Buscar

O CONHECIMENTO

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 5 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

O CONHECIMENTO
1. CONCEITO
 
		- Conhecimento é o ato pelo qual assimilamos os objetos e os representamos no espírito (Francisco Uchoa de Albuquerque - Fernanda Maria Uchoa).
	- Conhecimento é uma conquista, uma apreensão espiritual de algo (Miguel Reale). 
		- Conhecimento é a representação do objeto dentro do sujeito cognoscente (Maria Helena Diniz).
 	- Conhecimento é o renascimento do objeto conhecido, em novas condições de existência, dentro do sujeito conhecedor (Goffredo Teles Júnior).
 
2. ELEMENTOS ESSENCIAIS
 
	 	O conhecimento humano se forma quando o sujeito capta o objeto e o reproduz no espírito. Sujeito e objeto são essenciais ao ato cognitivo, por ser evidente a correlação entre sujeito pensante e objeto pensado. O sujeito é sujeito para o objeto e o objeto é objeto para o sujeito, não se pode pensar um sem o outro, uma vez que o sujeito cognoscente (aquele que conhece), tende para o objeto cognoscível (aquilo que é conhecido). “Esta tendência é a intencionalidade do conhecimento, que consiste em o sujeito sair de si para o objeto, a fim de captá-lo mediante um pensamento; o sujeito produz um pensamento do objeto”, como ensina Maria Helena Diniz. Por sua vez, Miguel Reale esclarece que “objeto é aquilo que se põe diante de nós”, exemplificando: “Se olho para aquela parede, ela se põe diante de mim, como algo sobre o qual minha ação se projeta, não para desenvolver-se fora de mim, mas para trazer para mim o que é visto ou representado como objeto” 
		Além dos aludidos elementos, Francisco Uchoa de Albuquerque e Fernanda Maria Uchoa destacam, ainda, como imprescindíveis ao conhecimento, o pensamento e a verdade. “O pensamento é a operação espiritual que consiste em evocar, encadear e perceber as representações mentais do objeto de nosso conhecimento. A verdade é a perfeita adequação entre a representação mental do sujeito e o objeto respectivo”. Em outros termos, verdade é a conformidade entre a coisa pensada e o pensamento.
	 	No ato cognitivo, a pessoa exercita uma faculdade especial chamada de discriminação ou seleção, que é a faculdade de distinguir e relacionar as coisas, assimiladas estas pela mente em um processo de cognição, deixando evidente que o saber comporta diversos níveis, que variam conforme o grau de relação que se faz entre o objeto do conhecimento e outros fatos e fenômenos. Portanto, considerando-se a escala crescente de relação, o conhecimento pode ser vulgar, científico e filosófico. 
3. CONHECIMENTO VULGAR
 	- Conhecimento que tem uma pessoa sem preparo especial sobre o objeto e derivado da experiência mesma da vida (Abelardo Torré).
 	- Conhecimento espontâneo, assistemático e acrítico, que o homem adquire à proporção que as circunstâncias vão favorecendo (Francisco Uchoa de Albuquerque - Fernanda Maria Uchoa).
 		- Conhecimento que vamos adquirindo à medida que as circunstâncias o vão ditando, nos limites dos casos isolados (Miguel Reale).
 
 	 	No ato cognitivo verifica-se um processo de relação em que se ligam os objetos. Essas relações podem ser de semelhança ou de diferença, de coexistência ou de sucessão. Acontece, porém, que o sujeito cognoscente, muitas vezes, nem procura encontrar os possíveis laços que ligam um objeto aos demais, nem examina as poucas relações que descobre entre eles. O conhecimento vulgar é também chamado de comum, ingênuo, imperfeito, pré-científico ou não unificado, denominado ainda de empírico, terminologia esta que deve ser evitada, por existir conhecimento empírico de ordem científica e filosófica. Em regra é conhecimento assistemático, as noções que o integram derivam da experiência da vida cotidiana: a verificação de que o fogo queima, de que o relógio marca as horas, de que após o dia vem a noite etc. No mundo jurídico, “conhecimento vulgar, que é o do rábula, daquele que vai adquirindo compreensão do Direito à medida que os casos reclamam sua atenção. É um conhecimento fortuito de fatos, sem procura deliberada dos nexos essenciais que ligam entre si os elementos da experiência jurídica”, como exemplifica Miguel Reale.
 	Em síntese, o conhecimento vulgar é parcial ou fragmentário, casuísta, desordenado ou não metódico, porque não estabelece conexões ou hierarquias, uma vez que historicamente precede ao científico e é sua base de sustentação, como salienta Abelardo Torré, ao dizer que “a ele devemos as verdades de fato, fruto da experiência sensível” e “os primeiros princípios da inteligência”.
 
4. CONHECIMENTO CIENTÍFICO
	- Ciência é um sistema de conhecimentos verdadeiros ou muito prováveis, rigorosamente explicados e fundados, que se referem, com sentido limitado, a certo setor de objetos (Abelardo Torré).	
 - Ciência é o conjunto de conhecimentos metodicamente adquirido e sistematicamente ordenado, fundado em relações objetivas, que pode ser verificado e comprovado (Francisco Uchoa de Albuquerque - Fernanda Maria Uchoa).
	- Ciência é um complexo de enunciados verdadeiros, rigorosamente fundados e demonstrados, com um sentido limitado, dirigido a um determinado objeto (Maria Helena Diniz).
	 
 O conhecimento científico é mais amplo que o vulgar e menos abrangente que o filosófico, consistindo na “apreensão mental das coisas por suas causas ou razões, através de métodos especiais de investigação. Ele não se ocupa de acontecimentos isolados, mas supõe a visão ampla de uma determinada área do saber e, ao contrário do conhecimento vulgar, é reflexivo”, conforme Paulo Nader. No dizer de Icílio Vanni, em Lições de Philosophia do Direito, por ele citado, o saber científico envolve “uma cognição sistemática dos fatos e dos fenômenos, em que se coloca um fato em relação com outros, de modo a descobrir as suas uniformidades e a determinar as suas leis”. 
 					 
5. CONHECIMENTO VULGAR E CIENTÍFICO
 O saber vulgar conhece um objeto ou um fato sem considerar os demais. O desinteresse pelo encadeamento dos mesmos torna-o pobre e primário. Um conhecimento de casos isolados porque apreendem os fatos em sua singularidade, sem saber explicar os fatores ou condições que os determinam, as causas que os produzem ou os princípios que os governam. 
 O conhecimento científico decorre da observação paciente de dados sistematizados e ordenados. No instante de sua elaboração agrupam-se os fatos da mesma espécie, determinando os laços de semelhança, diferença, coexistência ou sucessão para descobrir seus princípios ou leis, o que o torna rico em relações, capacitando-o a explicar a pluralidade de fatores que convergem na determinação de uma realidade.
		Ao justificar a posição da Sociologia como conhecimento científico, Ely Chinoy teceu considerações a respeito do conceito de ciência e de sua preocupação em ligar grupos de fenômenos da mesma natureza para chegar à formulação das proposições gerais de que se ocupa:
		“As proposições que constituem qualquer corpo de conhecimentos científicos são generalizações; não se referem aos acontecimentos ou entidades individuais, senão a classes ou tipos de fenômenos. O interesse do botânico não se restringe a uma árvore ou a uma flor determinadas, o do químico não se limita a uma reação específica num tubo de ensaio. O físico não se interessa só por uma explosão atômica, nem o sociólogo por uma ação isolada ou por uma família individual. A Ciência se interessa pelo padrão que se repete, pela característica ou atributos partilhados, pelos acontecimentos, elementos, árvores ou o que as pessoas tenham em comum. Toda a Ciência se funda na suposição, tão claramente examinada e descrita por Alfred North Whitehead, de que existe uma ordem da natureza que o homem pode descobrir. Com efeito, a não existir tal suposição, tal ordem, não haveria Ciência. A introdução dessa suposição no estudo do homem e da sociedade era essencial ao desenvolvimento da ciência social”.
	
	Como visto, o cientista é um homem mais organizado, mais exigente, maispaciente que o homem comum, o que leva Maria Helena Diniz a dizer que “conhecimento científico é aquele que procura dar às suas constatações um caráter estritamente descritivo, genérico, comprovado e sistematizado”.
 	Spencer deixa evidente que o “conhecimento científico é parcialmente unificado”, resultante do encadeamento de fenômenos de uma mesma ordem, pertencentes a um setor particular da realidade. Para explicar o fenômeno da chuva, por exemplo, o trabalhador científico recolhe, relaciona e examina todos os fenômenos meteorológicos. Se desejar explicar o funcionamento dos órgãos humanos recorre à outra ordem de fenômenos, os fisiológicos, que serão sistematizados e examinados, formando outra série. Em suma, parcialmente unificado porque, munido de métodos e investigadores próprios, o conhecimento científico realiza encadeamento dos fenômenos de cada uma das partes da realidade, como salientam Francisco Uchoa de Albuquerque e Fernanda Maria Uchoa. Por sua vez, o “saber vulgar é não unificado”, não relaciona nem encadeia os objetos que conhece.
	
6. FUNDAMENTAÇÃO FILOSÓFICA DA CIÊNCIA
 Essa fundamentação é tarefa da epistemologia, que contém as linhas norteadoras do saber científico, por explicar de modo crítico seu objeto, seu método e seus pressupostos ou postulados.
7. CONHECIMENTO CIENTÍFICO E FILOSÓFICO
 
		Em sentido etimológico, a palavra filosofia significa “amor à sabedoria”, originando-se dos vocábulos gregos philo (amor) e sophia (sabedoria). Os filósofos Homero e Hesíodo referiram-se ao vocábulo sophia para significar, indistintamente, sabedoria e habilidade. Os sábios eram chamados de sophos, ou seja, todos os dedicados ao estudo da realidade por meio da razão ou, então, todos os versados na discussão de problemas morais.
		Atribui-se a Pitágoras o uso inicial da palavra filosofia, que preferiu ser chamado de amigo da sabedoria, um filósofo, porque acreditava que sábio só podia ser Deus. Em conseqüência, este termo significou “o desejo, a procura, o amor da Sophia”.
		Antes do século XVII, Ciência e Filosofia se confundiam, manifestando-se em forma de conhecimento silogístico, impreciso e de conclusões às vezes fantásticas.
 Francisco Uchoa de Albuquerque e Fernanda Maria Uchoa explicam que “o saber científico se fundamenta em relações objetivas e pode ser verificado e comprovado”, ao passo que “o saber filosófico se apóia em evidências racionais, que não são verificáveis nem comprováveis empiricamente”. 
	 	Filosofia é o conjunto de conhecimentos naturais, metodicamente adquiridos e ordenados, que tende a fornecer a explicação fundamental de todas as coisas, enquanto a Ciência esbarra nos aspectos fenomênicos da realidade e investiga só no campo do sensível. Em suma, a Filosofia indaga as essências, busca os aspectos inteligíveis da realidade.
		A Ciência conhece as coisas por suas causas imediatas sem ultrapassar a experiência, ao passo que a Filosofia desce às últimas causas, às mais profundas da realidade.
		A Ciência é parcial e fragmentária, ocupa-se apenas de “objetos da mesma natureza”. A Filosofia é totalitária, preocupa-se com problemas universais que emergem do conjunto da realidade global.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
 AFTALION, Enrique; VILLANOVA, José; RAFFO, Julio. Introducción al 
 Derecho. 5. ed. Buenos Aires: Abeledo - Perrot, 2009.
02. ALBURQUERQUE, Francisco Uchoa de e UCHOA, Fernanda Maria.
 Introdução ao Estudo do Direito. São Paulo: Saraiva, 1982.
 BITTAR, Eduardo Carlos Bianca. Curso de Filosofia do Direito. 11. ed. 
 São Paulo: Atlas, 2015. 
 04. CRETELA JÚNIOR, José. Curso de Filosofia do Direito. 12. ed. Rio de
 Janeiro: Forense, 2012.
 05. DEL VECCHIO, Giorgio. Filosofia del Derecho. Barcelona, 1947.
06. DINIZ, Maria Helena. Compêndio de Introdução à Ciência do Direito. 25.
 ed. (3ª Tiragem). São Paulo: Saraiva, 2015.
 07. FERRAZ JÚNIOR, Tércio Sampaio. Estudos de Filosofia do Direito. 3. ed.
 São Paulo: Atlas S. A., 2009. 
 08. GUSMÃO, Paulo Dourado de. Introdução ao Estudo do Direito. 48. ed. 
 Rio de Janeiro: Forense, 2015.
 09. _______, Paulo Dourado de. Filosofia do Direito. 10. ed. Rio de Janeiro:
 Forense, 2014.
 10. MENDONÇA, Jacy de Souza. Introdução ao Estudo do Direito. 3. ed. 
 São Paulo: Rideel, 2012.
 11. NADER, Paulo. Filosofia do Direito. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense,
 2015.
 12. NUNES, Rizzatto. Manual de Filosofia do Direito. 12. ed. (3ª Tiragem).
 São Paulo: Saraiva, 2015. 
 13. REALE, Miguel. Lições Preliminares de Direito. 27. ed. (17ª Tiragem).
 São Paulo: Saraiva, 2016.
 14. ______, Miguel. Filosofia do Direito. 20. ed. (14ª Tiragem). São Paulo:
 Saraiva, 2016. 
 15. ​ _____, Miguel. Introdução à Filosofia. 4. ed. (8ª Tiragem). São Paulo:
 Saraiva, 2014. 
		 16. TELLES JÚNIOR, Goffredo. Iniciação na Ciência do Direito. 5. ed. São
 Paulo: Saraiva, 2011. 
 17. TORRÉ, Abelardo. Introducción al Derecho.16. ed. Buenos Aires: Abeledo-
 Perrot, 2009.
 
 06.08.2017 (IPC / EB)

Continue navegando