duas faces e mais acessivel que a outra por causa de impedimento esterico, 0 que leva a forma~ao de uma mistura de produtos ReS em uma razao diferente de 50:50. Em outras palavras, formam-se quantidades diferentes de dois diastereois6meros, (2R,4R)-2-bromo-4-metil- hexano e (2S,4R)-2-bromo-4-metil-hexano, resultando em uma mistura opti- camente ativa. Como regra geral, uma reaqfio de um reagente quiral com um reagente aquiralleva a formaqfio de quantidades desiguais de diastereois6meros. Se 0 reagente quiral e opticamente ativo porque apenas urn enanti6mero e usado, entao os produtos SaDtambem opticamente ativos. HC H \ ~3 \/ H", + •.~\:)" !Superior Inferior\ H3C H Br H -\/ \/ ~ CH:J Quais SaDos produtos formados a partir da rea~ao de HBr com a mistura racemica (±)-4-metil-l-hexeno? 0 que se pode afirmar sobre as quantidades relativas dos produtos? 0 produto e uma mistura opticamente ativa? Quais SaDos produtos formados a partir da rea~ao de HBr com 4-metil-ciclopen- teno? 0 que se pode afirmar sobre as quantidades relativas dos produtos? Quiralidade em Atomos Diferentes do Carbono Como a causa mais comum para a quiralidade e a presen~a de quatro subs- tituintes ligados ao atomo de carbono tetraedrico, outros atomos tetraedricos alem do carbono tambem podem ser centros de quiralidade. 0 silicio, 0 ni- trogenio, 0 f6sforo e 0 enxofre SaDmuito encontrados em mole cuIas organicas, e todos podem ser centros de quiralidade dependendo das circunstancias. Sabemos, por exemplo, que 0 atomo de nitrogenio trivalente e tetraedrico, com seus pares isolados agindo como quarto grupo "substituinte" (veja a Se~ao 1.11). 0 atomo de nitrogenio trivalente e quiral? 0 composto etil- metilamina pode existir como urn par de enanti6meros? A resposta e ao mesmo tempo sim e niio. Em principio, sim, mas na pnitica, niio. Os compostos trivalentes de nitrogenio sofrem inversiio rapid a como urn guarda-chuva ao vento, que interconverte os enantiomeros. Assim, niio podemos isolar os enantiomeros, exceto em casos especiais. Espelho ~ Vma situa~iio semelhante acontece com os compostos de f6sforos triva- lentes, ou fosfinas. Nesse caso, a inversiio do f6sforo e muito mais lenta que a do nitrogenio e, assim, fosfinas quirais estaveis podem ser isoladas. Ametil- propilfenilfosfina ReS, por exemplo, siio estaveis por varias horas a tem- peratura de 100 ae.A quiralidade das fosfinas e muito importante na sintese de aminoacidos quirais. (R)·Metilpropilfenilfosfina (configura\(ao estlivel) Muito embora os enantiomeros de uma moIecula quiral apresentem as mes- mas propriedades fisicas, normalmente possuem propriedades biol6gicas diferentes. Por exemplo, 0 enantiomero (+) do limoneno tern 0 aroma da laranja, mas 0 enantiomero (- ) tern 0 aroma do limiio.Conexao Biol6gica (+ )·Limoneno (odor de laranja) (- )-Limoneno (odor de limao) A quiralidade pode afetar drasticamente as propriedades biol6gicas de uma moIecula, urn exemplo tipico e 0 que ocorre em muitos remedios, como a fluoxetina, uma medica~iio muito prescrita vendida nas farmacias com 0 nome de Prozac. A mistura racemica de fluoxetina e urn antidepressivo FIGURA 9.19 (a) Um enantiomero ajusta-se facilmente ao sltio de um receptor quiral para exercer um efeito biol6gico, mas outro enanti6mero (b) nao se ajusta ao mesmo receptor. extraordinario, mas nao tern atividade contra a enxaqueca. 0 enantiomero S, entretanto, funciona muito bem no combate a enxaqueca. Outros exemplos saD descritos na ser;ao Quimica no Trabalho "Drogas Quirais". (S)·Fluoxetina (pre vine a enxaqueca) Por que os estereolsonieros diferentes apresentam propriedades bio- 16gicas diferentes? Com a finalidade de exercer uma ar;ao biol6gica, a molecula quiral deve se ajustar ao receptor quiral no sitio ativo, de modo semelhante ao da mao que se ajusta a uma luva. Como a mao direita s6 se ajusta a uma luva direita, urn estereoisomero em particular se ajusta so- mente ao receptor que possui uma forma complementar adequada. Qualquer outro estereoisomero ficaria mal-ajustado, como uma luva direita na mao es- querda. Uma representar;ao esquematica da interar;ao entre uma molecula quiral e urn receptor biol6gico quiral e mostrada na Figura 9.19. Urn dos enantiomeros ajusta-se perfeitamente ao receptor, 0 outro nao. I ~'3"f Intimamente relacionada ao conceito de quiralidade e particularmente im- port ante na quimica biol6gica, e a nor;ao de proquiralidade. Uma molecula e proquiral se ela pode ser convertida de uma forma aquiral para uma forma quiral em uma linica etapa. Por exemplo, uma cetona assimetrica, como a 2- butanona, e proquiral porque ela pode ser convertida no alcool quiral 2-bu- tanol por meio da adir;ao de hidrogenio, como veremos em mais detalhes na Ser;ao 17.5. 2·Butanona (Proquh'al) 2-Butanol (QuiraD o enanti6mero do 2-butanol a ser produzido dependera de qual face do grupo carbonilico planar sofrera uma reac;ao. Para distinguir entre essas possibilidades, usamos as descric;6es estereoquimicas re e si. Atribua as prio- ridades aos tres grupos ligados ao carbono trigonal hibridizado Sp2, imagi- nando as setas curvas do substituinte de mais alta para 0 substituinte de mais baixa prioridade. A face na qual a seta curva esta no sentido horario e designada como re (semelhante aR), e a face em que a seta curva esta no sen- tido anti-horario e designada si (semelhante as). Nesse exemplo em parti- cular, a adic;ao de hidrogenio na face re forma 0 (S)-2-butanol, e na face si, 0 (R)-2-butanol. H I HaC-C\--OH CH2CHa AMm dos compostos com atomos de hibridizac;ao Sp2 planares, os com- postos com atomos tetraedricos de hibridizac;ao Sp3 tambem podem ser pro- quirais. Urn atomo com hibridizac;ao Sp3 e chamado centro de proquirali- dade, se urn dos seus substituintes, ao ser alterado, se tornar urn centro de quiralidade. 0 atomo de carbono -CH20H do etanol, por exemplo, e urn cen- tro de proquiralidade, porque mudando urn dos seus atomos de -H, esse atomo torna-se urn centro de quiralidade. Centro de proquiraJidadc "'" y HC-C-OH a I H Centro de quiralidade" X '\.1 ~ HC-C-OH a I H Para distinguir entre dois atomos identicos (ou grupos de atomos) no centro de proquiralidade, podemos imaginar uma mudanc;a que vai aumen- tar a prioridade de urn atomo em relac;ao a outro, mas sem afetar a sua prio- ridade em relac;ao aos outros grupos substituintes. No carbono -CH20H do etanol, por exemplo, podemos imaginar a substituic;ao de atomos de IH (proton) por 2H (deuterio). 0 novo atomo 2H Conexao Biol6gica introduzido tern prioridade mais alta que 0 atomo de lH restante, mas ainda tern prioridade mais baixa que os outros grupos ligadosao carbono central. Entre os dois atomos identicos no composto original, 0 :ltomo cuja substitui- <;aoorigina urn centro de quiralidade R e denominado pro-R e aquele em que a substitui<;ao origina urn centro de quiralidade S e chamado pro-So A maioria das rea<;6es biol6gicas envolve compostos proquirais. Vma das eta pas no ciclo do acido citrico no qual 0 alimento e metabolizado, por exemplo, e a rea<;ao de adi<;ao de H20 ao fumarato para produzir malato. A adi<;aode -OH ocorre na face si do fumarato e leva a forma<;ao do CS)-malato como produto. Outro exemplo envolve os estudos com substratos marcados com deuterio na conversao de alcool em acetaldefdo, catalisada pela enzima de al- cool desidrogenase encontrada em leveduras. Nessa rea<;ao ocorre a remo<;ao apenas do hidrogenio pro-R da molecula de etanol. Alcool desidrogenase E ) de leveduras Identifique os atomos de hidrogenio indicados comopro-R oupro-S nas seguintes moleculas: (a) "" ,/ H H X .CHO HO' X HO H o acumulo de acido latico em musculos cansados e resultado da reduC;aodo piru- vato. Se a reaC;aoocorre na face re, qual e a estereoquimica do produto? Drogas Quirais As centenas de agentes farmaceuticos diferentes aprovados para uso pela U.S. Food and Drug Administration provem de varias fontes. Muitas drogas SaDisoladas diretamente de plantas e bacterias, outras sao produzidas pela modificac;ao quimica de compostos naturais, e existem outras ainda, pro- duzidas inteiramente em laborat6rios, mas que nao possuem qualquer relac;ao com outras substancias encontradas na natureza. As drogas provenientes de fontes naturais, obtidas diretamente ou ap6s a modificac;ao quimica, sao normalmente quirais e existem na forma de urn unico enantiomero em vez de uma mistura racemica. A penicilina V, por exemplo, urn antibi6tico isolado do fungo Penicillium, tern configurac;ao 2S,5R,6R. 0 seu enantiomero nao ocorre na natureza, mas pode ser preparado em laborat6rio, porem nao possui nenhuma atividade biol6gica. Ao contnirio das drogas obtidas por fontes naturais, as drogas produzidas inteiramente em labo- rat6rios saD aquirais ou se forem quirais em geral saD produzidas e comercializadas na forma de mis- turas racemicas. 0 ibuprofen, por exemplo, tern urn centro de quiralidade e somente 0 enantiomero S e urn agente analgesico e antiinflamat6rio. 0 enantiomero R e inativo, embora seja convertido lentamente na forma ativa S dentro do organismo. Entretanto, a substancia comercializada com os nomes de Advil, Nuprin e Motrin e uma mistura racemic a de ReS. (S)-Ibuprofen (Urn analgesico ativo) Nao somente e urn desperdicio sintetizar e usar clinicamente urn enantiomero que nao serve aos prop6sitos desejados, como muitos exemplos saD conhecidos de situac;oes em que a presenc;a do enan- tiomero "errado" na mistura racemica afeta tanto a habilidade do organismo em utilizar 0 enantiomero "correto" como tambem os pr6prios efeitos farmaco16gicos. A presenc;a do (R)-ibuprofen na mistura racemica, por exemplo, parece diminuir substancialmente a velocidade com que 0 enantiomero S faz efeito, de 12 para 38 minutos. para resolver esse probl~:Jlla, a industria farmaceut.ica esta desenvolvendo metodos de si,p,tese as- sinieJrica, tambem chamadasintese enatiosseletiva, que permitem a preparac;ao de urn unico enan- tiomero em lugar de uma mistura racemica. Metodos viaveis ja foram desenvolvidos para a preparac;ao do (S)-ibuprofen, que ja esta sendo comercializado na Europa. Nao deve estar longe 0 tempo em que os anuncios de televisao mostrarao atletas famosos falando a respeito das vantagens das drogas quirais. WWVi Mais informar;:6es sobre este topico estao disponiveis na pagina do Iivro, no site http://www.thomsonlearnlng.com.br Urn objeto ou moIecula que nao se sobrepoe a sua imagem especular e de- nominado quiral. Uma moIecula quiral e aquela que nao possui urn plano de simetria que corta a moIecula ao meio de forma que as duas metades se- jam a imagem uma da outra. 0 caso mais comum de quiralidade em molecu- las organicas e a presenc;a de urn atomo de carbono tetraedrico hibridizado Sp3 ligado a quatro substituintes diferentes - denominado centro de qui- ralidade. Compostos quirais podem existir como pares de estereoisomeros cujas imagens especulares nao se sobrepoem, saD conhecidos como enan- tiomeros. Os enantiomeros tern propriedades fisicas identicas com exce- c;ao da atividade 6ptica, ou direc;ao em que eles giram a luz plano- polarizada. A configura~ao estereoquimica do atomo de carbono pode ser repre- sentada como R (direita) ou S (esquerda), utilizando as regras de sequencia de Cahn-Ingold-Prelog. Primeiro atribua prioridades aos quatro substi- tuintes do atomo de carbono quiral e entao oriente a molecula de maneira que 0 grupo de mais baixa prioridade aponte para tras da moIecula. Se a seta aquiral, 272 centro de proquiralidade, 297 centros de quiralidade, 272 compostos meso, 284 configura9ao absoluta, 279 configura9ao pro-R, 301 configura9ao pro-S, 301 configura9ao R, 278 configura9ao S, 278 configura9ao, 277 dextr6giras, 275 diastereois6meros, 282 enanti6meros, 271 face re, 301 face si, 301 lev6giras, 275 luz plano-polarizada, 275 mistura racemica, 287 opticamente ativas, 275 plano de simetria, 272 proquiral, 296 quirais, 272 racemato, 287 resolver, 287 rota9ao especifica, [alD' 276 curva, desenhada na dire~ao de diminui~ao de prioridade (1 ~ 2 ~ 3) dos tres grupos restantes, estiver no sentido horario, 0 centro de quiralidade apresenta configura~ao R. Se 0 sentido for ariti-horario, entao 0 centro de quiralidade revel a configura~ao S. Algumas moleculas tern mais de urn centro de quiralidade. as enan- tiomeros apresentam configura~ao oposta em todos os centros de quirali- dade, entretanto os diastereoisomeros tern a mesma configura~ao em pelo menos urn dos centros. Urn composto com n centros de quiralidade pode ter no maximo 2n estereoisomeros. as compostos meso tern centros de quiralidade, mas sao aquirais porque possuem urn plano de simetria. As misturas racemicas ou race- matos sao misturas 50:50 de enantiomeros (+) e (- ).As misturas racemic as e os diastereoisomeros individuais apresentam propriedades fisicas dife- rentes, como solubilidade, ponto de ebuli~ao e ponto de fusao. Muitas rea~6es dao origem a produtos quirais. Se os reagentes forem opticamente inativos, os produtos tambem serao opticamente inativos - meso ou racemico. Se urn ou ambos reagentes forem opticamente ativos, 0 produto tambem pode ser opticamente ativo. Uma molecula e proquiral se ela puder ser convertida de aquiral para quiral em uma unica etapa de rea~ao. Urn atomo proquiral com hibri- diza~ao Sp2 tern duas faces, designadas como faces re ou si. Urn atomo de carbono com hibridiza~ao Sp3 e urn centro de proquiralidade se, mudando urn dos seus substituintes, resultar em urn centro de quiralidade. a atomo cuja substitui~ao leva a forma~ao do centro de quiralidade R e pro-R e aquele em que a substitui~ao leva a forma~ao de urn centro de quiralidade S epro-S. EXERCiclOS (as Problemas 9.1-9.26 aparecem dentro do capitulo.) 9.27 Quais das seguintes estruturas sao identicas? . 9.28 Atribua a configura<;ao R ou S aos centros de quiralidade nas se- guintes moleculas: 9.30 Atribua a configura<;ao R ou S para cada centro de quiralidade na pseudo-efedrina, urn descongestionante encontrado em medicamen- tos para resfriado vendido sem prescri<;ao medica. 9.31 Os polarimetros para medidas de rota<;ao 6ptica sao extremamente - sensfveis podendo medir rota<;6es de ate 0,001°, muito uteis quando pequenas quantidades de amostra sao disponiveis. A ecdisona, por exemplo, e urn hormonio de insetos que control a a metamorfose da larva do bicho-da-seda. Quando 7,00 mg de ecdisona foi dissolvido em 1,00mL de clorof6rmio e a solu<;aocolocada em uma celula de caminho 6ptico de 2,00 em, observou-seuma rota<;ao de +0,087°. Calcule 0 valor de [a]D para a ecdisona. 9.32 Quais dos seguintes compostos sao quirais? Represente-os e identi- fique os centros de quiralidade. (a) 2,4-Dimetil-heptano (b) 5-Etil-3,3-dimetil-heptano (c) cis-1,4-Diclorociclo-hexano (d) 4,5-Dimetil-2,6-octadi-ino 9.33 Represente as moleculas quirais que correspondam as seguintes des- cri~6es: (a) Urn cloroalcano, C5HllCI (b) Urn alcool, C6H140 (c) Urn alceno, C6H1Z (d) Urn alcano, CSH1S 9.34 Oito mole cuIas de alcool tern a formula C5H1ZO. Represente-as. Quais sao quirais? 9.35 Represente nove mole cuIas quirais que tern a formula C6H13Br. 9.36 Represente os compostos que correspondam as seguintes descri~6es: (a) Urn alcool quiral com quatro atomos de carbono (b) Urn acido carboxilico com a formula C5HlOOZ (c) Urn composto com dois centros de quiralidade (d) Urn aldeido quiral com a formula C3H5BrO 9.37 Quais dos seguintes objetos sao quirais? (a) Uma bola de basquete (b) Urn garfo (c) Urn copo de vinho (d) Urn taco de golfe (e) Uma chave inglesa (f) Urn floco de neve 9.38 A penicilina V e urn import ante antibiotico de ampla utiliza~ao que contem tres centros de quiralidade. Identifique-os. 9.39 Desenhe exemplos de: (a) Urn composto meso com a formula CSH1S (b) Urn composto meso com a formula CgHzo (c) Urn composto com dois centros de qui;alidade, urn Reo outro S 9.40 Qual e a rela~ao entre as rota~6es especificas do (2R,3R)-dicloropen- tano e do (2S,3S)-dicloropentano? Entre 0 (2R,3S)-dicloropentano e 0 (2R ,3R)-dicloropentano? 9.41 Qual e a configura~ao estereoquimica do enantiomero do (2S,4R)-di- .bromo-octano? 9.42 Quqis sao as configura~6es dos dois diastereoisomeros do (2S,4R)-di- bromo-octano? 9.43 OriE1nte cada uma das seguintes representa~6es de maneira que 0 grupo de mais baixa prioridade esteja situado na parte detras da mole- cula, e entao atribua a configura~ao R ou S. 9.44 Atribua as prioridades Cahn-Ingold-Prelog aos seguintes conjuntos de substituintes: (a) -CH=CH2, -CH(CHS)2, -C(CHs)s, -CH2CHs (b) -C-CH, -CH=CH2, -C(CHsh, ---< , (c) -C02CHs, -COCHs, -CH20CHs, -CH2CHs (d) -C N, -CH2Br, -CH2CH2Br, -Br 9.45 Atribua as configurac;oes R ou S aos centros de quiralidade das seguintes moleculas. (a) H OH ~ (b) Cl H if 9.46 Atribua a configurac;8.oR ou S para cada centro de quiralidade nas seguintes moleculas: (a) OHa: H (c) HOyyOH HsC' U'CHs 9.47 Atribua a configurac;8.oR ou S para cada centro de quiralidade nas seguintes moleculas biol6gicas: (a) ° (b)H___...A ...----H ° HN N ___~C02HHttH HO-' S ' H HCH2CH2CH2CH2C02- '" Biotina Prostaglandina E1 "' 9.48 Desenhe as representac;oes tetraedricas das seguintes moleculas: (a) (S)-2-Butanol, CHsCH2CH(OH)CHs (b) (R)-3-Cloro-l-penteno 9.49 Desenhe as representac;oes tetraedricas dos dois enanti6meros do ami- noacido cisteina, HSCH2CH(NH2)C02H e identifique-os como R ou S. 9.50 Quais dos seguintes pares de estruturas representam 0 mesmo enan- ti6mero, e quais representam enanti6meros diferentes? (a) Br CN (b) C02H Br I I I I HsC--;C-CN H--;C-CHs H--;C-Br H---C-CNI H Br CN C02H (c) CHs OH (d) CHs C02H I I I I H---C-OH H--; C - CH2CHs H--;C-C02H HsC--;C-HI CHsCH2 HsC H2N H2N 9.51 Atribua a configuravao R ou S para cada centro de quiralidade nas seguintes moIeculas: (a) H BrHc0's CH / s H Br 9.52 Desenhe as representavoes tetraedricas das seguintes moleculas: (a) 0 enantiomero 2S,3R do 2,3-dibromopentano (b) A forma meso do 3,5-dicloro-heptano 9.53 Desenhe a forma meso das seguintes moleculas e indique 0 plano de simetria em cada uma delas: 9.54 Atribua as configuravoes R ou S aos centros de quiralidade no acido asc6rbico (vitamin a C). OH H OHHOf:C" CHOH " 2OH a 9.55 Atribua a estereoquimica R ou S aos centros de quiralidade nas se- guintes projevoes de Newman: (a) Cl (b) H HytyCHs HsCytyOH H~~H H~~C~ H H 9.56 A xilose e urn avucar comum encontrado em muitos tipos de madeira, incluindo 0 bordo e a cerejeira. Como esse avucar e muito menos propenso a causar carie que a sacarose, a xilose vem sendo utilizada em billas e gomas de mas car. Atribua as configuravoes R ou S aos cen- tros de quiralidade na xilose: HOH HOH OHCVCH20H HOH 9.57 A ribose, uma parte essencial do acido ribonucIeico (RNA), tern a seguinte estrutura: H H H OH X X .CHO HO' X X HOHHO H (a) Quantos centros de quiralidade a ribose possui? (b) Quantos estereoisomeros da ribose existem? (c) Represente a estrutura do enantiomero da ribose. (d) Represente a estrutura do diastereoisomero da ribose. 9.58 Na hidrogenavao catalitica utilizando catalisador de platina, a ribose (Problema 9.57) e convertida em ribitol. 0 ribitol e opticamente ativo ou inativo? Explique. H H H OH ~ ' " CH20H HO , ,, , HOHHO H 9.59 A hidroxilac;;ao do cis-2-buteno com OS04 produz 2,3-butanodiol. Qual a estereoquimica voce esperaria para 0 produto? (Reveja a Sec;;ao7.8 se necessario.) 9.60 A hidroxilac;;ao do trans-2-buteno com OS04 produz 2,3-butanodiol. Qual a estereoquimica voce esperaria para 0 produto? 9.61 Os alcenos reagem com acidos peroxicarboxilicos (RC03H) para pro- duzir eteres ciclicos com anel de tres :ltomos denominados ep6xidos. Por exemplo, 0 4-octeno reage com peroxiacidos para produzir 4,5- epoxioctano: Assumindo que a reavao de epoxidavao ocorre com estereoquimica syn, ~ represente a estrutura obtida na epoxidac;;aodo cis-4-octeno. 0 produto e quiral? Quantos centros de quiralidade ele possui? Como voce 0 des- creveria estereoquimicamente? 9.62 Responda 0 Problema 9.61, supondo que a reac;;aode epoxidac;;aoocorra com 0 trans-4-octeno. 9.63 Identifique os hidrogenios indicados nas seguintes mole cuIas como pro-R oupro-S: (a) ~ / (b) ~ / (c) ~ / HH H H- HH ~C02H CH3Sf!yC02 - ~CO-HOC HS , 2 2 " , ,, + , + , HO H HH H3NH H3NH I \ Acido malico Metionina Cisteina 9.65 Escreva os produtos das seguintes rea~6es e indique a estereoquimica obtida em cada caso: (a) Br2, H20 ) ? DMSO 0 (b) Br2 ) ?CH2Cl2 (c) 1. 050. ) ? 2. NaHS03 9.66 Represente todos os estereoisomeros possiveis do acido ciclobutano- 1,2-dicarboxilico e indique suas rela~6es. Qual deles sao opticamente ativos? Fa~a 0 mesmo para 0 acido ciclobutano-l,3-dicarboxilico. 9.67 0 composto A, C7H12, e opticamente ativo. Na redu~ao catalitica em substrato de platina, 2 mols de hidrogenio foram consumidos, pro- duzindo 0 composto B, C7H16. Dois fragmentos foram obtidos na ozon6lise de A. Urn fragmento foi identificado como acido acetico. 0 outro fragmento, composto C, foi identificado como urn acido car- boxilico opticamente inativo, CSHlO02. Escreva as rea~6es e represente as estruturas A, B e C. 9.68 0 composto A, CnH160 e urn alcool opticamente ativo. A despeito de sua aparente insatura~ao, 0 hidrogenio nao e consumido durante a re- du~ao catalitica em substrato catalisador de paladio. No tratamento de A com acido sulfurico diluido, ocorre desidrata~ao e a forma~ao do alceno opticamente inativo B, CnH14, como produto majoritario. A ozon6lise do alceno B origina dois produtos. Urn deles foi identificado como propanal, CH3CH2CHO. 0 composto C, 0 outro produto, e uma ce- tona, CsHsO. Qual e 0 grau de insatura~ao de A? Escreva as rea~6es e identifique A, B e C. 9.69 Uma das etapas na biossintese da gordura e a hidrata~ao do crotonato para produzir 3-hidroxibutirato. A rea~ao ocorre pela adi~ao de -OH na face si no C3, seguido pela protona~ao no C2, tambem na face si. Represente 0 produto da rea~ao, mostrando a estereoquimica de cada etapa. 9.70 A d~sidrata~ao do citrato para produzir cis-aconitato, uma etapa no ci- clo do acido citrico, envolve 0 "bra~o"pro-R do citrato em vez do "bra~o" pro-So Qual dos seguintes produtos e formado? 9.71. A hidrata~ao do cis-aconitato produz (2R,3S)-isocitrato. Mostre a es- tereoquimicado produto, e diga se a adi~ao do grupo -OH ocorre na face re ou na face si do cis-aconitato. 9.72 Os tetraedranos sao uma classe de compostos muito interessante, cujo primeiro exemplo foi sintetizado em 1979. Construa urn modelo de urn tetraedrano com quatro substituintes diferentes. Ele e quiral? Ex- plique. ® I /C""@;-c-i-c-®\;/ I ® 9.73 Os ale nos sao compostos com duplas ligac;6es adjacentes. Muitos alenos sao quirais embora nao possuam centros de quiralidade. A mi- comicina, por exemplo, urn antibi6tico natural isolado da bacteria No- cardia acidophilus, e quiral e apresenta [a]D = -130°. Explique por que a micomicina e quiral. Construa urn modelo molecular se achar necessario. 9.74 Muito antes dos alenos quirais serem conhecidos (Problema 9.73), a solw;ao do acido 4-metilciclo-hexilidenoacetico foi resolvida em dois enanti6meros. Qual deles e quiral? Qual e a semelhanc;a geometrica com os alenos? o II R-C-OH + R'OH Acido carboxilico Suponha que 0 acido latico racemico reaja com metanol, CHsOH, para produzir 0 ester, lactato de metila. Que estereoquimica voce esperaria para os produtos? Qual e a relaC;aoentre eles? 9.76 Imagine que 0 (S)-acido latico reaja com (R)-2-butanol para formar urn ester (Problema 9.75). Que estereoquimica voce esperaria para o(s) produto(s)? Represente os reagentes e o(s) produto(s). 9.77 Pressupondo que 0 acido latico racemico reaja com (S)-2-butanol para formar urn ester (Problema 9.76). Que estereoquimica voce esperaria para o(s) produto(s)? Qual e a relac;;ao entre eles? Presumindo que os esteres podem ser convertidos novamente em acidos carboxilicos, como voce utilizaria essa reac;;aopara resolver 0 (±)-acido latico? 9.78 0 (S)-1-cloro-2-metilbutano sofre reac;;aocom C12, sob ac;;aoda luz, por urn mecanismo radicalar para produzir uma mistura de produtos. En- tre os produtos formados estao 0 1,4-dicloro-2-metilbutano e 1,2-di- cloro-2-metilbutano. (a) Escreva a reac;;ao mostrando a estereoquimica correta dos rea- gentes. (b) Urn dos produtos e opticamente ativo e 0 outro nao. Identifique cada urn. (c) 0 que voce pode concluir sobre a estereoquimica das reac;;6esradi- calares de clorac;;ao? 9.79 Represente a estrutura do composto meso que possui cinco atomos de carbono e tres centros de quiralidade. 9.80 Quantos estereois6meros do 2,4-dibromo-3-cloropentano existem? Re- presente-os e indique quais san opticamente ativos. 9.81 Represente os is6meros cis- e trans-l,4-dimetilciclo-hexano em suas conformac;;6es de cadeira mais estaveis. (a) Quantos is6meros do cis-l,4-dimetilciclo-hexano existem e quantos do trans-l,4-dimetilciclo-hexano? (b) As estruturas san quirais? (c) Quais as relac;;6esestereoquimicas entre os varios estereois6meros do 1,4-dimetilciclo-hexano? 9.82 Represente os is6meros cis- e trans-l,3-dimetilciclo-hexano em suas conformac;;6es de cadeira mais estaveis. (a) Quantos is6meros do cis-l,3-dimetilciclo-hexano existem e quantos do trans-l ,3-dimetilciclo- hexano? (b) As estruturas san quirais? (c) Quais as relac;;6es estereoquimicas entre os varios estereois6meros do 1,3-dimetilciclo-hexano? 9.83 Como voce explicaria que 0 cis-l,2-dimetilciclo-hexano e opticamente inativo embora possua dois centros de quiralidade? 9.84 Urn haleto de alquila reage com urn nucle6filo para formar urn produto de substituic;;ao por meio de urn mecanismo que envolve a inversCio da estereoquimica no atomo de carbono: // Nu-C + x- \ Formule a reavao do (S)-2-bromobutano com 0 ion HS- para produzir butano-2-tiol, CHaCH2CH(SH)CHa. Qual e a estereoquimica do pro- duto? (Veja a Sevao 11.2.) 9.85 Os reagentes de Grignard, RMgX, reagem com aldeidos para produzir alc06is. Por exemplo, a reavao do brometo de metilmagnesio com propanal produz 0 alcool 2-butanol: 1. CHsMgBr ) 2. HsO+ (a) 0 produto e quiral? Ele e opticamente ativo? (b) Quantos estereoisomeros do butanol sao formados, quais as re- lav6es estereoquimicas entre eles e quais sao as suas quantidades relativas? (Veja a Sevao 17.6.) 9.86 Imagine que outra reavao de Grignard semelhante a reavao descrita no Problema 9.85 ocorra entre 0 brometo de metilmagnesio e 0 (R)-2- fenilpropanal para produzir 3-fenil-2-butanol: 1. CHsMgBr ) 2. HsO+ (a) 0 produto e quiral? Ele e opticamente ativo? (b) Quantos estereoisomeros do 3-fenil-2-butanol sao formados, quais as relav6es estereoquimicas entre eles e quais sao as suas quanti- dades relativas? (Veja a Sevao 17.6.) Avalie seu conhecimento sobre os t6picos deste capitulo com quest6es adicionais e problemas de construvao do aprendizado conceituais cli- cando na pagina do livro, no site http://,,rww.thomsonlearning. com.br
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