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SIMULADO ORGANIZAÇÃO DO ESTADO 1

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Intervenção
A Constituição Federal consagrou o princípio da autonomia política dos entes federados, de modo que a intervenção de um ente político sobre a esfera de liberdade de outro é medida muito grave e, portanto, excepcional. A controvérsia sobre intervenção decorre do fato que a Constituição Federal em nenhum momento atribui entre os entes federados graus de hierarquia: é dizer, a União não é ?maior? ou ?superior? aos Estados-membros e, nem estes, são superiores ou hierarquicamente maiores do que os municípios por exemplo. O que existe na Constituição é um feixe de atribuições diferenciado para cada ente, sem, no entanto, isso se confundir com subordinação, hierarquia, superioridade.
Por esse motivo, causa certo espanto o fato de a Constituição, no que tange à intervenção, ter estabelecido que a União poderá intervir nos Estados-membros, no Distrito Federal e nos municípios localizados em territórios federais. E, ainda, que os Estados-membros poderão intervir nos municípios localizados em seu território.
O procedimento de intervenção é, portanto, um grave e excepcionalíssimo instrumento que só deve ser utilizado como última alternativa para restabelecer a ordem constitucional. É dizer, a medida de intervenção permite que a União, em caráter excepcional, exerça um caráter de superioridade em relação aos Estados-membros, ao Distrito Federal e aos municípios localizados em territórios. E, aos Estados-membros, a intervenção permite, de igual modo, uma hierarquia em relação aos municípios localizados em seu território. Hierarquia e superioridade, bem que se diga, transitórias.
A União, portanto, pode levar a cabo o que chamamos de intervenção federal, sobre:
a)      Estados-membros;
b)      Distrito Federal;
c)       Municípios localizados em territórios federais
Já os Estados-membros só podem intervir em municípios localizados em seus territórios.
O Distrito Federal, que não pode ser dividido em municípios, e os municípios, sejam eles localizados em Estados-membros ou territórios, não possuem a capacidade de figuram como sujeito ativo de uma intervenção, embora possam ser objeto delas. A União não pode intervir diretamente sobre municípios localizados em Estados-membros.
Sobre essa questão, o CESPE já questionou:
(CESPE/TCU/2011) No modelo interventivo brasileiro, é de se notar que a excepcionalidade é a marca indelével da submissão da autonomia de um ente federativo sobre outro, de modo que a União não poderá, neste ínterim, intervir em municípios diretamente.
 
Veja que a questão é bem capciosa, pois, regra geral, a União não pode mesmo intervir em municípios, cabendo tal tarefa aos Estados-membros, se for o caso. Mas, nos municípios localizados em territórios, isso é possível, razão pela qual a assertiva está incorreta. A União pode intervir diretamente em municípios localizados em territórios federais.
Outra questão interessante:
(ESAF/AFRE/MG/2005) Os Municípios hoje existentes na Federação brasileira que deixarem de cumprir ordem judicial emanada de tribunal federal não estão sujeitos a intervenção federal.
 Aparentemente, o candidato vai cravar a questão fácil como errada. Mas, se você prestar melhor atenção à questão, verá que ela diz que ?os municípios existentes hoje na federação brasileira?. Ora, no Brasil não temos mais territórios, de modo que, os municípios estão todos localizados em Estados-membros. Assim, não há, de fato, possibilidade de intervenção federal, ainda que um município deixe de cumprir ordem judicial emanada de tribunal, ainda que o tribunal seja federal.  
Como nós veremos, ainda adiante, o não cumprimento de decisão judicial é um dos fundamentos, entre outros que autorizam a intervenção, tanto em Estados-membros, como em municípios. No entanto, como não é possível à União intervir diretamente em municípios (a não ser naqueles localizados em territórios, que não existem mais), nesse caso, a intervenção deve ser realizada pelo Estado-membro. Portanto, a assertiva está correta.
(ESAF/ACE/2002) Para pôr termo a grave comprometimento da ordem pública a União pode intervir nos Estados-membros ou nos Municípios neles situados.
O grave comprometimento da ordem pública também é fundamento para a intervenção federal. No entanto, embora a União possa intervir diretamente nos Estados-membros, por meio da intervenção federal, a Constituição não autoriza uma intervenção nos Municípios situados em Estados-membros, razão pela qual, a assertiva acima está incorreta.
FCC - AFR SP/Gestão Tributária/2009 (e mais 1 concurso)
Suponha que o Estado de São Paulo deixe de entregar aos Municípios cinquenta por cento do produto da arrecadação do Imposto sobre a Propriedade dos Veículos Automotores licenciados em seus territórios. Nessa hipótese, nos termos da Constituição da República,
a) poderá a União decretar estado de sítio, no espaço territorial do Estado, para o pronto restabelecimento da ordem pública, ameaçada por iminente instabilidade institucional.
b) caberá ao Superior Tribunal de Justiça prover representação do Procurador-Geral da República para assegurar a observância das regras constitucionais relativas à repartição de receitas.
c) poderá a União decretar estado de defesa, na hipótese de eventual prévia decretação de estado de sítio não ser suficiente para restabelecer a normalidade institucional, no âmbito do Estado.
d) terão os Municípios legitimidade para ajuizar ação direta de inconstitucionalidade, perante o Supremo Tribunal Federal, visando impelir o Estado ao cumprimento de sua obrigação.
e) o Estado ficará sujeito à intervenção federal, tendo por finalidade a reorganização de suas finanças.
 Outro fundamento que autoriza a intervenção é quando o ente passa a ter as suas finanças desorganizadas, entendido isso como a falta de pagamento de dívida fundada por dois anos consecutivos (vamos falar disso mais adiante) ou quando deixa de entregar parcela das receitas tributárias aos municípios.
Quem já assistiu às minhas aulas de finanças e AFO sabe bem desse assunto, pois foi amplamente debatido em sala de aula. A repartição das receitas tributárias ocorre quando um imposto é arrecadado por um ente, mas, no fundo, pertence a outro ente. O STF já se posicionou que, quando existe a repartição da receita tributária, não importa quem é o ente arrecadador, o recurso é originário do destinatário. E isso ocorre em diversas situações: por exemplo, 50% do IPVA, imposto arrecadado pelo Estado, é devido ao município de domicílio do proprietário. Assim, essa parcela do imposto não é transferida por mera liberalidade do Estado-membro, mas sim, por obrigação constitucional, já que esse valor pertence ao município.
Situação diversa ocorre quando o Estado-membro assina um convênio para a construção de uma escola. No caso de convênios, acordos, ajustes ou outros instrumentos congêneres, existe liberalidade, ou seja, acordo de vontades, de modo que o recurso pertence não ao recebedor, mas ao ente que está concedendo.
Não é, portanto, o caso da questão.
Se o o Estado de São Paulo deixar de entregar aos Municípios cinquenta por cento do produto da arrecadação do Imposto sobre a Propriedade dos Veículos Automotores licenciados em seus territórios, ele estará deixando de entregar parcela constitucionalmente devida aos municípios, o que pode acarretar, portanto, intervenção federal da União.
Nesse sentido, o gabarito da questão é letra E.
Nesse caso, não existe necessidade de representação do Procurador-Geral da República, já que esta intervenção é dita espontânea.
O que é uma intervenção espontânea? E qual a diferença da intervenção espontânea para a dita intervenção provocada?
Intervenção espontânea x provocada
A Constituição Federal não foi expressa em relação a esse tema e nem cunhou os termos espontânea e provocada. No entanto, há alguns fatos que fundamentam a intervenção no Estado-membro ou no município apenas pela vontade discricionária do Chefe do Poder Executivo e, em outros casos, a decretação de intervenção é provocada por outro poder.
Se o Brasil foratacado por forças estrangeiras, vocês acham que a intervenção é espontânea ou provocada?
Já vi em sala de aula, aluno respondendo: ?Provocada pela invasão estrangeira, professor?.
Mas o que diferencia a intervenção espontânea da provocada não é isso, mas sim, o fato de a intervenção espontânea não depender da manifestação de nenhum outro poder. É dizer que, nesses casos, o Presidente da República, no âmbito federal, tem competência para decidir com base na sua discricionariedade se intervém ou não. O caso da invasão estrangeira é típico caso em que o Presidente, só precisa ouvir o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional (que não vincula, diga-se, o Presidente), mas pode decidir discricionariamente, sem a provocação de outro Poder.
Há outros casos de intervenção espontânea: além da invasão estrangeira, o Presidente da República pode decidir, sem a provocação de outro poder, no caso de:
a)      Manter a integridade nacional
b)      Repelir a invasão de uma unidade da federação em outra
c)       Por fim a grave comprometimento da ordem pública
d)      Reorganizar as finanças da unidade da federação
Portanto, são 5 casos em que o Presidente pode intervir ?espontaneamente?.
Há outros casos, em que a intervenção é permitida, mas o Presidente precisa ser provocado por um outro poder.
Como a intervenção é um mecanismo de autodefesa do equilíbrio institucional, ela pode ser usada quando um dos poderes (legislativo, judiciário, executivo) encontra-se ameaçado no exercício de suas atividades em algum Estado da federação.
Nesse caso, o poder que estiver se sentido coagido no exercício de seus misteres é que deverá solicitar a intervenção ao Presidente da República. É a intervenção provocada.
A intervenção provocada tem duas nuances, de acordo com o poder coagido: se for o poder legislativo ou executivo, terá caráter de solicitação ao Presidente da República. Ou seja, não precisa ser necessariamente atendida a solicitação.
Se o poder coacto for o poder judiciário, o Presidente do Tribunal deve provocar o Supremo Tribunal Federal (STF) que requisitará a intervenção. Nesse caso, a requisição deve ser necessariamente atendida. Caso não atenda, o Presidente da República incorre em crime de responsabilidade.
Há outros tipos de intervenção provocada.
Alguns tipos de intervenção são provocadas pelo Procurador-Geral da República que representa ao STF, que decide a respeito. São dois tipos de intervenção nesse caso: a representação interventiva, quando algum dos princípios constitucionais sensíveis previstos na constituição são violados, e quando existe recusa no cumprimento de lei federal. Em ambos os casos, existe necessidade de haver provimento pelo STF de representação do PGR, mas apenas no caso dos princípios constitucionais sensíveis é que é chamada de representação interventiva.
A representação interventiva é considerada um meio de controle da constitucionalidade, já que ao praticar ato que fira os princípios constitucionais sensíveis, o Estado-membro ou município estaria atentando, também, contra a constituição.
Por esse motivo, tem sido considerada corretas afirmativas no sentido de que a representação interventiva é um meio de controle da constitucionalidade. Mas apenas no caso dos princípios constitucionais sensíveis é que se chama ?representação interventiva?. Quando o PGR representa em face do descumprimento da execução de lei federal, neste caso, não há que se falar em princípios sensíveis.
E que princípios sensíveis seriam esses (é preciso decorar, infelizmente):
a)      Forma republicana, sistema representativo e regime democrático
b)      Direitos da pessoa humana
c)       Autonomia municipal
d)      Prestação de contas da administração pública direta, indireta.
e)      Aplicação do mínimo constitucional na Manutenção e Desenvolvimento do Ensino e nas ações e serviços públicos de saúde
A forma republicana é curiosamente incluída no rol dos princípios constitucionais sensíveis, embora nem mesmo ela tenha sido assegurada pela carta magna quando da sua publicação, que previa um plebiscito que foi realizado em 1993, para definir a forma e o regime de governo. Manteve-se a forma republicana na época, mas poderia ter tido um resultado diferente, o que faz com que esse dispositivo, seja, no mínimo curioso.
A diferença básica entre república e monarquia é que, no primeiro, a coisa pública pertence a todos, enquanto que no segundo caso, pertence à família monarca. Atentar contra a forma republicana, seria, portanto, um dos meios que ensejariam a representação interventiva por ser um princípio constitucional sensível.
O sistema representativo diz respeito ao modelo eleitoral brasileiro que deve garantir que o povo seja representado por seus eleitos. Assim, uma decisão de um Estado-membro que restrinja o voto ou indique que os representantes na Câmara dos Deputados serão escolhidos pelo Governador, por exemplo, feriria um princípio constitucional sensível, o do sistema representativo.
O regime democrático brasileiro prevê a participar do cidadão nas decisões que interfiram no futuro do país. Caso um Estado-membro adote uma constituição autoritária, ou o Governador adote algum auto de cunho autoritário (por exemplo, reter todas as mercadorias de quem entra no Estado a título de impostos), ele estará afrontando o princípio constitucional sensível, que é o regime democrático.
Os direitos da pessoa humana, outro princípio constitucional sensível, é um conceito bastante amplo, mas, de cara, já podemos dizer que os direitos da pessoa humana não se restringem àqueles alinhados no art. 5º da Carta Magna: há outros direitos constitucionais da pessoa humana ao longo de toda a Constituição.
Não existe, portanto, um rol explícito e taxativo dos direitos da pessoa humana. Podemos encontrar ele em vários dispositivos: no art. 6º (direitos sociais), no art. 7º (direitos do trabalhador), art. 225 (direito ao meio ambiente), art. 226 (a proteção ao casamento), entre outros.
Se um Governador do Estado, por exemplo, proibir o casamento no seu Estado-membro ele estará infringindo um dos direitos da pessoa humana, princípio sensível, passível de representação interventiva.
A autonomia municipal também é um princípio constitucional sensível: não pode um Estado-membro se imiscuir em assuntos municipais, embaraçar o funcionamento do município, ainda que retendo verbas arrecadadas, não pode ter ingerência sobre as questões municipais, etc. O município, no Brasil, tem tanta autonomia política quanto o Estado-membro, só podendo ser afastada nos casos previstos na CF/88.
A prestação de contas da administração direta e indireta é um dos corolários lógicos do sistema republicano. Como a coisa é pública, todo aquele que administra, gere, cuida ou utiliza recursos públicos deve prestar contas. Portanto, quem não presta contas pode fazer o que quiser com os recursos a ele entregues, razão pela qual, é um tipo de ?usurpação? da coisa pública, que pode ser combatido pela representação interventiva, já que é um princípio constitucional sensível.
Por fim, a CF arrola como princípio constitucional sensível, passível de representação interventiva, a aplicação por parte do Estado-membro e dos municípios, a aplicação do mínimo constitucional na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde. O Estado-membro ou município que descumprir essa regra sujeita-se a representação interventiva por ser um princípio constitucional sensível.
Então, resumidamente, funciona da seguinte maneira:
INTERVENÇÃO FEDERAL INTERVENÇÃO ESTADUAL
(EM AMARELO OS FATOS QUE ENSEJAM TANTO INTERVENÇAO FEDERAL QUANTO ESTADUAL)
	Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para:
I - manter a integridade nacional;
II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra;
III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública;
V - reorganizar as finanças da unidade da Federação que:
a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos,salvo motivo de força maior;
b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta Constituição, dentro dos prazos estabelecidos em lei;
	INTERVENÇÃO ESPONTÂNEA
	CABE A DECISÃO AO PRESIDENTE DA REPÚBLICA, DE FORMA DISCR-CIONÁRIA, OUVIDO CONSELHO DE DEFESA NACIONAL E O CONSELHO DA REPÚBLICA, QUANDO FOR O CASO.
	IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação;
	INTERVENÇÃO
 PROVOCADA
	I ? solicitação, que pode ou não ser atendida, no caso de o poder coagido ser o legislativo ou executivo.
II ? requisição do STF, provocado pelo poder judiciário local, que deve ser atendida, sob pena de crime de responsabilidade do Presidente da República.
	VI - prover a execução ordem ou decisão judicial;
	
	I ? se a decisão a ser cumprida é eleitoral, a intervenção será provida pelo TSE;
II ? se a decisão a ser cumprida é do STJ, caberá ao STJ prover a intervenção;
III ? se a decisão a ser cumprida for de qualquer outro órgão do PJ, cabe ao STF dar provimento à intervenção.
	VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais:
a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático;
b) direitos da pessoa humana;
c) autonomia municipal;
d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta.
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde
	PROVOCADA PELO PGR
	?Representação interventiva?, em razão de ferimento aos princípios constitucionais sensíveis.
É tipo de controle da constitucionalidade.
O provimento da representação é feito pelo STF, que comunicará o Presidente para que instaura a intervenção.
	VI - prover a execução de lei federal
	
	O provimento da representação é feito pelo STF, que comunicará o Presidente para que instaura a intervenção
 
Não é considerada representação interventiva, pois não se trata de princípio constitucional sensível.
 
No caso de intervenção estadual, os casos são mais restritos, mas semelhantes aos da intervenção federal. O Estado-membro pode intervir no município quando (os casos em amarelo acima representam situação que ensejam representação tanto estadual quanto federal):
Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos Municípios localizados em Território Federal, exceto quando:
I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos consecutivos, a dívida fundada;
II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei;
III - não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde;(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)
IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representação para assegurar a observância de princípios indicados na Constituição Estadual, ou para prover a execução de lei, de ordem ou de decisão judicial.
Percebam que os fatos que permitem a intervenção dos Estados-membros nos municípios localizados em seus territórios ou da União nos municípios localizados em territórios federais não são as mesmas que fundamentam a intervenção federal. São menos casos. Em comum, a falta de pagamento da dívida fundada, por dois anos consecutivos, sem motivo de força maior.
Ou seja, não basta que a dívida deixe de ser paga: é preciso que não haja alguma justificativa ou motivo de força maior. Além disso, a restrição diz respeito somente à dívida fundada. No meus cursos de AFO, eu já falei bastante sobre a dívida fundada. A dívida dos órgãos públicos dividem-se em fundada e flutuante. A dívida flutuante é aquela vencível dentro do mesmo exercício financeiro, já a dívida fundada a partir de um ano da data do balanço.
Quem já estudou matemática financeira, sabe que em toda a dívida há o principal e os juros. A dívida flutuante seria o equivalente ao pagamento dos juros + a amortização do principal do ano em curso. Já a dívida fundada equivale ao pagamento do principal que vence a partir do exercício seguinte. Se vence a partir do exercício seguinte, não tem como ser paga, não é mesmo?
Então como é que a constituição usa esse termo ?deixar de pagar a dívida fundada?? Na verdade, houve uma imprecisão legislativa, que não levou em conta aspectos contábeis para escrever o juridiquês que está lá no texto constitucional.
Na verdade, o que enseja a intervenção é o ente deixar de amortizar o pagamento da dívida, por dois anos consecutivos. Ou seja, não deixar de pagar a parte que reduzirá o estoque da dívida (ou pagar só os juros, por exemplo). Isso que enseja a intervenção federal. Mas, para acertar a questão, é preciso estar atento ao termo usado lá na CF: deixar de pagar a dívida ?fundada? por dois anos ou mais, mesmo que saibamos que esse termo não é adequado, certo?
De igual modo como ocorre nos Estados, os municípios também podem sofrer intervenção estadual, se não aplicarem o mínimo no desenvolvimento e manutenção do ensino e nem nas ações e serviços de saúde. Curiosa situação, não é mesmo? O Estado pode sofrer intervenção por esse motivo, o município também, mas a União, não! A União nunca sofre intervenção ou penalidade por descumprimentos dessa natureza. Mas, enfim, é assim que funciona.
O município também fica sujeito à intervenção caso não preste contas. Estamos falando do sistema republicano, certo?
No caso de não cumprimento de lei, a intervenção depende de provimento, pelo TJ local de representação formulada pelo procurador-geral de justiça do estado. Ou no caso da União, do PGR, perante o STF.
Não temos expressamente no caso da intervenção estadual os princípios constitucionais sensíveis, mas, como forma de controle da constitucionalidade estadual, temos a representação interventiva, proposta pelo procurador de justiça local para assegurar a observância de princípios constantes da carta estadual. É quase a mesma coisa.
E se decisão judicial estiver pendente de cumprimento no município, não há necessidade de manifestação do procurador de justiça: o próprio TJ pode dar provimento a requisição para que se instaure a intervenção.
#vamosintervir
Decidida a intervenção, o Presidente da República ou Governador do Estado, conforme o caso, editar um decreto de intervenção que estipulará a amplitude, o prazo, e as condições da intervenção. Se for o caso, haverá a nomeação de um interventor.
Interessante notar, então, que um interventor nem sempre será nomeado. E que a intervenção, por ser medida excepcionalíssima, sempre será decretada por prazo certo.
O decreto de intervenção também precisa ser submetido à Assembleia Legislativa ou ao Congresso Nacional, conforme o caso, no prazo de 24 horas para que se deliberem a respeito. Se não estiverem funcionando, haverá uma convocação extraordinária, no mesmo prazo de 24 horas.
Nos casos em que a intervenção tiver sido motivada pelo Procurador Geral da República (prover a execução de lei federal ou em razão dos princípios constitucionais sensíveis, representação interventiva, portanto apenas no caso federal), não há necessidade de convocação do Congresso Nacional, se o decreto de intervenção bastar para restaurar a normalidade.
O mesmo se aplica no caso de descumprimento de decisão judicial que enseje o provimento da representação pelo STF ou pelo TJ local (nesse caso em ambos os tipos de intervenção federal ou estadual). O descumprimento de legislação local que for representada pelo Procurador de Justiça local também não precisa ser submetido à Assembleia.
Uma vez cessados os motivos que ensejaram a intervenção, as autoridades afastadas dos seus cargos a estes retornarão, salvo impedimento legal.
Questões:
1) Considerando a repartição de competências entre os entes da Federação, as hipóteses de intervenção federal nos estados, a organização e o funcionamento dos Poderes Legislativo e Executivo e o processo legislativo, julgue os itens que se seguem.
A decretação de intervenção da União no estado quesuspender, sem motivo de força maior, o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos tem por pressuposto o provimento pelo STF de representação proposta pelo procurador-geral da República.
Comentários:
O estado que deixar de pagar por dois anos consecutivos a dívida fundada, sem motivo de força maior, sujeita-se a intervenção. Quanto a isso, a questão está correta. O problema é a segunda parte da questão que diz que tal intervenção será provida por representação do PGR ao STF: não é o caso. Estamos, nesse caso, de uma intervenção espontânea, para reorganizar as finanças do estado, que pode ser adotada diretamente pelo Presidente da República, sem a necessidade de provocação. Portanto, questão errada.
2) CESPE - AUD (TCU)/2007
O presidente da câmara municipal de determinado município encaminhou, em 2006, expediente ao TCU, requerendo providências desse órgão porquanto o prefeito municipal se recusava a prestar contas dos recursos recebidos do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e de transferências voluntárias repassadas pela União, além de não disponibilizar recursos para pagamento dos subsídios dos vereadores.
Com base nessa situação hipotética e sabendo que o município mencionado situa-se em um estado da Federação e tem aproximadamente quinze mil habitantes, julgue os itens seguintes.
A prestação de contas é um dos princípios constitucionais sensíveis. Assim, a não-prestação de contas devidas, na forma da lei, é motivo ensejador de intervenção, pelo estado da Federação, no município. No caso de intervenção, o decreto respectivo deve especificar a amplitude, o prazo e as condições de execução, devendo ser submetido, no prazo de 24 horas, à apreciação da assembléia legislativa do estado, que, se não estiver funcionando, deve ser convocada extraordinariamente no mesmo prazo.
Comentários:
Trata-se de caso clássico de intervenção, quando o ente federado deixa de prestar contas. Nesse caso, a intervenção é declarada pelo Governador do Estado, que deve submeter o decreto de intervenção à apreciação da Assembleia em 24 horas; caso não esteja funcionando, o legislativo deve ser convocado em até 24 horas, de forma extraordinária. Questão correta, portanto.
A questão não trata do assunto, mas como a prestação de contas é um princípio constitucional sensível, a intervenção dependerá de provimento pelo TJ local de representação do Procurador de Justiça.
3) CESPE - Proc (MPTCU)/2004
Acerca da organização do estado brasileiro, julgue os itens que se seguem.
A intervenção em estado pela União pode ser proposta ao presidente da República pelo TCU, quando deixar o governador de prestar contas de verbas recebidas do ente federal.
Comentários:
A prestação de contas, como princípio constitucional sensível, não atinge aquelas prestações de contas de convênios, quando um órgão deve prestar contas a outras. No caso da questão, uma entidade federal enviou recursos para um governo estadual que deixou de prestar contas. Como o recurso permanece federal nesses casos, não há que se falar em quebra de um princípio constitucional sensível.
A prestação de contas a que se refere o art. 34, VI, d, da CF, quando fala que a sua ausência é um princípio constitucional sensível passível de intervenção, é prestação de contas de governo, apresentada anualmente ao Tribunal de Contas e submetida a julgamento pelo respectivo poder legislativo.
Assim, a mera ausência na prestação de contas de um convênio, com diz a questão, não enseja a representação interventiva.
Questão errada.
4) Julgue os itens abaixo, acerca da intervenção da União e dos estados, segundo a Constituição Federal.
I. A intervenção decretada pelo Presidente da República não poderá ser efetivada se o Congresso Nacional estiver em recesso.
Falsa. Se o Congresso Nacional estiver em recesso, será convocado em até 24 horas.
II. A intervenção federal se implementa por meio de decreto do Presidente da República ou por meio de decisão do Supremo Tribunal Federal.
Falsa. Será sempre por decreto presidencial ou do governador do Estado. O STF pode determinar que o decreto seja emitido, mas não pode ele mesmo decretar a intervenção.
III. Uma das conseqüências imediatas da intervenção é o afastamento de autoridades dos seus respectivos cargos, aos quais não mais poderão retornar.
Falsa. Uma vez cessados os motivos da intervenção, os afastados retornarão ao cargo, salvo impedimento legal.
IV. O Estado poderá intervir em seus municípios para pôr termo a grave comprometimento da ordem pública.
Falsa. Esta hipótese é de intervenção federal, não de estadual.
5) Caso determinado estado da Federação suspenda o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos, não havendo qualquer justificativa de força maior, a intervenção da União no estado, conforme entendimento do STF, não será vinculada, havendo espaço para análise de conveniência e oportunidade pelo presidente da República.
Comentário:
A intervenção por questão de falta de pagamento da dívida fundada, por dois anos ou mais, é o tipo de intervenção espontânea. Portanto, cabe ao Presidente decidir, no âmbito da sua discricionariedade, se decreta ou não a intervenção, não sendo, esta, portanto, obrigatória, como diz a questão. Questão falsa.
6) CESPE - AUFC/Apoio Técnico e Administrativo/Tecnologia da Informação/2009
Com relação à organização do Estado brasileiro, julgue o próximo item.
Se a União intervier em um estado da Federação, ela afastará momentaneamente a atuação autônoma desse estado. Portanto, se o motivo da intervenção for o provimento de execução de decisão judicial, sua decretação dependerá da requisição do tribunal de justiça daquele estado.
Comentário:A intervenção por ausência de cumprimento de decisão judicial é o que chamamos de intervenção provocada. Nesse caso, não há necessidade representação do Procurador de Justiça nem do PGR, mas dependerá requisição a ser feita pelo STF e não pelo TJ local. Questão falsa.
7)
I) O desrespeito por um dos Municípios existentes hoje no país de um princípio constitucional sensível da Constituição Federal enseja intervenção federal.
Falsa. Como não existem municípios em territórios hoje em dia, nenhum deles pode sofrer intervenção federal.
II) Desrespeito por qualquer pessoa jurídica de direito público que forma a República Federativa do Brasil de uma decisão do Supremo Tribunal Federal enseja intervenção federal.
Falsa. Na verdade, municípios localizados em estados não podem ser objeto de intervenção federal.
III) Apenas o Supremo Tribunal Federal pode requisitar intervenção federal ao Presidente da República.
Não apenas o STF: o STJ e o TSE também podem requisitar intervenção federal em caso de descumprimento de decisões judiciais.
IV) O Estado-membro não pode realizar intervenção em Município, mesmo que situado no seu território.
Falsa. Os Estados-membros detêm essa prerrogativa.
V) O Estado-membro que não assegura os direitos da pessoa humana expõe-se à intervenção federal.
Certo. Os direitos da pessoa humana é um dos princípios constitucionais sensíveis. Portanto, um estado se submete à intervenção caso não os observe (por representação do PGR ao STF, provida).
 Propostas de criação de novos estados brasileiros
Propostas de criação de novas unidades federativas do Brasil
Estão em discussão e em diferentes estágios de tramitação no Congresso Nacional atualmente. Chegou a ser proposta oficialmente a criação de 18 novos estados e 3 novos territórios federais, o que elevaria o total de unidades da federação para 48. A região com o maior número de unidades federativas seria a região Norte, enquanto a região Sul seria a única sem uma única unidade federativa nova. Os estados com estágio de criação mais avançados são Gurgueia, e Maranhão do Sul, ambos na região Nordeste.
Propostas ativas atuais para Novos Estados Brasileiros
Mapa hipotético do Brasil, caso as principais propostas fossem aprovadas.
No Congresso, chegaram a ser cogitadas outras propostas para criação de novos estados e territórios:
Estadoda Guanabara
A divisão do atual estado do Rio de Janeiro, através da reemancipação da Guanabara que foi absorvida por aquele estado em março de 1975.
Estado do Planalto Central
Formado com partes de Goiás, Minas Gerais e Distrito Federal.
Estado do Juruá
Desmembrado do Amazonas, abrangendo as cidades amazonenses nos limites com o Acre, que já teria Eirunepé como capital.
Estado de Solimões
Desmembrado do Amazonas, abrangendo as áreas fronteiriças ao Peru e Colômbia e a capital seria Tabatinga.
Estado do Araguaia
Desmembrado do nordeste do Mato Grosso.
Estado do Mato Grosso do Norte
A partir do noroeste do Mato Grosso, fronteiriço ao Amazonas e a Rondônia.
Estado do Pantanal
A partir do oeste de Mato Grosso do Sul, fronteiriço ao Mato Grosso e Mato Grosso do Sul e já nasceria com Corumbá como capital.
Estado de São Paulo do Oeste
Que já nasceria com Ribeirão Preto como capital.
Estado de São Paulo do Sul
Incluiria 54 municípios da região sul do estado de São Paulo, na zona mais pobre do estado. Registro seria a capital. (rejeitado na CCJ da Câmara).
Estado de Minas do Norte
Desde a região do Vale do Jequitinhonha gerado dentro dos atuais limites de Minas Gerais.
Estado do Iguaçu
No oeste dos estados do Paraná e Santa Catarina. Seu território seria o mesmo do extinto Território do Iguaçu, criado em 1943 pelo então Presidente Getúlio Vargas e extinto em 1946.
Estado do Pampa
Na parte sul do Rio Grande do Sul, incluiria as Microrregiões de Campanha Central e Campanha Meridional, além da Microrregião de Camaquã e aMesorregião do Sudeste Rio-Grandense, a capital seria Pelotas.
Além dos
Territórios Federais de Marajó, no Pará;
Alto Rio Negro, que é antiga região conhecida como Cabeça do Cachorro, no noroeste do Amazonas;
e Oiapoque, no Amapá.
CP- Confederação, Federação e Estado Unitário
Categoria de Estado atendendo ao critério da dispersão de poder: Confederação, Federação e Estado Unitário
ü  Os estados podem obedecer a uma determinada classificação se atendermos à distribuição do poder político por entre os vários níveis de governação dentro de um Estado.
ü  Podemos ter 3 tipos de Estados:
1.Confederação;
2. Federação;
3. Estado unitário: concentrada e descentralizado
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1.                  Confederação: soberania não partilhada, cooperação entre vários estados soberanos.
Uma Confederação é uma associação de Estados independentes que, por intermédio de um tratado, decidiram delegar o exercício de certas competências a órgãos comuns de modo a coordenar um certo número de domínios como o comércio internacional, a defesa e uma moeda única, necessitando de um governo comum para a gestão dos mesmos.
A confederação é uma associação de estados que respeitam o princípio de soberania internacional dos seus membros, à luz do direito internacional, cujo estatuto assenta numtratado internacional que poderá ser modificado para uma constituição mediante acordo unânime de todos os signatários.
A natureza das relações entre os estados que compõem uma confederação varia consideravelmente de caso para caso, tal como as instituições partilhadas e a distribuição dos poderes entre eles.
Algumas confederações parecem-se mais com uma Organização Internacional. Outras parecem-se mais com uma federação.
Na maior parte dos casos, a confederação é apenas uma etapa para a federação. Assim, a Suíça que começou por ser uma confederação (entre 1291 a 1848) e manteve a sua designação inicial mesmo depois de ser convertido numa federação em 1848. A sua designação oficial é “Confederação Suíça”.
OS EUA organizaram-se primeiramente sob a forma de uma confederação, e tornaram-se mais tarde numa federação com a ratificação da sua constituição em 1789.
A união Europeia é uma forma intermédia entre a confederação e a federação.
O Canada foi uma confederação de 1867 e 1989. Hoje é uma federação.
Contudo, cada caso é um caso. Por exemplo, a Bélgica passou de um estado unitário para uma federação na década de noventa, mas hoje almeja alcançar o modelo confederativo.
2. Federação: soberania partilhada, um Estado
Federação é uma forma de governação multi-nível que partilha a soberania para além do poder político por entre os diferentes governos regionais e federal no interior de um único Estado.
A legislação do governo federal prevalece sobre a legislação do governo regional.
Numa federação a soberania é partilhada entre o estado federal e os estados federados, sendo que as competências políticas são distribuídas entre o governo federal e os governos regionais.
As competências são distribuídas pelos diferentes níveis de governação dentro da federação mas o governo federal tem exclusividade no que toca à definição da política externa, à defesa nacional e à capacidade de criar impostos.
A união Europeia tem elementos mais significativos de uma confederação mas caminha para uma federação:
1.                         Na união Europeia, os estados mantém-se soberanos mesmo se o direito comunitário tem prevalência sobre o direito nacional mas há uma delegação de soberania. [Meio termo entre a Confederação e a federação]
2.                         A união europeia não tem capacidade de criar impostos europeus [Confederação]
3.                         A união europeia define e implementa um conjunto de políticas comuns sobretudo no domínio económico tal como a realização do mercado interno e a moeda única para além de políticas no domínio social e educacional [Confederação]
4.                         A união europeia não tem total competência no que toca à defesa militar e representação diplomática a nível internacional dos estados que a compõem. Há uma delegação parcial e partilhada [Confederação mas a caminho da federação]
5.                         As decisões são tomadas por maioria qualificada [confederação]
6.                         A União europeia foi criado por intermédio de um tratado internacional, tratado de Paris de 1951, mas caminha cada vez mais para uma constituição, embora esta tentativa tenha falhado e se tenha optado por um tratado constitucional em Novembro de 2009, Tratado de Lisboa [confederação mas a caminho de uma federação]
7.                         A legislação europeia tem prevalência sobre as leis nacionais [federação]mas requer a transposição na lei nacional para ser aplicada e entrar em vigor. Não dispensa a transposição nacional na ordem interna. [Confederação]
3.       Estado unitário: soberania reside num único governo, situado a nível central
Embora o poder esteja localizado a nível do governo central, o poder pode ser delegado segundo 3 fórmulas específicas: a) desconcentração; b) descentralização e c) devolução.
Mesmo havendo delegação de poderes dentro de um estado unitário, este não poderá ser confundido com uma federação na medida em que o governo nacional tem a autoridade para anular qualquer medida tomada a nível infra-nacional (local ou regional).
A soberania não é partilhada entre os níveis de governação. A capacidade de decisão final compete em última análise ao poder central.
a)      Desconcentração: funções do Estado são executadas pelas autoridades do Estado a nível regional ou local (Portugal)
b)      Descentralização: Funções do estado central são executadas pelas autoridades regionais ou locais (França).
c)       Devolução: governo central concede alguns poderes de decisão autónoma a autoridades regionais ou locais (Itália, Espanha, Grã-Bretanha). “Power devolved is power retained”.
Características da Federação Brasileira
CARACTERÍSTICAS DA FEDERAÇÃO BRASILEIRA
i)                    Descentralização política: Os entes da federação possuem autonomia.
ii)                  Repartição de competência – garante a autonomia entre os entes federativos, e assim, o equilíbrio da federação.
iii)                Constituição rígida como base jurídica: As competências dos entes da federação estão estabelecidasnuma constituição rígida para garantir a distribuição de competências entre os entes autônomos, surgindo assim, uma verdadeira estabilidade institucional.
iv)                Inexistência do direito de secessão: Não se permite o direito de retirada de algum ente da federação, tanto que a tentativa de retirada enseja a intervenção federal. 
Conforme o princípio da indissolubilidade do vínculo federativo, a República Federativa do Brasil é formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal (art. 1º da CF).
A Constituição Federal estabelece no art. 34, I que a tentativa de retirada ensejará a decretação da intervenção federal no Estado rebelante.
Art. 34, I – CF:
A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para:
I - manter a integridade nacional”.
A forma federativa de Estado é um dos limites materiais ao poder de emenda, não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir a forma federativa de estado (art. 60, §4º, I da CF).
v)                  Soberania do Estado Federal: A partir do momento que os Estados ingressam na Federação perdem a soberania. Enquanto os estados são autônomos entre si, nos termos da Constituição Federal, o País é soberano (art. 1, I – CF).
vi)                Intervenção – diante de situações de crise, o processo interventivo serve para assegurar o equilíbrio federativo, e assim, a manutenção da federação.
vii)              Auto-organização dos estados-membros: Os Estados organizam-se através da elaboração das constituições estaduais.
Art. 25 – CF:
“Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios desta Constituição”.
viii)            Órgão representativo dos estados-membros: Senado.
Art. 46 – CF:
“O Senado Federal compõe-se de representantes dos Estados e do Distrito Federal, eleitos segundo o princípio majoritário.
§ 1º - Cada Estado e o Distrito Federal elegerão três Senadores, com mandato de oito anos.
§ 2º - A representação de cada Estado e do Distrito Federal será renovada de quatro em quatro anos, alternadamente, por um e dois terços.
§ 3º - Cada Senador será eleito com dois suplentes”.
ix)                Órgão guardião da Constituição: Supremo Tribunal Federal.
 Art. 102 – CF:
“Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição...”
x)                  Repartição de receitas: assegura o equilíbrio entre os entes federativos (arts. 157 a 159 -  CF). 
Art. 46 da Lei 9.610/98:
“Não constitui ofensa aos direitos autorais:
(...)
III - a citação em livros, jornais, revistas ou qualquer outro meio de comunicação, de passagens de qualquer obra, para fins de estudo, crítica ou polêmica, na medida justificada para o fim a atingir, indicando-se o nome do autor e a origem da obra”.
A COMPETÊNCIAS DOS ENTES FEDERATIVOS
Objetivos e Funções
Aqui, deveremos apenas sintetizar a matéria, visando o estudo de um problema básico na organização federativa: o da partilha de competências. Com esse intuito, esquematizemos:
a) a Federação Brasileira resultou de um processo histórico-dissociativo, eis que no Império adotávamos o Estado Unitário, abolido, juntamente com a Monarquia e com o Parlamentarismo (costumeiro, consuetudinário, desenvolvido à margem da Constituição de 1824), a partir do Decreto no. 1, de 15 de novembro de 1889.
b) nossa Federação é tridimensional, de vez que nossa Constituição consagra a autonomia estadual e a autonomia municipal (tema a aprofundar: atributos: auto-organização, auto-governo e auto-administração).
c) Outro tema importante, que deverá também ser abandonado, é o da distinção entre União e Federação, que não se confundem: a Federação é o todo; União, Estados e Municípios são as unidades que o integram.
d) o Poder Constituinte (originário: demiúrgico), ao traçar a organização fundamental do Estado e optar pela forma federativa, cria (ato soberano) o Estatuto da Federação, a Constituição Federal, que se impõe tanto à União, como aos Estados, como aos Municípios, tanto aos governantes, como aos governados, tanto ao Executivo, quer Federal, Estadual ou Municipal, como ao Legislativo Federal, Estadual ou Municipal, e a todos os órgãos (juízes e tribunais) do Poder Judiciário.
e) A Constituição, portanto, é que partilha as competências entre União, Estados e Municípios.
Repartição de Competência (Teoria dos Poderes Implícitos)
Esquematicamente, podemos afirmar que três critérios têm sido adotados, nos Estados Federais, para a partilha de competências entre as unidades federadas:
a) o critério de enumerar a competência da União e também enumerar a competência dos Estados-membros, adotado, v.g., na Austrália.
b) o critério de enumerar a competência dos Estados, e estabelecer que o resíduo, ou seja, tudo aquilo que a Constituição não enumerou como competência dos Estados, pertence à União, adotado no Canadá e na África do Sul.
c) o critério de enumerar a competência da União, deixando residual a competência dos Estados, adotado nos Estados Unidos (e no Brasil, com a devida adaptação).
No Brasil, sendo nossa Federação tridimensional, o critério deve ser adaptado à existência constitucional autonômica da entidade municipal, para podermos afirmar que, na partilha da competência político-administrativa e legiferante, nossa Constituição adota o critério de enumerar a competência da União e a dos Municípios, deixando residual a competência dos Estados (Constituição vigente, art. 8o.- competência da União; art. 15 – Municípios; art. 13 §1o.- competência residual dos Estados).
Observe-se o §1o. citado: "Aos Estados são conferidos todos os poderes que, explícita ou implicitamente, não lhes sejam vedados por esta Constituição". Quer dizer: Aos Estados, não são eles que se conferem esses poderes, essa competência, mas a Constituição Federal, que partilha as competências entre União, Estados e Municípios. Observe-se ainda que adotamos (desde 1891) a teoria dos poderes implícitos, construção jurisprudencial norte-americana: além dos poderes expressos, a União (e os Municípios, no Brasil) terá os poderes implícitos, isto é, aqueles que, embora não constando expressamente da Constituição, decorrem naturalmente dos poderes expressos, são instrumentais, necessários, à sua efetivação.
Adotado o critério de enumerar a competência da União e deixar residual a competência dos Estados-membros, como saber se um determinado poder é da União ou dos Estados? John Randolph Tucker, constitucionalista norte-americano, sugere que se faça a pergunta: "A Constituição deu este poder à União?", para se saber se um determinado poder pertence à União. Somente quando a resposta fosse afirmativa, pertenceria assim à União aquela competência. Por outro lado, para se saber se um determinado poder pertence aos Estados, deveria ser feita a pergunta: "A Constituição negou este poder aos Estados?" Se não negou, direta ou indiretamente (e pertenceriam à União ou ao povo), então esses poderes pertenceriam aos Estados.
Em um Estado do tipo federado, a autonomia dos entes federativos pressupõe repartição, constitucionalmente estabelecida, de competências administrativas, legislativas e tributárias. É a técnica que a CF utiliza para partilhar entre os entes federados as diferentes atividades do Estado federal.
A CF/88 atribui aos Membros da federação competências administrativas, competências legislativas e competências tributárias, e adotou como critério para a repartição de competências entre os diferentes entes federativos o denominado princípio da predominância do interesse => impõe a outorga de competência de acordo com o interesse predominante quanto à respectiva matéria. Exemplo:
Transporte intramunicipal (de interesse local) => competência do município
Transporte intermunicipal (intra-estadual) => competência do estado-membro
Transporte interestadual ou internacional => competência da União
ATENÇÃO: ao DF foram outorgadas as competências dos estados e municípios!
Competências da União
Art 21: competência exclusivamaterial da União => são competências administrativas, e sua principal característica é a indelegabilidade, ou seja, não há previsão constitucional para que a União delegue o exercício dessa competência aos Estados, DF ou municípios.
Art 22: competência privativa legislativa da União => cabe apenas à União legislar sobre as questões enumeradas. Porém, é possível que os Estados e o DF venham a legislar sobre questões específicas, desde que a União delegue competência por meio de lei complementar. A marca dessa competência é a delegabilidade aos Estados e ao DF.
a União somente poderá delegar a competência para que os Estados legislem sobre “questões específicas” das matérias de sua competência privativa;
a delegação, se houver, deverá ser indistinta para todos os entes federados. Não poderá haver delegação para um ou alguns Estados, sob pena de ofensa ao pcp do equilíbrio federativo.
 
	Art. 21
	Art . 22
	Administrativa
	Legislativa
	Exclusiva
	Privativa
	Indelegável
	Delegável (por meio de lei complementar)
 
Competência comum (União, Estados, DF e Municípios)
A competência comum é uma competência administrativa (material e NÃO legislativa) e todos os entes federativos exercem-na em condições de igualdade, sem nenhuma relação de subordinação; a atuação de um não exclui a dos outros.
Art 23 Parágrafo único: Leis complementares fixarão normas para a cooperação entre a U, E, DF e M, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem em âmbito nacional.
Competência legislativa concorrente
Também é chamada de sistema de repartição vertical de competência, e merece destaque:
a competência concorrente NÃO envolve os municípios
trata-se de competência legislativa
 ATENÇÃO a esses 4 parágrafos (sempre caem em provas);
 1º: no âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais.
2º: a competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados.
3º: inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades.
4º: a superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário.

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