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INTRODUÇÃO A ECONOMIA MÓDULO I – UNIDADE I- AULA 8 RAFAEL TERRA (UNB) Externalidades, bens públicos e recursos comuns 1 Introdução • As vezes os mercados privados não asseguram uma provisão (ou alocação) eficiente de recursos no sentido de Pareto. – Na presença de externalidades – No caso de bens públicos. 2 Externalidades • Externalidades ocorrem quando o consumo e/ou a produção de um determinado bem afetam os consumidores e/ou produtores, em outros mercados, e esses impactos não são considerados nos preços de mercado do bem em questão. • Externalidades podem ser: – positivas (exemplo: educação), ou – negativas (exemplo: poluição) 3 Externalidades Negativas • Uma firma de fundição de cobre produz uma externalidade negativa ao não levar em conta os efeitos negativos da poluição que ocasiona “chuvas ácidas” como parte do “custo de produção”. • Do ponto de vista da sociedade, no entanto, o custo total desta atividade inclui tanto custos privados da produção de cobre como os danos causados aos agricultores. 4 Externalidades Positivas • Externalidades podem ser positivas, e.g. vacina contra gripe beneficia o vacinado e os outros, pois as pessoas não ficarão gripadas reduzindo a probabilidade de transmissão do vírus. A relação entre Externalidade e Bens Públicos • Bens Públicos podem ser vistos como um tipo especial de externalidade, e.g. se os efeitos da atividade de um indivíduo beneficia alguns vizinhos é uma externalidade, se pode beneficiar toda a comunidade pode ser considerada um bem público. 6 A Natureza das Externalidades • Externalidades negativas podem ser produzidas não só por firmas, mas também por consumidores, e.g. fumantes em ambiente fechado. Externalidades são “Falhas de Mercado” • As externalidades são consideradas “Falhas de Mercado”, pois o mercado falha em distinguir custos privados de custos sociais, e benefícios privados de sociais. • Em casos de externalidades negativas, o mercado acaba produzindo mais do que o socialmente desejável. • Em caso de externalidades positivas o mercado produz menos do que o socialmente desejável. 8 Externalidade Negativa: a produção de cobre • No caso da empresa de fundição de cobre, por não levar em conta os custos sociais provocados pela chuva ácida, ela produz mais cobre do que o socialmente desejável. • Veja figura a seguir. A empresa produz 𝑄𝑀 quando o ótimo para a sociedade seria produzir uma quantidade menor igual a 𝑸∗. • O dano (ou custo) infligido à sociedade por unidade de cobre produzida é a distância CE. 9 Externalidade Negativa: a produção de cobre 10 Externalidade Positiva: a Educação Básica • A expansão da educação básica gera benefícios à sociedade que extrapolam os benefícios auferidos pelos estudantes e suas famílias. • A escolha do nível de qualificação pelo indivíduo é normalmente feita sem considerar esse benefícios sociais, pois os estudantes não conseguem observar nenhuma compensação por parte da sociedade para que ele continue estudando. 11 Externalidade Positiva: a Educação Básica 12 Externalidade Positiva: a Educação Básica • A falha de mercado fica evidenciada pelo fato de o mercado gerar um nível de escolaridade 𝑸𝒎 inferior àquele que seria escolhido se todos os benefícios externos fossem considerados. 13 O Problema dos Recursos Comunitarios (The Tragedy of Commons) • Recursos de propriedade coletiva. – Se ninguém detém a propriedade de um recurso, como um rio, o agente 1 que polui o rio não internaliza os custos que inflige ao agente 2 que pesca no rio. O resultado é um excesso de poluição por falta de definição de direitos de propriedade. • Exemplos: atmosfera, oceanos e rios, e pastagem de uso comum Soluções privadas: Fusões • Exemplo: A empresa produtora de cobre pode se fundir com a fazenda ao lado que está sendo prejudicada pela chuva ácida (supondo que somente a fazenda no entorno da empresa de cobre esteja sofrendo com a chuva ácida). • Desse modo, a empresa será obrigada a considerar nos seus custos os custos da “chuva ácida”. • Diz-se que com essa fusão a empresa “internaliza a externalidade”. 15 Soluções privadas: Sanções Sociais • Outra forma de internalizar a externalidade é por meio de Sanções Sociais: • No Japão, por exemplo, é considerado comportamento reprovável sair de casa sem máscara quando se está doente. • Essa “sanção social” reduz a produção de externalidade negativa. • “Normas Sociais” podem também estimular a produção de externalidades positivas, e.g. ceder o lugar aos idosos. 16 Soluções privadas: Definição dos Direitos de Propriedade • Se definirmos que o pescador tem direito a um rio não poluído, a empresa poluidora terá que compensar o pescador pela poluição, em dinheiro, ou reduzindo sua produção. • Ela estaria, então, internalizando sua externalidade. • Outro exemplo: é o da companhia aérea que extravia sua bagagem. Como você está protegido por um acordo internacional, você terá poder de barganha para conseguir uma compensação. 17 O Teorema de Coase • Teorema de Coase – Se os custos de transação são negligenciáveis, uma solução eficiente para um problema de externalidade será atingida contanto que os direitos de propriedade sejam definidos, independente de quem os detenha. O Teorema de Coase • Hipóteses necessárias para que o Teorema de Coase funcione – Os custos de barganha entre as partes devem ser baixos. – Os proprietários dos recursos podem identificar os responsáveis pelos danos à suas propriedades e preveni-los legalmente. Problemas com o Teorema de Coase • Problemas com o Teorema de Coase: • Difícil de implementar quando as partes envolvidas são numerosas. Por exemplo, 1. quando as externalidades são provocadas por bens “males” (ex: poluição) que envolvem milhões de agentes, caso em que é virtualmente impossível que negociações do tipo sugerido por Coase possam chegar a um acordo satisfatório a custos relativamente baixos; 2. Nesses casos vários indivíduos agirão como caronas ou “free riders”. 21 Problemas com o Teorema de Coase • O Teorema de Coase supõe que seja possível identificar a origem dos danos externos e atribuí-los a determinados agentes. − Ele não se aplicaria nos casos em que a externalidade está associada a impossibilidade de exclusão (recursos comunitários, bens públicos puros). 22 Resposta Pública à Externalidades- Impostos • Pode-se recorrer a taxação como mecanismo de atingir a eficiência quando os indivíduos/firmas não conseguem fazer isso por si próprios. • Uma taxa Pigouviana é uma taxa cobrada sobre cada unidade de produto do poluidor em um montante igual ao Dano Marginal infligido ao nível eficiente de produção. Resposta Pública à Externalidades- Impostos 25 Resposta Pública à Externalidades- Subsídios • Pode-se pensar em um pagamento (subsídio) para os indivíduos investirem mais em educação. • Por exemplo, o Governo pode dar um subsídio igual a cd para cada unidade de educação acima de Qm que o produtor produzir a mais. Resposta Pública à Externalidades- Subsídios à Educação 28 Imposto sobre Emissões Ao invés de taxar o produto, taxa-se (taxa pigouviana) a emissão. Isso buscar estimular a adoção de métodos de produção menos poluentes. Imposto sobre Emissões • Isso porque quando se taxa o produto, não há incentivos para adoção de taismétodos. O ajuste é feito na produção. • O indivíduo poluidor deverá reduzir suas emissões até que o Custo Marginal de redução de uma unidade adicional de poluição seja igual ao Benefício Social Marginal. 30 Imposto sobre Emissões 0 Redução na Poluição Benef. Social Mg CMg e* f* $ Redução Ótima Sem incentivos adequados o poluidor escolherá Redução igual a 0. Uma taxa sobre Emissões igual a f* induz o poluidor a reduzir até o ponto ótimo Permissões para poluição (Cap-and- Trade): preço de mercado 35 Bens Públicos • Excludente vs Não-Excludente –Excludente – Previnir qualquer um de consumir o bem é relativamente fácil, e.g. uma consulta médica, Pizza, Coca-Cola. –Não Excludente – Previnir alguém de consumir o bem é caro ou impossível, e.g. Defesa Nacional, Demonstração de Fogos de Artifício. 36 Bens Públicos • Bem Rival vs Não-Rival – Rival – uma vez provido, o custo adicional de outra pessoa consumir o bem é positivo, e.g. Pizza, Coca-cola. Pense que Bem Rival é aquele bem que o fato de uma pessoa consumir o bem impede que outra também consuma. – Não Rival – uma vez provido, o custo adicional de outra pessoa consumir o bem é zero, e.g. Defesa Nacional, Demonstração de Fogos de Artifício, Sinal de TV. Pense que Bem Não Rival é aquele bem que o fato de uma pessoa consumir o bem não impede que outra também consuma. 37 Bens Públicos 38 Excludente RIVAL SIM NÃO SIM NÃO Bens Privados, e.g. consultas médicas, passagem de avião, etc. Bens Públicos, e.g. Ar, Defesa Nacional, Farol. Recursos Comuns, (naturais), e.g. peixes no oceano, Água de córregos. Bens sociais (Club Goods) – geralmente providos por um Monopólio Natural e.g. cinema, parques privados, TV a cabo. Aspectos Importantes de Bens Públicos • Algumas coisas que não são normalmente consideradas como commodities têm características de Bens Públicos, e.g. Programas de Combate a Pobreza (não é o valor dado aos pobres, mas o benéfício social do programa), Pesquisa Básica, Conhecimento Científico. Bem Quase Público (ou Público Impuro • A Classificação como um bem público não é absoluta; depende de condições do mercado e estado de tecnologia. – Bem Quase Público (ou Público Impuro): Uma commodity pode satisfazer uma parte da definição de Bem Público mas não outra, ou pode satisfazer as duas sob determinadas circunstâncias e.g. se um dispositivo fosse inventado tal que o Farol só funcionasse para quem paga uma taxa. Nesse caso, este bem seria excludente e o Farol não seria mais um bem público puro. Bem Quase Público (ou Público Impuro 41 Provisão Pública ou Privada de Bens • Bens Privados não são necessariamente providos exclusivamente pelo setor privado. – Bens Privados providos pelo Setor Público, e.g. consultas médicas, habitação. • Provisão pública de um bem não necessariamente signfica que que este é também produzido pelo Setor Público, e.g. licitações de fornecimento de bens e serviços privados como coleta de lixo. Problemas para atingir uma provisão do bem público Eficiente pelo setor privado • No caso de bens públicos, as pessoas têm incentivos para mentir sobre o quanto valorizam o bem. • O Problema do Free-Rider (carona) –Outras pessoas pagam a maior parte do bem que o carona também valoriza, mas diz não valorizar para que possa consumí-lo pagando o mínimo possível. Problemas para atingir uma provisão do bem público Eficiente (igual a dos casos dos bens Privados) • As pessoas têm incentivos para agir como free-rider. • O resultado é a subprovisão (provisão ineficiente) do bem. 44 Problemas para atingir a Eficiência • Soluções para o problema do Free-Rider – Discriminação de preços perfeita: Cada um pagaria um preço igual à sua verdadeira disposição a pagar. • O problema é fazer essas pessoas revelarem suas verdadeiras disposições a pagar. • Por isso, o setor público é muitas vezes obrigado a intervir, produzindo ele próprio o bem público.
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