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Resumo de biossegurança Aula 1 – Introdução à Biossegurança e Classificação de riscos Biossegurança – ciência que estuda o risco ou probabilidade de determinado dano ocorrer, e as formas de diminuir o risco. * Histórico no Brasil: 1990 – Preocupações vindas do uso da tecnologia do DNA recombinante levaram o Ministério da Saúde a criar um Núcleo de Biossegurança. 1995 – 1ª Lei de Biossegurança no Brasil – estabelecia as regras para o trabalho com DNA recombinante no país, incluindo pesquisa, produção e comercialização de OGM (Organismo geneticamente modificado), de modo a proteger a saúde do homem, animais e meio ambiente. – A palavra biossegurança entrou no vocabulário a partir daí. 2005 – Lei de Biossegurança (Lei 11.105/2005) - Revoga a anterior e revisa as normas de segurança e os mecanismos de fiscalização de atividades que envolvam OGM e seus derivados, reestruturava a CTNBio e criava o Conselho Nacional de Biossegurança (CNBS), que teria por função elaborar a Política Nacional de Biossegurança (PNB). Biossegurança legal – se refere aos aspectos abordados na Lei 11.105/2005 Biossegurança praticada – aborda aspectos não incluídos na lei, não está prevista em legislação, por isso depende do conhecimento e bom senso dos trabalhadores. * Perigo e risco: Risco (lesão possível): potencial de perdas e danos; incertezas de perdas e danos; relevância de perdas e danos. Hierarquia de medidas de controle (segurança ocupacional): - Eliminação (ou substituição) do perigo ou risco – evitar injeção desnecessária. - Soluções de engenharia – dispositivos de segurança. - Sinalização e soluções administrativas – placas com avisos, plano de controle. - Proteção individual – luvas, máscaras, óculos. * Classificação dos tipos de riscos: Biológicos – bactérias, fungos, vírus, protozoários e príons. - Barreiras de contenção: Agentes perigosos > avaliação de risco > categorias de risco 1-4 > medidas de contenção > níveis de biossegurança 1-4. - Agentes perigosos: bactérias, por exemplo. - Avaliação de risco: deve-se considerar a virulência do agente biológico, dose infectante, o dano decorrente da exposição ao agente, o modo de transmissão e via de infecção, estabilidade do agente no ambiente, disponibilidade de tratamento eficaz, concentração do agente e volume do material concentrado a ser manipulado, características do trabalhador, atividade laboratorial na manipulação do agente. - Categoria de risco: classe de risco 1 – agentes biológicos com baixa probabilidade de causar doenças; classe de risco 2 – apresentam risco moderado e baixa probabilidade de disseminação, existem meios eficazes de tratamento; classe de risco 3 – apresenta risco individual elevado e probabilidade de disseminação, nem sempre existem meios eficazes de tratamento; classe de risco 4 – risco individual elevado e probabilidade de disseminação elevada, NÃO existem meios eficazes de tratamento. - Níveis de biossegurança: existem 4 níveis que são determinados pelo tipo de organismo mantido no local, em geral, coincide com a classificação de risco dos agentes biológicos. Físicos (provocados por algum tipo de energia): ruídos, vibrações, calor/frio, umidade, radiação, pressão, campo elétrico. – ver fotos nos slides de exemplos. Ergonômicos (interação homem-máquina): postura inadequada, ritmo excessivo, responsabilidade, problemas inesperados com pacientes, turno prolongado, repetitividade. Postura: altura dos balcões, altura dos equipamentos, cadeiras, prateleiras. Trabalhos com movimento repetitivo: teclado para digitação e pipetas automáticas. Acidentes: vidrarias (lavação), instrumento cortantes (agulhas, ponteiras), utilização de cilindros de gases comprimidos, arranjo físico inadequado, sobrecarga na eletricidade. – ver fotos nos slides de exemplos. Químicos: conhecer os produtos químicos utilizados, ler com atenção os rótulos dos frascos e a FISPQ (Ficha de informações de segurança de produto químico), nunca cheirar nem provar a substância, manter o frasco longe do rosto, utilizar os EPIs indicados, manipular reagentes perigosos dentro da capela. - FISPQ: deve constar nele as informações referente à segurança, saúde e a meio ambiente (informação para descarte correto, medidas de proteção, riscos toxicológicos, etc). - Símbolos de risco químico: - NÃO estocar reagentes químicos em setores onde não são realizadas análises, nem em capelas químicas. - NÃO guardar reagentes inflamáveis em geladeiras comuns, visto que circuitos elétricos dentro da geladeira podem provocar uma explosão. - Evitar comprar grandes quantidades, reagente vencido é resíduo. Aula 2 – Barreiras de contenção Podem ser: primárias (EPI e EPC) ou secundárias (instalações físicas). EPIs (Equipamento de proteção individual): é todo dispositivo de uso individual com objetivo de proteger a saúde e integridade física do trabalhador; portanto, cada profissional é responsável pela conservação do seu. - Lei 6.514 de 1997 diz que toda empresa é obrigada a fornecer aos funcionários os EPIs necessários segundo o trabalho e risco exposto. - Jalecos: não utilizar em locais públicos, lavar o jaleco após trabalho com material contaminado (a instituição tem obrigação legal de higienizar as vestimentas). - Luvas: estéreis (procedimento cirúrgico, procedimento radiológicos, etc.); luvas de procedimento (para tocar em sangue, secreções, excreções, fluídos corporais); luvas de látex (manuseio de produtos químicos); luvas de fibra Zetex ou Kevlar (leves e resistentes a cortes, abrasão e altas temperaturas) Cuidados ao calçar e retirar as luvas – higienizar as mãos e secar bem, verificar se não há furos na luva, coloca-las devagar para evitar rasgos, manter as mangas do jaleco presas na luva. 04 parâmetros que medem eficiência das luvas – bloqueio (capacidade de impedir o contato); permeação (velocidade com que o produto permeia a luva); tempo de resistência (tempo decorrido entre o contato inicial com o lado externo da luva e detecção do produto na parte interna da luva); degradação (mudanças em quaisquer propriedades físicas da luva). - Óculos e escudo de proteção: usados para proteger os olhos e o rosto em todas as atividades que produzem respingos e aerossóis e possíveis projeções de estilhaços pela quebra de materiais contaminados. - Máscara e respiradores: máscaras do tipo cirúrgico não apresentam propriedades de filtração ou vedação adequadas para proteção respiratória; máscara semifacial é recomendada quando a concentração de vapores não ultrapassa 10 vezes o limite de exposição; as máscaras de proteção total são utilizadas em ambientes em que a concentração pode chegar até 50 vezes o limite de exposição. - Toucas, propés e botas de borracha: servem para proteção do couro cabeludo e dos pés. EPCs (Equipamento de proteção coletiva): equipamentos de contenções que possibilitam a proteção do trabalhador e do meio ambiente em um determinado local. Exemplos: anteparo para microscópio de fluorescência, dispensador automático, etc. - Capela química: não há proteção do ambiente ou da amostra, somente do indivíduo. - Capela de fluxo laminar: protegem o produto que está sendo manipulado; podem ser de fluxo horizontal ou vertical, porém não há recirculação do ar, ou seja, todo ar que entra passa por um filtro absoluto e pelo produto e sai do equipamento. - Cabine de Segurança biológica (CSB): equipamentos com sistema de filtração de ar de alta eficiência que protegem o profissional, o material manipulado e o ambiente laboratorial; se dividem em três classes: classe I – proteção somente a quem opera e ao ambiente, o produto fica exposto a contaminação do ar do laboratório; classe II – proteção do produto, do operador e do ambiente devido a presença do filtro HEPA e um filtro HEPA de insuflamento; classe III – barreira total, o operador não tem contato direto com o produto. Como usar uma CSB: fechar portas do laboratório, evitar circulação de pessoasdurante o uso, ligar cabine e luz UV 10 a 15 minutos antes de usar, descontaminar superfície interior com álcool etílico, lavar as mãos e antebraços e passar álcool etílico nos mesmos, limpar todos os objetos antes de introduzi-los na cabine, usar os EPIs adequados, fazer mínimos movimentos dentro da cabine, não fazer uso da cabine enquanto centrifugas, misturadores e outros equipamentos estiverem sendo utilizados, limpar a cabine ao término com álcool etílico e deixar a cabine ligada de 10 a 15 minutos antes de desliga-la. Ensaios mínimos exigidos: • Ensaio de integridade P.A.O. – verifica a integridade do equipamento e do filtro HEPA; é o único teste que realmente desafia o equipamento. • Ensaio do Nível de Ruído – verifica o nível de ruído do equipamento, este deve ser igual ou inferior a 67 DBa, desde que o nível de ruído do ambiente seja menor que 55 Dba. • Ensaio de Luminosidade – verifica a intensidade de luz da área de trabalho, que deverá ser de no mínimo 800 lux/m². • Ensaio da contagem de Partículas – verifica o número de partículas em suspensão e classifica a área de trabalho. Deve ser inferior a 3.520 partículas de 0,5 mícrons por m³ de ar. • Ensaio da Velocidade do Fluxo de Ar – verifica a velocidade e uniformidade do fluxo de ar pela área de trabalho. A velocidade média deve ser de 0,45 m/s com tolerância de +/- 10%. • Ensaio do Índice de Saturação do(s) Filtro(s) Absoluto(s) – Verifica a perda de pressão dos filtros HEPA instalados. É um dos critérios para determinar a necessidade de troca do filtro HEPA. Barreiras de contenção secundária: instalações físicas (espaço e circulação devem conter corredores e portas largas; iluminação deve ser adequada ao ambiente para evitar acidentes; paredes, tetos e piso devem ser fáceis de limpar, resistentes a produtos químicos e lisos; saídas de emergência). Aula 3 – Limpeza, desinfecção e esterilização: Introdução da cirurgia asséptica: Ignatz Semmelwies introduz a higienização hospitalar (lavagem de mãos e material cirúrgico); Joseph Lister (lavagem de feridas com fenol e operações sob aerossóis de fenol). O esporo é uma camada que protege a bactéria e é responsável pela resistência e ao ataque dos agentes físicos e químicos da esterilização e desinfecção. DESCONTAMINAÇÃO: ação preventiva de biossegurança; utilização de processos que removam total ou parcialmente os microrganismos, os quais podem ser: limpeza, desinfecção e esterilização. - Limpeza: é a remoção ou retirada de sujeira através de fricção de uma superfície com água e sabão ou detergente; sendo indispensável a utilização de equipamentos de proteção como óculos, máscara, luvas de borracha, etc., devido a exposição a substancias contaminadas. Limpeza concorrente: realizada diariamente e logo após exposição a sujidade; Limpeza terminal: limpeza geral realizada semanal, quinzenal ou mensalmente. NÃO são permitidas a varredura e espanação em ambientes laboratoriais, para evitar a distribuição de poeira e microrganismos no ar. - Esterilização: processo utilizado para completa destruição de microrganismos, com finalidade de prevenir infecções e contaminações; não existe ‘’parcialmente estéril’’. - Desinfecção: processo que destrói microrganismos, com exceção de esporos por meios físicos ou químicos. Existem três níveis de desinfecção: alto nível (destrói todos os microrganismos com exceção de esporos; indicado para área hospitalar); médio nível (elimina a maioria das bactérias, vírus e fungos; indicado para asilos, creches, etc.); baixo nível (elimina a maioria das bactérias, alguns vírus e fungos; indicado para nutrição). Classificação dos artigos segundo o risco de contaminação: - Artigos críticos: esterilização (instrumentos expostos a áreas estéreis do corpo). - Artigos semicríticos: desinfecção de alto nível (instrumentos que tocam mucosas). - Artigos não críticos: desinfecção de nível médio/baixo ou apenas limpeza (instrumento exposto à pele intacta). Métodos de esterilização e desinfecção: - Métodos físicos: calor (úmido, seco); filtração; radiação (ionizante, não-ionizante). - Métodos químicos: são indicados para materiais termossensíveis, porém tem alto custo e são serviços terceirizados geralmente; composto fenólicos, álcoois, óxido de etileno, halogéneos, etc. Antissepsia: é o conjunto de medidas propostas para inibir o crescimento de microrganismos ou removê-los de tecidos. Assepsia: é o conjunto de medidas para impedir a penetração de microrganismos num ambiente que logicamente não os tem, logo um ambiente asséptico é aquele que está livre de infecção. Aula 4 – Gestão de resíduos no laboratório Lixo: restos das atividades humanas, considerados como inúteis, indesejáveis ou descartáveis; ou ainda aqueles gerados pela natureza: folhas, galhos, terra, que são retirados das ruas por varrição. Resíduos: conjunto de produtos não aproveitados das atividades humanas e enviados para locais de destinação ou tratamento. Podem apresentar perigo e riscos ao indivíduo e meio ambiente. Classificação dos resíduos: - Grupo A: potencialmente infectantes. - Grupo B: resíduos químicos. - Grupo C: rejeitos radioativos. - Grupo D: resíduos comuns. - Grupo E: perfurocortantes. Resíduos grupo A: A1: cultura e estoques de microrganismos; bolsas transfusionais, sobras de amostras de laboratório contendo sangue, etc. A2: resíduos provenientes de animais de experimentação contaminados com microrganismos, etc. A3: peças anatômicas, etc. A4: sobras de amostras de laboratório e seus recipientes contendo fezes, urina, filtros de ar aspirados de ambiente contaminado, etc. A5: órgãos e líquidos corpóreos suspeito de contaminação por príons, etc. Resíduos grupo B: resíduos de reagentes para laboratório, inclusive os recipientes contaminados por estes, etc.; quando misturados, devem ser avaliados pelo maior risco ou conforme as instruções contidas na FISPQ; as soluções que forem descartadas na pia devem sempre serem acompanhadas de MUITA água. Resíduos grupo C: provenientes de laboratórios, serviços de medicina nuclear e radioterapia; materiais resultantes de atividades humanas que contenham radionuclídeos; Segregação: o tipo de material (sólido ou líquido); a meia-vida física dos radionuclídeos (tempo necessário para atividade de um elemento radioativo ser reduzida à metade da atividade inicial). Acondicionamento: seringas, agulha, escalpes – caixas de perfurocortantes; luvas, algodão, copos – sacos plásticos; fator diferencial: revestimento de chumbo. Identificação: etiqueta – após lacrar a caixa/sacos plásticos, fazer identificação em duplicata (uma vai pro livro de registro e outra no material). Armazenamento: contêineres revestidos de chumbo; registro de controle. Destinação final: após decaimento: retirada de etiqueta radioativo; coleta externa. Disposição final: de acordo com as características do resíduo original (infectante, químico). Resíduos grupo D: são equiparados ao resíduo domiciliar pois não apresentam risco biológico, químico ou radiológico à saúde ou ao meio ambiente; Lixo azul – papéis; amarelo – metais; verde – vidros; vermelho – plásticos; marrom – resíduos orgânicos. Armazenamento externo: piso deve ser revestido de material liso, impermeável e lavável, local deve ser com aberturas para ventilação e tela de proteção contra insetos. Resíduos grupo E: devem ser descartados separadamente, no local de sua geração e imediatamente após o uso ou necessidade de descarte, em recipientes que sejam rígidos, resistentes a ruptura e vazamento; é proibido o esvaziamento dos recipientes para seu reaproveitamento. - As agulhas descartáveis devem ser desprezadas juntamente com as seringas, quando descartáveis, sendo proibido reencapá-las ou proceder a sua retirada manualmente. Plano de gerenciamento de resíduos de serviços da saúde (PGRSS): documento que descreve as ações relativas ao manipulo dos resíduos sólidos, observadas suascaracterísticas, no âmbito dos estabelecimentos, contemplando os aspectos referente a geração, coleta, armazenamento, transporte, tratamento bem como a proteção à saúde pública; se aplica à: hospitais e clínicas, laboratório de análises clínicas e anatomia patológica, serviços de tatuagem, acupuntura, farmácias, serviços veterinários, etc. Aterramento (vala séptica): uma das formas mais corretas de destino final para os resíduos do grupo A; vantagens: custo reduzido, alta demanda. A avaliação por indicadores deve ser realizada levando-se em conta, no mínimo, os seguintes indicadores: • Taxa de acidentes com resíduo perfurocortante • Variação da geração de resíduos • Variação da proporção de resíduos do Grupo A • Variação da proporção de resíduos do Grupo B • Variação da proporção de resíduos do Grupo D • Variação da proporção de resíduos do Grupo E • Variação do percentual de reciclagem Indicadores: quantidade total de resíduo; número de sacos gerados; quantidade de resíduo por colaborador; quantidade e porcentagem de resíduo por tipo; porcentagem de destinação final; porcentagem recicláveis por tipo; porcentagem de colaboradores treinados; horas de treinamento por colaborador.
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