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Trabalho Direito Penal Ramon correto

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FACULDADE DE DIREITO DA SERRA 
CURSO DE BACHAREL EM DIREITO 
REDE DOCTUM
RAMON SUBTIL DE FARIA MONECHE 
A HISTÓRIA DO DIREITO PENAL NO BRASIL E NO MUNDO
SERRA
2018
RAMON SUBTIL DE FARIA MONECHE
A HISTÓRIA DO DIREITO PENAL NO BRASIL E NO MUNDO
Trabalho Acadêmico, apresentado a disciplina de Direito Penal I do curso de Direito da Rede Doctum campus Serra, como requisito para avaliação.
Orientador: Prof. LucianoFelix
SERRA
2018
RESUMO
Este trabalho apresenta a evolução do Direito penal no mundo, não só nas formas de se estabelecer e positivar o direito, mas também nos princípios que o regem o mesmo. Nota-se que no passado, o Direito Penal era desprovido da humanidade, proporcionalidade entre outros pontos. E também, tem como objetivo mostrar como o Direito Penal se desenvolveu no Brasil
Palavras-chave: Direito Penal, evolução, humanidade.
ABSTRACT 
This paper presentes the evolution of the Criminal Law in the world, not only in the ways of stablishing and positivizing the law, but also in the principles that govern it, it is noted that in the past, Criminal Law was devoid of humanity, proportionality among others points. It also aims to show how criminal law was developed in Brazil.
Keywords: Criminal Law, evolution, humanity.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO
Este trabalho acadêmico, possui como objetivo mostrar como o direito penal foi se transformando ao longo do tempo, de acordo com as necessidades humanas de cada período e lugar e como o caráter humanístico veio se transformando ao longo do histórico da humanidade. No início, o que valia era a lei do mais forte e os métodos de autocomposição, posteriormente, os indivíduos que se preocupavam em discutir, elaborar e desenvolver conhecimentos nos mais variados campos, concluíram que somente este meio para resolver os conflitos entre os seres é ineficaz e, com isso, novos métodos necessitavam serem elaborados.
2. Conceito de Direito Penal
Antes de entrarmos propriamente na temática, é necessário conceituar o direito penal. Fazendo uma análise de forma geral, ele consiste em um amontoado de leis que regem os mais variados tipos de lesões aos bens jurídicos e traz também as sanções impostas a todos, pelo ser, pois há determinadas épocas o poder permaneceu na mão de uma figura central ou o órgão que o detém.
“De acordo com a doutrina, o direito penal ou direito criminal é a parte do ordenamento jurídico que define as infrações penais (crimes e contravenções) e comina as respectivas sanções (penas e medidas de segurança).”
Paulo Queiroz, doutor em direito e membro do MPF
Com tudo, essa análise geral é superficial, não leva em conta todos os detalhes e princípios que regem o direito penal, pois este ramo do direito além de definir os comportamentos considerados como crimes, impõe limites ao órgão que possui o poder de punir, como por exemplo: os direitos fundamentais expressos no artigo quinto da constituição brasileira, os princípios da intervenção mínima, da anterioridade, da legalidade, dentre outros institutos.
“A definição é correta, mas incompleta, visto que, além de definir crimes e cominar penas, o direito criminal estabelece os princípios e regras que regulam a atividade penal do Estado, fixando os fundamentos e os limites ao exercício do poder punitivo, a exemplo dos princípios de legalidade, irretroatividade, humanidade das penas etc."
Paulo Queiroz, doutor em direito e membro do MPF
O conceito apresentado, foi pensado de uma forma geral, em sentido strictu sensu, o direito penal pode ser conceituado como sendo uma parte que compõe o ordenamento jurídico brasileiro, que regula aquilo que será considerado como crime, assim como as sanções que esses tipos de comportamentos dolosos devem ser penalizados, além de limitar o poder que o Estado possui de punir.
“E num sentido estrito, é a parte do ordenamento jurídico que define as infrações penais e comina as sanções, bem como institui os fundamentos e as garantias que regulam o poder punitivo estatal.”
Paulo Queiroz, doutor em direito e membro do MPF
3. História do Direito Penal no Mundo
As relações humanas sempre foram marcadas por conflitos, em tempos mais remotos, conceitos, princípios e fundamentos não existiam, eles começaram a serem pensados nesse período, mas foram sendo aperfeiçoados conforme a humanidade crescia e se desenvolvia e novas necessidades no meio social começaram a surgir. Vale ressaltar os métodos de resolução de conflitos na antiguidade, os quais eram resolvidos na lei do mais forte ou também denominado de autotutela. Nesse instituto, não existia nenhuma proporcionalidade e humanidade. Contudo, foi com o código de Hamurabi com a famosa Lei de Talião, que apesar de ser bem violenta, introduziu uma novidade na história, foi a primeira lei escrita e com proporcionalidade, fazendo jus a famosa frase: “olho por olho, dente por dente”, que garantia o mesmo revide no mesmo nível da injustiça praticada.
“Quando ocorria um crime a reação a ele era imediata por parte da própria vítima, por seus familiares ou por sua tribo. Comumente esta reação era superior à agressão, não havia qualquer ideia de proporcionalidade.”
Ana Clélia Couto Horta
“Historicamente, o meio mais primitivo de solução de controvérsias é a autotutela, na qual os indivíduos realizavam sua própria justiça, impondo-a mediante a força.”
Teoria Geral do Processo FGV Direito Rio
“Com o passar do tempo à própria Lei de Talião evoluiu, surgindo a possibilidade do agressor satisfazer a ofensa mediante indenização em moeda ou espécie (gado, vestes e etc.) Era a chamada Composição (compositio).”
Ana Clélia Couto Horta
3.1 Vingança Privada
Este período do direito penal, estudiosos da área o denominam de Vingança Privada, pois foi um período marcado por rixas entre tribos e famílias culminando em extinção de algumas dessas, fora a forma em que se cumpria a lei, ao qual a penalização dava-se no corpo do indivíduo, desmembrando partes do mesmo por exemplo.
“Os estudiosos subdividem a história do direito penal em algumas fases, fases estas que não se sucederam de forma linear ou totalmente rígida (os princípios e características de um período penetravam em outro)”
Ana Clélia Couto Horta
“Foi um período marcado por lutas acirradas entre famílias e tribos, acarretando um enfraquecimento e até a extinção das mesmas.”
Ana Clélia Couto Horta
3.2 Vingança Divina
Nesta parte, será abordado o período denominado de vingança divina. Esta fase é marcada pela junção das leis com a religião, aqui se faz presente o estado teocrático, portanto para o pleno funcionamento do país é necessário a submissão da nação as normas religiosas vigentes, cabe citar o antigo Egito e a Índia, com o código de Manu. 
“As Leis de Manu são tidas como a primeira organização geral da sociedade sob a forte motivação religiosa e política.”
“Possuindo uma população de aproximadamente 1,1 bilhão de habitantes sendo que 75% da população são seguidores da religião Hindu, considerada a principal religião da Índia, que interfere diretamente na estruturação social (...)”
Naiara Lauriene, Souza Costa Gilman Horta Ribeiro, Deilton Ribeiro Brasil
Artigo: Código de Manu: principais aspectos
Como a religião estava atrelada com todo o código que regia o Estado, os crimes eram vistos como pecados que afetavam os deuses de formas variadas e as penas serviam como castigos com o objetivo de purificar a alma. 
O código de Manu possui algumas diferenças dos demais, a qual é necessário elucida-las, ele é um dos livros sagrados da Índia e se divide em regras morais, religiosas e civis, o que o torna de fato um código e não uma coletânea de normas tratando de variados temas.
“Dos livros sagrados da Índia, o mais importante entre eles é o Código de Manu que se divide em Religião, Moral e Leis civis.”
“Lembramos queo Código de Hammurabi é mais antigo que o de Manu em pelo menos 1000 a. Porém, não é um verdadeiro código no sentido técnico da palavra, mas uma coletânea de normas que o abrange vários assuntos e preceitos.”
Naiara Lauriene, Souza Costa Gilman Horta Ribeiro, Deilton Ribeiro Brasil
Artigo: Código de Manu: principais aspectos
3.3 Vingança Pública 
Abordando agora outra fase da divisão do direito penal, também denominada de vingança pública, nela mortes violentas como: na fogueira, esquartejamento dentre outros métodos cruéis, eram extremamente recorrentes e possuíam como objetivo preservar a segurança do rei, além de impor medo na sociedade para, assim, reduzir ou erradicar criminalidades, vale lembrar que nesse período o Estado ganha extrema força, principalmente com a figura do rei escolhido por deus. Percebe-se que a religião ainda é forte e possui presença marcante no âmbito político e principalmente social.
“Períodomarcado pelas penas cruéis (morte na fogueira, roda, esquartejamento, sepultamento em vida) para se alcançar o objetivo maior que era a segurança do monarca”
Ana Clélia Couto Horta
3.4 Os Romanos e o Direito Penal
Finalizando essas fases de vinganças, há uma evolução na forma de se pensar e construir o direito, principalmente o penal. Essas mudanças foram marcantes no período em que Roma era o centro do mundo e eles começaram pela separação da religião e do direito, pela divisão de alguns crimes, aqueles que eram de interesse público (crimina pública), de interesse privado (delicta privativa) e os que variavam entre as duas características (crimina extraordinária), além dessas mudanças, o direito romano reduzia a intensidade da pena de morte e privilegiava o exílio como sanção eficaz. Outra grande contribuição dos romanos foi o desenvolvimento de princípios que regem o direito penal até hoje, são eles: o erro, a culpa, o dolo, agravantes, legítima defesa e entre outros.
“Contribuiu o direito Romano decisivamente para a evolução do direito penal com a criação de princípios penais sobre o erro, o dolo (...)”
Julio Fabbrini Mirabete-Manual de Direito Penal
“Em Roma, evoluindo-se das fases de vingança, por meio do talião, e da composição, bem como da vingança divina na época da realeza, direito e religião separam-se. Dividem-se os delitos em crimina pública (segurança da cidade, parricidium), ou crimes majestatis, e delicta privativa (infrações consideradas menos graves, reprimidas por particulares). Seguiu-se a eles a criação dos crimina extraordinária (entre as duas categorias). Finalmente, a pena torna-se, em regra, pública. As sanções são mitigadas, e é praticamente abolida a pena de morte, subustituida pelo exilio e pela deportação (interdictio acquae et igni)”
Julio Fabbrini Mirabete-Manual de Direito Penal
3.5 Direito Penal Germânico
Deixando a esfera Romana e analisando o direito penal germânico, ou seja, o direito penal dos bárbaros, cuja denominação desse nome parte dos romanos, pois esses povos eram estrangeiros e não falavam o latim, observa-se que o direito desses povos não eram escritos, mas formados pelos costumes e a autocomposição como meio para solucionar os conflitos ainda era bem praticada, só com a conquista desses povos por Roma, que foi imposto a lei de talião, outro ponto que vale a pena destacar é a presença de rituais nos processos criminais, o qual era denominado de “ordálias” ou “juízos de Deus”, que consistia em práticas que colocavam o indivíduo considero infrator a algum tipo de prova (água fervente), para assim demonstrar que o mesmo era inocente. A inocência era comprovada por meio de um milagre divino, intercedendo na situação e fazendo com que o individuo posto a prova não sofresse nenhum dano, vale destacar também, a ausência de princípios penais diferentemente do direito penal romano. 
“O Direito Penal germânico primitivo não era composto de leis escritas, mas constituído apenas pelos costumes. Ditado por características acentuadamente de vingança privada, estava ele sujeito à reação indiscriminada e à composição. Só muito mais tarde foi aplicado o talião por influencia do Direito Romano e do cristianismo. 
“(...) No processo, vigoravam as “ordálias” ou “juízos de Deus” (...)”
Julio Fabbrini Mirabete-Manual de Direito Penal
3.6 Direito Penal Canônico 
Segundo Fabbrini (2003), na intercessão entre o direito penal romano, germânico e o moderno, surge o direito penal canônico, que consiste em uma influência direta da igreja nas leis penais, o direito penal romano inclusive, foi adaptado para esta nova adequação. É importante ressaltar as grandes modificações que o direito penal canônico trouxe para a história da humanidade e do direito penal, são elas: humanização do direito penal, igualdade entre os homens e destacou o caráter subjetivo do crime, tentou banir as ordálias e os duelos judiciários e trouxe também algo jamais visto nas leis penais dos períodos citados anteriormente, a regeneração do criminoso através do arrependimento, outro detalhe, o direito penal canônico vai de encontro com a pena de morte, por este motivo, o indivíduo infrator da lei era entregue ao poder civil para a execução.
3.7 Direito Penal Medieval 
Tomando como base as palavras de Fabbrini (2003), o direito penal medieval é influenciado pelos direitos penais romano, germânico e canônico, nesse período, também denominado de era do terror, pois as penas de morte eram executadas corriqueiramente e com métodos mais violentos, que variam desde a fogueira ao soterramento. Estas praticas tinham como objetivo a intimidação para assim defender o Estado e da religião, vale destacar o fato de que as sanções eram desiguais, pois dependiam da condição sociais e politicas do infrator, sendo muito comum a pratica de torturas, mutilações e confiscos.
3.8 Período Humanitário
Com o passar do tempo as leis penais foram sofrendo diversas modificações, algumas positivas, outras não, contudo cada transformação ocorrida nesse cenário auxiliou de alguma forma para, assim, chegarmos no direito penal atual. Durante o iluminismo, um movimento filosófico, sociológico e liberal, trouxe o que ficou conhecido como período humanitário, o que contribuiu para a evolução das ideias penais. Foi nessa época que o ser moderno toma consciência de que o problema penal é filosófico e jurídico, vale destacar o Marquês de Beccaria, Cesar Bonesana (nascido em Florença, em 1738), ele escreveu um livro, cujo nome é Dei delitti e dele pene (Dos delitos e das penas), o qual revela como o sistema penal vigente na época, mais precisamente em 1764, era extremamente perverso e desumano, assim, ele mostrou como se fazia necessária uma reforma nas leis penais.
“Beccaria, inspirado na concepção do Contrato Social de Roseau, propõe novo fundamento à justiça penal: um fim utilitário e político que deve, porém, ser sempre limitado pela lei moral”
Julio Fabbrini Mirabete-Manual de Direito Penal 2003 (pg38)
Vale lembrar que Beccaria desenvolveu alguns princípios penais, os quais foram adotados pela Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, da Revolução Francesa, são eles:
“1- Os cidadãos, por viverem em sociedade, cedem apenas uma parcela de suas liberdades e direitos. Por essa razão, não se podem aplicar penas que atinjam direitos não cedidos, como acontece nos casos da pena de morte e das sanções cruéis.
2- Só as leis podem fixar as penas, não se permitindo ao juiz interpreta-las ou aplicar sanções arbitrariamente.
3- As leis devem ser conhecidas pelo povo, redigidas com clareza para que possam ser compreendidas e obedecidas por todos os cidadãos.
4- A prisão preventiva somente se justifica diante de prova da existência do crime e de sua autoria.
5- Devem ser admitidas em juízo todas as provas, inclusive a palavra dos condenados (mortos civis).
6- Não se justificam as penas de confisco, que atingem os herdeiros do condenado, e as infantes, que não levam à descoberta da verdade.
7- Não se deve permitir o testemunho secreto, a tortura para o interrogatórioe os juízos de Deus, que não levam à descoberta da verdade.
8- A pena deve ser utilizada como profilaxia social, não só para intimidar o cidadão, mas também para recuperar o delinquente.”
Julio Fabbrini Mirabete- Manual de Direito Penal 2003 (págs. 38 e 39)
3.9 Escola Clássica
Interpretando as palavras de Fabbrini (2003), a partir desse período humanístico, entra-se no que foi denominado de Escola Clássica, a qual reuni todos os doutrinadores que escreveram sobre a temática nessa época. O autor de maior peso nesse tempo foi, Francesco Carrara, o qual definiu diversos conceitos pertinentes ao direito penal, como: delito, bem jurídico, princípio da legalidade, quando que ocorre um crime, o que é um crime, dentre outros pontos.
Para Carrara, o crime é um ato praticado que infringe a lei do Estado, que possui como objetivo a garantia da segurança dos cidadãos, ele afirma também que o ato criminoso é moralmente imputável e politicamente danoso e pode ser “positivo” quando a ação resulta em um fazer ou “negativo” quando refere-se a omissão, ou seja, não fazer aquilo que devia ser feito.
A Escola Clássica utilizava-se do método dedutivo, pois tratava-se de uma ciência jurídica, a pena estava atrelada a proteção dos bens jurídicos e a sanção tinha como finalidade a defesa social, regulava-se pelo dano sofrido e não podia ser arbitrária.
3.10 Escola Positivista 
Avançando na história do direito penal no mundo, o período criminológico e a Escola Positivista surgem e vão de encontro com a Escola Clássica. Neste tempo, mais precisamente o século XIX, as ideias positivistas estão alcançando o auge, marcam presença nos mais variados campos do conhecimento e o direito não poderia ficar de fora.
O médico e professor italiano, Turim César Lombroso, escreveu um livro em 1876, L’uomo Delinquente Studiato in rapporto, all” antropologia, ala medicina legale e alle discipline carcerarie, o qual afirma que o crime é inerente a personalidade humana e não um ente jurídico e o delinquente é analisado e estudado de acordo com a biologia e este estudo foi a base para que se denomina atualmente como criminologia. Segue abaixo as ideias de Lombroso:
“1- O crime é um fenômeno biológico, não um ente jurídico, como afirmava Carrara. Por essa razão, o método que deve ser utilizado em seu estudo é o experimental, e não o lógico-dedutivo dos clássicos.
2- O criminoso é um ser atávico e representa a regressão do homem ao primitivismo. É um selvagem e nasce delinquente como outros nascem sábios ou doentios, fenômeno que, na Biologia, é chamado de degeneração.
3- O criminoso nato apresenta características físicas e morfológicas especificas, como assimetria craniana, fronte fugidia, zigomas salientes, face ampla e larga, cabelos abundantes e barba escassa etc.
4- O criminoso nato é insensível fisicamente, resistente ao traumatismo, canhoto ou ambidestro, moralmente insensível, impulsivo, vaidoso e preguiçoso.
5- A causa de degeneração que conduz ao nascimento do criminoso é a epilepsia (evidente ou larvada), que ataca os centros nervosos, deturpa o desenvolvimento do organismo e produz regressões atávicas.
6- Existe a “loucura moral”, que deixa íntegra a inteligência, suprimindo, porém, o senso moral.
7- O criminoso é, assim, um ser atávico, com fundo epiléptico e semelhante ao louco moral, doente antes que culpado e que deve ser tratado e não punido.”
Julio Fabbrini Mirabete- Manual de Direito Penal 2003 (págs. 40 e 41)
Ainda dentro da Escola Positivista, segundo Fabbrini (2003), a mesma alcança o auge com Henrique Ferri, o criador da sociologia criminal, o qual afirma que existem três faces que causam o delito, são eles: os fatores antropológicos, sociais e físicos e também divide os infratores da lei em 5 tipos: o nato, como defendia Lombroso; o louco, aquele que possui doença mental; o habitual, ou seja, aquele que é resultado, fruto do meio social; o ocasional, o qual não possui caráter bem definido e alterna para a prática de crimes; e o passional, que seria um individuo correto, só que, com temperamento nervoso. Ferri preocupou-se em dividir também as paixões em sociais, ou seja, aqueles valores e sentimentos que devem ser incentivados como: amor, piedade entre outros e as antissociais, sentimentos humanos que devem ser punidos severamente, como: ódio, inveja e entre outros.
Diante do que foi analisado dentro da Escola Positivista, é possível retiras alguns princípios básicos, são eles:
“1- O crime é fenômeno natural e social, sujeito as influências do meio e de múltiplos fatores, exigindo o estudo pelo método experimental.
2- A responsabilidade penal é responsabilidade social, por viver o criminoso em sociedade, e tem por base a sua periculosidade.
3- A pena é medida de defesa social, visando à recuperação do criminoso ou à sua neutralização.
4- O criminoso é sempre, psicologicamente, um anormal, de forma temporária ou permanente.”
Julio Fabbrini Mirabete- Manual de Direito Penal 2003 (pág. 42)
De acordo com as palavras de Fabbrini (2003), saindo da Escola Positivista, surge uma nova escola, denominada de Escolas Mistas, como o próprio nome sugere, essas escolas aproveitaram as ideias clássicas e positivistas, separaram o direito penal das demais disciplinas e isto contribuiu para a evolução do estudo do direito penal, algumas escolas focavam em estudar o crime excluindo o tipo criminal antropológico, ou seja, os estudiosos focavam-se nas causas e não na sua fatalidade e defendiam a tese de que o Estado é responsável pela reforma social, com o objetivo de combater o crime, já outras, preocupavam-se com a parte mais prática do direito penal, como por exemplo, a criação de leis, dentre as escolas que dedicavam-se a está tarefa, cabe citar a Escola Moderna Alemã. 
4. Direito Penal No Brasil
Antes da chegada dos portugueses, tribos indígenas já residiam no território que posteriormente será chamado de Brasil. Nesse período, as ideias de direito penal presentes, ainda eram muito primitivas e estavam relacionadas com o costume, a vingança privada, vingança coletiva e o talião e segundo Henrique Pierangelli, os métodos punitivos dos indígenas influenciaram no nosso instituto penal.
No período colonial brasileiro foram quatro legislações que vigoraram em diferentes períodos de tempo, são elas: as Ordenações Afonsinas (até 1512) e Manuelinas (até 1569), Código de D. Sebastião (até 1603) e as Ordenações Filipinas, o qual possui as características do direito penal medieval, ou seja, o crime era associado ao pecado e as penas eram extremamente desumanas e tinham como objetivo impor medo na sociedade local, através do castigo, para sanar os crimes.
Com a independência e a consolidação da Constituição de 1824, foi necessário uma nova elaboração do direito penal, com isso, em dezesseis de dezembro de mil oitocentos e trinta, foi elaborado o Código Criminal do Império e segundo Fabbrini (2003), possuía um caráter liberal e foi o único instituto penal que vingou no Brasil por ação do Poder legislativo e tinha como características a previsão de atenuantes, agravantes, julgamento especial para menores de quatorze anos e instituía, individualização da pena a pena de morte com o objetivo de sanar crimes cometidos por escravos.
Em onze de setembro de mil oitocentos e noventa ocorreu a proclamação da república e com ela veio um novo instituto penal, agora denominado propriamente de Código Penal, o qual sofreu com muitas críticas, pois apresentava inúmeras falhas representando a velocidade e a falta de comprometimento dos legisladores para elaborarem o Código, como isso, o mesmo foi alterado diversas vezes até que todas as alterações e juntamente com o Código Penal alterado, foram reunidos pelo decreto de número 22.213, de quatorze de dezembro de mil novecentos e trinta e dois.
Na data de primeiro de janeiro de mil novecentos e quarenta e dois, é sancionado o Código Penal (Decreto-lei número 2.848, de 7-12-1940), vale destacar que este Código é a base de nossa legislação penal fundamentale possui como características, postulados ecléticos, ou seja, variam com as ideias das Escolas Clássicas e Positivistas, aproveitando-se do melhor de outras legislações modernas (os códigos italiano e suíço) e possui um caráter liberal.
5.CONCLUSÃO
Diante do que foi analisado e estudado, é possível concluir que o direito penal veio sofrendo inúmeras alterações tanto no que diz respeito a parte prática como na elaboração do mesmo, ou seja, antes prevalecia o costume e regras orais, morais e desproporcionais. Com o passar do tempo e o desenvolvimento da humanidade notou-se que essa forma de montar o direito penal não era viável, fazia-se necessidade de regras escritas, objetivas, além disso foi possível observar também que o direito penal não se resume somente a leis e penas e sanções, mas o mesmo necessita de princípios, os quais também foram sofrendo evoluções, acompanhando as necessidades da sociedade, cabe citar o valor humanístico que hoje entende-se como fundamental.
REFERÊNCIAS
FABBRINI, Julio - Manual de Direito Penal de 2003, São Paulo, 2013
Código de Manu: principais aspectos. Disponível em: 
http://www.fdcl.com.br/revista/site/download/fdcl_athenas_ano3_vol2_2014_artigo6.pdf. Acesso em 07 de abril de 2018
Clélia, Ana C.H. Disponivel em: 
http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=514. Acesso em 07 de abril de 2018
RIO, Direito - Teoria Geral do Processo. Disponível em:
https://direitorio.fgv.br/sites/direitorio.fgv.br/files/u100/teoria_geral_do_processo_2015-2.pdf. Acesso em 07 de abril de 2018

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