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Constituição Conceito, constitucionalização simbólica, classificações, elementos históricos 1. Conceito de constituição Existem várias concepções, para definir uma constituição. a) SENTIDO SOCIOLÓGICO: Ferdinand Lassale – a Constituição só se torna legítima quando representa o efetivo poder social, refletindo as forças sociais que constituem o poder. Na sua ausência, a mesma seria ilegítima, sendo apenas uma simples “folha de papel”. nesse sentido, a constituição, segundo Lassale seria um somatório dos fatores reais do poder, dentro de uma sociedade. b) SENTIDO POLÍTICO: Carl Schmitt – distinção de Constituição x lei constitucional, onde a constituição seria a decisão política fundamental e as leis constitucionais seriam os dispositivos de lei, inseridos dentro da constituição, mas que não tratam de matérias de decisão fundamental. c) SENTIDO MATERIAL E FORMAL: do ponto de vista material, o que importa para uma norma ter caráter constitucional é seu conteúdo e não a forma pela qual ela foi inserida no ordenamento jurídico. Do ponto de vista formal, o conteúdo da norma não importa, e sim, a forma como ela foi introduzida no ordenamento. O sistema brasileiro de 1988 é formal. Tendo em vista a incorporação dos Tratados Internacionais de Direitos Humanos, com força de emenda constitucional, pode-se definir o sistema como misto! Art. 5°, § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. d) SENTIDO JURÍDICO: Hans Kelsen – entende que a Constituição está no plano do dever ser e não do ser, sendo, portanto, fruto da vontade racional do homem e não provindo de leis da natureza. PLANO LÓGICO – JURÍDICO PLANO JURÍDICO-POSITIVO . Norma fundamental hipotérica . Plano do suposto . Fundamento lógico transcendental da validade da Constituição jurídico- positiva . Norma posta, positivada . Norma positivada suprema e) SENTIDO CULTURALISTA: Meireles Teixeira - a Constituição é um produto cultural, produzido pela sociedade e que sobre ela exerce influência. Essa concepção retrata um conceito de Constituição Total, uma visão suprema e sintética, com aspectos econômicos, sociológicos, jurídicos e filosóficos a fim de abranger o seu conceito em uma perspectiva unitária. f) CONSTITUIÇÃO ABERTA: uma constituição aberta, permanecendo no seu tempo, evitando assim, o desmoronamento da sua força normativa. Virgílio Afonso da Silva propôs uma análise do papel que teria a Constituição, qual seria sua função, no ordenamento jurídico e qual a relação com a atividade legislativa ordinária, analisando quais as capacidades do legislador, dos cidadãos e da autonomia privada. são quatro, as propostas: • Constituição-lei: em muito pouco, difere da legislação ordinária. A constituição não estaria acima do poder legislativo, mas acima dele, sendo uma lei como qualquer outra. • Constituição-fundamento (Constituição total): a onipresença da Constituição é tamanha, que a área reservada ao legislador, ao cidadão e à autonomia privada fica muito pequeno. Passam a ser instrumentos da realização da Constituição. • Constituiçã0 -moldura (ou quadro): forma intermediária, entre os dois modelos apresentados anteriormente, evitando-se a politização excessiva da Constituição-lei (onde o legislador tudo decidiria) ou à judicialização excessiva da Constituição-total (onde o judiciário deveria decidir onde houve ou não, algum tipo de abuso). • Constituição dúctil (constituição maleável): Zagremelsky – para exprimir a necessidade de a Constituição acompanhar a perda do centro ordenador do estado e refletir o pluralismo social, político e econômico. Nesse sentido, cabe a uma Constituição a tarefa de assegurar as condições que possibilitem uma vida em comum. 2. Constitucionalização simbólica Marcelo Neves - divergência entre a previsão constitucional e a insuficiência de concretização jurídica dos diplomas constitucionais. Existem 3 formas de manifestação da constitucionalização simbólica: • Confirmar valores sociais • Demonstrar a capacidade de ação do Estado • Adiar a solução de conflitos sociais por meio de compromissos dilatórios Compreendendo-se o problema, diante das expectativas colocadas, as normas não podem servir apenas como retórica política ou álibi dos governantes. O judiciário tem a importante missão de implementar a efetividade das normas constitucionais. 3. Classificação (tipologia) da Constituição Existem vários critérios de classificação para a constituição, são eles: a) QUANTO À ORIGEM: • Outorgadas: são as constituições impostas, de maneira unilateral, pelo agente revolucionário – Cartas Constitucionais. • Promulgadas: são as constituições democráticas, votadas, populares. Frutos de Assembleia Nacional Constituinte. Eleita diretamente pelo povo. • Cesaristas: quando um imperador ou ditador recebe, pela vontade popular, uma “carta branca”, ou seja, a constituição não é totalmente democrática, tão pouco, totalmente imposta. EX: plebiscitos napoleônicos ou os de Pinochet, no Chile. • Pactuadas: segundo Bonavides, seriam as constituições que exprimem um compromisso de duas forças políticas rivais. A Constituição brasileira de 1988 foi promulgada! Outorgadas, promulgadas, cesaristas ou pactuadas b) QUANTO À FORMA • Escrita: a Constituição teria um conjunto de regras sistematizadas e organizadas num único documento. • Costumeira: seria aquela Constituição onde não há regras reunidas num único texto solene e codificado e, sim, textos esparsos (avulsos), reconhecido pela sociedade como fundamentais, baseado em usos, costumes, jurisprudências, convenções. Porém, nos países onde se adotam esses tipos de constituições, também podem existir textos escritos. EX: Constituição da Inglaterra. c) QUANTO À EXTENSÃO: • Sintética: são as enxutas, que veiculam apenas os princípios fundamentais e estruturais do Estado. • Analíticas: são aquelas que abordam assuntos que os representantes do povo acreditam ser fundamentais. Em regra, apresentam normas que deveriam estar em leis infraconstitucionais. Escritas (instrumentais) ou costumeiras (não escritas ou consuetudinárias) A Constituição brasileira de 1988 tem sido definida como escrita! Porém, a partir da EC n° 45/2004 (Reforma do Judiciário), é possível que se encontre textos com normas de caráter constitucional, como é o caso dos tratados e convenções internacionais de direitos humanos, incorporados ao texto constitucional com o quórum das emendas constitucionais. Art. 5°, § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. Sintéticas (básicas, sumárias) ou analíticas (extensas, prolixas, longas) A Constituição brasileira de 1988 é analítica! d) QUANTO À ELABORAÇÃO • Dogmáticas: sempre escritas, trazem os dogmas constitucionais e fundamentais do Estado. • Históricas: formadas por um lento e contínuo processo de formação, reunindo fatos históricos e tradições do povo. São semelhantes às constituições costumeiras. EX: Constituição Inglesa. e) QUANTO À ALTERABILIDADE • Rígidas: são aquelas Constituições que exigem, para sua alteração, um processo legislativo mais formal, solene e dificultoso, do que aqueles utilizados para alteração de leis não constitucionais. • Flexíveis: seriam as Constituições que não possuem um processo legislativo de alteração mais dificultoso que aquele utilizado para a alteraçãode normas infraconstitucionais. • Semiflexíveis ou semirrígidas: seriam aquelas que são tanto rígidas quanto flexíveis, ou seja, algumas matérias exigem um processo mais dificultoso do que o exigido, para a alteração das leis infraconstitucionais, enquanto que outras normas não exigem essa formalidade. • Fixas: ou silenciosas. São aquelas que só podem ser alteradas por um poder de hierarquia igual ao daquele que as criou, ou seja, são aquelas que possuem valor histórico. Dogmáticas (sistemáticas) ou históricas A Constituição brasileira de 1988 é dogmática! Rígidas, flexíveis, semirrígidas, fixas (silenciosas), imutáveis, (permanentes) • Imutáveis: permanentes, graníticas, intocáveis. São as constituições inalteráveis, verdadeiras relíquias históricas. f) QUANTO À SISTEMÁTICA: • Reduzidas: são aquelas que materializam em um só código básico e sistemático. EX: Constituição brasileira. • Variadas: são aquelas que se distribuem em vários textos e documentos esparsados, formando-se de várias leis infraconstitucionais. EX: constituição belga de 1830 e constituição francesa de 1875. Bonavides distingue ainda, as Constituições codificadas das legais. A Constituição brasileira de 1988 é rígida! Reduzidas (unitárias) e variadas A Constituição brasileira de 1988 é reduzida e codificada ou unitária! Atenção!!! . BLOCO DE CONSTITUCIONALIDADE: critério que se aproxima de uma Constituição esparsa. a) Art. 5°, §3°: constitucionalização dos tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos, incorporados com o quórum para aprovação de Emendas Constitucionais. b) Decreto Legislativo n. 186/2008: Convenção sobre os direitos das pessoas com deficiência e de seu protocolo facultativo (Nova York). Promulgado no Brasil em 25/08/2009 >> Decreto n. 6.949 (status de norma infraconstitucional) c) Decreto Legislativo n. 261/2015: Tratado de Marraqueche >> Acesso às Obras publicadas às Pessoas Cegas, com deficiência visual ou com dificuldades para ter acesso ao texto impresso, concluído o âmbito da Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI). d) EC n° 91/2016: não introduziu qualquer artigo, alterou a regra sobre a perda do mandato eletivo por infidelidade partidária, estabelecendo a possibilidade de desfiliação, sem prejuízo do mandato, excepcionalmente e em período determinado. g) QUANTO À DOGMÁTICA • Ortodoxa: aquela formada por uma só ideologia. EX: Soviética (1977), Constituição da China marxista. • Eclética: formada por ideologias conciliatórias. EX: Constituição da Índia (1949) h) QUANTO À CORRESPONDÊNCIA COM A REALIDADE (critério ontológico - essência) Esse critério busca identificar a correspondência entre a realidade política do Estado e o texto constitucional. • Normativas: aquelas em que o processo de poder está de tal forma disciplinado, que as relações políticas e os agentes de poder se subordinam às determinações do seu conteúdo e do seu controle procedimental. • Nominalistas: disposições de limitação e controle de dominação política, e sem repercussão na sistemática de processo real de poder, e com insuficiente concretização constitucional. • Semânticas: simples reflexos da realidade política, servindo como mero instrumento dos donos do poder e das elites políticas, sem limitação do seu conteúdo. Nesse sentido, da normativa à semântica, percebe-se uma gradação de democracia e Estado Democrático de Direito para o autoritarismo. Ortodoxa ou eclética A Constituição brasileira de 1988 é eclética! Normativas, nominalistas e semânticas A Constituição brasileira de 1988 “pretende” ser normativa. i) QUANTO AO SISTEMA • Principiológica: predominam os princípios. • Preceituais: prevalecem as regras. j) QUANTO À FORMA • Provisória: ou pré-constituição, constituição revolucionária: é o conjunto de normas com a dupla finalidade de definir o regime de elaboração e aprovação da Constituição formal e a estruturação do poder político no interregno (intervalo) constitucional. Sua função é erradicar o antigo regime. • Definitiva: ou de duração indefinida para o futuro. Constituição produto final do processo constituinte. k) QUANTO À ORIGEM DE SUA DECRETAÇÃO: • Heterônomas: constituições que foram decretadas de fora do Estado por outro(s) Estado (s) ou ainda por organizações internacionais. Miguel Galvão Teles >> heteroconstituição, uma verdadeira raridade. • Autônomas: autoconstituições, homoconstituições. O normal são as constituições decretadas dentro do próprio Estado que vão reger. Principiológicas ou preceituais A Constituição brasileira de 1988 é principiológica! Provisórias ou definitivas Heterônomas ou autônomas A Constituição brasileira de 1988 é autônoma! l) CONSTITUIÇÕES GARANTIA, BALANÇO E DIRIGENTE • Garantia: busca garantir a liberdade, limitando o poder. • Balanço: reflete um degrau de evolução socialista • Dirigente: estabelece um projeto de Estado. EX: a Constituição Portuguesa m) CONSTITUIÇÕES LIBERAIS (negativas) E SOCIAIS (dirigentes) – CONTEÚDO IDEOLÓGICO DAS CONSTITUIÇÕES • Liberais: surgem com o triunfo da ideologia burguesa, com seus ideais de liberalismo. • Sociais: refletem um momento posterior, de necessidade de atuação estatal, consagrando a igualdade substancial, assim como os direitos sociais, chamados de direitos de 2ª dimensão. n) CONSTITUIÇÕES EXPANSIVAS Raul Machado Horta diz que a Constituição brasileira de 1988, se encontra no grupo de constituições expansivas, já que tanto sua estrutura como a comparação interna e a externa demonstram uma ampliação dos direitos fundamentais. A Constituição brasileira de 1988 é dirigente! A Constituição brasileira de 1988 é social! 4. Elementos das Constituições As normas constitucionais estão agrupadas em títulos, capítulos e seções, com conteúdo, origem e finalidades diversos. Esses dispositivos trazem valores distintos e caracterizam as diversas faces da Constituição, fazendo com que a doutrina organize o texto constitucional de acordo com finalidades, representados pelos elementos da Constituição, divididos em cinco categorias. a) ELEMENTOS ORGÂNICOS: são as normas que regulam a estrutura do Estados e dos Poder: • Título III (Da Organização do Estado) • Título IV (Da Organização dos Poderes e do Sistema de Governo) • Capítulos II e III do Título V (Das Forças Armadas e da Segurança Pública) • Título VI (Da Tributação e do Orçamento) b) ELEMENTOS LIMITATIVOS: são aqueles que manifestam-se nas normas que compõem o elenco dos direitos individuais e suas garantias fundamentais, limitando a atuação dos poderes do Estado: • Título II (Dos Direitos e Garantias Fundamentais) – Exceto Direitos Sociais . Promulgada . Escrita . Analítica . Formal . Dogmática . Rígida . Reduzida . Eclética . Normativa . Principiológica . Definitiva . Autônoma . Garantia . Dirigente . Social . Expansiva Classificação da Constituição de 1988 Atenção!!!! Exceto o Capítulos dos Direitos Sociais, por que esses são definidos como elementos sociológicos. c) ELEMENTOS SOCIOIDEOLÓGICOS: revelam o compromisso da Constituição entre Estado individualista x Estado Social (intervencionista): • Capítulo II do Título II (Dos Direitos Sociais) • Título VII (Da Ordem Econômica e Financeira) • Título VIII (Da Ordem Social) d) ELEMENTOS DE ESTABILIZAÇÃO CONSTITUCIONAL: normas constitucionais destinadas a assegurar a solução de conflitos constitucionais, a defesa da Constituição, do Estado e das Instituições Democráticas. São os instrumentos de defesa do Estado e a busca pela paz social: • Art. 102,I, a : ADI - Ação Direta de Inconstitucionalidade • Arts. 34 a 36 (Da intervenção nos Estados e Municípios) • Arts. 59, I e 60 (Processo de emenda à Constituição) • Arts. 102 e 103 (Jurisdição Constitucional • Título V (Da Defesa do Estado e das Instituições Democráticas (especialmente o Capítulo I, que trata do estado de sítio e estado de defesa, já que os capítulos II e III do Título V caracterizam-se como elementos orgânicos) e) ELEMENTOS FORMAIS DE APLICABILIDADE: encontram-se nas normas que estabelecem regras de aplicação das Constituições. • Preâmbulo • Disposições constitucionais transitórias • Art. 5°, §1°, quando estabelece que as normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata. 5. Histórico das Constituições brasileiras ANO CARACTERÍSTICAS MARCANTES 1824 . outorgada em 25/03/1824, a que durou mais tempo. Sofreu influência da constituição francesa de 1814. Marcada pelo forte centralismo administrativo e político >> Poder Moderador. Unitarismo e absolutismo . Não se adotou a separação do três poderes de Monstesquieu, mas quadripartida. . Previsão de uma religião oficial, Católica Apostólica Romana 1891 . Relator Rui Barbosa, sofreu influência da Constituição dos EUA de 1787, consagrando o governo presidencialista, a forma de Estado federal (abandonando o unitarismo) e a forma de governo republicana (substituindo a Monarquia) . Deixou de ter religião oficial, havendo a separação de Estado e Igreja . Poder Moderador extinto, adotando-se a teoria de Montesquieu, que é a separação dos Três Poderes. . Expressa previsão do remédio constitucional do Habeas Corpus. 1934 . Crise econômica de 1929, bem como diversos movimentos sociais por melhores condições de trabalho, influenciando a constituição de 1934, abalando o liberalismo econômico e a democracia da constituição de 1891. . Influência da Constituição de Weimar da Alemanha, de 1919. Direito humanos de 2ª geração e perspectiva de um Estado social de direito . Influência do Fascismo, já que o texto estabeleceu, além do voto direto para a escolha dos Deputados, a modalidade indireta (representação classista do Parlamento) . Teve curta duração, sendo abolida pelo Golpe de 1937 . Mantidos alguns princípios fundamentais como a República, a Federação, a Tripartição de Poderes, o Presidencialismo e o Regime representativo. 1937 . Apelidada de Polaca e, razão da influência exercida pela Constituição Polonesa, fascista, de 1935, imposta por Marechal Josef Pilsudski. Deveria ter sido submetida à plebiscito nacional, mas nunca fora. . Além de fechar o parlamento, o governo manteve amplo domínio sobre o Poder Judiciário. A Federação abalada pela nomeação dos interventores. Direitos fundamentais enfraquecidos, sobretudo, pela atuação da Polícia Especial e pelo DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda). Partidos Políticos foram dissolvidos (Decreto-lei n° 37 de 2/12/1937). . Regime extremamente autoritário, o Estado centralizador atuava diretamente na economia, que teve um importante crescimento, neste período. . A política desenvolvida foi denominada “populista”, pois buscava apoio popular, consolidando-se com as Leis do Trabalho (CLT) e importantes direitos sociais, como o salário mínimo. 1946 . Redemocratização, repudiando-se o Estado totalitário que vigia desde 1930. . Inspirou-se nas ideias liberais da Constituição de 1891 e nas ideias sociais da de 1934. Na Ordem Econômica, procurou-se harmonizar o princípio da livre iniciativa com o da justiça social. . O Regime Parlamentarista, já experimentado durante o Império, adotado em 1961, não referendado pelo povo em 06/01/1963 . Foi suplantada (vencida) pelo Golpe Militar de 1964. 1967 . Na mesma linha da Carta de 1937, concentrou, bruscamente, o poder no âmbito federal, esvaziando os estados e municípios e conferindo amplos poderes ao Presidente da República. Houve forte preocupação com a segurança nacional. EC n° 1/1969 . Dado a seu caráter revolucionário, a EC n°1/1969 foi a manifestação de um novo poder constituinte originário, outorgando uma nova carta, constitucionalizando a utilização dos “Atos Institucionais”. . Nos termos do seu art. 182, manteve em vigor o AI-5 e todos os demais que foram baixados. . O mandato do presidente foi aumentado para 5 anos, continuando a eleição a ser indireta. 1988 . Democrática e liberal, a CF de 1988, sofreu forte influência da Constituição Portuguesa de 1976, que apresentava maior legitimidade popular. . Adotou a tripartição do poderes, a forma federativa de Estado e o presidencialismo . Rígida, há amplo catálogo de direitos fundamentais . Foi a 1ª constituição brasileira a separar a Ordem Econômica da Ordem Social. 6. Hermenêutica e estrutura da constituição a) Mutações constitucionais x reformas constitucionais • Reforma constitucional: trata-se da modificação do texto constitucional, por meio de mecanismos definidos pelo constituinte originário (através das emendas), alterando, suprimindo ou acrescentando artigos ao texto constitucional. • Mutações: não são as alterações físicas, materialmente perceptíveis. Trata-se das alterações no significado e no sentido interpretativo do texto. Transmitem o caráter dinâmico das normas jurídicas, através de processos informais (não previstos nas mudanças formais do texto constitucional). b) Regras e princípios É necessário fazer a distinção entre regras e princípios, partindo-se da premissa de que ambos são normas e que, entre si, não existe hierarquia, dentro do texto constitucional. REGRAS PRINCÍPIOS . dimensão de validade, especificidade e vigência . dimensão da importância, peso e valor . Conflito em regras: uma das regras em conflito ou será afastada pelo princípio da especialidade, ou será declarada inválida. → cláusula de exceção, que também pode ser entendida como declaração parcial da invalidade. . Colisão entre princípios: não haverá declaração de invalidade de qualquer dos princípios em colisão. → diante da colisão, um princípio prevalece sobre o outro. . Tudo ou nada . ponderação, sopesamento entre os princípios . Mandamentos ou mandados de definição . Mandamentos ou mandados de otimização c) Método de interpretação A interpretação das normas constitucionais é um conjunto de métodos, desenvolvidos pela doutrina e pela jurisprudência, baseado em critérios ou premissas (filosóficas, metodológicas, epistemológicas), que são diferentes, mas reciprocamente complementares. São algumas características: • Método jurídico ou hermenêutico clássico: a constituição deve ser encarada como uma lei, devendo-se utilizar todos os métodos tradicionais de interpretação. • Método tópico problemático: neste método, parte-se do caso concreto para a norma, atribuindo-se à interpretação um caráter prático na busca da solução dos problemas concretizados. A constituição é um sistema aberto de regras e princípios. • Método hermenêutico concretizador: assim como no método tópico problemático, parte-se da Constituição para o problema. • Método científico espiritual: a análise do texto constitucional parte da realidade social e dos valores implícitos do texto, não da literalidade da norma. • Método normativo estruturante: neste método, reconhece-se a inexistência de identidade entre a norma jurídica e o texto normativo. O teor literal da norma deverá ser considerado pelo intérprete, analisado à luz da concretização da norma, em sua realidade social. • Método de comparação constitucional: a interpretação dos institutos se implementa mediante a comparação nos vários ordenamentos. d) Princípios da interpretação constitucional A doutrina estabelece alguns princípios específicos de interpretação: • Princípio da unidade da constituição: a CF devesempre ser interpretada de forma global, como um todo, afastando-se, assim, as antinomias (contradição entre as normas, que geram dificuldade na interpretação) aparentes. • Princípio do efeito integrador: na resolução dos problemas jurídico constitucionais, deve-se dar prioridade aos critérios que favoreçam a integração política e social e o reforço da unidade política. • Princípio da máxima efetividade: também chamado de princípio da eficiência ou interpretação efetiva. Deve ser entendido, no sentido de a norma constitucional ter a mais ampla efetividade social. • Princípio da justeza ou da conformidade funcional: o interprete máximo da constituição (no Brasil, o STF), é responsável por estabelecer a força normativa da CF, ao concretizar a norma constitucional, não podendo alterar a repartição de poderes estabelecida pelo constituinte originário. • Princípio da concordância pratica ou harmonização: partindo da ideia de unidade da CF, os bens jurídicos constitucionalizados devem coexistir de forma harmônica, na hipótese de conflito ou concorrência, ou seja, não deve haver hierarquização das normas. • Princípio da força normativa: ao solucionarem o conflito, os aplicadores da CF, devem conferir a máxima efetividade às normas constitucionais. • Princípio da interpretação conforme a constituição: diante de normas polissêmicas (que possuem mais de uma interpretação), deve-se preferir aquela que mais de aproxime da CF, ou seja, aquela que não é contrária ao texto constitucional. • Princípio da proporcionalidade ou razoabilidade: na situação de colisão entre valores constitucionais, faz-se necessário o preenchimento de 3 elementos: → Necessidade: ou exigibilidade. A adoção da medida que pode restringir direitos só se torna legítima se for indispensável para o caso concreto e não puder ser substituída por outra, menos gravosa. → Adequação: ou pertinência, ou idoneidade. O meio escolhido, deve atingir o objetivo. → Proporcionalidade em sentido estrito: sendo medida necessária e adequada, deve-se investigar se o ato praticado, em se falando de atingir o objetivo, supera a restrição a outros valores constitucionalizados, podendo-se falar em máxima efetividade e mínima restrição. e) Críticas ao “pamprincipiologismo” Trata-se da exacerbação dos (pseudo)princípios. Julgadores criam princípios de acordo com suas próprias convicções, de forma arbitrária, de acordo com suas próprias interpretações, em violação à Constituição, que pode levar à discricionariedade e à antidemocracia, com julgamentos sem fundamentação, fazendo surgir decisões contraditórias e causando insegurança jurídica. f) Estrutura da constituição Estruturalmente, a CF contém: • Preâmbulo • 9 títulos (corpo do texto) • ADCT (ato das disposições constitucionais transitórias) O preâmbulo é de domínio da política. Não tem relevância jurídica, nem força normativa. Não cria direitos ou obrigações, não tem força obrigatória. Serve apenas parra nortear a interpretação nas normas constitucionais. O ADCT, tem natureza de norma constitucional e pode representar exceção à regras, presentes no corpo do texto constitucional. A referência à religiosidade não é obrigatória no preâmbulo das constituições do Estado e nas Leis Orgânicas dos Municípios e do DF.
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