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Curso de Engenharia Civil Pavimentação Prof. José Nuno Amaral Wendt Página 1 2014 ssNNOOTTAASS DDEE AAUULLAA SSOOBBRREE PPAAVVIIMMEENNTTAAÇÇÃÃOO PPrrooff.. JJoosséé NNuunnoo AAmmaarraall WWeennddtt CCoollaabboorraaççããoo:: BByyaannccaa AAmmoorriimm,, AAddoollffoo AA.. ddaa LLuuzz JJrr.. ee SSiillvviiaa PPeeiixxeerr.. 11.. IINNTTRROODDUUÇÇÃÃOO Pavimentação consiste em revestir com um pavimento a superfície de ruas, rodovias, aeroportos e outras vias de tráfego. O pavimento é a estrutura construída sobre a terraplenagem e destinada, técnica e economicamente, a: - resistir aos esforços verticais oriundos do trafego e distribui-los, - melhorar as condições de rolamento do trafego quanto ao conforto e segurança - resistir as esforços horizontais, tornando mais durável a superfície de rolamento (SENÇO, 1997). 11..11.. CCAAMMAADDAASS CCOONNSSTTIITTUUIINNTTEESS DDAA PPAAVVIIMMEENNTTAAÇÇÃÃOO O pavimento é um sistema constituído pelas seguintes camadas ou serviços (figura 2.1): a) sub-leito: é o terreno de fundação do pavimento. Se a terraplenagem é recente, o sub-leito deverá apresentar uma superfície (greide) nivelado. No caso de uma estrada de terra, já em uso há algum tempo e que se pretende pavimentar, o sub-leito apresenta superfície irregular devido ao próprio uso e aos serviços de conservação; b) Regularização: é o serviço destinada a conformar o sub-leito transversalmente, através de cortes e/ou aterros até 0,20 m de espessura, utilizando os materiais do próprio sub-leito. c) Reforço do sub-leito: é uma camada de espessura constante, construída, se necessário, acima da regularização, com características tecnológicas superiores às da regularização e inferiores às da camada imediatamente superior, ou seja, a sub-base ou base; d) Sub-base: é a camada complementar à base, quando, por circunstâncias técnicas e econômicas, não for aconselhável construir a base diretamente sobre a regularização ou reforço do sub-leito; e) Base: é a camada destinada a resistir os esforços verticais oriundos do tráfego e distribuí-los. O pavimento pode ser considerado composto de base e revestimento, sendo que a base poderá ou não ser complementada pela sub-base e pelo reforço do sub-leito; f) Revestimento: constituído por camadas de reperfilagem, camada de ligação e capa. A capa, é a camada, tanto quanto possível impermeável, que recebe diretamente a ação do tráfego e destinada a melhorar a superfície de rolamento quanto às condições de Curso de Engenharia Civil Pavimentação Prof. José Nuno Amaral Wendt Página 2 2014 conforto e segurança, além de resistir ao desgaste, ou seja, aumentando a durabilidade da estrutura. Quando for conveniente, ou a capa asfáltica apresentar espessura excessiva para compactação (mais de 7,5 cm de massa asfáltica), haverá uma camada intermediaria entre a base e a capa denominada de camada de ligação (ou “bainder” - pronuncia da palavra inglesa binder). g) Imprimação: nos pavimentos asfálticos, a base recebe, na sua superfície, o espargimento de cimento asfalto diluído com solvente ou emulsão especial, serviço denominado de imprimação, destinado a aglutinação superficial da base, impermeabilização da base e aderência da base com o revestimento. h) Pintura de ligação: aplicação, entre as camadas asfálticas, de aspersão de asfalto líquido sem solvente (emulsão asfáltica), espargido para aderência entre uma camada asfáltica e outra, ou aplicado sobre a imprimação. Figura 2.1. Camadas do pavimento 11..22.. TTIIPPOOSS DDEE PPAAVVIIMMEENNTTOOSS Segundo Senço (1997, p. 22) os pavimentos podem ser classificados em pavimentos rígidos, pavimentos flexíveis e pavimentos mistos. Pavimentos rígidos são aqueles pouco deformáveis, constituídos principalmente de concreto de cimento. Rompem por tração na flexão, quando sujeitos a deformações. Utilizam revestimentos rígidos sobre bases rígidas (quadros 1.1 e 1.2)). Pavimentos flexíveis são aqueles em que as deformações, até um certo limite, não levam ao rompimento. São dimensionados normalmente a compressão e a tração na flexão, provocada pelo aparecimento das bacias de deformação sob as rodas dos veículos, que levam a estrutura a deformações permanentes, e ao rompimento por fadiga. Utilizam revestimentos flexíveis sobre bases flexíveis. Pavimentos mistos são aqueles que utilizam base rígida e pavimento flexível, ou base flexível e pavimento rígido (exemplo: white-topping). Pintura de ligação base imprimação capa revestimento binder sub-base reforço talude 1,5 : 1,0 regularização Sub-leito Curso de Engenharia Civil Pavimentação Prof. José Nuno Amaral Wendt Página 3 2014 Quadro 1.1. Exemplos de bases rígidas e flexíveis. 1. Bases 2. Rígidas Concreto de cimento Macadame de cimento Solo-cimento Flexíveis Solo estabilizado Granulometricamente - SAFL Solo-betume – Solo-cal Solo-brita Macadame hidráulico Brita graduada Macadame betuminoso Alvenaria poliédrica Por aproveitamento Paralelepípedos Fonte: Senço, 1997 Quadro 1.2. Exemplos de revestimentos rígidos e flexíveis: Revestimentos Rígidos Concreto de cimento Macadame de cimento Paralelepípedos rejuntados com cimento Flexíveis Betuminosos Concreto betuminoso Usinados Pré-misturado a quente Pré-misturado a frio Tratamento superficial Penetração direta Simples Duplo Triplo Quádruplo Penetração invertida Calçamentos Alvenaria Poliédrica Paralelepípedos Blocos de concreto pré-moldados e articulados Fonte: Senço, 1997 Curso de Engenharia Civil Pavimentação Prof. José Nuno Amaral Wendt Página 4 2014 22.. MMAATTEERRIIAAIISS EEMMPPRREEGGAADDOOSS NNAA PPAAVVIIMMEENNTTAAÇÇAAOO 22..11.. SSOOLLOOSS:: 22..11..11.. ccoonncceeiittoo:: produto da decomposição por ação física, química ou biológica sobre as rochas. 22..11..22.. ttiippooss ddee ssoollooss:: residuais sedimentares orgânicos 22..11..33.. nnoommeennccllaattuurraa:: oficial: pedregulho areia silte argila outros termos: turfa cascalho saibro laterita 22..11..44.. ccaatteeggoorriiaass:: Conforme o equipamento de escavação empregado, os solos são classificados em categorias, sendo o solo de 1ª categoria o solo facilmente escavável pela lâmina do trator, 2ª categoria os solos que necessitam escarificação ou fogachos e 3ª categoria as rochas com emprego intensivo de explosivos (figura 2.1). Figura 2.1. categorias de solos: 1a Categoria: solo facilmente escavado através de equipamentos comunscomo trator de lâmina, “motoscraper”, pás-carregadeiras. 2a Categoria: são materiais removidos com os equipamentos já citados, mas devido a sua maior compacidade, exigem um desmonte prévio feito através de um escarificador ou explosivos de baixa potência (solos com matacos). solo orgânico A – 1ªcategoria B – 2ªcategoria C – 3ªcategoria Curso de Engenharia Civil Pavimentação Prof. José Nuno Amaral Wendt Página 5 2014 3a Categoria: compreendem os blocos com dimensões superiores a 1m e as rochas. Dispensam o uso de equipamentos tradicionais de terraplenagem, necessitando utilizar perfuratrizes e explosivos de média e alta potência. Esta classificação é muito importante, pois está diretamente relacionada ao custo da escavação. Por exemplo, um material de 2a categoria pode ser escavado com os mesmos equipamentos utilizados para escavar um material de 1a categoria, contudo, requer mais tempo e conseqüentemente um maior desgaste destes equipamentos. Desta forma, muitas vezes o que parecia reduzir o custo da obra, acaba se tornando uma solução mais cara. Esta classificação é feita por sondagens, e, portanto, o classificador deve ser uma pessoa sensata e experiente. O material de 3a categoria é fácil identificar, o maior problema é diferenciar o de 1a do de 2a categoria. Depois da execução do corte, uma comissão de classificação vai até a obra comparar a classe de projeto com a realidade – o resultado pode ser uma variação no custo orçado (para mais ou menos). 22..11..55.. eennssaaiiooss:: Granulometria CBR ou índice suporte Califórnia, Consistência: LL, LP, LC Massa especifica real Massa especifica aparente Equivalente de areia Compactação Teor de umidade 22..11..66.. CCllaassssiiffiiccaaççããoo ddee ssoollooss Existem diversos sistemas de classificação de solos. No Brasil, os mais utilizados são o índice de grupo, o sistema unificado, o sistema de classificação do HRB e o sistema MCT. 22..11..66..11.. ÍÍnnddiiccee ddee ggrruuppoo:: Obtêm-se através da expressão: IG = 0,2 a + 0,005 a c + 0,01 b d Com valores: a = P200 – 35 e limites: 0 a 40 b = P200 – 15 0 b 40 c = LL – 40 0 c 20 d = IP – 10 0 d 20 sendo P200 = porcentagem passante na peneira de malha 200, LL = limite de liquidez IP = índice de plasticidade, igual a LL – LP. Curso de Engenharia Civil Pavimentação Prof. José Nuno Amaral Wendt Página 6 2014 exercício: calcular IG para os solos com os seguintes resultados: a) P200 = 35 LL = 33 LP = 21 R: IG = 0 b) P200 = 60 LL = 55 LP = 25 R: IG = 15 22..11..66..22.. SSiisstteemmaa uunniiffiiccaaddoo:: Utiliza as letras G para pedregulho, S para areia M para silte C para argila W para granulometria bem graduada P para granulometria mal graduada O para solos orgânicos L para solos de baixa compressibilidade H para solos de alta compressibilidade Pt para turfas, estabelecendo os seguintes grupos de solos: pedregulhos: GW, GP, GM, GC areias: SW, SP, SM, SC siltes e argilas: CL, ML, OL, CH, MH, OH turfas: Pt 22..11..66..33.. SSiisstteemmaa ddee ccllaassssiiffiiccaaççããoo ddee ssoollooss ddoo HHRRBB Os solos são classificados em grupos e subgrupos, conforme o quadro 2.1. A classificação do solo será o primeiro grupo ou subgrupo que satisfaz as condições indicadas, por este motivo o solo A-3 (areia) esta colocado antes dos solos A-2 (solos arenosos). O grupo HRB a que pertence o solo é o primeiro grupo ou subgrupo que atender aos valores dos ensaios, a partir da esquerda para a direita do quadro. 22..11..66..44.. SSiisstteemmaa MMCCTT:: O sistema MCT foi proposto pelos professores Job e Nogami, utilizando mini- ensaios, equipamentos compactos e levando em conta os solos tropicais existentes no Brasil, como as argilas lateríticas, que apresentam um comportamento diferenciado das Curso de Engenharia Civil Pavimentação Prof. José Nuno Amaral Wendt Página 7 2014 demais argilas. Por esta razão, o sistema de classificação foi denominação Mini-Compacto- Tropical (MCT). Os solos são classificados em grupos, conforme o quadro 2.3, com base nos critérios estabelecidos no quadro 2.2. Quadro 2.2. Critérios para classificação: Ensaio Posição critério Mini-CBR (%) Muito elevado >30 Elevado 12 a 30 Médio 4 a 12 Baixo <4 Expansão (%) contração (%) Elevada >3 Media 0,5 a 3 Baixa <0,5 Coeficiente de absorção s Elevada > -1 Media -1 a –2 Baixa < -2 Coeficiente de permeabilidade k Elevada > -3 Media -3 a –6 Baixa < -6 Mini-cbr com imersão Elevada >70 Media 40 a 70 Baixa <40 Curso de Engenharia Civil Pavimentação Prof. José Nuno Amaral Wendt Página 8 2014 Quadro 2.1. Classificação de solos do Highway Research Board (HRB) adotada pela AAHSTO Classificação geral Materiais granulares ( até 35% passando na peneira no. 200) Materiais siltosos e argilosos (min 36% passando na n.º. 200) Grupo Subgrupo A-1 A-3 A-2 A-4 A-5 A-6 A-7 A-1-a A-1-b A-2-4 A-2-5 A-2-6 A-2-7 A-7-5 A-7-6 Granulometria: % que passa n.º 10 % que passa n.º 40 % que passa n.º 200 Max. 50 Max. 30 Max. 15 Max. 50 Max. 25 Min. 51 Max. 10 Max. 35 Max. 35 Max. 35 Max. 35 Min. 36 Min. 36 Min. 36 Min. 36 Min. 36 Características da fração < n.º 40: Limite de liquidez Índice de plasticidade - max. 6 - max. 6 - NP Max. 40 Max. 10 Min. 41 Max. 10 Max. 40 Min. 11 Min. 41 Min. 11 Max. 40 Max. 10 Min. 41 Max. 10 Max. 40 Min. 11 Min. 41 Min. 11 IP≤LL-30 Min. 41 Min. 11 IP>LL-30 Índice de grupo (IG) 0 0 0 0 0 Max. 4 Max. 4 Max. 8 Max. 12 Max. 16 Max. 20 Max. 20 Materiais pedregulho e areia Areia fina Areia, areia siltosa ou areia argilosa Solos siltosos Solos argilosos Comportamento Sub-leito excelente a bom Sub-leito fraco a pobre Curso de Engenharia CivilPavimentação Prof. José Nuno Amaral Wendt Página 9 2014 Quadro 2.3. Classificação de solos MCT Areia, Silte Areia siltosa Silte, silte arenoso Argila, argila arenosa, argila siltosa, Silte argiloso Areia siltosa Areia argilosa Argila, argila arenosa, argila siltosa, silte argiloso Comportamento Não lateritico (N) Lateritico (L) Grupo MCT NA NA’ NS’ NG’ LA LA’ LG’ Propriedades Mini – CBR sem imersão com imersão M , E B , M E B M , E E E E E B E , EE B E B Expansão B B E M , E B B B Contração B B , M M M , E B B , M M , E Coeficiente de permeabilidade k M , E B B , M B , M B , M B B Coeficiente de sorção s E B , M E M , E B B B Utilização Base NR NR NR Reforço NR NR Sub-leito compactado Aterro compactada Proteção a erosão NR NR NR NR Revestimento primário NR NR Obs.: 1. NR = não recomendado. 2. Corpos de prova compactados na massa especifica aparente seca máxima da energia normal. 3. B = Baixo, M = médio, E = elevado, EE = muito elevado. Curso de Engenharia Civil Pavimentação Prof. José Nuno Amaral Wendt Página 10 2014 Quadro 2.4 Ensaio de compactação. Ensaio Cilindro Soquete Disco espaçador Numero de golpes Numero de camadas Energia de compactação (kg.cm/cm3) Tipo diametro Altura (cm) Volume (cm3) Tipo Peso (kg) Altura de queda (cm) espessura Pol. cm. Poleg. cm. Ensaio normal de compactaçao (proctor normal) pequeno 4 10,16 11,68 947 Pequeno 2,50 30,50 --- --- 25 3 6,0 pequeno 4 10,16 11,68 947 Grande 4,54 45,75 --- --- 13 3 grande 6 15,24 17,78 2316 Pequeno 2,50 30,50 2,0 5,1 37 5 grande 6 15,24 17,78 2085 Pequeno 2,50 30,50 2,5 6,4 33 5 grande 6 15,24 17,78 2316 Grande 4,54 45,75 2,0 5,1 13 5 grande 6 15,24 17,78 2085 Grande 4,54 45,75 2,5 6,4 12 5 Ensaio intermediario de compactaçao (proctor intermediario) pequeno 4 10,16 11,68 947 Pequeno 2,50 30,50 --- --- 32 5 13,0 pequeno 4 10,16 11,68 947 Grande 4,54 45,75 --- --- 20 5 grande 6 15,24 17,78 2316 Pequeno 2,50 30,50 2,0 5,1 79 5 grande 6 15,24 17,78 2085 Pequeno 2,50 30,50 2,5 6,4 71 5 grande 6 15,24 17,78 2316 Grande 4,54 45,75 2,0 5,1 29 5 grande 6 15,24 17,78 2085 Grande 4,54 45,75 2,5 6,4 26 5 Ensaio modificado de compactaçao (proctor modificado) pequeno 4 10,16 11,68 947 Pequeno 2,50 30,50 --- --- 68 5 27,4 pequeno 4 10,16 11,68 947 Grande 4,54 45,75 --- --- 25 5 grande 6 15,24 17,78 2316 Pequeno 2,50 30,50 2,0 5,1 166 5 grande 6 15,24 17,78 2085 Pequeno 2,50 30,50 2,5 6,4 150 5 grande 6 15,24 17,78 2316 Grande 4,54 45,75 2,0 5,1 61 5 grande 6 15,24 17,78 2085 Grande 4,54 45,75 2,5 6,4 55 5 Curso de Engenharia Civil Pavimentação Prof. José Nuno Amaral Wendt Página 11 2014 22..11..77.. TTeerrrraapplleennaaggeemm 22..11..77..11.. CCoonncceeiittoo TTeerrrraappllaannaaggeemm é o conjunto de operações realizadas para movimentar a terra do lugar onde esta existe em excesso, para lugares onde há falta. Tem por objetivo regularizar o terreno natural de forma a permitir a implantação de uma determinada obra: estrada, ferrovia, aeroporto, conjunto habitacional, entre outros. A terraplanagem pode ser: Manual: movimento de terra realizado através do homem com auxílio de equipamentos comuns: pá e picareta para o corte, carroça ou vagonetes com tração animal. A escavação é feita em degraus sendo a altura destes determinada pela altura que o trabalhador consegue levantar a pá. É uma técnica antiga e atualmente em desuso (exceto na preparação do talude para receber a cobertura vegetal). Seu baixo rendimento exige uma mão de obra excessiva e barata. Mecanizada: com o avanço da tecnologia surgiram equipamentos mais modernos e as carroças e vagonetes com tração animal passaram a ser motorizadas. Com o passar do tempo, a elevada produtividade da terraplanagem mecanizada tornava-a competitiva. Enquanto eram necessários 50 homens para escavar 100m3/h, um homem operando uma escavadeira realizava o mesmo serviço. Desta forma a mão de obra passou a ser tornar escassa e onerosa, o que não compensava mais a sua utilização. 22..11..77..22 OOPPEERRAAÇÇÕÕEESS QQUUEE CCOONNSSTTIITTUUEEMM AA TTEERRRRAAPPLLAANNAAGGEEMM A terraplanagem compreende cinco operações básicas: Escavação: operação realizada para romper a compacidade do solo, desagregando-o e tornado possível seu manuseio. É feita através de equipamentos cortantes. Carregamento: consiste no enchimento da caçamba ou no acúmulo de material diante da lâmina do material que já sofreu o processo de desagregação. Transporte: movimentação de terra do local onde foi escavado para o local onde vai ser depositado (onde será realizado o aterro). Pode ser com carga, quando a caçamba está cheia ou sem carga, quando esta está retornando ao local da escavação. Descarga: faz parte do aterro ou bota-fora. Consiste em depositar o material no local de destino. Curso de Engenharia Civil Pavimentação Prof. José Nuno Amaral Wendt Página 12 2014 Espalhamento: significa espalhar o material depositado no aterro ou bota- fora. Estas operações se repetem ao longo do tempo, portanto é um trabalho cíclico, sendo o conjunto chamado ciclo de operação. O tempo necessário para a execução de um ciclo completo denomina-se tempo de ciclo ( tc ). Além destas etapas, existe a compactação (geralmente necessário no aterro) e a cobertura vegetal, mas são operações tratadas a parte. 22..11..77..33 MMAATTEERRIIAAIISS UUTTIILLIIZZAADDOOSS NNAA TTEERRRRAAPPLLAANNAAGGEEMM É importante conhecer um pouco dos materiais utilizados na terraplanagem. Entre eles estão as rochas e os solos. As rochas são materiais formados pela solidificação do magma ou lava vulcânica (rochas vulcânicas: granito), ou ainda, da consolidação de depósitos sedimentares (rochas sedimentares: arenito). Estes materiais apresentam elevada resistência. Já os solos se formam pela decomposição das rochas através de agentes geológicos (água, vento...). Podem ser residuais (formados no pé da rocha de origem) ou sedimentares (transportados para longe da rocha de origem através da água, vento, gelo..). Estes materiais possuem algumas características importantes: Peso e densidade: o solo possui densidades diferentes no estado natural (densidade natural) e depois de escavado (densidade solta) em função do volume de vazios agregado. Esta é uma característica importante para saber o volume de material que pode ser transportado sem danificar os equipamentos, devido à capacidade de peso útil do equipamento. Empolamento: aumento do volume do solo quando este é escavado. O solo possui uma determinada densidadeno estado natural. Quando escavado, ele agrega vazios e conseqüentemente sua densidade diminui, ou seja, a mesma massa de solo ocupa um maior volume. A este aumento de volume se dá o nome de empolamento. Portanto o volume natural é diferente do volume solto, sendo considerado em orçamentos sempre o volume natural (de corte). Para tanto, existe um fator de conversão que correlaciona os dois volumes. Compactibilidade: o solo diminui de volume quando é compactado. O solo expulsa os vazios agregados durante a escavação, aumentando sua densidade. Pode chegar a um valor superior à densidade natural. Curso de Engenharia Civil Pavimentação Prof. José Nuno Amaral Wendt Página 13 2014 Quadro 1. CARACTERISTICAS APROXIMADAS DE ALGUNS MATERIAIS. MATERIAL Densidade Natural (kg/m3) Densidade Solto (kg/m3) Fator de Conversão f Empolamento (%) Argila 1720 1240 0,72 39 Argila com pedregulho, seca. 1780 1300 0,73 37 Argila com pedregulho, molhada. 2200 1580 0,72 39 Carvão antracito 1450 1070 0,74 36 Carvão betuminoso 1280 950 0,74 35 Terra comum seca 1550 1250 0,81 24 Terra comum molhada 2000 1650 0,83 21 Pedregulho molhado 2000 1780 0,89 12 Pedregulho seco 1840 1640 0,89 12 Hematita 3180 2700 0,85 18 Magnetita 3280 2780 0,85 18 Calcareo 2620 1570 0,60 67 Areia seca solta 1780 1580 0,89 13 Areia molhada 2100 1870 0,89 12 Arenito 2420 1570 0,65 54 Escoria de fundição 1600 1300 0,81 23 FORMULARIO fator de conversão f = massa especifica solta ( Kg/m3 ) massa especifica natural (Kg/m3) empolamento(%) E=Vs-Vn . 100 E = 1 - 1 . 100 Vn f massa especifica natural dn = massa m / volume natural Vn massa especifica solta ds = massa m / volume solto Vs massa especifica compactada dc = massa m / volume compactado Vc Curso de Engenharia Civil Pavimentação Prof. José Nuno Amaral Wendt Página 14 2014 EXEMPLOS 1. Um caminhão com capacidade de 5 m3 de material solto na caçamba. Que volume correspondera no corte sabendo o fator de conversão f = 0,80? R. Vn = 4 m3 2. A caçamba de uma escavadeira produz uma escavação de 0,76 m3 no corte. Qual a sua capacidade de material solto, sabendo o empolamento de 32%? R. f = 0,76 e Vs = 1 m3 3. a) Qual o volume no corte para executar 1m3 de aterro, sabendo que a densidade natural e 90% da densidade compactada? b) Qual o volume solto a ser transportado, se o fator de conversão e 0,8? R. a) dn = 0,90 Vc = 0,90 Vn = 1,111 m3 dc Vn b) Vs = 1,389 m3 22..11..77..44 EEQQUUIIPPAAMMEENNTTOOSS UUTTIILLIIZZAADDOOSS NNAA TTEERRRRAAPPLLAANNAAGGEEMM Hoje com a terraplanagem mecanizada, inúmeros equipamentos são utilizados nas operações já citadas. Basicamente existem os seguintes equipamentos: Unidade de tração: é a unidade autônoma que executa a tração ou empurra outras máquinas e pode receber implementos destinados a diferentes tarefas. Mais conhecido por trator, pode ser montado sobre esteiras ou pneus. O trator de esteiras é indicado para locais mais inclinados, onde a topografia é desfavorável e quando o fator velocidade não é importante. Caso contrário, quando as rampas são fracas, as condições de suporte e aderência do solo são boas, e o fator velocidade é importante utiliza-se o trator de pneus. Unidades escavo-empurradoras: são tratores (unidade de tração) implementados por lâminas e conhecidos por tratores de lâmina. Sua função é escavar e empurrar a terra. Outra peça que pode ser implementada na parte de traz do trator é o escarificador. Sua função é romper a compacidade de solos mais rígidos, especialmente os solos de 2a categoria para posteriormente serem empurrados por uma lâmina comum. Unidades escavo-transportadoras: unidades que escavam, carregam e transportam materiais a pequenas e médias distâncias. São conhecidos por escreiper (do inglês “scraper”) rebocado e “motoscraper”. Unidades escavo-carregadeiras: unidades que escavam e carregam o material sobre o equipamento que vai efetuar o transporte até o local de descarga. Desta forma, dois equipamentos distintos são necessários para completar o ciclo de operação. Estas unidades compreendem as carregadeiras, as escavadeiras (maior porte) e as retro- escavadeiras (caçamba voltada para baixo). Curso de Engenharia Civil Pavimentação Prof. José Nuno Amaral Wendt Página 15 2014 Unidades aplainadoras: executam o acabamento final na terraplanagem. Conformam o terreno aos greides finais de projeto. Compreendem as motoniveladoras. Unidades transportadoras: transportam o material escavado ao local de descarga. Compreendem os caminhões basculantes, os vagões, dumpers (semelhante ao basculante, só que mais reforçado), caminhões fora-de-estrada (equipamentos de porte elevado que não podem trafegar em estradas de trafego normal). Unidades compactadoras: responsáveis pela compactação do material, ou seja, processo mecânico de adensamento dos solos, resultando num menor volume de vazios. Compreendem os rolos pé-de-carneiro (solos coesivos), rolos vibratórios (solos arenosos), pneumáticos, rolos combinados, rolos especiais. 22..11..77..55 EESSTTIIMMAATTIIVVAA DDEE PPRROODDUUCCAAOO DDOOSS EEQQUUIIPPAAMMEENNTTOOSS A produção efetiva Q medida no corte, em m3/h, depende da capacidade C do transporte em volume solto, do fator de conversão de volumes f, do tempo de ciclo tc em minutos, do fator de eficiência R (ou rendimento) da equipe e do fator de carga fc. Q (m3/h) = C (m3) . f . 60 . R . fc tc (min) O fator de eficiência R é a relação entre o tempo efetivamente trabalhado em relação ao tempo da jornada. O fator R será 1 (ou 100%) se não houver nenhuma perda de tempo, o que na pratica não acontece. Com o decorrer do tempo, haverá necessidade de paradas, reduzindo a eficiência. A maioria das causas de paradas são devidas a: Defeitos mecânicos do equipamento Mas condições meteorológicas Mas condições do solo Falta de habilidade ou imperícia do operador Organização deficiente dos serviços Esperas devido a outros equipamentos Tipo do equipamento utilizado. O fator de carga fc depende do da natureza do material a ser carregado. Para agregados graúdos, rochas, concretos fragmentados, matacos ou raízes, utiliza-se fatores de carga fc menores que um. Exemplo 1. Qual a eficiência de um equipamento que efetivamente trabalha 45 minutos por hora? R. R = 0,75 Curso de Engenharia Civil Pavimentação Prof. José Nuno Amaral Wendt Página 16 2014 2. Qual a produção horária de uma escavadeira com capacidade de 0,76 m3 de material solto, que apresenta um tempo de ciclo de 0,5 minutos, sabendo-se que R = 0,75 fator de conversão f = 0,80 e fator de carga um? R. Q = 54,72 m3/h.3. Qual a produção esperada de uma carregadeira de esteiras com caçamba de 1,33 m3 (solto), e tempo de ciclo de 0,43 minutos. O fator de conversão f = 0,80 o fator de eficiência R = 50/60 e o fator de carga um? R. Q = 123,72 m3/h 4. Qual a produção de uma escavadeira com caçamba de 0,85 m3, fator de carga 0,95, fator de conversão 0,80, fator de eficiência 40/60 e tempo de ciclo 19 segundos? R. Q = 81,59 m3/h 22..11..77..66 SSEELLEEÇÇÃÃOO DDOOSS EEQQUUIIPPAAMMEENNTTOOSS A escolha dos equipamentos para execução da terraplenagem depende de Fatores naturais – topografia, natureza dos solos, lençol freático, chuvas. Fatores do projeto – volumes, distancias, rampas e larguras dos caminhos. Fatores econômicos – custo e produtividade (cronograma). 22..11..77..77 EEXXEECCUUÇÇÃÃOO DDAA TTEERRRRAAPPLLAANNAAGGEEMM Na execução da terraplenagem estão envolvidas as seguintes atividades: 1) Instalação do canteiro de obras: local onde os equipamentos ficarão abrigados, onde será montado oficina, escritório, almoxarifado, refeitório, alojamento. Deve ser um local nas proximidades da obra e provido de energia elétrica, água potável e esgoto. 2) Transporte dos equipamentos: providenciar o transporte dos equipamentos a serem utilizados a te o canteiro de obras. Os equipamentos montados sobre esteiras devem ser transportados por carretas especiais. Já os pneumáticos, desde que autorizados pelos órgãos rodoviários e devidamente sinalizados para evitar acidentes, podem trafegar nas estadas. 3) Abertura de caminhos de serviços e obras de arte provisórios (acessos): muitas vezes é necessário abrir estradas de baixo custo do canteiro de obras até o local da terraplenagem, para a passagem das máquinas, ou ainda da obra ate as jazidas de empréstimo. 4) Locação do eixo da obra: piquetear o eixo de 20 em 20m. Os pontos principais devem ser amarrados conforme projeto (obedecer as distância e ângulos pré-definidas) para evitar a perda dos mesmos. Curso de Engenharia Civil Pavimentação Prof. José Nuno Amaral Wendt Página 17 2014 5) Marcação dos off-sets (ofesetes): pontos marcados a margem esquerda e direita da faixa de limpeza correspondentes aos piquetes do eixo, pois estes, com a execução da limpeza se perdem. As distâncias dos off-sets até o eixo devem ser registradas em cadernetas topográficas. Normalmente coloca-se, junto aos ofsetes de aterro, varas indicando as alturas do aterro, e nos ofsetes de corte indica-se em uma tabuleta a altura de escavação. 6) Limpeza: deve ser feito o desmatamento, destocamento e a limpeza da área, retirando uma camada de 20cm de solo (para eliminação de grama, arbusto...) 7) Avanço das obras de arte: consiste na construção antecipada de bueiros, galerias, pontes e viadutos para não retardar a terraplenagem, evitando o retorno das maquinas para concluir as escavações. 8) Marcação dos pontos de passagem de corte para aterro: a escavação dos cortes iniciara pelos pontos de passagem. A marcação do ponto de passagem pode ser feita a partir das alturas de aterro indicadas junto aos ofesetes de aterro. 9) Escavação dos cortes, empréstimos e transporte: a escavação dos cortes ou jazidas de empréstimo utiliza o trator de esteiras com lamina e escarificador, a carga e o transporte são efetuados pelo escreiper ou motoescreiper ou ainda através de caminhões e carregadeiras. Os empréstimos podem ser obtidos de: a)empréstimo lateral (o corte que está sendo executado é do lado da área de aterro), b)empréstimo concentrado (de jazida), ou c)alargamentos do corte (aumenta a largura de corte para se ter um maior volume de material para o aterro - maior praticidade e menor impacto). Os materiais rejeitados ou em excesso devem ser depositados em locais apropriados para o refugo ou bota-fora. A escavação do corte será executada mediante a utilização racional de equipamento adequado, que possibilite a execução dos serviços sob as condições especificadas e produtividade requerida. A seleção do equipamento obedecerá às indicações seguintes: corte em solo - utilizam-se, em geral, de equipamentos convencionais de terraplenagem como tratores equipados com lâminas, escavo-transportadores, ou escavadores conjugados com transportadores diversos. A operação incluirá, complementarmente, a utilização de tratores e motoniveladoras, para escarificação, manutenção de caminhos de serviço e áreas de trabalho, além de tratores empurradores ("pushers"). corte em rochas - empregadas perfuratrizes pneumáticas ou elétricas para o preparo dos furos que receberão os explosivos, tratores equipados com lâmina para a Curso de Engenharia Civil Pavimentação Prof. José Nuno Amaral Wendt Página 18 2014 operação de limpeza da praça de trabalho e carregadores conjugados com transportadores, para a carga e transporte do material extraído. Nesta operação utilizam-se explosivos e detonadores adequados à natureza da rocha e as condições do canteiro de serviço; remoção de solos orgânicos, turfa ou similares, inclusive execução de corta-rios, com emprego de escavadeiras, do tipo "dragline", complementado por outros equipamentos; As operações de cortes compreendem a escavação dos materiais constituintes do terreno natural, de acordo com as indicações técnicas de projeto, o transporte dos materiais escavados para aterros ou bota-foras, e a retirada das camadas de má qualidade visando o preparo das fundações dos aterros, de acordo com as indicações do projeto. Estes materiais são transportados para locais previamente indicados, de modo a não causar transtorno à obra, em caráter temporário ou definitivo. O desenvolvimento da escavação se dará em face da utilização adequada, ou da rejeição, dos materiais extraídos. Assim, apenas serão transportados, para constituição dos aterros, aqueles que, pela classificação e caracterização efetuadas nos cortes, sejam compatíveis com as especificações da execução dos aterros, em conformidade com o projeto. Constatada a conveniência técnica e econômica de reserva de material escavado nos cortes, para a confecção das camadas superficiais da plataforma, este material será depositado em local previamente escolhido, para sua oportuna utilização. Atendido o projeto e, sendo técnica e economicamente aconselhável, as massas em excesso que resultariam em bota-foras, removidas desde a etapa inicial dos serviços, poderão ser integradas aos aterros, mediante compactação adequada, constituindo alargamentos de plataforma, com suavização dos taludes ou das bermas de equilíbrio. As massas excedentes, que não se destinarem ao fim indicado no parágrafo anterior, serão objeto de remoção, de modo a não constituírem ameaça à estabilidade rodoviária, e nem prejudicarem o aspecto paisagístico ou meio ambiente da região. Quando, ao nível da plataforma dos cortes, for verificada ocorrência de rocha, sã ou em decomposição, ou de solos de expansão maior que 2%, baixa capacidade de suporte ou de solos orgânicos, promove-se o rebaixamento, respectivamente, da ordem de 0,40m e 0,60m, e execução de novas camadas, constituídas de materiais selecionados. Nos pontos de passagem de corte para aterro, precedendo este último, a escavação transversal ao eixo deverá ser executada até profundidade necessária para evitar recalques diferenciais.As valetas de proteção dos cortes devem ser obrigatoriamente executadas e revestidas, independem das demais obras de proteção projetadas. Curso de Engenharia Civil Pavimentação Prof. José Nuno Amaral Wendt Página 19 2014 Nos cortes de altura elevada é prevista a implantação de terraceamento, com banquetas de largura mínima de 3m, valetas revestidas e proteção vegetal. 10) Consolidação dos terrenos de fundação dos aterros: será verificada a capacidade suporte dos terrenos onde serão executados os aterros. Medidas de reforço como estacas verticais de areia, drenos, remoções, bermas de equilíbrio, estacas de concreto, estivas e outras poderão ser necessárias para sustentar o aterro. 11) Espalhamento e compactação de aterros: a compactação do corpo do aterro deve ser feita na umidade ótima em camadas de 30cm de espessura máxima, com densidade equivalente a 95% da densidade obtida no ensaio normal de compactação (Proctor Normal). Os últimos 60cm (camadas finais) devem ser feitos em 3 camadas de 20cm (mais compacta, pois é a camada que vai receber a pavimentação), com densidade mínima de 100% do proctor normal. 12) Remoções: A operações de remoção serão executadas mediante a utilização de equipamentos adequados, complementados com o emprego de ferramentas manuais. É obrigatório um perfeito conhecimento do local de modo que sejam identificadas, sinalizadas e/ou protegidas as redes subterrâneas de serviços que porventura existentes, tais como: pluvial, água, luz, esgoto, telefone, etc. 13) Corta-rio: canal de desvio. Os corta-rios, caso ocorram, deverão ser tratados adequadamente em conformidade com as especificações ambientais. 14) Nota de serviço: documento técnico que indica como o serviço deve ser executado. 15) Ordem de serviço: comunicações entre o contratante e o contratado durante a obra. Exemplo: Ordem para iniciar ou paralisar os trabalhos. 22..11..77..88.. RREEFFEERREENNCCIIAASS BBIIBBLLIIOOGGRRAAFFIICCAASS RICARDO, Hélio e CATALANI, Guilherme. Manual Pratico de Escavação. São Paulo: Pini, 1990. Curso de Engenharia Civil Pavimentação Prof. José Nuno Amaral Wendt Página 20 2014 22..22.. PPEEDDRRAASS 22..22..11.. CCoonncceeiittoo Materiais constituintes da crosta terrestre provenientes: da solidificação do magma (lava vulcânica), da consolidação de depósitos sedimentares, ou da transformação de algumas rochas (metamórficas). 22..22..22.. CCllaassssiiffiiccaaççããoo naturais artificiais 22..22..33.. DDeennoommiinnaaççõõeess:: AAss ddeennoommiinnaaççõõeess ccoorrrreenntteess ssããoo:: Rocha sã Rocha alterada Bloco diâmetro d > 1 m. Matacão 25 cm < d < 1 m Pedra de pedreira Pedra-pulmão ou pedra de mão d entre 76 mm e 25 cm Brita Brita corrida ou bica corrida Brita selecionada Brita 4 d entre 76 mm e 50 mm Brita 3 d entre 50 mm e 25 mm Brita 2 d entre 25 mm e 19 mm Brita 1 d entre 19 mm e 9,5 mm Brita 0 d entre 9,5 mm e 4,8 mm (peneira n.º 4) Brita graduada Pedrisco d entre 4,8 mm e 2,4 mm (peneira n.º. 8) Pó-de-pedra: d < 2,4 mm Segundo a norma ABNT 7211, os agregados miúdos são classificados conforme a figura 2 (tabela 2 da nbr 7211), e os agregados graúdos conforme a figura 3 (tabela 6 da nbr 7211). Curso de Engenharia Civil Pavimentação Prof. José Nuno Amaral Wendt Página 21 2014 22..22..44 CCeennttrraall ddee bbrriittaaggeemm A central de britagem tem por objetivo reduzir a dimensão das pedras obtidas da detonação, atender as necessidades da obra e suprir as especificações. Para tanto, a central utiliza-se de britadores (de mandíbulas, girosférico, de rolos, de martelos), peneiras vibratórias e correias transportadoras. Primeiro a rocha passa pelo britador primário. Continuando o processo, o material passa pela peneira secundária, que separa a pedra pulmão da brita. Daí segue para o Curso de Engenharia Civil Pavimentação Prof. José Nuno Amaral Wendt Página 22 2014 britador secundário ou pode ir direto para a peneira classificadora - esta separa o material, conforme o tamanho, em Brita 3, Brita 2, Brita 1, Brita 0, pedrisco e pó, que são conduzidos por correias transportadoras para as pilhas (montes) de cada um destes materiais. Do britador secundário o material vai para a peneira classificadora. Retornam ao britador secundário, para uma rebritagem, os materiais que ainda permanecerem com tamanho acima do necessário. Alguns fatores podem influenciar no processo de britagem: Excesso de umidade; Quantidade excessiva de material; Entupimento da malha; Defeito da peneira. 22..22..55.. EEnnssaaiiooss ccoomm mmaatteerriiaaiiss ppééttrreeooss Ensaio granulométrico; Massa específica: - Aparente (considera os vazios) - Real do agregado graúdo e do agregado miúdo (sem vazios – balança hidrostática, frasco graduado) Desgaste (Abrasão a Los Angeles): a brita vai para um tambor que contem esferas de aço. A quantidade de esfera e de brita é função da granulometria do material ensaiado. São dados 500 giros. Depois é feito novamente o ensaio granulométrico para saber o desgaste sofrido pelo material. Existe uma % máxima que pode sofrer desgaste por abrasão. Índice de forma: testa se o material é cúbico (mais resistente) ou lamelar (forma desfavorável pois está mais susceptível a quebra com o tráfego). Adesividade: capacidade de aderência do betume com a pedra. Se reprovar neste ensaio, pode ser acrescentado o dope (melhorador de adesividade). É um produto caro e por isso deve ser usado em pequenas quantidades. Este material confere um odor forte e característico à massa asfáltica. Durabilidade a sulfatos: a pedra deve ter uma perda de massa maxima de 12% depois de permanecer 5 dias dentro de sulfato de sódio e magnésio. 22..22..66.. EEssccaavvaaççããoo eemm RRoocchhaa A escavação em rocha muitas vezes consiste num complemento da terraplanagem. Com freqüência, ao logo do trecho de uma estrada encontra-se um maciço rochoso que exige técnicas distintas daquelas convencionais para sua remoção. Sua exploração é feita da seguinte maneira. A princípio é feita uma decapagem, que é a retirada de toda camada de solo existente sobre o maciço, deixando apenas a rocha sã. São feitos furos, a distâncias pré determinadas, através de um conjunto de equipamentos: compressor de ar, perfuratriz, e brocas. O compressor de ar vai gerar a energia para a perfuratriz transmitir movimentos de perfuração à broca. A broca passa os esforços recebidos para a rocha através de uma pastilha, que por ser constituída de um material mais duro que a rocha escavada, vai Curso de Engenharia Civil Pavimentação Prof. José Nuno Amaral WendtPágina 23 2014 triturando-a, avançando a escavação. Na broca existe uma coroa por onde é feita a limpeza do furo (ar ou água). Feitos os furos, são colocados dentro destes os explosivos. O desmonte da rocha é feito pela detonação dos explosivos. 22..22..77.. EEQQUUIIPPAAMMEENNTTOOSS DDEE PPEERRFFUURRAAÇÇÃÃOO São constituídos pelas perfuratrizes, brocas e compressores de ar. O compressor alimenta a perfuratriz com a energia do ar comprimido, e esta transforma a energia em movimento transmitido a broca, que efetua o furo na rocha. As perfuratrizes podem ser classificadas de duas maneiras: Quanto a funcionalidade: - percussiva (movimento de impacto); - rotativa (movimento de rotação); - percussiva-rotativa (impacto mais rotação); - de furo abaixo. Quanto a mobilidade: a perfuratriz pode ser: - manual: transportada no ombro do trabalhador; - tracionada: rebocada por outro equipamento (através de uma estrutura de suporte e de rodas); - auto-transportáveis (locomoção própria por tração). As brocas podem ser dos tipos: - integral; - extensão. Os compressores podem ser classificados de 3 maneiras: Quanto a mobilidade: - semi-estacionário; - móvel. Quanto a alimentação: - energia elétrica; - diesel ou gasolina. Quanto a funcionalidade: - pistão e cilindro; - parafusos (rosca sem fim); 22..22..88.. EEXXPPLLOOSSIIVVOOSS Os explosivos são separados em três categorias básicas: Primários ou iniciadores: são extremamente sensíveis e geram energia suficiente para ativar o explosivo secundário. Compreendem: Espoletas - comum (com ou sem retardo); Curso de Engenharia Civil Pavimentação Prof. José Nuno Amaral Wendt Página 24 2014 - elétrica: neste caso deve-se ter um projeto elétrico e não utilizar em locais próximos de alta tensão (com ou sem retardo). Cordel detonante; Estopim. Secundários ou alto explosivos: o Dinamite: composta de nitratos, nitroglicerina e material de enchimento (celulose que da característica sólida para dinamite); o Gelatina: pode ser usada dentro da água; o Nitrato e óleo; o Lama explosiva (suporta umidade). Baixo explosivo: pólvora 22..22..88..11.. PPRROOPPRRIIEEDDAADDEESS DDOOSS EEXXPPLLOOSSIIVVOOSS força velocidade resistência a água segurança no manuseio densidade Sensibilidade Volume de gases Gases tóxicos 22..22..88..22.. TTIIPPOOSS DDEE EEXXPPLLOOSSIIVVOOSS pólvoras gelatinosos ou semi-gelatinosos anfos (nitratos) granulados lamas explosivas pastas emulsões bombeados 22..22..99 .. PPLLAANNOO DDEE FFOOGGOO Curso de Engenharia Civil Pavimentação Prof. José Nuno Amaral Wendt Página 25 2014 A extração de pedra do maciço ocorre ao ar livre, por meio de explosivos colocados nas perfurações da rocha, em bancadas sucessivas quando necessário, obedecendo a um plano de fogo preestabelecido. O plano de fogo é determinado através de formulas empíricas, considerando: - diâmetro do furo (D): conforme o equipamento de perfuração utilizado, varia entre 7/8” (22mm) a 5” (127mm). - altura da bancada (H): conforme o equipamento de perfuração, a altura da bancada pode atingir até 4m quando utilizar equipamento manual, entre 4 e 18 m empregando-se perfuratriz auto-propelida, e até 30m com perfuratriz de furo-abaixo. - afastamento (A): distancia da linha de furos até a frente da bancada, ou de uma linha de furos a outra. Obtém-se pelas expressões: para detonar apenas uma linha de furos: A = 45 D – 0,02 H ou para detonar mais de uma linha de furos simultaneamente: A = 45 D – 0,05 H - Espaçamento (E): é a distância entre dois furos de uma mesma fila. Utiliza-se espaçamento entre 1 e 1,30 vezes o afastamento, geralmente “1,15 A” para rochas duras e “1,30 A” para rochas brandas. O espaçamento nunca deve ser menor que o afastamento, caso contrário, o número de matacões será excessivo. - tampão (T): a parte superior do furo que não é carregada com explosivos, mas sim com terra, areia ou outro material inerte afim de confinar os gases do explosivo. T é igual a “1,0 A”. - profundidade do furo (p): utiliza-se as expressões: p = H + 0,3 A para bancadas verticais, ou Curso de Engenharia Civil Pavimentação Prof. José Nuno Amaral Wendt Página 26 2014 p = (H/cos ) + 0,2 A para bancadas inclinadas. - taxa de carga de fundo (Cf): utiliza-se a expressão: Cf (em g/m) = [ D (em mm) ] 2 - comprimento da carga de fundo (Lf): utiliza-se a expressão: Lf = 1,3 A - taxa de carga de coluna (Cc): Na carga de coluna utiliza-se explosivo de menor densidade, para adequar-se a taxa de carga de coluna. Cc mínimo = 0,4.Cf Cc máximo = 0,5.Cf - comprimento da carga de coluna (Lc): utiliza-se as expressões: Lc = p – 2,3 A - quantidade de explosivos por furo (Qf): Qf = Cf . Lf + Cc . Lc - volume de rocha extraída por furo (Vf): Vf = H . A . E - consumo de explosivos por m3 de rocha extraída (C): C = Qf / Vf Para outras informações, pode-se consultar os seguintes sites na internet: http://pt.wikipedia.org/wiki/Explosivo http://www.mte.gov.br/legislacao/normas_regulamentadoras/nr_19.asp Curso de Engenharia Civil Pavimentação Prof. José Nuno Amaral Wendt Página 27 2014 22..33.. MMAATTEERRIIAAIISS BBEETTUUMMIINNOOSSOOSS O betume é a combinação de hidrocarbonetos produzidos naturalmente ou por combustão, ou por ambos associados, encontrados freqüentemente acompanhados por derivados não-metálicos e sempre completamente solúveis no bissulfeto de carbono. Asfaltos são materiais aglutinantes de consistência variável, cor pardo-escura ou negra e nos quais o constituinte predominante é o betume, podendo ocorrer na natureza em jazidas ou ser obtido pela refinação do petróleo. Existem asfaltos para pavimentação e asfaltos industriais. Alcatrões, para pavimentação, são produtos resultantes do processos de refino dos alcatrões brutos, os quais se originam da destilação dos carvões ou madeira durante a fabricação de gás e coque. O asfalto e o alcatrão são materiais betuminosos, porque contem betume, mas com propriedades bem diferentes. O alcatrão, alem de baixa qualidade e homogeneidade, apresenta substancias cancerígenas. 22..33..11.. EENNSSAAIIOOSS CCOOMM MMAATTEERRIIAAIISS BBEETTUUMMIINNOOSSOOSS Viscosidade absoluta; Viscosidade Saybolt Furol: quanto tempo 60ml de CAP leva para escoar, a uma determinada temperatura, pelo orifício do viscosimetro. Efeito de calor e do ar: efeito sobre amassa, ductilidadee viscosidade após aquecimento e resfriamento. Ductilidade: quantos centímetros uma amostra de CAP com seção transversal de 1 cm2 estende sem romper; Penetração: penetração em décimos de mm de uma agulha padrão numa amostra de CAP, no tempo de 5s, com o peso de 100g, a temperatura de 25 graus C. Ponto de amolecimento (ensaio de anel e bola): uma amostra de CAP é colocada dentro de um anel. Em cima do CAP é colocada uma bolinha cujo diâmetro é menor que o do anel. Todo material é colocado em banho Maria. Junto tem um termômetro. A medida que a temperatura aumenta, o CAP amolece e a bolinha vai descendo empurrando o CAP por dentro do anel, até encostar numa base abaixo do anel. Quando a amostra encosta na base, anota-se a temperatura indicada no termômetro, e esta é o ponto de amolecimento. Ponto de fulgor: ensaio de segurança. Determina-se a temperatura em que o material corre o risco de incendiar-se, ou seja, torna-se inflamável. Obtém-se pelo aquecimento da amostra passando-se uma chama a 1 mm acima da superfície da amostra, o ponto de fulgor será a menor temperatura em que surgir um lampejo de fogo na superfície da amostra. Curso de Engenharia Civil Pavimentação Prof. José Nuno Amaral Wendt Página 28 2014 Solubilidade: ensaio feito para verificar o teor de pureza do CAP. Verifica- se o que é solúvel no tricloroetileno. Espuma: o produto não deve produzir espuma (bolhas) quando aquecido a 175º C. Índice de suscetibilidade térmica, ou índice Pfeiffer e Van Doormall, calculado a partir dos valores do ponto de amolecimento (em º C) e da penetração ( em 0,1 mm), deve situar-se entre –1,5 e +0,7. IST= (500 . log PEN + 20 . PA – 1951) / (120 – 50 . log PEN + PA) Ensaio de resíduo mínimo para emulsão asfáltica: verifica se o CAP está diluído numa quantidade de água acima do permitido. Toda emulsão deve ter de 60 a 70% de CAP. Ensaio Marshall: mede a resistência da massa asfáltica. Molda-se um corpo de prova cilíndrico de 4” com uma altura prevista de 6,35 cm. Esse CP é rompido em compressão diametral. Para saber a quantidade de material para fazer o CP, basta calcular o volume pelas dimensões citadas anteriormente e multiplicar pela sua massa específica. Coloca-se a massa num molde e no fundo um filtro de papel, para não grudar. São aplicados 75 golpes em cada uma das suas duas faces. Retira-se o CP e mede-se a altura, que pode variar, não ficando exatamente com 6,35cm. Neste caso usa-se um fator de correção da estabilidade em função da espessura, mostrado no cap. 4 (quadro 4.1). O material é rompido e têm-se dois resultados: a estabilidade (carga máxima que suporta até a ruptura) e a fluência (deformação em função da carga aplicada). Teor de Betume: a massa asfáltica vai para a centrífuga para separar o cimento asfáltico do agregado. É adicionado gasolina até que esta saia limpa, sem CAP. Neste momento, só resta o agregado e pode-se calcular o teor de betume. Peneiração de emulsões. 22..33..22.. TTIIPPOOSS DDEE MMAATTEERRIIAAIISS BBEETTUUMMIINNOOSSOOSS Os asfaltos para pavimentação obtidos do refino do petróleo são os cimentos asfalticos de petróleo (CAP), as emulsões astalticas de petroleo (EAP) e os asfaltos diluidos de petroleo (ADP). 2.3.2.1. cimento asfaltico de petróleo: Cimento asfáltico de petroleo: também conhecido por CAP, é o responsável pela liga da massa. É classificado pelo ensaio de penetração desde 2005, substituindo a a classificação pela viscosidade que vigorava ate então. Pela penetração: Os cimentos asfálticos são classificados conforme uma faixa de valores do ensaio de penetração: CAP 30/45, CAP 50/60, CAP 85/100, CAP 150/200. Em Araucaria(PR) a Petrobras fabrica o cap 50/70. No quadro 1 tem-se a especificação brasileira dos CAPs para diferentes ensaios com materiais betuminosos. Pela viscosidade: os CAPs eram classificados até 2005 em CAP 7, CAP 20 e CAP 40 . Curso de Engenharia Civil Pavimentação Prof. José Nuno Amaral Wendt Página 29 2014 Quadro 1. Especificação de cimento asfaltico (ANP, 2005, apud Bernucci et al, 2008). O cimento asfáltico é o asfalto obtido especialmente para apresentar características adequadas para o uso na construção de pavimentos, podendo ser obtido por destilação do petróleo em refinarias ou do asfalto natural encontrado em jazidas. O cimento asfáltico de petróleo recebe o símbolo CAP e o cimento asfáltico natural o símbolo CAN. São semi sólidos à temperatura ambiente, e necessitam de aquecimento para terem consistência apropriada ao envolvimento de agregados, possuem características e flexibilidade, durabilidade, aglutinação, impermeabilização e elevada resistência à ação da maioria dos ácidos, sais e álcalis. O cimento asfaltico modificado por polímeros são necessários para melhorar as propriedades dos asfaltos, para atender trafego pesado, ou regiões com grandes diferenças de temperaturas, ou aeroportos. No quadro 2 consta a especificação adotada pelo DNIT para asfalto modicado por polímeros. No quadro 3, apresenta-se a especificação estudada pela agencia nacional de petróleo (ANP). Curso de Engenharia Civil Pavimentação Prof. José Nuno Amaral Wendt Página 30 2014 Quadro 2. Especificação para asfalto modificado por polímero (DNIT, 1999) Quadro 3. Especificação para asfaltos modificados por polímeros (ANP, 2007).. Curso de Engenharia Civil Pavimentação Prof. José Nuno Amaral Wendt Página 31 2014 Um polímero bastante estudado tem sido a borracha triturada de pneus obtida pela via úmida, que, misturado ao CAP aquecido, é chamado de asfalto-borracha. A borracha de pneus triturada pela via seca entra na mistura como agregado, substituindo parte do agregado pétreo, e é chamado de agregado-borracha. No quadro 4 tem-se especificações do asfalto borracha via úmida do Departamento de estradas de rodagem do Paraná (DER/PR). Quadro 4. Especificações para asfalto-borracha via úmida (DER/PR ES-28/05) 2.3.2.2. emulsão asfaltica de petróleo: Emulsão asfáltica (EAP): mistura de CAP (60 a 70%) com água e emulsificante (0,2 a 1%) para dispersar a água. Pode ser de ruptura rápida (RR-1C e RR- 2C), média (RM-1C e RM-2C) ou lenta (RL-1C ou as emulsões do tipo LA). As emulsões de ruptura lenta preparadas para misturas betuminososas tipo lama asfaltica são as emulsões LA-1, LA-2, LA-1C, LA-2C ou LA-E. O quadro 5 mostra as especificações brasileiras para emulsões asfalticas catiônicas, e o quadro 6 as especificações para as emulsões para lama asfaltica (LA), adotadas pelo Conselho Nacional de Petróleo (CNP). Também as emulsões podem ser as suas propriedades modificadas por adição de polímeros dos tipos SBR e SBS, com especificações em estudo pela ANP. Recentemente foi lançada emulsões asfalticas especiais com viscosidades adequadas parasubstituir os asfaltos diluídos de petróleo utilizados na pavimentação, menos agressivos ao meio ambiente. Curso de Engenharia Civil Pavimentação Prof. José Nuno Amaral Wendt Página 32 2014 Quadro 5. Especificações para emulsões asfalticas catiônicas (CNP, 1988). Quadro 6. Especificações de emulsões para lama asfaltica (CNP, 1973) Curso de Engenharia Civil Pavimentação Prof. José Nuno Amaral Wendt Página 33 2014 2.3.2.3. Asfaltos diluídos de petróleo: Asfaltos diluídos (ADP): mistura de CAP com solvente. O CAP pode ser diluído em querosene (cura média: CM-30 e CM-70) ou gasolina (cura rápida: CR-70 e CR- 250). A vantagem é que estes asfaltos podem ser utilizados a frio. A desvantagem é que a gasolina ou a querosene não tem outra função se não diluir o CAP, no processo de cura ela evapora, e é perdida, permanecendo apenas o CAP residual como aglutinante da massa asfáltica. Acredita-se que os asfaltos diluídos venham a ser totalmente substituídos pelas emulsões especiais. 22..44.. OOUUTTRROOSS MMAATTEERRIIAAIISS:: Utiliza-se ainda nos serviços de pavimentação outros materiais como: cal , cimento portland, pozolanas, e outros aglomerantes. São também empregados materiais para conferir determinadas qualidades técnicas ou econômicas às massas asfálticas, como os polímeros já vistos, as borrachas de pneus, sucatas, etc. A adição de um pequeno volume de água ao CAP aquecido, em condições controladas, produz o denominado asfalto-espuma: a expansão provocada pela espumação do ligante produz um aumento de volume e menor viscosidade, que facilita o recobrimento dos agregados. Utiliza-se ainda os agentes rejuvenescedores para repor o elemento malteno dos betumes, perdido no envelhecimento da mistura asfaltica, através dos processos de reciclagem a quente, ou de agentes rejuvenescedores emulsionados na reciclagem a frio. Curso de Engenharia Civil Pavimentação Prof. José Nuno Amaral Wendt Página 34 2014 33.. DDIIMMEENNSSIIOONNAAMMEENNTTOO O dimensionamento dos pavimentos consiste na determinação das espessuras das camadas constituintes do pavimento. Existem diversos métodos de dimensionamento de pavimentos, sendo os mais utilizados o método do Eng. Murillo Lopes de Souza e os métodos baseados na teoria da elasticidade. 33..11.. DDiimmeennssõõeess ee ccaarrggaass ppoorr eeiixxoo ddooss vveeííccuullooss Os veículos que podem trafegar sem autorização especial de trafego tem que possuir as seguintes dimensões: · Largura máxima: 2,60 metros; · Altura máxima: 4,40 metros; · Comprimento máximo: · Veículo simples: 14 metros; · Veículo articulado: 18,15 metros; · Veículo com reboques: 19,80 metros. A legislação em vigor, conhecida como Lei da Balança define carga máxima por eixo: Eixo Isolado com dois pneus = 6 t. Eixo Isolado com quatro pneus = 10 t. Dois eixos de quatro pneus cada = 17 t (tandem), ou 15 t (se não forem em tandem). Três eixos de quatro pneus cada = 25,5 t (tandem) Qualquer composição de eixos deve atender o limite de 45 toneladas por unidade. Cargas, por veiculo, superior a 45 t, necessitam de autorização especial de trafego, como é o caso dos bi-trens ou rodo-trens (resolução 68/98 do Contran). O eixo é considerado isolado quando o centro do eixo se situa a mais de 2,40m do centro do outro eixo mais próximo. Eixos em tandem são dois ou mais eixos que constituem um conjunto integral de suspensão, podendo qualquer um deles ser ou não motriz. 33..22.. MMééttooddoo ddee ddiimmeennssiioonnaammeennttoo ddoo DDNNIITT:: O método de dimensionamento empregado pelo DNIT foi proposto pela equipe chefiada pelo Eng. Murillo Lopes de Souza no Instituto de Pesquisas Rodoviarias (IPR) do DNIT, e tem base no ensaio de ISC (ou CBR) e no numero N. O número N é o número de repetições do eixo simples padrão (ESP) durante o período P de vida útil de projeto de um pavimento. O numero N pode ser calculado a partir da determinação dos seguintes elementos: fator–eixo, fator-carga, fator-veiculo, fator climático regional, volume atual, volume inicial, volume final, volume médio, volume total. Fator eixo (FE): é o coeficiente que, multiplicado pelo numero de veículos, dá o numero de eixos correspondente. Fator de eixo é um fator que transforma o tráfego em número de veículos padrão no sentido dominante, em número de passagens de eixos equivalentes. É calculado através da formula: Curso de Engenharia Civil Pavimentação Prof. José Nuno Amaral Wendt Página 35 2014 FE = 2x + 3y + 4z Sendo: x, y, z as porcentagens de veículos com 2, 3 e 4 eixos, respectivamente. Exemplo: Tendo 60% de veículos com 2 eixos, 30% 3 eixos e 10% 4 eixos, qual o fator eixo? R.: 2,5 Fator Carga (FC) : é um coeficiente que, multiplicado pelo numero de eixos que circulam, da o numero equivalente de cargas padrão ESP. Obtém-se pela somatória das equivalência de operações multiplicadas pela porcentagem que a carga representa no trafego. Os fatores de equivalência de operações para eixos simples e os fatores para eixos tandem duplo estão apresentados no quadro 3.1, e os fatores de equivalência para eixo triplo constam do quadro 3.2. Fator carga é o número que relaciona o efeito de uma passagem de qualquer tipo de veículo sobre o pavimento com o efeito provocado pela passagem de um veículo considerado padrão FC = ∑ FEO . pc Sendo: FEO = fator de equivalência de operações da carga, pc = porcentagem da carga no trafego. Exemplo: Se um pavimento tiver 50% das cargas com 11 toneladas por eixo simples e 50% das cargas com 19 toneladas por eixo tandem duplo, qual o fator carga? R.: 10,5 Fator veiculo (FV): o fator veiculo individual de cada categoria de veículos é a somatória dos fatores de equivalência de operações dos eixos do veiculo. O fator veiculo global é o somatório dos fatores veículos individuais multiplicados pela porcentagem que cada veiculo representa no trafego. FV é o fator de veículo, que se trata do produto do fator de carga e do fator de eixo. FV = ∑ (Fvi . pv) Sendo Fvi = ∑ FEO e pv = porcentagem da categoria de veículos no trafego. Exemplos: a) Qual o fator veiculo para caminhões médios com um eixo simples dianteiro com carga de 6 toneladas, e um eixo duplo traseiro com carga de 10 toneladas? R.: 0,8 b) Qual o fator veiculo para caminhões médios com um eixo simples dianteiro com carga de 6 toneladas, e um eixo simples traseiro com carga de 10 toneladas? R.: 3,2 Curso de Engenharia Civil Pavimentação Prof. José Nuno Amaral Wendt Página 36 2014 Quadro 3.1. Fatores de equivalência de operações paraeixos simples e duplos: Eixo simples Carga por eixo (tf) Fator de equivalência de operações Eixo em tandem duplo Carga por eixo (tf) Fator de equivalência de operações 1 0,0004 1 0,001 2 0,004 2 0,002 3 0,020 3 0,005 4 0,050 4 0,010 5 0,100 5 0,020 6 0,200 6 0,060 7 0,500 7 0,100 8 1,000 8 0,200 9 2,000 9 0,400 10 3,000 10 0,600 11 6,000 11 0,700 12 9,000 12 1,300 13 15,000 13 2,000 14 25,000 14 3,100 15 40,000 15 4,000 16 50,000 16 6,000 17 80,000 17 7,000 18 110,000 18 10,000 19 200,000 19 15,000 20 260,000 20 20,000 21 30,000 22 35,000 23 45,000 24 55,000 25 70,000 26 80,000 27 100,000 28 130,000 29 160,000 30 190,000 Curso de Engenharia Civil Pavimentação Prof. José Nuno Amaral Wendt Página 37 2014 Quadro 3.2. Fatores de equivalência para eixos tandem triplos: carga/ eixo triplo (ton.) fator de equivalência de operações 6 0,04 8 0,08 10 0,18 12 0,29 14 0,58 16 0,92 18 1,5 20 2,47 22 5,59 24 6,11 26 9,88 28 14,82 30 20,80 32 40,30 34 46,80 36 59,80 38 91,00 40 130,00 Na falta de dados mais precisos, poderão ser adotados os valores do quadro 3.3 para FV, quando se conhece o percentual de caminhões médios e pesados (inclusive reboques). Santana (1992) sugere os FVi constantes do quadro 3.4, para veículos com carregamento máximo. Quadro 3.3. Fator veiculo (FVi) para veículos com carregamento máximo: Veiculo Tipo FVi Ônibus 2 eixos simples 4,15 Caminhões leves 2 eixos simples 4,15 Caminhões médios 1 eixo simples e 1 duplo 9,65 Reboques leves 2 eixos simples (cavalo) e 1 eixo simples (reboque) 8,15 Reboques médios 2 eixos simples (cavalo) e 1 eixo duplo (reboque) 11,65 Reboques pesados 2 eixos simples (cavalo) e 1 eixo triplo (reboque) 13,35 Reboques pesados 1 eixo simples e 1 duplo (cavalo) e 1 eixo duplo (reboque) 18,85 Fonte: Santana, 1992. Curso de Engenharia Civil Pavimentação Prof. José Nuno Amaral Wendt Página 38 2014 Fator climático regional (FR): originalmente o método de dimensionamento estabelecia fatores climáticos conforme a intensidade anual media de chuvas na região. FR é o fator regional, função da altura média anual de chuva. Entretanto, a tendência é se usar FR=1,0 para qualquer altura média de chuva. Atualmente, prefere-se não considerar o efeito do clima da região no dimensionamento, utilizando-se geralmente FR = 1 nos dimensionamentos. Volume atual ou volume de referencia (Vo): é necessário conhecer o volume diário médio atual, ou de alguma data anterior, que permita projetar o volume de trafego atual. Geralmente efetua-se contagens classificatorias para determinar este parâmetro. Fator de expansão horária (FH): quando o volume de trafego conhecido não contemplar as 24 horas do dia, necessita-se de um fator horário para expandir o trafego de n horas para o volume diário . Dados coletados em rodovia do médio vale de hora em hora durante 28 dias resultaram nas medias constantes do quadro 3.5 a seguir, onde se observa que no horário das 8 as 19 horas circulou 71,6% do trafego diário, assim o FH será igual a 100/71,6 equivalente a aproximadamente 1,40. Quadro 3.5. Médias de tráfego horário na rodovia SC 470, trecho Blumenau- Gaspar, no bairro Bela Vista, em abril de 1995: Horário Media % inicio termino Veículos 0 1 107,07 0,860 1 2 65,39 0,525 2 3 51,79 0,416 3 4 53,64 0,431 4 5 81,21 0,652 5 6 106,14 0,853 6 7 322,57 2,591 7 8 742,93 5,968 8 9 758,71 6,095 9 10 790,96 6,354 10 11 789,68 6,344 11 12 733,89 5,895 12 13 578,07 4,644 13 14 735,79 5,911 14 15 824,39 6,622 15 16 837,50 6,728 16 17 930,39 7,474 17 18 997,43 8,012 18 19 940,14 7,552 19 20 676,86 5,437 20 21 455,71 3,661 21 22 376,96 3,028 22 23 308,46 2,478 23 24 182,82 1,469 total: 12448,50 100 Fonte: DEINFRA/SC Curso de Engenharia Civil Pavimentação Prof. José Nuno Amaral Wendt Página 39 2014 Fator faixa (FF): normalmente a contagem de trafego é feita nos dois sentidos, assim Vo expressa o trafego de ida e volta nas duas ou mais faixas de rolamento do pavimento, enquanto o dimensionamento se processa para o trafego de cada faixa. Para Vo correspondente ao trafego total nos dois sentidos e uma via de pista simples com duas faixas de rolamento, o FF será igual a 0,50. Para quatro faixas, FF varia de 0,35 a 0,48. Fator dia (FD): trata-se da relação entre o volume diário médio semanal com o registrado em um dia da semana. Assim, um dia útil normalmente apresenta um trafego superior a media semanal, enquanto no domingo geralmente observa-se um volume inferior a media. Fator mês: trata-se da relação entre o volume diário médio anual e o volume diário médio mensal. Em algumas regiões existe sazonalidade, ou seja, variação do volume de trafego conforme a época do ano (colheita da safra e entressafra, por exemplo, em regiões agrícolas). Taxa de crescimento: é o índice de variação percentual do trafego, projetada para o período de vida útil da estrada. Necessita-se conhecer as taxas de variação dos últimos anos na rodovia ou na região, para estabelecer as taxas futuras. A taxa pode ser estabelecida em função de crescimento em progressão aritmética ou em progressão geométrica. Geralmente são estabelecidas taxas diferenciadas para as categorias de trafego. Volume inicial Vi: É o volume de tráfego na entrega da obra, ou seja, o número de veículos que vão utilizar cada faixa do pavimento no primeiro ano do período de vida útil do pavimento. Quando existir um período i entre o ano que foi medido o volume de projeto Vo e o ano previsto para a abertura ao tráfego, o volume Vi é determinado por: Vi = Vo + Vo . ta . i para uma taxa de crescimento aritmética ta, ou Vi = Vo ( 1+ tg ) i para uma taxa de crescimento geométrica tg. Volume final: é o volume diário médio de tráfego no final do período de projeto, ou seja, no último ano do período de vida útil. Volume médio Vm: Vm é a média dos volumes inicial e final do período. Para taxa aritmética, sendo: Vf = Vi + Vi . ( P – 1) . ta resulta: Vm = (Vi + Vf) /2 Volume total Vt: é o volume de tráfego no sentido mais solicitado, durante o período de projeto P. Para o cálculo de Vt, é necessário adotar uma taxa t de crescimento Curso de Engenharia Civil Pavimentação Prof. José Nuno Amaral Wendt Página 40 2014 aritmética ou geométrica para o tráfego durante o período de projeto P. Obtém-se Vt, para taxa aritmética, através da expressão: Vt = 365 . P . Vm O volume Vt, quando considera-se a taxa geométrica, é obtido por: Vt = 365 . Vi . [ (1 + tg ) P – 1 ] / tg
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