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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO AMANDA JUSTO CLAUDINO SOFRIMENTO NO TRABALHO E O IMPACTO PARA A PRODUTIVIDADE NAS EMPRESAS São Paulo 2013 A M A N D A JU S T O C L A U D IN O - S O F R IM E N T O N O T R A B A L H O E O IM P A C T O P A R A A P R O D U T IV ID A D E - 2 0 1 3 D A S E M P R E S A S UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO AMANDA JUSTO CLAUDINO SOFRIMENTO NO TRABALHO E O IMPACTO PARA A PRODUTIVIDADE NAS EMPRESAS Monografia apresentada ao Departamento de Pós-Graduação, da Universidade Presbiteriana Mackenzie, como parte dos requisitos exigidos para a obtenção de título de Especialização do Curso de Pós-Graduação em Psicologia Organizacional e do Trabalho. São Paulo 2013 AGRADECIMENTOS A Deus, fonte de toda sabedoria, pela força e pela coragem que me concedeu, permanecendo ao meu lado em todo o percurso desta caminhada. Aos professores da Universidade Presbiteriana Mackenzie, pelas sugestões valiosas durante a fase de qualificação, que muito contribuíram para a minha formação. Aos colegas de classe, pelo apoio incondicional e, sobretudo pela paciência e incentivo nos momentos difíceis. À minha família que sempre me incentivou e elogiou meu esforço e perseverança para a conclusão deste tão sonhado curso. DEDICATÓRIA Aos meus pais, pelo constante incentivo e apoio e pela confiança na realização deste trabalho. EPÍGRAFE O domínio de uma profissão não exclui o seu aperfeiçoamento. Ao contrário, será mestre quem continuar aprendendo (Pierre Furter). RESUMO Esta Monografia procura investigar os níveis de estresse dos colaboradores nas empresas, e relacioná-los aos inimigos do Clima Organizacional não produtivo. Dada a extensa e significativa sintomatologia existente, optamos em discutir o Estresse no Ambiente de Trabalho, com base nas teorias de Christophe Dejours. A Psicopatologia do Trabalho tem na obra de Dejours uma de suas principais fontes atuais de referência; sua visão de sofrimento no trabalho tem trazido novas luzes sobre essa especialidade e contribuído com inúmeras obras para o seu desenvolvimento. Esse estudo sobre o sofrimento no trabalho, na visão de Dejours traz alguns dos subsídios teóricos, fornecidos por esse cientista sobre o assunto, abordando a gênese de seu pensamento inovador, investigando as causas do sofrimento, e os conceitos de normalidade e sofrimento no trabalho. Palavras Chave: Dejours, psicopatologia do trabalho, sofrimento. ABSTRACT This monograph investigates the stress levels of employees in companies, and relate them to the enemies of Organizational Climate unproductive. Given the extensive and significant existing symptoms, we decided to discuss the Stress in the Workplace, based on the theories of Christophe Dejours. Work Psychopathology Dejours is the work of one of its main sources of reference, his vision of suffering at work has shed new light on this specialty and contributed numerous articles to its development. This study on suffering at work in the view of Dejours brings some of the theoretical basis, provided by this scientist on the subject, addressing the genesis of his innovative thinking, investigating the causes of suffering, and the concepts of normality and suffering at work. SUMÁRIO 1. MATERIAL E MÉTODOS................................................................................................. 1 2. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 2 3. O DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL E A LUTA PELA SOBREVIVÊNCIA ........ 3 4. AS CAUSAS DO SOFRIMENTO...................................................................................... 4 5. FASES DE ESTRESSE........................................................................................................ 5 6. CONCEITO DE CLIMA ORGANIZACIONAL............................................................... 6 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................................................ ANEXOS................................................................................................................................. MATERIAL E MÉTODOS Como principal problema a ser tratado e objetivo geral deste trabalho, coloca-se o nível de Estresse dos colaboradores nas empresas e os inimigos que contribuem para o clima não produtivo. O objetivo específico é relatar situações de estresse no trabalho, examinar os problemas causados na diminuição da produtividade e relacioná-los. Como Delineamento da Pesquisa para o desenvolvimento, foi colocado foco de Pesquisa Qualitativa/ Exploratória, pois os métodos qualitativos estão mais preocupados com o processo social do que com a estrutura social; busca visualizar o contexto e, ter uma integração empática com o processo objeto de estudo que implique melhor compreensão do fenômeno. A metodologia utilizada para a elaboração da Monografia foi uma pesquisa abrangente em livros, sites, jornais, revistas e artigos, que depois de consultados, possibilitou o desenvolvimento acerca do tema escolhido. INTRODUÇÃO No mundo globalizado cada vez mais se observa o sofrimento psíquico dos trabalhadores. Tal fato parece estar relacionado a uma carga excessiva de trabalho mental e de tarefas solicitadas ao profissional nas diversas áreas. Segundo dados mundiais da OMS - Organização Mundial da Saúde (2001), cerca de 450 milhões de pessoas apresentam manifestações clínicas relativas à saúde mental (ansiedade, depressão, estresse, esquizofrenia, entre outras), ou problemas psicossociais (abuso de álcool e drogas). A cada quatro pessoas, uma será afetada por um comprometimento de ordem mental ou psicológico em alguma fase da vida. O sofrimento no trabalho constitui-se uma das consequências da insistência do ser humano em viver em um ambiente que lhe é adverso. A relação do homem com o trabalho nunca foi fácil, até mesmo a etimologia da palavra denota algo penoso e, até mesmo, indesejado. Houve tempos em que as patologias associadas ao trabalhoeram, em sua grande parte somáticas. No entanto, essa realidade tem mudado, especialmente, no período pós anos 1960, quando o trabalho começou a ganhar componentes, cada vez mais, psicopatológicos, sendo, justamente, a partir dessa época que se inicia o desenvolvimento do pensamento Dejouriano. Este trabalho procura, a partir da visão de Dejours, identificar as raízes do sofrimento no trabalho e compreender a relação do trabalhador com esse sofrimento, e a circunstância em que o próprio trabalho se revela uma ameaça à saúde do trabalhador. O DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL E A LUTA PELA SOBREVIVÊNCIA O pensamento de Dejours sobre o sofrimento humano, encontra-se nos fundamentos do desenvolvimento industrial do século XIX, caracterizado pelo crescimento da produção, êxodo rural e concentração de novas populações urbanas, portanto, com destacado cunho sociológico. O período era de precárias condições de trabalho, emprego de crianças na produção industrial, salários insuficientes para a subsistência e elevado número de acidentes de trabalho. A sociedade industrial convivia com alta morbidade, crescente mortalidade e uma longevidade, extremamente reduzida, e a batalha pela saúde era a própria luta pela sobrevivência (DEJOURS, 1998). Para Dejours (1998), as exigências do trabalho e da vida são uma ameaça ao próprio trabalhador, que acusa riscos de sofrimento, que se compara a uma doença contagiosa, devendo ser encarada e tratada como tal, surgindo daí um movimento denominado higienista como resposta social ao perigo. Somente na época da Primeira Guerra Mundial é que os operários organizados e com força política conquistam aquilo que Dejours chama de direito à vida; a partir de então, os trabalhadores buscaram salvar o corpo dos acidentes, prevenir as doenças profissionais e as intoxicações e assegurar aos trabalhadores melhores cuidados e tratamentos convenientes (DEJOURS, 1998). Para Dejours (1998), a primeira vítima do sistema não é o aparelho psíquico, mas sim, o corpo dócil e disciplinado, entregue às dificuldades inerentes à atividade laborativa. Dessa forma projeta-se um corpo sem defesa, explorado e fragilizado pela privação de seu protetor natural, que é o aparelho mental. De 1914 a 1968, a luta pela sobrevivência operária dá lugar à luta pela saúde do corpo. Após o ano de 1968, Dejours (1998) denomina desenvolvimento desigual das forças produtivas. Esse período é marcado por uma crise do sistema taylorista, onde ocorreram greves, paralisações de produção, absenteísmo, sabotagem da produção, que induzem à busca de soluções alternativas. A reestruturação da tarefa (Dejours, 1998), surge como resposta à necessidade de substituir a Organização Científica do Trabalho, e traz à tona amplas discussões sobre o objetivo do trabalho, a relação homem-tarefa, acentuando a dimensão do trabalho industrial. Com o desenvolvimento industrial-tecnológico, a carga física do trabalho diminui, sendo estabelecidas novas condições, descobrindo-se então sofrimentos insuspeitos e, assim acentua-se a dimensão mental do trabalho. AS CAUSAS DO SOFRIMENTO Foi a partir dos anos 80 que a Psicopatologia do Trabalho se preocupou em fundamentar a clínica do sofrimento, na relação psíquica com o trabalho. Nessa nova abordagem o trabalho (CODO et AL., 1993), na clínica psicológica, pode então ultrapassar seus conceitos filosóficos, econômicos e sociológicos, passando a ser definido como uma psicopatologia, sendo que a etimologia dessa psicopatologia tem sua origem nas pressões do trabalho; pressões essas que põem em xeque o equilíbrio psíquico e a saúde mental, na organização do trabalho (DEJOURS, 1994). Dejours (1998) afirma que as relações de trabalho, dentro das organizações, frequentemente, despojam o trabalhador de sua subjetividade, excluindo o sujeito e fazendo do homem uma vítima do seu trabalho. Um dos mais cruéis golpes que o homem sofre com o trabalho é a frustração de suas expectativas iniciais sobre o mesmo, à medida que a propaganda do mundo do trabalho promete felicidade e satisfação pessoal e material para o trabalhador; porém, quando lá adentra, o que se tem é infelicidade e, na maioria das vezes, a insatisfação pessoal e profissional do trabalhador, desencadeando, então, o sofrimento humano nas organizações. Segundo (Dejours, 1998), essa situação deu-se com maior intensidade após a década de 1960, quando houve uma aceleração desigual das forças produtivas, das ciências, das técnicas e das máquinas. Todos esses fatores, aliados às novas condições de trabalho – que poder ser entendidas por meio do ambiente físico, químico, biológico, pelas condições de higiene, de segurança e as características antropométricas do posto de trabalho nas industrias, facilitaram o aparecimento de sofrimentos insuspeitos na vida dos operários. Os sofrimentos insuspeitos não se apresentam de uma maneira uníssona, no pensamento de Dejours (1993); eles estão associados a fatores históricos, laborativos e àqueles favoráveis ou não para a vida do trabalhador, relacionados à própria vida humana e ao trabalho. FASES DO ESTRESSE O Estresse é a alteração global do nosso organismo para adaptar-se a uma situação nova ou às mudanças de um modo geral. Quando o ser humano se vê em uma situação ameaçadora, sendo afetado por um estímulo negativo, seu organismo passa a desenvolver algumas reações para sua adaptação, que são chamadas de Síndrome Geral da Adaptação ao Estresse. Segundo a revista da Psicologia, em geral o estresse se manifesta em 4 etapas distintas: 1ª: Fase de Alerta – é a primeira fase do estresse, não é prejudicial, sendo considerada até uma fase positiva. É quando o “ser” se prepara para a ação, quando estamos cheios de “garra”, de força e de coragem, com novas idéias e vontade de iniciar novos projetos. Nesta fase há produção de adrenalina, o que faz com que a pessoa sinta-se mais atenta, forte e motivada, mas essa fase dura pouco e logo o estresse evolui para a segunda fase. 2ª: Fase de Resistência – é a segunda fase do estresse, quando o organismo entra em ação para impedir o desgaste total de energia, tentando resistir aos fatores estressores e restabelecer o equilíbrio que foi quebrado na fase de alerta. Nesta fase inicia-se a produção de cortisol que é prejudicial ao organismo, a produtividade fica diminuída, a pessoa inicia muitas coisas e não consegue concluir nada. A vulnerabilidade a vírus e bactérias fica acentuada. 3ª Fase de quase Exaustão – é a terceira fase do estresse, quando não se consegue mais controlar a tensão, a resistência física e emocional começa a se quebrar e tudo é feito com muito esforço. Trabalhar, estudar ou fazer as atividades diárias, torna- se muito cansativo. A ansiedade aumenta e o cortisol é produzido em maior quantidade, começando a destruir as defesas imunológicas. Doenças começam a aparecer, afetando a mente e o corpo, como por exemplo: gastrite, herpes, dermatites, urticária, depressão, angústia, ansiedade, desgaste físico e mental, insônia, dificuldade sexuais, alteração no equilíbrio emocional com crises de raiva, apatia, medos e fobias, problemas alimentares e alterações de apetite, excesso de gases, dificuldades de concentração e memorização, dentre outros. 4ª Fase de Exaustão – é a quarta fase, a mais prejudicial, considerada patológica. Muitos não conseguem trabalhar, estudar ou realizar suas atividades rotineiras, pois ocorre um desequilíbrio interno muito grande. A pessoa entra em depressão,perdendo o senso de humor, tendo vontade de fugir de tudo e tomando muitas decisões impensadas. Há um esgotamento grave que levam muitos a licenças médicas, afastando o individuo de suas atividades normais. Doenças mais graves podem ocorrer, como úlcera, hipertensão arterial, psoríase, vitiligo, dentre outras. As fases do estresse são manifestações do organismo perante a uma condição nova. Cada pessoa reage de uma maneira às fases do estresse. No começo o estresse é apenas um estado de alerta, a pessoa fica com toda garra e produz adrenalina, depois o organismo já na segunda fase, reage e tenta impedir este gasto de energia, levando o equilíbrio perdido na fase de alerta. Nas duas últimas etapas, o organismo encontra-se enfraquecido. CONCEITO DE CLIMA ORGANIZACIONAL O conceito de clima organizacional tem gerado um interesse cada vez maior nos administradores brasileiros desde a década de 70. Não por acaso ou modismo, mas por puro pragmatismo. O que a prática tem demonstrado é que há uma relação direta entre o clima do ambiente de trabalho, a produtividade, a capacidade de inovação e, conseqüentemente, a lucratividade. Um estudo conduzido pela Escola de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas (EAESP-FGV), validou este conhecimento essencialmente empírico ao demonstrar que entre 1997 e 2005 as Melhores Empresas para Trabalhar no Brasil apresentaram retorno 170% acima do Índice Ibovespa e rentabilidade do patrimônio líquido de 17,8%, resultado superior à média das 500 Maiores Empresas do Brasil (11,3%). O estudo revela que o mercado brasileiro está definitivamente deixando para trás a era em que os ativos tangíveis, como máquinas e estoques, eram os únicos que movimentavam a economia. Estamos entrando num território altamente complexo e subjetivo, onde as pessoas - suas crenças, valores, comportamentos e relacionamentos - passam a ser determinantes para o sucesso ou o fracasso do seu negócio. Clima organizacional é a qualidade do ambiente que é percebida ou experimentada pelos participantes da empresa e que influencia o seu comportamento. É aquela "atmosfera psicológica" que todos nós percebemos quando entramos num determinado ambiente e que nos faz sentir mais ou menos à vontade para ali permanecer, interagir e realizar. Somos influenciados pelo clima organizacional e, ao mesmo tempo, o influenciamos. Esse ciclo de influências criará um efeito o qual chamamos de "realimentação de auto- reforço", fazendo com que certas características da cultura sejam amplificadas através de comportamentos repetidos nas relações do dia a dia. Assim, se a cultura organizacional for virtuosa, esse ciclo amplificará comportamentos construtivos, gerando mais produtividade com qualidade de vida. Mas se a cultura for viciosa, o ciclo de influências arrastará a empresa para comportamentos cada vez mais destrutivos, prejudicando a produtividade, desgastando as pessoas e os seus relacionamentos. Portanto, torna-se vital conhecermos os fatores que dificultam a manutenção de um clima organizacional produtivo se pretendemos intervir de forma significativa. OS INIMIGOS DO CLIMA PRODUTIVO Os principais inimigos de um clima organizacional otimizado para a produtividade são os problemas de relacionamento entre colegas, gestores e subordinados, a falta de uma comunicação eficiente, as atitudes negativistas e a instabilidade emocional. Quando aumenta: turnover (perda de talentos) reclamações trabalhistas retrabalho, desperdício perdas diversas Quando diminui: produtividade motivação assiduidade inovação Os prejuízos gerados por uma má gestão do clima organizacional são catastróficos. Para termos uma idéia da dimensão do problema, vamos avaliar o impacto de apenas três dos principais efeitos ocasionados por um ambiente de trabalho inadequado. baixa produtividade. Pesquisas indicam que colaboradores com baixos índices de motivação, utilizam somente 8% de sua capacidade de produção. Por outro lado, em setores/áreas/empresas onde encontramos colaboradores motivados este mesmo índice pode chegar a 60%. gastos com rescisões. Segundo pesquisa realizada pela consultoria Produtive, de Porto Alegre, 60% dos executivos em processo de recolocação no mercado foram demitidos por questões comportamentais. Perceba que as principais causas das rescisões não foram por incompetência técnica, mas pela incapacidade de estabelecer relacionamentos interpessoais construtivos e atitudes produtivas. gastos com seleção e treinamento. Este é um item que dispensa pesquisas. Toda empresa tem uma boa noção dos altos custos de tempo e dinheiro envolvidos no processo de seleção e treinamento do seu pessoal. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS A Loucura do Trabalho: Estudo de Psicopatologia do Trabalho. São Paulo: Cortez, 1998. Psicodinâmica do Trabalho: contribuições da Escola Dejouriana à Análise da Relação Prazer, Sofrimento e Trabalho. São Paulo: Atlas, 1994. Revista Científica Eletrônica de Psicologia http://pt.wikipedia.org/wiki/Clima_organizacional
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