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Defeitos Prof. Priscyla Andrade Defeitos • Os cristais estudados até agora são perfeitos; • Os cristais reais são apresentados com inúmeros defeitos, que são classificados por sua dimensionalidade; • São importantes porque podem causar uma mudança significativa nas propriedades de um material. Defeitos • É uma imperfeição ou um "erro" no arranjo periódico regular dos átomos em um cristal. • Podem envolver uma irregularidade • Na posição dos átomos • No tipo de átomos Importância Defeitos • Defeitos Pontuais- Irregularidades sobre alguns átomos Vacâncias /lacunas Impurezas intersticiais ou substitucional • Defeitos Lineares- Irregularidades num fileira de átomos Discordâncias em hélice ou cunha • Defeitos Planares- Irregularidades através de um plano de átomos Interfaces e contornos de grão • Defeitos Volumétricos- Defeitos macroscópicos que se estendem sobre um conjunto de átomos na estrutura ou no volume. Poros, fraturas, inclusões e outras fases. Defeitos Pontuais • Devido à agitação térmica, os átomos de um cristal real estão sempre vibrando. • Quanto maior a energia térmica (ou temperatura), maior será a chance de átomos saírem de suas posições, deixando um vazio (vacância) em seu lugar. • O crescimento, processamento, efeitos de radiação e outros. Vacância ou Lacuna • Envolve a falta de um átomo • São formados durante a solidificação do cristal ou como resultado das vibrações atômicas (os átomos deslocam-se de suas posições normais) • Todos os sólidos cristalinos possuem lacunas Visualização de defeitos pontuais Concentração de Defeitos • Para formar defeitos é necessário dispor de energia. • Normalmente esta energia é dada na forma de energia térmica. Isto quer dizer que quanto maior a temperatura, maior será a concentração de defeitos. Para muitos tipos de defeitos vale o seguinte: onde CD é a concentração de defeitos QD é a energia de ativação para o defeito k é a constante de Boltzmann T é a temperatura absoluta em Kelvin Interstício • Envolve um átomo extra no interstício (do próprio cristal) • Produz uma distorção no reticulado, já que o átomo geralmente é maior que o espaço do interstício • A formação de um defeito intersticial implica na criação de um vazio. Exemplo IMPUREZA • Impurezas poderão assumir dois tipos de posição na rede cristalina de outro material Interstícios - espaços vazios na rede – impureza intersticial Substituindo um átomo do material – impureza substitucional • Impureza intersticial - um exemplo fundamental Carbono em α- Ferro (aço) Soluções sólidas • Ela se forma quando o soluto é adicionado ao solvente e nenhuma nova estrutura é formada. • Podem ser: • Substitucional- Quando um átomo de impureza toma o lugar de outro. • Intersticiais- Os átomos de impureza preenchem os espaços vazios ou interstícios que existem entre os átomos. Sólidos Iônicos • Num cristal iônico, a falta de dois íons de carga contrária, origina- se uma bi-lacuna cátion-ânion que é conhecido como defeito de Schottky. • E se um cátion se move para um interstício, cria-se uma lacuna catiônica. E este par de lacuna intersticial é chamado de defeito de Frenkel. • A presença desses defeitos nos cristais iônicos aumenta sua condutividade elétrica. Defeitos Imperfeições diversas • Discordâncias- é um defeito linear ou unidimensional em torno do qual alguns átomos são desalinhados. Podem ser: Cunha (aresta)- A distorção diminui de intensidade quando se caminha em sentido oposto à aresta do semiplano, porque a grandes distâncias dessa aresta, os átomos tendem a rearranjar-se como em um cristal perfeito. A distorção do cristal é centrada em torno da aresta do plano. Imperfeições diversas Espiral (parafuso)- É formada num cristal aplicando tensões de corte. E essa tensão introduz uma região distorcida, com a forma de uma rampa, em espiral, de átomos distorcidos em torno da linha. Defeitos interfaciais • São contornos que possuem duas dimensões e normalmente separam as regiões dos materiais que possuem diferentes estruturas cristalinas. • Eles podem ser: Superfície externa; Contorno de grão; Contornos de macla; Fronteiras entre fases; Defeito de empilhamento Defeitos interfaciais • Contornos de fase- São fronteiras que separam fases com estruturas cristalinas e composições distintas. Defeitos interfaciais • Limites de grão- Em materiais policristalinos os grãos são separados com diferentes orientações. Nos metais, os limites de grãos são formados durante a solidificação. • Tamanho do grão é importante nos metais policristalino, porque influencia nas propriedades, especialmente na resistência mecânica. • Contorno de macla- São distorções da rede cristalina causadas por pequenos deslocamentos dos átomos de suas posições regulares, devido a tensões ou tratamento térmico, fazendo com que a parte deformada da rede pareça ser uma imagem da parte não deformada refletida em espelho. • A formação de maclas é também um mecanismo de deformação plástica. A interface entre as porções deformada e não deformada é denominada de contorno de macla. Defeitos Volumétricos ou Tridimensionais • São introduzidas no processamento do material e/ou na fabricação do componente. São eles: • Inclusões - Impurezas estranhas • Precipitado - são aglomerados de partículas cuja composição difere da matriz • Fases - forma-se devido à presença de impurezas ou elementos de liga (ocorre quando o limite de solubilidade é ultrapassado) • Porosidade - origina-se devido a presença ou formação de gases Defeitos tridimensionais • Poros- Um poro é ausência de material (uma segunda fase "oca"). Os poros (que podem ser vistos como um aglomerado de vazios) ocorrem com frequência nos componentes fundidos e são "parte" dos materiais e/ou componentes obtidos pela metalurgia do pó. Inclusão Segunda fase Como observamos estes defeitos nos materiais? • Através da MICROSCOPIA. Ela pode ser: Óptica; Eletrônica de Varredura; Eletrônica de Transmissão. Efeito dos defeitos • Defeitos pontuais fazem os materiais absorver a luz de forma diferente (mudança de cor) • O processo de dopagem em semicondutores visa criar imperfeições para mudar o tipo de condutividade em determinadas regiões do material • A deformação mecânica dos materiais promove a formação de imperfeições que geram um aumento na resistência mecânica (processo conhecido como encruamento) • Aumentar a resistência mecânica; aumentar a resistência à corrosão; Aumentar a condutividade elétrica Difusão Difusão • Está associada ao transporte de massa que ocorre em um sistema quando nele existe diferença de potencial termodinâmico (que pode ser proporcional à diferença de concentração química, quando o sistema está em equilíbrio térmico). • Governada por diferentes mecanismos e manifestando-se com magnitudes bastante distintas, a difusão ocorre no interior de sólidos, líquidos e gases. Difusão • No interior dos sólidos, a difusão ocorre por movimentação atômica (no caso de metais), de cátions e ânions (no caso de cerâmicas) e de macromoléculas (no caso de polímeros). Histórico Robert Boyle (1627-1691) foi o primeiro a reportar que um sólido (zinco) penetrou em uma moeda de cobre e formou um material dourado (latão = liga cobre-zinco) O fenômeno da difusão em sólidos foi formalmente comunicado em 1896 por Sir Roberts-Austen, estudando a difusão do ouro emchumbo. Ele determinou o coeficiente de difusão do Au no Pb e a difusividade do ouro emfunção do inverso da temperatura. Mecanismos que explicavam o fenômeno da difusão no passado (até aproximadamente 1950): a troca simultânea de átomos ou o modelo da troca por anel (não existia ainda o conceito de lacuna). Aplicações • A presença da difusão em nosso cotidiano não é tão rotineira, mas é grande sua importância para a fabricação de componentes ou estruturas de engenharia. Movimentação dos átomos • A movimentação de cada átomo pode ser descrita como sendo um caminho aleatório (random-walk) no espaço. Par de difusão • O par de difusão é formado quando as superfícies de duas barras de materiais metálicos distintos são colocadas em contato íntimo e aquecidas por um dado tempo. Variáveis na difusão Temperatura A energia de ativação (cal/mol ou J/átomo) Coeficiente de difusão (m2/s) Mecanismo de difusão De uma perspectiva atômica, a difusão é a migração passo a passo dos átomos de determinadas posições do reticulado cristalino para outras. Os mecanismos diferentes para explicar o movimento atômico durante a difusão são, a DIFUSÃO POR LACUNAS (ou DIFUSÃO SUBSTITUCIONAL) e a DIFUSÃO INTERSTICIAL. Para ocorrer a movimentação de átomos são necessárias duas condições: (1) deve existir um espaço livre adjacente ao átomo; (2) o átomo deve possuir energia suficiente para quebrar as ligações químicas que o une a seus átomos vizinhos; causar uma distorção no reticulado cristalino durante seu deslocamento para a nova posição e formar ligações químicas com os átomos de sua nova vizinhança. Difusão por lacunas (substitucional) • Um átomo se desloca de uma posição normal da rede cristalina para um sítio vago, ou lacuna, adjacente. A movimentação dos átomos ocorre em uma direção e a das lacunas ocorre na mesma direção em sentido oposto. A extensão segundo a qual a difusão por lacunas pode ocorrer é função da concentração de lacunas presente no metal. A concentração de lacunas aumenta com a temperatura. Quando átomos hospedeiros se difundem, ocorre o processo de AUTODIFUSÃO e quando átomos de impurezas substitucionais se difundem, ocorre o processo de INTERDIFUSÃO. Difusão por lacunas (substitucional) Difusão intersticial • São átomos intersticiais migram para posições intersticiais adjacentes não ocupadas do reticulado. Difusão intersticial Em metais e ligas, a difusão intersticial é um mecanismo importante para a difusão de impurezas de raio atômico pequeno em relação aos do hospedeiro. Exemplos: hidrogênio, carbono, nitrogênio e oxigênio no aço. Geralmente, a difusão intersticial é muito mais rápida que a difusão por lacunas. Exemplo: No caso do Fe- α a 500˚C, a difusão dos átomos de carbono é quase 109 vezes mais rápida do que a autodifusão dos átomos de ferro. Fluxo de difusão (J) • É definido como sendo a massa (ou, de forma equivalente, o número de átomos) M que se difunde por unidade de tempo através de uma área unitária perpendicular à direção do movimento da massa, • A -representa a área através da qual a difusão está ocorrendo • t -é o intervalo de tempo de difusão decorrido. • No Sistema Internacional (SI), as unidades para J são quilogramas (ou átomos) por metro quadrado por segundo (kg.m-2s-1 ou átomos.m-2.s-1 ) Primeira Lei de Fick • Para processos de difusão em estado estacionário, a equação que correlaciona o fluxo de difusão J com o gradiente de concentração dC/dx é chamada de PRIMEIRA LEI DE FICK, • O sinal negativo na equação acima indica que o fluxo ocorre na direção contrária à do gradiente de concentração, isto é, no sentido das concentrações altas para as concentrações baixas. • Na primeira lei de Fick, o POTENCIAL TERMODINÂMICO ou FORÇA MOTRIZ ("driving force") para que ocorra o fenômeno de difusão é o gradiente de concentração. Difusão em estado não-estacionário • A maioria das situações práticas envolvendo difusão ocorre em condições de ESTADO NÃO-ESTACIONÁRIO (ou REGIME TRANSITÓRIO ou CONDIÇÕES TRANSIENTES). • Na difusão em estado não-estacionário tanto o fluxo de difusão, quanto o gradiente de concentração, numa dada posição x, variam com o tempo t. Como resultado, ocorre um acúmulo ou esgotamento líquido do componente que se encontra em difusão. Segunda lei de Fick Para descrever a difusão em estado não-estacionário, é utilizada a equação diferencial parcial chamada de SEGUNDA LEI DE FLICK. Se o coeficiente de difusão não depende da composição (portanto, da posição), a segunda lei de Fick se simplifica para Quando são especificadas condições de contorno que correspondentes a um fenômeno físico, é possível se obter soluções para segunda lei de Fick. Essas soluções são funções C = f(x,t) que representam as concentrações em termos tanto da posição quanto do tempo. Aplicações • Filtros para purificação de gases • Homogeneização de ligas com segregação • Modificação superficial de peças por alteração de composição química • Dopagem de semicondutores • Processadores de microcomputadores • Sinterização A difusividade depende de... • Tipo de mecanismo (Substitucional ou intersticial)- Dependendo dos tamanhos atômicos envolvidos, o mecanismo de difusão influência a intensidade de difusão. • A temperatura na qual ocorre a difusão- Quanto maior a temperatura, maior o coeficiente de difusão. • Tipo de estrutura cristalina do solvente- estruturas compactas (CFC e HC) dificultam a disfusão. • Tipo e quantidade de imperfeições- Defeitos como discordância e lacunas aumentam a intensidade de difusão. Temperatura • A temperatura apresenta uma influência das mais profundas sobre os coeficientes e taxas de difusão. A dependência dos coeficientes de difusão em relação a temperatura se dá pela expressão: Processos • Tratamentos Térmicos • Transformações de Fase • Crescimento de Grão • Sinterização de Pós • Purificação de Hidrogênio
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