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Módulo 2 – texto 
Fundamentos de História do Direito – Antonio Carlos Wolkmer
O Direito Romano e seu ressurgimento no final da Idade Média
O Direito Romano
Evolução política
Evolução do Direito
Histórico socioeconômico da Roma Antiga
Florescimento da urbs
Economia essencialmente agrícola
Mão de obra escrava
Aristocracia rural
	A predominância das cidades romanas devia-se a uma aristocracia fundiária que, graças à escravidão, podia se desvincular do campo, investindo os lucros provindos do cultivo e criação nos centros urbanos.
Aristocracia (patrícios) - mantinham o controle político, concentravam terras.
Assidui – pequenos proprietários agrícolas, função militar.
Proletarii – cidadãos sem propriedade que se aglomeravam nas cidades e cujo único serviço prestado ao Estado era o de gerar prole.
Guerra de Conquista – saque e aprisionamento dos vencidos geravam mais terras e escravos aos patrícios.
	 O aumento da população na urbs exigia um maior nível de produção que não se obtinha mediante o avanço tecnológico ou propriamente econômico, mas da conquista militar de novas terras para cultivo e mão de obra escrava.
Colapso da república – ocasionado pelo imobilismo da aristocracia patrícia, cujos privilégios se tornaram incompatíveis com o império cosmopolita. O descaso para com a tropa e o povo e a exclusão das demais aristocracias italianas dos cargos consulares e senatoriais levou o patriciado romano ao isolamento, deixando o caminho aberto aos generais que souberam canalizar o descontentamento dos excluídos pelo poder senatorial.
Medidas sociais do Império:
Foram distribuídos lotes de terras aos soldados desmobilizados ao final das guerras civis;
Gratificação aos veteranos exonerados dos serviços militares;
Profissionalização do exército;
Projeto de construções que empregou os plebeus;
Maior distribuição pública de cereais;
Melhoria dos serviços municipais;
Aperfeiçoamento do sistema de tributação para corrigir desvios dos coletores de impostos;
Melhoria das comunicações por sistema de correios.
Fim das expansões militares escassez da mão de obra escrava crise da produção agrícola crise econômica, política e militar + invasões externas
	A crise foi solucionada por uma série de imperadores que repeliram as invasões externas e esmagaram as revoltas internas, permitindo uma reorganização de todo o Estado romano sob Diocleciano, inaugurando o baixo império.
Constantino – conversão do cristianismo em religião oficial.
Crescimento na estrutura estatal, retraimento na economia, perdas demográficas.
Colunus = rendeiro camponês que pagava em dinheiro ou em espécie os aluguéis devido ao grande proprietário pelo cultivo de suas terras.
Patrocinium = proprietários de terras pagavam impostos para a isenção do colonus do serviço militar, mais vantajoso do que pagar pelo preço de mercado de um escravo.
A intolerância da oligarquia patrícia havia levado o império ao enfraquecimento, as invasões bárbaras apenas precipitaram a queda de uma civilização em declínio.
O direito antigo
Abrange toda a época da realeza e uma parte do período republicano
Essencialmente consuetudinário
De uma sociedade organizada em clãs e pouco uso da escrita.
Falta de registros judiciais e legislativos.
Não havia nítida diferenciação entre o direito e a religião pois os sacerdotes (300-250 a.C.) que conheciam as formas e rituais de interpretação da lei.
Lei das 12 Tábuas: seu propósito era resolver conflitos entre plebeus e patrícios. Não chegou a formar um código ou conjunto de leis; era uma redução, em forma escrita, de costumes então vigentes.
O direito clássico
Entre séculos II a.C. e II d.C.
Caráter laico e individualista
Natureza mais legislativa do que consuetudinária
Jurisconsultos – interpretam as leis e fontes.
Jurisprudência romana – visava o estudo das regras de direito e sua aplicação na prática forense, sem uma maior preocupação na sistematização do ordenamento.
Competência para legislar:
Fontes do Direito Romano:
Legislação
Doutrina
Editos dos magistrados – pretores em Roma e governadores das províncias.
Edictum – a cada início do mandato anual, os magistrados declaravam o seu programa relativo à forma de interpretar e aplicar a lei. Sucessores pouco alteravam os textos de seus antecessores
Ius praetorium – direito vigente em Roma, baseado nos edictuns dos magistraos.
A jurisprudência emancipava a propriedade privada de quaisquer qualificações extrínsecas ou restritivas, desenvolvendo a nova distinção entre a mera posse e a propriedade dos bens.
O direito pós-clássico
Direito no dominato – compilação de preceitos formulados na época clássica de sua existência, ocorrida principalmente no Oriente, que resistiu às invasões bárbaras que devastaram o Ocidente.
Justiniano, em 527-534 d.C. – compilação de todas as fontes antigas do direito romano e sua harmonização com o direito então vigente: Corpos Juris Civilis:
O Código – compilação de leis imperiais que visavam substituir o Código Teodosiano;
O Digesto – compilação de trechos de livros escritos por jurisconsultos da época clássica – principalmente Ulpiano, Paulo, Gaio, Papiniano e Modestino;
As Instituições – manual elementar destinado ao ensino do Direito
As Novelas – recolha das constituições promulgadas por Justiniano após a publicação do Codex.
O Direito Medieval
Princípio da personalidade do Direito – o indivíduo vive segunda as regras jurídicas de seu povo, raça, tribo ou nação, não importando o local onde esteja.
Direito romano vulgar – jurisprudência romana continuou a evoluir, sobretudo no contato com as populações germânicas, e isto propiciou um distanciamento das fontes clássicas em proveito dos costumes locais, muitos dos quais de origem bárbara.
500 d.C. – série de codificações, empreendidas por reis bárbaros.
Desenvolvimento do feudalismo: a Europa Ocidental transforma-se numa multiplicidade de pequenos senhorios economicamente autossuficientes, comandados por nobres belicosos que mantinham exércitos próprios.
Poder real – apesar de ocupar um lugar no topo da hierarquia medieval, era incapaz de impor-se aos nobres, o que gerou o desaparecimento da atividade legislativa imperial e desmembramento do poder judicial nas mãos dos senhores feudais.
Direito – adstrito às relações feudo-vassálicas.
Fonte: costume
Não era escrito.
Justiça – atrelada à vontade divina.
Ordálios e duelos judiciários.
Direito canônico: único escrito e universal, de interpretação privativa do papa.
Preceitos dos jurisconsultos como fonte supletiva da justiça, desde que não conflitante com decretos dos concílios, papas ou do direito divino.
Direito divino – conjunto de regras jurídicas extraídas das sagradas escrituras, bem como dos doutores da Igreja.
O ressurgimento do Direito Romano
Final do século XII e início do século XIII
Corpos Juris Civilis – principal fonte para estudo do direito romano.
Características do renascimento da atividade jurisprudencial séculos XIII – XV:
Unidade e ordenação das diversas fontes do direito
Unidade do objeto da ciência jurídica
Unidade quanto ao ensino jurídico, comum por toda a Europa Continental
Difusão de uma literatura especializada escrita em latim.
Três fases da recepção do direito clássico
Fatores culturais
Expansão romana integração do território europeu ao mundo clássico.
Modo de produção baseado no latifúndio escravista
Construção de cidades ao longo das margens dos rios navegáveis da Europa.
As marcas da civilização romana, mais desenvolvidas foram assimiladas pelos invasores bárbaros.
Povos germânicos:
Comunidade primitiva e nômade;
Não possuíam um sistema de propriedade articulado e estável
Não dispunham de língua escrita.
Problemas:
Administração das cidades, das estradas e do aparato burocrático-estatal.
Resolução: adoção de estruturas políticas do antigo império + instituições bárbaras.
A comunidade romana preservou o seu aparelho administrativo e sistema jurídico.
Regiões mais fortemente romanizadas: Espanha, Gália e Itália.
Fatoreseconômicos
Séculos XII – XIII
Recepção do direito romano
Desenvolvimento da burguesia europeia.
Novas exigências do capitalismo mercantil:
Um direito estável que garantisse uma efetiva segurança institucional e jurídica às operações comerciais.
Um direito universalmente válido que unificasse os diversos sistemas europeus de forma a garantir um mercado internacional.
Um sistema legal que libertasse a atividade mercantil das limitações comunitaristas ou de ordem moral que lhes impunham os ordenamentos feudais e eclesiásticos.
O direito romano atendia a todas essas exigências.
	O direito comercial das cidades medievais se mostrava mais adequado do que muitos dos preceitos jurídicos romanos, pois o comércio em Roma tinha papel secundário na economia, vindo a se desenvolver em um Mediterrâneo unificado por um vasto império que desconhecia as sociedades comerciais e direito internacional.
	A adequação do direito civil clássico aos interesses empresariais da burguesia nascente era devido a sua estrutura uniforme e racional, baseada na aplicação de leis escritas, previamente estabelecidas, por tribunais compostos por técnicos.
Era a estrutura racional e coerente da civilística romana, propícia ao estabelecimento de um sistema jurídico estável e universal, que interessava aos comerciantes dos burgos.
O direito romano interessava em seu aspecto formal, não no material.
Fatores políticos
Poder absoluto dos monarcas apresentava traços nobiliárquicos da tradição medieval.
A incipiente classe dos comerciantes estava longe da maturidade política necessária à conquista do Estado.
Causas políticas do ressurgimento do jus civile:
Caráter híbrido das emergentes nações europeias = economia capitalista baseada na liberdade de agentes econômicos + poder político centralizado sujeito à discricionariedade do monarca. Similar ao Dominato – autonomia e liberdade no âmbito do direito privado + autoridade incondicionada do imperador no direito público.
	A retomada da jurisprudência clássica atendia às expectativas de uma nobreza ciosa de suas prerrogativas políticas.
	Estado monárquico absolutista encontra no direito romano um instrumento de centralização política e administrativa, em que a liberdade outorgada aos agentes econômicos privados è contrabalançada pelo poder arbitrário da autoridade pública.
Fatores sociológicos
Burocracia: caráter de segurança e previsibilidade da ação burocrática, garantida pela vinculação dos atos desse aparelho administrativo a normas jurídicas gerais e abstratas.
Para Weber, o processo de burocratização do Estado é causa da readmissão do direito romano à época medieval.
	Burocracia na Inglaterra
	Burocracia na Europa Continental
	A existência de um aparelho judiciário centralizado e dominado por uma casta honorífica, que fornecia os principais quadros da judicatura inglesa, constituía uma burocracia solidamente estabelecida que, dentro do espírito de conservação e autoperpetuação inerente a qualquer aparelho burocrático, opôs resistência a um modelo que era estranho, como foi o caso da jurisprudência clássica latina.
	A ausência de um prévio poder político centralizado e uma burocracia propiciou o surgimento de um sistema jurídico ordenado segundo os princípios do direito romano, que marcou, desde o nascedouro, os modernos Estados nacionais.
Principal consequência da adoção moderna do direito romano: surgimento da classe dos juristas profissionais, que desempenham papel preponderante no cenário político europeu, fruto da racionalização.
Fatores epistemológicos
Fatores para a produção de um ambiente favorável ao recebimento da herança jurídica:
De ordem institucional – surgimento das universidades.
Filosófico-ideológicos – crença na legitimidade da razão.
Tomismo – contribuiu enormemente para a solução da contradição entre fé e razão, delimitando-as em campos distintos e harmonizando-as sob o mesmo propósito, a busca da verdade. libertação da razão laica
Acúrsio – compilou todo o trabalho dos glosadores bolonheses na obra Magna Glosa/Glosa Ordinária/Glosa. Características:
Fidelidade ao texto justianeu;
Interpretação analítica, não sistemática, dos axiomas jurídicos clássicos.
Glosa – breve explicação de partes obscuras dos textos clássicos.
Glosadores – aprenderam dos grandes juristas romanos a resolver conflitos de interesses da vida em sociedade através da discussão intelectual dos problemas jurídicos autônomos de acordo com uma regra geral baseada nesta problemática jurídica material.
Comentadores – juristas com a tarefa de tornar o direito romano clássico aplicável, como forma de integrá-lo aos diversos direitos locais.
Novas categorias dogmáticas criadas pelos comentadores:
A teoria do duplo domínio – distinguia a posse direta da indireta.
A definição de diversos critérios, variáveis de acordo com a matéria, para a solução de conflitos de competência entre os diversos direitos feudais;
O uso de vários recursos lógicos que permitiram uma maior sistematização de institutos, até então isolados, em espécies e subespécies de um sistema conceitual hierarquizado, presidido por axiomas genéricos; o enquadramento dos preceitos normativos quanto às suas causas eficientes e finais; o recurso à analogia e ao método comparativo.
Jus commune – direito comum de toda a Europa, convertido a partir do direito justinianeu pelos comentadores, aproximando do direito civil clássico a realidade de seu tempo.
A partir do século XVI:
Novo cenário mundial;
Valorização dos direitos próprios em detrimento do direito romano;
O desenvolvimento da ciência jurídica permitiu o estabelecimento de uma estrutura jurídica racional, que podia prosseguir por meios próprios sem o apoio dos textos romanos.
Escola humanista – negava o caráter de direito vigente aos escritos jurídicos justianeus, atribuindo seu estudo a um interesse histórico-filosófico.
Escola do usus modernus pandectarum – procurou refundir as novas realidades do mundo jurídico com trabalho dos comentadores.
Encerramento do período de recepção do direito clássico: por uma ciência jurídica que se formou a partir do estudo erudito das fontes romanas para depois superá-las.
Conclusão
Direito romano – relação com o contexto político-econômico.
Recepção da jurisprudência clássica – fatores:
Culturais – herança da tradição romanista, incorporados como expressão de uma cultura genuinamente europeia.
Econômicos – surgimento do capitalismo mercantil.
Políticos – surgimento do Estado absolutista moderno.
Sociológicos – surgimento da burocracia.
Epistemológicos – pelo trabalho dos juristas medievais.

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