Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP CAMPUS GOIÂNIA – FLAMBOYANT Francisco Juliano Izabela Costa Thiago Elias THAU IV FORMAÇÃO DAS CIDADES MODERNAS GOIÂNIA 2016 Francisco Juliano; R.A: C19664-9; Turma: AU6D42. Izabela Costa; R.A: T35576-1; Turma: AU5B42. Thiago Elias; R.A: C207AH-2; Turma: AU6D42. THAU IV FORMAÇÃO DAS CIDADES MODERNAS Trabalho apresentado como requisito parcial para obtenção de aprovação na disciplina THAU IV – Teoria e História da Arquitetura e Urbanismo IV, do curso de Arquitetura e Urbanismo, da Universidade Paulista. Prof. º: Ivan Grande. GOIÂNIA 2016 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO................................................................................................01 2. As Condições das Cidades Europeias Pós Revolução Industrial............02 3. Os Novos Planos Urbanísticos....................................................................04 3.1. A Cidade Industrial de Tony Garnier..........................................................04 3.2. O Plano Haussmann de Paris...................................................................07 3.3. A Cidade Linear de Soria y Malta..............................................................08 3.4. O Plano Cerdá de Barcelona.....................................................................09 3.5. A Ville Radieuse de Le Corbusier..............................................................11 4. O Urbanismo Morderno.................................................................................12 4.1. A Carta de Atenas e o CIAM (1933)..........................................................13 4.2. O Plano de Attílio Correa Lima para Goiânia............................................14 4.3. O Plano Piloto de Lúcio Costa para Brasília.............................................16 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................19 6. BIBLIOGRAFIA..............................................................................................20 1 1. INTRODUÇÃO O presente trabalho é sobre as cidades modernas e como elas surgiram no mundo, mais concretamente pós a revolução industrial de 1760 até os tempos atuais. Passando pelos primeiros planos urbanísticos que visavam a melhoria da infraestrutura precária que a classe trabalhadora e os demais moradores tinham que enfrentar. Através de Tony Garnier, na França, mais precisamente na cidade de Lyon, ele começou a idealizar e planejar a “cidade ideal” e onde também começou a implantar o concreto armado nas construções. Enquanto Garnier trabalhava com seu modelo para Lyon, em Paris, Haussmann implantava um plano urbano totalmente racional. Onde o que importava eram os acessos rápidos para os poderes administrativos e toda o patrimônio histórico era desconsiderado. Os bairros que eram considerados “degradados” eram eliminados e transformados em parques/praças públicas. Em Barcelona, Cerdá dava uma ideia revolucionária para a cidade linear, que nada mais era uma cidade com apenas uma avenida principal, em que nesta correria um eficiente transporte mecânico, e os demais ramos da cidade, ao redor desta centra, viessem a desaguar nela. As quadras possuíam “miolos” que serviam para o convívio e para a implantação de áreas verdes. Então Le Corbusier fechou os planos urbanísticos ao apresentar a Cidade Radiante em 1924, a qual seguia a ordem e a simetria de modo muito rígido. A cidade fluía de modo claro e muito bem organizado. Foi quando em 1933, a Carta de Atenas propunha o modelo de cidade ideal, juntando todos esses métodos anteriormente citados em um único. Deixando para o mundo o modelo que deveria ser seguido, ou não, afim de propor o modernismo urbano para as novas cidades modernas. 2 2. As Condições das Cidades Europeias Pós Revolução Industrial A Revolução Industrial foi a responsável pela profunda modificação e evolução sofrida pelas cidades em tempos modernos. Esta, entretanto, não influenciou apenas na economia, mas também na comunicação, no transporte, no urbanismo e nas próprias ideias da época. Assim, o artesanato, fortalecido pelo período renascentista, dá lugar a uma extensa e complexa cadeia produtiva. O artesão que antes possuía em mãos toda a rede de produção passa a encarregar-se somente de uma atividade específica, gerando, desta maneira, uma forte linha de produção fabril. É nesse ambiente de crescimento urbano e de excesso de mão de obra trabalhadora que se forma um novo conceito de cidade, nunca visto até então. A fábrica passa a fazer parte do cenário urbano, e todos os demais detalhes da vida corriqueira estariam subordinados a ela. “Esta, reclamava os melhores sítios da época, geralmente próximos a uma via aquática, para que assim os detritos provenientes da produção pudessem ser despejados no local”. (MUNFORD, 1991, apud PUC/SP)1. A transformação dos rios em esgotos abertos foi um fato característico da época. Figura 01 – Cidade na Revolução Industrial. Século XIX. Fonte: Mestres da História, disponível em: http://mestresdahistoria.blogspot.com.br/2014/03/roteiro- 1 Disponível em: http://www.pucsp.br/~diamantino/COKETOWN.htm/ Extraído de "A cidade na história". Lewis Munford, Ed. Martins Fontes, 1991 > acesso em 02 de novembro de 2016. 3 de-estudos-revolucao-industrial.html > acesso em 02 de novembro de 2016. “A revolução demográfica e industrial transforma radicalmente a distribuição dos habitantes no território e as carências dos novos locais de fixação começam a manifestar-se em larga escala, na ausência de providências adequadas. As famílias que abandonavam o campo e afluíam aos aglomerados industriais ficavam alojadas nos espaços vazios disponíveis dentro dos bairros antigos, ou nas novas construções erguidas na periferia, que rapidamente se multiplicaram formando bairros novos e extensos ao redor dos núcleos primitivos. ” (ABIKO, 1995)2 A cidade industrial representa uma nova fase da cidade medieval. Esta, com suas ruas estreitas e tortuosas e suas precárias condições de higiene não possuía nenhuma estrutura para resistir à indústria e os problemas que surgem com ela. “A cidade estreita já não abriga mais a burguesia, que ao ver as condições de vida declinando, abandonam os centros antigos das cidades industriais e partem para novos bairros e subúrbios.” (PEREIRA, 2010)3 A cidade industrial desse período é caracterizada pelo congestionamento e pela insalubridade, sem um sistema de abastecimento de água e esgoto e sem coleta de lixo. O ambiente torna-se propício ao surgimento de epidemias difíceis de serem controladas, além de doenças que prejudicam a população como um todo. Figura 02 – Congestionamento e insalubridade marcam a cidade industrial. 2 Disponível em: Urbanismo: história e desenvolvimento/ A.K. Abiko, M.A.P. De Almeida, M.A.F. Barreiros. São Paulo: EPUSP, 1995. (Texto Técnico da Escola Politécnica da USP. Departamento de Engenharia de Construção Civil) > acesso em 02 de novembro de 2016. 3Disponível em: Revolução Industrial e Impacto Urbano <http://teoriasdeurbano.blogspot.com.br/2010/11/revolucao-industrial-e-impacto-urbano.html> acesso em 02 de novembro de 2016. Neste cenário fica evidente que um aspecto muito importante no crescimento de uma cidade foi totalmente ignorado: o planejamento urbano. 4 3. Os Novos Planos Urbanísticos O planejamento urbano surgiu como uma resposta aos problemas enfrentados pelas cidades, tanto aqueles não resolvidos pelo urbanismo moderno quanto aqueles causados por ele. “Uma modificação importante refere-se ao reconhecimento do fenômeno urbano como algo dinâmico, o que leva a encarar a cidade como resultado de sua própria história e como algo que está, de alguma maneira, evoluindo no tempo. Portanto, a cidade passa a ser vista como o produto de um determinado contexto histórico, e não mais como um modelo ideal a ser concebido pelos urbanistas.” (KOHLDDORF, 1985 apud SABOYA, 2008)4 A ênfase passa da busca pelo modelo de cidade ideal e universal para a solução de problemas práticos, concretos, buscando estabelecer mecanismos de controle dos processos urbanos ao longo do tempo. A cidade real passa a ser o foco, ao invés da cidade ideal. (SABOYA, 2008). 3.1. A Cidade Industrial de Tony Garnier: A proposta de Tony Garnier para a cidade industrial era, sobretudo de uma cidade socialista sem muros ou propriedade privada, onde todas as áreas não 4 Disponível em: Urbanidades <http://urbanidades.arq.br/2008/03/o-surgimento-do-planejamento- urbano/> acesso em 02 de novembro de 2016. 5 construídas eram parques públicos. “O plano linear de Garnier separava as zonas industriais, da administração e das residências.” (FERREIRA, 2014)5 Tony Garnier executa sua 'cidade ideal' em Lyon (França), onde também propõe a utilização de um novo material de construção: o concreto armado. A cidade de Lyon sofria as consequências da Revolução Industrial e de seu crescimento desordenado, sendo a terceira maior da França, em população. Em 1880 foram realizados diversos programas sanitaristas e de renovação urbana e, em 1900 foram implantadas instituições de educação e outros serviços. “Tal contexto teve importância para o jovem arquiteto Tony Garnier, que nasceu em 1869 e cresceu num dos melhores bairros operários de Lyon [...]” (FERREIRA, 2014). Garnier idealizou a cidade com uma população de 35.000 habitantes, por considerar que uma cidade menor não teria os problemas que deveriam ser abordados arquitetonicamente, ao mesmo tempo em que com uma cidade de maior número seria impossível diagnosticar da maneira desejada. “Em sua imaginada paisagem havia ainda uma microrregião, campos de lavoura capazes de nutrir a população urbana, um rio como via de transporte dos produtos industrializados. Um afluente capaz de produzir energia elétrica, luz e aquecimento para toda a cidade. Pressupunha que a rede viária, o transporte, a água e o esgoto seriam de responsabilidade pública como também, a definição do uso do solo, o loteamento do mesmo, o abastecimento, a saúde e o descarte do lixo.” (FERREIRA, 2014) Assim, Garnier confronta sua nítida divisão da cidade em áreas de funções específicas, com a contínua ampliação da diversificada constituição urbana. 5 Disponível em: Tony Garnier e a Cidade Industrial <http://www.unoeste.br/site/enepe/2014/suplementos/area/Humanarum/Arquitetura%20e%20Urba nismo/TONY%20GARNIER%20E%20A%20CIDADE%20INDUSTRIAL.pdf> acesso em 03 de novembro de 2016. 6 Figura 03 – Plano da Cidade Industrial. Fonte: Portal Arquitetônico, disponível em: <http://portalarquitetonico.com.br/cidade-e-utopia-novos- modelos-sociais-e-espaciais/> acesso em 03 de novembro de 2016. “Uma cidade industrial tem como princípios diretores a análise e a separação das funções urbanas, a exaltação dos espaços verdes que desempenham o papel de elementos isoladores, a utilização sistemática dos materiais novos, em particular do concreto armado.” (CHOAY, 1979, pág. 163, apud FERREIRA, 2014). A proposta de Tony Garnier era, sobretudo de “uma cidade sem muros ou propriedade privada, onde todas as áreas não construídas eram parques públicos” (CRISTINA, 2011)6. A cidade foi construída com base numa grelha de estradas perpendiculares e paralelas, imaginada em torno de uma via principal. Tem sua origem na praça da estação ferroviária, e as vias foram distribuídas no sentido Leste-Oeste, para seguir a melhor orientação solar. As ruas norte-sul teriam largura de 20 metros, e as Leste- Oeste de 13 a 19 metros. Todos os principais prédios públicos estariam concentrados no distrito central e seriam agrupados por funções, tais como: Serviços administrativos e locais de encontros; Museus; Esportes e lazer. 6 Disponível em: Portal Arquitetônico <http://portalarquitetonico.com.br/cidade-e-utopia-novos- modelos-sociais-e-espaciais/> acesso em 03 de novembro de 2016. 7 “Os prédios de serviços administrativos, locais de encontros e os museus estariam situados em parques e em uma rua principal. As escolas primárias seriam distribuídas ao longo do setor residencial. As partes vegetativas entre as casas funcionam de livre acesso aos pedestres. O tráfego de veículos é vinculado à via principal no sentido leste-oeste, partindo da estação da estrada de ferro [...]”. (FERREIRA, 2014) 3.2. O Plano Haussmann de Paris: O principal objetivo da reforma urbana idealizada por Haussmann para Paris é o de liberar espaço no tecido urbano. Segundo Haussmann, “a arquitetura é um problema administrativo” que só deveria visar os interesses do governante, os quais, à época eram estritamente militares. A partir desse aspecto é produzido um urbanismo totalmente racionalista, visando apenas à técnica e desconsiderando o aspecto histórico. Figura 04 – Esquema de trabalhos de Haussmann em Paris. Fonte: História da Cidade, Benévolo. Disponível em: <https://arquitetandoblog.wordpress.com/2009/04/08/haussmann-e-a-reforma-de-paris/> acesso em 11 de novembro de 2016. O principal foco do plano de Haussmann é a melhoria da circulação e o acesso rápido a toda a cidade como visão estratégica, estabelecendo uma imagem geral de modernidade. Esta mudança de imagem envolve também a questão da insalubridade. Para isso, são eliminados bairros considerados 'degradados', as ruas 8 são arborizadas e recebem sistema de iluminação. (RODRIGUES, 2009)7 “A antiga cidade medieval, com traçado orgânico e ruas estreitas, é cortada por grandes eixos e contornada por um anel viário. São criadas praças com monumentos que servem como 'cenário'. São criados vários boullevards e um novo elemento urbano, o carrefour (rotatória). Essas intervenções regularizam o traçado, não aproveitando nada do existente, transfigurando a cidade.” (COSTA, 2013)8 3.3. A Cidade Linear de Soria y Mata: No final do Século XIX, fora concebido na Espanha, mais especificamente em Madrid, a Cidade Linear de Arturo Soria Y Mata. Sua construção foiem bairro periférico de Madrid para experimentação. Esta serviu de modelo para muitos urbanistas das gerações seguintes como Le Corbusier e Ernst May. A cidade destaca-se pelo desenho linear, uma avenida central, na qual se desenvolve linearmente, sem limites, em que seus ramos secundários se coincidam nela. Figura 05 – Cidade Linear de Soria y Mata Fonte: Portal Arquitetônico. Disponível em: < http://portalarquitetonico.com.br/cidade-e-utopia-novos- modelos-sociais-e-espaciais/> Acesso em 11 de Novembro de 2016. 7 Disponível em: Arquitetando <https://arquitetandoblog.wordpress.com/2009/04/08/haussmann-e-a- reforma-de-paris/> acesso em 08 de novembro de 2016. 8 Disponível em: O Surgimento do Urbanismo e as Propostas de Solução para as Cidades <https://docente.ifrn.edu.br/andreacosta/lazer-e-urbanismo/aula-05-a-08-propostas-urbanisticas- do-sec.-xix> acesso em 08 de novembro de 2016. 9 A ideia então, era propor uma cidade que se desenvolvesse a partir de uma faixa central com cinquenta metros (50m) de largura. Esta seria a principal, e os demais pontos da cidade receberiam áreas arborizadas, margeadas por duas faixas de terrenos urbanos. Porém, tal ideia só se concretizaria se em seu eixo central fosse implantado um sistema público de transporte mecânico eficiente. (SORIA Y MATA,1833)9 Figura 06 – Cidade Linear de Soria y Mata. Fonte: Skyscraper city. Disponível em: <http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=1275031&page=5> Acesso em: 11 de Novembro de 2016. “A estação é um elemento de muita importância e está situada na interseção da artéria principal, que leva para fora da cidade, e as ruas que ligam a cidade a área mais antiga à margem do rio. O edifício principal (a estação ferroviária) abre sobre a praça e sua torre do relógio é visível de toda a cidade. Facilidades e amenidades públicas estão ao nível da rua e caminhos subterrâneos de pedestres são equipados com plataformas e salas de esperas (para os trens). O pátio ferroviário está situado mais a leste, e os lados que servem as indústrias ao oeste. A ferrovia em si mesma é vista como uma linha absolutamente reta, mostrando o uso de trens de grande velocidade” (GARNIER,1990)10 3.4. O Plano Cerdá de Barcelona: Em 1859, Barcelona entrava em uma nova etapa de expansão territorial. Afim 9 Disponível em: Arquitetando <https://arquitetandoblog.wordpress.com/2009/04/17/cidade-linear- as-ideias-de-sorio-y-mata/> acesso em 08 de novembro de 2016. 10 Disponível em: Unu Soluções <http://unuhospedagem.com.br/revista/rbeur/index.php/shcu/article/viewFile/571/547> acesso em 08 de novembro de 2016. 10 de fazer algo nunca antes feito, Ildefons Cerdá propôs a união dos dois traçados urbanísticos da época, a quadrícula e a radial. Estes foram sintetizados em um grande retângulo de 60x20 módulos, em seu “miolo” encontram-se pátios internos públicos. A ideia era fazer com que apenas dois dos quatro lados fossem ocupados por edificação, deixando o restante livre para espaço público. Figura 07 – Proposta de Cardá para Barcelona. Fonte: Urbanidades. Disponível em: <http://urbanidades.arq.br/2015/04/patios-internos-em- barcelona/> Acesso em 11 de Novembro de 2016. “A proposta multiplica a cidade em quase seis vezes. Cerdá adota traçado quadriculado, cria no centro uma grande diagonal que corta todo o tecido da cidade com uma avenida que tem quase seis vezes o tamanho do antigo núcleo. Não se preocupa em criar um centro administrativo, pois para ele, o território tem que ser homogêneo e todos os locais devem possuir o mesmo valor. Não concentra prédios públicos e administrativos, espalha por toda a cidade os edifícios destinados a essas funções, valorizando por igual os setores e bairros. “Congela” a cidade medieval e só prolonga a avenida ligando- a aos bairros novos projetados, descartando assim, qualquer tipo de demolição ou desapropriação do antigo núcleo, enfatizando a preservação do lugar. ” (BRASIL, 2009)11 11 Disponível em: Arquitetando <https://arquitetandoblog.wordpress.com/2009/05/29/idelfonso- cerda-plano-de-expansao-de-barcelona/> acesso em 08 de novembro de 2016. 11 Figura 08 – Perspectiva da Barcelona de Cerdá. Fonte: BlogSpot. Disponível em: < http://planocerda.blogspot.com.br/2007/05/o-plano-cerd-nova- barcelona-proposta_29.html > Acesso em 11 de Novembro de 2016. Infelizmente, logo após o plano de expansão ser implantado, o poder político fez com que o “miolo” que deveria ser destinado ao espaço público, fosse ocupado quase que totalmente por edificações. Desde 1985, a municipalidade de Barcelona vem tentando recuperar estes espaços ocupados e devolvendo-os para seus objetivos iniciais. Abrigar espaços de convivência pública. (SABOYA, 2015) 12 3.5. A Ville Radieuse de Le Corbusier: A Ville Radieuse, ou Cidade Radiante, foi um plano urbanístico de Le Corbusier que, infelizmente, não foi executado. Seus planos foram apresentados inicialmente em 1924, sendo mais detalhado em um livro homônimo 8 anos depois. O plano tinha como objetivo, conter meios eficientes de transporte, abundância de espaços verdes e abertos para luz solar etc. Sua rigidez com a ordem, padronização e simetria, são demais princípios propostos por Le Corbusier, que influenciaram muitos dos projetos de planejamento urbano moderno. " As 14 torres do centro da cidade, ou melhor, do topo da cidade repetem a forma em cruz e formam a área administrativa e de negócios. Esta é a área pensante, o cérebro da cidade. Junto a esta área está conformada numa área circular a estação ferroviária e o terminal aéreo. (...) A parte central da cidade é tomada por uma 12 Disponível em: Urbanidades <http://urbanidades.arq.br/2015/04/patios-internos-em-barcelona/> acesso em 08 de novembro de 2016. 12 extensa área residencial, formada por um denso e repetitivo desenho que conforma uma espécie de arabesco. A área fabril conforma um emaranhado geométrico de edifícios organizados em quadras retangulares, separadas da área residencial por uma faixa destinada à ocupação verde. (...)" (PINDER, 2005) 13 Figura 09 – Ville Radieuse de Le Corbusier. Fonte: Arch Daily. Disponível em: < http://www.archdaily.com.br/br/787030/classicos-da-arquitetura- ville-radieuse-le-corbusier > Acesso em 11 de Novembro de 2016. 4. O Urbanismo Moderno Durante o Século XIX, a cidade industrial voltava-se para o lucro. Logo, seu traçado era dispensável, instrumentos de controle urbanístico que colaboravam com a circulação e com a infraestrutura não importavam. Os projetos eram repetitivos, visando a densificação. Criando ambientes monótonos e com condições desfavoráveis em termos de salubridade. Com o passar do tempo, a qualidade de vida das classes que usufruíam deste modo ficava comprometida. Vendo isso, a necessidade de discutir novas formas de planejamento urbano para melhoria da qualidade de vida começou a ganhar mais espaço. Começava- se o urbanismo moderno. (RAMDOW, 2011)14 13 Disponível em: Cronologia do Pensamento Urbanístico <http://www.cronologiadourbanismo.ufba.br/apresentacao.php?idVerbete=1580/> acesso em 08 de novembro de 2016. 14 Disponível em: O Urbanismo Moderno <https://fundamentosarqeurb.files.wordpress.com/2011/06/aula-03-fund-do-urb.pdf> acesso em 08 de novembro de 2016. 13Grandes mudanças estruturais das cidades começaram a serem feitas. Foram criados modelos para tais: Humanista e Progressista. A cidade moderna representava a ruptura radical na estrutura, na forma, na organização e nos conteúdos e propósitos da urbanística da cidade. Houveram dois momentos no decorrer do urbanismo moderno: Período entre guerras: Foi um período onde foi formado novas teorias e experimentações para o urbanismo. Estas ideias eram opostas à urbanística formal. Houve avanço na tecnologia, nas ciências e nas máquinas. Porém, a urbanística tradicional não atendia às necessidades da população do século XX. Período pós a Segunda Grande Guerra: Após a destruição em massa das cidades, em consequência da guerra, estas foram reconstruídas, e um novo propósito foi implantado; Necessidade de habitar muitas pessoas em um só lugar. Os conjuntos habitacionais foram a solução encontrada para o momento, e junto com eles foram desenvolvidos os espaços verdes entre os blocos, afim de proporcionar salubridade. 4.1. A Carta de Atenas e CIAM (1933): Em 1928 na Suíça, foi fundada a CIAM (Congresso Internacional da Arquitetura Moderna), com o objetivo de discutir e dar um rumo aos domínios da arquitetura e suas vertentes. Porém, foi em sua quarta conferência que a organização ganhou um foco maior, discutindo a famosa Carta de Atenas de Le Corbusier. Em 1933, a Carta de Atenas de Le Corbusier deixa clara a preocupação com a arquitetura em meio um crescimento urbano. Entretanto, foram formados dois grupos que seguiam propostas e ideias diferentes: os arquitetos que se comprometiam em conservar o patrimônio arquitetônico e urbano, e outros que se voltaram para a inovação do chamado Movimento Moderno, o qual abrangeu a arquitetura e o urbanismo. 14 “Foi esse Movimento Moderno, ocorrido no período entre as duas Guerras Mundiais, que potencializou o determinismo e confiança dos arquitetos da época, fazendo com que estes buscassem e procurassem novas tecnologias além de confrontar as necessidades da população em geral. Diane Ghirardo observa que, em meados da década de 1930, a doutrina do Movimento Moderno é reinterpretada como classicismo monumental, especialmente com o patrocínio dos regimes totalitários, percebendo assim a importância dada aos monumentos na Carta. ” (VOLTROTZ, 2012) 15 Em pauta, a Carta de Atenas de 1933 resume a visão sobre “Urbanismo Racionalista”. Seus principais aspectos que foram mais debatidos são sobre o planejamento regional e infra urbano. A necessidade de trabalhar com urgência nessas áreas, em vista que pudessem ser separados em zonas distintas para que não houvesse conflito de usos incompatíveis. 4.2. O Plano de Attílio Correa Lima para Goiânia: Nascido em 1901, em Roma, Attilio Correa Lima foi engenheiro-arquiteto formado em 1925 pela Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro. Foi muito marcante na história do desenvolvimento do modernismo brasileiro. Em meados da década de 30, Attilio fez parte de uma geração de arquitetos que trabalharam para assimilar as tendências modernas não acadêmicas, trazendo-as para as cidades brasileiras. (SEGAWA, 1999) 16 Figura 10 – Attílio Correa Lima. 15 Disponível em: Carta de Atenas - Resumo <http://patrimoniocartasdeatenas.blogspot.com.br/2012/09/cartas-de-atena-resumo.html> acesso em 08 de novembro de 2016. 16 Disponível em: Attilio Corrêa Lima e o planejamento de Goiânia – Um marco moderno na conquista do sertão brasileiro <http://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/urbana/article/download/8635150/2963> acesso em 08 de novembro de 2016. 15 Fonte: Instituto de Arquitetos do Brasil. Disponível em: < http://iabto.blogspot.com.br/2012/03/goiania- recebe-mostra-de-desenhos-do.html > Acesso em: 11 de Novembro de 2016. Logo após conquistar seu diploma de urbanista em Paris, Attilio é chamado para ajudar a elaborar o plano urbanístico da nova capital do Estado de Goiás, em 1933. Sua mudança imediata para o Brasil o inspirou – devido ao espírito da “revolução” de 1930 – e Attilio elabora o plano piloto de Goiânia após um ano de sua chegada ao Brasil. Ao entregar seu trabalho para o seu interventor, Pedro Ludovico Teixeira, seu contrato com o governo local foi extinto. O projeto de Goiânia estabelecia uma população de 50 mil habitantes, condicionantes rígidos que estabeleciam os programas para os edifícios a serem construídos para os órgãos do governo e mais de vinte tipos de casas para os funcionários. Figura 11 – Plano de Attilio para Goiânia. Fonte: Instituto de Arquitetos do Brasil. Disponível em: < http://iabto.blogspot.com.br/2012/03/goiania- recebe-mostra-de-desenhos-do.html > Acesso em: 11 de Novembro de 2016. “Primeiramente, Attilio deslocou o centro da cidade para outro eixo, diferente do anterior, que segundo sua opinião estava distante da estrada de rodagem e do ponto mais alto onde ficaria o reservatório. O traçado procurava tirar partido da topografia, no caso com uma declividade mais suave (2% em média), o que preveniria enxurradas. Para que sua proposta fosse mais facilmente compreendida, o arquiteto contextualizou a importância de Goiânia política e economicamente para a região. Sendo a cidade centro administrativo do Estado, ele tirou partido do centro administrativo: esse local teria 16 um grande destaque, sendo de fácil localização por todos que estejam na cidade. A perspectiva ficaria evidente ao se caminhar pela Avenida Anhanguera. De lá o observador poderia notar ’três pontos de vista diversos ao cruzar as três grandes avenidas que convergem para aquele centro ’ (LIMA, op.cit.). “ (GRAEFF, 2016)17 4.2. O Plano Piloto de Lúcio Costa para Brasília: Desde os tempos de Brasil colônia, os antigos governantes sempre imaginavam em levar a capital para o interior do país, de forma que a ocupação do território fosse completa. Até 1821, na primeira Constituição da República, este assunto ainda era debatido, pois ainda não haviam determinado o local certo para a capital do Brasil. Até que foi definido que a nova capital deveria ser edificada no Planalto Central. Foi então que em 1956, o presidente da época, Juscelino Kubistchek lançou um concurso para eleger o projeto urbanístico de Brasília. De todos os vinte e cinco (25) projetos inscritos, a proposta de Lúcio Costa foi a vencedora por exibir inovação na cidade horizontal – o que era totalmente ao contrário do que as demais cidades brasileiras seguiam. Figura 12 – Lúcio Costa. Fonte: Site da Câmara dos Deputados. Disponível em: < http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/POLITICA/489344-CAMARA-CRIA-O-PREMIO- LUCIO-COSTA-DE-MOBILIDADE,-SANEAMENTO-E-HABITACAO.html> Acesso em 11 de Novembro de 2016. 17 Disponível em: A formação do espaço urbano x mobilidade da população. <http://www2.ucg.br/arq/urbano/5PlanoAttilio.htm> acesso em 08 de novembro de 2016. 17 Figura 13 – Plano Piloto de Brasília mostrando a ideia de cruz e depois arqueando de acordo com a topografia local. Fonte: Doc Brasília. Disponível em: <http://doc.brazilia.jor.br/plano-piloto-Brasilia/relatorio-Lucio- Costa.shtml> Acesso em 11 de Novembro de 2016. Figura 14 – Rascunho final de Lucio Costa para Brasília. Fonte: MDC – Revista de Arquitetura e Urbanismo. Disponível em: <https://mdc.arq.br/2011/02/17/da- insustentabilidade-do-plano-piloto/> Acesso em 11 de Novembro de 2016. O projeto foi ousado e ao mesmo tempo simples,apresentado com meros esboços e em forma de memorial descritivo. De qualquer forma, o projeto venceu 18 por unanimidade. Lúcio então foi o responsável pelo planejamento urbano, Oscar Niemeyer pelos projetos das edificações e Burle Marx pelos jardins e terraços. “Ele sugeria uma nova concepção de vida, baseada no resgate de valores essenciais ao bem-estar coletivo. Uma cidade-parque em que homem e natureza convivessem de forma harmoniosa e em que os laços comunitários fossem fortalecidos. Uma capital arrojada e moderna, com um sistema viário inovador, pontuada por monumentos de forte impacto cívico e arquitetônico. “ (Arquivo do Museu Virtual de Brasília)18 A ideia do Plano Piloto surgiu como uma cruz, inicialmente. Adaptando à topografia local e ao escoamento das águas, o formato de cruz foi ficando mais curvo, arqueado, lembrando um arco e flecha, um pássaro, um avião. Falando sobre as divisões internas do Plano, em seu centro ficaram locados os edifícios mais altos e aglomerados, as demais foram divididas em quatro escalas: Residencial, Monumental, Gregária e Bucólica. Residencial: adota ao conceito de moradia em superquadras de apartamentos cercados por áreas verdes e edificações suspensas por pilotis, estimulando a convivência. Monumental: Onde ficam localizadas as edificações que tem as decisões políticas e administrativas do país. Gregária: Ali ficam situadas as áreas comerciais, hotelaria, lazer comunitário e consultórios. Bucólica: Local onde caracteriza Brasília como uma cidade-parque, por integras as demais escalas com faixas gramadas, canteiros ornamentados, parques e etc. “A construção de Brasília obedece aos preceitos da famosa Carta de Atenas, documento redigido pelo arquiteto franco-suíço Le Corbusier na ocasião do Congresso Internacional de Arquitetura Moderna, em 1933. ” (NUNES, 2010) 19 18 Disponível em: Plano piloto. <http://www.museuvirtualbrasilia.org.br/PT/plano_piloto.html> acesso em 08 de novembro de 2016. 19 Disponível em: Portal do Arquiteto. <http://www.portaldoarquiteto.com/destaques/urbanismo/4283-entenda- o-plano-piloto-de-brasilia> acesso em 08 de novembro de 2016. 19 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS A finalidade deste presente trabalho foi de apresentar a forma como o modernismo urbano foi ganhando seu espaço no mundo e como ele o fez, até chegar ao Brasil através de grandes mestres da área. Apresentamos também que as primeiras produções em família geraram as primeiras fábricas. Saindo do meio familiar e abrigando os empregados que vinham de fora para ganhar um tipo de renda. O cenário da época de apenas um vasto campo agrícola foi se transformando em grandes casas com fornalhas, espalhando o começo da poluição nas pequenas propriedades. O esgoto da cidade iria ficar à céu aberto, pois o saneamento ainda era inexistente e impensável. Foi então que diante a tantos problemas presenciados pelos habitantes, como epidemias e má infraestrutura para o trabalho, a necessidade de um planejamento urbano foi pensada para não somente atender os problemas atuais da época, mas também para planejar o crescimento da cidade, que cada vez mais estava se densificando. Em consequência do pensamento de planejamento urbano de décadas passadas, nossas cidades atualmente seguem tais modelos urbanísticos, visando manter a ordem e a fluidez na cidade. O maior exemplo disso, no Brasil, é Brasília. Pois esta, foi baseada e construída inteiramente mediante a Carta de Atenas de Le Corbusier de 1933. Portanto, fica evidente que todo o trabalho em pensar no planejamento das cidades, planos pilotos e diretrizes visando a melhoria da população em relação a cidade em que vivem refletem até hoje na maioria das cidades do mundo. Brasília é só um pequeno exemplo de muitas das cidades espalhadas pelo globo que adquiriram e implementam estes planos, e muitos até hoje são melhorados e até mesmo inovados. 20 6. BIBLIOGRAFIA: https://br.portalprofes.com/nataliar/blog/a-reforma-de-paris http://grupothac.weebly.com/uploads/6/8/3/8/6838251/ufpr2012_apres_antonel la.pdf http://www.inicepg.univap.br/cd/INIC_2007/trabalhos/sociais/epg/EPG00214_0 1O.pdf https://docente.ifrn.edu.br/andreacosta/lazer-e-urbanismo/aula-05-a-08- propostas-urbanisticas-do-sec.-xix http://server2.docfoc.com/uploads/Z2015/12/03/J4JG9DdPU9/109adab0f5ba8 2125118ff50dcae53e0.pdf https://arquitetandoblog.wordpress.com/2009/04/08/haussmann-e-a-reforma- de-paris/ http://www.pucsp.br/~diamantino/COKETOWN.htm https://ocavirtual.wordpress.com/2008/07/12/160/ http://teoriasdeurbano.blogspot.com.br/2010/11/revolucao-industrial-e- impacto-urbano.html http://urbanidades.arq.br/2008/03/o-surgimento-do-planejamento-urbano/ http://tonygarnier.blogspot.com.br/ http://www.unoeste.br/site/enepe/2014/suplementos/area/Humanarum/Arquitet ura%20e%20Urbanismo/TONY%20GARNIER%20E%20A%20CIDADE%20IN DUSTRIAL.pdf http://portalarquitetonico.com.br/cidade-e-utopia-novos-modelos-sociais-e- espaciais/ https://arquitetandoblog.wordpress.com/2009/04/17/cidade-linear-as-ideias- de-sorio-y-mata/ http://docslide.com.br/documents/cidade-linear-arturo-soria-y-mata.html http://unuhospedagem.com.br/revista/rbeur/index.php/shcu/article/viewFile/57 21 1/547 http://urbanidades.arq.br/2015/04/patios-internos-em-barcelona/ http://planocerda.blogspot.com.br/2007/05/o-plano-cerd-nova-barcelona- proposta_29.html http://namoraprojectos.pbworks.com/f/Gui%C3%A3o- +Barcelona+de+Cerd%C3%A1.pdf https://arquitetandoblog.wordpress.com/2009/05/29/idelfonso-cerda-plano-de- expansao-de-barcelona/ http://www.archdaily.com.br/br/787030/classicos-da-arquitetura-ville-radieuse- le-corbusier http://www.cronologiadourbanismo.ufba.br/apresentacao.php?idVerbete=1580 https://fundamentosarqeurb.files.wordpress.com/2011/06/aula-03-fund-do- urb.pdf http://pt.slideshare.net/raquelcostanery/aula-4-urbanismo-moderno http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/Carta%20de%20Atenas%2 01933.pdf http://patrimoniocartasdeatenas.blogspot.com.br/2012/09/cartas-de-atena- resumo.html http://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/urbana/article/download/86351 50/2963 https://theurbanearth.wordpress.com/2009/03/10/attilio-correa-lima-o-inventor- de-goiania/ http://www2.ucg.br/arq/urbano/5PlanoAttilio.htm http://arquiteturaurbanismotodos.org.br/plano-piloto/ http://www.museuvirtualbrasilia.org.br/PT/plano_piloto.html#bucolica http://www.portaldoarquiteto.com/destaques/urbanismo/4283-entenda-o-plano- piloto-de-brasilia
Compartilhar