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Fundamentos Sociais e Históricos do Direito - Unidade Nº 1 - Panorama Geral 
 
 
 
Fundamentos 
Sociais e Históricos 
do Direito 
 
 
Unidade Nº 1 - Panorama Geral 
 
 
 
Fundamentos Sociais e Históricos do Direito - Unidade Nº 1 - Panorama Geral 
 
Autoria: Bruna Kitéria Moreira Paiva 
Revisão Técnica: Cauê Hagio Nogueira de Lima 
 
Introdução 
Após certo período renegado das grades curriculares da educação 
brasileira, o estudo da história do Direito voltou a ganhar seu espaço nos tempos 
recentes. Ao visarmos o fortalecimento do Estado Democrático de Direito, esta 
investigação histórica se torna potente mecanismo no entendimento das 
decisões jurídicas atuais e dos rumos que o Direito moderno está tomando; dessa 
forma, ganhando cada vez mais força na atualidade. 
A história do direito não pressupõe historicidade propriamente evolutiva, 
ora podendo figurar em um vale, ora em um prisma. Assim, o passar dos anos 
nem sempre vão significar evolução histórica para o Direito. Não existe direito 
permanente, o que nos leva a entender que o Direito muda conforme o seu povo, 
os costumes da sociedade, as crenças que nela circulam, bem como a estrutura 
histórica que a edifica. Por isso nos é tão importante estudar os Fundamentos 
Sociais e Histórico do Direito, construindo uma visão além do óbvio. 
Nas sociedades mais arcaicas, o poder estava concentrado nas instituições 
domésticas. Fundadas no princípio do parentesco - princípio este que se baseava 
em um poder instituído por uma divindade e laços sanguíneos - todas as 
estruturas sociais, políticas e familiares tinham em seu cerne o poder instituído 
por uma divindade ou adquirido por vínculo sanguíneo. Vemos então que a 
história serve para mostrar que as coisas nem sempre foram como são hoje; que 
toda mudança precede de algum lugar, sendo fruto de um embate ou de um 
povo, ou até mesmo produção de um saber de cada época. 
Embora esse material inaugure com o estudo do direito antigo, passando 
pelo medieval, o foco dos nossos estudos deve ser o Direito Brasileiro. Ainda que 
o Brasil possua um povo jovem, de cultura jurídica bastante recente e ainda em 
formação se comparada a outras democracias, é importante não ignorar nossa 
origem institucional, respeitando o nosso próprio tempo de crescimento. É 
importante também entender tais processos para que seja possível avançar e 
compreender a cultura jurídica do nosso país. 
Fundamentos Sociais e Históricos do Direito - Unidade Nº 1 - Panorama Geral 
 
Bons estudos! 
1. Panorama geral 
Conforme estipulado, iniciaremos nossos estudos com o Direito Arcaico e 
Direito Antigo. Falaremos, brevemente, do direito primitivo, que deriva dos 
primórdios da humanidade, onde se deu início às fundações do Direito. Após, a 
sociedade humana passa a ter bases mais complexas com o surgimento das 
principais civilizações antigas: Impérios Orientais (Mesopotâmia e antigo Egito), 
Grécia Antiga e Roma. Trataremos, então, do estudo do Direito Medieval e 
Moderno. Ao final, concluiremos com a história do Direito Brasileiro. 
Iremos estudar de maneira aprofundada cada um desses períodos que 
figuram na historicidade do direito e suas intercorrências até chegarmos nos dias 
atuais. 
2. Direito arcaico: a formação do Direito Primitivo 
(até 4.000 a.C.) 
A história da humanidade, como civilização socialmente organizada, está 
intimamente ligada à história do Direito. Por isso, é importante que prestemos 
atenção para a forma como o Direito se estruturou no tempo, mesmo antes da 
invenção da escrita. 
O surgimento do Direito, como forma de controle social e legitimação da 
vontade geral, é, sob determinado prisma, associado à necessidade de impedir a 
desordem e o caos, buscando o bem comum e se aproximando cada vez mais da 
justiça. Já outros pensadores jurídicos, de viés crítico, apontam que este controle 
visa conservar determinadas estruturas sociais, mantendo relações entre 
indivíduos que sejam favoráveis a determinados projetos de poder. 
Quando o homem deixa de ser nômade e começa a fixar-se em territórios, 
descobrindo a agricultura e a pecuária, torna-se sedentário e começam a surgir, 
assim, as primeiras comunidades humanas. Como decorrência direta dessa nova 
vida em sociedade, principiam diversos conflitos entre seus integrantes, 
irrompendo a necessidade do Estado de intervir e de impor mecanismos de 
controle social. 
Fundamentos Sociais e Históricos do Direito - Unidade Nº 1 - Panorama Geral 
 
 
Nesse momento, o ser humano, mesmo que de maneira primitiva, 
desenvolveu regras de convívio em comunidade, regrando a conduta social dos 
seus integrantes. É provável que as primeiras regras em sociedade tenham sido, 
segundo alguns antropólogos, de viés moral e ético, como a proibição do incesto, 
o homicídio e o roubo; então, logo depois aquelas relativas à divisão do trabalho. 
Cumpre apontar que o sistema jurídico de cada povo, considerando a sua 
localização na linha histórica temporal da humanidade, pode ser utilizado para 
atestar o seu grau de evolução e complexidade, tanto antropologicamente como 
socialmente. 
Falar de um direito primitivo, portanto, implica considerar a existência de 
certa ordem social e política dentro de determinados grupos que, até então, não 
possuíam o conhecimento da escrita. 
Nessas sociedades, as leis eram expressões da vontade divina, reveladas 
por meio dos sacerdotes. Em tempos que não existiam leis e códigos escritos, o 
direito primitivo era transmitido por meio da fala, símbolos, gestos solenes, 
palavras sagradas e força de rituais. 
Nesse período, é possível observar três estágios de evolução: 
1) O direito que provém dos deuses; 
2) O direito confundido com os costumes; 
3) O direito identificado com a lei (não se trata, ainda, de direito escrito, 
mas um conjunto de práticas e costumes reiterados durante um 
período e publicamente aceitos). 
Sedentarismo + 
Crescimento demográfico = 
aumento de crises e conflitos sociais. 
 
Fundamentos Sociais e Históricos do Direito - Unidade Nº 1 - Panorama Geral 
 
Em consequência da predominância da oralidade nessas sociedades, 
vigorava entre eles um sistema jurídico consuetudinário: as regras e sanções 
eram fundamentadas em crenças e tradições que, por sua vez, eram 
manifestadas por meio de ritualismos. Por ser resultado de veneração e respeito 
a seres divinos, assegurados por sanções sobrenaturais, dificilmente o homem 
primitivo questionaria a sua validade. 
2.1. Características e fontes do direito arcaico 
Primeiramente, o direito arcaico não era formal, pois os povos não 
conheciam a escrita. As regras e sanções eram conservadas por meio das 
tradições e costumes: o direito arcaico se caracterizava por ter um sistema 
primitivo consuetudinário. 
Em segundo lugar, cada comunidade primitiva possuía seu próprio direito, 
que era único. Cada organização social tinha suas próprias regras e viviam com 
autonomia, tendo contato com outros povos apenas em situações de conflitos 
territoriais. 
Um terceiro fator característico desse período é a multiplicidade dos 
direitos não escritos. Trata-se da diversidade de regras diante de várias 
comunidades existentes, cada qual com leis e sanções específicas para cada um 
dos seus costumes e crenças. 
Finalmente, talvez a mais importante característica desse período primitivo 
seja a influência da prática religiosa sobre a sociedade e sobre as leis. O direito 
estava integralmente subordinado às crenças dos antepassados, ao ritualismo 
simbólico e à força das divindades. Era praticamente impossível distinguir o 
preceito sobrenatural do preceito de natureza jurídica. 
Desta sorte, as fontes jurídicas não eram muitas, resumindo-se aos 
costumes, mandamentos verbais e decisões por tradição. 
Os costumes são a fonte mais importante e antiga do direito, manifestada 
por atos cotidianos e habituais dos integrantes de certa comunidade. Em relaçãoao direito arcaico, a religião é determinante para a conservação dos costumes, 
uma vez que o receio de sofrer sanções sobrenaturais garante o cumprimento 
das regras. 
Fundamentos Sociais e Históricos do Direito - Unidade Nº 1 - Panorama Geral 
 
Os mandamentos verbais são proferidos por chefes de tribos ou clãs, e são 
respeitados em razão do prestígio que essas autoridades impõem por meio do 
poder e do conhecimento. 
Por fim, as decisões reiteradas dos chefes das tribos ou anciões das 
comunidades para resolver conflitos criam “precedentes” para a resolução de 
futuros litígios semelhantes. Além das decisões por tradição, também cumpre 
mencionar as regras propagadas por meio de “provérbios”. 
2.2. Direito antigo 
O início da antiguidade representa o fim da pré-história e é marcado pelo 
surgimento da escrita (por volta de 4.000 a.C.) e de importantes civilizações. Entre 
as principais, que importam para o nosso estudo de história do Direito, estão as 
civilizações orientais da Mesopotâmia e antigo Egito; Grécia Antiga e Império 
Romano. Iremos estudar, neste capítulo, as formas de manifestação do direito 
nestas sociedades e as instituições encarregadas da sua aplicação. 
2.3. Impérios orientais: Mesopotâmia e Egito Antigo 
A Mesopotâmia e o antigo Egito se destacam como sociedades com certa 
evolução econômica e comercial, tanto pela utilização do solo para plantio, 
quanto pelo emprego da navegação como meio de transporte de mercadorias. 
Em razão do seu caráter urbano e comercial, desenvolveram um grau de 
complexidade que exigiu um direito escrito em contraposição àquele mantido 
apenas pelos costumes ou tradição. 
Cumpre ressaltar, contudo, que apesar do avanço em relação à 
formalização das leis por meio da escrita, as normas de direito na Mesopotâmia 
e no Egito se justificavam na revelação divina, da mesma forma como ocorria nas 
sociedades arcaicas que as antecederam. 
O uso da expressão “código” para descrever as normas de direito escrito 
existentes na Mesopotâmia encontra respaldo apenas na tradição; não há 
qualquer relação com os códigos modernos (documento sistematizado, com 
princípios, conceitos, institutos etc). 
A Mesopotâmia foi responsável pela promulgação de diversos “códigos” 
durante a sua história. Entre alguns, podemos citar o Código de Ur-Nammu, Código 
Fundamentos Sociais e Históricos do Direito - Unidade Nº 1 - Panorama Geral 
 
de Lipit-Ishtar e o Código de Esnunna. Mas, talvez, o mais relevante e mais 
conhecido seja o Código de Hammurabi. 
O Código de Hammurabi, promulgado por volta de 1.694 a.C., representa 
uma das principais fontes históricas de estudo da antiga Mesopotâmia. Composto 
por 282 artigos, ele detalha aspectos importantes da sociedade babilônica, desde 
penas para diversos crimes até especificidades do direito de família, tais como 
institutos da adoção e da sucessão. 
Dentro do direito privado, a obra de Hammurabi preceitua diversas 
modalidades de contratos e negócios jurídicos, tais como arrendamento, 
responsabilidade civil, empréstimo a juros e sociedades de comerciantes. 
 
Figura 1 - Imagem do Código de Hammurabi. Fonte: Estudo Prático. 
 
 
 
Você quer ver? 
Veja a grandiosidade do Código de Hamurabi no Museu do 
Louvre (Paris, França) 
https://youtu.be/DGNnpVu1QVg 
 
Fundamentos Sociais e Históricos do Direito - Unidade Nº 1 - Panorama Geral 
 
Diferentemente do que ocorreu com a Mesopotâmia, não chegou ao 
conhecimento da modernidade nenhum texto legal do antigo Egito. Há, contudo, 
excertos de contratos, testamentos e atos administrativos, além de inúmeras 
referências às normas jurídicas em textos sagrados e literatura da época. 
No estudo da história do direito durante o Egito antigo, talvez a 
contribuição mais interessante seja a representação da deusa maat, que 
simbolizava o princípio da justiça. O faraó, que acreditavam ser uma 
personificação divina, tinha o dever de velar pela aplicação do princípio da justiça 
da deusa maat, que era o símbolo da paz, da solidariedade social e do equilíbrio 
de todas as coisas. 
A jurisdição, na aplicação do direito, era exercida pelo faraó, que poderia 
delegar a função de decidir para funcionários. Esse funcionário, em regra, era o 
vizir, que também era sacerdote da deusa maat. 
 
Figura 2 - ilustração da deusa maat. Fonte: Nova Acrópole. 
2.3. Grécia Antiga 
A história e as fontes do direito grego não são muito conhecidas pelo 
homem moderno por dois motivos: primeiro, a recusa da sociedade grega em 
aceitar a profissionalização do direito e da figura do advogado; segundo, os gregos 
preferiam falar a escrever. 
A recusa dos gregos em profissionalizar o direito se traduz na ausência da 
figura de juízes, promotores e advogados. Em Atenas, existia um tribunal popular, 
chamado heliaia, que julgava todas as causas, tanto públicas como privadas. Os 
membros da heliaia eram cidadãos comuns, responsáveis pelas decisões. A 
Fundamentos Sociais e Históricos do Direito - Unidade Nº 1 - Panorama Geral 
 
acusação e a defesa eram feitas pelos próprios litigantes, que deveriam persuadir 
o júri a seu favor por meio da retórica da persuasão. A única ajuda que recebiam 
era dos logógrafos, personalidades com considerável conhecimento das leis e do 
processo, tais como banqueiros, políticos, entre outros. Esses logógrafos eram 
responsáveis por escrever para seus clientes um discurso que este último deveria 
apresentar como se fosse de sua autoria. 
Outros institutos importantes presentes no direito processual grego são a 
arbitragem e a mediação como alternativas ao processo judicial normal. 
Apesar da existência da escrita no século VIII a.C., que permitiu a 
codificação de leis e a sua divulgação através de inscrições nos muros das cidades 
gregas, os gregos tinham predileção pela oralidade, o que é demonstrado pela 
prática da retórica nas heliaia. Talvez o motivo seja a inexistência de materiais 
duráveis onde pudessem escrever. O desenvolvimento da escrita em material 
durável ocorreu paralelamente à evolução da sociedade e do direito grego. 
Em relação ao direito codificado, é possível verificar leis gregas em diversas 
áreas. No direito penal, os gregos já diferenciavam o homicídio entre voluntário, 
involuntário e em legítima defesa, como é demonstrado pela lei de Drácon (620 
a.C), que vigorou aproximadamente até IV a.C. Ainda na categoria de crimes, 
haviam as leis de Zaleuco, que fixava as sanções para determinadas ofensas; as 
leis de Carondas, que também estabeleciam penalidades para diversos crimes; e 
as leis de Sólon, que previam multa para estupro, sanções específicas para roubo, 
e penalidades para difamação e calúnia. 
No direito de família, haviam leis sobre casamento, sucessão, adoção, 
escravos, cidadania, legitimidade de filhos, herança, etc. Também haviam leis 
públicas que regulavam as atividades religiosas, a economia, aluguéis, vendas, 
dívidas, direitos e deveres políticos dos cidadãos, entre outros assuntos. 
Como é possível notar, os gregos influenciaram grandemente algumas das 
nossas práticas jurídicas modernas: o conceito de júri popular, a figura do 
advogado na forma primitiva do logógrafo, os institutos da mediação e da 
arbitragem, a gradação da pena de acordo com a gravidade da ofensa e, 
finalmente, a retórica e a eloquência forense. 
2.4. Império Romano 
Fundamentos Sociais e Históricos do Direito - Unidade Nº 1 - Panorama Geral 
 
A história do Direito romano vai desde a sua fundação, em 753 a.C., até a 
morte do imperador Justiniano, em 585 d.C. Durante todo esse período, o direito 
romano passou por constante evolução até constituir-se em um dos mais 
importantes sistemas jurídicos da humanidade. 
A história jurídico-política do Império Romano corresponde à seguinte 
ordem cronológica: 
1) Período da Realeza (753 a.C. a 510 a.C.); 
2) Período da República (510 a.C. até 27 a.C.); 
3) Período do Principiado (de 27 a.C.a 285 d.C.); 
4) Período do Baixo Império (de 285 a.C. até 585 d.C.). 
Na fase da Realeza, Roma foi governada por um total de sete reis, durante 
um período de aproximadamente 250 anos. As instituições político-jurídicas se 
vinculavam à existência de um Estado Teocrático, com a figura do rei exercendo 
múltiplas funções: era, ao mesmo tempo, magistrado, chefe político, religioso e 
militar. Durante esse período, o Direito era essencialmente costumeiro, e a 
jurisprudência era monopolizada pelos pontífices. 
Após a abolição da realeza em Roma, foi implantada a República. Durante 
esse período, as fontes do direito são o costume, a lei, o plebiscito, a interpretação 
das jurisprudências e os editos dos magistrados. Os magistrados patrícios 
julgavam segundo costumes que apenas eles conheciam. A insegurança jurídica 
vivida pelos plebeus levou-os a exigir a elaboração das leis escritas. Como 
resultado, foi elaborada a Lei das XII Tábuas, cuja importância para o direito 
moderno é inegável, sendo até hoje considerada como fonte do direito público e 
privado. 
A Lei das XII Tábuas já protegia a propriedade, punindo quem contra ela 
atentasse. Ao lado do conceito de propriedade, também surgiram conceitos de 
condomínio, teorias sobre a posse, poder de fato, o conceito de pessoa jurídica. 
No campo do direito das obrigações, os romanos substituíram a punição pessoal 
e corporal pela patrimonial. 
O Principado é conhecido por ser um período de transição entre a 
República e o Baixo Império. A autoridade política e militar do imperador é 
Fundamentos Sociais e Históricos do Direito - Unidade Nº 1 - Panorama Geral 
 
máxima, e o seu poder é compartilhado com o Senado. Por isso, o poder judiciário 
também é partilhado entre o príncipe e o Senado. 
Em relação às fontes do direito, o costume continua tendo papel relevante; 
as leis, em especial as leges datae, que correspondem aos regulamentos 
administrativos do nosso direito atual, adquirem maior importância. Em 
contrapartida, os editos dos magistrados perdem relevância. Ganham destaque 
as constituições imperiais (medidas de ordem legislativa promulgadas pelo 
imperador) e as respostas dos jurisconsultos, que eram pareceres jurídicos feitos 
por quem fixa o direito. 
Durante o Baixo Império, as constituições imperiais (leges) são a única fonte 
do direito romano. Nesse período surgem as codificações (ou compilações), sob 
o governo de Justiniano que também é o responsável pela produção do maior 
legado deixado pela civilização romana: o Corpus Juris Civilis. O Corpus Juris Civilis 
é uma obra que condensa, em um só corpo, todos os textos de lei de todos os 
períodos do Império Romano, e constitui a origem de todos os principais 
institutos jurídicos ocidentais dos dias atuais. 
3. Direito Medieval e Moderno 
A queda do Império Romano e as invasões bárbaras não extinguiram o 
direito até então vigente na Europa Ocidental, sendo possível observar o 
predomínio da influência romana em diversas regiões do antigo Império durante 
algum tempo. 
No entanto, sem o domínio do Imperador, cada povo passou a viver de 
acordo com as suas próprias leis, dando origem a um princípio até hoje utilizado 
no direito, denominado “princípio da personalidade”, o qual preleciona que o 
indivíduo vive segundo as regras jurídicas de seu local de nascimento, não 
importando o local onde se encontre. 
Com o poder descentralizado, teve início a era do Feudalismo, um modelo 
de organização político e social centralizado na propriedade da terra, em que o 
senhor feudal cedia parte de sua propriedade ao vassalo (servo) em troca de 
serviços. Tal sistema perdurou por séculos e é uma das características mais 
marcantes da Idade Média. 
Fundamentos Sociais e Históricos do Direito - Unidade Nº 1 - Panorama Geral 
 
 
Figura 3 - Camponeses trabalham na propriedade de um senhor feudal. Fonte: Sobre História 
Assim, a Europa Ocidental se transformou em um conjunto de pequenas 
propriedades (feudos) que se autossustentavam economicamente e eram 
comandadas por nobres que, embora sujeitos a um rei, possuíam exércitos 
próprios. 
3.1. Direito Medieval: Características e Fontes do Direito 
Ainda que o rei ocupasse o topo da hierarquia medieval, a forma como o 
território era dividido à época e a fragilidade política dos reinos recém-criados 
impediam que sua vontade fosse determinante para os senhores feudais, que 
acabavam por exercer, dentro de seus feudos, todas as funções de poder, 
inclusive legislativa e judicial. Assim, o direito se torna resumido às relações 
vassalo-suserano, ou seja, cada feudo era dirigido de acordo com a vontade do 
senhor em relação aos seus servos. 
O costume, que é o conjunto de práticas reiteradas durante um longo 
período, se torna a fonte do direito feudal. Ao contrário do direito romano, os 
escritos jurídicos são praticamente inexistentes nos séculos X e XI, inclusive os 
contratos, salvo aqueles advindos das relações que a Igreja Católica considerava 
importante registrar. As instituições religiosas, inclusive, eram as detentoras do 
acesso à leitura e escrita. O povo, em sua esmagadora maioria, não sabia ler nem 
escrever. 
Fundamentos Sociais e Históricos do Direito - Unidade Nº 1 - Panorama Geral 
 
Assim, a codificação do direito, marca do direito romano, se tornou 
desprezada, dando início a uma era de julgamentos baseados em crendices 
religiosas e superstições, as quais supostamente revelavam a vontade divina. 
3.1.1. Direito medieval feudal 
Na sociedade medieval prevaleciam as relações baseadas no controle da 
terra. Os homens se dividiam entre os que se dedicavam à atividade religiosa 
(clérigos); cavaleiros e senhores, que lutavam nas guerras; e servos, que 
trabalhavam nas propriedades. 
As relações de direito também estavam ligadas à terra, havendo dois 
sistemas de relações: um relacionado à própria relação do senhor com a terra e 
outro relacionado a relação do suserano com seus servos. Esses dois sistemas, 
senhorial e feudal, se desenvolvem paralelamente, em ritmos distintos, pois o 
direito referente à propriedade interessava mais a quem detinha poder, sendo, 
portanto, alvo de maiores cobranças por segurança jurídica. 
Têm-se o início da divisão entre regras gerais e regras particulares. As 
primeiras, representadas pela atividade legislativa e as segundas, pelos casos 
concretos. As regras gerais eram produzidas em conselhos e cortes, após 
discussões e barganhas entre os vários interessados. 
Após diversas crises no sistema político, ocasionado pela ascensão social 
de senhores feudais inferiores e pela crescente expansão da jurisdição da igreja, 
o direito feudal passou também a ser positivado, ou seja, escrito e publicado. 
Alguns exemplos são os Usos de Barcelona (1068), a Carta de Pisa (1142) e os Libri 
Feudorum de Milão (1095-1130). 
3.1.2. Direito canônico 
Durante a Idade Média, o direito canônico foi o único direito escrito e 
universal. A interpretação privativa do Papa dava às interpretações católicas 
uniformidade e unidade. Tal direito eclesiástico foi aos poucos substituindo a 
jurisprudência romana, embora alguns de seus preceitos ainda mantivessem 
influência, quando não conflitantes com os decretos da Igreja. 
Esses decretos ficaram conhecidos como ius divinum (direito divino), que 
são um conjunto de regras legais teoricamente inspiradas no Antigo e no Novo 
Testamento, bem como em escritos de mestres da igreja. 
Fundamentos Sociais e Históricos do Direito - Unidade Nº 1 - Panorama Geral 
 
O direito canônico possui grande relevância na história do Direito, por sua 
influência no contexto das instituições, assim como na cultura jurídica. Conforme 
pontuado por José Reinaldo de Lima Lopes: 
(...) é dele que parte a reorganização completa da vida 
jurídica europeia, e as cortes, tribunais e jurisdições leigas, 
civis, seculares, principescas, serão mais cedo ou mais 
tarde influenciadaspelo direito canônico (LOPES, 2011). 
Dessa forma, por meio da Igreja Católica, o direito positivado se tornou 
intrinsecamente ligado a valores sobrenaturais e espirituais, sendo legitimado 
principalmente pelo argumento da inspiração divina e acabou por se resumir aos 
tribunais eclesiásticos. 
 
Você quer ver? O professor de Direito da Universidade Católica de Brasília Paulo 
Bosco de Souza fala sobre o Direito Canônico em entrevista produzida pela TV 
Justiça. Acesse em: <https://youtu.be/LN1Tg0ub6hk/>. 
 
3.1.3. Principais características do Direito Medieval 
De modo geral, segundo Lopes, podem ser destacadas as seguintes 
características do Direito Medieval: 
Pluralismo de jurisdições – caracterizada pelo fato de que nenhum 
grupo controlava todos os aspectos da vida civil. 
Rejeição da legislação pelo desuso que se caracteriza pela não 
aplicação de leis antigas por sua não correspondência à realidade. 
Ideologia do direito natural também chamada de jusnaturalismo, para 
controle de leis abusivas, que prelecionava existirem leis divinas e da 
natureza que incorporam ao homem direitos, desde o seu 
nascimento, formando uma ideia de justiça universal. 
Costume como fonte de direito – consubstanciado especialmente no 
fato de cada feudo possuir uma realidade própria; 
https://youtu.be/LN1Tg0ub6hk/
Fundamentos Sociais e Históricos do Direito - Unidade Nº 1 - Panorama Geral 
 
Busca pelo bem comum, o qual impedia que interesses 
exclusivamente particulares justificassem decisões relativas a 
qualquer grupo. 
3.1.4. A Inquisição 
Nos séculos XII e XIII, no período conhecido como Baixa Idade Média, o 
poder da Igreja atingiu seu auge, pois o Estado era completamente influenciado 
pelo poder eclesiástico, inclusive para a ascensão de reis ao trono. Era a Igreja 
quem os consagrava e ditava os limites de seu poder. 
Foi nesse período que teve início a fase da Inquisição, sob a justificativa de 
evitar qualquer forma de oposição aos dogmas da Igreja Católica, o que era 
chamado de heresia. 
A expressão “heresia” compreendia toda atividade contrária ao que tinha 
sido pactuado pela Igreja como matéria de fé. Assim, inúmeros grupos 
minoritários da sociedade, como os mouros e os judeus, foram considerados 
hereges, além dos acusados de praticar bruxaria. 
A Inquisição, também chamada Inquisição Medieval, manifestava-se 
através da identificação, processamento, julgamento e condenação de pessoas 
suspeitas de heresia. Tal atividade era exercida por membros do clero da igreja, 
que se dividiam entre Tribunais Eclesiásticos e Tribunais Seculares. 
A prática da tortura era comum em tais tribunais e visava obter a confissão 
do acusado. Essa prática também era utilizada como forma de repressão àqueles 
que se opunham ao poder da Igreja, que, quando se via ameaçada por alguma 
ideia ou dogma diferente, transformava o ato em crime religioso, a fim de poder 
processar, julgar e condenar o transgressor em seus próprios tribunais. 
A Inquisição perdurou por vários séculos, até o início da Era Moderna, 
quando a Igreja perdeu grande parte de seu poder sobre o Estado e as matérias 
penais passaram a ser responsabilidade de tribunais seculares. 
3.2. Direito Moderno 
Diversos eventos históricos deram fim a Idade Média e promoveram uma 
profunda transformação política na Europa. A Reforma Protestante levou a 
divisão entre Estado e Igreja, separando o direito eclesiástico daquele emanado 
Fundamentos Sociais e Históricos do Direito - Unidade Nº 1 - Panorama Geral 
 
pelo rei. Houve o fortalecimento do Estado e o surgimento de reinos como 
Portugal, França e Espanha, com território definido e um governo centralizado. A 
sociedade agora era mercantilizada e as relações comerciais se expandiam para 
outros continentes. 
O início da Modernidade, no século XVI, também despertou o movimento 
iluminista, com ideias centradas na razão e no homem e não mais na inspiração 
divina. Tais ideias fortaleceram a concepção de jusnaturalismo e a afirmação do 
sujeito como centro do direito. 
O direito deixa de ser apenas um instrumento de boas intenções e passa a 
ser necessário para a eficácia dos principais objetivos políticos: paz civil e 
prosperidade econômica. Assim, o direito se torna mais procedimentalista, para 
regular o exercício do poder e não apenas promover a cooperação na vida em 
sociedade. 
Dentre as principais mudanças, destacam-se aquelas ocorridas no direito 
processual penal. O procedimento acusatório foi superado e o direito romano foi 
sendo reinstaurado pelos juristas da época. A própria Igreja incentivou a 
mudança para o modelo inquisitorial. 
Algumas das vantagens desse modelo eram: a publicidade do processo, 
embora os atos ficassem restritos somente à vítima e sua família; a desvinculação 
da figura do acusador, passando a ser responsabilidade do Estado; a necessidade 
de provas contundentes para atestar a culpabilidade e o redimensionamento de 
métodos de tortura para obter confissões. 
Após o declínio da Inquisição, o direito passou a ser laicizado, ou seja, 
desvinculado da Igreja, tornando o processo mais humanizado. 
O jusnaturalismo ascendeu, proclamando que há deveres naturais 
absolutos, ou seja, de todos para com todos e que são o fundamento do direito 
natural, ao contrário de deveres que dependem de reconhecimento de alguma 
instituição, como o contrato e o casamento. Há também a retomada do 
positivismo, o que trouxe cientificidade e racionalidade para o direito. 
Inúmeras revoluções ocorreram nos séculos seguintes, como a Francesa 
(1789) e Americana (1776), baseadas nas ideias do jusnaturalismo e da 
positivação do Direito. 
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O final da era moderna marca o fim do direito eclesiástico e sua 
substituição pelos direitos individuais, principalmente os relacionados à 
propriedade e à liberdade. Houve a extinção da jurisdição eclesiástica sobre 
questões penais e civis, que se tornam adstritas ao Estado. O direito processual 
também passa a ser tão considerado quanto o direito material, levando-se em 
notável consideração o processo de elaboração das leis para sua legitimidade. 
4. História do Direito brasileiro 
Diferentemente da forma como aconteceu com os povos antigos, a 
exemplo dos gregos, romanos e germânicos, o direito brasileiro não resultou da 
evolução gradual e milenária de um povo. A condição do Brasil como colônia de 
Portugal fez com que toda a nossa formação jurídica se desse de forma imposta, 
e não como resultado natural das relações sociais entre os diferentes segmentos 
da sociedade. 
De fato, a legislação da colônia não refletia a vontade das populações 
nativas e dos nascidos brasileiros, mas impunha o projeto colonizador português, 
preterindo as reais necessidades locais pelo interesse das elites agrárias. 
Assim, a história do direito brasileiro foi moldada pelos principais eventos 
históricos desde a chegada dos portugueses em nossas terras. Não só nossas 
terras foram exploradas, mas os nativos indígenas e os negros que para cá foram 
trazidos também. Todos esses fatores políticos, sociais e culturais influenciaram 
diretamente a formação do direito brasileiro como conhecemos hoje. 
a. Movimentos históricos relevantes anteriores a 1916 
Em 1549, a primeira forma de governo no Brasil Colônia foi o sistema de 
capitanias hereditárias. Com o fracasso desse sistema, Portugal estabeleceu uma 
centralização administrativa da Colônia, nomeando um governador-geral. Assim, 
passaram a viger as ordenações do reino, que correspondiam a compilações das 
leis gerais existentes. O ajuntamento dessas leis fez surgir três grandes 
ordenações: Ordenações Afonsinas (1466), Ordenações Manuelinas (1521) e 
Ordenações Filipinas (1603), que vigoraram até a entrada em vigor do Código Civil 
em 1916. 
Em 1587, foi criado o primeiro tribunal do Brasil e também da América: o 
Tribunalde Relação da Bahia. Entretanto, este tribunal só foi efetivamente 
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instalado em 1609, posteriormente sendo suprimido em 1626. O interesse do rei 
Felipe II, de Portugal e Espanha, ao criar este tribunal, era diminuir o poder dos 
ouvidores. 
Em 1720, ocorreu a criação das Casas de Fundição, órgãos responsáveis 
pela arrecadação dos tributos sobre a mineração, que tinham como objetivo 
garantir a cobrança do quinto e dos impostos decorrentes do seu uso. Entre 1750 
e 1760, mais dois impostos foram instituídos: as 100 arrobas e a derrama. Esses 
acontecimentos foram importantes para despontar a Inconfidência Mineira em 
1789. 
Em 1808, após ameaça de invasão por Napoleão Bonaparte, a Corte 
Portuguesa foge para o Brasil. A chegada da família real contribuiu de forma 
significativa na urbanização, no comércio e na criação de academias militares na 
Colônia. 
Alguns anos depois, em 1822, sobreveio a Independência do Brasil. A 
independência marcou o início do estudo das ciências jurídicas brasileiras e da 
elaboração das leis nacionais, com o marco inicial da primeira Constituição 
Imperial de 1824, que conferiu as bases da organização político-institucional do 
país recém independente. 
Em 1827, são criados os primeiros cursos de Ciências Jurídicas e Sociais no 
Brasil, em São Paulo e Olinda. Em 1830, é sancionado o Código Criminal do 
Império, o primeiro código penal brasileiro. Em 1850 é publicada a Lei de Terras, 
a primeira lei criada no sentido de organizar a propriedade privada no Brasil. 
Em 1888, a Lei Áurea, que extinguiu a escravidão no Brasil, é sancionada. 
No ano seguinte, em 1889, é proclamada a República. 
Entre 1889 e 1894 subsistiu a República da Espada, período em que o Brasil 
viveu sua primeira ditadura militar sob o governo dos marechais Deodoro da 
Fonseca e Floriano Peixoto. 
Em 1891, é promulgada a Primeira Constituição Republicana, que vigorou 
até 1934. Também conhecida como a “Constituição de Ruy Barbosa”, essa 
Constituição se caracterizava pela estrutura federativa e republicana, eletividade 
dos governantes e pela tripartição dos poderes. Sua elaboração, pelo jurista 
baiano Ruy Barbosa, recebeu grande influência da Constituição dos Estados 
Unidos. 
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Por fim, em 1916, é publicado o primeiro Código Civil Brasileiro. 
4.2. Codificação, decodificação e recodificação do Direito Civil 
brasileiro 
A codificação é um movimento jurídico nascido na Europa em meados do 
século XIX, que visava a unificação do direito em uma única obra. Em 1804, o 
Código Napoleônico marcou o início da codificação do direito privado. 
Com a proclamação da Independência do Brasil em 1822, o governo 
imperial promulgou uma lei que mantinha as leis portuguesas e as Ordenações 
Filipinas em vigor até que fosse organizado e publicado o primeiro Código Civil 
brasileiro. A Constituição Imperial de 1824 era clara ao determinar a urgência em 
elaborar um código civil moderno e nacional, que atendesse às peculiaridades da 
cultura e da sociedade brasileira da época. Apesar do comando constitucional, 
até 1840, nada havia sido feito. 
Finalmente, em meados de 1850, influenciado pelo Código Napoleônico, o 
Brasil começou a codificar. Em 1899, Clóvis Beviláqua redigiu o anteprojeto do 
Código Civil que só foi aprovado em 1916. 
A ideia por trás da codificação do direito privado era fornecer uma lei 
imutável e perene, que garantisse segurança jurídica. Com o tempo, o código 
começa a perder esse status, pois não consegue acompanhar a evolução dos 
costumes sociais e a modernização da sociedade. O próprio Código Civil de 1916, 
idealizado na época em que a sociedade era patriarcal e agrária, já não se 
mostrava eficaz em solucionar os litígios sociais, pois não continha todas as 
normas necessárias para regular as complexas relações que se formavam. 
Assim, de 1916 a 2003, vimos acontecer a decodificação do Código Civil: 
várias outras leis especiais foram criadas para suprir a lacuna do antigo código, 
formando um microssistema de legislações (ex.: Estatuto da Criança e do 
Adolescente, Código de Defesa do Consumidor, Lei de Registro Público, etc). 
Partimos, então, de um monossistema para um polissistema de leis. 
Hoje, muitas matérias de direito civil não estão no código, mas em leis 
esparsas, devido a esse processo de decodificação. Após a promulgação da 
Constituição da República de 1988, surgiu a necessidade de se elaborar um novo 
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Código Civil em conformidade com os ditames constitucionais. Assim, o direito 
civil foi recodificado a partir da elaboração do Código Civil de 2002. 
Durante toda essa trajetória, e principalmente após a valorização do 
princípio da dignidade da pessoa humana pela Constituição da República de 1988, 
o direito civil evoluiu saindo de um viés essencialmente patrimonialista para 
voltar suas atenções nos valores sociais. 
 
Você quer ver? Os professores Michael Dionísio de Souza e Ricardo Marcelo 
Fonseca falam sobre a composição jurídica do Brasil entre 1769 e 1916, período 
que antecede nosso primeiro Código Civil. Também discutem sobre a influência 
das leis de Portugal no país. Acesse o vídeo em: <http://youtu.be/tuCW22kpcR4/>. 
 
 
 
Síntese 
Nesta Unidade verificamos que desde os primórdios da História houve 
alguma forma de direito regendo a sociedade, o que demonstra que as leis, sejam 
elas positivadas ou não, são necessárias para estabelecer a ordem e a paz social. 
A evolução do Direito não foi linear, possuindo fases de grande evolução 
no aspecto de positivação e outras de regresso a um estado de direito baseado 
nos costumes e em relações diretas entre indivíduos. 
A titularidade do direito também passou por grandes evoluções, tendo 
início na ideia de vontade divina (divindades pagãs do Oriente Médio), depois para 
um poder central (Império Romano), após, para a Igreja Católica, até voltar ao 
Estado e por fim colocar o homem como o detentor natural do direito. 
Embora o direito possa ser verificado em relações sociais menos 
complexas, percebe-se que sua evolução possui relação intrínseca com o conceito 
de Estado. Quanto mais fortalecido um poder centralizado, maior o alcance das 
http://youtu.be/tuCW22kpcR4/
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leis e do direito. Isso também impactava a impessoalidade do direito: quanto 
menor o alcance da norma, maiores as chances de as decisões serem tomadas 
em critérios pessoais. 
A Igreja Católica, aproveitando-se da instabilidade política gerada após a 
queda do Império Romano, acabou por ocupar o lugar de legisladora e de juíza, 
tendo em vista ser a única instituição com um poder centralizado, representada 
na figura do Papa. 
A ideia de que os homens possuem direitos naturais intrínsecos 
(jusnaturalismo) promoveu a evolução do conceito de direitos fundamentais 
invioláveis, como a vida, a propriedade e a liberdade, o que contribuiu para a 
limitação do poder do Estado e deu ao direito maior racionalidade, em contraste 
com a religiosidade dos regimes anteriores. 
A evolução do direito brasileiro, por sua vez, não ocorreu da mesma forma 
que na Europa Ocidental, por não haver em nosso território qualquer organização 
política como a europeia. O direito foi trazido por uma fonte externa, os 
colonizadores portugueses, após intensas transformações do estado português. 
As modificações de acordo com a realidade e necessidade local começaram 
a ocorrer somente após a independência, com a primeira Constituição brasileira, 
outorgada em 1824, por Dom Pedro I. Ainda assim, apenas em 1850 é que o Brasil 
começou a codificar suas leis civis. 
Desde a publicação do Código Civil de 1916, a legislação civil brasileira 
passoupor diversas transformações, acompanhando a modernização da 
sociedade e se adaptando à nova realidade pós Constituição de 1988. 
Por isso, o Código Civil de 2002 é um marco na evolução do nosso direito 
civil. Ele é exemplo de lei de uma importância basilar, em razão do seu extenso 
conteúdo que regula e organiza todas as relações sociais entre as pessoas - 
naturais ou jurídicas. 
Nesta unidade você teve oportunidade de aprender a respeito dos 
seguintes tópicos: 
● Panorama geral 
● Direito arcaico e formação do Direito Primitivo; 
● Direito Antigo: Impérios orientais - Mesopotâmia e Egito Antigo; 
Fundamentos Sociais e Históricos do Direito - Unidade Nº 1 - Panorama Geral 
 
● Grécia Antiga e Império Romano 
● Direito Medieval e Moderno; 
● História do Direito Brasileiro. 
 
 
Fundamentos Sociais e Históricos do Direito - Unidade Nº 1 - Panorama Geral 
 
Bibliografia 
FERRAZ JÚNIOR, Tércio Sampaio. Introdução ao estudo do direito: técnica, 
decisão, dominação. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2016. 1 [Biblioteca virtual] ISBN 
9788597006704. 
LOPES, José Reinaldo de Lima. O direito na história: lições introdutórias. 5. ed. São 
Paulo: Atlas, 2011. 1 [Biblioteca virtual] ISBN: 9788522490813. 
ROCHA, José Manuel Sacadura. Sociologia Jurídica, 5ª edição. Rio de janeiro: 
Forense, 2018. ISBN 978-85-309-8033-7. 
Referências imagéticas: 
Figura 1 - Imagem do Código de Hammurabi. Disponível em: 
<https://www.estudopratico.com.br/codigo-de-hamurabi/>. Acesso em: 11 out. 
2019. 
Figura 2 - Ilustração da deusa maat. Disponível em: <https://www.nova-
acropole.pt/deusa-maat-estudo-simbolico/>. 
Figura 3 - SOBRE HISTÓRIA. O Arado e a ferramenta que possibilitou a expansão 
do século XI. Disponível em: <https://sobrehistoria.com/el-arado-la-herramienta-
que-posibilito-la-expansion-del-siglo-xi/>. Acesso em: 11 out. 2019. 
 
https://www.estudopratico.com.br/codigo-de-hamurabi/
https://www.nova-acropole.pt/deusa-maat-estudo-simbolico/
https://www.nova-acropole.pt/deusa-maat-estudo-simbolico/
https://sobrehistoria.com/el-arado-la-herramienta-que-posibilito-la-expansion-del-siglo-xi/
https://sobrehistoria.com/el-arado-la-herramienta-que-posibilito-la-expansion-del-siglo-xi/

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