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CAPÍTULO XIV - PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

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CAPÍTULO XIV
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
Preâmbulo
A orientação geral colocada no preâmbulo constitui a matriz e o parâmetro para as definições jurídicas que se vierem a lançar no texto constitucional. Deve ele ser objetivo, claro e afinado. (2)
Há uma acalorada discussão para saber qual a natureza dos preâmbulos constitucionais. Terão natureza jurídica? Exercerão função jurisdicional? Essa discussão não é descabida porque a Constituição de 1988, bem como todas as que lhe antecederam, foram precedidas de preâmbulo. (3)
Para o intérprete, o preâmbulo servirá sempre como matriz interpretativa quanto ao efetivo sentido de determinada norma, ou conjunto delas; o intérprete há de se encontrar nele mais do que um símbolo, um significado esclarecedor. (2)
O preâmbulo constitucional tem uma natureza jurídica definida, ou seja, faz parte da Constituição, com força normativa, tendo ainda a função de servir à interpretação das normas constitucionais restantes. A conclusão mencionada se deve à tese defendida por Pontes de Miranda de que na Constituição não existem palavras inúteis. O preâmbulo concebe as diretrizes filosóficas e ideológicas que serão confirmadas ao longo da Lei Maior. (3)
Para Kelsen, o preâmbulo em geral não estipula quaisquer normas definidas para a conduta humana e, assim, carece de conteúdo juridicamente relevante. Ele tem antes um caráter ideológico do que jurídico. Normalmente, se ele fosse suprimido, o teor real da Constituição não seria modificado nem um pouco. O preâmbulo serve para dar maior dignidade à Constituição e, desse modo, maior eficácia. (3)
	CONSTITUIÇÃO FEDERAL
	Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.
Princípios Constitucionais
Podemos resumir, com base em Gomes Canotilho, que os princípios constitucionais são basicamente duas categorias:
princípios político-constitucionais: constituem-se daquelas decisões políticas fundamentais concretizadas em normas conformadoras do sistema constitucional positivo. Manifestam-se como princípios constitucionais fundamentais, positivados em normas-princípio que traduzem as opções políticas fundamentais conformadoras da Constituição. São esses princípios fundamentais que constituem a matéria dos arts. 1º a 4º do Título I da Constituição.
princípios jurídico-constitucionais: são princípios constitucionais gerais informadores da ordem jurídica nacional. Decorrem de certas normas constitucionais e, não raro, constituem desdobramentos (ou princípios derivados) dos fundamentais, como o princípio da supremacia da Constituição e o conseqüente princípio da constitucionalidade, o princípio da legalidade, o princípio da isonomia, o princípio da autonomia individual etc. (1)
Princípios Fundamentais
São os princípios mais importantes do ordenamento jurídico porque formam a base da Constituição. Os princípios fundamentais são os núcleos jurídicos que serão desenvolvidos pelas demais normas ao longo da Constituição. (3)
Para Gomes Canotilho, constituem-se dos princípios definidores da forma de Estado, dos princípios definidores da estrutura do Estado, dos princípios estruturantes do regime político e dos princípios caracterizadores da forma de governo e da organização política geral. (1)
Trata-se de princípios que norteiam não apenas a organização político-administrativa, mas todos os demais assuntos versados na Constituição. Eles ordenam a própria estrutura do sistema jurídico. Costuma-se chama-los de princípios sensíveis da nossa organização social e política. São eles que condicionam as normas constitucionais decorrentes. (2)
Função dos Princípios Fundamentais
A função ordenadora dos princípios fundamentais, bem como sua ação imediata, enquanto diretamente aplicáveis ou diretamente capazes de conformarem as relações político-constitucionais, aditando, ainda, que a ação imediata dos princípios consiste, em primeiro lugar, em funcionarem como critério de interpretação e de integração, pois são eles que dão coerência geral ao sistema. (1)
Fundamentos e Objetivos Fundamentais
Objetivos fundamentais (art. 3º) diferem dos fundamentos (art. 1º). Estes representam elementos que já fazem parte da estrutura jurídica e aqueles demonstram objetivos que o Estado tentará, paulatinamente, ao longo do tempo, concretizar. Os primeiros são normas constitucionais de eficácia plena, os segundos de eficácia limitada. (3)
Princípio da Soberania Popular
Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição (CF/88, art. 1º, parágrafo único)
A primeira parte desse dispositivo é tradicional: a fonte da representação política reside no povo. O regime representativo é baseada nos partidos políticos, segundo o liberalismo democrático vem afirmando há dois séculos. (2)
A segunda parte, todavia, constitui inovação em nosso sistema constitucional: acolhem-se princípios da democracia direta. A tese veio a ser aprovada pelos constituintes após demorado debate e depois de longas conversações, chegando-se, finalmente, ao consenso que resultou na redação dada ao parágrafo único do art. 1º. Trata-se, em realidade, de um progresso significativo em nosso sistema representativo e participativo, pois facultará a integração maior da sociedade civil no poder. (2)
	CONSTITUIÇÃO FEDERAL
	Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante: 
I - plebiscito;
II - referendo;
III - iniciativa popular.
Princípios Constitucionais Internacionais
Os princípios constitucionais internacionais disciplinam a relação entre o Brasil e os demais países (art. 4º). Para sua aplicação, é necessário o intercâmbio entre Estados soberanos. Os princípios internacionais são vetores que devem direcionar a política externa brasileira e embasar a sua conduta. (3)
	REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
	José Afonso da Silva
Nélson Oscar de Souza
Walber de Moura Agra

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