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Casais homossexuais podem adotar no Brasil

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January 21, 2016
Casais homossexuais podem adotar no Brasil?
politize.com.br/gays-podem-adotar-no-brasil/
domínio público. fonte: pixabay.com
No fim de 2015, o Parlamento português aprovou uma lei que autoriza a adoção de
crianças por casais gays e a notícia logo foi comemorada por diversos setores da
sociedade. O assunto também está em pauta no Brasil, especialmente após a divulgação
do projeto de lei do Estatuto da Família, que tem por objetivo definir a entidade familiar
como aquela composta entre um homem e uma mulher.
Por outro lado, levantam-se bandeiras para que haja uma regulação legislativa a esse
respeito, a favor de uma lei específica que autorize a adoção por casais do mesmo sexo
aqui no Brasil.
Mas afinal, na atual situação jurídica do nosso país, os gays podem adotar no Brasil ou
não? É necessário a criação de uma lei a esse respeito?
Quem pode adotar no Brasil?
A adoção no Brasil ocorre por processo judicial e é regulada pelo Estatuto da Criança e do
Adolescente – ECA (Lei 8.069/90), o qual estabelece requisitos objetivos e subjetivos para
que alguém possa adotar uma criança ou um adolescente.
Quais são esses requisitos objetivos?
1. Ter, no mínimo, 18 anos de idade, independentemente do estado civil (sim, os solteiros
também podem adotar);
2. Ter uma diferença mínima de 16 anos em relação ao adotado;
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3. Não ser irmão nem ascendente da criança ou adolescente que será adotado;
4. Para que duas pessoas adotem conjuntamente, devem ser casadas ou viverem em
união estável, comprovada a estabilidade da família.
Além dos requisitos objetivos, profissionais da psicologia e assistência social, que
intervirão de maneira obrigatória em todos os processos adotivos, também avaliarão se os
pretendentes à adoção atendem requisitos subjetivos de exercer uma paternidade ou
maternidade responsável (artigo 197-A, ECA), à luz de todos os princípios que regem a
legislação infanto-juvenil.
O ECA não aponta de maneira explícita o que seria uma paternidade/maternidade
responsável, mas, em uma interpretação sistemática de seus artigos, podemos extrair que
será toda aquela que proporcione o atendimento das necessidades afetivas, morais e
materiais da criança ou adolescente.
No que se refere ao requisito objetivo nº 4, apontado acima, significa que dois irmãos ou
dois amigos, por exemplo, não podem juntos adotar uma criança: é necessário que os
futuros pais sejam casados ou vivam em união estável. Neste último caso devendo
comprovar a estabilidade da família, uma vez que a união estável, ao contrário do
casamento, que se prova pela certidão do registro, é uma situação fática, pública, contínua
e duradoura, dispensando o registro e provando-se por diversos meios admitidos em lei.
E os homossexuais também podem adotar?
Participantes da 19ª Parada do Orgulho LGBT na Avenida Paulista, São Paulo, em
07/06/2017. Foto: Leo Pinheiro / Fotos Públicas
O Estatuto da Criança e do Adolescente não faz qualquer menção à orientação sexual
2/5
como um fator a ser considerado no processo de adoção e nem cita que a futura família da
criança deva ser composta por pais de gêneros diferentes.
Como vimos, desde que os homoafetivos atendam aos requisitos estabelecidos pelo
Estatuto e demonstrem condições psicológicas e sociais de serem bons pais ou boas
mães, não há qualquer impedimento.
Desde maio de 2011 é reconhecida a união estável entre pessoas do mesmo sexo no
Brasil a partir de uma decisão do Supremo Tribunal Federal, que entendeu que a definição
de família como união de um homem e de uma mulher em nossa Constituição não exclui
as outras formas de afeto existentes.
A partir de 2013, também se tornou possível que pessoas do mesmo gênero se casem,
após o Conselho Nacional de Justiça editar a Resolução nº 175/2013, que impede que
cartórios se recusem a celebrar casamento entre pessoas do mesmo sexo em todo
território nacional.
Antes disso, quando a união homossexual não era juridicamente reconhecida como
entidade familiar, muitas vezes se negava a adoção por estes casais sob a alegação de
que a dupla não vivia em união estável, nem era casada, requisito essencial estabelecido
pelo Estatuto da Criança e do Adolescente.
Atualmente, entretanto, após a equiparação de direitos das uniões homoafetivas com as
heteroafetivas, a controvérsia sobre a constituição ou não de casamento ou união estável
desaparece, tornando-se possível que os homossexuais atendam todos os requisitos
objetivos estabelecidos pelo Estatuto.
Em relação aos requisitos subjetivos, como já dito anteriormente, o ECA limita-se a
estabelecer que a criança ou o adolescente deverá ser colocado em ambiente familiar
adequado e que os futuros pais apresentem uma paternidade/maternidade responsável,
sem mencionar que a composição do casal por pessoas de mesmo gênero seja, de
alguma forma, uma característica desabonadora para a medida ou prejudicial para a
criança.
CONCLUINDO…
O Estatuto da Criança e do Adolescente tem por objetivo verificar a qualificação e
capacidade para adotar, estabelecendo um necessário rigor na análise dos futuros pais,
tanto hétero quanto homossexuais, sempre com o interesse de resguardar o melhor
interesse da criança, sem que a orientação sexual seja um fator favorável ou desfavorável
ao deferimento da medida. 
E nem poderia ser de outro modo, uma vez que a experiência cotidiana demonstra que a
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orientação sexual em nada garante o bom exercício de uma parentalidade, tendo em vista
que todas as crianças colocadas à adoção estão nesta situação porque os pais,
heterossexuais em sua maioria, não puderam exercer de maneira satisfatória o encargo da
maternidade ou paternidade responsável!
Não é raro ouvir-se vozes contrárias a esta modalidade de adoção, afirmando que a futura
criança seguirá a mesma orientação sexual dos pais – como se a homoafetividade fosse
uma característica desabonadora -, mas a psicologia, até o momento, jamais indicou
qualquer malefício ao desenvolvimento de um filho que foi criado por pessoas de mesmo
gênero.
Igual situação se dá com as crianças ou adolescentes que são criados exclusivamente pela
mãe e pela avó, apenas pelo pai, pelo irmão e avô, sendo infinitas as possibilidades de
constituição familiar, nem sempre compostas por uma figura masculina e outra feminina
conjuntamente.
E enquanto se levantam críticas desprovidas de bases científicas a este respeito, milhares
de crianças brasileiras aguardam, na frieza institucional dos abrigos, por uma família que
lhe proporcione afeto e cuidado.
Por isso, entendo que no Brasil não é necessária a edição de uma nova lei que autorize de
maneira explícita a adoção por casais homossexuais, já que, pela atual dinâmica do
Estatuto da Criança e do Adolescente e após o reconhecimento jurídico da união
homoafetiva desde 2011 pelo STF, esta modalidade de adoção já é perfeitamente
autorizada.
Referência: Estatuto da Criança e do Adolescente – Planalto
Fonte: domínio público / pexels.com
4/5
Atenção: o papel do Politize! é fomentar o debate e a reflexão, trazendo diferentes pontos
de vista sobre questões polêmicas. As posições aqui apresentadas são de
responsabilidade do autor, que contribuiu para a discussão com sua visão sobre o tema.
Você também pode colaborar para esse debate registrando sua opinião nos comentários
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sugestões ou apontar correções.
Publicado em 21 de janeiro de 2016. Última atualização em 18 de janeiro de
2018.
André Della Latta Cartaxo
Advogado e graduado pela PUC-SP, foi estagiário da Promotoria de Justiça da Infância e
Juventude do Foro Regional de Pinheiros.
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	Casais homossexuais podem adotar no Brasil?
	Quem pode adotar no Brasil?
	Quais são esses requisitos objetivos?
	E os homossexuais também podemadotar?
	CONCLUINDO…
	Publicado em 21 de janeiro de 2016. Última atualização em 18 de janeiro de 2018.
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