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ARQ1005_EX1_Ana Beatriz de Oliveira

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ARQ1005 - Teoria e História na Arquitetura III
Ana Beatriz de Oliveira - 2012761
“Luz branca, sombra negra”
Eu nunca enxerguei a luz como um princípio de projeto, nem nunca pensei em
me perguntar nos exercícios até então realizados qual seria o feixe de luz que eu
gostaria que entrasse em determinado ambiente. Acredito que muitos arquitetos
pensam dessa mesma maneira, a luz como um elemento circunstancial, apenas uma
condicionante do conforto térmico. Entretanto, na visão de Louis Kahn, a luz natural
se apresenta como uma das principais diretrizes para a criação de seus projetos.
“Um edifício é um mundo dentro do mundo. Edifícios que personificam
lugares de culto, ou de habitação, ou de outras instituições do homem devem ser
fiéis ao seu caráter.” (Kahn, Conversa com estudantes, 2002, p. 31)
Interpretei esse trecho do capítulo como uma introdução de Kahn à ideia de
caráter do espaço. Um espaço pequeno é diferente de um espaço grande. Ele
interpreta a ideia de cômodo/recinto como o início do pensamento arquitetônico,
procurando sempre entender as diferenças entre cada recinto e sua influência uns
com os outros. E para ser caracterizado como um recinto, é necessário a presença de
luz natural, pois a luz é o principal fator para a vivência, cria o ambiente e difere um
lugar de um espaço amorfo. Sendo assim, é importante perceber que o caráter de
cada espaço vai demandar um tipo de luz específica.
O exercício de observação da luz durante um dia inteiro e em um espaço que
nos é familiar aparenta ser mais simples do que realmente é. A maior dificuldade que
tive foi encontrar as pequenas diferenças nas sombras e na incidência da luz, durante
a parte mais iluminada do dia. A fenestração responsável pela entrada de luz no meu
quarto, se localiza na fachada sudoeste, mas devido à uma varanda coberta, a luz não
é capaz de entrar diretamente no local, portanto, em parte do quarto, as sombras
sempre estarão presentes, ainda que esteja no período mais iluminado do dia. A
maioria das sombras formadas são fluídas, diferentemente das obras de Kahn que são
extremamente geométricas e precisas.
Desenho da observação das sombras e luz no quarto Fotografia do interior da Casa de Banhos do Centro
às 10h da manhã de um dia ensolarado Comunitário Judaico - Louis I. Kahn e Anne Tyng
Nesse primeiro desenho apresentado, a luz branca ao entrar ilumina com mais
intensidade a parte direita da cama, além de se incidir sobre o ar condicionado,
formando uma sombra escura que diminui conforme o passar do dia, visto que a área
de incidência de luz vai diminuindo com o entardecer. Isso, junto à observação das
sombras nas obras do arquiteto, me faz perceber que uma mesma sombra pode se
multiplicar, diminuir e mudar de intensidade conforme a incidência da luz e da
superfície daquele objeto.
Há uma grande diferença entre as sombras do desenho de observação e da
foto do projeto da Casa de Banhos e isso se deve, tanto pelas diferenças de materiais,
quanto pelo pensamento por trás do projeto. No caso do meu quarto, o piso, por ser
de porcelanato, reflete a entrada de luz da janela, fazendo o mesmo desenho de
luz/sombra observado nas cortinas. Enquanto que na obra de Kahn, não há nenhum
tipo de reflexo, somente o desenho preciso das sombras. Os materiais possuem
influência direta sobre a luz, pois suas texturas e cores interferem diretamente na
reflexão.
Desenho da observação das sombras e luz no quarto Fotografia da Casa de Banhos do Centro
às 13h da tarde de um dia ensolarado Comunitário Judaico - Louis I. Kahn e Anne Tyng
Tentando experimentar mais a questão da luz e sombra, tentei reproduzir a
mesma lógica de alguns desenhos de Kahn, onde ele utiliza uma paleta de cores de
modo a diferenciar as partes mais iluminadas das mais sombreadas.
Desenho de observação feito às 16h/17h da tarde Piazza del Campo, Siena, Itália - Louis I. Kahn, 1951
com tratamento feito no Photoshop
É possível observar o desejo de Kahn de evidenciar a luz através do design.
Combinando a materialidade do projeto e o uso de formas geométricas primárias, o
arquiteto consegue dar um significado sensorial ao espaço criado. Sua inventividade
está justamente nessa relação entre o tangível (matéria) e o intangível (luz natural).
Dessa forma, tenho a impressão de que em todos os seus projetos, desde um museu à
uma residência, as fenestrações são extremamente precisas, basta observar o
desenho das sombras e o modo com que elas tocam os materiais.
Em conclusão, esse exercício me fez perceber que cada um dos fatores de um
determinado espaço acaba influenciando o jogo entre luz e sombra e,
consequentemente, a percepção e até a essência do mesmo. Parece algo simples,
mas que para mim fez diferença, pois são nessas pequenas observações que vamos,
aos poucos, desenvolvendo uma sensibilidade à percepção da luz na arquitetura.

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