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Do Campus
para o Campo
Tecnologia para a produção de leite
Neiva & Neiva
2006
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Apresentação
Adifusão de tecnologia é uma preocupação cada vez mais presente em todos os seg-
mentos envolvidos nesta temática.
Uma rápida revisão na literatura existente remete-nos a uma intensificação nas ações 
pertinentes, nos últimos 50 anos, como a criação da ACAR, em Minas Gerais, em 1948, do 
Sistema Brasileiro de Extensão Rural, em 1956, da EMBRAPA, em 1973 e da EMBRATER, 
em 1975, pelo Governo Federal.
Também é facilmente perceptível na literatura especializada, que grande parte das 
tecnologias existentes encontra-se em prateleiras, longe do alcance do produtor rural. Por 
outro lado, parte dos produtores, mesmo tendo acesso às tecnologias, não estão dispostos 
a utilizá-las, por diversas razões, inclusive culturais, o que leva a concluir que não basta 
aos órgãos extensionistas, ter recursos financeiros suficientes para promover a utilização, 
pelos produtores, de tecnologias capazes de aumentar a produção, diminuir a utilização de 
insumos, reduzir o uso de água, de área plantada, gerar mais emprego e renda, em especial 
para a agricultura familiar; é necessário que ações complementares bem elaboradas sejam 
levadas ao produtor, convencendo-o da importância e dos resultados na sua utilização.
Neste sentido, o CNPq associado a diferentes parceiros (Ministérios e Fundos Setoriais, 
principalmente) investiu fortemente nos últimos anos, tanto com a publicação de Editais 
Temáticos, como com a criação de novas ferramentas de apoio com destaque para a criação 
das bolsas voltadas a extensão. Dessa forma, foi possível apoiar o projeto “Do campus para 
o campo: difusão de tecnologia para o aproveitamento de resíduos agroindustriais na alimen-
tação de gado leiteiro”, coordenado pelo Prof. José Neuman Miranda Neiva e em execução 
na Universidade Federal de Tocantins, onde uma equipe composta por diversos profissionais 
cujo perfil certamente permitirá o alcance dos objetivos propostos, nos leva a acreditar que se 
houver uma conscientização crescente da academia da importância do seu papel não só na 
criação de novas tecnologias mas principalmente na difusão daquelas já existentes, o Brasil 
poderá experimentar, nos próximos anos, um crescimento no segmento agropecuário, capaz 
de promover a inclusão do país em patamares mais elevados, propiciando melhor qualidade 
de vida, em especial ao pequeno produtor.
Somando às ações mais substanciais das Instituições de ensino e pesquisa, nos últimos 
tempos, é necessário reconhecer o papel das agências de fomento, como o Conselho Nacio-
nal de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico – CNPq, que tem lançado editais voltados 
exclusivamente à extensão rural, oferecendo novos mecanismos, como bolsas de extensão 
rural, de Desenvolvimento Tecnológico e outras ações que tem como cunho principal, o for-
talecimento da área de extensão no país.
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Assim, é importante reconhecer o esforço governamental na disponibilização de recursos 
financeiros para solucionar esta lacuna, que se sabe existir, entretanto, é indispensável que 
professores/pesquisadores, apoiados por estas iniciativas, se preocupem na busca de soluções 
para que a ciência e a tecnologia cheguem ao produtor rural, sendo bem utilizada e gerando os 
frutos desejados.
Tão importante quanto fazer C&T é difundí-las, de forma adequada e consciente, respei-
tando-se, em especial, ao meio ambiente. 
Dessa forma, a publicação do livro “DO CAMPUS PARA O CAMPO: Tecnologias para pro-
dução de leite” mostra que a equipe de professores envolvidos se mostra em sintonia com as 
políticas atuais do CNPq e demais agências de fomento. Temos certeza que o grupo dará uma 
enorme contribuição para a cadeia produtiva do leite no Brasil e muito mais que isso; e como o 
próprio nome já diz, o “CAMPUS” universitário está se envolvendo com o “CAMPO” de produção 
pecuária. 
Dra. Maria Auxiliadora da Silveira e Pereira Neves
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq
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AUTORES
Ana Claudia Gomes Rodrigues Neiva 
Engenheira Agrônoma, M.Sc. em Economia Rural 
Universidade Federal do Tocantins, Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia, BR- 153 Km 112 
Zona Rural 77800-000 - Araguaina, TO - Brasil - Caixa-Postal: 132 Telefone: (63) 4141802 
Fax: (63) 34141597 e-mail: claudianeiva@yahoo.com.br
Ana Flávia Santos Coelho 
Engenheira Agrônoma, MsC. em Ciência dos alimentos e doutoranda em Engenharia Agrícola.
Universidade Federal do Tocantins. Avenida NS 15 ALC NO 14, Campo Experimental, Lab. de 
Microbiologia de Alimentos Centro 77020-210 - Palmas, TO – Brasil Telefone: (63) 2188143 
Fax: (63) 2188020 e-mail: anaflavia@uft.edu.br 
Antonio Clementino dos Santos
Engenheiro Agrônomo, doutor em Tecn. Energeticas Nucleares-Fertilidade do Solo
Universidade Federal do Tocantins, Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia, BR- 153 Km 112 
Zona Rural 77800-000 - Araguaina, TO - Brasil - Caixa-Postal: 132 Telefone: (63) 4141802 
Fax: (63) 34141597. e-mail: clementino@uft.edu.br 
Antônio Último de Carvalho
Médico Veterinário D.Sc. em Zootecnia 
Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Veterinária, Departamento de Clínica e Cirur-
gia Veterinária Av. Presidente Antônio Carlos, 6.627 Campus Pampulha CEP: 31270901 - Belo 
Horizonte, MG - Brasil - Caixa-Postal: 567Telefone: (31) 4992229 Ramal: 2234 Fax: (31) 
4992230 
Breno Mourão de Sousa 
Médico Veterinário, MsC em Zootecnia e Doutorando em Ciência Animal
Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Veterinária, Departamento de Zootecnia. Ave-
nida Antônio Carlos, 6627 São Francisco 30123-970 - Belo Horizonte, MG - Brasil - Caixa-
Postal: 567 Telefone: (31) 34492183 
e-mail: brenoms@hotmail.com
Carlos Augusto de Miranda Gomide
Engenheiro Agrônomo, D.Sc. em Zootecnia
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Centro Nacional de Pesquisa de Gado de Lei-
te, Núcleo Regional Nordeste. Avenida Beira Mar 3250 Sementeira 49025040 - Aracaju, SE 
– Brasil Telefone: (79) 2261300 Ramal: 1366 Fax: (79) 2261369 
e-mail: cagomide@cpatc.embrapa.br 
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Elcivan Bento da Nóbrega
Engenheiro Agrônomo, M.Sc. em Zootecnia
Universidade Federal do Tocantins, Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia, BR- 153 Km 112 
Zona Rural 77800-000 - Araguaina, TO - Brasil - Caixa-Postal: 132 Telefone: (63) 4141802 
Fax: (63) 34141597 e-mail: elcivan@uft.edu.br 
Fabiano Alvim Barbosa
Médico Veterinário, MsC em Zootecnia e Doutorando em Ciência Animal 
Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Veterinária, Departamento de Zootecnia. Ave-
nida Antônio Carlos, 6627 São Francisco 30123-970 - Belo Horizonte, MG - Brasil - Caixa-
Postal: 567 Telefone: (31) 34492183
Helcileia Dias Santos 
Medica Veterinária, M.Sc. em Ciências Veterinárias, doutorando em Ciências Veterinárias. 
Universidade Federal do Tocantins, Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia, BR- 153 Km 112 
Zona Rural 77800-000 - Araguaina, TO - Brasil - Caixa-Postal: 132 Telefone: (63) 4141802 
Fax: (63) 34141597 e-mail: hdsantos@uft.edu.br 
Heleno Guimarães Carvalho
Médico Veterinário
e-mail: helenogc@agricuiltura.gov.br 
José Neuman Miranda Neiva 
Zootecnista, D.Sc. em Zootecnia 
Universidade Federal do Tocantins, Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia, BR- 153 Km 112 
Zona Rural 77800-000 - Araguaina, TO - Brasil - Caixa-Postal: 132 Telefone:(63) 4141802 
Fax: (63) 34141597 e-mail: araguaia2007@gmail.com 
Josefa Moreira do Nascimento Rocha 
Médica Veterinária, M.Sc. em Ciência Animal 
Universidade Federal do Tocantins, Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia, BR- 153 Km 112 
Zona Rural 77800-000 - Araguaina, TO - Brasil - Caixa-Postal: 132 Telefone: (63) 4141802 
Fax: (63) 34141597 e-mail: nascimentojmn@hotmail.com 
Leonardo Andrade Leite 
Médico Veterinário, MsC em Zootecnia e Doutorando em Ciência Animal 
Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Veterinária, Departamento de Zootecnia. Ave-
nida Antônio Carlos, 6627 São Francisco 30123-970 - Belo Horizonte, MG - Brasil - Caixa-
Postal: 567 Telefone: (31) 34492183 e-mail: leonardoleite@superig.com.br
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Magno José Duarte Cândido
Engenheiro Agrônomo, D.Sc. em Zootecnia 
Universidade Federal do Ceará Centro de Ciências Agrárias, Departamento de Zootecnia. Av. 
Mister Hull, 2977 Pici 60970-355 - Fortaleza, CE – Brasil Telefone: (85) 40089711 Fax: (85) 
40089701 e-mail: mjdcandido@gmail.com 
Norberto Mario Rodriguez
Bioquímico, PhD em Nutrição Animal 
Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Veterinária, Departamento de Zootecnia. Av. 
Antônio Carlos, 6627 São Francisco 31270-901 - Belo Horizonte, MG - Brasil - Caixa-Postal: 
560 Telefone: (31) 34992195 Fax: (31) 34992168 e-mail: norberto.bhe@terra.com.br 
Ricarda Maria dos Santos 
Medica Veterinária, D.Sc. em Medicina Veterinária 
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia de Botucatu, Unesp, Fmvz. Fazenda Lageado 
18618000 - Botucatu, SP - Brasil - Caixa-Postal: 516 Telefone: (14) 38117185 Ramal: 209 
Fax: (14) 38117180 e-mail: ricasantos@yahoo.com
Rubens Fausto da Silva 
Zootecnista, M.Sc. em Extensão Rural 
Universidade Federal do Tocantins, Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia, BR- 153 Km 112 
Zona Rural 77800-000 - Araguaina, TO - Brasil - Caixa-Postal: 132 Telefone: (63) 4141802 
Fax: (63) 34141597 e-mail: rubensfausto@hotmail.com 
Sandra Gesteira Coelho
Médica Veterinária, D. Sc. em Zootecnia 
Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Veterinária, Departamento de Zootecnia. Rua 
Matipo 220 apt 701 Santo Antonio 30161-970 - BELO HORIZONTE, MG - Brasil - Caixa-Pos-
tal: 567 Telefone: (31) 33422288 e-mail: sandra@vet.ufmg.br 
Severino Delmar Junqueira Villela 
Zootecnista, D.Sc. em zootecnia
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Departamento de Zootecnia. Rua 
da Glória , 187Centro 39100-000 - Diamantina, MG – Brasil Telefone: (38) 35313818 e-mail: 
smvillela@jknet.com.br 
Silvia Minharro Barbosa 
Médica Veterinária, M.Sc. em Ciência Animal, doutoranda em Ciência Animal. Universidade 
Federal do Tocantins, Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia, BR- 153 Km 112 Zona Rural 
77800-000 - Araguaina, TO - Brasil - Caixa-Postal: 132 Telefone: (63) 4141802 Fax: (63) 
34141597
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Tânia Vasconcelos Cavalcante 
Medica Veterinária, D.Sc. em Medicina Veterinária
Universidade Federal do Tocantins, Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia, BR- 153 Km 112 
Zona Rural 77800-000 - Araguaina, TO - Brasil - Caixa-Postal: 132 Telefone: (63) 4141802 
Fax: (63) 34141597 e-mail: taniavc@gmail.com
Warley Efrem Campos 
Médico Veterinário, D.Sc. em Ciência Animal 
Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Veterinária, Departamento de Zootecnia. Av. 
Antônio Carlos, 6627 São Francisco 31270-901 - Belo Horizonte, MG - Brasil - Caixa-Postal: 
560 Telefone: Fax: (31) 34992168 e-mail: wecampos2@yahoo.com.br 
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Sumário
A Cadeia Produtiva do Leite .................................................... 001
Formação e Recuperação de Pastagens ..................................... 100
Manejo de pastagens para produção intensiva ........................... 200
Produção e Conservação de Volumosos para Reserva Estratégica . 300
Controle zootécnico e econômico na pecuária leiteira ................. 350
Criação de Animais Jovens ...................................................... 400
Manejo alimentar de vacas leiteiras .......................................... 450
Formulação de dietas para bovinos leiteiros ............................... 500
Manejo Reprodutivo de Vacas Leiteiras ..................................... 550
Manejo sanitário de bovinos leiteiros ........................................ 600
Obtenção Higiênica do Leite .................................................... 650
Associativismo Rural .............................................................. 700
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A Cadeia Produtiva do Leite
Ana Cláudia Gomes Rodrigues Neiva
Heleno Guimarães Carvalho
1. O Agronegócio
Para entender o conceito de agronegócio, são necessários alguns comentários acerca das 
mudanças ocorridas nas atividades agropecuárias nas últimas décadas. 
Tradicionalmente, o termo agricultura era utilizado para designar todas as atividades agro-
pecuárias, desde o fornecimento de insumos utilizados na produção, passando pela industria-
lização, até a distribuição do produto final ao consumidor. As fazendas eram quase auto-su-
ficientes; produziam, além de diversas culturas e criações, os meios de produção necessários 
ao seu funcionamento. Produziam, por exemplo, arroz, feijão, mandioca, milho, algodão, café, 
cana-de-açúcar entre outras culturas, além de criações de bovinos, suínos, aves e eqüinos. Nes-
sas propriedades, o leite era transformado em queijo e manteiga; a partir da cana-de-açúcar, 
produzia-se rapadura, cachaça, melado (ou mel de engenho); a mandioca era beneficiada de 
modo a se obter farinha, polvilho, entre outros produtos.
Neste modelo de produção, tinha-se uma atividade comercial (como açúcar, algodão, 
café) que gerava receita para compra de mercadorias que não eram produzidas internamente, 
como o sal, querosene, entre outros.
No entanto, a transformação sofrida pela sociedade, aliada ao avanço tecnológico, espe-
cialmente nas últimas décadas do século passado, modificou o perfil das propriedades rurais. 
Segundo dados do IBGE (2006), o número de pessoas residentes no meio rural no Brasil passou 
de 44% em 1970 para 19% em 2000. Os investimentos em tecnologia e pesquisa provoca-
ram mudanças significativas nos índices de produtividade das atividades agropecuárias. Araújo 
(2005) ressalta que esses fatos fazem com que um número cada vez menor de pessoas trabalhe 
para produzir alimentos para uma população crescente. As propriedades rurais passam, então, 
a apresentar as seguintes características:
• redução da auto-suficiência;
• maior dependência de insumos e serviços de outras empresas
• especialização em determinadas atividades;
• geração de excedentes de consumo e abastecimento de mercados, às vezes, muito dis-
tantes;
• recebimento de informações externas;
• necessidade de infra-estrutura, como estradas, armazéns, portos, aeroportos, além de 
pesquisas, softwares, fertilizantes, ou seja, insumos fora da propriedade;
• conquista cada vez maior de novos mercados;
• desafio à globalização e à internacionalização da economia.
Assim, a tradicional classificação da economia em setor primário, secundário e terciário 
deixou de ter sentido. A agropecuária, que antes era vista como setor primário, passou a ter 
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Ana Cláudia Gomes Rodrigues Neiva / Heleno Guimarães Carvalho
12
intensarelação com outros setores, por sua dependência de insumos e serviços oferecidos por 
outras empresas. Essa dependência ocorre também para situações posteriores à produção, 
verificando-se a necessidade de infra-estruturas, como armazéns, estradas, portos, aeroportos, 
agroindústrias, entre outras.
De acordo com Batalha (2001), foi a partir da análise dessas relações que, em 1957, 
John Davis e Ray Goldberg, professores da Universidade de Harvard nos Estados Unidos, defi-
niram agribusiness da seguinte forma:
“a soma das operações de produção e distribuição de suprimentos agrícolas, das opera-
ções de produção nas unidades agrícolas, do armazenamento, do processamento e da distribui-
ção dos produtos agropecuários e itens produzidos a partir deles”.
Verifica-se, portanto, que a agropecuária está inserida em uma rede de agentes econômi-
cos, que incluem desde a produção de insumos, a produção agropecuária e a transformação 
industrial até o armazenamento e a distribuição dos produtos agropecuários e seus derivados 
para o consumidor final (Figura 1). Dando suporte a todos os segmentos da produção agrope-
cuária, encontram-se a pesquisa e a assistência técnica, os serviços portuários, os governos, os 
bancos, entre outros.
Ambiente Institucional: Cultura, Tradições, Educação, Costumes
INSUMOS AGROPECUÁRIA PROCESSAMENTO DISTRIBIÇÃO
CONSUMIDOR
FINAL
Ambiente Organizacional: Informação, Finanças, Cooperativas
Fonte: Zylbersztajn (225)
Figura 1 – Sistema de Agribusiness
É importante para todos os segmentos envolvidos, inclusive para as autoridades governa-
mentais, essa visão sistêmica do agronegócio, ou seja, o entendimento das inter-relações entre 
os setores “antes da porteira”, “dentro da porteira” e “depois da porteira”.
 O segmento “antes da porteira”, ou a “montante da produção agropecuária”, é composto 
por fornecedores de insumos e serviços, como sementes, rações, fertilizantes, defensivos agrí-
colas, produtos veterinários, máquinas e equipamentos. O segmento “dentro da porteira”, por 
sua vez, ou produção agropecuária propriamente dita, envolve todas as atividades de produção 
dentro da propriedade, enquanto o segmento “depois a porteira” ou “a jusante da produção 
agropecuária”, refere-se a todas as atividades de armazenamento, processamento, transforma-
ção, distribuição e consumo do produto final.
Noções de Cadeia (Filière) de Produção Agroindustrial
O conceito de filière (cadeia) surgiu na França na década de 1960, como um produto da 
escola de economia industrial francesa, e diz respeito à seqüência de atividades que transfor-
mam uma commodity em um produto final pronto para ser consumido. Morvan (apud Zylber-
sztajn, 2005, p.9) define cadeia da seguinte forma:
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A Cadeia Produtiva do Leite
13
“é uma seqüência de operações que conduzem à produção de 
bens. Sua articulação é amplamente influenciada pela fronteira de pos-
sibilidades ditadas pela tecnologia e é definida pelas estratégias dos 
agentes que buscam a maximização dos seus lucros. As relações entre 
os agentes são de interdependência ou complementariedade e são de-
terminadas por forças hierárquicas”.
Embora o conceito de filière não tenha sido desenvolvido para análise da cadeia agroin-
dustrial, foi entre os estudiosos do setor que se expandiu. A palavra filière pode ser traduzida 
para o português como cadeia de produção e, no caso do setor agroindustrial, cadeia de produ-
ção agroindustrial ou apenas cadeia agroindustrial.
Batalha (2001) demonstrou que, de modo geral, uma cadeia de produção agroindustrial 
pode ser dividida em três macrossegmentos, de jusante a montante, da seguinte forma:
1. Comercialização: engloba as empresas que estão em contato com o cliente final da 
cadeia de produção e que viabilizam o consumo e comércio dos produtos finais, como super-
mercados, mercearias e restaurantes;
2. Industrialização: abrange as firmas responsáveis pela transformação das matérias-pri-
mas em produtos destinados ao consumidor (pode ser uma unidade familiar ou outra agroin-
dústria);
3. Produção de matérias-primas: inclui as firmas que fornecem as matérias-primas ini-
ciais para que outras empresas trabalhem na produção do produto final (agricultura, pecuária, 
piscicultura, entre outras).
Uma cadeia produtiva apresenta as seguintes características:
1. “Refere-se a um conjunto de etapas consecutivas pelas quais passam e vão sendo 
transformados e transferidos os diversos insumos, em ciclos de produção, distribuição e co-
mercialização de bens e serviços;
2. implica divisão de trabalho, na qual cada agente ou conjunto de agentes realiza eta-
pas distintas do processo produtivo;
3. não se restringe, necessariamente, a uma mesma região ou localidade;
4. não contempla necessariamente outros atores, além das empresas, tais como institui-
ções de ensino, pesquisa e desenvolvimento, apoio técnico, financiamento, promoção, entre 
outros” (Albagli et al., apud Araújo, 2005).
A análise da cadeia de produção de determinado produto agropecuário possibilita maior 
entendimento das relações entre todos os agentes, facilitando: 
1. a descrição de toda a cadeia de produção;
2. o reconhecimento da importância da tecnologia na estruturação da cadeia produtiva;
3. a organização de estudos de integração;
4. a análise das políticas direcionadas ao agronegócio;
5. a melhor compreensão da matriz insumo-produto para cada produto agropecuário;
6. a análise das estratégias das firmas e associações.
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Ana Cláudia Gomes Rodrigues Neiva / Heleno Guimarães Carvalho
14
1.1 - Importância do Agronegócio no Brasil
O agronegócio, como um todo, destaca-se na economia nacional. Os bons resultados do 
setor, sobretudo no período 2002-2004, são decorrentes de vários fatores: pelo lado da oferta, 
destacam-se os investimentos em pesquisas e as tecnologias desenvolvidas por universidades e 
centros de pesquisas. Assim, o Brasil, terceiro maior exportador de produtos do agronegócio no 
mundo, apresenta hoje os melhores índices de produtividade em várias commodities agrícolas.
Analisando o lado da demanda, verifica-se que o aumento do consumo e das importações 
dos países em desenvolvimento, e, sobretudo do leste da Ásia, da Rússia, da Europa ocidental 
e do Oriente Médio, tem contribuído para o desempenho do agronegócio. Segundo Jank (2006), 
as causas dessa situação seriam: o crescimento da renda per capita e a diminuição da pobre-
za absoluta em várias regiões do mundo; a rápida urbanização, de modo que agricultores de 
subsistência passaram a ser consumidores urbanos de alimentos comprados; e o “efeito gradu-
ação”, ou seja, à medida que a renda dos consumidores aumenta, substitui-se o consumo de 
proteínas de origem vegetal (grãos, por exemplo) por proteínas de origem animal (como carnes 
e lácteos).
A relevância do agronegócio na economia brasileira pode ser mensurada por meio de al-
guns indicadores, como participação no PIB e geração de emprego. Segundo dados do Centro 
de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo - CEPEA, o PIB do 
agronegócio representa aproximadamente 28% do PIB nacional (Figura 2) e emprega em torno 
de 35% da população economicamente ativa.
Figura 2 – Participação do agronegócio no PIB do Brasil, 1994 a 2005.
Nos últimos anos, o agronegócio tem sido o setor da economia que mais contribui para a 
formação do saldo da balança comercial do País. Entre 1989 e 2004, as exportações do setor 
passaram de US$ 13,9 para US$ 39,0 bilhões. Em 2005, a balança comercial do agronegócio 
registrou saldo de US$ 29 bilhões, com exportações de U$ 32 bilhões e importações de U$ 3 
bilhões.
O agronegócio como um todo gera riqueza e alimenta aeconomia brasileira, melhorando a 
qualidade de vida da população, especialmente nas pequenas e médias cidades cuja economia 
se baseia na agropecuária. No entanto, em 2005, apresentou retração de 4,66% (Figura 3), 
de modo que o PIB global do agronegócio, desde a produção agropecuária até a indústria de 
processamento, de insumos e de serviços, atingiu R$ 537,63 bilhões, o que representa redução 
de R$ 26,26 bilhões em relação a 2004 (CEPEA, 2006).
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A Cadeia Produtiva do Leite
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Figura 3 – Crescimento do PIB do agronegócio, 1995 a 2005
Analisando isoladamente o PIB do agronegócio da pecuária, observa-se que, no período 
de janeiro a dezembro de 2005, os índices decresceram 1,90%. No mesmo período em 2004, 
houve crescimento de 1,72%. O PIB do agronegócio da agricultura apresentou, no mesmo 
período de 2005 retração de 5,78%, enquanto, no mesmo período de 2004, verificou-se cres-
cimento de 2,90%.
Segundo informações do CEPEA (2006), as dificuldades enfrentadas no agronegócio são 
conseqüentes de uma série de fatores: valorização da moeda, afetando a competitividade do 
Brasil no mercado exportador; aumento dos custos de produção no Brasil, decorrente dos au-
mentos sucessivos do preço dos combustíveis, dos fertilizantes e de outros insumos e dos juros 
altos; falta de investimentos em infra-estrutura física, logística; e problemas de defesa agrope-
cuária.
Jank (2006) comprovou, por exemplo, que uma das regiões mais favoráveis do mundo 
para o desenvolvimento do complexo grãos-carnes-fibras-lácteos é o cerrado brasileiro. No en-
tanto, seus custos de frete superam 40% do valor FOB do produto. Os problemas de infra-estru-
tura, como estradas intransitáveis, ferrovias e hidrovias estagnadas, desfazem toda a eficiência 
obtida no segmento da produção, o que significa que a logística é hoje um dos principais entra-
ves ao desenvolvimento do agronegócio.
 
2 - O Agronegócio do Leite
A cadeia produtiva do leite é uma das mais importantes no agronegócio brasileiro, tanto 
do aspecto social como do econômico. As atividades relacionadas à produção, à industrialização 
e à comercialização do leite e seus derivados geram emprego e renda nos meios rural e urbano 
em todo o País, além de fornecer alimentos de alto valor nutritivo para a população. Segundo 
estimativas do IBGE, no Brasil existem 1,2 milhões de propriedades rurais produzindo leite, 
empregando direta ou indiretamente aproximadamente 3 milhões de pessoas.
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De acordo com alguns estudos, para cada R$ 1 milhão investido na indústria de laticínios, 
pode-se gerar 197 novos empregos permanentes, valor superior ao de outros setores conhecidos 
como tradicionais geradores de emprego, como a indústria de calçados (191), as empresas de 
transporte (169), construção civil (128) e a indústria automotriz (102). 
Em 2005, o leite gerou receitas em torno de R$ 12,5 bilhões, o que representou 7,5% 
do Valor Bruto da Produção (VBP) Agropecuária Brasileira (R$ 168,5 bilhões) e 18% do VBP 
da pecuária (R$ 69,9 bilhões), destacando-se como um dos cinco produtos primários de maior 
valor econômico do País, ao lado da carne bovina, soja, cana-de-açúcar e frango (EMBRAPA, 
2006).
2.1 - A Produção de Leite no Mundo
No período de 1995 a 2004, a produção mundial de leite cresceu 0,65% ao ano. A União 
Européia foi responsável por 28,6%, a América do Norte 23,7%, a Ásia 16,7% e a América do 
Sul por 8,6% do total de leite produzido no mundo no ano de 2004.
Em 2004, a produção dos Estados Unidos correspondeu a 19,3% da produção mundial 
de leite, sendo seguida pelas produções da Índia, Rússia, Alemanha e França, que totalizaram 
30% de todo o volume produzido. O Brasil é o sexto maior produtor mundial de leite, com 5,7% 
da produção total (Tabela 1). 
Tabela 1 - Principais países produtores de leite em 2004
País
Produção
(mil toneladas)
Participação na Produção
Mundial (%)
Taxa de Crescimento
1995-2004
Estados Unidos 77.760 19,27 1,10
Índia 37.500 9,29 1,60
Rússia 32.700 8,10 -2,02
Alemanha 27.332 6,77 -0,51
França 23.825 5,90 -0,71
Brasil 23.163 5,74 2,61
China 18.505 4,59 13,84
Nova Zelândia 14.705 3,64 4,75
Reino Unido 13.936 3,45 -0,57
Ucrânia 12.786 3,17 -3,23
Demais países 121.275 30,06 0,23
Total 403.487 100,00 0,65
Fonte: ANUALPEC (2004).
Entre os seis maiores produtores de leite do mundo, no período de 1995 a 2004, o Brasil 
foi o país com a maior taxa anual de crescimento da produção (Tabela 1). Nesse período, a 
produção dos Estados Unidos cresceu a uma taxa de 1,1% ao ano. Para o Brasil, essa taxa foi 
de 2,6%, enquanto, para Rússia, Alemanha e França, as taxas foram negativas. De acordo com 
FAEMG (2006), se essa tendência se mantiver, a produção brasileira na próxima década será a 
segunda maior do mundo, sendo superada apenas pela dos Estados Unidos.
Quanto ao número de vacas leiteiras, todos os maiores produtores do mundo, exceto Índia, 
apresentaram de 1995 a 2004 taxas negativas de crescimento. O aumento na produtividade 
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média dos rebanhos pode ser atribuído à maior produção e à diminuição do número de vacas 
leiteiras.
Em 2004, o Brasil possuía um rebanho de vacas leiteiras 69% superior ao dos Estados 
Unidos. No entanto, a produção desse país foi 235% maior que a brasileira, provavelmente 
porque, nos Estados Unidos, predominam sistemas intensivos de produção em confinamento 
com alimentação à base de silagem e ração concentrada. Os sistemas de produção no Brasil são 
extensivos – os animais são mantidos, basicamente, em pastagem e recebem suplementação 
alimentar no inverno. 
A produção e a produtividade apresentam grande oscilação entre os países. Observa-se 
que, em países como os Estados Unidos e Rússia, esses dois indicadores são elevados. Entre-
tanto, existem países (como a Índia) que, apesar de ser um grande produtor, possui baixa pro-
dutividade. Em 2004, o Brasil apresentou produtividade de 1.534 litros/vaca/ano, enquanto, 
nos Estados Unidos, essa produtividade foi 8.703 litros/vaca/ano. Quando comparada à produ-
tividade dos dez maiores produtores mundiais de leite, a produtividade brasileira nesse ano só 
supera a da Índia (1.014 litros/vaca/ano), cujo rebanho não possui qualificações comerciais.
Deve-se atentar, no entanto, para os seguintes fatos: no Brasil, existe um número muito 
grande de unidades com produção de até 50 l de leite/dia, o que contribui para diminuir a mé-
dia da produtividade. Esta baixa produtividade média do rebanho brasileiro pode ser melhorada, 
o que, conseqüentemente, aumenta a produção nacional. Como pode ser observado na Figura 
4, entre 1995 e 2004, a taxa anual de crescimento da produtividade brasileira foi em torno 
de 4,3%, ou seja, a produção de leite no País tem grande potencial de aumento, que pode ser 
obtido por meio do aumento nos índices de produtividade.
Figura 4 – Taxas anuais de crescimento da produção por vaca nos principais países produtores do mundo no período de 1995 a 2004.
Em termos de custo de produção, o Brasil, a Argentina, a Índia, a China e a Polônia, são 
bastante competitivos (Tabela 2). Em diversos países da União Européia, no entanto, os custos 
de produção são bem mais altos, todavia, sua competitividade é garantida por subsídios e outras 
formas de proteção de mercado. Estas práticas desequilibram o mercado, reduzem os preços 
internacionais e acabam excluindo do mercado eficientes produtores que não são subsidiados.
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Tabela 2 – Custos de produção de leite no mundo.
Custo de produção
(US$/litro)
Países/Regiões
< 0,18 Polônia, Argentina, Paquistão, Vietnã, Oeste Australiano, Centro-Oeste Brasileiro, Chile, Grandes fazendas da Índia, Norte da China
0,18 -0,23
Ucrânia, Bangladesh, Fazenda moderna da República Tcheca, Fazenda de custo ele-
vado no Brasil, Fazenda de custo elevado no Chile, Fazenda de custo elevado na 
Índia, Fazenda de custo elevado na Nova Zelândia
0,23 - 0,30
Fazenda antiga na República Tcheca, Grandes fazendas dos Estados Unidos, Peru, 
Sul da China, Tailândia, Austrália
0,30 – 0,37
Reino Unido, Irlanda , Hungria, Israel, Fazendas pequenas nos Estados Unidos, 
Grandes fazendas da Alemanha, Espanha, Dinamarca
> 0,37
Suíça, Áustria, Holanda, Luxemburgo, França, Itália, Suécia, Finlândia, Noruega, 
Canadá, Pequenas fazendas na Alemanha. 
Fonte: International Farm Comparison Network – 2005 (apud Carvalho, 2006)
2.2 - Cenário Nacional da Produção de leite
A Produção de Leite no Brasil
De acordo com os dados do IBGE, o Brasil produziu em 2004 em torno de 23,5 bilhões de 
litros de leite. Entre as regiões produtoras, destacam-se a Sudeste e Sul, com aproximadamente 
66% da produção nacional.
A Região Sudeste é a maior produtora do País (39,4% da produção nacional), sendo se-
guida das regiões Sul (26,6%), Centro-Oeste (15,4%), Nordeste (11,5%) e Norte (7,1%). Entre 
os estados de maior produção, Minas Gerais destaca-se (28,2% da produção total), seguido dos 
estados de Goiás (10,8%), Paraná (10,2%), Rio Grande do Sul (10,1%), São Paulo (7,4%) e 
Santa Catarina (6,3%) (Tabela 3).
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A Cadeia Produtiva do Leite
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Tabela 3 - Produção brasileira de leite em 1994 e 2004
 
1994 2004 Taxa anual de 
crescimento (%)Volume
(milhões de litros) %
Volume
(milhões de litros) %
Norte 651,981 4,13 1.662,888 7,08 9,82
Rondônia 169,031 1,07 646,437 2,75 14,36
Acre 30,299 0,19 109,154 0,46 13,67
Amazonas 45,139 0,29 42,912 0,18 -0,50
Roraima 11,675 0,07 7,290 0,03 -4,60
Pará 297,450 1,88 639,102 2,72 7,95
Amapá 2,545 0,02 3,274 0,01 2,55
Tocantins 95,840 0,61 214,720 0,91 8,40
Nordeste 1.772,817 11,23 2.704,988 11,52 4,32
Maranhão 140,461 0,89 286,857 1,22 7,40
Piauí 51,745 0,33 75,757 0,32 3,89
Ceará 267,555 1,70 363,272 1,55 3,11
Rio Grande do Norte 92,406 0,59 201,266 0,86 8,10
Paraíba 124,420 0,79 137,322 0,58 0,99
Pernambuco 209,686 1,33 397,551 1,69 6,61
Alagoas 189,662 1,20 243,430 1,04 2,53
Sergipe 66,896 0,42 156,989 0,67 8,90
Bahia 629,982 3,99 842,544 3,59 2,95
Sudeste 7.351,888 46,58 9.240,957 39,37 2,31
Minas Gerais 4.577,619 29,00 6.628,917 28,24 3,77
Espírito Santo 365,181 2,31 405,717 1,73 1,06
Rio de Janeiro 403,897 2,56 466,927 1,99 1,46
São Paulo 2.005,188 12,70 1.739,397 7,41 -1,41
Sul 3.830,620 24,27 6.246,135 26,61 5,01
Paraná 1.424,283 9,02 2.394,537 10,20 5,33
Santa Catarina 780,121 4,94 1.486,662 6,33 6,66
Rio Grande do Sul 1.626,215 10,30 2.364,936 10,07 3,82
Centro-Oeste 2.176,249 13,79 3.619,725 15,42 5,22
Mato Grosso do Sul 454,673 2,88 491,098 2,09 0,77
Mato Grosso 286,430 1,81 551,370 2,35 6,77
Goiás 1.409,350 8,93 2.538,368 10,81 6,06
Distrito Federal 25,794 0,16 38,888 0,17 4,19
BRASIL 15.783,557 100,0 23.474,694 100,0 4,05
Fonte: IBGE (2006)
No período de 1994 a 2004, a Região Norte apresentou a maior taxa de crescimento 
(9,8% ao ano), sendo acompanhada das regiões Centro-Oeste (5,2%), Sul (5%), Nordeste 
(4,3%) e Sudeste (2,3%).
O expressivo crescimento da Região Norte foi impulsionado pela produção dos estados de 
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Rondônia e Pará, que, em 2004, correspondeu 77% do total produzido na região, com taxas 
anuais de crescimento de 14,3 e 7,9%, respectivamente, bem superiores à média nacional. 
No Centro-Oeste, a produção do estado de Goiás, correspondente a 70% do total produzido na 
região, apresentou taxa de crescimento no período de 1994 a 2004 de 6% ao ano. 
Verifica-se, portanto, incremento da produção em regiões sem tradição na produção de 
leite. Em alguns estados como Rondônia, Pará e Goiás, o aumento da produção foi superior à 
média nacional. Segundo Gomes (2006), o desempenho nessas regiões é favorecido pelo baixo 
preço dos alimentos concentrados, pela abundância de grãos e pelo baixo custo de oportunida-
de da terra.
Nesse período, Minas Gerais, maior produtor de leite do País, apresentou taxa de cresci-
mento de 3,77% ao ano, enquanto o estado de São Paulo teve taxa de crescimento negativa 
(-1,4% ao ano), provavelmente em virtude do alto custo de oportunidade da terra. Por outro 
lado, a participação da produção de Minas Gerais no mercado nacional de leite aumentou com a 
utilização de modelos com menor custo de produção, mantendo os animais a base de pasto.
Como citado anteriormente, deve-se atentar para o fato de que, apesar do rápido cresci-
mento da produção de leite, a produtividade das propriedades leiteiras no País, em média, ain-
da é baixa quando comparada a de outros países. Em 2005, o Brasil ocupou a 16a posição no 
âmbito mundial, sendo superado por países como Chile, Argentina e México. Este fato pode ser, 
na maioria dos casos, resultado de combinações inadequadas de uso dos fatores de produção, 
elevando os custos e, conseqüentemente, reduzindo a competitividade no tocante ao custo de 
oportunidade em relação a outras atividades. Além disso, torna o produto lácteo nacional menos 
competitivo no mercado internacional.
O crescimento da população brasileira, do PIB per capita e do PIB não acompanharam 
o crescimento da produção de leite no País, gerando excesso de produto no mercado. Entre 
1994 e 2004, o crescimento da produção brasileira de leite foi de 4,05% ao ano, superior ao 
da população brasileira (em torno de 1,32% ao ano), resultando em aumento da produção per 
capita (SEBRAE, 2004). 
A Produção de Leite em Áreas de Fronteira Agrícola
A partir da década 90, a produção de leite no Brasil passou a migrar para as regiões Norte 
e Centro-Oeste. Alguns fatores foram determinantes para o aumento da produção de leite nestas 
regiões:
1. a grande extensão territorial;
2. os menores custos de produção, decorrentes do menor preço de alguns insumos im-
portantes e do emprego de sistemas de produção em pastagem;
3. o baixo custo de oportunidade da terra;
4. a fertilidade do solo, visto que, inicialmente, as pastagens foram implantadas em áreas 
de desmatamento;
5. a regularidade de chuvas em algumas regiões, com alto índice pluviométrico;
6. o aparecimento de variedades de forrageiras de fácil adaptação, tanto no cerrado como 
na região amazônica;
7. a mão-de-obra barata, tendo em vista a pequena oferta de oportunidades de emprego.
Em 2004, os maiores produtores de leite na Região Norte foram Rondônia, Pará e Tocan-
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A Cadeia Produtiva do Leite
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tins (Figura 5). No entanto, quando analisada a produção desses estados entre 1994 e 2004, 
verifica-se a seguinte situação: a produção no estado de Rondônia aumentou de 25,9 para 
38,97%, enquanto, no Pará, passou de 45,62 para 38,43% e, em Tocantins, de 14,7 para 
12,91%.
Figura 5 – Participação dos estados na produção de leite na Região Norte
Na Figura 6, observa-se a evolução da produção de leite no Tocantins; em 2004, foi de 
214,7 milhões de litros, o que representou 0,9% da produção nacional e 12,9% da produçãoda Região Norte. Em 1994, esses valores eram de 95,8 milhões de litros e representavam 
0,6% da produção nacional e 14,7% do volume de leite da Região Norte.
Fonte: IBGE
Figura 6 – Evolução da produção de leite no Tocantins: 1994 a 2004
Consta na Figura 7 a participação das mesorregiões na produção total do estado. A região 
de Araguaína é a maior produtora (30,5%), seguida por Miracema do Tocantins (18,7%); e Bico 
do Papagaio (15,9%). As mesorregiões de Rio Formoso, Dianópolis, Porto Nacional, Gurupi e 
Jalapão participam, respectivamente, com 9,3; 8,7; 6,2; 5,4 e 5,3% da produção.
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Figura 7 – Distribuição espacial, por Mesorregião, da produção de leite no Tocantins – 2004
3 - A Cadeia Produtiva do Leite 
3.1 - Histórico
Durante décadas, a produção de leite no Brasil ficou centrada na produção voltada para a 
subsistência. A produção de leite e derivados lácteos não era vista pelas autoridades governa-
mentais e pela sociedade uma cadeia produtiva geradora de riqueza para o País, mas sim como 
um importante fator de políticas sociais, tanto pela forma coma gerava emprego no campo 
como pela importância do leite como alimento básico na nutrição infantil.
Em 1945, o governo passou a regulamentar o preço do leite no Brasil, decretando o seu 
tabelamento, cujos objetivos iniciais eram: estimular a produção; reduzir a sazonalidade; e in-
centivar o consumo na forma fluida.
Até a década 50, em virtude da maior concentração da população no campo, a comer-
cialização de produtos lácteos não possuía qualquer tipo de controle sanitário por parte das 
entidades governamentais. A comercialização era feita de forma arcaica, de porta em porta, em 
veículos de tração animal com pequenos tanques ou latões.
Esta realidade começou a ser alterada com a edição do RIISPOA (Regulamento de Inspe-
ção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal), que criou padrões de comercialização 
e industrialização para todos os produtos de origem animal comercializados no País. Como tudo 
que é novo provoca grandes mudanças e grande resistência, na época, por desconhecimento, 
acreditava-se que a pasteurização alterava a qualidade e “enfraquecia o leite”.
Esta medida se tornou necessária e eficiente com a necessidade de abastecimento dos 
grandes centros urbanos com produtos de maior vida de prateleira e que não colocasse em risco 
a saúde da população. Desse modo, o leite fluido que, sem tratamento térmico, não poderia ser 
comercializado, com a pasteurização, passou a ter durabilidade de três dias nas geladeiras, o 
que viabilizou sua comercialização. O leite começou, então, a ser tratado como um produto de 
interesse comercial. 
Com o aumento das populações urbanas, decorrente da industrialização, o consumo de 
leite nos grandes centros aumentou consideravelmente e grandes cooperativas de produtores 
de leite foram criadas, sobretudo nas regiões Sul e Sudeste, onde se concentram os maiores 
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A Cadeia Produtiva do Leite
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centros urbanos. Passou a existir, então, a necessidade de aumento de produtividade, pois a 
produção precisava ser próxima a grandes cidades visando seu abastecimento de leite fluido 
pasteurizado. Houve nessas regiões grande importação de tecnologia americana e européia e 
desenvolvimento de grandes propriedades de criação de bovinos da raça Holandesa como úni-
ca raça conhecida de grande aptidão leiteira, visto que zebuínos de origem indiana, apesar de 
rústicos e adaptados, eram pouco produtivos.
Embora se desenvolvesse de modo considerável, a produção de leite ainda apresentava 
grande sazonalidade. Durante o período de seca, os produtores de baixa tecnologia diminuíam 
muito sua produção e, ao mesmo tempo em que o tabelamento do produto pelo governo não 
estimulava a competitividade, inibia o aumento do preço do produto durante a entressafra.
A produção de leite no Brasil caminhou assim, sem grandes alterações em sua estrutura, 
até 1991, quando ocorreu o fim do tabelamento do leite. A cadeia produtiva sempre protegida 
pelo tabelamento foi abruptamente lançada no mercado competitivo, sem aptidão para compe-
tir e sem condições financeiras e tecnológicas, gerando profundas transformações estruturais, 
geográficas e nos paradigmas de produção com a entrada de grandes corporações multinacio-
nais no mercado.
De 1993 em diante, outro fato de relevante importância alterou a conturbada cadeia pro-
dutiva do leite no Brasil. Mudanças no perfil do consumidor levaram o leite longa vida a tomar 
conta do mercado, alterando o perfil dos produtores de leite e a geografia das bacias leiteiras 
no País. Regiões esquecidas passaram a participar de forma significativa na produção de leite e 
estados sem tradição, como Goiás, Pará, Rondônia e Tocantins, passaram a fazer parte do mapa 
da produção de leite no Brasil. Alguns se desenvolveram mais que outros, por motivos variados, 
que serão discutidos adiante, fazendo com que a produção nacional dobrasse nos últimos 25 
anos, apesar de todas as turbulências.
3.2 - O Segmento da Produção
O segmento da produção 
de leite sofreu profundas alte-
rações no Brasil, sendo mais 
gritante nos últimos 20 anos. 
Estas mudanças decorreram 
de exigências de mercado, 
aliadas às transformações da 
indústria, e de questões de or-
dem estrutural.
Segundo dados do Insti-
tuto Brasileiro de Geografia e 
Estatística (IBGE), a produção 
de leite cresceu 48,4% entre 
1994 e 2004 (Figura 8), en-
quanto o número de vacas 
ordenhadas diminuiu 2,7%. Assim, o incremento na produção de leite esteve relacionado à 
utilização de técnicas mais avançadas de melhoramento genético, à melhor qualidade da ali-
mentação e ao manejo mais adequado dos animais. 
Fonte: IBGE (2006)
Figura 8 – Produção de leite e número de vacas ordenhadas 
no Brasil: 1990 a 2004
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Outro fator determinante do aumento da produção leiteira foi a formação de pastagens, 
principal fonte de alimentação do rebanho leiteiro nacional. Conforme demonstrado na Figura 9, 
houve aumento significativo de pastagens artificiais no País e, portanto, a melhoria da qualida-
de possibilitou o aumento da produtividade.
Figura 9 - Evolução de pastagens cultivadas no Brasil
O aumento da produção nacional de leite foi acompanhado de maior produção por pro-
priedade, que chama a atenção, pois, durante este período, verificou-se também diminuição 
acentuada do preço pago ao produtor. Ou seja, mesmo com a diminuição do preço, a produção 
aumentou.
Esta aparente contradição só foi possível com a expressiva redução do custo médio de 
produção do leite, que teve como causas principais: o crescimento da produtividade do reba-
nho; a redução dos preços de alguns insumos; e o aumento do volume de produção de leite por 
produtor. Mesmo com a redução do preço do leite maior que a queda do preço dos insumos, o 
aumento do volume de produção garantiu o lucro total (Gomes, 2003).
Como conseqüências desses fatos, ocorreram importantes mudanças na estrutura de pro-
dução do País: o número de produtores foi reduzido e houve maior concentração da produção, 
sendo mantidos no mercado apenas os produtores mais competitivos; o que teoricamente seria 
um inibidor de produção foi uma alavanca redefinindo a cadeia da pecuária de leite no Brasil.
Com o início do Plano Real, a estabilidade dos preços e o fim do processo inflacionário, 
houve grande crescimento no consumo de leite no Brasil, que passou de 110 litros/habitante/
ano em 1994 para 133 em 1996. Nesseperíodo, a renda real das famílias teve significativo 
aumento, principalmente nas classes mais baixas. Entretanto, a redução do nível da atividade 
econômica nos anos seguintes agravou o desemprego, não permitindo elevação expressiva da 
renda real e fazendo com que o consumo aparente de lácteos permanecesse, no ano de 2004, 
estagnado em 130 litros/habitante/ano. Outro fator importante que contribuiu para esta estag-
nação foi o lançamento de diversos produtos substitutos ou concorrentes dos lácteos, como os 
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sucos prontos e as bebidas à base de soja, que cada dia fazem mais parte da alimentação do 
brasileiro.
Oliveira (2006) demonstrou que as elasticidades-renda para o agregado de leite e deriva-
dos no Brasil têm se mostrado inelásticas, significando que, para um crescimento mais acen-
tuado da demanda interna de leite, é necessário aumento expressivo na renda, como ocorreu 
no pós Plano Real. No entanto, mesmo que a renda seja imprescindível para o crescimento 
do consumo de leite, são necessárias ações de longa duração, que comprovem a importância 
nutricional e funcional do leite e seus derivados e incrementem a presença destes produtos no 
hábito de consumo do brasileiro.
Quanto a rentabilidade do setor, a Figura 10 mostra a evolução dos preços médios nacio-
nais pagos aos produtores de leite em reais corrigidos pelo Índice Geral de Preços-Disposição 
Interna (IGP-DI) e em reais nominais por litro de leite.
Fonte: Scot Consutoria
Figura 10 – Evolução dos preços médios nacionais pagos aos produtores de leite em reais 
corrigidos pelo IGP-DI e em reais nominais por litro de leite, 1998 a 2005.
Entre 2000 e 2005, o índice de preço nominal do leite pago ao produtor elevou em torno 
de 63,5%, enquanto o índice de preços de alguns insumos aumentou 91,3%. Os aumentos 
mais significativos foram em relação à alimentação animal, aos serviços e ao combustível (97; 
104,8 e 150,7% respectivamente). Verifica-se, portanto, que os preços do leite ao produtor têm 
aumentado menos que alguns de seus insumos (Carvalho 2006).
É comum produtores e até mesmo consumidores bem informados da situação do Brasil 
Rural se queixarem que, quando o preço do leite reduz para o produtor, os produtos lácteos não 
tem o preço diminuído nas gôndolas dos supermercados na mesma proporção.
A variação do preço do leite in natura não atinge na mesma proporção os mais variados 
produtos lácteos, pois, em alguns produtos altamente sofisticados e de grande valor agregado, a 
matéria-prima “leite in natura” tem pequena participação no preço do produto final. Em outros 
produtos como leite longa vida e queijos mais simples, a participação é maior. Assim, quando a 
matéria-prima “leite in natura” tem seus preços diminuídos, observa-se maior reflexo nas gôn-
dolas dos supermercados nos produtos de menor valor agregado.
Esta idéia de indexação de preço pago pelo consumidor ao preço pago ao produtor está 
intimamente associada aos tempos de tabelamento do leite quando o governo fixava as margens 
de cada segmento da cadeia produtiva. Assim, fica claro que a influência do preço pago ao pro-
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dutor no preço do produto final varia de acordo com a participação do preço da matéria-prima 
na formação do preço do produto final.
No 9º Congresso Pan-Americano do Leite, realizado em Porto Alegre em 2006, o Conselho 
de Produtores e Indústrias de Leite do Estado do Paraná - Conseleite apresentou uma metodolo-
gia inovadora na relação indústria-produtores que comprova o acima descrito. O conselho, for-
mado paritariamente por representantes das indústrias e dos produtores, divulga mensalmente 
o valor de referência do leite a ser pago ao produtor. Esse valor se baseia em:
1. informações levantadas pela Universidade Federal do Paraná sobre os preços de comer-
cialização dos diversos produtos lácteos produzidos pelas empresas do estado;
2. no custo de produção dos produtos lácteos pelas empresas;
3. no custo de produção do leite pelo produtor;
4. na qualidade do leite;
5. na participação em percentual da matéria-prima no produto final.
Este mecanismo gera transparência, ajuda o produtor entender o real valor de seu produto 
e as oscilações do mercado e ainda acaba com os conflitos entre os segmentos da cadeia pro-
dutiva, sobretudo nos momentos de crise. O exemplo do Conseleite-Paraná deveria ser difundido 
nos demais estados ou regiões brasileiras.
Alguns Aspectos da Produção de Leite no Brasil 
Até 1991, a cadeia láctea no Brasil não sofreu grandes sobressaltos; sua produção se 
manteve centrada nas regiões Sudeste e Sul e a principal forma de comercialização foi o leite 
pasteurizado, embalado em sacos plásticos.
Com a maior participação da mulher no mercado de trabalho, foram observadas profundas 
mudanças nos hábitos alimentares da família e, conseqüentemente, no perfil do consumidor de 
leite. A busca por maior praticidade com a ausência da mulher no lar levou à predominância 
do consumo de leite longa vida sobre o leite pasteurizado (Figura 11) e ainda possibilitou uma 
mudança na geografia da produção de leite e nos paradigmas da produção.
4500
4000
3500
3000
2500
2000
1500
1000
500
1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002
Milhões de litros
anos
Consumo de leite pasteurizado Consumo de leite loga vida
Fonte: ABLV Associação dos produtores de Leite Longa Vida
Figura 11 – Consumo de leite longa vida versus consumo de leite pasteurizado
O perfil da produção de leite foi alterado, observando-se aumento na participação de esta-
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dos sem expressão na produção nacional e até diminuição da produção de São Paulo, tradicio-
nal produtor de leite. Esta mudança pode ser atribuída à possibilidade do transporte de leite em 
embalagens longa vida, favorecendo a instalação de indústrias em estados distantes dos gran-
des centros consumidores. Com a entrada das novas fronteiras no cenário da produção nacional 
de leite, decorrentes do leite longa vida, não havia mais a necessidade de se produzir próximo 
aos grandes centros produtores de leite pasteurizado. Assim, houve redução dos preços pagos 
aos produtores da Região Sudeste e maior padronização dos preços pagos em todo o País.
O crescimento da produção em regiões pouco conhecidas na produção leiteira foi gritante. 
Esse incremento, viabilizado pelo aumento do consumo de leite longa vida, foi superior à média 
nacional em alguns estados, como Rondônia, Pará, Goiás, Mato Grosso e Tocantins, com a en-
trada da Região Norte como pólo produtor de leite.
O acesso a terra é outro fator fortemente relacionado à produção de leite e ao seu desen-
volvimento. A produção está concentrada nos pequenos e médios produtores, portanto, estados 
com maior distribuição de terras tiveram maior crescimento em sua produção. Quando compa-
radas as informações de produção de leite à concentração de propriedades com até 200 ha nos 
três maiores produtores da Região Norte, observa-se maior produção nos estados com maior 
concentração destas propriedades, comprovando que a concentração fundiária constitui fator 
limitante ao aumento da produção de leite.
No Tocantins, verifica-se que a maior produção de leite está concentrada em áreas com 
melhores programas de distribuição de terras e áreas de invasão por pequenos posseiros. En-
tretanto, quando comparado aos outros dois estados, até 1996 (último censo), era pequena a 
porcentagem de propriedades de até 200 ha no Tocantins (13,23% versus 57,16%em Rondô-
nia e 52,80% no Pará). Do mesmo modo, o Tocantins teve produção de aproximadamente 215 
milhões de litros em 2004, Rondônia 646 milhões e o Pará 639 milhões (Figura 12).
Fonte: IBGE – Censo Agropecuário 1995/96 - elaboração: Secretaria de Política Agrícola / MAPA.
Figura 12 – Relação entre produção de leite e distribuição fundiária – Região Norte
 
A produção leiteira obtida por pequenos produtores está relacionada aos seguintes fatores:
1. baixa capacidade de investimento do produtor;
2. exploração da fertilidade do solo com a formação de pastagens;
3. pouca capacidade de investimento em máquinas e equipamentos;
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4. pouco capital de giro para sustentar atividades de retorno a médio e longo prazo;
5. oportunidade de aproveitamento da mão-de-obra familiar
Considerando os problemas estruturais, como falta de energia elétrica, estradas, assis-
tência técnica, crédito e má formação de mão-de-obra, a matéria-prima obtida pelas indústrias 
captadoras de leite da maioria destas regiões é de péssima qualidade, o que inviabiliza a pro-
dução de produtos lácteos de maior valor agregado. Desta forma, os produtores acabam rece-
bendo menor remuneração pelo produto (não por culpa das indústrias), formando-se um círculo 
vicioso, em que o produtor recebe pouco porque seu produto não tem qualidade e a indústria 
não pode pagar mais porque recebe matéria-prima de baixa qualidade.
3.3 - O Segmento Agroindustrial e Comercial
O fim do tabelamento do leite em 1991 e o fim das barreiras comerciais possibilitaram a 
entrada das grandes multinacionais no mercado de leite do Brasil. As cooperativas e indústrias 
nacionais antes com mercado cativo foram obrigadas a disputar fornecedores e clientes com 
grandes grupos capitalizados e com estrutura melhor, o que, aliado à falta de gestão profissio-
nal, levou muitas dessas cooperativas à penúria e à falência. 
 Com essas alterações, todos os segmentos da cadeia sofreram transformações. No setor 
agroindustrial, profundas mudanças ainda estão em curso. Uma concentração, tanto na indus-
trialização como na comercialização, foi observada nos últimos 20 anos, com uma concentra-
ção da captação e da distribuição, de modo que grandes grupos agregam pequenos laticínios e 
cooperativas. Essa concentração decorreu, sobretudo, da mudança no consumo, em que o leite 
longa vida passou a dominar o mercado, inviabilizando a participação das pequenas indústrias. 
Em decorrência do alto custo de investimento e da necessidade de grande volume de benefi-
ciamento para viabilizar sua produção, as pequenas indústrias foram praticamente exiladas do 
mercado de leite fluido.
Verifica-se também uma concentração na comercialização dos derivados lácteos, visto que 
a formação de grandes grupos multinacionais no comércio varejista fez com que as padarias 
e pequenos comércios deixassem de ser os principais focos na comercialização de derivados 
lácteos no Brasil. 
Outro fator de extrema importância e transformação foi a edição Instrução Normativa Nº 
51, em 2002, que, além de regular a coleta de leite a granel, criou padrões de qualidade que 
vão possibilitar a exportação de produtos lácteos, colocando os produtos nacionais em igualda-
de de condições sanitárias aos produtos internacionais.
Essa Instrução Normativa, no entanto, vem encontrando resistências e críticas, exata-
mente como ocorreu com a obrigatoriedade da pasteurização do leite há 50 anos. A principal 
crítica refere-se aos rígidos padrões microbiológicos exigidos. Contudo, enquanto uma parte dos 
produtores, formada principalmente pelos pequenos produtores, critica e resiste (por questões 
financeiras e culturais) às mudanças, a maior parte do leite produzido nos estados onde estas 
normas estão em vigor atende plenamente às exigências, comprovando a sua exeqüibilidade. 
No entanto, ao mesmo tempo em que possibilita a entrada do leite nacional no mercado 
internacional, a Instrução Normativa exclui pequenos produtores que não conseguem se orga-
nizar em tanques comunitários e que não têm acesso à infra-estrutura básica, como energia 
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elétrica, criando, como em outras cadeias produtivas, dois países: um de primeiro mundo, 
preparado para enfrentar o mercado mundial, e outro de terceiro mundo, arcaico e voltado para 
mercados locais.
4 - Considerações Finais
Analisando os números da bovinocultura de leite no Brasil e o comportamento da cadeia 
em outros países, verifica-se que as transformações ocorridas continuarão a acontecer progres-
sivamente, como em um caminho sem volta.
A produção brasileira de leite nos últimos anos apresentou crescimento significativo. Este 
incremento, no entanto, representa risco de redução dos preços ao produtor, pois o consumo 
interno está praticamente estagnado e sofre grande concorrência com outros produtos, como os 
sucos prontos e as bebidas à base de soja.
Incentivar o consumo do leite e seus derivados ressaltando seus aspectos funcionais e 
nutricionais pode ser um dos caminhos para a expansão do setor no Brasil. Outra possibilidade 
é a exportação, porém, para alcançar novos mercados, é preciso vencer barreiras altamente 
protegidas pelos seus detentores e, nesta batalha comercial, dois fatores são determinantes: 
preço e qualidade.
Contudo, vários fatores podem interferir de forma injusta nesta competição gerada pelo 
mundo globalizado e o monitoramento constante por autoridades brasileiras nas bancas de ne-
gociações internacionais se torna extremamente necessário para evitar que subsídios pagos aos 
produtores dos países ricos prejudiquem o produtor nacional.
A competitividade dos produtos lácteos brasileiros no mercado internacional depende mui-
to da variação cambial; quando a moeda local se torna sobrevalorizada, a entrada do produto 
nacional no mercado internacional se torna mais difícil e, conseqüentemente, facilita a im-
portação de produtos lácteos. Quando se refere à competitividade e à produtividade, torna-se 
inevitável a discussão acerca da melhor tecnologia de produção, o que exige do produtor bom 
conhecimento sobre a melhor forma de sustentação da sua produção.
 Analisando o cenário nacional de 1991 até os dias atuais, nota-se uma continuação do 
processo de seleção do mercado, em que apenas os mais competitivos e mais produtivos sobre-
viverão.
Mesmo com todos os avanços obtidos nos últimos anos, há vários desafios a serem ven-
cidos na cadeia produtiva do leite. A produtividade do rebanho leiteiro nacional, apesar do 
crescimento apresentado nos últimos anos, ainda está muito aquém da média dos rebanhos 
especializados. Em determinadas regiões do País, os microprodutores sem qualquer forma de 
organização estão fora do mercado e praticamente não têm opções de comércio de sua produ-
ção, pela inexistência de linhas de leite com latões. Neste sentido, são necessários trabalhos 
que incentivem a organização e a especialização, ou seja, a inserção do pequeno produtor no 
mercado formal de leite.
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Formação e Recuperação
de Pastagens
Elcivan Bento da Nóbrega / Antonio Clementino dos Santos
1.INTRODUÇÃO
A pecuária bovina é considerada uma das principais atividades econômicas no bioma 
Cerrado, onde o rebanho corresponde, atualmente, a 44% do efetivo bovino nacional, com apro-
ximadamente 49 milhões de cabeças, observando-se que as pastagens são a principal fonte 
alimentar desse rebanho. 
Estima-se que existem nessa região em torno de 117 milhões de hectares ocupados com 
pastagens e, desse total, 50 milhões são destinados a pastagens cultivadas (Sano et al., 1999). 
Estimativas da Embrapa, no entanto, indicam que cerca de 80% dessas pastagens encontram-
se atualmente em algum processo de degradação. Considerando a área total de pastagens, 
obtém-se lotação média de 0,4 animal/ha, índice muito aquém do potencial produtivo das 
principais espécies forrageiras tropicais, um indicativo de que a grande maioria das pastagens 
do Cerrado encontra-se em processo de degradação.
Nos estados do Tocantins e Pará, a bovinocultura, especialmente a de corte, tem sido 
explorada em grandes propriedades, em sistema extensivo sob pastejo contínuo, quase sempre 
mal manejado. A implantação das pastagens no norte do Tocantins e no sudeste do Pará, onde 
concentra a maior parte do rebanho desses dois estados, teve início na década de 70, após a 
derrubada e a queima da vegetação de mata de transição entre os biomas Amazônia e Cerrado. 
O capim-colonião (Panicum maximum) foi a forrageira introduzida na abertura desta fronteira 
pastoril. 
Depois de 15 anos de extrativismo pecuário, findou-se o efeito da queimada sobre a ferti-
lidade do solo, comprovado pela perda de vigor e de produtividade das pastagens de colonião, 
quase totalmente substituídas pelo capim-braquiarão (Brachiaria brizantha) a partir de meados 
da década de 80. 
Nas operações para a substituição do capim-colonião pelo braquiarão, muitos pecuaristas 
não fizeram investimentos visando à maior fertilidade do solo, tampouco, à correção e adubação 
para a manutenção da produtividade forrageira em níveis desejáveis. Estes fatos, aliados à ado-
ção de manejos inadequados (excesso de lotação), ao uso freqüente do fogo e do monocultivo 
(tapetão de braquiarão vulnerável ao ataque de pragas e doenças), provocaram a degradação da 
maioria das pastagens, refletindo diretamente em baixos índices de produtividade animal (carne 
e leite) e gerando prejuízos ao meio ambiente, à sociedade e à economia regional.
Atualmente, a degradação das pastagens é o maior obstáculo para a produção animal 
exclusivamente em pastagem no Brasil Central. Portanto, a recuperação dessas áreas degra-
dadas constitui hoje o principal desafio para a manutenção da atividade com rentabilidade e 
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Elcivan Bento da Nóbrega / Antonio Clementino dos Santos
sustentabilidade. Entretanto, as pastagens em processo avançado de degradação necessitam de 
recuperação e/ou renovação completa para o restabelecimento de sua capacidade produtiva.
Segundo Vilela et al. (2001), as alternativas tecnológicas empregadas para restabelecer 
a produtividade das pastagens caracterizam-se, a maioria, por operações para a correção da 
acidez e para fertilização do solo, associadas à mecanização com implementos agrícolas para 
movimentação do solo visando à sua descompactação superficial e à incorporaçãode insu-
mos. Essas operações permitem o estabelecimento de consórcio ou rotação de pastagens com 
culturas anuais de grãos (arroz, milho, soja, milheto, feijão, entre outras), o que proporciona a 
viabilidade econômica e a sustentabilidade dos sistemas de produção, tendo em vista os bene-
fícios imprimidos pelo sistema integrado lavoura-pecuária, que potencializa o sinergismo dos 
componentes do ecossistema de pastagens, solo-planta-animal.
Diante desta problemática, realizou-se este trabalho com o objetivo de fornecer subsídios 
tecnológicos e conhecimentos gerados pela pesquisa sobre formação e recuperação de pasta-
gens em processo de degradação. A realização desses estudos tem como finalidades promover 
o restabelecimento de sua capacidade produtiva, a reincorporação das áreas de pastagens de-
gradadas aos sistemas produtivos e a desaceleração da expansão da fronteira pecuária sobre 
áreas de vegetação nativa, evitando o desmatamento de novas áreas para o estabelecimento de 
pastagens e amenizando o impacto negativo da atividade sobre o meio ambiente.
2. FORMAÇÃO E RECUPERAÇÃO DIRETA DE PASTAGENS
As pastagens cultivadas de gramíneas constituem atualmente a base da alimentação do 
rebanho bovino brasileiro. Durante o processo de ocupação e expansão da pecuária bovina 
no Brasil Central, iniciada na década de 70 com a introdução de várias espécies do gênero 
Brachiaria, pouca atenção foi dispensada aos aspectos de correção e fertilização do solo, impe-
rando a visão de que as pastagens deveriam ser formadas em áreas marginais (piores terras), 
enquanto as melhores terras (de cultura) seriam reservadas para lavouras. 
Esta premissa equivocada, associada ao manejo inadequado dos solos e das pastagens, 
tem contribuído, em curto espaço de tempo para sérios danos ao meio ambiente, marcado pela 
degradação e pelo surgimento de juquira, pragas, doenças, compactação e erosão do solo. Veri-
fica-se que, na maioria dos casos, estas áreas são abandonadas e novas áreas são desmatadas 
para a formação de pastagens, justificando a visão de que é uma atividade nômade e destrui-
dora dos recursos naturais.
Com a economia em vias de estabilização, o desenvolvimento e a modernização da pecuá-
ria bovina se tornou cada dia mais necessária, principalmente pela crescente demanda de carne 
e leite e, sobretudo, pela exigência e competitividade imposta pelo mercado. Neste contexto, é 
necessário considerar as pastagens como uma cultura agrícola de grãos. Os pecuaristas devem 
ser bons agricultores, capazes de produzir forragem em grande quantidade e qualidade com 
máxima eficiência de utilização.
Com esta nova visão, é necessário dispensar mais atenção ao estabelecimento de pas-
tagens. Neste sentido, cinco aspectos básicos devem ser considerados para se obter sucesso 
na formação de pastagens em áreas degradadas com vegetação em fase inicial de regeneração 
(juquira): escolha da área; escolha da espécie forrageira; preparo da área; semeadura e manejo 
de formação.
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2.1. ESCOLHA DA ÁREA
Na definição do local para o estabelecimento de pastagem em áreas degradadas, deve-se 
dar preferência àquelas áreas com topografia plana a levemente ondulada em vez de áreas de 
relevo ondulado. Se possível, preferir solos de textura média, sem afloramento de rochas (pe-
dregosos), e que permitam com facilidade a realização de operações de mecanização agrícola 
visando ao preparo do solo. 
É importante observar também a disponibilidade de fontes naturais de água para o consu-
mo dos animais. Na inexistência dessas fontes de água e, caso a área definida tenha potencial 
e atenda aos demais requisitos, deve-se analisar a possibilidade e a viabilidade econômica de 
utilização de rede hidráulica de distribuição para abastecimento a dos bebedouros serem insta-
lados na pastagem.
Outro aspecto importante a ser avaliado é o potencial de drenagem do solo. Deve-se evitar 
solos mal drenados ou que permaneçam inundados durante determinado período do ano, ape-
sar da existência de espécies forrageiras bem adaptadas estas condições ambientais.
2.2. ESCOLHA DA ESPÉCIE FORRAGEIRA
Este é um dos aspectos mais importantes para o sucesso na formação e persistência das 
pastagens. O objetivo de se cultivar a pastagem; a categoria animal a que se destina a forragem; 
a forma de multiplicação; a facilidade de germinação e pegamento; e a resistência a secas, ge-
adas, pragas, doenças, pastejo e cortes são alguns fatores importantes (Evangelista, 1995) que 
devem ser considerados na definição da espécie forrageira a ser implantada.
O nível de fertilidade do solo é outro fator importante a ser analisado. Normalmente, ve-
rifica-se considerável variação nas características físicas e químicas dos solos dentro e entre as 
fazendas. Do mesmo modo, uma considerável variação é observada entre e dentro das espécies 
forrageiras quanto à adaptação aos diferentes níveis de fertilidade do solo. Assim, é necessário 
realizar um diagnóstico prévio da fertilidade do solo da área escolhida mediante a análise quí-
mica e física do solo, com vistas a adequar o nível da fertilidade do solo, por meio da correção 
e adubação, objetivando elevar o nível para patamares que atendam às exigências da planta 
forrageira desejada, para que ela possa expressar seu potencial produtivo. Portanto, para a es-
colha da espécie forrageira, é imprescindível considerar o nível de fertilidade do solo ao qual ela 
melhor se adapta.
Outro fator importante é o nível tecnológico a ser adotado, que pode ser alto, médio ou 
baixo. Algumas espécies forrageiras só apresentam viabilidade econômica para exploração pe-
cuária se acompanhadas por outras medidas, às vezes de custo elevado, como investimentos 
para a melhoria da fertilidade do solo e mudanças no sistema de manejo da pastagem para 
torná-lo mais intensivo, exigindo maior número de divisões das pastagens (piquetes) e maior 
capacidade de gerenciamento do sistema produtivo, dentre outras.
É preciso considerar também outros fatores, como clima, topografia, textura e drenagem 
do solo. Solos com declividade acentuada e de textura arenosa estão mais sujeitos aos efeitos 
maléficos da erosão, principalmente quando ocupados com espécies de crescimento cespitoso 
(touceiras), que apresentam pouca proteção contra o excesso das águas das chuvas. Segundo 
Vieira e Kichel (1995), espécies de crescimento estolonífero, como os capins quicuio da Ama-
zônia, grama-estrela, tifton, pangola, coastcross e tangola, devem ser preferidas para áreas com 
solos mais sujeitos à erosão, por conferir melhor cobertura.
2.3. PREPARO DA ÁREA
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2.3.1. Limpeza da área
A limpeza da área é uma operação necessária quando o local encontra-se com vegetação 
densa, composta de arbustos, rebrote de tronqueiras, invasoras perenes, juquira, ou seja, uma 
vegetação em fase de regeneração (capoeira). Neste caso, a limpeza pode ser feita com corren-
tão arrastado a partir de suas extremidades, por dois tratores de pneus traçados, ou utilizando 
tratores com lâmina frontal, tendo-se o cuidado de observar a legislação ambiental vigente. Em 
seguida, o material vegetativo deve ser enleirado no sentido perpendicular à declividade do ter-
reno ou amontoado na forma de coivara (montes) para ser queimado controladamente depois 
de seco. É importante ressaltar que, para a execução do enleiramento, a lâmina frontal do trator 
deve ser substituída pelo garfo, que não causa o arraste agressivo e indesejável da camada su-
perficial do solo, rica em matéria orgânica para as leiras ou os montes.
Quando a vegetação da área apresenta pequena densidade de plantas,a limpeza pode 
ser feita com grade aradora pesada, ou com trapizonga triangular, puxada por trator de pneu 
traçado. É importante promover também a extração de troncos de árvores, a retirada de galha-
das e a destruição de cupinzeiros de monte para melhorar o aspecto visual da área e facilitar 
as operações posteriores de mecanização agrícola (aração, gradagem, semeadura e tratamentos 
culturais).
2.3.2. Conservação do solo
 Para áreas com solos muito susceptíveis à erosão (textura arenosa) ou com declividade 
superior a 3%, recomenda-se que, logo após a limpeza da área, sejam iniciadas as práticas 
mecânicas para conservação do solo, construindo, preferencialmente, terraços de base larga, 
visando à proteção do solo contra a erosão, pela contenção das águas de enxurradas, propician-
do sua infiltração ou o escoamento seguro. Esse tipo de terraço apresenta maior durabilidade, 
facilita o manejo do gado e ainda permite a circulação de máquinas com implementos. 
A construção antecipada dos terraços antes das operações de preparo do solo tem por 
finalidade sua utilização como linha guia ou de orientação para que as operações de aração e 
gradagem sejam executadas em nível. 
2.3.3. Preparo do solo
 O preparo adequado do solo é fundamental para propiciar a boa formação da pastagem. 
As pastagens devem ser vistas como uma cultura agrícola anual de grãos. Portanto, o preparo 
do solo deve ser semelhante àquele destinado às culturas anuais de grãos, com o mínimo de 
torrões, livre de invasoras e resíduos vegetais e, finalmente, deve ser bem nivelado.
 De acordo com Vieira e Kichel (1995), o objetivo básico do preparo do solo é criar con-
dições ideais para germinação das sementes e crescimento das plantas e facilitar a operação de 
semeadura.
 Em solos degradados, o preparo deve ser feito no sistema convencional, executando as 
operações de aração, seguidas de gradagem de nivelamento do solo. A aração pode ser feita 
com o arado de disco ou de aiveca ou ainda com grade aradora tipo rome. A aração tem como 
finalidades promover a descompactação do solo, contribuir no controle de plantas invasoras, 
incorporar restos vegetais, e às vezes, de corretivos e fertilizantes. A profundidade de aração 
deve ser de 20 a 30 cm. Normalmente, realizam-se até duas operações de aração, dependendo 
do nível de compactação do solo e da infestação de plantas invasoras.
 Nos casos em que as áreas apresentam elevado nível de infestação de plantas invasoras, 
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a orientação é que o preparo do solo seja escalonado, de modo que a primeira aração seja reali-
zada 3 a 4 meses antes do período previsto para a semeadura. Normalmente, verifica-se nessas 
áreas a existência de um banco de semente bastante ativo que pode gerar plantas que poderão 
trazer problemas futuros, vindo a competir com as plantas forrageiras durante a fase inicial de 
crescimento.
 Com o preparo escalonado do solo, as sementes em estoque no solo germinam e as 
plantas originadas deste estoque são eliminadas com as operações posteriores de conclusão 
do preparo do solo. Este preparo escalonado também contribui para a decomposição total do 
material vegetativo incorporado ao solo, favorecendo a germinação e o crescimento da planta 
forrageira a ser cultivada.
São comuns a formação de leiras e a deposição de grandes torrões de terra após o término 
da operação de aração. Assim, recomenda-se uma gradagem de nivelamento nos dias que an-
tecedem a semeadura para quebrar os torrões deixados pela aração, eliminar plantas invasoras 
e nivelar a superfície do solo. Entretanto, deve-se evitar o uso excessivo da gradagem, pois pode 
promover a pulverização do solo (desestruturação física), tornando-o mais suscetível à erosão 
hídrica e eólica.
2.3.3. Correção do solo
 A correção das deficiências minerais e da acidez do solo é um aspecto fundamental para 
o bom estabelecimento e a persistência das pastagens, principalmente em solos sob vegetação 
de Cerrado, pois, em geral, são pobres em nutrientes (cálcio, magnésio, potássio, fósforo e en-
xofre) e ainda são ácidos, com elevados teores de hidrogênio e alumínio tóxico (Lopes, 1984).
 A correção da acidez do solo é feita por meio da aplicação e incorporação de calcário, 
preferencialmente dolomítico, normalmente na camada de 0 a 20 cm do solo. Esta operação, 
denominada calagem, além de corrigir a acidez do solo e eliminar o alumínio tóxico, promove o 
suprimento de cálcio e magnésio e aumenta a CTC (capacidade de troca de cátions) do solo e 
a disponibilidade dos macros e micronutrientes.
 O calcário requer umidade no solo para as reações de neutralização. Deve, portanto, 
ser aplicado e incorporado ao solo 60 a 90 dias antes da semeadura. Uma boa estratégia para 
redução de custos e facilidade na aplicação é a realização da calagem imediatamente antes do 
início do preparo do solo, otimizando a operação de aração e incorporando o calcário ao mesmo 
tempo em que o solo é revolvido.
 Nas recomendações de calagem para pastagens constantes nos tradicionais manuais 
(Boletim 100 do IAC, 5ª Aproximação de MG, Cerrado - correção do solo e adubação da EM-
BRAPA, Calagem e adubação para pastagens na região do Cerrado, EMBRAPA), são conside-
rados o nível de exigência da espécie forrageira quanto à fertilidade do solo, sua capacidade de 
resposta à correção da acidez do solo, a classe textural do solo e, em alguns desses manuais, o 
nível tecnológico desejável do sistema de produção (alto, médio ou baixo). Com a adoção destes 
critérios, foi necessário fazer o agrupamento das diferentes espécies forrageiras, conforme suas 
características.
São diversos os métodos encontrados na literatura para determinação da quantidade de 
calcário a ser aplicada no solo. De acordo com Vitti e Luz (1997), os critérios para recomenda-
ção de calagem em pastagens no Brasil são bastante complexos e dependem da espécie forra-
geira e, às vezes, da região geográfica, observando-se que alguns são desenvolvidos com base 
nas características de solos peculiares a determinadas regiões do Brasil.
Neste trabalho, destacaram-se dois métodos de recomendação de calagem bastante utili-
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zados na região do Cerrado: o método da saturação por base e o método da correção do alumí-
nio e da elevação dos teores de cálcio e magnésio.
O método da saturação por base baseia-se na correlação positiva existente entre pH em 
água e porcentagem de saturação por bases em amostras de solo. Luz et al. (2004) comenta-
ram que o método da saturação por base é muito interessante, pois na fórmula são considera-
dos atributos relacionados ao solo, às exigências das plantas forrageiras, à saturação de base 
requerida e às características de reatividade do corretivo a ser empregado.
A necessidade de calcário é calculada pela seguinte equação:
NC (t/ha) = V2 – V1 T x f em que:
 100
NC: necessidade de calcário (t/ha) para a camada de 0 a 20 cm do solo.
V2: saturação por base desejada.
V1: saturação por base atual do solo = (S/T x 100).
T: capacidade de troca de cátions (CTC) a pH 7,0 = (H + Al + S) cmolc /dm
3.
S: soma de bases = (Ca + Mg + K) cmolc /dm
3.
f: fator de correção do calcário para PRNT 100%. f = 100 / PRNT.
Vilela et al. (2000) considerando como critérios as espécies forrageiras mais utilizadas na 
Região do Cerrado e sua adaptação à acidez e à disponibilidade de fósforo, propuseram a divi-
são das gramíneas forrageiras em três grupos, segundo o nível de exigência de fertilidade do solo 
(pouco exigentes, exigentes e muito exigentes), indicando os respectivos graus de adaptação à 
baixa fertilidadee saturação de base recomendada (Tabela 1).
Considerando que os solos do Cerrado possuem baixos teores de magnésio, Vilela et al. 
(2004), recomendaram que pelo menos parte do calcário a ser aplicado no solo seja dolomítico 
ou magnesiano para elevar o teor de magnésio para, no mínimo, 0,5 cmolc/dm3.
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Tabela 1 - Grau de adaptação de gramíneas forrageiras a baixa fertilidade de solo e a sa-
turação por bases adequada.
Espécie
Grau de adaptação à
baixa fertilidade
Saturação por
bases (%)
Pouco exigentes
Andropogon gayanus Alto 30 a 35
Brachiaria decumbens Alto 30 a 35
Brachiaria humidicola Alto 30 a 35
Brachiaria ruziziensis Médio 30 a 35
Paspalum atratum cv. Pojuca Médio 30 a 35
Exigentes
Hyparrhenia rufa capim-jaraguá baixo a médio 40 a 45
Brachiaria brizantha cv. Marandu Baixo 40 a 45
Setaria anceps Baixo 40 a 45
Panicum maximum
cv. Vencedor Baixo 40 a 45
cv. Centenário Baixo 40 a 45
cv. Colonião muito baixo 40 a 45
cv. Tanzânia-1 muito baixo 40 a 45
cv. Tobiatã muito baixo 40 a 45
cv. Mombaça muito baixo 40 a 45
Muito exigentes
Pennisetumpurpureum (Elefante e Napier) muito baixo 50 a 60
Cynodon spp. (Coastcross, Tifton) muito baixo 50 a 60
Fonte: Vilela et al. (2000).
O método da neutralização do alumínio e da elevação dos teores de cálcio e magnésio, 
segundo Sousa e Lobato (2004), foi o mais utilizado para determinar a necessidade de calcário 
na Região do Cerrado. De acordo com esses autores, o cálculo da necessidade de calcário varia 
conforme os teores de argila dos solos. Portanto, para solos com CTC superior a 4 cmolc/dm
3, 
teor de argila maior que 15% e teor de Ca + Mg inferior a 2 cmolc /dm
3, deve-se utilizar a se-
guinte fórmula:
NC (t/ha) = [(2 x Al) + 2 – (Ca +Mg)] x f, em que:
f: fator de correção para qualidade do calcário. f = 100 / PRNT.
Caso o teor de Ca + Mg seja maior que 2 cmolc /dm
3, deve-se considerar apenas a corre-
ção do Al, como a seguir:
 NC (t/ha) = (2 x Al) x f
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Nos casos de Neossolo Quartzarênico, com teor de argila menor que 15%, são necessárias 
as duas fórmulas seguintes, devendo-se optar por aquela que apontar maior valor para a quan-
tidade de calcário a ser aplicada:
 NC (t/ha) = (2 x Al) x f 
 NC (t/ha) = 2 – (Ca +Mg) x f
Este método, segundo Sousa e Lobato (2004), eleva a saturação por base dos solos para 
aproximadamente 49%, sendo necessário mais calcário que o para solos arenosos com baixa 
CTC (menor que 4 cmolc /dm
3) e menos para solos com CTC alta (maior que 12 cmolc /dm
3). 
Entretanto, essa limitação é minimizada, pois a maioria dos solos do Cerrado apresenta CTC 
entre 4 e 12 cmolc /dm
3.
A ação do calcário sobre a neutralização do Al é limitada à camada de solo onde foi in-
corporado. Todavia, as limitações dos solos ultrapassam a camada arável, atingindo também a 
subsuperfície, onde podem ser encontrados excesso de alumínio tóxico e baixos teores de cálcio, 
enxofre e outros nutrientes (Sousa et al., 1992). Conseqüentemente, o sistema radicular das 
plantas cultivadas se desenvolve apenas na camada superficial, sendo impedido de explorar 
maior volume de solo em busca de água e nutrientes, tornando-se um problema na ocorrência 
de veranicos de 15 a 20 dias durante o período chuvoso (fato comum na região dos Cerrados), 
situação que aumenta os riscos de perdas de produtividade das culturas (Sousa et al., 1995). 
Nesta situação, o uso do gesso agrícola (sulfato de cálcio - CaSO4. 2H2O) surge como solução 
para este problema, por sua rápida mobilidade na camada arável do solo após sua dissociação, 
conferida pelo íon SO4
-2, que se fixa nas camadas inferiores, onde ocorre a complexação do Al3+ 
tóxico: (Al3+ + SO4
-2) J AlSO4+ não tóxico (Vitti e Malavolta, 1985).
No entanto, segundo Pavan (1983), quando aplicado ao solo, esse insumo agrícola sofre 
rápida dissociação na solução do solo, produzindo as espécies iônicas: Ca2+ + SO4
2-. Como 
SO4 
2- é potencialmente móvel na camada arável do solo, pode ser acompanhado por cátions, 
especialmente magnésio e potássio, para as camadas mais profundas, causando possível des-
balanço de nutrientes. 
Diante dessas possíveis perdas de cátions básicos da camada arável e do uso isolado do 
gesso agrícola, tem-se sugerido sua combinação com calcário em proporções adequadas como 
alternativa para minimizar a lixiviação de bases e os possíveis desbalanços nutricionais. Portan-
to, a associação de calcário e gesso agrícola parece ser a melhor opção se considerado o poder 
de movimentação dos componentes do gesso, atuando na superfície e na correção superficial 
do solo pelo calcário.
 Vilela et al. (2004) recomendaram para espécies exigentes e muito exigentes a correção 
da subsuperfície do solo (por meio da aplicação a lanço de gesso agrícola na superfície) quando 
a saturação de alumínio é maior que 20% ou o solo apresenta teor de cálcio menor que 0,5 
cmolc /dm
3 a 40 a 60 cm de profundidade. Nesses casos, a necessidade de gesso agrícola (NG) 
em kg/ha é determinada pela fórmula:
 
NG (kg/ha) = % de argila x 50
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2.3.4. Adubação
 O conhecimento dos fatores nutricionais limitantes ao crescimento das gramíneas for-
rageiras é fundamental para a formação, o manejo e a persistência das pastagens cultivadas. 
Entre os nutrientes essenciais ao crescimento e ao desenvolvimento das plantas, o fósforo, o 
potássio e o nitrogênio se destacam por suas funções relevantes. Contudo, esses nutrientes 
geralmente são encontrados em quantidades insuficientes e, às vezes, não estão disponíveis na 
maioria dos solos brasileiros.
a) Adubação fosfatada
 A deficiência de fósforo é generalizada nos solos de Cerrado. O fósforo é considerado o 
nutriente que mais limita a produção forrageira, pois é essencial no crescimento e desenvolvi-
mento do sistema radicular e no perfilhamento das gramíneas forrageiras (Werner, 1984), de 
modo que seu suprimento é imprescindível para a boa formação de pastagens.
 A pecuária tradicional é uma atividade que proporciona retorno muito lento (de médio a 
longo prazo) dos investimentos despendidos. As atuais margens de lucro obtidas são baixas e, 
às vezes, até negativas. Portanto, urge a implementação de ações para intensificação dos sis-
temas de produção, visando tornar essa atividade mais competitiva e economicamente viável. 
Neste sentido, é grande o esforço das instituições de pesquisas e universidades na busca por 
alternativas técnicas para viabilizar, principalmente, a adoção da adubação fosfatada corretiva, 
considerada alicerce para o bom estabelecimento e a persistência das pastagens.
 São várias as fontes de fósforo disponíveis no mercado (Tabela 2). Os fosfatos solúveis 
(superfosfato simples, superfosfato triplo, MAP e DAP) e os termofosfatos são de eficiência 
superior, porém, de custo mais elevado. Os fosfatos naturais reativos (Arad, Daoui, Garfa, Caro-
lina do Norte, Marrocos) são de origem orgânica, oriundos de sedimentos marinhos, e, por sua 
riqueza em cálcio, podem atuar como corretivo de acidez (Aguiar, 1998).
 Embora a eficiência agronômica dos fosfatos naturais reativos (FNR) seja de 75 a 85% 
no primeiro ano (Vilela et al., 2004), essa eficiência atinge 100% logo no segundo ano da apli-
cação desta fonte, quando comparada à dos fosfatos solúveis e à dos superfosfatos utilizados 
como padrão, aplicados a lanço e incorporados com aração e gradagem (Rein et al., 1994).
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Tabela 2 - Características químicas das fontes de fósforo mais comuns no Brasil.
Fontes
Concentração de P2O5 (%)
Total
Solubilidade
Ácido cítrico Ci. Amônia Água
Fosfatos solúveis
Superfosfato simples 21 18 18 15
Superfosfato triplo 45 39 45 36
MAP - fosfato monoamônico 52 52 52 59
DAP - Fosfato diamônico 45 43 44 41
Termofosfatos 19 16 13 0
Fosfatos parcialmente solúveis
Fosfato natural parcialmente acidulado 26 - 12 -
Fosfatos naturais reativos
Arad 33 11 - 0
Garfa 29 12 - 0
Carolina do Norte 30 13 - 0
Daoui 32 10 - 0
Fosfatos naturais brasileiros
Araxá 36 0 traços 0
Patos de Minas 24 0 traços 0
Catalão 37 0 traços 0
Fontes: Adaptado de Oliveira et al. (1998); Vilela et al. (2001) e Sousa et al. (2004).
Os fosfatos, especialmente os FNR, utilizados na formação de pastagens exclusivamente 
de gramínea devem ser aplicados a lanço e incorporados ao solo para favorecer sua dissolução 
e absorção pelas raízes que irão explorar maior volume de solo. Esta operação pode ser reali-
zada antes ou por ocasião da semeadura, misturando as sementes com o fosfato. Neste caso, 
recomenda-se que a mistura (semente + fosfato) seja feita em quantidade suficiente para ser 
utilizada em um dia de trabalho, pois o contato prolongado, principalmente com fontes solúveis, 
pode causar danos às sementes.
Nas fontes solúveis, o fósforo encontra se mais prontamente disponível para ser absorvido 
pelas raízes em menor intervalo de tempo. Assim, em solos devidamente corrigidos, a aplicação 
de fontes solúveis deve ser feita na linha de semeadura, logo abaixo ou ao lado das sementes e 
efetivada com semeadeiras específicas para sementes miúdas ou adaptada para esse fim.
 Os fosfatos naturais brasileiros (Araxá, Patos de Minas, Catalão, Abaeté e outros) prati-
camente não apresentam teor de fósforo solúvel em ácido cítrico ou em água, portanto, são de 
baixa eficiência agronômica, isto é, com capacidade muito baixa para fornecer fósforo em quan-
tidade que satisfaça os requerimentos imediatos das plantas cultivadas. Todavia, a eficiência 
destas fontes de fosfato pode ser melhorada ao longo dos anos subseqüentes à sua aplicação, 
desde que essas fontes sejam aplicadas a lanço em solo ácido na forma de pó fino e incorporado 
ao solo, como verificado por Goedert e Lobato (1984), tendo como fonte referencial o superfos-
fato triplo. 
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 Apesar da possibilidade de utilização dos fosfatos naturais brasileiros, Cantarutti et al. 
(2002) recomendaram que estes fosfatos sejam utilizados somente em sistemas de produção 
extensivos, de baixo nível tecnológico, no estabelecimento de pastagens com espécies forragei-
ras pouco exigentes. No entanto, no atual cenário da pecuária bovina nacional, as palavras de 
ordem são intensificar os sistemas, verticalizar a produção, viabilizar o negócio. Os fosfatos na-
turais brasileiros são de eficiência agronômica muito baixa e não podem proporcionar respostas 
imediatas que atendam estas palavras de ordem. Além disso, consiste em um recurso natural 
não-renovável (portanto, esgotável) e seu uso deve ser restrito à indústria, como matéria-prima 
para obtenção de fontes solúveis, conferindo-lhe eficiência agronômica superior. 
 Como recomendação de adubação fosfatada, podem ser apresentados os critérios pro-
postos por Sousa et al. (2001), uma publicação dirigida para a Região do Cerrado. Nas reco-
mendações vigentes, devem ser observados os aspectos: do solo (teores de fósforo e argila, 
solução extratora de fósforo do solo utilizada pelo laboratório); da espécie forrageira (nível de 
exigência nutricional - pouco exigente, exigente e muito exigente); do sistema de produção (nível 
tecnológico - baixo, médio e alto).
 A interpretação da disponibilidade de fósforo no solo, considerando o teor de argila do 
solo e os grupos quanto à exigência das espécies forrageiras, é descrita na Tabelas 3. Após esta 
interpretação, pode-se efetuar a recomendação da quantidade necessária de P2O5 para elevar 
o nível de fósforo no solo (Tabela 4).
Tebela 3 - Interpretação dos resultados da análise de fósforo no solo na profundidade de 0 
a 20 cm. Extraído pelo método Mehlich 1 para três grupos de exigência das forrageiras.
Teor de argila
Disponibilidade de fósforo
Muito baixa Baixa Média Adequada
(%) ----------------------------------- mg/dm3 ---------------------------------
Espécies pouco exigentes
≤ 15 0 a 3,0 3,1 a 6,0 6,1 a 9,0 > 9,0
16 a 35 0 a 2,5 2,6 a 5,0 5,1 a 7,0 > 7,0
36 a 60 0 a 1,5 1,6 a 3,0 3,1 a 4,5 > 4,5
> 60 0 a 0,5 0,6 a 1,5 1,6 a 3,0 > 3,0
Espécies exigentes
≤ 15 0 a 5,0 5,1 a 10,0 10,1 a 15,0 > 15,0
16 a 35 0 a 4,0 4,1 a 8,0 8,1 a 12,0 > 12,0
36 a 60 0 a 2,0 2,1 a 4,0 4,1 a 6,0 > 6,0
> 60 0 a 1,0 1,1 a 2,5 2,6 a 4,0 > 4,0
Espécies muito exigentes
≤ 15 0 a 6,0 6,1 a 12,0 12,1 a 21,0 > 21,0
16 a 35 0 a 5,0 5,1 a 10,0 10,1 a 18,0 > 18,0
36 a 60 0 a 3,0 3,1 a 5,0 5,1 a 10,0 > 10,0
> 60 0 a 2,0 2,1 a 3,0 3,1 a 5,0 > 5,0
Fonte: Sousa et al. (2001).
Tabela 4 - Recomendação de adubação fosfatada para o estabelecimento de pastagens, 
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considerando-se os resultados da análise de solo e a exigência das espécies forrageiras.
Teor de argila
Disponibilidade de fósforo
Muito baixa Baixa Média Adequada
(%) ----------------------------------- mg/dm3 ---------------------------------
Espécies pouco exigentes
≤ 15 40 30 20 0
16 a 35 60 45 30 0
36 a 60 90 70 45 0
> 60 120 90 60 0
Espécies exigentes
≤ 15 70 55 35 0
16 a 35 90 70 45 0
36 a 60 140 105 70 0
> 60 180 135 90 0
Espécies muito exigentes
≤ 15 80 50 40 0
16 a 35 120 75 60 0
36 a 60 180 120 90 0
> 60 240 150 120 0
Fonte: Sousa et al. (2001).
b) Adubação potássica
 O potássio é um nutriente com importantes funções nas plantas. É requerido na síntese 
de proteínas, na atividade de várias enzimas e, no processo de fotossíntese, influencia o aumen-
to da taxa de fixação de carbono e na abertura dos estômatos (Coutinho et al., 2004).
 Segundo Werner (1986), gramíneas com deficiência de potássio apresentam colmos 
finos e raquíticos e pouca resistência ao tombamento; as folhas são pequenas, amareladas ou 
amarelo-alaranjadas, com manchas necróticas nas pontas e nas margens.
 O efeito da adubação potássica em plantas forrageiras tropicais foi demonstrado em vá-
rios trabalhos conduzidos em condições de campo, como os realizados por Vicente-Clendler et 
al. (1962), com os capins colonião, napier e pangola; Andrade et al. (1996), com Brachiaria 
ruziziensis; Coutinho et al. (2001), com capim-tifton 68; e Oliveira et al. (2003), com capim-
braquiarão.
 A adubação potássica deve ser feita com mais intensidade em forrageiras manejadas 
sob corte (capineira, canavial e campo de feno), pois ocorre exportação de potássio via tecido 
vegetal retirado da área, enquanto, em áreas sob pastejo, verifica-se deposição de fezes e urina 
e, por meio da reciclagem, o potássio é devolvido ao solo. Entretanto, Cantarella et al. (2002) 
reportaram que o potássio pode limitar a resposta da produção das forrageiras de maior exigên-
cia nutricional, especialmente em sistema intensivo de produção.
 O potássio é um nutriente com grande potencial de perda, graças à sua facilidade de 
lixiviação. Aguiar (1998a) comentou que a lixiviação de potássio aumenta nas seguintes condi-
ções: em solos de baixa CTC; em solos muito arenosos; após adubação pesada com potássio; e 
quandoaplicado com fertilizantes ricos em ânions (NO-3 e SO-4).
 A perda de potássio por lixiviação varia conforme o teor desse nutriente na solução do 
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solo e a quantidade de água que percola pelo solo. A CTC e a força de adsorção são os principais 
fatores que interferem na concentração de potássio na solução do solo.
 Segundo Vilela et al. (2004), a força de adsorção, por sua vez, é dependente da natureza 
das superfícies de troca (tipo de argila, matéria orgânica, óxido e hidróxidos, todos considerados 
fatores inalteráveis a curto e médio prazo). Assim, resta apenas a opção de aumentar a quan-
tidade de sítios de troca de potássio, por meio do aumento da CTC do solo proporcionado pela 
calagem.
 Solos arenosos, de baixa CTC, pobres em matéria orgânica, geralmente requerem apli-
cação de elevadas quantidades de potássio. Para estas situações, visando melhorar a eficiência 
do uso deste nutriente, Vilela et al. (2004) recomendaram o parcelamento da dose em duas 
vezes e a aplicação a lanço, seguida da incorporação. Em solos muito pobres em potássio, esta 
operação pode ser feita juntamente com a aplicação de fosfato. Em solos com teores razoáveis 
de potássio, no entanto, a aplicação pode ser feita em cobertura, distribuindo todo o potássio a 
lanço 30 a 40 dias após a semeadura da forrageira.
 As recomendação para aplicação de potássio encontradas nos tradicionais manuais ba-
seiam-se no nível crítico deste nutriente no solo, pelo extrator Mehlich 1 (Vilela, 2004), ou na 
saturação do potássio em relação à CTC a pH 7,0, a qual, segundo Raij (1991) e Vilela et al. 
(2004), sugerem que a mesma seja elevada para ocupar 3% da CTC total.
 Na Tabela 5 são apresentadas as recomendações das quantidades de potássio a serem 
aplicadas, com base nos teores de potássio no solo, para pastagens exclusivas e consorciadas.
Tabela 5 - Recomendação de adubação potássica para pastagens exclusivas e consorcia-
das, com base nos resultados da análise do solo.
Teor de K no solo (mg/dm3)
Doses de potássio (kg de K2O/ha)
Pastagens exclusivas Pastagens consorciadas
< 25 40 60
25 a 50 20 40
> 50 0 20
Fonte: Vilela et al. (1998).
2.4 Semeadura
2.4.1. Taxa de semeadura e Qualidade das sementes
 A quantidade de sementes a serem utilizadas por unidade de área tem sido outro fator 
limitante no estabelecimento de pastagens (Zimmer et al., 1983). Portanto, a definição da 
quantidade de sementes necessárias é o primeiro aspecto a ser considerado no planejamento da 
semeadura, cujo valor é conhecido como taxa ou densidade de semeadura (kg/ha de sementes 
puras viáveis - SPV). Geralmente, as recomendações vigentes baseiam-se nos seguintes fatores: 
tamanho das sementes, número de sementes por grama, época e método de semeadura e grau 
de preparo de solo. 
 Souza (1993), citado por Vieira e Kichel (1995), sugeriu as taxas de semeadura apre-
sentadas na Tabela 6 para semeadura de algumas forrageiras tropicais no período de outubro a 
dezembro, em solo razoavelmente bem preparado.
Tabela 6 - Número de sementes por grama e recomendação para plantio, em kg/ha, de 
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sementes puras viáveis para algumas espécies tropicais.
Forrageiras Sementes/grama
Taxa de semeadura
(kg/ha SPV)
Andropogon gayanus 360 2,5
Brachiaria brizantha 150 2,8
Brachiaria decumbens 200 1,8
Brachiaria humidicola 270 2,5
Brachiaria ruziziensis 230 2,0
Panicum maximum cv. Tanzânia - 1 960 1,6
Panicum maximum cv. Tobiatã 680 2,5
Panicum maximum cv. Colonião 780 1,6
Setaria anceps cv. Kazungula 1490 1,2
Foente: Vieira e Kichel (1995)
Ressalta-se que a taxa de semeadura refere-se à quantidade de sementes puras viáveis, ou 
seja, com valor cultural (VC) de 100%, entretanto, as sementes comercializadas no Brasil apre-
sentam VC inferior a 50%. O valor cultural (VC), parâmetro utilizado para avaliar a qualidade 
das sementes, é determinado a partir de dois importantes atributos: físico (análise de pureza) e 
fisiológico (análise de germinação), sendo calculado pela fórmula:
VC (%) = % pureza x % de germinação / 100
O valor cultural indica o percentual de sementes que germinarão em condições favoráveis 
de temperatura, umidade e luminosidade. Por exemplo: o produtor, ao adquirir um saco de 20 
kg de sementes de braquiarão com VC = 21%, estará levando apenas 4,2 kg de sementes 
puras e germináveis. O restante é considerado impurezas (sementes não viáveis, sementes de 
outras espécies ou cultivares, sementes de plantas daninhas, palhada, torrões, pedrisco e outros 
materiais).
Por ocasião da aquisição das sementes, o pecuarista deve considerar o preço do quilo de 
SPV colocado na propriedade e não o quilo de sementes comerciais. Para melhor entendimen-
to, pode-se considerar que, na loja agropecuária, encontram-se sementes de braquiarão com 
VC = 32% e 21%, a R$/kg 4,50 e 3,50, respectivamente. Qual destas sementes o pecuarista 
deverá comprar? A resposta é obtida rapidamente procedendo-se um simples cálculo: primeiro, 
divide-se o valor do VC por 100; em seguida, divide-se o preço da semente pelo resultado da 
divisão do valor do VC por 100, como a seguir: (4,50 / 0,32 = R$ 14,06) e (3,50 / 0,21 = 
R$ 16,67). O pecuarista deve, então, adquirir as sementes com VC = 32, pois apresentaram 
melhor custo/benefício, ou seja, menor preço da unidade de SPV (R$ 14,06/kg de SPV).
Continuando este raciocínio, porém admitindo uma taxa de semeadura para o braquiarão 
de 2,8 kg de SPV/ha (Tabela 6), pergunta-se: Quantos quilos de sementes comerciais o pecua-
rista deve comprar para formar um hectare? Respondendo: 2,8 / 0,32 = 8,75 kg. O custo com 
as sementes por hectare será de R$ 39,38 (8,75 kg x R$ 4,50/kg). Caso o pecuarista faça a 
opção pelas sementes com VC = 21, o custo por hectare será R$ 46,65 maior, uma diferença 
de R$ 7,27 em relação à semente com VC = 32.
Aguiar (1998) sugeriu que, nas situações em que a semeadura é realizada a lanço, com 
avião ou com distribuidor de calcário ou em áreas potencialmente infestadas por plantas invaso-
ras, a taxa de semeadura deve ser aumentada em pelo menos 50% como medida de precaução. 
Souza (1993), no entanto, sugeriu para semeaduras aéreas em solos com preparo insuficiente, 
que a taxa de semeadura seja, no mínimo, dobrada.
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2.4.2. Época e métodos de semeadura
A semeadura deve ser realizada preferencialmente no início da estação das chuvas, quando 
já estiverem estabilizadas, até meados desta estação (novembro a janeiro), período menos sujei-
to a variações no regime de chuvas, garantindo umidade suficiente para favorecer a germinação 
das sementes e o crescimento das plantas. Temperaturas mais elevadas e boa luminosidade são 
fatores climáticos também desejáveis para a rápida e completa formação da pastagem, apre-
sentando condições de uso efetivo em aproximadamente 120 dias após a germinação.
Quanto ao método de semeadura, pode ser a lanço ou em sulcos. A semeadura a lanço 
pode ser realizada manualmente (em pequenas áreas), com máquinas distribuidoras de calcário 
do tipo vicon (em áreas maiores) ou ainda com avião (em grandes áreas).
Para se obter maior número de sementes germinadas, as sementes devem sofrer leve pres-
são logo após seu lançamento ao solo. A pressão deve ser feita com rolo compactador, visando 
melhorar a aderência das sementes com o solo úmido para que a germinação ocorra com maior 
rapidez e uniformidade. Para isso, pode ser utilizado rolo confeccionado artesanalmente com 
pneus lisos montados emum eixo horizontal ou com rolo específico de ferro estriado que pode 
ser encontrado no mercado. Na prática, o rolo compactador deve ter peso suficiente para apa-
gar as marcas deixadas no solo pelos pneus do trator. Essa pressão é suficiente para promover 
boa aderência e enterramento das sementes à profundidade recomendada para espécies com 
sementes pequenas.
A compactação leve do solo para maior contato das sementes com o solo é considerada 
prática indispensável quando a semeadura é realizada no período em que as chuvas não são 
regulares, sujeito à ocorrência de pequenos veranicos (nessa situação, a compactação propor-
ciona melhor estabelecimento da pastagem), e quando é feita a lanço, principalmente com 
espécies com sementes pequenas, como as dos gêneros Panicum, Andropogon, Hyparrhenia e 
Setaria.
A semeadura em linha ou sulco é realizada com máquinas específicas para semear se-
mentes de forrageiras. As sementes e os fertilizantes são distribuídos em sulcos com espaça-
mento entre linha de 20 a 30 cm, seguida de compactação simultânea com rolo compressor 
existente na própria semeadeira para melhor aderência das sementes no solo, o que resulta em 
germinação mais uniforme.
A semeadura pode ser realizada também com semeadeira manual, denominada matraca, 
que pode ser dotada ou não de recipiente para fertilizantes. Nesse caso, pode-se afirmar que 
a semeadura é realizada, na prática, em pequenas covas abertas com a ponteira da matraca, 
onde é depositada a semente juntamente com o fertilizante. Para garantir bom controle da pro-
fundidade de semeadura, recomenda-se fixar com solda elétrica uma pequena chapa de ferro 
nas laterais da ponteira no sentido transversal na altura de 3 cm a partir da ponta, com o obje-
tivo de evitar que a ponteira entre em demasio no solo e atinja profundidade indesejável.
2.4.3. Profundidade de semeadura
De acordo com Zimmer et al. (1986), as gramíneas forrageiras em geral devem ser se-
meadas a profundidades pequenas, que variam de 0 a 4 cm, dependendo do tamanho das 
sementes.
Evangelista (1995) sugeriu alguns parâmetros para auxiliar na definição da profundidade 
de semeadura das gramíneas forrageiras, entre eles, o tamanho das sementes: sementes peque-
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nas (Andropogon, Panicum maximum e Setaria) - enterrar no máximo 2 cm; sementes médias 
(Brachiaria sp.) - até 5 cm.
O controle da profundidade de semeadura é razoavelmente obtido quando se utilizam 
máquinas semeadeiras de precisão específicas para sementes de forrageiras. Em semeadura a 
lanço de Brachiaria sp., podem ser obtidos bons resultados com a passagem de grade nivelado-
ra fechada para promover o enterramento das sementes.
Segundo Vieira e Kichel (1995), quando a semeadura de Panicum maximum é realizada 
a lanço sobre solo bem destorroado, seguida de passagem de rolo compactador, verifica-se 
aceitável enterramento das sementes à profundidade recomendada (até 2 cm), possibilitando 
uniformidade e bom índice de germinação.
2.4.4. Densidade de plântulas
Após a germinação das sementes, recomenda-se uma avaliação do estande de plântulas. 
Vieira e Kichel (1995) recomendaram, para forrageiras com sementes maiores, como as do 
gênero Brachiaria sp., um estande com 15 a 20 plântulas/m2, enquanto, para forrageiras de 
sementes menores, como as de colonião, mombaça, tanzânia, aruana, setária e andropogon, 
por serem mais sensíveis às adversidades climáticas e ao preparo do solo, estande de 40 a 50 
plântulas/m2 seria um suficiente para assegurar boa formação da pastagem.
2.5. Manejo de formação
Após a operação de semeadura, inicia-se a fase de consolidação da pastagem. A não 
observância deste último aspecto pode ocasionar perdas de grande parte das vantagens pro-
porcionadas pelo cumprimento rigoroso de todos os procedimentos técnicos anteriores (Vieira e 
Kichel, 1995).
Durante esta fase, deve-se proceder ao controle de pragas e invasoras e à adubação de 
cobertura com nitrogênio e, às vezes, com potássio, finalizando com o pastejo de formação.
2.5.1. Controle de pragas
As formigas cortadeiras, representadas pelas diversas espécies dos gêneros Atta e Acromyr-
mex, são consideradas uma das principais pragas que causam danos consideráveis às forragei-
ras na fase de estabelecimento (Silveira Neto, 1994).
Na formação de pastagens, deve-se dispensar atenção especial ao controle dessas formi-
gas, principalmente quando se utilizam cultivares de Panicum maximum, haja vista a prefe-
rência dessas formigas por espécies deste gênero e a capacidade de causarem grandes falhas 
no estande na fase inicial de formação da pastagem. Nas espécies do gênero Brachiaria sp., a 
severidade dos danos causados é bastante inferior.
O controle deve ser feito com formicida apropriado aplicado nas colônias localizadas den-
tro e no entorno da área plantada, em uma faixa de, no mínimo, 150 m, antes e após a seme-
adura.
As lagartas Elasmopalpus lignosellus são capazes de provocar a morte das plantas, pois 
se alimentam das folhas, consumindo-as por meio de mastigação. A ocorrência é esporádica e 
imprevisível, por isto, recomenda-se o tratamento das sementes como medida de controle pre-
ventivo. Este tratamento também pode ser feito visando controlar possíveis ataques de cupins 
de galeria.
2.5.2. Controle de plantas invasoras
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Nas áreas recém-desmatadas, onde o preparo do solo não foi bem feito, é comum o apa-
recimento de rebrota dos tocos e das raízes da vegetação original, que normalmente poderá ser 
crítica e problemática. Por outro lado, em áreas onde o solo foi bem preparado ou em áreas 
utilizadas por vários anos com lavoura, este tipo de invasora não é motivo de preocupações.
Em áreas potencialmente infestadas por invasoras anuais e perenes, deve-se proceder ao 
controle para evitar competição e danos ao estande, garantindo a boa formação da pastagem. 
O controle pode ser mecânico (preparo escalonado do solo, roçagem do mato com foice ou ar-
raquio com enxadão); cultural (para áreas com alta infestação, aumentar em 50% a quantidade 
de sementes) ou químico (para áreas com alta infestação de invasoras de folha larga, fazer a 
aplicação de herbicida à base de 2,4-D quando as plantas apresentarem 2 a 4 folhas).
2.5.3. Adubação de cobertura
A adubação de cobertura deve ser realizada 30 a 40 dias após a semeadura, com aplica-
ção a lanço de 40 a 50 kg/ha de nitrogênio, de preferência sob a forma de sulfato de amônio, 
que, além do nitrogênio, é também uma fonte de enxofre (Vilela et al., 2000). Outra fonte de 
N que pode ser empregada é a uréia. Entretanto, sua aplicação deve ser feita quando o solo 
apresenta bom teor de umidade para minimizar as perdas por volatilização. Neste sentido, é 
também importante evitar a aplicação nas horas mais quentes do dia.
2.6.4. Pastejo de formação
O pastejo de formação refere-se à primeira vez que a pastagem é utilizada pelos animais. 
É denominado também pastejo de uniformização, sendo empregado com os objetivos de con-
tribuir para o sucesso no estabelecimento da pastagem, diminuir a competição entre plantas 
e eliminar a maior parte das gemas apicais, provocando maior perfilhamento das plantas e 
resultando em aumento do raio das touceiras. Conseqüentemente, ocorre mais rápida e perfeita 
cobertura do solo (Zimmer et al., 1986).
Segundo Vieira e Kichel (1995), o pastejo de formação deve ser realizado aos 70 a 100 
dias após a germinação, colocando alta lotação animal em curto espaço de tempo. Kichel e Ki-
chel (2001) recomendaram que, para o pastejo com esta finalidade, devem ser utilizados, pre-
ferencialmente, animais jovenspor um período de 10 a 30 dias. De acordo com esses autores, o 
uso dessa prática evita o acamamento, diminui a competição eliminando o excesso de plantas, 
estimula a emissão de novos perfilhos e raízes, antecipa a utilização da forragem e proporciona 
mais rápida e perfeita cobertura do solo.
Após a retirada dos animais, a pastagem deve ser mantida em descanso por 40 a 50 dias 
para, então, ser efetivamente utilizada.
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Elcivan Bento da Nóbrega / Antonio Clementino dos Santos
3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Manejo de pastagens para
produção intensiva
Prof. Dr. Magno José Duarte Cândido-UFC
1 - Introdução
Sistemas de produção baseados no uso de volumosos são a forma mais econômica de se 
produzir leite, pois não envolvem custos com colheita, processamento e fornecimento da forra-
gem no cocho. Essa afirmativa torna-se mais verdadeira quanto mais favoráveis as condições 
climáticas da região para o crescimento da pastagem, como no estado de Tocantins, onde o 
total anual médio de pluviosidade varia de 1.000 mm (porção sul) a 1.800 mm (porções norte 
e leste).
Apesar desse potencial, os índices produtivos do agronegócio do leite em Tocantins ainda 
são modestos, com estimativa de produção média de leite de 684,6 L/vaca no ano de 2003, 
que contrasta com a média nacional de 1.385,2 L/vaca (Anualpec, 2005). Uma das principais 
causas dos baixos índices produtivos nas fazendas nacionais com produção em pastejo é o ma-
nejo incorreto das pastagens (Zimmer & Euclides, 2000). Observa-se ainda grande potencial 
para o crescimento da produção leiteira em Tocantins, região limítrofe com o sul do Pará, uma 
das novas fronteiras da produção leiteira nacional (Vilela, 2004). 
O manejo incorreto é resultado de idéias ultrapassadas, como a procura do capim milagro-
so, que não precisa de manejo adequado nem de acompanhamento (infelizmente, essa planta 
não existe). Outro erro é considerar que o manejo correto de pastagens é realizando visando 
maximizar a produção de forragem. Esse pensamento é relativamente verdadeiro somente para 
produtores de feno, os quais também precisam se preocupar com a qualidade da forragem 
produzida. Contudo, em sistemas de produção de leite, o objetivo final do manejo da pastagem 
deve ser contribuir para a produção de alimentos a baixo custo unitário e de forma sustentável 
no tempo, a fim de se obter a máxima rentabilidade do sistema de produção, incluindo, simul-
taneamente, a intensificação do uso da pastagem para melhorar sua eficiência de produção 
e utilização e o monitoramento constante da condição da pastagem para evitar os riscos de 
degradação.
Esta revisão foi elaborada com o objetivo de comentar sobre os componentes da produção 
de forragem em pastagens e a forma de manejá-los para otimizar a utilização da forragem pelo 
animal, buscando máxima eficiência produtiva, em kg de leite por kg de massa seca de forra-
gem produzida.
2 - Morfofisiologia das gramíneas forrageiras
Na pastagem, o acúmulo de forragem e, conseqüentemente, sua produtividade é resul-
tado da contínua emissão e morte de folhas e perfilhos. Esse complexo processo de produção 
de forragem é mais bem entendido quando efetuadas investigações sobre os componentes do 
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Prof. Dr. Magno José Duarte Cândido-UFC / Carlos Augusto de Miranda Gomide
crescimento da pastagem, por meio da morfogênese, o que propicia o rápido diagnóstico de sua 
condição e as decisões racionais de manejo. 
A morfogênese pode ser definida como a dinâmica de aparecimento, expansão e morte de 
tecidos e órgãos vegetais no espaço (Laca & Lemaire, 2000) e pode ser descrita em termos de 
taxa de aparecimento de novos órgãos e de suas respectivas taxas de alongamento e senescên-
cia (Chapman & Lemaire, 1993). 
Durante a fase vegetativa, o crescimento do capim é caracterizado pelo alongamento e 
aparecimento de folhas e perfilhos, pelo alongamento das hastes (colmos e bainhas) e pelo de-
senvolvimento de raízes (Gomide, 1997). As folhas desenvolvem-se em uma sucessão contínua 
e alternada em cada lado do perfilho a partir de um meristema apical protegido por um feixe de 
bainhas concêntricas que formam o pseudocolmo. 
As taxas de alongamento e aparecimento foliar e de alongamento das hastes e o tempo de 
vida da folha são significativamente afetados pelos fatores abióticos (Figura 1). Assim, o balan-
ço final do processo morfogênico, em acúmulo de forragem, é o resultado não da exclusividade 
de um evento, mas da preponderância de um fator abiótico ou de manejo em determinada 
circunstância. 
Da interação entre os componentes morfogênicos da pastagem resulta a estrutura do dos-
sel, caracterizada pela densidade populacional de perfilhos, pelo comprimento da lâmina foliar, 
pelo número de folhas por perfilho, pela densidade da folhagem e pela relação folha/colmo. 
Como demonstrado na Figura 1, esse arranjo estrutural da parte aérea das plantas determina o 
modo como a radiação fotossinteticamente ativa (RFA), mola propulsora do crescimento vegetal 
via fotossíntese, é interceptada ao longo das camadas de lâminas foliares (IAF).
Da combinação de índices morfogênicos e estruturais resulta a massa do dossel, que ain-
da é afetada pelo manejo, em razão das respostas morfofisiológicas desencadeadas na planta 
sobpastejo. Cândido (2003) observou que a freqüência de pastejo foi importante ferramenta 
de manejo no controle do alongamento das hastes de Panicum maximum cv. Mombaça (Figura 
1). Em termos de acúmulo de forragem, tem sido demonstrada sob lotação contínua a com-
pensação entre tamanho e número de perfilhos, com ocorrência de ampla faixa de condição do 
dossel em que o acúmulo permanece inalterado (Bircham & Hodgson, 1983; Mazzanti et al., 
1994). Comparando lotações contínua e rotativa em pastagem do capim azevém perene (Lo-
lium perenne), Grant et al. (1988) também verificaram essa compensação. Na lotação rotativa, 
em que os animais são removidos do piquete por certo período, houve maior incremento, mas 
de pouca magnitude, em biomassa e altura. Quando a altura de pastejo foi reduzida a valores 
inferiores aos 3,5 cm recomendados para lotação contínua, houve redução no IAF, por meio da 
compensação tamanho/densidade de perfilhos, comprometendo a capacidade fotossintética do 
dossel no início da rebrotação. De fato, na lotação rotativa, a fotossíntese do dossel logo após 
o pastejo é reduzida, em decorrência de seu baixo IAF e da predominância de folhas adultas, 
mas eleva com o aumento do IAF e da proporção de folhas emergentes e recém-expandidas 
durante o período de descanso, ultrapassando a capacidade fotossintética do dossel manejado 
sob lotação contínua (Parsons et al., 1988). Assim, o acúmulo de forragem varia com o período 
de descanso adotado. 
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Figura 1 - Relação entre as principais características morfogênicas e estruturais em um dossel
de gramínea cespitosa do tipo C4 na fase vegetativa (adaptado de Cândido, 2003).
3 - O Processo de pastejo
Entendido como se comporta o crescimento da forragem, é importante considerar que, no 
ambiente de pastejo, o animal, por meio da manipulação e colheita da forragem e do pisoteio, 
afeta não só o grau de utilização dessa pastagem, mas também seu crescimento em rebrota-
ção. Portanto, manipular o pastejo significa contribuir para a produção de forragem por menor 
custo possível utilizando-se o animal não só como colhedor de forragem, mas também como 
elaborador da forragem que irá consumir. Um manejo correto do pastejo reduz a necessidade de 
intervenções manuais ou mecânicas para corrigir danos à estrutura da pastagem ou problemas 
de fertilidade do solo. No manejo do pastejo, busca-se controlar a intensidade e freqüência de 
pastejo e a seletividade do animal em pastejo. Como principais ferramentas de manejo para 
atingir objetivos, destacam-se os métodos de pastejo, o ajuste na taxa de lotação e o conforto 
animal.
4 - Métodos de pastejo: lotação contínua x lotação rotativa
O manejo do pastejo implica um grau de controle tanto sobre o animal como sobre a pas-
tagem. A lotação contínua e a lotação rotativa representam os dois extremos. 
A lotação contínua normalmente é utilizada em pastagens nativas ou em pastagens culti-
vadas localizadas em regiões com deficiências de água ou de fertilidade no solo, locais onde é 
difícil de se obter elevadas produções, destacando-se, no entanto, que a produção pode ser, em 
muitos casos, intensificada como no caso da lotação rotativa. Além disso, dificilmente ocorre 
uma lotação plenamente contínua, sendo necessário separar os animais em categorias (idade, 
sexo, espécies e outras) e, vez por outra, efetuar ajustes da pressão de pastejo, ora trazendo 
animais de outras áreas, ora utilizando pastagens de reserva. 
Por outro lado, a lotação rotativa é caracterizada pela subdivisão das pastagens e pela 
utilização por períodos de tempo limitado, seguidos de um período de descanso. Esse método 
de pastejo é mais apropriado a pastagens cultivadas com gramíneas de alta produção, sob adu-
bação e, quando possível, irrigação. 
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Existem grandes divergências sobre qual método de pastejo utilizar. Embora a literatura 
seja rica em informações, os resultados são contraditórios (Mannetje et al 1976; Morley, 1981; 
Blaser, 1982; Thomas & Rocha, 1985; Maraschin, 1994; Rodrigues & Reis, 1997). 
Segundo Gardner & Alvim (1985), essa divergência não deveria existir, pois a escolha do 
método de pastejo a ser adotado está condicionada a fatores como o tipo de planta a ser utili-
zada, o clima da região, a espécie a ser utilizada e o tipo de solo, entre outros. 
Rodrigues & Reis (1997) comentaram que qualquer método de pastejo, dependendo do 
consumo de energia, pode resultar em ótimo desempenho animal, o que está relacionado à 
massa de forragem, à proporção de folhas no dossel, à digestibilidade e ao consumo. Blaser 
(1982), por sua vez, afirmaram que a produção animal por hectare obtida em diferentes méto-
dos de pastejo depende das características morfológicas das plantas, da freqüência, da intensi-
dade e da época de utilização das pastagens. 
Nas condições brasileiras, poucos trabalhos foram realizados comparando os vários méto-
dos de pastejo. Mannetje et al. (1976), revisando os resultados de 12 experimentos de pastejo 
nos trópicos, verificaram que, em oito deles, a lotação contínua foi superior, enquanto, nos de-
mais experimentos, os resultados se assemelharam. 
5 - Condições importantes para o uso da lotação rotativa
Segundo Gardner & Alvim (1985), para que a lotação rotativa resulte em aumento da 
produção animal e proporcione maior lucro, são necessários aumentos na produção ou na qua-
lidade das pastagens e acréscimo no consumo animal e na produtividade por área. Esses pes-
quisadores afirmaram que, em baixas taxas de lotação, provavelmente, não ocorrem aumentos 
na produção decorrentes da lotação rotativa. Outros pesquisadores (Morley, 1981; Hodgson & 
Silva, 2002) também afirmaram que, mundialmente, pequenas vantagens em favor da lotação 
rotativa têm sido verificadas apenas em altas taxas de lotação. De fato, para que a lotação ro-
tativa possa se tornar vantajosa, em termos econômicos, precisa propiciar maior produtividade 
por área, pois o custo de produção é elevado com os gastos adicionais com subdivisões da 
pastagem e com o manejo do rodízio dos animais.
A obtenção de maior produtividade por área em uma área sob lotação rotativa justifica-se 
pelo fato de que, quando se trabalha com altas taxas de lotação, esse método proporciona pas-
tejo mais uniforme e maior eficiência de utilização da forragem produzida. O pastejo uniforme 
promove menor sombreamento mútuo (de perfilhos maiores sobre os menores), o que eleva a 
capacidade fotossintética das novas folhas produzidas e, conseqüentemente, a taxa de fotossín-
tese líquida do dossel, ou seja, a taxa de crescimento da cultura (TCC) ou a taxa de produção de 
forragem. Assim, a capacidade de suporte da pastagem é maior na lotação rotativa em relação 
à contínua. Adotando-se uma taxa de lotação correspondente à capacidade de suporte visando 
maximizar a eficiência de utilização da forragem produzida, obtém-se produtividade animal 
mais elevada na lotação rotativa que na contínua, em razão da elevação na taxa de produção de 
forragem e na eficiência de utilização da forragem produzida. Esquematicamente, temos:
Lotação rotativa ⇒  uniformidade de pastejo ⇒  taxa de produção de forragem (kg/ha x 
d) ⇒  capacidade de suporte ⇒  taxa de lotação até o limite da cap. de suporte ⇒  produ-
tividade animal (kg de peso vivo ou de leite/ha).
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No entanto, para que haja essa maior capacidade de suporte na lotação rotativa, a planta 
forrageira escolhida para essemanejo deve ser de alta produção. Além disso, deve ser plantada 
em área com solo de boa fertilidade e cuja pluviosidade seja favorável. Em regiões com baixa 
pluviosidade, há a necessidade de irrigação. Além disso, por mais elevada que seja a fertilidade 
do solo, deve-se avaliar economicamente o potencial de uso de adubações de cobertura periódi-
cas, pelo menos com nitrogênio. Da mesma forma, os animais utilizados nesse tipo de manejo 
devem ser adaptados à produção em pastejo, mas devem ter elevado potencial de produção, 
a fim de converter grande parte da forragem de alta qualidade que será produzida em produto 
animal (leite). Finalmente, o manejo da pastagem sob lotação rotativa precisa de assistência 
técnica constante, pois pequenos erros podem ter grandes repercussões sobre o vigor da pasta-
gem, visto que o rebanho estará sempre limitado a uma pequena porção da pastagem.
Além da vantagem de propiciar melhor capacidade de suporte na pastagem e maior pro-
dutividade, a lotação rotativa possibilita o melhor acompanhamento da condição da pastagem 
e do animal (é mais fácil de enxergar possíveis erros e corrigi-los, do contrário, é melhor adotar 
a lotação contínua) e auxilia no manejo geral da pastagem, de acordo com os aspectos seguin-
tes:
Š melhora a distribuição dos excrementos na pastagem (embora ainda não solucione o 
problema);
Š permite o pastejo por mais de um grupo de animais na mesma área (separação do 
rebanho em categorias de acordo com seu grau de exigência);
Š permite diferir o excesso de forragem produzida em anos favoráveis ou colhê-lo para 
conservar como feno ou silagem.
Para o correto manejo da pastagem sob lotação rotativa, alguns conceitos devem ser bem 
entendidos:
-piquete - cada uma das subdivisões da pastagem;
-período de permanência - período em que um grupo de animais permanece em um piquete;
-período de ocupação - tempo em que um piquete é ocupado por um ou mais grupos de 
animais em sucessão. Em um sistema de lotação rotativa com apenas um grupo de animais, o 
período de permanência é igual ao de ocupação. Com mais de um grupo, o período de ocupação 
em cada piquete é a soma dos períodos de permanência de todos os grupos de animais;
-período de descanso - período em que não se permite a utilização de uma área de pasta-
gem, ou seja, permite-se o descanso dessa pastagem entre dois pastejos sucessivos.
-ciclo de pastejo - tempo decorrido entre o início de dois períodos de pastejo sucessivos 
em um mesmo piquete em uma pastagem manejada sob lotação rotativa. Também pode ser 
interpretado como o tempo que o rebanho leva para dar uma volta completa na área sob lotação 
rotativa.
Também devem ser esclarecidas as principais modalidades de pastejo sob lotação rotati-
va: lotação rotativa convencional, pastejo em faixas, pastejo primeiro-último e pastejo diferido.
Lotação rotativa convencional
É o método de lotação rotativa mais simples no qual se utiliza apenas um grupo de ani-
mais em pastejo durante toda a estação de crescimento, com a pastagem dividida em piquetes 
suficientes para sua utilização a cada ciclo de pastejo.
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Pastejo em faixas
Quando se trabalha com vacas de leite, é interessante, quando possível, realizar o pastejo 
em faixas, que consiste na redução do período de pastejo para apenas um dia, garantindo uni-
formidade na produção diária de leite, uma vez que a qualidade da dieta ingerida pelas vacas 
em lactação não variará de um dia para o outro.
Pastejo primeiro-último
Utilizado quando o produtor possui categorias diferentes de animais e deseja oferecer, 
dentro de uma mesma área sob lotação rotativa, dietas mais adequadas às suas exigências 
específicas. Assim, por exemplo, as vacas em lactação, de maior exigência nutricional, paste-
jariam à frente das vacas secas. No caso de se adotar o pastejo primeiro-último, o período que 
cada grupo passa em um piquete é chamado período de permanência, enquanto o tempo total 
de pastejo de todos os grupos em cada piquete chama-se período de ocupação (igual à soma 
dos períodos de permanência de todos os grupos de animais utilizados).
Pastejo diferido
Ocorre quando algum piquete na lotação rotativa ao final da estação das chuvas é “veda-
do” para sua posterior utilização na época da seca e o ressemeio natural dos campos. Também 
é chamado erroneamente de feno-em-pé. Erroneamente porque, enquanto a planta permanece 
viva, não é cortada; respira e consume todas as substâncias do conteúdo celular, restando 
durante a estação seca basicamente parede celular. Assim, sua única semelhança com o feno 
é o fato de o material estar seco, pois, ao contrário do capim diferido, o feno conserva o valor 
nutritivo da planta original.
6 - Dimensionamento de um módulo sob lotação rotativa
O dimensionamento de um módulo para uso sob lotação rotativa depende de várias situa-
ções na propriedade. O primeiro aspecto a ser discutido refere-se à gramínea existente ou a ser 
implantada. 
Gramíneas cespitosas (que formam touceiras) normalmente expõem os pontos de cresci-
mento e sofrem mais com a desfolhação pelos animais. Para o manejo dessas espécies, é neces-
sário maior período de descanso (normalmente o período de descanso é de aproximadamente 
25 a 35 dias).
As gramíneas estoloníferas, por sua vez, se enraízam a partir do contato do caule com o 
solo, expõem menos os pontos de crescimento e sofrem menos com o pastejo, se recuperando 
mais rapidamente após a saída dos animais. Para essas espécies, um período de descanso de 
20 a 30 dias é suficiente para o retorno dos animais ao pastejo.
Outro aspecto importante a ser determinado é o período que o grupo de animais irá 
permanecer em cada piquete. Quanto maior o período de ocupação, menor o número de pi-
quetes necessários. Para se calcular o número de piquetes, normalmente utiliza-se a seguinte 
fórmula:
N = (PD/PPe) + X, em que:
N = número de piquetes necessários;
PD = período de descanso;
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Manejo de pastagens para produção intensiva
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PPe = período de permanência;
X = número de grupos de animais.
Como pode ser deduzido pela fórmula, quanto menor o período de permanência, maior o 
número de piquetes necessários. 
O período de ocupação, no entanto, pode ser estendido por até sete dias, pois não trará 
grandes riscos em termos de consumo das rebrotações (Fonseca et al., 1998). Todavia, consi-
derando que a maioria das forrageiras tropicais deve ser manejada com período de descanso de, 
no máximo, 35 dias e que o número de piquetes deve ser de pelo menos oito para permitir mais 
alternativas de manejo da pastagem, deve-se ter um período de permanência potencial de, no 
máximo, cinco dias quando se trabalha com apenas um grupo de animais. Quando se trabalha 
com mais de um grupo de animais (pastejo primeiro-último), o período de permanência de cada 
um dos dois grupos deve ser de, no máximo, três dias, para que o período de ocupação seja 
de seis dias e não ultrapasse os sete dias mencionados. No caso de três grupos de animais em 
pastejo em mesma área, conseqüentemente, o período de permanência deve ser de dois dias 
para que o limite máximo do período de ocupação (soma dos períodos de permanência) seja 
respeitado. O uso de um dia de ocupação deve ser utilizado apenas por produtores que domi-
nem bastante o manejo das pastagens, pois o curto período de ocupação torna difícil o ajuste 
no sistema.
Outro aspecto a considerado no caso da lotação rotativa com apenas um dia de ocupação 
é a taxa de lotação instantânea ou a densidade de lotação. Uma área de 2,0 ha de capim-co-
astcross (Cynodon sp.) a ser usada por 20 animais (porexemplo, novilhas leiteiras em cresci-
mento, por 200 dias - Figura 2) resultaria, sem nenhuma subdivisão, em taxa de lotação de 10 
animais/ha e densidade de lotação de 10 animais/ha. Dividindo-se por 200 dias, a densidade 
de lotação seria igual a 0,05 animais/ha x dia e, elevando-se o número de subdivisões nessa 
mesma área inicialmente para dois, a taxa de lotação manter-se-ia inalterada, mas a densidade 
de lotação seria elevada para 10 animais/ha dividido por dez dias de pastejo em cada subdivi-
são, por exemplo, para caracterizar um ciclo de pastejo de 20 dias. Como resultado, a densida-
de de lotação seria de 2,0 animais/ha x dia, ou seja, elevaria 40 vezes em relação à primeira 
situação. Aumentando- se o número de subdivisões até caracterizar um pastejo em faixa e man-
tendo-se o ciclo de pastejo de 20 dias para efeito comparativo, com um dia de pastejo em cada 
piquete e período de descanso de 19 dias, ter-se-ia a mesma taxa de lotação anterior, porém a 
densidade de lotação seria elevada para 200,0 animais/ha x dia, um aumento de 4.000 vezes 
em relação à área sob lotação contínua, o que poderia acarretar sérios riscos de compactação 
do solo, principalmente se de textura franca a argilosa. Caso seja realmente importante dentro 
do manejo adotar o pastejo em faixa, deve-se amenizar esse risco evitando que os piquetes fi-
quem muito compridos e estreitos, dando-se preferência à forma quadrada, ou o mais parecido 
possível (detalhe tracejado na última situação apresentada na Figura 2). Desse modo, a área 
de trânsito dos animais dentro do piquete em busca do alimento se torna mais ampla, evitando 
compressões repetidas pela movimentação dos animais em um mesmo ponto.
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Figura 2 - Problema com o excesso de subdivisões dos piquetes: taxa de lotação x densidade de lotação.
Ressalta-se ainda que quanto maior o número de piquetes, maior o gasto com cercas 
divisórias. Portanto, deve-se considerar a possibilidade do uso de cerca elétrica, pois reduz o 
custo com estacas e arames, observando-se que, em rebanhos de sangue predominantemente 
holandês, apenas um fio pode ser suficiente para conter os animais. A utilização de apenas um 
fio eletrificado (quando a docilidade do animal permitir), associada ao cultivo de gramíneas de 
menor porte, como os capins do gênero Cynodon, pode ter uma vantagem adicional, visto que 
uma desvantagem da cerca elétrica, cujo custo de implantação é baixo, é a necessidade de 
“aceiros” periódicos para evitar o contato das plantas com o fio eletrificado e a perda de cor-
rente. Em propriedades onde não há energia elétrica, o uso de placas de energia solar pode ser 
avaliado para a adoção deste tipo de contenção do rebanho.
7 - Ajuste da Pressão de Pastejo
Um dos maiores problemas no manejo das pastagens é o ajuste da pressão de pastejo 
ao longo dos anos de utilização. A pressão de pastejo consiste na relação entre o número de 
unidades-animal, em peso vivo ou peso metabólico, em pastejo e a massa seca de forragem da 
pastagem (kg PV/kg MS x dia ou kg PV0,75/kg MS x dia). É inversamente proporcional à oferta de 
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forragem e diretamente relacionada à intensidade de pastejo. Esse conceito é importante porque 
o crescimento da pastagem e do rebanho é dinâmico, tornando necessários ajustes no rebanho 
a ser colocado em determinada área. Por exemplo, pode-se determinar, na lotação rotativa com 
ciclo de pastejo de 27 dias, a capacidade de suporte de 1,0 ha do capim-tanzânia (adubado 
com uma dose de nitrogênio equivalente a 600 kg/ha x ano) logo após a saída dos animais de 
cada piquete (Tabela 1).
Inicialmente, deve-se realizar o cálculo da massa seca de forragem total (MSFT) presente 
na pastagem em determinado momento. Para isso, corta-se toda a forragem contida em várias 
molduras (de 1,0 x 1,0 m no caso dos capins cespitosos e de 0,5 x 0,5 m no caso dos capins 
estoloníferos) lançadas ao acaso na pastagem e pesam-se todas as amostras juntas, dividindo-
se o peso pelo número de vezes que a moldura foi lançada. Desta forma, obtém-se a massa 
fresca de forragem total presente na pastagem (MFFT). A fim de estimar a MSFT, deve-se ter 
uma estimativa da matéria seca da forrageira, obtida pelo método da secagem em estufa de 
ventilação forçada a 55-65°C por, pelo menos, 24 horas (técnica mais cientificamente correta). 
Um método mais prático é o do forno de microondas, detalhado por Oliveira (1998). Caso não 
seja viável a aplicação de qualquer um desses métodos, pode-se usar um valor de referência de 
20% de matéria seca para a maioria das gramíneas forrageiras manejadas em idade adequada 
de pastejo (fase vegetativa, em pleno crescimento, ainda não muito madura). Em seguida, deve-
se calcular a capacidade de consumo diário de vacas leiteiras, em porcentagem do peso vivo, 
adotando-se um valor de referência de 3,5% como média do período de lactação. Finalmente, 
adota-se uma eficiência de uso da forragem que pode variar de 50%, quando se prioriza mais a 
produção por animal, até 70%, quando se prioriza mais a produtividade por área.
Considerando os seguintes termos: MFFT = massa fresca de forragem total; MS = teor 
de matéria seca; MSFT = massa seca de forragem total; Per. = período de crescimento da 
pastagem antes da amostragem; TCC = taxa de crescimento da cultura (similar à TPF, taxa de 
produção de forragem); PV in = peso vivo inicial; PV fin = peso vivo final; PV méd = peso vivo 
médio; CMS = consumo de matéria seca; EUF = eficiência de utilização da forragem; MSFC = 
massa seca de forragem colhível; Cap. Sup. = capacidade de suporte; UA = unidade animal; 
ha = hectare; d = dia; Ár. Nec. = área de pastagem necessária para suportar uma quantidade 
de animais (rebanho) pré-estabelecida. Reb. Possív. = número de animais possível de se colo-
car em uma área de pastagem pré-determinada.
Tabela 1 - Estimativa da capacidde de suporte de uma pastagem de capim-tanzânia
Oferta MFFT MFFT MS MSFT MSFT Per. TCC
g/0,25 m2 g/m2 % g/m2 kg/ha dias kg/ha x d
515,00 2060,00 20,00 412,00 4120,00 27,00 152,59
Demanda PV in PV fin PV méd CMS CMS EUF MSFC
Kg kg Kg %
kg/vac 
x d
% kg/vac x d
450,00 450,00 450,00 3,50 15,75 50,00 31,50
Cap. sup. Vac/ha x d 4,84
Cap. sup. UA/ha x d 4,84
Neste cálculo, teríamos uma capacidade de suporte de 4,84 vacas ou UA/ha x dia. Se, 
por exemplo, a pastagem tivesse 7,0 ha, poderia suportar um rebanho de 33 ou 34 vacas de 
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450 kg PV.
Calculada a capacidade de suporte da pastagem, para determinada categoria, se houver 
necessidade de trocar o rebanho por um de outra categoria, pode-se usar a equivalência de 
peso metabólico (EPM, PV0,75), proposta por Lewis et al (1956), obtida por meio da seguinte 
fórmula: 
EPM= PV0,75 /4500,75 
Utilizando esta fórmula para a troca desse rebanho de vacas de 450 kg por novilhas de 
300 kg de PV, seriam encontrados os seguinte resultados: 
EPM= 3000,75 /4500,75 
EPM= 72,08/97,70 
EPM= 0,74 novilha/vaca
Portanto, em uma pastagem que suportaria, por exemplo, 34 vacas, poderiam ser coloca-
das em seu lugar 34 vacas/0,74 novilhas/vaca = 46 novilhas.
Um cálculo feito com base na equivalência de peso vivo (EPV) levaria ao seguinte resul-
tado:
EPV= 300/450
EPV= 0,67 novilha/vaca
Segundo este cálculo, onde seriam colocadas, por exemplo, 34 vacas, poderiam se colo-
cadas em seu lugar 34 vacas/ 0,67 novilhas/vaca = 51 novilhas.
Se comparado o resultadoobtido na transformação via peso metabólico àquele obtido 
pela transformação direta do PV, nota-se que a transformação direta do PV subestima o valor 
de EPM, evidenciando que a utilização da equivalência de peso vivo pode exercer uma pressão 
de pastejo 10,87% maior {[(51 novilhas/46 novilhas) – 1] x 100} que a desejada, o que, futu-
ramente, pode ocasionar a degradação da pastagem. Esse é um grande equívoco cometido no 
manejo das pastagens, pois animais menores tendem a apresentar consumo superior, percen-
tualmente ao seu peso vivo, tornando necessário o ajuste na taxa de lotação com base no peso 
metabólico.
8 - Manejo do pastejo com base na morfofisiologia da pastagem
Após o detalhamento dos componentes da produção da pastagem, decisões de manejo 
podem ser tomadas não mais de modo empírico, mas baseadas na condição real da pastagem 
naquele momento, que pode ser afetada pelos efeitos do ambiente e do manejo prévio sobre a 
sua morfofisiologia. Esse detalhamento é ainda mais importante quando se maneja a pastagem 
de forma intensiva e o aporte de insumos é elevado, pois qualquer decisão equivocada ou atra-
sada pode incorrer em sérios prejuízos para o produtor rural.
8 -1 Freqüência de pastejo
Quanto ao período de descanso para o manejo racional, dois critérios podem ser usados: 
a restauração das reservas orgânicas, que determina o intervalo mínimo de desfolhações, e o 
início da senescência, que determina o intervalo máximo, visto que, além desse ponto, a efici-
ência de utilização cairia muito (Fulkerson & Donaghy, 2001). Para pastagens tropicais, desta-
ca-se o gênero Panicum, observando-se que o capim-mombaça restaura suas reservas aos 16 
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dias (Gomide et al., 2002), exceto no manejo sob desfolhação total, que não é recomendado. 
O início da senescência das folhas, no entanto, ocorre com 3,5 folhas/perfilho, ou em torno dos 
35 dias (Gomide & Gomide, 2000).
Esse tipo de critério parece promissor para sua utilização na lotação rotativa. Consideran-
do que, a partir de determinado momento da rebrotação, o número de folhas vivas mantidas 
por perfilho passa a ser constante, uma segunda aproximação para a determinação do período 
de descanso ótimo seria o acompanhamento do número de novas folhas formadas por perfi-
lho em rebrotação após o pastejo. Resultados obtidos com gramíneas tropicais pastejadas por 
novilhos retratam a relação causa-efeito entre esta e as demais características estruturais do 
dossel (Tabela 2). Ressalta-se que essa característica está bem mais relacionada à real condição 
da pastagem que o número de dias, pois o crescimento da vegetação depende do acúmulo de 
unidades térmicas (graus-dia) e não da idade cronológica (dias). Portanto, o número de dias 
para a gramínea atingir a condição morfogênica preconizada (número de novas folhas/perfilho) 
aumenta ao final da estação de crescimento, em março, quando há menor disponibilidade de 
fatores abióticos.
Tabela 2 - Características estruturais pré-pastejo e período cronológico de descanso do 
capim-mombaça sob lotação rotativa em sucessivos ciclos de pastejo
Períodos de descanso Ciclos de pastejo
(novas folhas/perfilho)
Novembro-dezembro Janeiro Março
Altura do dossel (cm)
2,5 77a 68ab 63b
3,5 93a 93a 101a
4,5 112a 113a ---
Massa seca de forragem verde (kg/ha × ciclo)
2,5 3610 3650 4450
3,5 4980 6530 8010
4,5 5660 8060 ---
Relação folha/colmo
2,5 2,93a 2,15a 1,87a
3,5 2,13a 1,64ab 0,78b
4,5 1,91a 1,26b ---
Densidade populacional de perfilhos (número/m2)
2,5 267b 261b 351a
3,5 240b 300a 240b
4,5 259a 233a ---
Período de descanso (dias)1
2,5 24 --- 41
3,5 35 --- 52
4,5 44 --- 63
Valores seguidos de letras distintas, na mesma coluna e em cada variável, diferem entre si (P<0,05) pelo teste Tukey. 1 Os valores para o 
mês de março foram estimados. Fonte: Adaptado de Gomide et al. (2003) e Cândido (2003).
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A utilização de uma freqüência de pastejo elevada, caracterizada pelo número reduzido 
de novas folhas produzidas por perfilho, pode ainda ser um recurso no manejo de pastagens. 
Como descrito na Figura 1, Cândido (2003) relatou que a maior freqüência de pastejo com 
período de descanso de 2,5 novas folhas produzidas por perfilho de Panicum maximum cv. 
Mombaça foi a única técnica a exercer algum tipo de controle sobre a taxa de alongamento das 
hastes, cujo resultado é a menor redução na relação folha/colmo ao longo de ciclos de pastejo 
sucessivos (Tabela 2). Quanto à lotação contínua, poderia ser investigada a altura de pastejo 
que propiciasse o controle do alongamento das hastes, conferindo maior eficiência de utilização 
da forragem produzida (EUF).
8 - 2 Intensidade de pastejo e eficiência de utilização da forragem 
produzida
A intensidade de pastejo refere-se à proporção da forragem presente na pastagem que é 
removida durante um pastejo. Por exemplo, se uma pastagem possuía massa seca de forragem 
total de 3.000 kg/ha e após o pastejo restaram 1.500 kg/ha, então, a intensidade de pastejo 
foi de (1.500/3.000) x 100 = 50%. No caso de pastagens cultivadas manejadas intensiva-
mente em visando máxima eficiência produtiva, trabalha-se com eficiências de utilização de 50 
até 70%, embora Mazzanti & Lemaire (1994) tenham atingido, em condições experimentais, 
eficiência de 73% em pastagem de festuca (gramínea de clima temperado) sob pastejo por 
ovinos.
A importância da intensidade de pastejo para o sistema de produção depende de vários 
aspectos. Primeiramente, a intensidade de pastejo é inversamente proporcional à área foliar 
residual, responsável pelo vigor da rebrotação da pastagem. A intensidade de pastejo também 
pode controlar, dentro de certos limites, a taxa de alongamento das hastes, embora a plasti-
cidade fenotípica da planta, tentando “escapar” do pastejo possa impedir o maior controle, 
principalmente em plantas cespitosas. Como conseqüência dessa plasticidade da pastagem, a 
intensidade de pastejo também afeta a arquitetura do dossel, podendo acarretar alteração no 
hábito de crescimento da planta em prol de um crescimento mais prostrado, o que pode trazer 
complicações futuras para a estrutura e o vigor da pastagem.
Finalmente, essa variável afeta o desempenho do animal. Por mais que se deseje adotar 
uma intensidade de pastejo elevada para maximizar o rendimento animal por área (aumentando 
a taxa de lotação) e controlar o alongamento das hastes, o animal tem um limite de horizonte 
de pastejo, que é a altura das bainhas foliares (Barthram, 1981), e forçá-lo a ultrapassar esse 
limite algumas vezes pode trazer problemas na taxa de ingestão diária de forragem e no desem-
penho do animal em pastejo.
Em termos práticos, a altura residual da pastagem é utilizada como critério para a de-
terminação do momento de retirada dos animais da pastagem (Uebele, 2002). No entanto, a 
plasticidade fenotípica da forrageira, principalmente das cespitosas, faz com que plantas de 
mesma altura possuam diferentes índices de área foliar (IAF) residual, principal responsável 
pelo vigor da rebrotação (Silva, 2004), havendo o risco de que, em determinada altura residual, 
o IAF residual não seja suficiente para a rebrotação. Uma alternativa prática poderia ser o uso 
do comprimento da lâmina foliar verde como critério para estabelecer esse resíduo, evitando 
que os animais pastejem mais que 2/3 de seu comprimento final, o que poderia, de modo geral, 
garantir que a pastagem mantivesse um IAF residual maior ou igual a 1,0, considerado valor 
mínimo para a manutenção do vigor.
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9 - Conforto Animal
Em uma área sob lotação rotativa manejada intensivamente, o que se enseja é maximizar 
a produtividade animal, obtendo-se a máxima lucratividade por unidade de área. Nesse contex-
to, maximizar a eficiência de colheita de forragem de alta qualidade pelo animal não é garan-
tia de alta produção, pois, para o animal converter o valor nutritivo da dieta em leite, precisa 
estar em situação de conforto adequada. Para isso, é necessário planejar áreas de descanso 
centralizadas, evitando-se que o animal caminhe longas distâncias. De acordo com Herling et 
al. (2005), vacas leiteiras não devem caminhar distâncias superiores a 500 m entre o local de 
pastejo e o local de descanso e/ou de ordenha. Esses pesquisadores citaram ainda que a produ-
ção de leite é reduzida em um quarto de litro a cada quilômetro percorrido. Uma sugestão para 
área sob lotação rotativa é demonstrada na Figura 3.
Figura 3 - Layout de uma pastagem sob lotação rotativa com área de descanso centraliza-
da facilitando o acesso do rebanho.
Quando se trabalha com dois grupos de animais (pastejo primeiro-último), é necessário 
avaliar a seqüência de piquetes, de modo que os dois grupos de animais tenham acesso à área 
de descanso (sem se misturar) e sem que sejam necessárias duas áreas de descanso. Nas Figu-
ras 4 e 5 são apresentadas duas possibilidades
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Figura 4 - Layout de uma pastagem sob lotação rotativa com dois grupos de animais e 
uma área de descanso centralizada, com acesso a ambos os grupos, sem que se misturem. Isso 
é possível pela numeração dos piquetes, onde nota-se que, a cada momento, cada grupo de 
animais pastejando em piquetes sucessivos mantém-se em um “lado” da pastagem.
Figura 5 - Layout de uma pastagem sob lotação rotativa com dois grupos de animais, sem 
se misturarem, mas com a área de descanso em uma lateral da pastagem. Pela numeração dos 
piquetes e pela divisão do corredor no seu comprimento, nota-se que, a cada momento, cada 
grupo de animais pastejando em piquetes sucessivos mantém-se em um “lado” da pastagem.
10 - Novas perspectivas do manejo intensivo de pastagens
10 -1 Ganho por animal (desempenho) e ganho por área 
(produtividade)
A produção por animal e por área também está relacionada à oferta de forragem. A produ-
ção por animal decresce à medida que a pressão de pastejo passa da condição de subpastejo 
para a de pressão de pastejo ótima, cuja amplitude de variação depende das espécies, das con-
dições edafoclimáticas e do grau de pastejo seletivo (Figura 6). Entretanto, de modo geral, essa 
faixa ótima de pressão de pastejo ocorre em um ponto ligeiramente superior ao que maximiza 
o ganho por animal, tornando impossível a maximização simultânea do ganho por animal e do 
ganho por área em um sistema de produção.
 
Figura 6 - Influência da pressão de pastejo sobre o ganho por animal e o ganho por área 
(Adaptado de Mott, 1960).
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Manejo de pastagens para produção intensiva
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Esse ponto de oferta de forragem que maximiza o desempenho (ganho de peso ou pro-
dução de leite) por animal seria obtido com oferta equivalente a 2 - 3 vezes a capacidade de 
consumo do animal em pastejo. Possivelmente, a oferta de forragem que tende a maximizar 
o ganho por área seja em torno do limite inferior da faixa de oferta adequada para o máximo 
consumo voluntário de forragem, enquanto a oferta para maximizar o desempenho individual do 
animal seja em torno do limite superior da faixa adequada para o máximo consumo voluntário.
Apesar da discordância sobre qual seria o ponto ótimo do manejo – há relatos de que o 
nível de máxima eficiência econômica esteja em uma pressão de pastejo abaixo daquela que 
maximiza o ganho por área (Barione, 2002) –, é importante considerar os prejuízos econômicos 
do uso de baixa pressão de pastejo e os prejuízos econômicos e ecológicos ocasionados pela 
elevada pressão de pastejo.
10-2 Vantagens adicionais do uso da lotação rotativa:
O uso da lotação rotativa tem uma vantagem adicional sobre o ganho por animal x ganho 
por área. Mediante o controle sobre a estrutura do dossel pelo uso de maior freqüência de pas-
tejo, é possível obter em piquetes com menor taxa de lotação média desempenho e rendimento 
animal superiores durante a estação de pastejo. Quando se trabalha com menores períodos 
de descanso, é possível que a pastagem apresente menor capacidade de suporte, reduzindo o 
ganho por área (produtividade). No caso da lotação contínua, quando se trabalha com menor 
taxa de lotação, realmente o ganho por área diminui. Entretanto, no caso da lotação rotativa, 
essa menor capacidade de suporte decorrente da utilização de menor período de descanso não 
necessariamente incide em menor produtividade animal.
Conforme simulação na Tabela 3, a utilização de menor período de descanso (PD) (2,5 
novas folha/perfilho, equivalente naquela situação a 25 dias) implica em maior desempenho 
individual dos animais. Embora a taxa de lotação nessa pastagem tenha sido 13% menor que 
naquela sob período de descanso intermediário, o ganho médio diário dos novilhos foi 29% 
superior, diminuindo a diferença em kg PV/ha × ciclo para apenas 17%, ainda em prol da 
pastagem sob período de descanso intermediário. Assim, para se fazer a engorda/terminação de 
novilhos em pastejo (os animais atingem 280 kg na recria, entram no pastejo e são abatidos 
com 450 kg de peso vivo), seriam gastos aproximadamente 241 dias na pastagem sob menor 
período de descanso, ao passo que, em pastagem sob período de descanso intermediário, se-
riam necessários 311 dias para terminação desses mesmos novilhos em pastejo. Como conse-
qüência, ao longo de um ano, seriam obtidos 1,51 lote terminado em manejo mais intensivo 
(PD mais curto, considerando que a pastagem fosse manejada intensivamente o ano todo) e 
1,17 lote terminado em pastagem sob PD intermediário. Ao final de um ano, a produtividade, 
em arrobas produzidas, seria de 53/ha na pastagem sob menor PD e de 47@/ha na pastagem 
sob PD intermediário, 13% a mais, obtendo-se ainda animais mais precoces e, possivelmente, 
com maior rendimento de carcaça e maior qualidade da carne (maciez, textura, entre outras 
características).
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Tabela 3 – Efeito do período de descanso sobre o ganho por animal e o ganho por área ao 
longo de um ano em pastagem de capim-mombaça.
PD GMD TL PD PP CP GMD Pi Pf Tempo Lotes Produtiv
fol/perf g/nov*d nov/ha dias dias dias kg/ha*cic kg kg dias /ano @/ha*an
2,5 704 6,2 25 5 30 131 280 450 241 1,51 53
3,5 546 7,0 35 5 40 153 280 450 311 1,17 47
4,5 433 6,7 45 5 50 145 280 450 393 0,93 35
PD: período de descanso, com base no número de novas folhas/perfilho na rebrotação (2,5 ≅ 25 dias, 3,5 ≅ 35 dias e 4,5 ≅ 45 dias nas 
condições da pesquisa citada e durante um período de chuva constante); Res: condição residual; IAF: índice de área foliar; GMD: ganho 
médio diário; TL: taxa de lotação; PP: período de pastejo; CP: ciclo de pastejo; Pi: peso vivo inicial; Pf: peso vivo final. Fonte: adaptado de 
Cândido (2003).
Esse é um raro exemplo da maximização do ganho por animal e do ganho por área, ob-
tidos simultaneamente. Embora essa simulação tenha sido feita com base no desempenho de 
animais para corte, uma resposta similar poderia ser obtida com animais leiteiros, ou seja, 
mesmo que a produção de leite/ha x ciclo fosse inferior,em decorrência da menor taxa de lo-
tação que a pastagem suportaria, os animais seria rotacionados mais rapidamente no sistema, 
ocorrendo mais ciclos durante o ano e aumentando a produtividade/ha/ano.
Na lotação contínua, ao impor adequada pressão de pastejo, obtém-se maior rendimento 
animal (e, talvez, um controle da estrutura do dossel), mas o desempenho animal pode ser 
comprometido, enquanto, em situações em que o desempenho animal sob lotação contínua é 
priorizado, é necessária maior oferta de forragem e, provavelmente, há comprometimento da es-
trutura do dossel em períodos mais longos, sobretudo quando utilizadas espécies cespitosas.
Além dessas vantagens, o sistema de lotação rotativa com menor período de descanso 
exige menor gasto com divisões da pastagem, em comparação àqueles com maior número de 
piquetes, o que o torna menos oneroso que outros sistemas com período de descanso mais lon-
go e, conseqüentemente, com maior número de piquetes.
Quando se trabalha com gramíneas cespitosas (entouceiradas), a freqüência de pastejo 
pode ser usada no controle da estrutura do dossel, o que torna o método de pastejo sob lotação 
rotativa uma prática recomendável, devendo-se ponderar sua utilização principalmente quan-
do utilizadas espécies/cultivares de alongamento precoce do colmo. Nos sistemas de lotação 
contínua, por mais alta que seja a pressão de pastejo, algum tipo de seletividade é exercida 
pelo ruminante, tornando o dossel verticalmente heterogêneo e favorecendo o alongamento das 
hastes em diferentes pontos da pastagem, processo que, depois de desencadeado, dificilmente 
poderá ser revertido apenas pela variação da taxa de lotação, tornando necessárias intervenções 
mecânicas (roçada), o que eleva o custo de produção da forragem e do produto animal obtido.
10-3 Eficiência de utilização da forragem em condições de pastejo
Com o propósito de aumentar a uniformidade de pastejo com vacas leiteiras em áreas 
sob lotação rotativa com o uso de cerca elétrica, tem-se utilizado uma cerca temporária em 
cada piquete (Figura 7). Por essa técnica, mesmo que pastejo seja realizado por apenas um dia 
(pastejo em faixas), um fio eletrificado é colocado dividindo o piquete ao meio. Dessa forma, o 
rebanho leiteiro colocado no piquete pela primeira vez tem acesso apenas à primeira metade da 
pastagem e, ao ser conduzido para a ordenha da tarde, o fio eletrificado é removido, deixando 
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todo o piquete à disposição do rebanho. Essa prática resulta em um pastejo mais uniforme, 
visto que, antes da ordenha da tarde, as vacas têm acesso apenas à primeira metade do pique-
te. Após a ordenha da tarde, mesmo que todo o piquete seja disponibilizado para o rebanho, 
a atividade de pastejo se concentra na segunda metade, que ainda não foi pastejada. Após a 
ordenha da manhã no dia seguinte, o rebanho é conduzido ao piquete seguinte, onde é feito o 
mesmo procedimento. Além da utilização mais uniforme da pastagem, observações empíricas 
têm indicado aumento no consumo de pastagem pelas vacas leiteiras, como resultado do estí-
mulo do contato com uma área intocada depois de cada ordenha.
Uma variação dessa técnica pode ser a utilização de uma pastagem dimensionada, para 
obtenção de um período de permanência de dois dias em cada piquete (por exemplo, 14 pi-
quetes, com 26 dias de descanso e dois de pastejo). Nesse caso, podem ser adotadas quatro 
posições diferentes do fio no piquete, uma para cada meio dia de pastejo (Figura 8). Portanto, 
haveria “quatro quartos de piquete” para dois dias (“um quarto” após cada ordenha). Essa 
prática, além de reduzir os custos com subdivisões fixas (estacotes, entradas, isoladores, etc.), 
propicia mais flexibilidade de manejo, que é o controle da área de pastagem a ser fornecida 
após cada ordenha. Se em determinado piquete a massa de forragem for superior ao necessário 
para suportar aquele rebanho (porque as plantas cresceram acima da média naquele período), 
pode-se permitir o uso de menor proporção da área, reduzindo o tamanho disponibilizado para 
o rebanho a cada metade do dia. O restante que não foi utilizado poderia ser cortado e conser-
vado.
Figura 7 - Utilização de cerca temporária (fio eletrificado) para aumentar a eficiência de 
utilização da forragem em pastagens sob lotação rotativa. Essa prática simples de manejo tem 
duas vantagens: aumenta a uniformidade de pastejo, favorecendo a rebrotação, e estimula o 
consumo pelos animais, visto que, a cada ordenha (duas vezes ao dia), as vacas têm contato 
com uma área que ainda não foi pisoteada.
Por outro lado, uma área que teve seu crescimento comprometido (por um veranico du-
rante a rebrotação, por exemplo) poderia ser aumentada e disponibilizada no primeiro dia, na 
tentativa de que, no final da área, que corresponderia a outro piquete, fossem feitas 28 subdivi-
sões (em vez de 14), e pudesse oferecer mais forragem (caso essa pastagem do final do piquete 
tivesse crescido acima da média naquele período), o que possibilitaria manter o rebanho em 
uma área menor que aquela utilizada no dia anterior. O objetivo é propiciar maior flexibilidade 
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de manejo, uma premissa para se trabalhar com produção animal em pastejo, quando são su-
jeitas imprevisibilidades de clima e de efeitos adversos do próprio pastejo.
Figura 8 - Utilização de cerca temporária (fio eletrificado) para aumentar a eficiência de 
utilização da forragem em pastagens sob lotação rotativa com metade do número de piquetes 
desejado. Essa prática tem uma vantagem em relação à situação anterior: permite que a massa 
de forragem dos dois piquetes do caso anterior seja “balanceada” para o rebanho ao longo de 
dois dias de pastejo, de acordo com a massa de forragem em cada parte desse “piquete maior” 
(que representa dois piquetes do caso anterior, com 28 subdivisões fixas na pastagem). Esse 
posicionamento do fio eletrificado no piquete não precisa corresponder exatamente a cada 
quarto do piquete, podendo-se ponderar o posicionamento conforme a massa de forragem em 
cada porção do piquete, o que pode ser medido no campo amostrando-se a massa de forragem 
com uma moldura ou de modo indireto, com uma régua graduada para determinar a altura da 
pastagem.
11- Composição do leite x alimentação
É cada vez mais freqüente a preocupação com a qualidade do leite, relacionada tanto à 
sua microbiologia quanto à sua composição em sólidos totais. No Brasil, este aspecto começa 
a ganhar força, enquanto em países como Estados Unidos e Nova Zelândia o preço pago é 
estabelecido em função do teor de constituintes específicos. Na Nova Zelândia, por exemplo, 
são necessários 11,8 kg de leite para produção de 1 kg de sólidos lácteos, enquanto, no Brasil, 
seriam necessários 14,5 kg de leite para essa mesma produção (Silva et al., 2005).
Obviamente, esses parâmetros de qualidade somente serão aplicados quando se estabe-
lecerem critérios para o pagamento por qualidade. A indústria tem interesse em aumentar seu 
rendimento na fabricação dos derivados do leite e pode estimular a compra de leite conforme 
determinados padrões. 
Entre os diversos fatores que afetam a composição do leite, destacam-se a genética, a 
alimentação, a idade e o período de lactação. Silva et al. (2005) estudaram a possibilidade de 
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alteração da composição do leite por meio do melhoramento genético do rebanho. Na Tabela 4 
é descrita a composição do leite de diversas raças leiteiras usadasno Brasil.
A gordura é o constituinte do leite de maior variação fenotípica. Segundo Carvalho (2006), 
enquanto o teor de proteína do leite varia de 0,4 unidades percentuais, em casos extremos, a 
gordura pode variar de 2 a 3 unidades percentuais em reposta à composição da dieta.
O conhecimento da composição do leite resulta em beneficia ao produtor por consistir em 
uma importante ferramenta da avaliação nutricional, revelando informações sobre a eficiência 
de utilização dos nutrientes e sobre a saúde animal (Carvalho, 2006). Na Tabela 5, são apre-
sentados alguns fatores que contribuem para a alteração do teor de gordura no leite.
Tabela 4 – Composição média do leite de várias raças leiteiras (g/100g)
Raça Gordura Proteína Lactose Sólidos totais Relação Gord:Ptn
Holandesa 3,54 3,29 4,68 12,16 1:0,93
Ayrshire 3,95 3,48 4,60 12,77 1:0,88
Guernsey 4,72 3,75 4,71 14,04 1:0,79
Jersey 5,13 3,98 4,83 14,42 1:0,76
Pardo-Suíça 3,99 3,64 4,94 13,08 1:0,91
Gir leiteiro 4,35 3,38 4,64 13,18 1:0,78
Fonte: adaptado de Silva et al. (2005).
O teor de proteína do leite, no entanto, é pouco influenciado pela composição protéica 
dieta. Segundo Carvalho (2006), pesquisas têm indicado que, para cada 1% de aumento na 
proteína de uma dieta que tem entre 9 e 17% de proteína, ocorre variação de apenas 0,02% no 
teor de proteína do leite. O teor de proteína da dieta afeta muito mais a quantidade que a com-
posição do leite produzido. Neste sentido, o manejo de pastagens tropicais visando alta oferta 
de forragem de qualidade, caracterizada por predominância de folhas verdes, baixa participação 
de colmos e material senescente, contribui para a elevação do teor de proteína da forragem 
permitindo incrementos na produção de leite.
Poucos trabalhos revelam diferenças na constituição do leite em resposta aos tipos de 
gramíneas tropicais. Ceballo et al. (2006), em estudo realizado em Cuba, classificaram os 
sistemas de manejo alimentar de acordo com o tipo de dieta básica: baixo rendimento em leite 
e menor teor de sólidos totais - são utilizadas pastagens sem irrigação e sem fertilização, asso-
ciadas ao uso de cana-de açúcar, bagaço, melaço e outros subprodutos da indústria de cana; 
e bons rendimentos e boa composição do leite - são utilizados bancos de proteínas (leguminei-
ras), sistemas silvipastoris com leucena (Leucaena leucocephala), pastagens fertilizadas com 
nitrogênio ou a combinação desses recursos com concentrados.
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Tabela 5 – Fatores que afetam o teor de gordura do leite
Aumentam o teor de gordura Reduzem o teor de gordura
Baixa produção de leite Alta proporção de concentrados
Alto teor de fibra na dieta (FDN) Baixo teor de FDN efetiva (<21%)
Baixo teor de concentrado Alto teor de carboidratos não-estruturais na dieta
Subprodutos fibrosos em vez de concentrados ricos 
em amido
Alimentos moídos ou de rápida degradação ruminal
Fornecimento de ração completa em comparação 
ao fornecimento em separado de volumoso e con-
centrado
Subprodutos fibrosos em vez de volumosos
Manejo da alimentação: espaço de cocho (0,80 
m/vaca), vários tratos diários
Dietas úmidas (> 50% de umidade)
Estresse
Mudanças bruscas na dieta
Fonte: adaptado de Carvalho (2006).
Outra possibilidade para o desenvolvimento de produtos lácteos com características nu-
tracêuticas (alimentos funcionais) foi avaliada por Donnelly (2006), que demonstrou algumas 
propriedades benéficas do leite para a saúde humana, além do fornecimento de cálcio, proteína 
e outros nutrientes. A produção desses alimentos possivelmente também estará associada a 
práticas de manejo e nutrição, inclusive explorando o maior ou o menor potencial das espécies 
forrageiras em estimular substâncias de interesse no leite. 
12- Considerações Finais
O Brasil e o estado de Tocantins apresentam grande potencial para a produção de leite 
mediante o uso intensivo de pastagens cultivadas, tendo em vista o aumento da produtividade 
dos rebanhos. Entretanto, esse manejo intensivo de pastagens exige conhecimentos sobre as 
relações entre o solo a planta e o animal, evitando assim o colapso do sistema de produção 
que, por sua vez, poderia levar técnicos e produtores ao questionamento da eficiência do uso de 
técnicas intensivas de manejo.
As pesquisas devem ser intensificadas e direcionadas a estudos morfofisiológicos de gra-
míneas tropicais sob diversos métodos de pastejo e à investigação das respostas dos animais 
às diferentes condições de manejo da pastagem, considerando as diversidades de solo e clima 
das diversas regiões brasileiras e tomando-se o cuidado para não apenas reproduzir localmente 
tecnologias que deram certo em outras regiões do País.
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Manejo de pastagens para produção intensiva
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13 - Referências Bibliográficas
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Produção e Conservação de
Volumosos para Reserva
Estratégica
José Neuman Miranda Neiva
Tadeu Vinhas Voltolini
1 - Introdução
As regiões tropicais são caracterizadas pela estacionalidade na produção de forragem, 
que, conseqüentemente, leva à produção estacional dos rebanhos, criando o fenômeno de safra 
e entressafra.
Vários autores têm destacado que a entressafra causa sérios prejuízos aos produtores, 
pois, na maioria das vezes, boa parte do ganho de peso obtido pelo animal no período chuvoso 
é perdida no período seco do ano. Esse fato tem levado à perda de produtividade dos animais 
quando se avalia a produção de leite e carne ao longo do ano, ou mesmo de sua vida útil.
Embora não seja possível separar ou excluir tecnologias, sabe-se que, em sistemas de 
produção de leite, a melhoria na nutrição dos rebanhos promove grandes avanços nos índices 
zootécnicos e econômicos. É importante ressaltar que a adoção de adequado manejo sanitário 
e reprodutivo, assim como o melhoramento genético, não pode ser descartada ou negligenciada 
nesses sistemas.
Considerando que no Brasil a produção de animais ruminantes com base na suplementa-
ção com concentrados tem se mostrado pouco viável, entende-se que a produção eficiente de 
volumosos de qualidade e baixo custo deve ser prioridade das propriedades pecuárias. Assim, 
serão abordadas neste capítulo algumas técnicas de produção e conservação de volumosos para 
alimentação de rebanhos leiteiros. Entre as culturas apresentadas para a produção de silagem, 
serão destacados o milho, o sorgo, o capim-elefante e o milheto. Além dessas espécies, será 
enfocada a utilização da cana-de-açúcar, principal opção para corte e fornecimento direto no 
cocho.
Entre as diversas alternativas de manejo existentes, a conservação de forragem em for-
ma de silagem tem se mostrado uma das mais viáveis em vários países do mundo. Apesar da 
inexistência de uma técnica universal que possa ser aplicada de forma eficiente para todos os 
sistemas de produção, não se pode negar que a ensilagem do excesso de forragem produzido no 
período chuvoso para o uso durante a seca constitui uma técnica aceita por técnicos de regiões 
tropicais.
São diversas as plantas forrageiras que podem ser ensiladas, entre as mais usadas no Bra-
sil, destacam-se o milho, o sorgo, o capim-elefante e, atualmente, gramíneas tropicais utilizadas 
tradicionalmente para pastejo direto, como as dos gêneros Panicum, Brachiaria e Cynodon. O 
milho e o sorgo são considerados culturas que atendem às várias exigências para produção de 
silagens de boa qualidade, enquanto o capim-elefante e outras gramíneastropicais apresentam 
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limitações que precisam ser superadas para o sucesso na sua ensilagem. A seguir, serão citadas 
as principais características de uma forrageira indicada para ensilagem.
2-1 Teor de matéria seca
Para que o processo fermentativo ocorra de forma satisfatória, o teor de matéria seca da 
forragem deve ser de 30 a 35% (McDonald, 1981). Teores de matéria seca inferiores a 30% 
permitem a proliferação de bactérias do gênero Clostridium, causadoras de fermentações inde-
sejáveis e, conseqüentemente, de perdas nas silagens.
Silagens com teores de matéria seca acima de 35%, no entanto, tendem a dificultar a 
compactação, o que ocasiona maior quantidade de oxigênio na massa ensilada e, finalmente, 
proliferação de fungos, elevação da temperatura e perdas.
2-2 Teor de carboidratos solúveis em água
Os carboidratos solúveis em água são os principais substratos utilizados pelas bactérias 
produtoras de ácido lático. Portanto, é necessário um mínimo de carboidratos solúveis para a 
produção de ácido lático e, conseqüentemente, para a redução do pH a valores que permitam 
a estabilização do processo fermentativo. Segundo McDONALD (1981), o teor mínimo de car-
boidratos solúveis em água na planta para produção de silagens de boa qualidade deve ser de 
12% da matéria seca.
2-3 Poder tampão
 Plantas com alto poder tampão tendem a originar silagens de baixa qualidade, pois, mes-
mo com nível razoável de carboidratos solúveis em água, não garantem a acidificação do meio, 
visto que, apesar de produzir ácido lático, a massa ensilada apresenta alterações do pH muito 
pequenas.
De modo geral, assume-se que plantas com altos teores de proteína bruta e umidade pos-
suem maior poder tampão e, conseqüentemente, menor ensilabilidade.
2-4 Produção de matéria seca
Pouco adianta ter espécies forrageiras com boas características químicas para a ocorrên-
cia de adequada fermentação se a produção de massa de forragem por hectare for reduzida. 
Sem perder de vista o valor nutritivo, a produção de matéria seca por hectare deve ser cons-
tantemente monitorada pelo técnico. Mantendo-se a qualidade da forragem, a produção é fator 
determinante para adequação dos custos de produção das silagens.
Parece consenso entre técnicos que, além das características inerentes à espécie, o ma-
nejo das culturas é fundamental para se atingirem produções mais elevadas. Segundo Nussio 
(1991), a população de plantas, a disponibilidade de água e nutrientes e o potencial genético 
para produção de uma variedade utilizada são os principais fatores a afetar a produtividade das 
culturas forrageiras.
2-5 Facilidade de colheita
Um aspecto a ser observado na escolha da espécie utilizada para ensilagem é a facilidade 
de colheita. Um dos motivos para a predominância do sorgo e do milho como espécies para 
ensilagem é exatamente a facilidade de implantação desta cultura e a colheita mecanizada. 
Por outro lado, o uso de várias gramíneas tropicais, como as dos gêneros Panicum, Bra-
chiaria e Cynodon, é relativamente restrito, visto que a colheita dessas culturas exige equipa-
mentos mais complexos. A cultura da cana-de-açúcar também tem como limitação para ensi-
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Produção e Conservação de Volumosos para Reserva Estratégica
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lagem, além dos problemas relacionados ao processo fermentativo, a dificuldade de colheita 
mecânica.
No entanto, deve-se destacar que, nos últimos anos, o item colheita tem sido facilitado 
pelo desenvolvimento de equipamentos nacionais com qualidade relativamente boa. Entretanto, 
não é exagero afirmar que essa área precisa melhorar de forma considerável para se atingir o 
nível dos países do primeiro mundo.
3- O Processo Fermentativo da Forragem
O processo fermentativo possui cinco fases: uma aeróbica, duas anaeróbicas, uma de 
estabilidade e a fase de abertura do silo, considerada “parcialmente aeróbica”, visto que ape-
nas a parte exposta tem contato com o oxigênio. Durante essas etapas, a forragem passa por 
complexas alterações bioquímicas e microbiológicas, sofrendo mudança substancial na sua 
constituição, principalmente quanto ao pH e ao teor de carboidratos fermentescíveis. A seguir, 
serão descritas as várias fases do processo fermentativo, segundo McDonald (1981), Oliveira 
(1998) e Cavalcante e Neiva (2005).
3-1 Fase aeróbica
Essa fase é caracterizada pela presença de oxigênio no material colhido, ou seja, o próprio 
oxigênio existente na planta. Nessa fase, predomina a respiração celular, que utiliza o oxigênio 
da planta e aquele oriundo do ar atmosférico e que não foi expulso via compactação para pro-
duzir CO2, calor e H2O. O substrato principal nessa fase são os carboidratos solúveis em água, 
de fácil assimilação no processo bioquímico. Esses carboidratos são açúcares simples que, além 
de utilizados no processo fermentativo, constituem importante fonte de energia no ambiente 
ruminal. Assim, é importante entender que, na produção de silagens, práticas que acelerem 
o processo de enchimento e vedação do silo, além de boa compactação, têm efeito direto no 
desempenho produtivo dos animais alimentados com essas silagens. 
Quanto menor o período da fase aeróbica I (caracterizado por menor tempo de exposição 
do material picado), menor o gasto energético e maior o percentual de carboidratos solúveis 
em água remanescentes para utilização no rúmen dos animais. É importante salientar que os 
processos aeróbicos produzem CO2 e, conseqüentemente, ocorrem perdas de matéria seca da 
forragem ensilada. 
Outro aspecto a ser destacado é que a produção excessiva de calor pode acarretar comple-
xação de compostos nitrogenados com carboidratos (Reação de Maillard), tornando indisponível 
parte da proteína da planta ensilada.
3-2 Fase anaeróbica I
Com o esgotamento do oxigênio na massa ensilada, estando o ambiente devidamente 
anaeróbico, inicia-se o rápido crescimento dos microrganismos adaptados a essas condições. 
Como nessa fase a temperatura ainda é elevada, predominam as enterobactérias (produtoras de 
ácido acético) e as bactérias enterofermentativas. Nessa fase, com duração de 2 a 3 dias em 
processos de ensilagem bem conduzidos, ocorre a formação de ácido acético, principalmente, 
de etanol, de ácido lático e CO2. Os principais substratos utilizados nessa fase são as hexo-
ses (glicose e frutose) e pentoses (xilose e ribose). Com a produção de ácidos, o pH começa a 
diminuir até atingir valores inferiores a 5,0, iniciando-se as restrições para o crescimento de 
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bactérias heterofermentativas, finalizando a fase anaeróbica I. 
É importante entender que vários fatores podem prolongar a duração da fase anaeróbica I 
e, conseqüentemente, causar significativas perdas nutricionais no material ensilado. Entre esses 
fatores, destaca-se a umidade excessiva, normalmente associada ao elevado poder tampão e ao 
atraso na redução do pH da massa ensilada. Destaca-se também que os teores de compostos 
nitrogenados exercem importante papel na elevação do poder tampão da forragem. Portanto, 
é importante salientar que o uso de produtos, como uréia, e de subprodutos protéicos, como o 
farelo de soja, pode comprometer a qualidade da silagem se não forem observados os teores de 
matéria seca e de carboidratos solúveis em água.
3-3 Fase anaeróbica II
Com a redução do pH para valores inferiores a 5,0, inicia-se a predominância de bactérias 
produtoras de ácido lático (homoláticas), acelerando a queda do pH. Mesmo com a predomi-
nância da fermentaçãolática, outros ácidos orgânicos como o acético, o propiônico e o butírico 
são produzidos. É importante que a silagem seja produzida de forma correta para que a concen-
tração desses ácidos orgânicos seja minimizada e a do ácido lático seja predominante, visto que 
esse ácido apresenta menor constante de dissociação, sendo, portanto, mais forte, contribuindo 
para rápida redução no pH e maior estabilidade após a abertura do silo.
3-4 Fase de estabilidade
Quando o pH da massa ensilada atinge valores próximos a 4,0 (3,8 a 4,2), a população 
de bactérias láticas é inibida, os processos de produção de ácidos são interrompidos e a silagem 
entra em fase de estabilidade. Não havendo problema que permita a entrada de ar no silo, a 
massa ensilada fermentada permanece estável até a abertura do silo. É importante ressaltar 
que, quanto mais rápida a queda do pH durante a fermentação, melhor a preservação dos prin-
cípios nutritivos da forragem ensilada.
3-5 Fermentações após a abertura dos silos
Os baixos valores de pH das silagens garantem a conservação do material enquanto hou-
ver anaerobiose do meio. No entanto, após a abertura dos silos e o retorno da aerobiose na fase 
de retirada da silagem, as populações de bactérias aeróbicas, de fungos e leveduras voltam a 
crescer e a deteriorar o material.
É importante ter consciência de que o contato da silagem com o ar após a abertura do silo 
é um problema de ordem prática e irreversível, ou seja, sempre o silo deverá ser aberto para 
retirada da silagem armazenada. No entanto, o efeito dessa exposição ao oxigênio será menos 
deletério se forem feitas diariamente práticas como boa compactação e retirada de quantidade 
maior de silagem. Segundo Oliveira (1998), uma fatia de 15 cm deve ser retirada diariamente 
para garantir que a exposição da silagem ao oxigênio será minimizada.
4- Milho (Zea mays L.)
4-1 Vantagens do uso do milho para silagem
Há muitos anos, o milho é considerado forrageira padrão para ensilagem. Na maioria dos 
artigos abordando a utilização de novas plantas para produção de silagem, o milho é conside-
rado forrageira padrão para todas as comparações. Esse fato decorre de vários fatores, desde a 
facilidade de cultivo – o milho é bastante conhecido e cosmopolita, sendo cultivado em pratica-
mente em todo o território brasileiro – até a colheita, o que facilita o plantio, pela disponibilida-
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de de recursos tecnológicos em grande parte do território nacional.
Outro aspecto importante é o grande número de variedades disponíveis no mercado. Há 
variedades adaptadas para quase todas as regiões do Brasil, o que permite boas produtividades 
dessa cultura em praticamente todas as regiões. Aliada à boa produtividade, destaca-se a alta 
ensilabilidade, pois esse material apresenta, se bem manejado e colhido no ponto ideal, exce-
lentes condições de fermentação, dispensando o uso de aditivos.
É importante destacar ainda que a silagem de milho possui alto nível energético e permite 
consumos de energia bastante elevados.
4-1 Produtividade
A produtividade da cultura do milho depende de vários fatores, entre eles, o potencial 
genético do cultivar ou híbrido, as condições edafoclimáticas, a época e a densidade de seme-
adura, a época de colheita e os tratos culturais.
De modo geral, a produtividade de massa verde de forragem para ensilagem tem se man-
tido em torno de 30 a 50 toneladas por hectare e a produção de matéria seca, em torno de 8 
a 16 t/ha. Além da produtividade, no entanto, deve-se observar a produção de matéria seca 
digestível por hectare. É comum, na busca de maior produção de matéria seca por hectare, o 
produtor optar por variedades de porte alto em vez de se atentar à qualidade da forragem pro-
duzida.
Outro importante aspecto a ser observado é a adaptação do cultivar ou híbrido à região, 
essencial principalmente quando são cultivadas grandes áreas, devendo-se identificar um cul-
tivar ou híbrido que já tenha sido testado na região. Quando isso não for possível, deve-se pelo 
menos buscar variedades com maior estabilidade, o que aumenta a chance de adaptação ao 
local.
4-2 Época de semeadura
Entre os fatores que afetam a produtividade do milho, destaca-se a época da semeadura, 
principalmente em virtude das oscilações na temperatura e umidade. De modo geral, o plantio 
do milho é feito nos períodos de agosto a fevereiro, caracterizando os plantios antecipados ou 
a safrinha.
Segundo Nussio (1991), na escolha do cultivar mais adequado para a época de semea-
dura, devem ser observados os seguintes aspectos:
a) plantios antecipados (agosto, setembro e início de outubro): recomenda-se o emprego 
de cultivares precoces, pois são mais adaptados a essas condições e exigem menos unidades 
de calor para o pleno desenvolvimento;
b) época normal (outubro-novembro): devem ser utilizados cultivares médios ou tardios 
(principalmente), que possuem adequado aproveitamento e tolerância aos fatores básicos de 
produção dessas épocas (calor, água e luz);
c) semeaduras tardias (dezembro e início de janeiro): deve-se dar preferência aos culti-
vares de ciclo médio ou tardio, pois nessa época o milho cresce muito rapidamente, graças à 
elevada temperatura e, normalmente, à intensa precipitação pluvial (chuva). 
d) safrinha (meados de janeiro a fevereiro): recomenda-se nesse período o cultivo de va-
riedades de ciclo médio ou precoce com reconhecida estabilidade produtiva. 
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4-3 Escolha dos híbridos ou das variedades
A “escolha de variedades de milho para ensilagem” consiste em assunto antigo e polê-
mico. Antes da abordagem desse tema, é importante atentar para um problema clássico na 
implantação de culturas de milho para ensilagem: o uso de sementes produzidas na própria fa-
zenda. Normalmente, esses materiais não passaram por nenhum processo de tratamento fitos-
sanitário e, o que é mais grave, não se conhece seu real potencial produtivo. Não seria exagero 
afirmar que, considerando os custos para implantação da cultura do milho, o uso de materiais 
de origem desconhecida é inaceitável e incompatível com o rigor necessário para o sucesso da 
ensilagem dessa cultura.
Uma preocupação recorrente dos produtores é buscar variedades que se adaptem às 
adversidades, como o preparo inadequado e a baixa fertilidade do solo. É importante observar 
que a adaptação de uma variedade a essas condições normalmente ocorre simultaneamente 
à redução da produtividade. É importante que, ao escolher uma variedade adaptada a essas 
adversidades, o produtor deve analisar a possibilidade de corrigir os problemas e utilizar varie-
dades mais produtivas.
Optando por buscar o máximo de produtividade, é necessário buscar as variedades mais 
adaptadas às condições edafoclimáticas da região e que apresentem características como alto 
valor nutritivo, adequado período de colheita e flexibilidade de plantio (época do ano).
Uma pergunta feita constantemente refere-se à viabilidade de se trabalhar com as varie-
dades forrageiras. Há alguns anos atrás, a recomendação padrão era que o produtor deveria 
optar sempre pela variedade que apresentasse na sua região maior produção potencial de grãos. 
Partia-se da premissa de que, quanto maior o percentual de grãos, maior seria o acúmulo de 
nutrientes digestíveis totais por hectare. Essa recomendação, embora ainda válida para muitas 
situações, passou a ser questionada, pois, considerando-se que a silagem de milho constitui-se, 
principalmente, em uma fonte de energia, deveriam ser escolhidas variedades com boa digesti-
bilidade das folhas e do caule.4-4 População de plantas
A população de plantas é fator preponderante para otimização da produtividade da cultura 
e, conseqüentemente, para obtenção de respostas adequadas às técnicas utilizadas, como ade-
quado preparo e correção dos solos, uso de material geneticamente superior e fatores climáticos 
favoráveis, como água, luz, temperatura, altitude e latitude.
Infelizmente, muitos produtores tentam, equivocadamente, aumentar a densidade popu-
lacional da cultura buscando maior produção de massa verde por hectare. É comum é encon-
trar uma gama de deficiências suficiente para limitar a produtividade, mesmo em populações 
consideradas conservadoras (40 a 50 mil plantas/ha). Essas limitações, se somadas a altas 
densidades populacionais, têm efeito altamente prejudicial, tanto em qualidade como em pro-
dutividade, além de causar, em muitos casos, problemas de acamamento.
A redução na qualidade da forragem é ocasionada principalmente pelo aumento na pro-
porção de plantas sem espigas e pela elevada porcentagem de folhas senescentes (de menor 
importância). A partir dos resultados de pesquisas, atualmente são recomendadas populações 
com 50 a 60 mil plantas por hectare.
É importante salientar que a possibilidade de uso de maiores densidades populacionais 
existe e que, em muitos casos, essas populações podem ser alteradas. É importante, no entan-
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to, que o técnico ou o produtor assuma que, para efetuar essa prática (maior densidade popu-
lacional), deve dispensar atenção para o adequado suprimento de água, nutrientes e, principal-
mente, deve utilizar variedades adaptadas a essa condição. Vale repetir que deve evitar o erro 
clássico de corrigir as deficiências edafoclimáticas com maiores densidades populacionais.
4-5 Ponto de colheita
O ponto de colheita do milho é fundamental para o sucesso de produção da silagem. Um 
dos erros mais comuns no processo de ensilagem do milho é a colheita das plantas quando 
se encontram no “ponto de pamonha”, quando normalmente apresentam teor de matéria seca 
inferior a 30%. Normalmente, quando as plantas começam a apresentar algumas folhas secas 
o produtor é induzido visualmente a ensilar a cultura. Essas folhas senescem, no entanto, como 
resultado de estresse hídrico ou deficiência mineral, especialmente de potássio. É importante 
saber que as folhas representam entre 12 e 15% da matéria seca total da planta de milho quan-
do esta planta apresenta entre 30 e 35% de matéria seca. Quando se colhe o milho no ponto 
de pamonha (menos que 30% de matéria seca), o percentual de espigas é de aproximadamente 
30% da matéria seca total da planta para uma produção total de 10,2 toneladas de matéria 
seca por hectare. Quando colhida com os grãos farináceos, o percentual de espigas da planta 
aumenta para 56,8% da matéria seca total da planta e a produção cresce para 11,8 toneladas 
de matéria seca por hectare (Agroceres, 2006). A colheita no ponto de pamonha prejudica a 
fermentação da massa ensilada, pois permite o crescimento de bactérias do gênero Clostridium 
e limita a produção de matéria seca de forragem por hectare.
Assim, a recomendação geral para colheita do milho para ensilagem é quando os grãos se 
encontram em estádio farináceo a farináceo duro e, conseqüentemente, teores de matéria seca 
entre 30 e 35%. 
5- SORGO (Sorghum bicolor (L.) Moench.)
O sorgo, segundo Zago (1991) é principalmente uma planta forrageira utilizada sob di-
versas formas em países como EUA, Argentina, México e Austrália, onde contribui significativa-
mente para minimizar os problemas decorrentes da estacionalidade da produção de forragem. 
No Brasil, a cultura do sorgo contribui com aproximadamente 10 a 12% da área total cultivada 
para silagem.
5-1 Vantagens do uso do sorgo para silagem
É importante que, ao decidir sobre a espécie a ser utilizada, o produtor tenha consciên-
cia de que sempre haverá vantagens e desvantagens (Miranda e Pereira, 2005). A silagem de 
sorgo destaca-se pelas seguintes vantagens: maior rusticidade; plantio em regiões marginais ao 
cultivo do milho; maior amplitude de época de plantio (setembro até março); menor custo de 
produção; elevado potencial de produção (até 100 t/ha de massa verde por ano, em dois cor-
tes); possibilidade de uso da rebrota (no segundo corte, pode-se obter 30 a 70% da produção 
obtida no primeiro corte, o que diminui o custo de produção por hectare); corte mais fácil e 
mais uniforme na colheita; e maior facilidade de compactação durante o processo de ensilagem. 
Além dessas vantagens, em áreas próximas a centros urbanos, plantios de milho estão sujeitos 
a roubo de espigas, o que não ocorre com a lavoura de sorgo.
O sorgo também apresenta algumas limitações: falta de tradição da cultura; lento estabe-
lecimento inicial da lavoura; escassez de herbicidas seletivos para o sorgo; sensibilidade ao frio; 
menor período de colheita; ataque de pássaros, o que pode constituir problema em lavouras 
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pequenas; sensibilidade ao fotoperíodo (principalmente em cultivares de porte alto); possibili-
dade de acamamento ou tombamento da planta, o que limita muito o plantio de cultivares de 
porte alto (acima de 2,70 m de altura). Essa é uma característica genética, muito influenciada 
por fatores de ambiente, como adubação, balanço de nitrogênio e potássio, ventos, doenças, 
densidade, entre outros.
5-2 Produtividade
O potencial de produção de matéria seca aumenta com a altura da planta, enquanto a 
porcentagem de panícula decresce a uma taxa menor nos híbridos de porte baixo ou médio, 
reduzindo em uma taxa maior naqueles cultivares de porte muito alto – o inverso ocorre com 
a porcentagem de colmos. Como a relação folha × colmo × panícula influencia diretamente o 
valor nutritivo da silagem, os esforços têm sido direcionados ao desenvolvimento de híbridos 
com bom equilíbrio entre essas partes (Zago, 1999).
Segundo Demarchi et al. (1995), os híbridos de sorgo de porte médio e de duplo-propósi-
to (silagens mais similares às de milho), em comparação aos de porte alto, apresentam normal-
mente menor produção de matéria seca por hectare. Segundo esses autores, produções de 11 
a 13, de 13 a 16 e superiores a 16 t/ha de MS, com porcentagens de panículas próximas a 40 
e 30 e menores que 20% são comuns, respectivamente, para sorgos de portes baixo, médio e 
alto. Em alguns experimentos, as produções de matéria seca obtidas com a cultura de sorgo no 
primeiro corte têm variado de 11 a 15 t/ha, semelhantes às obtidas com a cultura do milho. 
Além do porte dos híbridos ou das variedades, outros fatores influenciam a produtividade 
do sorgo. Gontijo Neto et al. (2002) estudaram o efeito da adubação sobre a produção e a qua-
lidade de cinco híbridos de sorgo – dois comerciais (AG-2002 e AG-2005E) e três, na época 
do teste, experimentais (AG-X202, AG-X213 e AG-X215) – e recomendaram como nível de 
adubação para a área, com base na análise de solo, 350 kg/ha de 06-28-08 no plantio e 350 
kg/ha de sulfato de amônio em cobertura (total de 91 kg de N/ha, 98 kg de P2O5/ha e 28 kg de 
K2O/ha). Os níveis de adubação testados foram: sem adubação de plantio e cobertura, metade, 
uma vez e duas vezes a adubação recomendada de plantio e cobertura. 
A produção de matéria seca foi maior para os híbridos de porte alto e apresentou alta cor-
relação (0,91%) com a produção de matéria seca digestível – ambas aumentaram linearmente 
com o nível de adubação. A digestibilidade in vitro da matéria seca foi maior para o AG-2002E 
(duplo-propósito) e também aumentou linearmente com o nível de adubação.
O fato de híbridosde porte elevado apresentarem menor proporção de panícula e, mesmo 
assim, proporcionarem maior produção de matéria seca digestível por hectare indica a possibi-
lidade de se trabalhar com esses materiais para otimizar a produção de matéria seca digestível 
por hectare.
5-3 Época de semeadura
O Centro Nacional de Pesquisa de Milho e Sorgo (EMBRAPA – CNPMS) recomenda que o 
cultivo de sorgo nas diversas regiões de Minas Gerais seja feito no período de 15 de outubro a 
30 de novembro, advertindo que, a partir desta data, ocorre decréscimo gradativo da produção 
de grãos, como resultado das deficiências climáticas, que aumentam a incidência de panículas 
vazias e a probabilidade de ataque da mosca do sorgo (Contarinea sorghicola), que também 
pode contribuir para essa redução.
Considerando a grande variação climática do Brasil e visando ao maior aproveitamento 
da rebrota, Demarchi et al. (1995) propuseram a seguinte distribuição para o plantio de sorgos 
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granífero e forrageiro: Região Sul - plantio no mês de setembro até meados de novembro; regi-
ões Sudeste e Centro-Oeste - plantio no mês de outubro até a segunda quinzena de novembro; 
Região Nordeste - plantio em março até meados de abril.
Embora alguns autores recomendem que a época de plantio para a Região Norte seja a 
mesma utilizada para as regiões Sudeste e Centro-Oeste, um simples estudo da distribuição da 
precipitação pluvial da região sugere que essa prática não pode ser considerada na sua totali-
dade. Talvez apenas na região centro-sul do Tocantins essa recomendação possa ser adotada 
sem restrições. Em grande parte da Região Norte, principalmente a área amazônica, verifica-se 
período chuvoso mais longo, o que permite plantios mais tardios, visto que as alterações quanto 
à luminosidade e ao comprimento do dia são insignificantes. Em grande parte dessa região, o 
plantio pode ser feito de meados de outubro até a primeira quinzena de janeiro, desde que pro-
gramados dois cortes, e até a segunda de fevereiro, caso seja projetado apenas um corte.
Nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, utilizam-se o milho ou o sorgo em sucessão à soja, 
principalmente por sua maior tolerância à escassez de chuvas após o mês de março. Algumas 
variedades ou híbridos de sorgo plantados no início do verão possibilitam normalmente uma 
rebrota após o primeiro corte. Esta rebrota funciona como uma segunda safra, pois, no caso de 
sorgos forrageiros, dependendo da época do primeiro corte, das práticas culturais, do clima, do 
solo e do ano, pode proporcionar 20 a 50% do rendimento obtido no primeiro corte. Em razão 
da maior incidência de acamamento, sorgos forrageiros de porte alto têm sido semeados em 
épocas mais tardias ou como safrinha como forma de evitar que o período de colheita coincida 
com épocas de chuvas mais intensas.
5-4 População de plantas e espaçamento de plantio
A recomendação de densidade de plantas por hectare tem sido um tanto generalista, va-
riando em torno de 200 mil plantas/ha na maioria das referências. Considerando a diversidade 
fenológica dos cultivares e híbridos existentes, parece lógico que uma única densidade de plan-
tio não permita o máximo de produtividade desses materiais.
Na prática, tem-se utilizado uma única densidade de plantio, desconsiderando o tipo de 
sorgo no momento de determinação do estande, o que, normalmente, resulta em superpopu-
lação para sorgos mais altos e subpopulação para sorgos graníferos. Esses problemas estão 
relacionados, ainda, à ineficiência no processo de plantio, à falta de ajuste das semeadoras, ao 
equipamento em péssimo estado, à profundidade acima do permitido e ao adubo misturado à 
semente.
Segundo Demarchi et al. (1995), tanto para sorgos graníferos (principalmente) como 
para os forrageiros e sacarinos, em solos de boa fertilidade e em regiões de boa distribuição de 
chuvas, obtêm-se maiores produções com espaçamento de 0,5 a 0,7 m entre fileiras, verifican-
do-se ocasionalmente preferência pelo espaçamento maior por proporcionar maior facilidade de 
manejo. A densidade ideal para o sorgo granífero tem sido apontada como a mais próxima de 
200 mil plantas/ha, enquanto, para os forrageiros, recomenda-se reduzir essa densidade para, 
no máximo, 150 mil visando diminuir o acamamento, que, normalmente, pode ocorrer em po-
pulações maiores. No caso de sorgos forrageiros, as produções de matéria seca e matéria seca 
digestível aumentam até a população de 150 mil plantas/ha, dependendo do híbrido utilizado. 
Para sorgos de duplo-propósito ou silageiros, podem ser utilizados também espaçamentos de 
80 a 90 cm, similares aos de milho, porém com aproximadamente 8 a 10 plantas por metro 
linear (90 a 125 mil plantas/ha). 
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O gasto de sementes no plantio varia com o tipo de sorgo, o tamanho e o valor cultural 
das sementes e a população desejada. De modo geral, são necessários 8 a 10 kg de sementes 
por ha de sementes. É importante que o produtor se atente às orientações de plantio da empre-
sa fornecedora da semente, pois, de modo geral, os híbridos ou cultivares comercializados por 
empresas idôneas foram testados e a recomendação é confiável e, principalmente, útil.
5-6 Ponto de colheita
O ponto de colheita do sorgo varia conforme as características da variedade. Variedades de 
porte médio/baixo devem ser colhidas quando os grãos na posição mediana da panícula atingi-
rem o ponto pastoso-farináceo, ou seja, quando não estão leitosos nem duros. As variedades de 
porte alto (sorgo forrageiro), no entanto, devem ser colhidas quando os grãos estiverem no está-
dio ferináceo-duro. Um aspecto importante a ser destacado é a grande preocupação do produtor 
rural em colher o sorgo quando aparecem as primeiras folhas secas. Sabe-se que plantas bem 
nutridas apresentam todas as folhas verdes quando do enchimento dos grãos, enquanto aquelas 
com deficiências hídricas ou minerais tendem à senescência precoce das folhas. Portanto, o 
produtor não deve se preocupar com o percentual de folhas senescentes, pois, além de não se-
rem um bom indicativo do perfil de umidade e maturidade da planta, essas folhas representam 
apenas 12% do total da massa ensilada (NUSSIO e PENATI, 1999). 
5-7 Escolha dos híbridos ou cultivares
Existem basicamente três tipos de sorgo para silagem: granífero, duplo-propósito e forra-
geiro. Os sorgos graníferos apresentam menor produção de matéria seca, porém, a forragem é 
de alta qualidade, ao passo que os forrageiros possuem altas produções de matéria seca e qua-
lidade normalmente baixa, em razão da baixa porcentagem de grãos. Os sorgos duplo-propósito 
se situam entre os graníferos e forrageiros, tanto em qualidade como em produção de matéria 
seca.
Silagens de sorgo apresentam 85 a 90% da qualidade e do valor nutritivo da silagem de 
milho (ZAGO, 1991). Obviamente, a variação entre os inúmeros híbridos existentes no mercado 
é alta. KALTON (1988) comparou 80 cultivares de sorgo nos EUA e verificou variações de 44,6 
a 62,1% na digestibilidade, de 4,5 a 8,2% nos teores de proteína bruta e de 48,3 a 71,9% nos 
teores de fibra em detergente neutro.
Na prática, a escolha do cultivar ou do híbrido de sorgo (ou do tipo) é realizada conside-
rando o rebanho existente na propriedade. 
SORGO FORRAGEIRO TRADICIONAL: são plantas de porte alto, com elevada produção de 
massa verde e de matéria seca. A maior vantagem do sorgo forrageiro tradicional é o baixo custo 
da silagem produzida. Entretanto, a qualidade da silagem, por sua baixa produção de grãos, é 
inferior à de uma boa silagem de milho. Em vários trabalhos, tem-se constatado, entretanto,que, mesmo havendo redução na qualidade da forragem, a produção de matéria seca digestível 
por hectare tem sido maior nesses híbridos de sorgo. Deve-se atentar, no entanto, que, para re-
banhos de alta produção, esses materiais dificultam a formulação de dietas com menores níveis 
de ração concentrada, pois apresentam baixos níveis de energia. Em geral, os sorgos forrageiros 
de porte alto comercializados no Brasil apresentam colmos suculentos, com alto teor de açúca-
res, pois são derivados do sorgo sacarino. 
Segundo Miranda e Pereira (2005), os cultivares de porte alto desenvolvidos no Centro-
Sul do País geralmente são sensíveis ao fotoperíodo, ou seja, a produção de forragem diminui 
quando o plantio é feito tardiamente. Quanto mais tarde o plantio, menor o crescimento das 
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plantas e menor a produção de massa verde. Cultivares de porte alto são muito propensos ao 
acamamento ou tombamento das plantas, podendo causar sérios prejuízos, afetando a quali-
dade e o custo da silagem, em decorrência da perda de grãos e de folhas, e dificultando ou 
impossibilitando a colheita mecanizada. 
Ao optar pelo plantio do sorgo forrageiro tradicional, o produtor e o técnico devem estar 
cientes dos riscos de acamamento, que pode ser minimizado com menores densidades e espa-
çamento de plantio. 
SORGO DUPLO-PROPÓSITO: na verdade, é preferível dizer que são sorgos forrageiros de 
alta qualidade. Produzem silagem de qualidade comparável à de milho. São híbridos de porte 
médio, com plantas de 2,00 a 2,30 m de altura. A produção de massa verde é alta e varia de 
40 a 55 t/ha no primeiro corte, com boa produção de grãos (4 a 6 t/ha), o que confere alta 
qualidade à silagem. Normalmente, a composição da matéria seca da silagem varia conforme 
a participação das diferentes partes da planta (35 a 45% de grãos, 15% de folhas e 40 a 50% 
de caule).
Esses sorgos devem ser preferenciais no plantio para produção de silagem de alta quali-
dade. 
SORGO GRANÍFERO: esses sorgos são de uso relativamente restrito na alimentação ani-
mal. São de porte baixo (menor que 1,70 m de altura) e desenvolvidos especialmente para a 
produção de grãos, que pode chegar a 8,0 t/ha de grãos secos, ou mais. Quando utilizados para 
silagem, possibilitam produção de massa verde muito baixa, geralmente inferior a 30 t/ha, o 
que eleva o custo de produção, todavia, a qualidade da silagem é alta, com elevada porcenta-
gem de grãos na matéria seca. O principal problema do uso de silagens de sorgo granífero é a 
elevada perda de grãos nas fezes dos animais.
Para compensar o menor porte da planta, elevar a produção de massa verde e reduzir 
o custo da silagem, recomenda-se aumentar a densidade de plantio (espaçamento de 60 cm 
entre linhas e 18 a 20 sementes por metro linear de sulco), visando obter população final de 
250.000 plantas por hectare na colheita. O gasto de sementes é de aproximadamente 10 kg/
ha. Em plantios na época normal, a rebrota produz pouca massa verde, não compensando a 
colheita para silagem, entretanto, a produção de grãos pode ser de 2 t/ha ou mais (Demarchi, 
1995).
As pesquisas científicas sobre o uso de sorgo granífero para produção de silagem são es-
cassas. Portanto, recomendações sobre seu uso devem ser feitas com reservas e apenas para 
propriedades de alto nível tecnológico e animais de alta produção (Neiva e Vasconcelos, 2000). 
A precocidade desse sorgo pode ser uma alternativa interessante para plantio na safrinha.
6- Capim-elefante (Pennisetum purpureum, Schum.)
Entre as forrageiras utilizadas para corte e fornecimento no cocho ou para ensilagem, o 
capim-elefante tem se destacado. Um dos motivos para sua utilização de forma bastante gene-
ralizada é seu elevado potencial produtivo nas mais variadas condições edafoclimáticas. 
Desde a década de 60, o capim-elefante foi difundido nas fazendas brasileiras, sendo ini-
cialmente utilizado como capineira para corte para fornecimento na época seca do ano. Como 
normalmente nessa época o capim-elefante se apresenta com baixo valor nutritivo, as pesquisas 
têm sido voltadas para o estudo da possibilidade de uso dessa forrageira na forma de silagem.
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Apesar da possibilidade de uso do capim-elefante verde picado, sua silagem é a forma 
mais recomendada, pois o corte na época da seca normalmente coincide com sua fase de cres-
cimento, quando os valores nutricionais são mínimos.
6-1 Vantagens do uso do capim-elefante
O capim-elefante pode ser encontrado na maioria das fazendas brasileiras, principalmente 
naquelas voltadas para a produção de leite. Entre as vantagens do seu uso, podemos destacar:
a) distribuição em praticamente todo o território brasileiro, o que facilita sua propagação 
entre propriedades;
b) elevada produtividade, com produção de elevadas quantidades de forragem por hectare 
quando bem manejado; 
c) a implantação de capineiras de capim-elefante é relativamente simples e, mesmo que 
a propagação seja vegetativa, o índice de “pegamento” é relativamente alto. Salienta-se que, 
embora haja comercialização de sementes de capim-elefante, os resultados são vistos com re-
servas, em decorrência do elevado preço. Além disso, o valor cultural dessas sementes ainda é 
muito baixo.
d) a forragem de capim-elefante, se bem produzida, pode resultar em silagens de boa 
qualidade e permitir uniformização da alimentação do rebanho ao longo do ano;
e) pode ser utilizada para fenação, principalmente quando em pequena escala, sendo 
excelente opção de volumoso para a criação de bezerros.
6-2 Produtividade e estacionalidade de produção
A capacidade produtiva de uma variedade constitui um dos mais complexos atributos a ser 
analisado. Como apresenta caráter multigênico, pode variar conforme o genótipo e as interações 
genótipo × ambiente.
Na verdade, assumindo que as características físico-químicas do solo não são limitantes, 
a duração do período chuvoso é um dos principais fatores que mais influenciam a produção 
anual de forragem de capim-elefante. Em condições normais de precipitação, obtém-se produ-
tividade de matéria seca de 150 kg/dia considerando-se corte aos 60 dias. Essa produtividade 
levaria ao acúmulo de 9 t de matéria seca aos 60 dias de rebrotação ou de 45 t de massa verde, 
considerando teor de matéria seca de 20%. 
Assumindo-se que os cortes sejam feitos a cada 60 dias, a produtividade anual aumenta 
quanto maior for o período de chuvas. É importante salientar que, em regiões onde a temperatu-
ra reduz para abaixo de 24oC, mesmo havendo disponibilidade de água no solo, o crescimento 
é comprometido. Em regiões onde a temperatura média anual permanece acima de 26oC, como 
é comum em boa parte das regiões Norte e Nordeste, pode-se obter excepcionais produções 
por hectare/ano, pois, suprindo-se a deficiência de água (irrigação), pode se efetuar até 6 cor-
tes/ano, o que poderá resultar em uma produção acumulada de 54 t de matéria seca/ano ou de 
270 toneladas de massa verde/ano.
Ressalta-se, entretanto, que na literatura há inúmeros relatos de produtividades em ter-
mos de matéria seca por hectare/dia superiores aos citados acima. Segundo Arias e Butterwort 
(1966) na Venezuela a produtividade de matéria seca atingiu 286 kg/dia.
Conforme comentado acima, para o manejo adequado uma capineira de capim-elefante é 
importante que se assuma que a sua produção é estacional. Em regiões tropicais, principalmen-
te pelo déficit hídrico e, em alguns casos, em virtude da baixa temperatura. 
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Essa estacionalidade é fator importante de se assumir, pois o correto manejo da capineira 
depende principalmente da conservação da forragem produzida nas águas para fornecimento na 
seca, quando a escassez de alimentos impera em muitos sistemas de produção. 
6-3 Plantio do capim-elefante
A implantação de uma capineira se inicia pela escolha do local, o qual deve ser próximo 
ao local de alimentação dos animais, visando facilitar o transporte diário da forragem ou mesmo 
para a ensilagem, com topografia que favoreça a colheita manual ou mecanizada e, se possível, 
em área com solos de boa fertilidade (Gomide, 1990). Em regiões semi-áridas, muitas vezes, 
o produtor é obrigado a ingnorar essas recomendações e buscar locais com solos mais úmidos 
ou que permitam a irrigação.
Quanto à fertilidade dos solos, deve-se atentar para a baixa adaptação do capim-elefante 
aos solos com altos níveis de alumínio e baixos de cálcio. Sugere-se o atendimento às reco-
mendações da CFSEME (1999) ou às informações contidas nesse livro no capítulo Formação e 
Manejo de Pastagens (Nóbrega e Santos, 2006). Além da fertilidade do solo, os leitores poderão 
encontrar nesse capítulo informações sobre preparo e manejo do solo.
Um importante aspecto a ser discutido refere-se ao cuidado com as mudas. Ao contrário 
do que a maioria dos produtores pensa, uma boa muda não é obtida de plantas velhas. O ideal 
é trabalhar com mudas (colmos) de 3 a 4 meses de idade, sem perfilhamento lateral. Esses 
colmos devem ser deitados inteiros dentro dos sulcos de plantio.
Os sulcos devem estar espaçados de 0,7 a 1,0 m e com profundidade de 15 a 20 cm. 
Espaçamentos menores têm sido utilizados principalmente quando se pretende utilizar o capim-
elefante para pastejo.
A época ideal para implantação da capineira é no início período chuvoso. Se bem implan-
tada, entre 70 e 80 dias a área já poderá ser cortada para utilização com forragem no cocho 
ou ensilagem.
6-4 Escolha das variedades
A escolha da variedade de capim-elefante a ser utilizada na formação da capineira é polê-
mica e antiga. Ao longo dos anos, o produtor tem se preocupado demasiadamente em encontrar 
uma variedade que seja produtiva, de alto valor nutritivo e acima de tudo, adaptada às condi-
ções de clima e solo de sua propriedade. Assim, de tempos em tempos, surgem as variedades 
“da moda” como elefante-rôxo, gramafante, pioneiro e outros lançados comercialmente. De 
modo geral, os resultados são desanimadores, não porque essas variedades sejam piores, mas 
pelas tentativas de substituir práticas como preparo e correção adequadas do solo, plantio em 
época correta pelo uso dessas variedades.
Ao longo dos anos, parece consenso entre pesquisadores que, mais importante do que 
a escolha da variedade de capim-elefante, o manejo da capineira (adubação, idade de corte, 
altura de corte e etc) é fator preponderante para seu bom desempenho produtivo.
Outro aspecto destacado por Gomide (1990) é que várias pesquisas comprovam, em ter-
mos de produtividade, pouca variação entre as variedades. Assim, antes de substituir a varieda-
de existente em determinada propriedade, é necessário avaliar de forma criteriosa o manejo ao 
qual a capineira está sendo submetida. Quanto às variedades lançadas por empresas privadas, 
deve-se atentar para os dados de pesquisa e sob quais condições os testes foram feitos. É co-
mum uma variedade testada apenas em uma condição edafoclimática ser difundida pelas várias 
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regiões do Brasil. O mais importante de se tomar conhecimento é que praticamente todas as 
variedades poderão propiciar bons rendimentos forrageiros se bem manejadas.
6-5 Valor nutritivo e manejo da capineira
Na literatura mundial, são muitos os registros da redução do valor nutritivo do capim-ele-
fante com o avançar da idade. 
Desta forma, fica patente que o manejo da capineira é condição essencial quando o ob-
jetivo é a colheita na época que propicia bons rendimentos e valor nutritivo. É importante, no 
entanto, técnicos e produtores se conscientizarem que esses dois itens do manejo (produção e 
qualidade) não podem ser maximizados simultaneamente. A produção máxima só é atingida 
quando o valor nutritivo é mínimo e vice-versa.
Esse comportamento é conhecido há muitos anos, pois Brito et al. (1966) já demonstra-
vam que, com quatro semanas de idade, o capim-elefante apresentava produção de 4,3 t de 
MS/ha e 9,7% de proteína bruta, enquanto o corte efetuado com 12 semanas permitiu produ-
ção de 21,2 toneladas de matéria seca e 5,7% de proteína bruta. Não parece lógico que 40 
anos depois ainda se cometam erros no manejo de capineiras, pois os dados sobre manejo são 
fartos na literatura e já existem há décadas.
Assim, pode-se pensar em recomendar algumas práticas de manejo da capineira. Existem 
duas recomendações básicas e gerais que se baseiam no manejo da capineira considerando sua 
idade ou a altura.
De modo geral, quando se busca o equilíbrio entre qualidade e produtividade, tê-se re-
comendado cortar o capim com 60 dias ou 1,80 m de altura. Na verdade, essa relação não é 
constante e apenas com o bom senso, o técnico poderá ajustar caso a caso. Variedades como a 
Cameroon, se bem adubadas, podem atingir até 2,20 m em condições ideais de solo, umidade 
e temperatura. Assim, em muitos casos, a orientação quanto à altura poderá ser abandonada, 
podendo-se trabalhar apenas com a idade. 
Em outros casos, em decorrência de problemas climáticos, veranico, por exemplo, a plan-
ta atinge 60 dias de idade, mas não atinge a altura ideal de corte. Assim, a idade “cronológica” 
não seria um bom parâmetro, devendo-se trabalhar com a idade “fisiológica”. Após o retorno 
das condições climáticas ideais, espera-se que as plantas atinjam a altura ideal de corte.
Ressalta-se que estas recomendações são baseadas na média das observações obtidas em 
várias pesquisas e que, na literatura mundial, existem diversas recomendações, observando-
se idade de corte desde 42 até 90 dias e altura de corte desde 1,50 até 2,20 m. Todas essas 
situações são possíveis e, novamente, o bom senso do técnico e do produtor deve prevalecer, 
pois a interação de vários fatores (solo, planta, temperatura, unidade, entre outros) é muito 
grande e permite a ocorrência desses fatos. O mais importante é não perder de vista o equilíbrio 
qualidade versus produção.
No entanto, o maior problema no manejo de capineiras é que a produção é estacional 
(época das chuvas) e coincide com o período de maior oferta de forragem. Assim, deve-se bus-
car alternativas para conservação desse excesso para ser utilizado no período de escassez de 
forragem (período seco).
A seguir, será discutida a ensilagem do capim-elefante como ferramenta de manejo das 
capineiras.
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6-6 Ensilagem do capim-elefante
Como discutido anteriormente, o capim-elefante atende a um dos requisitos básicos para 
ensilagem (elevada produção de matéria seca). No entanto, quando o capim elefante colhido 
com bom valor nutritivo, ou seja, com 60 dias de idade ou 1,80 m de altura, outros requisitos 
não são totalmente atendidos.
O primeiro requisito não atendido é o teor de matéria seca. Aos 60 dias de idade, normal-
mente essa gramínea apresenta teor de matéria seca inferior a 20%, muito aquém do recomen-
dado, 30 a 35% (McDonald, 1981). Teores de matéria seca inferiores a 30% permitem o cres-
cimento de bactérias do gênero Clostridium, que podem comprometer o processo fermentativo, 
seja pela intensa proteólise, seja pela transformaçãode ácido lático em ácido butírico.
Outro aspecto a ser considerado é o poder tampão do capim-elefante quando apresenta 
teores de matéria seca inferior a 20%. Segundo Gutierrez (1975), o poder tampão do capim-
elefante é de 38 a 40 e.mg de HCL/100 g de matéria seca aos 37 dias de idade e cai para 13 
a 17 e.mg HCL/100 g de matéria seca aos 67 dias de idade. Portanto, o corte em idade mais 
precoce implica maior demanda de carboidratos solúveis para produção de ácido lático para 
superar o elevado poder tampão do material e provocar a queda do pH para níveis de 3.8 a 4,2. 
A lenta redução no pH, conforme (item 3-1) permite que fermentações indesejáveis ocorram por 
mais tempo dentro do silo. 
Outro fator a ser considerado na avaliação da ensilabilidade do capim-elefante são os 
teores de carboidratos solúveis em água. Trabalhando com gramíneas temperadas, Kearney e 
Kennedy (1962) afirmaram que, se os teores de carboidratos solúveis reduzem para níveis infe-
riores a 15% da matéria seca ou 3% da matéria natural, a produção de ácido sofre limitações 
e, conseqüentemente, ocorre prejuízo para o processo fermentativo como um todo.
Atualmente, vários estudos têm comprovado que o capim-elefante, mesmo com níveis de 
carboidratos não-fibrosos inferiores aos citados por Kearney e Kennedy (1962), permite bom 
processo fermentativo (Candido, 2002; Ferreira et al., 2004). Então, mesmo com teores de 
carboidratos solúveis inferiores ao mínimo de 15% preconizado por Kearney e Kennedy (1962), 
o capim-elefante pode resultar em boas silagens, sendo necessário apenas aprimorar os cuida-
dos durante a ensilagem como, por exemplo, efetuar o processo com rapidez e garantir severa 
compactação.
6-6-1 Aditivos na ensilagem do capim elefante
Como discutido anteriormente, o capim-elefante apresenta três limitações importantes 
(baixos teores de matéria seca e carboidratos solúveis em água e elevado poder tampão). A 
maioria das pesquisas com ensilagem de capim-elefante é direcionada a recursos para se supe-
rar essas dificuldades. A seguir, são descritos alguns aditivos importantes e suas efetividades no 
sentido de melhorar o processo fermentativo.
a) Emurchecimento
Apesar de não ser um aditivo no sentido restrito, a técnica de emurchecimento será trata-
da como tal.
O emurchecimento é uma das práticas mais efetivas para o controle de fermentações 
indesejáveis na ensilagem do capim-elefante. Pesquisas desenvolvidas na Embrapa Gado de 
Leite demonstraram que o emurchecimento, se bem feito (e principalmente, se possível) seria 
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o principal recurso para corrigir as limitações para ensilagem do capim-elefante com elevados 
teores de matéria seca. 
Essa técnica consiste na remoção parcial da água da planta com os objetivos de restringir 
a extensão da fermentação no silo e reduzir a incidência de fermentação secundária (Vilela, 
1990).
No caso do capim-elefante, é comum o corte da forrageira e sua exposição ao sol por 8 
a 12 horas. O material deve ser mantido no campo, espalhado e sem formação de leiras, que, 
embora facilitem o recolhimento no dia seguinte, praticamente impedem a desidratação do 
material.
Apesar da grande variação decorrente das condições climáticas, espera-se que a exposi-
ção da forragem por 12 horas eleve os teores de matéria seca em até 8 pontos percentuais.
b) Aditivos ricos em carboidratos
Apesar das recomendações constantes em trabalhos de pesquisa da década de 70 e 80, 
o uso de aditivos ricos em carboidratos (melaço, fubá de milho, raspa de mandioca, farelo de 
trigo, entre outros), sabe-se que os efeitos obtidos dependem mais da elevação dos teores de 
matéria seca que propriamente do aporte de substrato para fermentação lática. Além disso, as 
bactérias láticas têm limitada capacidade de utilização de amido e, portanto, a adição de fubá 
de milho e raspa de mandioca pouco favoreceria o processo fermentativo não fosse sua função 
absorvente, elevando o teor de matéria seca da massa ensilada.
Nos últimos anos, tem-se intensificado o uso de subprodutos agroindustriais ricos em 
carboidratos e com elevado teor de matéria seca.
Entre os subprodutos, destacam-se aqueles resultantes da produção de suco de laranja 
(polpa cítrica) (Evangelista et al., 2004) e vários outros menos comuns, como subprodutos de 
acerola, goiaba, maracujá, abacaxi, manga, caju, melão, urucum, entre outros (Ferreira et al., 
2004; Neiva et al., 2006; Gonçalves et al., 2006; Pompeu et al., 2006; Teles, 2006).
Esses materiais têm se mostrado eficientes em elevar o teor de matéria seca das silagens 
e, obviamente, melhorar o processo fermentativo. Destaca-se ainda que, como esses subprodu-
tos apresentam, na maioria dos casos, valor nutritivo superior ao do capim-elefante, também 
funcionam como aditivos nutritivos.
c) Aditivos nitrogenados
Ao contrário do que ocorre com silagens de milho e sorgo, em que a adição de compostos 
nitrogenados melhora a qualidade das silagens, no caso do capim-elefante, seu elevado poder 
tampão tem prejudicado o processo fermentativo. 
Assim, a recomendação é não adicionar compostos nitrogenados (uréia e amônia) na 
ensilagem, a menos que se efetue severo emurchecimento, para que os teores de matéria seca 
ultrapassem 40%. Nesse caso, pode-se adicionar até 1,2% de uréia em relação à matéria na-
tural da massa a ser ensilada.
Ressalta que o uso de um produto rico em compostos nitrogenados, a cama de frango, 
está proibido no Brasil para alimentação de ruminantes e, portanto, não será mencionada nesse 
capítulo.
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7. Cana-de-açúcar 
A cana-de-açúcar pertence a família Poaceae. Dos fatores climáticos para a produção, a 
temperatura é o de maior importância para essa cultura. A temperatura basal para a cana-de-
açúcar é de aproximadamente 20°C e a temperatura ótima situa-se entre 22 a 30°C, obser-
vando-se que, nestas condições, a cultura apresenta máximo crescimento. A cana-de-açúcar é 
considerada uma planta C4, com altas taxas fotossintéticas.
O Brasil é o maior produtor mundial de açúcar e álcool e possui a maior área colhida de 
cana-de-açúcar do mundo (5,5 milhões de ha), com uma produção de aproximadamente 420 
milhões de toneladas. Estimativas indicam crescimento de aproximadamente 5% ao ano em 
áreas colhidas e em produção nos próximos dez anos. Para o ano de 2010, estima-se produção 
de aproximadamente 500 milhões de toneladas, em 6,5 milhões de hectares (FNP, 2005). As-
sim, a cana-de-açúcar é, sem nenhuma dúvida, um dos destaques do agronegócio brasileiro.
Na alimentação animal, não é diferente. Cada vez mais a cana-de-açúcar consolida-se 
como importante alimento para ruminantes, principalmente durante a estação seca do ano. De 
acordo com Landell et al. (2002), aproximadamente 500 mil ha de cana-de-açúcar são desti-
nados à alimentação animal, principalmente de rebanhos leiteiros. 
Os principais fatores que têm impulsionado a utilização da cana-de-açúcar na alimentação 
animal são: a) simplicidade operacional para manutenção e condução da cultura; b) pico de 
produção e valor nutritivo coincidente com o período de escassez de forragens verdes nas pasta-
gens; c) manutenção do valor nutricional por longo período, mesmo após a cana atingir sua ma-
turidade; d) intenso e constante desenvolvimento de tecnologias e trabalhos de melhoramento 
genético para seu cultivo, estimulados pela produção de açúcar e álcool no Brasil; e) dispensa 
de altos investimentos com máquinas e implementos agrícolas para o cultivo em pequenas e 
médias propriedades; f) alta produção por área com baixo custo por unidade de matéria secaproduzida (Manzano et al., 2002). 
A menor taxa de risco em relação a outras culturas, uma vez que dificilmente ocorrem 
perdas totais em lavouras de cana, também tem sido fator determinante no uso desta cultura 
para a alimentação animal.
Bons canaviais podem produzir de 100 a 120 toneladas de matéria natural por hectare 
(ou 30 a 40 t de MS na média de vários cortes) e manterem-se produtivos por vários anos. No 
entanto, de modo geral, a tendência é de redução na produção com a seqüência de cortes, sen-
do comum a ocorrência de canaviais que, a cada cinco anos, precisam ser reformados.
7-1 Considerações sobre o plantio e cultivo de cana-de-açúcar
A época recomendada para o plantio da cana-de-açúcar é entre os meses de setembro a 
outubro para as variedades precoces e entre março a abril para as variedades tardias. O tama-
nho dos talhões varia de 10 a 15 ha e de 400 a 600 m de comprimento, durando em torno de 
10 a 15 dias para a colheita completa de um talhão. As mudas devem ser provenientes de cana 
planta ou primeiro corte para garantir rebrota mais vigorosa. 
As variedades precoces são: RB 83-5486; SP 80-1816; SP 80-1842; RB 80-5054, 
médias: RB 54-5257; SP 79-1011; SP 81-3250; SP 80-2313 e tardias IAC-86-2480; RB 
72-454; RB 85-5536; RB 5089; RB 85 5336. O preparo do solo é o convencional, com a 
utilização de arado e revolvimento da camada de 20 cm do solo, seguida de gradagem aradora 
e de duas gradagens niveladoras e posterior sulcagem.
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O espaçamento para o plantio varia de 1,0 a 1,4 m entre linhas, utilizando-se entre 10 a 
15 t de mudas por hectare e entre 12 a 16 gemas por metro linear, usando-se quando à disposi-
ção pés com pontas ou pés com pontas cruzados. A calagem deve ser aplicada para elevação da 
saturação de bases em 70 a 80%, efetuando adubações corretivas em área total com fósforo e 
potássio e adubações de plantio na linha com as formulações 04-30-10 ou 08-28-16 de NPK. 
Quando a acidez do solo está em camadas mais profundas, entre 20 a 40 cm, deve-se proceder 
à utilização da gessagem para corrigir os perfis mais profundos. 
As principais pragas a serem controladas nos canaviais são os cupins subterrâneos (Hete-
rotermes tenuis, Heterotermes longiceps, Procornitermes sp., Conitermes sp.), cupins de mon-
tículos (Conitermes cumulans, Conitermes bequaerti), nematóides, brocas e cigarrinhas das 
raízes. 
7-2 Variedades de cana-de-açúcar para uso na alimentação animal
As variedades de cana-de-açúcar utilizadas tradicionalmente na alimentação animal são, 
em sua maioria, variedades destinadas para fins industriais, por apresentarem alta produção de 
MS por unidade de área, bom perfilhamento após os cortes, e, principalmente, alta concentra-
ção de açúcares (sacarose) na MS, o que dilui os teores de fibra. 
As principais características almejadas em cultivares de cana-de-açúcar para a alimen-
tação animal são: alto teor de açúcares; alta produtividade de massa verde; e baixo teor de 
FDN (Landell et al., 2002). Também são desejáveis outras características, como porte ereto da 
touceira, uniformidade biométrica dos colmos, período longo de utilização sem ocorrência de 
isoporização e resistência a doencas e pragas (Landell et al., 2002; Manzano et al., 2002). Há 
mais de 20 anos, já se encontravam afirmações na literatura de que, para utilização da cana-de-
açúcar na alimentação de bovinos, deveria ser considerarada a relação FDN/açúcares solúveis. 
Com base nesse princípio, deveria ser escolhidas variedades com baixos valores dessa relação 
com a finalidade de incrementar o consumo de energia pelos animais.
Uma característica desejável nas plantas de cana-de-açúcar é a alta proporção de colmos, 
visto que, principalmente neles, estão contidos os carboidratos solúveis. Uma baixa proporção 
de folhas secas também é importante no material a ser fornecido aos animais (Townsend et al., 
2003).
De acordo com Manzano et al. (2002), é aconselhável a implantação de canaviais com-
postos por, no mínimo, três variedades de cana-de-açúcar, com épocas de maturação distintas 
– uma de maturação precoce, que atingirá o ponto ideal de corte nos meses de maio e junho; 
outra de maturação média, para ser colhida nos meses de julho e agosto; e uma de maturação 
tardia, para ser utilizada nos meses de setembro e outubro –, de modo que, em todo o perí-
odo de escassez de pastagens, haja forragem de alto valor nutritivo. Quando não é possível a 
implantação de três variedades de cana-de-açúcar, devem ser implantados canaviais com, no 
mínimo, duas variedades. Nesta situação, recomenda-se a implantação de uma variedade de 
maturação precoce e outra de maturação tardia.
Na alimentação animal, esse volumoso apresenta grande plasticidade, podendo ser forne-
cido in natura, queimado ou na forma de silagem. A cana-de-açúcar também pode ser submetida 
a tratamentos químicos, físicos e microbiológicos com o objetivo de melhorar seu aproveitamen-
to pelos animais. Além disso, vários resíduos são obtidos a partir do processamento industrial 
da cana-de-açúcar para obtenção do álcool e do açúcar. Como subprodutos do processamento 
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da cana-de-açúcar, destacam-se a levedura, o melaço, o bagaço, a torta de filtro e a vinhaça, 
que podem ser utilizados na alimentação animal (Faria, 1993).
Segundo Nussio e Schimidt (2005), a cana-de-açúcar pode reduzir consideravelmente os 
custos de produção de leite, pois sua produção de MS é quase 100% superior a outros volumo-
sos tradicionais, como as silagens de milho e de sorgo. Além disso, a cana-de-açúcar destaca-
se em relação às silagens de capins tropicais, que apresentam potencial de produção de MS 
semelhantes, pelo custo menor de produção. 
7-3 Qualidade da cana-de-açúcar destinada à alimentação animal
A qualidade da cana-de-açúcar não depende apenas de sua composição química, mas de 
um conjunto de características qualitativas, como o consumo de MS pelos animais, as caracte-
rísticas morfológicas da planta, a digestibilidade, a cinética de degradação dos componentes, 
o comportamento ingestivo dos animais e vários outros critérios qualitativos que auxiliam na 
escolha e seleção de variedades com qualidade superior (Santos et al., 2005).
Em geral, a cana-de-açúcar apresenta teores médios de MS (em torno de 30%) no mo-
mento da colheita, baixos teores de matéria mineral (0,70 a 3,50%), extrato etéreo (1,30 a 
4,10%) e proteína bruta (1,60 a 4,0%) e elevado teor de carboidratos totais (95%, dos quais 
35% são carboidratos não-fibrosos). 
Além dos baixos teores de proteína bruta e minerais (Pereira, 1995), outras deficiências da 
cana-de-açúcar estão relacionadas aos teores baixos de precursores gliconeogênicos, à baixa di-
gestibilidade da parede celular e à baixa taxa de digestão dos componentes da parede celular.
A digestibilidade da MS da cana-de-açúcar difere da observada nas demais plantas forra-
geiras tropicais. Trata-se do acúmulo de carboidratos não-fibrosos, principalmente sacarose, em 
virtude da maturidade da planta, o que eleva a diluição dos demais componentes da planta, fa-
vorecendo o incremento do coeficiente de digestibilidade da MS (Matsuoka; Hoffmann, 1993).
Segundo Rodrigues et al. (1997), os critérios para escolha de variedades para a alimentação 
de bovinos são a relação FDN/Brix, o teor de FDN na planta e a porcentagem de colmos. Esses 
autores definiram como critérios de seleção porcentagem de FDN inferior a 52% na MS, relação 
FDN/Brix inferior ou igual a 2,7 e proporção de colmos superior a 80% na MS da planta. 
Matsuoka e Hoffmann (1993), em revisão bibliográfica sobre ascaracterísticas das varie-
dades de cana-de-açúcar, concluíram que, quanto mais rica em açúcar a variedade de cana-de-
açúcar, melhor sua qualidade como recurso forrageiro para a alimentação dos ruminantes.
Santos et al. (2005), analisando dados da composição bromatológica de cana-de-açúcar 
de um grande banco de dados, com amostras provenientes de diversas regiões do País e de 
vários cultivares, observaram 29,16; 2,46; 0,69; 2,18; 64,80 27,79; 42,66 e 4,70% para a 
composição em matéria seca, proteína bruta, extrato etéreo, matéria mineral, nutrientes digestí-
veis totais, fibra em detergente ácido, fibra em detergente neutro e lignina, respectivamente.
7-4. Silagem de cana-de-açúcar
Uma das grandes vantagens da cana-de-açúcar como volumoso para a alimentação ani-
mal durante a estação seca do ano é sua capacidade de manutenção do valor nutritivo com o 
avanço da maturidade da planta e a possibilidade de ser fornecida fresca para o animal, com 
infra-estrutura para cortes diários bem menor que para a produção de silagem. 
Entretanto, existem situações em que, possivelmente, a ensilagem de cana-de-açúcar é 
recomendada. Entre elas, destacam-se os incêndios acidentais e situações onde o corte de cana 
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deve ser realizado imediatamente para a liberação de área para um novo plantio de cana ou de 
outras culturas e até mesmo para evitar que o canavial seja bisado, dificultando as operações 
mecânicas de corte. Outra situação é quando o volume de cana cortado diariamente se torna 
tão alto que passa a ser um limitante operacional para o crescimento do sistema.
 Segundo Nussio et al. (2003), a concentração de atividades no processo de ensilagem 
resulta em facilidade organizacional e redução da necessidade diária de mão-de-obra, embora 
represente importante elevação nos custos de matéria seca e de nutrientes, quando comparada 
ao manejo tradicional da cana-de-açúcar na forma de capineira. Assim, a decisão pela ensila-
gem depende dos custos decorrentes de maiores perdas e da introdução de operações mecani-
zadas, quase sempre indispensáveis ao processo.
A ensilagem de diversos materiais forrageiros, especialmente gramíneas tropicais, é um 
processo de grande dificuldade, em virtude dos altos teores de umidade e dos baixos teores de 
carboidratos solúveis presentes no material a ser ensilado. Quanto à cana-de-açúcar, a situação 
é diferente, pois o teor de MS de 28 a 30% não é um problema para o processo de ensilagem, 
mas o alto teor em açúcares leva à formação de etanol, o que é extremamente indesejável e 
resulta em silagem de baixa qualidade. Portanto, o uso dessa prática deve se restringir a situa-
ções especiais.
Teores de etanol em torno de 8 a 17% da MS têm sido relatados para a cana-de-açúcar 
ensilada, sem o uso de aditivos, acompanhados por perdas gasosas de até 15% da MS (Pedro-
so, 2003) e perdas totais de MS de até 30% da MS (Silva, 2003). Esse tipo de fermentação 
pode causar reduções de 44 a 68% no teor de açúcares, aumento relativo nos componentes 
da parede celular e redução de 28% na digestibilidade da cana-de-açúcar conservada segundo 
esta técnica (Pedroso, 2003).
O efeito do uso da uréia sobre a fermentação de silagens de cana-de-açúcar foi avaliado 
em diversos ensaios experimentais, admitindo-se que, em contato com a forragem ensilada, 
esse aditivo se transforma em amônia, que tem efeito de inibição sobre leveduras e mofos po-
dendo reduzir a produção de etanol, as perdas de MS e de carboidratos solúveis.
Inoculantes bacterianos contendo bactérias homoláticas (produtoras de ácido lático) são 
freqüentemente utilizados como aditivos na ensilagem do milho e de capim de clima tropical e 
temperado. O objetivo principal é acelerar a redução do pH por meio da produção mais intensa 
de ácido lático, promovendo estabilização mais rápida das silagens e reduzindo as perdas de 
compostos nutritivos durante a fermentação. No entanto, inoculantes contendo esse tipo de 
bactéria têm se mostrado prejudiciais ao processo de ensilagem da cana-de-açúcar, estimulan-
do a produção de etanol, em vez de controlá-la.
Silagens de cana tratada com bactérias homoláticas apresentaram teor de etanol três 
vezes maior que o obtido em silagens sem aditivos, além de elevadas perdas de MS, aumento 
no teor de fibra e perdas de 22,5% da digestibilidade original da cana fresca (Pedroso, 2003), 
o que indica que as bactérias homoláticas não controlam o desenvolvimento das leveduras das 
silagens. Esses resultados confirmam a informação de que a redução pH por si só não é sufi-
ciente para impedir o desenvolvimento destes microganismos e que o ácido lático tem baixo 
poder fungicida.
Sabe-se, no entanto, que leveduras são controladas por concentrações de ácido acético 
superiores a 5,6 g/L de meio de cultura (94 mmol/L). Para uma forragem com 25% de matéria 
seca, 2% de ácido acético na MS equivalem a 6,7 g do ácido por litro da fase líquida, con-
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centração suficiente para o controle das leveduras. O uso de inoculantes bacterianos contendo 
bactérias heterofermentativas da espécie L. buchneri, que produzem ácido acético e ácido 
lático, elevou a concentração de ácido acético em silagens para níveis de 3,6 a 5,0% na MS, 
promovendo redução na população de leveduras e aumento da estabilidade aeróbica de silagens 
de gramíneas de clima temperado.
Em trabalho conduzido por Junqueira et al. (2004), foi comparada a utilização de duas 
doses de uréia (1,0 e 1,5% de uréia na MV da silagem de cana) e a inoculação com L. Buchneri 
(5 x 104 ufc/g MV) em silagens de cana-de-açúcar com 45% de volumoso na MS. Os autores 
não observaram diferenças no desempenho dos animais nos diferentes tratamentos utilizados. 
Embora a aditivação com uréia tenha se mostrado eficiente para preservar o valor nutritivo da 
silagem, a inclusão de teores superiores a 1,0% na MV aumentou as perdas de forragem dete-
riorada no silo, possivelmente em virtude do alto poder de tamponamento desse aditivo.
Os dados encontrados até o momento indicam que alguns aditivos, como o benzoato de 
sódio, a uréia e a bactéria heterolática L. Buchneri, são efetivos no controle de fermentações 
indesejáveis durante a ensilagem da cana-de-açúcar, reduzindo as perdas de MS no processo. 
Como principal indicador de valor nutritivo, o uso desses aditivos propicia o melhor desempe-
nho dos animais alimentados com essas silagens (Nussio & Schmidt, 2005).
 
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Controle zootécnico e econômico
na pecuária leiteira
Leonardo Andrade Leite
Fabiano Alvim Barbosa
Warley Efrem Campos
1. Introdução
A empresa rural tem como objetivo a exploração da capacidade produtiva do solo por 
meio do cultivo da terra e da criaçãode animais (Marion, 2000), compondo, segundo Souza 
et al. (1995), o organismo econômico e social, que, reunindo terra, capital, trabalho e direção, 
se propõe a produzir bens ou serviços na expectativa de lucros. Portanto, a terra constitui sua 
unidade de produção e máquinas, equipamentos, benfeitorias, insumos e mão-de-obra, seus 
recursos produtivos. 
A empresa rural exige do empresário decisões sobre aspectos internos (uso de tecnologias, 
recursos financeiros e outros) e externos (mercado) que influenciam diretamente na implanta-
ção e no controle da empresa (Souza et al., 1995). Assim, é fundamental que o empresário ou 
o administrador da empresa tenha amplo conhecimento destes fatores e seja assessorado por 
técnicos na tomada de decisões.
A agropecuária brasileira é uma das menos protegidas, e talvez a menos subsidiada, no 
mundo; não tem política agrícola plurianual consistente, os preços pagos aos produtores são 
ditados pelo mercado (oferta e demanda), os financiamentos são escassos e as fronteiras estão 
totalmente abertas. Mudanças ligadas à globalização, às fusões e à redução das margens de 
lucro ocorrem tanto na agricultura quanto na pecuária. 
No Brasil, os setores da agricultura e pecuária necessitam de modernização em qualidade 
e produtividade para enfrentar a concorrência de mercados subsidiados e de fronteiras agríco-
las.
Para aumentar a lucratividade e rentabilidade da agropecuária no País, devem ser priori-
zadas algumas medidas estruturais e de investimentos: 
1) administração da fazenda como uma empresa rural, de forma eficiente com o objetivo 
de utilizar integral, permanente e racionalmente todos os recursos disponíveis;
2) controle de custos de produção para análise de pontos críticos e decisões sobre o pla-
nejamento da empresa rural; 
3) Insumos intelectuais e tecnologias nas propriedades: consultorias, treinamentos, qua-
lificação de mão-de-obra;
4) produção em escala (verticalização), incrementando o uso da terra, de máquinas, de 
animais, da mão-de-obra e aumentando a escala de produção com redução dos custo fixos e 
aumento da rentabilidade do sistema.
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Entretanto, medidas isoladas para aumento da produtividade não surtem efeito na ren-
tabilidade do sistema de produção quando os preços de venda ficam mais baixos, pois podem 
comprometer novos investimentos a médio prazo dentro da atividade. 
No contexto atual, o produtor obterá aumento da produtividade e/ou rentabilidade somen-
te se souber a importância da avaliação conjunta dos índices zootécnicos e da gestão, dentro e 
fora da fazenda, o que demanda esforço e determinação na gestão do agronegócio.
Neste capítulo será discutida a importância dos índices zootécnicos e da getão na avalia-
ção conjunta, técnica e gerencial e no planejamento da eficiência produtiva da empresa rural. 
2. Índices zootécnicos no sistema de produção de leite
Definem-se como fatores zootécnicos aqueles cuja interação resulta na produção propria-
mente dita. Esses fatores, largamente discutidos na literatura, podem ser analisados por meio 
de índices que permitam verificar o nível produtivo e reprodutivo do rebanho. 
Entre os índices zootécnicos preconizados, destacam-se a idade ao primeiro parto, o in-
tervalo de partos, a persistência de lactação, o percentual de vacas em lactação, o período de 
serviço, a produtividade, a taxa de descarte voluntário e involuntário e a taxa de mortalidade.
O empresário, com auxílio de uma acessoria técnica também com visão empresarial, deve 
mensurar e classificar os diferentes fatores zootécnicos de sua empresa, segundo cada sistema, 
identificando unidades produtoras de referência, ou benchmark, para constatar em que prática, 
processo, procedimento e coeficiente de desempenho técnico e econômico são benchmarking.
Benchmarking consiste em um processo de avaliação da empresa pelo qual são compara-
das suas operações em relação à concorrência. O uso desse processo de avaliação não se aplica 
somente a operações de manufatura, mas também a áreas funcionais da empresa. Em nível es-
tratégico, auxilia a estabelecer padrões de desempenho (fatores zootécnicos) e, no campo ope-
racional, permite entender os melhores métodos e as práticas mais viáveis segundo os objetivos 
da empresa. O benchmarking pode envolver comparações internas e externas, de desempenho e 
de atividades. O novo propósito do administrador rural, em vez da máxima produção a qualquer 
custo, é a máxima rentabilidade nas atividades desenvolvidas.
Portanto, o conceito de eficiência e produtividade, em todas as áreas da economia, está 
totalmente superado. Atualmente, qualquer sistema de produção só pode ser considerado efi-
ciente quando economicamente viável, independentemente da quantidade absoluta produzida. 
Para que o produtor (empresário rural) possa atingir seu novo objetivo, em um novo modelo, 
é necessária formação básica multidisciplinar nas áreas relacionadas à administração e aos 
custos de produção. Atualmente, é necessário que o administrador seja capaz de adaptar sua 
empresa rural à realidade ágil e dinâmica de oportunidades.
2-1. Principais fatores zootécnicos na empresa rural
Qualquer sistema formal de controle não garante o sucesso do empreendimento, sendo 
necessário nas decisões transformar os dados em informações úteis. Na tabela 1 são demons-
trados os principais fatores zootécnicos que podem ser mensurados na empresa, abrangendo 
índices recomendados e aqueles podem ser considerados benchmarking. Não há pretensão em 
definir que esses fatores sejam ideais para uma avaliação zootécnica do sistema de produção; 
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o propósito é despertar em empresários e técnicos a importância da observação dos fatores 
zootécnicos para o crescimento e a sobrevivência da empresa. 
A produtividade é uma das armas mais potentes para a competição (Contador, 1995), 
pois representa a quantidade de litros de leite produzido por vaca/dia/ano, por vaca/ha/ano ou 
por vaca/dia em lactação e reflete a eficiência de utilização da terra para produção. Na verdade, 
na literatura brasileira ainda não se definiu o melhor índice de produtividade para a empresa 
rural produtora de leite. A diversidade edafoclimática e a topográfica brasileira ocasionam uma 
diferença muito grande de modelos de produção, com diferentes níveis de sucesso e, conse-
qüentemente, de explorações mais ou menos complexas (Jank, 1999). Dessa forma, ressalta-se 
a necessidade de avaliar a importância da produtividade por hectare em relação à rentabilida-
de da empresa, buscando índices próximos ao utilizado como medida de eficiência produtiva 
(12.000 L/ha/ano). Entretanto, a produtividade deve estar aliada ao menor custo total de pro-
dução e à maior rentabilidade do sistema – nem sempre a atividade de maior produtividade é 
a de maior rentabilidade. 
Tabela 1. Descrição de fatores zootécnicos utilizados em sistemas de produção de leite
Descrição Recomendável Benchmarking
Produção de leite/ha/ano 12.000 L/ha/ano 40.000 a 60.000 L/ha/ano
Produção diária/trabalhador (L/Eq. H) 200 L/Eq. trabalhador 400 L/Eq. trabalhador
Rel. vacas lact./total de vacas (%) 80% 83%
Idade ao 1o parto (meses) 24 a 28 24
Intervalo de partos (meses) 12 a 14 12
Taxa de mortalidade (0 a 1 ano) (%) 2 a 5 0
Taxa de mortalidade (acima de 1ano) (%) < 2 0
Descarte involuntário (%)* 20 < 10
Descarte voluntário (%)* 25 25 a 40
Incidência de distúrbios metabólicos (%) < 15% dos partos 5% dos partos
CCS1 < 250.000/mL < 250.000 mil/mL
Incidência de mastite clínica (%) < 5% < 1%
Eficiência alimentar 1,4 kgleite/kg MSI2 > 1,4 kg leite/kg MSI2
Período voluntário de espera (dias) 45 -
Período de serviço (dias) Dependente da TP3 65 a 87
Taxa de prenhês3 (TP - %) > 20 > 35
Taxa de concepção ao 1o serviço 45 70
Taxa de detecção de cio, (%) > 60 100
Dias em lactação (DEL) 180 150 a 180
O desempenho reprodutivo está diretamente relacionado à produção de leite por dia de 
vida útil da vaca, ao número de animais de reposição, à redução dos custos e ao aumento do 
ganho genético. O intervalo de partos (IEP), segundo Ferreira (1991), é o tempo entre dois 
partos sucessivos de uma vaca e corresponde ao período de serviço acrescido do período de 
gestação. 
Alguns fatores influenciam o período de serviço (PS), caracaterizado como o tempo, em 
dias, entre a parição e a cobertura ou entre a inseminação com concepção. Entre esses fatores, 
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destacam-se o período voluntário de espera (PVE), a taxa de detecção de cio (TDC) e a taxa de 
concepção (TC). Entende-se como PVE o tempo disponibilizado pelo técnico, a partir do parto, 
para a cobertura ou inseminação da fêmea, ou seja, para que esteja apta para a concepção. A 
TDC corresponde ao número de vacas dectectadas em cio dividido pelo número de vacas dispo-
níveis para cobertura ou inseminação, durante 21 dias, multiplicado por 100. A TC corresponde 
ao número de vacas gestantes dividido pelo de vacas inseminadas ou cobertas, multiplicado 
por 100. Juntos, esses índices formam a taxa de prenhês (TP =TDC x TC), que representa a 
proporção de vacas que ficam gestantes dentro do período de um ciclo estral. A TP determina 
a velocidade pela qual as vacas ficam gestantes, a partir do PVE. A produção média de leite no 
Brasil, em 2005, foi de 1.190 kg/vaca/ano, que corresponde a aproximadamente 5 kg/vaca/dia, 
assumindo-se uma lactação de 300 dias. 
Segundo Gomes (2000), em Minas Gerais cada propriedade produtora de leite emprega, 
em média, 2,16 trabalhadores, produzindo 96,18 L de leite/dia, ou 45,49 L de leite/ trabalha-
dor/dia, o que significa baixa eficiência da mão-de-obra na empresa rural.
A mastite, inflamação da glândula mamária, pode ser classificada como mastite clínica 
(passível de ser observada) ou mastite subclínica, detectada somente por testes diagnósticos 
específicos, como contagem de células somáticas (CCS) ou CMT (California mastites test), ob-
servando-se que os animais com diagnóstico positivo da doença seriam aqueles com escores de 
células somáticas (CCS) superiores a 250 mil/mL de leite ou com traço em um quarto no teste 
de CMT. Alguns índices epidemiológicos, como a prevalência diária e a eficiência dos tratamen-
tos, devem ser avaliados conjuntamente com os fatores zootécnicos e podem expressar maior 
segurança na avaliação e criação de rotinas para melhora da qualidade do leite e da saúde da 
glândula mamária. 
A utilização de índices zootécnicos dentro da empresa rural pode ser uma ferramenta 
importante na avaliação da capacidade produtiva do negócio. Os coeficientes dos indicadores 
dos diversos fatores zootécnicos supracitados não são totalmente conhecidos nos diferentes 
sistemas de produção no Brasil.
3-Planejamento e gestão na atividade agropecuária
O setor agropecuário é caracterizado como uma atividade de longo prazo, com investimen-
tos elevados em que a necessidade de planejamento é fundamental. A produção não pode ser 
antecipada ou adiada de acordo com o mercado, pois depende de inúmeras variávies que nem 
sempre podem ser controladas – mercado, condições climáticas e imposições legais e fiscais. 
A complexidade das empresas rurais analisadas nos contextos interno e externo, aliada à 
competitividade do sistema, precisam continuamente realocar, reajustar e reconciliar seus re-
cursos disponíveis com os objetivos e as oportunidades oferecidos pelo mercado (Souza et al., 
1995). A gestão empresarial (planejamento, organização, direção e controle) é uma ferramenta 
do processo administrativo para aumentar a competitividade do sistema.
A empresa rural pode ser dividida nas áreas de produção, recursos humanos, finanças, 
comercialização e marketing e os nível empresarial pode ser classificado como estratégico, ge-
rencial e operacional (Souza et al., 1995).
A área de produção está relacionada ao uso dos recursos físicos ou materiais necessários 
à operação da empresa, os quais podem ser divididos em transformação e de utilização. Os 
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recursos de transformação fazer parte do processo produtivo, mas não são incorporados ao pro-
duto final (máquinas, benfeitorias, terras e outros), ao passo que os de utlização são aplicados 
diretamente no processo produtivo (sementes, fertilizantes, alimentos, serviços, etc.) (Souza et 
al., 1995). 
A área de recursos humanos envolve as pessoas (mão-de-obra) que participam da empre-
sa, chamadas recurso vivo e dinâmico, único segmento de produção capaz de evoluir na empre-
sa. O setor de recurso humanos tem como funções o planejamento (necessidades) de pessoal, 
a seleção, a contratação e a distribuição da mão-de-obra a empresa. É responsável ainda pela 
legalização, pelo controle de pessoal, pela administração de salários e pelo treinamento e de-
senvolvimento da qualidade da mão-de-obra.
A área de finanças envolve aspectos como receitas, despesas, necessidades de investi-
mentos, financiamentos e apresentação dos balanços econômicos da empresa. A área de co-
mercialização e marketing, por sua vez, está diretamente relacionada ao cliente ou consumidor 
dos produtos da empresa rural e envolve a busca por informações de preços de compra e venda, 
canais de comercialização, análises e tendências de mercado.
Nem sempre a empresa rural possui um responsável em cada área, entretanto, o empresá-
rio ou administrador rural deve saber de sua existência e fazer com que pessoas de outras áreas 
as assumam. Nas empresas rurais, independentemente do tamanho, é necessário solucionar 
problemas e tomar decisões em três níveis: estratégico, gerencial e operacional. O nível estraté-
gico (institucional), mais elevado, é composto pelos proprietários e diretores envolvidos nos as-
suntos globais da empresa; o gerencial, intermediário, é ocupado por técnicos, administradores 
ou gerentes (Souza et al., 1995); e o operacional é constituído dos trabalhadores responsáveis 
pela execução das decisões dos dois níveis superiores. 
No nível estratégico, são tomadas decisões sobre o que e quanto fazer, com base nas con-
dições externas – incertezas, ameaças e oportunidades de mercado – e na capacidade estrutural 
e financeira da empresa. No nível gerencial, são analisadas estratégias para atingir os objetivos 
propostos, transformadas em planos de ações e diretrizes, reduzindo as incertezas do ambiente. 
As decisões no nível operacional envolve aspectos sobre operações diárias definidas no nível 
gerencial (Souza et al., 1995): por exemplo, a diretoria (estratégico) decide produzir leite de 
qualidade, o gerente (gerencial) decide como (tecnologia) produzir e o vaqueiro (operacional) 
executa as tarefas de produção.
3.1. Planejamento Estratégico
Planejar é a palavra apropriada para se projetar um conjunto de ações na tentativa de atin-
gir um objetivo claramente definido em uma situação na qual se tem o controle quase absoluto 
dos fatores que asseguram o sucesso nos resultados (Alday, 2000).
Segundo Souza et al. (1988), o planejamento estratégico possibilita ao empresário visu-
alizar sua atuação futura e, normalmente, é projetado para longo prazo, com uma abordagem 
global sobre o que e quanto produzir e nos anos seguintes.
Algumas etapas sãoimportantes no planejamento estratégico:
¾ determinação dos objetivos – definições genéricas e dos propósitos da empresa, re-
lacionados ao ramo de atuação, à pretensão futura, à busca pelo lucro, pelo segurança, pelo 
prestígio social, entre outros;
¾ análise do ambiente externo – busca de informações mais precisas sobre ameaças, 
oportunidades e restrições nos cenários nacional e mundial que possam aumentar ou diminuir a 
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rentabilidade da atividade. Entre os fatores que devem ser analisados, destacam-se o preço das 
commodities, os juros, a balança comercial, a análise de mercado (oferta e demanda), o estudo 
de tendências futuras, as barreiras alfandegárias e as taxas de exportações e importações;
¾ estudo interno da empresa – análise dos recursos (físicos, financeiros, administrativos, 
mercadológicos, humanos) existentes na empresa e levantamento da disponibilidade, necessi-
dade e dos fornecedores desses recursos;
¾ geração e avaliação das metas e estratégias – segundo Veloso (1997), citado por 
Barioni et al. (2003), para a determinação das metas, alguns fatores devem ser avaliados: os 
recursos disponíveis na fazenda (solo, vegetação, relevo, animais, recursos hídricos e financei-
ros disponíveis, qualificação da mão-de-obra, estradas, energia elétrica, benfeitorias), as impo-
sições ambientais, legais e de mercado e, principalmente, os objetivos do empreendedor. 
Depois de estabelecer os objetivos, analisar a empresa e o ambiente externo utilizando as 
informações de pesquisas e de experimentação, além da experiência das pessoas envolvidas nas 
decisões, deverão ser definidas as estratégias para alcançar as metas propostas no projeto. 
Definido o projeto, as metas e as estratégias, avalia-se a implantação das estratégias a ser 
executadas pelos gerentes, técnicos e funcionários da propriedade. É fundamental nessa etapa 
a coleta de dados de produção (técnicos e/ou zootécnicos e econômicos) para o monitoramento 
e a comparação das metas planejadas às realizadas. Pelo monitoramento, avaliam-se os pontos 
críticos do sistema e a eficiência das estratégias utilizadas – momento para o ajuste e a corre-
ção dos desvios ocorridos e reavaliação das estratégias.
As mudanças dos planos podem ser conseqüências de modificações na área de produ-
ção (compra, arrendamento, venda, utilização para outra atividade, intensificação do sistema); 
de mudanças nas condições externas de mercado, nas relações de preço, na legislação ou na 
política agrícola; de circunstâncias e atitudes pessoais (aversão ao risco e carga de trabalho 
desejada); de mudanças nas condições climáticas (Barioni et al., 2003); de erros de manejo 
nutricional, sanitário ou reprodutivo; de respostas imprevistas do sistema e identificadas no 
monitoramento.
3.2. Planejamento gerencial
O nível do planejamento gerencial encontra-se entre o estratégico e o operacional e tem 
como finalidade captar e alocar recursos, bem como distribuir os produtos ao mercado. Neste 
nível, são tomadas as decisões visando adequar os objetivos estabelecidos no nível estratégico 
(Souza et al., 1995).
¾ Método de orçamento
O orçamento é fundamental na atividade rural, pois, após o planejamento estratégico, é 
necessário descrever as idéias, quantificando-se os gastos (custos e investimentos) e as recei-
tas. Este orçamento deve ser feito com prazo mínimo de 12 meses e, para as atividades rurais, 
dependendo do projeto, é ideal que seja de 60 meses ou mais (Santos et al., 2002). 
Como definição, o orçamento consiste no levantamento prévio de receitas, despesas e in-
vestimentos e sua finalidade é dar consistência ao planejamento estratégico da empresa rural e, 
conseqüentemente, ao planejamento operacional. Inicialmente, para elaboração do orçamento, 
é necessário conhecer o potencial de recursos físicos e humanos, de benfeitorias e de máquinas 
da propriedade (Santos et al., 2002). 
O orçamento deverá ser feito de duas formas: 
1) planejado – coletar dados econômicos e zootécnicos de mercado e de pesquisas para 
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elaboração do projeto.
2) realizado – coletar os dados econômicos e zootécnicos reais da fazenda para se conhe-
cer a realidade do projeto, comparado-o ao planejado.
Essa ferramenta gerencial é importante para a determinação do fluxo de receitas, des-
pesas e de investimentos da empresa em deteminado período (pelo menos anual), podendo 
antecipar a necessidade de algum aporte de capital caso o fluxo de caixa se torne negativo. Pelo 
orçamento, é possível avaliar também a capacidade de pagamento e outros índices econômicos, 
como a taxa interna de retorno (TIR) e o valor presente líquido (VPL) do projeto. Como de-
monstrado na Tabela 2, esse orçamento de caixa pode indicar a necessidade de investimento 
no ano de implantação do projeto (Ano 0) e depois no Ano 5 e, ainda, se desde o Ano 1 esse 
projeto gerou caixa positivo. 
O VPL no final do Ano 5 obtido em uma empresa rural (Tabela 2) foi de R$ 439.444,80, 
que reflete os valores de entrada e saídas do caixa corrigidos a uma taxa de juros anual – como 
o VPL foi positivo, esse projeto foi economicamente viável. Além disso, para embasamento das 
decisões, o VPL deve ser comparado ao de outros projetos.
Esse método do orçamento auxilia também na avaliação da viabilidade de introdução de 
uma tecnologia e de seus impactos econômicos no sistema de produção, considerado-se o au-
mento ou a diminuição das receitas e despesas (Souza et al., 1995).
Tabela 2. Orçamento de caixa de uma empresa rural durante cinco anos.
Ano 0 Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5
Saldo inicial - (51.246,38) 54.205,51 203.402,23 360.451,03 526.451,64
Receitas - 999.881,64 999.881,64 999.881,64 999.881,64 999.881,64
Despesas - (854.790,63) (854.790,63) (854.790,63) (854.790,63) (854.790,63)
Investimentos (51.246,38) - - - - (66.652,00)
Saldo parcial 1 (51.246,38) 93.844,63 199.296,52 348.493,24 505.542,04 604.890,65
Juros - (39.639,12) 4.105,70 11.957,79 20.909,59 30.332,52
Saldo final acu-
mulado
(51.246,38) 54.205,51 203.402,23 360.451,03 526.451,64 635.223,17
VPL R$ 439.444,80
3.3. Planejamento operacional
O planejamento operacional, de curto e médio prazo, está relacionado à empresa em si e 
a aspectos sobre como conduzir cada exploração (estratégia) escolhida no planejamento estra-
tégico. Este planejamento relaciona-se ao método (como fazer), ao dinheiro (que recursos finan-
ceiros serão usados), ao tempo (quando fazer) e à ação (quem fazer) (Souza et al., 1995).
Na Tabela 3, é demonstrada a necessidade de capital para o estabelecimento do sistema 
barreirão, isto é, plantio de grão em conjunto com a pastagem, além da necessidade de insu-
mos, mão-de-obra e horas-máquinas.
4 - Gestão do fluxo de informações para formação dos cus-
tos de produção
Todo controle zootécnico, gerencial e financeiro é fundamentado na coleta de dados, ele-
mento primário da informação. Após a análise destes dados, obtém-se a informação necessária 
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para as decisões. Torna-se fundamental no sistema de produção o conhecimento sobre o que, 
quem e como coletar os dados (metodologia), pois a qualidade da informação gerada depende 
da precisão desses dados.
Tabela 3. Orçamento para plantio em sistema barreirão para 44 hectares.
1 - Insumos UD
Qtd 
(ha)
Área 
(ha)
Total
Custo (R$)
Unitário Total
Semente de miho AG – 2040 Sc 1 44 44 R$ 101,50 R$ 4.466,00 
BrachiariaMG 5 - Vc = 32% kg 9 44 396 R$ 4,30 R$ 1.702,80 
Futur (Trat. sementes) Lt 0,4 44 17,6 R$ 99,00 R$ 1.742,40 
Grafite kg 0,2 44 8,8 R$ 2,50 R$ 22,00 
Adubo 8-28-16 + Micros t 0,3 44 13,2 R$ 957,00 R$ 12.632,40 
Cobertura 30-00-20 t 0,3 44 13,2 R$ 918,00 R$ 12.117,60 
Inseticida (2x) Lt 0,6 44 26,4 R$ 70,00 R$ 1.848,00 
Subtotal – 1 R$ 34.531,20 
2 – Horas-máquinas (Hm) UD
Qtd 
(ha)
Área 
(ha)
Total
Custo (R$)
Unitário Total
Aração Hm 3 44 132 R$ 40,00 R$ 5.280,00 
Gradagem ( 2x ) Hm 3 44 132 R$ 40,00 R$ 5.280,00 
Plantio Hm 1,5 44 66 R$ 40,00 R$ 2.640,00 
Pulverização ( 2x ) Hm 3 44 132 R$ 35,00 R$ 4.620,00 
Adubação de Cobertura Hm 1 44 44 R$ 35,00 R$ 1.540,00 
Subtotal – 2 R$ 19.360,00 
3 – Mão-de-obra
UD
Horas 
diárias 
(Hd)
Qtd 
(ha)
Área 
(ha)
Total
Custo (R$)
Unitário Total
Plantio + Misturar Semente Hd 0,33 44 14,52 R$ 12,00 R$ 174,24
Pulverização Hd 0,38 44 16,72 R$ 12,00 R$ 200,64
Adubação de cobertura Hd 0,13 44 5,72 R$ 12,00 R$ 68,64
Colheita manual Hd 12 44 528 R$ 12,00 R$ 6.336,00
Subtotal – 3 R$ 6.779,52
Total (1 + 2 + 3) R$ 60.670,72
 Inseminação Artificial
O controle de como coletar os dados 
é exemplificado na figura abaixo, de acordo 
com cada atividade.
Figura 1. Fluxo da informação na pro-
priedade rural. 
Fonte: Arquivos Instituto de Tecnologia Brasil Pecuária.
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4.1. Planejamento e gestão de custos de produção
Embora seja fundamental para os pecuaristas, o custo de produção é uma variável desco-
nhecida pela maioria dos produtores brasileiros. Com honrosas exceções de alguns produtores 
mais treinados, a maioria não sabe qual o lucro (ou prejuízo), ou que ajustamentos podem 
ser feitos para reduzir os custos e melhorar a rentabilidade de suas propriedades (IEL et al., 
2000).
Entre os procedimentos utilizados na avaliação da rentabilidade da atividade agropecu-
ária, o custo de produção é um dos principais parâmetros e pode ser definido como a soma 
dos valores de todos os recursos (insumos e serviços) utilizados no processo produtivo de uma 
atividade (Frank, 1978; Reis, 2002):
C = G + A + J
em que:
C = custo;
G = gastos referentes aos recursos (serviços e insumos) totalmente incorporados ao pro-
duto e que, por esse motivo, não podem ser utilizados em outro ciclo produtivo;
A = amortização ou compensação pela utilização de bens duráveis por um ciclo produtivo. 
Como os bens duráveis são utilizados por mais de um ciclo produtivo, seu valor deve ser alocado 
proporcionalmente para cada ciclo em que for usado. Essa utilização é denominada depreciação 
e seu cálculo será descrito posteriormente;
J = os juros referem-se principalmente ao custo alternativo do capital e sua taxa deve ser, 
no mínimo, igual à menor taxa do mercado (ex: caderneta de poupança). Os custos podem ser 
classificados de várias formas, de acordo com a metodologia aplicada. Entre essas classifica-
ções, algumas têm sido mais usadas por sua praticidade de aplicação ou facilidade de interpre-
tação e análise: 
- custos reais e estimados: os custos reais referem-se aos efetivamente ocorridos; são 
específicos e particulares, pois, retratam uma situação passada. Os estimados, no entanto, são 
a projeção de uma situação futura ou geral. Por se referir a uma estimativa futura, são sempre 
aproximados e servem para avaliar e planejar a implantação de sistemas de produção ou de 
técnicas novas;
- custo total e médio: denomina-se total o custo de toda a produção de um ciclo. Se o 
custo total for dividido pelo número de unidades produzidas, obtém-se o custo médio de pro-
dução; 
- custos diretos e indiretos: os custos diretos originam e se relacionam diretamente a de-
terminada atividade (por exemplo, medicamentos para mastite são usados exclusivamente para 
as vacas). Os serviços ou insumos que podem ser aproveitados em mais de uma atividade pro-
dutiva são chamados custos indiretos (por exemplo, custos administrativos devem ser rateados 
proporcionalmente entre as atividades que exigem o serviço ou insumo);
- custo operacional: todo custo exigido para que as operações produtivas ocorram, sendo, 
portanto imprescindíveis para a execução das operações e para os processos produtivos. Os 
custos operacionais totais (COT) são calculados somando-se os custos operacionais variáveis 
(COV) e os operacionais fixos (COF);
- custos operacionais fixos (COF): correspondem aos recursos não assimilados pelo pro-
duto em curto prazo. Considera-se apenas a parcela de sua vida útil por meio de depreciação, 
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incluindo-se ainda os recursos não alteráveis em curto prazo e que seu conjunto determina a 
capacidade de produção, ou seja, a escala de produção (benfeitorias, máquinas, equipamentos, 
impostos, taxas fixas e outros);
- custos operacionais variáveis (COV): referem-se aos insumos incorporados totalmente ao 
produto no curto prazo e que não podem ser aproveitados ou claramente aproveitados em outro 
ciclo, mas são alteráveis em curto prazo, ou seja, podem ser modificados durante a safra. Tam-
bém são incluídos nos COV os recursos que exigem dispêndios monetários de custeio durante a 
safra (fertilizantes, agrotóxicos, combustíveis, alimentação, medicamentos, manutenção, mão-
de-obra, serviços de máquinas, equipamentos, entre outros);
- custos totais ou custos econômicos: calculados somando-se os custos operacionais to-
tais (COT) com os custos de oportunidade do capital (COp), os quais representam o retorno 
que o capital utilizado na atividade agropecuária proporcionaria se fosse aplicado em outras ati-
vidades. É possível, portanto, verificar a viabilidade econômica do empreendimento, comparan-
do seu retorno financeiro com o de outras alternativas de uso do capital, como, por exemplo, a 
taxa de juros da caderneta de poupança ou a rentabilidade de outras atividades. O mais comum 
nestes casos é estabelecer uma taxa de juros e/ou aluguel.
Um dos principais problemas relativos aos custos é a adoção de uma taxa de juros, que 
depende de três fatores: a oferta e a demanda de capitais, o risco e a duração do empréstimo. 
A demanda elevada aumenta as taxas de juros e uma grande oferta as reduz. As taxas de juros, 
quanto ao risco, são sempre proporcionais. Dados de mercado comprovam que um investimen-
to em terra é um dos mais seguros, enquanto os investimentos em capital de exploração fixo 
apresentam maiores riscos. No caso de capital circulante, os riscos são ampliados. Desse modo, 
as taxas de juros devem ser maiores para o capital circulante que para o capital fundiário e 
intermediárias para o capital de exploração fixo (Frank, 1978)
Entre os diversos métodos utilizados no cálculo das depreciações na agropecuária, o linear 
é o mais difundido. Nesse método, o valor da depreciação é constante em relação ao valor do 
bem e pode ser descrito da seguinte forma:
 Depreciação = (valor inicial - valor final)
 Vida útil
em que: valor inicial = valor do insumo novo ou atual; e valor final = valor residual (sucata).
Exemplo: trator = R$ 100.000,00 (valor novo); vida útil = 10 anos; valor residual = R$ 
40.000,00 (40%); depreciação = (100.000,00 – 40.000,00) / 10 = R$ 6.000,00 / ano
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Produção e Conservação de Volumosos para Reserva Estratégica
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Tabela 9. Índices de depreciação recomendados.
Descrição Vida útil
Taxa de depreciação 
(% ano)
Valor residual (%)
Construções e melhoramentosConstruções 
Parede de tijolos, cobertura de telha 25 4,00 20
Parede de madeira, cobertura de telha 15 6,67 20
Piso de tijolo cimentado 25 4,00 20
Paiol 20 5,00 20
Silo trincheira 5 20,00 20
Curral 20 5,00 20
Melhoramentos 
Linha de força e luz, telefone com 
postes de madeira
30 3,33 20
Linha de força e luz, telefone com 
postes de ferro e concreto 
50 2,00 20
Cercas de arame 20 5,00 20
Rede de água (encanamentos) 10 10,00 20
Cerca elétrica 10 10,00 20
Brete 20 5,00 20
Balança 10 10,00 20
Bebedouro 10 10,00 20
Saleiro 10 10,00 20
Cocheira 10 10,00 20
Animais
Animais de criação 
Reprodutor 8 12,50 mercado @
Matriz 10 10,00 mercado @
Animais de Trabalho 
Burro de tração 12 8,33 Mercado
Cavalo de sela 8 12,50 mercado
Boi de carro 5 20,00 mercado @
Máquinas e equipamentos
Tratores 
De roda 10 10,00 40
De esteira 10 10,00 40
Microtrator 7 14,29 40
Veículos 
Caminhão 5 20,00 40
Carroça 10 10,00 40
Carreta de trator 15 6,67 40
Pick up 5 20,00 40
Moto 5 20,00 40
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Descrição Vida útil
Taxa de depreciação 
(% ano)
Valor residual (%)
Implementos 
Arado de discos e aiveca 15 6,67 20
Grade de discos 15 6,67 20
Carreta com pneus 15 6,67 20
Semeadeira de linhas 15 6,67 20
Semeadeira de grãos moídos 20 5,00 20
Cultivador 12 8,33 20
Plaina 15 6,67 20
Grade de dentes e molas 20 5,00 20
Colhedeira de forragem 10 10,00 20
Plantadeira 10 10,00 20
Desintegrador 20 5,00 20
Picadeira de forragem 15 6,67 20
Motores elétricos 15 6,67 20
Serraria 20 5,00 20
Pulverizador 10 10,00 20
Ensiladeira 7 14,29 20
Ordenhadeira 10 10,00 20
Roçadeira 10 10,00 20
Secador de cereais 10 10,00 20
Adubadeira 8 12,50 20
Arreio 6 16,67 0
Misturador de ração 15 6,67 20
Lâmina de trator 10 10,00 20
Vagão forrageiro 15 6,67 20
Sulcador 15 6,67 20
Fonte: Santos et al. (2002); Estado de São Paulo: caderno agrícola Junho de 2004; www.fipe.com.br
5 - Análise econômica na pecuária leiteira – aspectos finan-
ceiros e de investimento
O sistema de avaliação econômica é um conjunto de procedimentos administrativos que 
registra, de forma sistemática e contínua, a efetiva remuneração dos fatores de produção em-
pregados nos serviços rurais. Entre outras vantagens, auxilia a administração na organização e 
no controle da unidade de produção, revelando ao administrador as atividades de menor custo 
e mais lucrativas e indicando os pontos críticos da atividade. Oferece bases consistentes e con-
fiáveis para a projeção dos resultados e auxilia no processo de planejamento rural para tomada 
de decisões futuras (Santos et al., 2002). 
A análise econômica é a comparação da receita obtida na atividade produtiva com os 
custos, incluindo, em alguns casos, os riscos e permitindo a verificação de como os recursos 
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Produção e Conservação de Volumosos para Reserva Estratégica
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empregados no processo produtivo estão sendo remunerados e como está a rentabilidade da 
atividade comparada a outras alternativas de emprego do capital (Reis, 2002). 
De acordo com Nix (1995) e Corrêa et al. (2000), para essa comparação, podem ser 
utilizados os seguintes indicadores:
¾ margem bruta = receitas totais – custos variáveis; 
¾ renda líquida em dinheiro = receita total – desembolsos;
¾ lucro operacional = renda líquida em dinheiro – depreciações;
Os indicadores são usados para possibilitar ao administrador uma visão mais precisa da 
situação da empresa. A seguir, serão descritos alguns exemplos de análises econômicas e suas 
interpretações.
Nos casos em que a receita da propriedade é superior aos custos totais (custos operacio-
nais + custos de oportunidade), tem-se uma empresa estável e com capacidade de crescer em 
médio e longo prazo (Figura 2). Em economia, esta situação é chamada lucro supernormal ou 
lucro econômico positivo e indica que a atividade está apresentando retornos superiores aos 
obtidos nas melhores alternativas de emprego do capital.
Figura 2 – Análise econômica de uma situação de lucro supernormal.
Quando a receita se iguala aos custos totais (custos operacionais + custos de oportunida-
de), indica estabilidade, com tendência de manutenção dos níveis de produção a curto e médio 
prazos. Esta situação, denominada lucro normal, sugere que a atividade está proporcionando 
retornos iguais aos obtidos nas melhores alternativas de emprego de capital.
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José Neuman Miranda Neiva / Tadeu Vinhas Voltolini
Figura 3 – Análise econômica de uma situação de pouca sustentabilidade.
Uma situação em que a receita total não cobre o custo total, mas é maior que o custo 
operacional total significa que a atividade está remunerando o capital a taxas mais baixas que 
a assumida no custo de oportunidade. 
Nos casos em que a receita cobre apenas os custos operacionais, a atividade não remune-
ra o capital como as melhores alternativas do mercado. Assim, não há capacidade de maiores 
investimentos a médio e longo prazo e a atividade se mantém, mas pode não ser a opção de 
investimento mais atraente para a próxima geração. É uma situação de lucro operacional. Se a 
receita for igual ao custo operacional total, a atividade cobrirá todos os custos operacionais, mas 
não proporcionará a remuneração do capital empregado na atividade (Figura 3) e a tendência é 
que esta atividade não se sustente a médio prazo. Por outro lado, se a receita for menor que os 
custos operacionais totais, mas ainda superior às despesas e aos desembolsos (custos operacio-
nais variáveis + desembolsos fixos), a empresa encontra-se em processo de descapitalização. 
Nestas situações, a sustentabilidade do empreendimento tende a ser de curto prazo, pois não 
considera a reposição dos recursos físicos, tampouco a remuneração do capital.
A empresa tende a se sustentar por curto prazo nos casos em que a receita é igual ao custo 
operacional variável. Nos casos em que nem os custos variáveis são cobertos pela receita, a ati-
vidade precisará receber recursos externos para cobrir os custeios com obrigações de curto pra-
zo (custo operacional variável). Esta situação se caracteriza, então, por subsídio à atividade. 
Tabela 10 – Interpretação das análises econômicas
A receita é: Situação Tendência
RT < COV Colapso Não recupera
COV < RT < COT Caixa positivo Sucatear bens
COT < RT < CT Lucro operacional Permanência
RT = CT Lucro normal Crescimento
RT > CT Lucro econômico Crescimento
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Produção e Conservação de Volumosos para Reserva Estratégica
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Quadro 1 – Resumo dos indicadores econômicos.
Margem bruta (MB) RT – COV
Renda líquida em dinheiro RT - Desembolsos
Lucro operacional (Lop)
Renda líquida em dinheiro – Depreciações 
(ou RT – COV – COF)
Lucro total (LT) RT – CT 
Rentabilidade LT / Capital investido*
* Patrimônio + Capital de giro (desembolsos)
5.1. Análise de investimentos
O tempo é fundamental no processo de análise de investimentos, pois um investimento 
envolve desembolso de capital no presente que proporcionará receitas no futuro. Por isso, ao 
avalia-lo, é preciso projetar as receitas e despesas em tempos diferentes e, então, ajustá-las 
para uma análise econômica adequada.
Uma empresa é estruturada para maximizar o lucro de seu investimento. Os critérios para 
investir permitem determinar o valor de um grupo de propostas a ser escolhidas a partir de uma 
ordenação das mais lucrativas. Chudleigh (1982) citaa taxa interna de retorno, o período de 
pagamento (Payback) e o valor presente líquido (VPL) como critérios comumente utilizados na 
análise de investimento.
Outros indicadores financeiros utilizados na avaliação de um investimento são, segundo 
Antunes e Ries (2001):
¾ remuneração do capital = lucro operacional – remuneração do administrador.
¾ retorno do capital investido = remuneração do capital ÷ capital investido na atividade 
(patrimônio + desembolsos no período).
5-2 Método do valor presente líquido (VPL)
Este método consiste em transferir para o momento atual todas as variações de caixa es-
peradas para o projeto, descontando-se uma taxa de juros, chamada taxa de desconto, definida 
pelo administrador em função das alternativas de investimentos do mercado.
O VPL pode ser definido pela expressão:
em que: X = saldo do caixa para cada período (ano ou mês) do estudo; j = número de 
períodos estudados; i = taxa de desconto.
O investimento deve ser aprovado se o VPL for positivo e abandonado quando o VPL for 
negativo. Se a taxa de desconto utilizada for igual ao custo do capital e o VPL for negativo, o 
investimento não é atrativo. 
Exemplo: em determinada alternativa com investimeto de R$ 20.000,00, as receitas 
esperadas são de R$ 10.850,00 para cada um dos dois primeiros anos. O investimento seria 
atrativo com uma taxa de desconto de 10% ao ano?
VPL = - 20.000 + (10.850 / (1 + 0,1)1) + (10.850 / (1 + 0,1)2)
VPL = - 20.000 + 9.863,63 + 8.966,94
VPL = - 1.169,43
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Como o VPL foi negativo, esse projeto deve ser abandonado, pois não cobre os custos do 
capital ou a taxa mínima de atratividade de retorno. 
Quando o VPL for usado para analisar diversas alternativas, deve-se optar pelo investi-
mento que apresentar o maior VPL positivo.
5-3 Método da taxa interna de retorno (TIR)
A taxa de juros ou de desconto que torna uma série de receitas e desembolsos iguais no 
presente é considerada a TIR. Por definição, a TIR é a taxa que torna o VPL igual a zero. Nos 
casos em que a TIR da alternativa estudada é maior que a taxa mínima de atratividade de 
retorno ou que o custo do capital, o investimento deve ser aprovado, caso contrário, deve ser 
rejeitado.
O cálculo da TIR é feito pelo método de tentativa e erro, estimando-se um valor para a 
taxa de desconto e calculando-se o VPL. Se o VPL for positivo, significa que a TIR é maior que 
o valor estimado. O segundo passo, então, é estimar um novo valor para a taxa de desconto, 
porém maior, e assim sucecivamente até que se encontre o valor exato.
5-4 Método do Payback
Este método consiste em determinar o número de períodos necessários para recuperar o 
capital investido. A aceitação ou não do investimento se baseia no tempo de vida esperado do 
ativo, nos riscos associados, nos padrões de tempo para recuperação do investimento utilizados 
pelo investidor e na sua posição financeira. 
Exemplo: dois projetos foram apresentados para que apenas um fosse aprovado. Abaixo, 
são apresentados os fluxos de caixa para ambos os projetos.
Ano Projeto X Projeto Y
0 - 10.000,00 - 25.000,00
1 500,00 2.500,00
2 1.200,00 2.500,00
3 1.700,00 4.000,00
4 2.000,00 5.000,00
5 3.000,00 5.000,00
6 3.000,00 5.000,00
7 3.500,00 10.000,00
8 3.500,00 15.000,00
9 - 1.000,00 15.000,00
Por esse método, o projeto com melhor Payback seria o X e, por isso, deveria ser escolhi-
do. No entanto, apesar de simples, apresenta falhas que não devem ser negligenciadas: des-
considera o valor do dinheiro no tempo, simplesmente somando os valores nominais; e, após o 
período de recuperação do investimento, as variações do caixa são desconsideradas. Portanto, 
embora tenha apresentado o melhor Payback no nono ano, possui resultado negativo, o que 
torna o projeto Y a melhor opção. 
6-Avaliações econômicas na pecuária bovina de leite
A Empresa de Pesquisa de Minas Gerais (EPAMIG) tem divulgado resultados de pesquisas 
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do melhoramento genético do rebanho leiteiro Zebu x Europeu utilizando raças holandesas com 
a Gir para fazer a geração F1. Como demonstrado na Tabela 11, esses animais apresentam 
boas características produtivas relacionadas à produção de leite (total e média), à persistência 
de lactação, ao pico de lactação e aos intervalos de partos.
Tabela 11 – Desempenho produtivo e reprodutivo de vacas F1 Holandês x Zebu.
Ordem de parto
Primeiro Segundo Terceiro
Idade – meses 33,80 48,80 59,50
Peso – kg 449,50b 487,90ª 495,80ª
Período de serviço – dia 165,90ª 94,50b 89,70b
Intervalo de partos – mês 14,90ª 12,40b 12,30b
Produção total – kg 2.100,00c 2.740,00b 3.070,00ª
Duração da lactação – dia 295,00ª 272,00b 272,00b
Produção média por dia – kg 7,07c 10,02b 11,20ª
Pico de produção – kg 11,68ª 15,09b 16,86ª
Dia do pico de produção 68,10ª 49,40b 51,80b
Médias com letras minúsculas distintas (abc) na mesma linha diferem (P<0,05).
Fonte: Ruas et al. 2006.
A avaliação econômica desse sistema foi realizado nos anos de 2001 (dezembro) a 2003 
(novembro) e comprovou a viabilidade econômica com lucro operacional e total positivo nos 
dois anos avaliados (Tabela 12).
Tabela 12 – Análise econômica de dois anos da atividade leiteira de um rebanho F1 Ho-
landês x Zebu.
2001 -2002 2002 – 2003
Item R$ Litros leite R$ Litros leite
Receitas 140.915,10 440.359,68 273.203,82 581.284,72
Bezerros 35.321,07 110.378,36 70.630,17 150.276,97
Vacas 9.662,31 30.194,73 14.662,46 31.196,73
Leite 95.931,71 299.786,59 187.911,18 399.811,03
Custo op. variavél 96.799,08 302.497,13 147.764,33 314.392,19
Custo op. fixo 10.289,46 32.154,57 14.868,50 31.635,11
Custo op. total 107.088,54 334.651,70 162.632,83 346.027,30
Custo alternativo 5.321,27 16.628,97 7.749,39 16.488,06
Custo total 112.409,81 351.280,67 170.382,22 362.515,36
Margem bruta 44.116,02 137.862,55 125.439,49 266.892,53
Lucro Operacional 33.826,55 105.707,98 110.570,99 235.257,42
Lucro total 28.505,28 89.079,01 102.821,60 218.769,36
Preço do litro de leite: R$ 0,32 (2001-2002); R$ 0,47 (2002-2003).
Fonte: Adaptado de Moraes, 2004.
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Nesse estudo, foram feitas simulações variando as taxas de mortalidade dos bezerros 
maior e menor que a taxa real de 7,57% ao ano (2002-2003). Com a taxa de mortalidade de 
2% ao ano, o lucro operacional aumentou para R$ 114.863,05, enquanto, com a taxa de 15% 
de mortalidade ao ano, o lucro operacional reduziu para R$ 105.107,55, comprovando que 
a taxa de mortalidade influencia a venda de animais e, conseqüentemente, a receita bruta. O 
impacto desta simulação no sistema não é tão elevado, pois a maior participação da receita é 
com a venda do leite. 
No ambiente econômico de busca da eficiência para competir no mercado, o produtor de 
leite deve substituir a velha equação “produção máxima = lucro máximo” por outra: “nível de 
produção ótimo = lucro máximo”. Uma avaliação da utilização de pastagens por produtores de 
leite de Nova Iorque mostrou que, em média, esses produtores conseguiram reduções nos cus-
tos de produção de US$ 153.00/vaca/ano. Pesquisadores da Pensilvânia demonstraram que, 
com a utilização de pastagens, os produtores americanos têm elevados os retornos por vaca 
de US$ 85,00 para US$ 168,00 por ano. A redução nos custos de produção com a utilização 
de pastagens foi ocasionada, principalmente, pela menor dependência do uso de máquinas 
e implementos, energia e combustíveise pelo menor tempo gasto com manuseio dos dejetos 
animais (Matos, 2005).
No primeiro trabalho conduzido na Embrapa Gado de Leite, um grupo de vacas foi man-
tido em pastagem de coastcross recebendo concentrado na proporção de 3 kg/vaca/dia e outro 
foi mantido estabulado recebendo dieta completa com concentrado na quantidade de 6 kg/
vaca/dia. O grupo em confinamento produziu, em média, 5.768 kg de leite/vaca em 280 dias, 
enquanto o grupo a pasto produziu 4.648 kg/vaca no mesmo período – uma redução de 19,4% 
na produção de leite. A margem bruta obtida com o grupo a pasto, no entanto, foi 34,4% su-
perior à margem obtida com o grupo em confinametno, em decorrência da redução de 55,3% 
nos custos de produção (Tabela 13) (Matos, 2005).
Tabela 13 - Custos operacionais, receitas e margens brutas dos sistemas de produção de 
leite com vacas Holandesas em pastagem de coastcross e em confinamento.
Confinamento Pastagem Diferença (%)
Leite (kg/vaca/dia) 20,6 16,6 19,4
US$/vaca/40 semanas
Receitas 807,52 650,72 19,4
Custos 484,43 216,65 55,3
Margem bruta 323,09 434,65 - 34,4
Fonte: Adaptado de Vilela et al., 1996.
Vários índices têm sido utilizados para avaliar os sistemas de produção de leite, entre eles 
o retorno sobre o capital investido (RSC), o lucro operacional/ano, o lucro por hectare/ano e a 
renda líquida/ano. Contudo, o objetivo maior em qualquer sistema de produção de leite é o lu-
cro. Muitos pesquisadores consideram que a variável que melhor expressa o lucro na atividade 
leiteira é o RSC, pois, nessa variável econômica, está implícito o lucro operacional, obtido pela 
retirada do faturamento (receita) de todos os desembolsos (capital de giro) e as depreciações. 
Nesta variável, também é considerado o valor do patrimônio investido.
* - pastejo rotacionado com gado puro, mão-de-obra qualificada, instalações e maquinário 
de ordenha e refrigeração. 
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Produção e Conservação de Volumosos para Reserva Estratégica
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Tabela 15 - Estimativas dos custos com alimentação das vacas em produção, dos demais 
custos e da renda em fazendas com 100 vacas em lactação (em R$/100 L de leite, exceto a 
última coluna do quadro).
Produção média 
de leite e taxa 
de lotação*
Concentrado 
(1)
Silagem 
(2)
Pastagem
 (3)
Total 
(1+2+3)
Outros 
custos
Custo 
total
Renda líquida 
(R$/ano)
Confinamento
20 L/vaca/dia 24,51 8,94 - 33,45 31,51 64,96 -21.585,00
25 L/vaca/dia 23,71 7,63 - 31,34 25,21 56,55 49.772,50
30 L/vaca/dia 24,13 6,76 - 30,89 21,00 51,89 110.654,00
Pastagem**
3 vacas/ha 18,00 3,89 6,71 28,60 24,87 53,47 59.129,00
4 vacas/ha 18,00 3,89 5,03 26,92 24,87 51,79 70.779,80
5 vaca/ha 18,00 3,89 4,02 25,92 24,87 50,79 77.714,80
6 vacas/ha 18,00 3,89 3,35 25,25 24,87 50,12 82.361,25
Fonte: Resende e Vilela (2004); 
* - Preço do leite pago ao produtor = R$0,62/Litro. 
** - Produtividade média de leite em pastagem de coastcross = 19,0 kg leite/vaca/dia. 
Como demonstrado na Tabela 15, a atividade leiteira no confinamento somente proporcio-
nará lucro ao investidor em situações de alta produtividade (acima de 25 L de leite/vaca/dia), 
pois os investimentos são muito elevados e os riscos são maiores. Essas análises devem ser 
recalculadas em função da variação dos preços dos insumos e de venda do leite (Tabela 15).
7- Estudo de caso
A seguir, são apresentados os dados econômicos de dois sistemas de produção de bovinos 
de leite (Tabela 16).
Fazenda 1 - sistema de média tecnologia de produção de leite (4.608 kg de leite/lactação) 
no nordeste de Minas Gerais. A propriedade possuía 130 vacas, das quais 77 em lactação e 
um total de 208 UA/135 ha. O rebanho era composto de animais com graus de sangue ½ e ¾ 
Holandêz x Zebu (Gir e Indubrasil). Os animais permaneceram em pastejo rotacionado intensivo 
durante a época das águas e, na seca, receberam suplementação com cana-de-açúcar e uréia. 
Durante todo o ano, receberam suplementação protéico-mineral. Dados referentes ao ano de 
2004.
Fazenda 2 - sistema de média tecnologia de produção de leite (4.500 kg de leite/lacta-
ção) em Minas Gerais, com 200 vacas, das quais 140 em lactação, com média de 14,5 kg 
de leite/vaca/dia. Os animais foram mantidos em sistema de pastejo em capineira e receberam 
silagem como suplementação volumosa. Dados referentes ao ano de 2005 (Anualpec, 2006). 
Os dados apresentados na Tabela 16 servem como referência para acompanhamentos fu-
turos e comparação de sistemas com características semelhantes. Nas fazendas, a maior parte 
do custo do leite (COT) está relacionada aos custos variáveis (acima de 90%), caracterizando 
um sistema intensivo com uso de tecnologias (adubação de culturas, inseminação artificial, su-
plementação nutricional, etc.). O setor nutricional representa mais de 40% do COT (aleitamen-
to, suplementação com volumosos e concentrado, manutenção das culturas e silagem). Ambas 
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as fazendas foram economicamente viáveis e apresentaram lucro econômico, isto é, as receitas 
obtidas pagaram todos os desembolsos, as depreciações e o custo de oportunidade. Devem ser 
observadas, no entanto, as particularidades de cada sistema de produção (fazenda e a região) 
onde estão instalados, além da diferença do ano de coleta, o que pode alterar consideralvelmen-
te os resultados de outras propriedades.
 Tabela 16 – Análise econômica de sistemas de produção de bovino leiteiro.
Fazenda 1 Fazenda 2
R$ R$
1 – Receita bruta 280.646,86 395.965,00
Leite 201.180,76
Animais 68.125,45
Variação inventário animal 10.930,00
Outros 410,65
%COT %COT
2 - Custo operacional variável 182.325,98 91,36 326.730,00 90,3
Mão-de-obra 28.767,17 14,42 56,759,00 15,7
Manutenção benfeitorias / máquinas 16,383,49 8,21 7.672,00 2,2
Vacinas, medicamentos, sêmen 16.828,47 8,43 19.293,00 5,4
Ração concentrada e mineral 42.707,12 21,40 128.343,00 35,5
Capineira / canavial, manutenção 1.671,76 0,84 13.237,00 3,7
Pastagens, manutenção 5.697,93 2,86 11.715,00 3,2
Despesas gerais 7.225,52 3,62 14.190,00 3,9
Silagem - - 44.774,00 12,4
Transporte do leite 5.707,79 2,86 5.619,00 1,6
Energia e combustível 13.804,95 6,92 6,243,00 1,7
Aleitamento de bezerros 33.786,46 16,93 8.067,00 2,2
Impostos e taxas 9.745,34 4,87 10.819,00 3,0
3 - Margem bruta (1-2) 98.320,88 69.235,00
4 - Custos operacionais fixos 17.243,48 8,64 21.505,00 5,9
Depreciação trator e veículos 4.389,00 2,20 19.824,00 5,5
Depreciação benfeitorias 6.181,00 3,10 1.577,00 0,4
Depreciação pastagens e lavoura perene 6.313,48 3,16 104,00 0,0
Depreciação animais de serviço 360,00 0,18 - -
5 - Custo operacional total (COT) 199.569,47 348.235,00
6 - Lucro operacional (1-5) 81.077,40 47.730,00
7 – Custo oportunidade (sem terra) 25.471,75 3.629,00
Retorno capital investido - % anual - com terra 14,57 não informado
Retorno capital investido - % anual - sem terra 22,13 não informado
COT / litro de leite – R$ 0,3475 0,4883
Custo total / litro de leite – R$ 0,3990 0,4932
Preço médio do leite – R$ 0,5670 não informado
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Produção e Conservação de Volumosos para Reserva Estratégica
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8 - Influência de alguns índices zootécnicos na rentabilidade 
da atividade.
Considerando as despesas da Fazenda 1, serão feitas duas simulações para avaliação na 
rentabilidade do sistema. Cada uma aborda uma estratégia tecnológica e a avaliação de seu uso 
na atividade (custos, receitas e rentabilidade).
Dados utilizados nos cálculos:
Patrimônio R$ 832.000,00
Rebanho R$ 312.000,00Terras R$ 270.000,00
Benfeitorias R$ 100.000,00
Máquinas / equipamentos R$ 150.000,00
Litros totais – ano 354.816
Litros / vaca – ano 4.608
Vacas em lactação 77
Vacas totais 130
UA total 208
Hectares 135
Preço de venda / litro de leite (incluindo venda de ani-
mais e variação de inventário) 
R$ 0,76
Fazenda 1
R$
1 – Receita bruta 280.646,86
Leite 201.180,76
Animais 68.125,45
Variação inventário animal 10.930,00
Outros 410,65
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Custo/ litro
Custo operacional variável R$ 165.355,14 R$ 0,47
Custo operacional fixo R$ 34.214,34 R$ 0,10
Custo operacional total R$ 199.569,48 R$ 0,56
Margem bruta R$ 104.361,72
Lucro operacional R$ 70.147,38
Lucro operacional por hectare R$ 519,61
Custo oportunidade - taxa anual 8,75%
Patrimônio R$ 72.800,00
Desembolso R$ 7.976,76
Custo oportunidade - R$ 80.776,76 Custo/ litro
Custo total R$ 280.346,24 R$ 0,79
Valorização patrimonial R$ 7.000,00
Lucro total -R$ 10.629,38
Rentabilidade – Lop - % 6,92
Rentabilidade - Lucro total - % (1,05)
1) Estratégia tecnológica utilizada: protocolos de inseminação com hormônios
Custo por vaca: R$ 25,00/ano
Taxa de concepção: 40%
Número de vacas utilizadas: 44
Custo direto do tratamento: R$ 1.107,50
Número de vacas prenhes: 18
Quantidade de leite a mais produzido dentro do sistema: 81.635 / ano
Receita adicional: R$ 62.000,16
Custo adicional indireto (alimentação, mão-de-obra, energia, transporte do leite, sanida-
de, manutenção, etc.): R$ 10.257,66 
 Custo/ litro
Custo operacional variável R$ 188.085,46 R$ 0,43
Custo operacional fixo R$ 34.214,34 R$ 0,08
Custo operacional total R$ 222.299,80 R$ 0,51
Margem bruta R$ 143.631,56 
Lucro operacional R$ 109.417,22 
Lucro operacional por hectare R$ 810,50
 8,75% 
Patrimônio R$ 72.800,00 
Desembolso R$ 8.473,99 
Custo oportunidade - R$ 81.273,99 Custo/ litro
Custo total R$ 303.573,79 R$ 0,70
Valorização patrimonial R$ 7.000,00 
Lucro total R$ 28.143,23 
Rentabilidade - LOp - % 10,67 
Rentabilidade - Lucro total - % 2,74 
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Produção e Conservação de Volumosos para Reserva Estratégica
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Como observado, o custo por litro de leite produzido diminuiu com o aumento de produção 
e, conseqüentemente, aumentou a rentabilidade da atividade.
2) estratégia tecnológica adotada: 2 kg de ração de lactação/vaca/dia (290 dias de lactação) 
Custo por vaca: R$ 290,00/ano (ração concentrada = R$ 0,50/kg)
Número de vacas utilizadas: 77 vacas em lactação
Custo direto do tratamento: R$ 22.330,00
Quantidade de leite a mais produzido dentro do sistema: 89.320 / ano (aumento de 4kg 
de leite/vaca/dia)
Receita adicional: R$ 67.883,20
Custo adicional indireto (energia e transporte do leite): R$ 24.424,80
Custo/ litro
Custo operacional variável R$ 181.024,84 R$ 0,41
Custo operacional fixo R$ 34.214,34 R$ 0,08
Custo operacional total R$ 215.239,18 R$ 0,48
Margem bruta R$ 156.518,52 
Lucro operacional R$ 122.304,18 
Lucro operacional por hectare R$ 905,96
Custo oportunidade - taxa anual 8,75% 
Patrimônio R$ 72.800,00 
Desembolso R$ 8.662,31 
Custo oportunidade - R$ 81.462,31 Custo/ litro
Custo total R$ 296.701,49 R$ 0,67
Valorização patrimonial R$ 7.000,00 
Lucro total R$ 40.841,87 
Rentabilidade – Lop - % 11,87 
Rentabilidade - Lucro total - % 3,97 
O custo por liro de leite produzido diminuiu com o aumento da produção e, conseqüente-
mente, aumentou a rentabilidade da atividade. Neste caso, não foi considerado o efeito direto 
da nutrição na reprodução com o aumento do número de vacas em lactação.
O uso correto da tecnologia proporciona aumento dos custos operacionais variáveis no 
sistema produtivo, entretanto, os custos (variáveis, fixos e totais) do litro de leite são diluídos 
pelo aumento da produção, proporcionando aumento da rentabilidade da atividade com maior 
lucro por hectare.
O conhecimento das informações técnicas, aliado às informações econômicas, torna-se 
fundamental na gestão da atividade pecuária para monitoramento das estratégias, bem como 
na sua reformulação caso o realizado seja diferente do planejado. O uso adequado das tecno-
logias nas pesquisas científicas avaliadas zootecnica e economicamente dentro do sistema de 
produção comprova o impacto (direto e indireto) na rentabilidade da atividade.
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Produção e Conservação de Volumosos para Reserva Estratégica
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Criação de Animais Jovens
Sandra Gesteira Coelho
Antônio Último de Carvalho
1-Introdução
A criação de bezerros, principalmente do nascimento ao desaleitamento, exige boas prá-
ticas de manejo e muita atenção a detalhes. A saúde e o crescimento dos bezerros dependem 
de fatores que interferem antes, durante e no período imediatamente após o parto. Os aspectos 
mais importantes e críticos na criação dos bezerros estão relacionados às instalações (mater-
nidade e bezerreiro), ao fornecimento do colostro, à cura do umbigo, ao fornecimento da dieta 
líquida e ao desenvolvimento do rúmen e dependem da integração do manejo da alimentação e 
do ambiente para obtenção de bezerros saudáveis. 
2- Cuidados com novilhas e vacas gestantes
Decisões sobre o peso, a idade à cobertura e o touro adequado para o acasalamento são 
fundamentais para o início de um bom sistema de criação. Em novilhas de raças grandes (Ho-
landesa e Pardo-Suíça), o peso à cobertura deve ser de 360 a 400 kg, enquanto, no gado mesti-
ço e Jersey, o peso deve ser de 280 a 320 kg. Em relação à escolha de touros para inseminação 
artificial a dificuldade de parto deve ser 8 a 9% para novilhas e de 10 a 11% para vacas, como 
forma de minimizar os problemas e as perdas econômicas causadas pelos partos difíceis.
Os cuidados com a alimentação devem ser observados durante toda a gestação e no 
período de transição. Devem ser fornecidas aos animais dietas bem equilibradas para garantia 
de bom desenvolvimento fetal, adequada formação de colostro e boa lactação. Deficiências de 
energia, vitaminas, minerais, proteínas, podem comprometer o desenvolvimento fetal e aumen-
tar a morbidade e mortalidade de bezerros. 
A demanda de nutrientes para o feto torna-se particularmente importante durante o último 
trimestre da gestação, observando-se que 60% do ganho de peso fetal ocorre durante os dois 
últimos meses. Desta forma, mesmo nesta fase, quando as exigências nutricionais da vaca são 
menores, ainda é necessária atenção à dieta dos animais. 
Próximo ao parto os animais devem ser levados ao piquete maternidade (+ 21 dias antes 
da data prevista) ou à baia maternidade (7 a 10 dias antes da data prevista) para o início à 
dieta de transição (preparar a vaca para a nova lactação) e o acompanhamento do parto. Nas 
fazendas onde o animal é levado à baia maternidade, a dieta de transição também deve ser ini-
ciada 21 dias antes da data prevista para o parto e mantida durante a permanência do animal 
na baia de maternidade. Esses locais devem ter boas condições de higiene e estar localizados 
próximo às outras instalações para permitir boa alimentação, observações freqüentes e assis-
tência quando houver problemas. Quando utilizadas, as baias devem ter de 14 a 18,5 m2, ser 
limpas, secas, bem ventiladas e claras e possuir cochos para alimentação e fornecimento de 
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Sandra Gesteira Coelho /Antônio Último de Carvalho
água. No caso de utilização de cama nas baias, deve-se dar preferência à cama de feno. Após 
a saída dos animais, as baias devem ser higienizadas e as camas substituídas. 
Piquetes limpos, sombreados, secos e com boa cobertura vegetal são ótima opção para a 
maternidade. A área de sombra nestes piquetes deve ser de pelo menos 2,3 m2 por animal e 
os cochos e bebedouros devem ser de fácil acesso aos animais. Os piquetes devem estar locali-
zados próximos a outras instalações para facilitar a visualização dos animais. 
Alguns pesquisadores recomendam o acompanhamento do parto a cada duas horas. Exis-
te também a recomendação de intervenção entre 30 e 60 minutos após o aparecimento das 
membranas fetais, no parto de vacas, e entre 60 e 90 minutos, no parto de novilhas. Estas 
recomendações se baseiam nos resultados de uma estatística americana, que demonstrou que 
2% dos bezerros nascem mortos, a maioria como conseqüência de partos difíceis e que 2% dos 
bezerros que nascem vivos morrem na primeira semana de vida, também em decorrência de 
partosdifíceis. 
Alguns destes bezerros poderiam ser salvos com assistência e supervisão corretas ao par-
to. Mesmo tendo recebido colostro adequadamente, os bezerros provenientes de parto difícil 
apresentam ainda baixa concentração de imunoglobulinas na corrente circulatória nas primeiras 
12 horas após o nascimento, o que reforça a necessidade de minimizar as distocias.
3- Adaptações após o nascimento
Após o nascimento os bezerros passam por várias mudanças fisiológicas para adaptação 
à vida extra-uterina. A primeira e mais imediata é a de iniciar os movimentos respiratórios. O 
controle do balanço ácido-básico precisa ser iniciado o mais breve possível e todo o metabolis-
mo precisa estar funcionando para que o organismo possa iniciar o catabolismo de carboidratos, 
gordura e aminoácidos para fornecer energia para as funções corporais. Outra adaptação neces-
sária é a regulação da temperatura corporal. Para isso, os bezerros precisam rapidamente ativar 
os mecanismos termogênicos, como o tremor e o metabolismo da gordura marrom. Iniciado este 
processo, e somando-se a ele a ingestão do colostro e secagem dos pêlos, a produção de calor 
corporal aumenta e a temperatura corporal se estabiliza dentro dos limites fisiológicos em torno 
de 48 a 72 horas de vida. 
Essa regulação depende do ambiente e, por isso, o local de nascimento tem forte influên-
cia sobre a velocidade de regulação da temperatura corporal. A superfície corporal dos bezerros 
é maior que sua massa corporal, o que propicia a rápida perda de calor. O estresse pelo frio 
prolongado pode levar o animal à hipotermia, que aumenta as chances de mortalidade. Os ris-
cos de hipotermia são maiores em animais fracos e originados de parto difícil. Nestes casos, os 
animais apresentam, além das dificuldades de regulação da temperatura corporal decorrentes 
da baixa atividade física, acidose e hipóxia ou anóxia, iniciando a vida com menores chances 
de sobrevivência. 
4- Cuidados com o recém nascido 
Logo após o nascimento, deve-se observar o bezerro e, quando necessário, fazer a re-
moção das membranas fetais, do muco das narinas e da boca. A cura do umbigo consiste na 
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Criação de Animais Jovens
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desidratação do coto umbilical com o colabamento dos vasos sanguíneos e do úraco e deve ser 
feita com tintura de iodo a 7% imediatamente após o nascimento, repetindo-se o procedimento 
pelo menos mais três vezes. As onfalopatias e suas conseqüências ocasionam altas taxas de 
mortalidade em bezerros, levando os animais sobreviventes a perdas no desempenho produtivo 
em relação a outros animais da mesma idade.
4-1 Fornecimento do Colostro 
A ingestão de colostro de alta qualidade deve ser feita imediatamente após o nascimento. 
O sistema imune dos bezerros recém-nascidos é imaturo e incapaz de produzir quantidades su-
ficientes de imunoglobulinas para os desafios do ambiente. Além disso, a placenta dos bovinos 
impede a transferência de imunoglobulinas maternas para os bezerros e, conseqüentemente, os 
bezerros nascem sem imunidade humoral adequada e dependem da transferência passiva de 
imunoglobulinas maternas pelo colostro. 
A absorção das imunoglobulinas do epitélio intestinal do neonato até a circulação é pos-
sível por aproximadamente 24 horas após o nascimento. A absorção ocorre por um processo 
ativo (pinocitose) pelo qual as imunogloblulinas (e outras moléculas) são transportadas por 
dentro dos enterócitos até alcançar a membrana basal. Depois de deixar o epitélio, as imuno-
globulinas movem-se na linfa e daí para a circulação. A maturação do intestino delgado começa 
rapidamente após o nascimento e a habilidade do intestino em absorver macromoléculas sem 
digestão é perdida com o avançar do tempo após o nascimento. Essa perda da capacidade 
absortiva (chamada fechamento) parece estar relacionada à renovação do epitélio digestivo e 
à mudança na população de células. Após 24 horas de vida, não há mais chance de absorção 
de IgG do colostro. No entanto, é importante continuar o fornecimento do leite de transição por 
2 a 3 dias após o nascimento. A IgA presente no leite de transição dificulta a colonização das 
bactérias na parede intestinal, o que pode reduzir a incidência de diarréias durante as primeiras 
semanas de vida. 
Outro efeito de proteção consiste na re-secreção da IgG absorvida, que ao ser re-secretada 
nos tratos digestivo e respiratório resulta também em importante proteção local contra doenças 
entéricas e respiratórias. 
Dois fatores são importantes para a qualidade do colostro: a ausência de bactérias (colos-
tro obtido de forma higiênica, com o úbere limpo) e a concentração de imunoglobulinas (especi-
ficamente IgG). A concentração de imunoglobulinas no colostro varia de acordo com o histórico 
de doenças e vacinações da vaca, a estação do ano em que o parto ocorreu, a raça (Figura 1), 
o volume de colostro produzido (quando superior a 8,5 L, a chance de o colostro possuir ní-
veis adequados de imunoglobulinas diminui de 77 para 64%) e outros fatores. Um colostro de 
alta qualidade deve apresentar densidade maior que 1,056, concentração de imunoglobulinas 
maior que 60g/L e ausência de bactérias.
A qualidade de colostro pode ser estimada pela relação entre a gravidade específica do co-
lostro e a concentração de imunoglobulinas utilizando-se um hidrômetro (colostrômetro). Este 
equipamento é calibrado em intervalos de 5 mg/mL e classifica o colostro conforme sua con-
centração de imunoglobulinas: pobre (vermelho), com concentração de até 22 mg/mL; mediana 
(amarelo), com concentração entre 22 a 50 mg/mL: boa (verde), concentração > 50 mg/mL. 
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Figura 1. Concentrações de IgG (mg/mL) no colostro de animais das raças Jersey (Quigley 
et al. 1994), Gernsey (Muller & Ellinger, 1981) e Holandesa (Pritchett et al. 1991) 
Em levantamento realizado durante cinco anos com 496 animais da raça Pardo-Suíça de 
uma fazenda próxima a Belo Horizonte, avaliou-se a qualidade de colostro com auxilio de um 
colostrômetro e observou-se que 12% dos animais apresentavam colostro de baixa qualidade 
(<22 mg/mL de imunoglobulinas), 58% produziam colostro de média qualidade (de 22 a 50 
mg/mL) e 30% tinham colostro de boa qualidade (acima de 51 mg/mL). Esses dados compro-
vam que grande parte dos bezerros (70%) recebe colostro de baixa ou média qualidade, o que 
aumenta a incidência de doenças.
O tempo entre o nascimento e a administração do colostro é crítico para determinar se o 
bezerro adquirirá ou não imunidade passiva adequadamente. A rápida administração do colos-
tro é importante porque, à medida que o tempo passa, ocorre o fechamento da mucosa, deter-
minando o fim da capacidade absortiva e aumentando as chances de colonização do intestino 
por bactérias patogênicas.
A transferência da imunidade passiva pode ser estimada pela mensuração da concentração 
sérica de IgG ou da concentração de proteínas totais no soro 24 a 48 horas após o nascimento. 
Concentração de IgG menor que 10 mg/mL é considerada falha na transferência de imunidade 
passiva. No entanto, atualmente vários pesquisadores têm recomendado concentração de IgG 
de 15 mg/mL como meta para uma boa colostragem. Concentração de proteína total >5,5 g/dL 
indica sucesso na transferência de imunidade; de 5,0 a 5,4 g/dL, moderado sucesso; e < de 
5,0 g/dL, falha na transferência de imunidade passiva. A proteína total pode ser mensurada pela 
utilização da técnica do biureto ou pela utilização de refratômetro, enquanto a concentração 
de gamaglobulinas no soro pode ser determinada de forma semiquantitativa pelas técnicas de 
precipitação com sulfato de zinco ou sulfito de sódio.
Na36th Annual Conference of American Association of Bovine Practitioners, a Dra. McGui-
rk sugeriu a seguinte metodologia para avaliação da transferência de imunidade passiva: obter 
12 amostras de soro de bezerros entre 6 horas e 7 dias de idade e interpretar os resultados de 
acordo com a Tabela 1. 
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Tabela 1. Interpretação da concentração e proteínas séricas totais
Concentração de proteína total 
< 5,5 g/dL
Porcentagem Interpretação
0/12 ou 1/12 0% a 8,3%
Sem problemas na transferência de imuni-
dade passiva
2/12 ou 3/12 16,7% a 25% Linha marginal de problemas
4/12 ou > 33,3% ou mais
Falhas na transferência de imunidade 
passiva
Para o sucesso na transferência da imunidade passiva, é necessário que o bezerro tenha 
recebido volume adequado de colostro de alta qualidade e que o fornecimento ocorra em curto 
espaço de tempo após o nascimento. 
A importância do colostro não se limita simplesmente à absorção adequada de imunoglo-
bulinas no primeiro dia de vida. O colostro contém grande quantidade de células (1x 106 /mL) 
e, do total dessas células, mais de 30% são linfócitos (células-chave na modulação do sistema 
imune). A maior parte desta população é constituída de linfócitos T, com capacidade imunor-
reativa. As células provenientes do colostro podem ser encontradas na mucosa intestinal, nos 
linfonodos mesentéricos, no sangue, nos pulmões, no fígado e no baço.
O colostro também exerce funções importantes na modulação do desenvolvimento do 
trato gastrointestinal, do metabolismo e do sistema imune do neonato. Possui vários peptídeos 
biologicamente ativos (PBA) a função exata de muitos deles ainda não está determinada. Os 
peptídeos presentes no colostro mais estudados são os fatores de crescimento epidérmico (EGF) 
e fatores de crescimento semelhantes às insulinas I e II (IGF 1 e IGFII). O EGF é um peptídeo 
ácido-estável que resiste à degradação protéica abomasal; sua principal atividade no TGI é 
estimular a proliferação e diferenciação de células intestinais e a maturação do trato digestivo. 
Os fatores de crescimento semelhante à insulina I e II são peptídeos com a capacidade de esti-
mular a síntese de DNA e a mitose em vários tipos de células e funcionam como promotores de 
crescimento do intestino em bezerros neonatos. 
Além de conferir imunidade aos bezerros, o colostro é a primeira fonte de nutrientes. Como 
pode ser observado na Tabela 2, o colostro possui duas vezes mais sólidos totais que o leite. 
As porcentagens de proteína e gordura são altas e a de lactose é menor que no leite integral. 
As concentrações de minerais e vitaminas também são maiores no colostro para garantia de 
estoques adequados até que o consumo de alimentos sólidos aumente. A lactose e a gordura 
presentes no colostro são fontes de energia para os bezerros.
O corpo do animal recém-nascido possui poucas reservas de gordura e a maior parte dos 
lipídeos é de origem estrutural e não pode ser mobilizada. As reservas de gordura corporal e gli-
cogênio que podem ser mobilizadas se esgotam em 18 horas após o nascimento se os animais 
não forem alimentados, o que demonstra a importância da administração imediata de colostro 
aos animais.
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Tabela 2. Composição do colostro e do leite de animais da raça Holandesa
Constituinte Colostro (ordenha pós-parto) Leite
1a 2a 3a 4a Integral
Sólidos totais, % 23,9 17,9 14,1 13,9 12,9
Gordura, % 6,7 5,4 3,9 4,4 4,0
Proteínas, % 14,0 8,4 5,1 4,2 3,1
Caseína, % 4,8 4,3 3,8 3,2 2,5
Albumina % 0,9 1,1 0,9 0,7 0,5
Imunoglobulinas, % 6,0 4,2 2,4 - 0,09
Lactose, % 2,7 3,9 4,4 4,6 5,0
Cinzas, % 1,11 0,95 0,87 0,82 0,74
Ca, % 0,26 0,15 0,15 0,15 0,13
P, % 0,24 0,11
Mg, % 0,04 0,01
Fé, mg/100g 0,20 0,01-0,07
Vit. A, ug/100mL 295 190 113 76 34
Vit. D, U.I/g gordura 0,89 – 1,81 0,41
Vit. E, ug/g gordura 84 76 56 44 15
Vit. B12, ug/100 mL 4,9 - 2,5 - 0,6
Adaptado de Roy (1970) e Foley & Otterby (1978)
Formas de administração do colostro
A administração do colostro pode ser realizada com o bezerro mamando na vaca, em ma-
madeiras ou baldes ou por meio de sondas esofagianas. Todos os métodos possuem vantagens 
e desvantagens. 
A sucção do colostro diretamente nos tetos aumenta a absorção das imunoglobulinas, 
mas, quando as vacas apresentam-se com o úbere edemaciado ou sujo, quando produzem 
grande quantidade de colostro ou têm temperamento agressivo, a ingestão do colostro não é 
realizada de forma adequada. Outra desvantagem consiste na impossibilidade de avaliar a qua-
lidade e o volume ingerido.
Com a utilização de mamadeiras ou baldes, é possível estimar o volume ingerido, mas, 
imediatamente após o nascimento, o bezerro tem dificuldade para mamar na mamadeira ou 
no balde. É preciso que os tratadores tenham paciência para que os bezerros possam ingerir 
adequadamente o volume necessário e, ainda, que entendam a necessidade da higienização 
de todo o material para que os utensílios não se transformem em veículo de disseminação de 
agentes patogênicos. 
Com a utilização de sondas, é possível determinar o volume ingerido. No entanto, elas só 
devem ser utilizadas por pessoas treinadas para evitar riscos de aspiração. Outra desvantagem 
da utilização das sondas é que o colostro passa primeiro pelo retículo-rúmen, o que atrasaria 
sua chegada ao intestino delgado (duas a quatro horas de atraso) para a absorção das imuno-
globulinas.
A quantidade de colostro oferecida depende do peso corporal e da quantidade de imuno-
globulinas no colostro. Durante muito tempo, recomendou-se a administração de 2 L de colostro 
em duas alimentações nas primeiras 12 horas de vida do bezerro. No entanto, com o aumento 
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da preocupação acerca da qualidade do colostro, muitos pesquisadores têm recomendado o 
fornecimento de 3,78 L de colostro na primeira alimentação, que deve ocorrer até 6 horas após 
o nascimento. Para bezerros da raça Jersey ou de raças de grande porte com baixo peso ao 
nascimento, a recomendação têm sido de 3 L de colostro.
Estas recomendações se baseiam nos seguintes cálculos apresentados por Davis & Drack-
ley, (1998): o volume de plasma de um bezerro é de aproximadamente 6,5% do peso corporal 
para um bezerro de 40 kg ao nascimento, o que corresponde a um volume de plasma de aproxi-
madamente 2,6 L (praticamente o mesmo volume de soro). A concentração de uma substância 
no sangue depende da entrada do material no sangue e de seu desaparecimento (clerance ou 
metabolismo). A taxa de desaparecimento da IgG é lenta (meia-vida de 11,5 dias), o que faz 
com que seja ignorada nas estimativas de necessidade de IgG para bezerros. Desta forma, a 
quantidade de IgG necessária para a concentração de 10 mg/mL pode ser estimada: 
2,6 litros de soro x 10 g IgG/litro = 26 g de IgG. 
A eficiência aparente de absorção de IgG colostral varia de 20 a 48% nas duas horas 
após o nascimento e depende da concentração de IgG no colostro e da variação individual do 
bezerro. Se a taxa de absorção é de 25% na primeira hora após o nascimento, o bezerro precisa 
consumir 104 g de IgG (26g / 0,25 = 104 g). A partir daí, a quantidade de colostro necessário 
para que o bezerro receba 104 g de IgG pode ser calculada em função da qualidade de colostro; 
no caso de um colostro de média qualidade (35 mg/mL), o bezerro deve receber 104 g de IgG/ 
35 mg/mL = 2,97 L de colostro. 
Entretanto, é preciso ressaltar que bezerros que nascem fracos apresentam menores taxas 
de absorção e que, atualmente,tem-se recomendado concentração de IgG no plasma de 15 g/L 
o que provoca aumento do volume de colostro oferecido. 
 O bezerro pode ficar na companhia da vaca nas primeiras horas após o nascimento desde 
que a ingestão de colostro ocorra nas seis primeiras horas de vida. Nos primeiros três dias de 
vida, o bezerro deve receber o leite de transição da mãe, ou, alternativamente, uma mistura de 
colostro excedente e leite de transição de outros animais que tenham parido nestes dias. 
Toda fazenda deve ter um banco de colostro (colostro congelado) para situações de emer-
gência. Deve-se congelar apenas colostro de boa qualidade (>50 mg/mL de imunoglobulinas). 
O colostro deve ser obtido após a higienização dos tetos e deve ser estocado em recipientes de 
500 mL para permitir rápido congelamento e descongelamento, evitando-se assim a multipli-
cação bacteriana. 
Destaca-se que o congelamento do colostro interfere na transferência de imunidade passi-
va celular. Os leucócitos presentes no colostro perdem sua viabilidade após o congelamento, o 
que não ocorre com as imunoglobulinas.
A relação entre a concentração de IgG e a saúde dos bezerros é positiva. Todavia, a sus-
ceptibilidade dos bezerros às doenças e a resposta aos agentes patogênicos não dependem 
apenas do grau de proteção proporcionado pela imunidade humoral passiva, mas também da 
exposição aos patógenos ambientais e do estado fisiológico do animal. Bezerros com imunidade 
adequada podem desenvolver doenças se o desafio imposto pelo ambiente for elevado ou se o 
colostro não possui imunoglobulinas contra um patógeno não apresentado as vacas e novilhas. 
As imunoglobulinas são específicas para antígenos específicos e, por isso, o bezerro precisa 
receber uma variedade de imunoglobulinas para obter boa proteção. Se as imunoglobulinas do 
colostro não são específicas para os antígenos presentes na fazenda, a concentração de imuno-
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globulinas no sangue, mesmo que seja alta, pode não conferir imunidade. Isso pode acontecer 
quando bezerros e vacas são criados em locais distantes uns dos outros (muitas vezes dentro da 
mesma fazenda). Bezerros que recebem nutrição inadequada, criados em bezerreiros sem boa 
ventilação ou submetidos a estresse por frio ou calor têm grande risco de desenvolver doenças, 
pois, nestas situações, o desafio sobrepõe à capacidade do sistema imune do bezerro. 
4-2 Dieta líquida após o fornecimento do colostro 
Antes do desenvolvimento do retículo-rúmen, o abomaso é o compartimento funcional 
dos estômagos do bezerro, o que o torna dependente de enzimas digestivas. A partir de um 
reflexo condicionado, ocorre a contração de uma dobra de tecido da base do esôfago ao orifício 
retículo-omasal e forma-se um tubo denominado goteira esofagiana. O leite ingerido flui, então, 
diretamente da base do esôfago (cárdia) ao orifício retículo-omasal e ao abomaso. 
No abomaso a caseína do leite é coagulada pela ação da renina, pepsina e pelo forte am-
biente ácido, formando o coágulo (proteína e gordura) e o soro (composto por água, minerais, 
lactose e outras proteínas incluindo as imunoglobulinas). O ácido clorídrico tem papel importan-
te na digestão de proteínas no abomaso. A taxa de secreção pelas células parietais é baixa ao 
nascimento, mas aumenta em 50% durante as quatro primeiras semanas de vida. 
À exceção da lactase, todas as outras enzimas que quebram os carboidratos são encontra-
das com atividade relativamente baixa no intestino dos bezerros. Faltam nos bezerros sacarase 
e amilase salivar. A maltase intestinal e a amilase pancreática são encontradas em limitadas 
quantidades ao nascimento, mas aumentam sua atividade com a idade (especialmente a ami-
lase). Dessa forma, o uso de algum dissacarídeo ou polissacarídeo que não seja a lactose é 
severamente limitado nas primeiras três semanas de vida do bezerro. Após as três semanas 
de idade, ocorre um aumento na capacidade de digestão do amido, intensificando a atividade 
enzimática e a habilidade de digestão de proteínas de origem vegetal. 
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Tabela 3. Atividade das enzimas digestivas em função da idade dos bezerros
Enzimas
Idade, em dias
19 119
Atividade relativa por kg de peso vivo em comparação aos valores 
aos 2 dias de idade
Carboidrases
Lactase 0,23 0,12
Maltase 0,83 2,86
Isomaltase 0,44 0,91
Amilase 24,00 47,00
Proteases
Quimosina 0,65 0,22
Pepsina 1,21 0,63
Tripsina 2,48 1,28
Quimotripsina 2,44 3,07
Elastase 2,43 2,53
Carboxipeptidase A 2,31 2,13
Carboxipeptidase B 2,38 2,27
Aminopeptidade A 0,34 0,47
Aminopeptidade B 0,21 0,31
Lipases
Lipase pancreática 2,15 3,50
Colipase 1,61 1,04
Fosfolipase A2 1,46 1,68
Fonte: Davis & Drackey, 1998
 O perfil enzimático indica que os bezerros estão preparados para a digestão do leite e que, 
até três semanas de vida, são especialmente suscetíveis à baixa qualidade dos ingredientes dos 
sucedâneos de leite, em virtude da pequena maturação dos tecidos intestinais e da reduzida 
secreção de enzimas digestivas. Portanto, o leite é a melhor dieta líquida para bezerros de até 
30 dias de idade. 
Várias teorias têm sido propostas para explicar a ativação do reflexo da goteira esofagiana, 
um processo controlado por estimulação neural. A mais aceita é a de que o condicionamento 
do animal é o principal fator a desencadear esse reflexo; a repetição dos mesmos hábitos e a 
utilização dos mesmos utensílios no momento do aleitamento faz com que os bezerros ativem 
esse reflexo.
A ativação do reflexo da goteira esofagiana é importante para evitar a entrada e fermenta-
ção do leite no rúmen. A falha desse reflexo e a entrada de leite no rúmen ocasionam fermenta-
ção dos carboidratos com produção das formas D e L de ácido lático. Altas quantidades destes 
isômeros podem acumular no rúmen e serem absorvidas, podendo levar a quadros de acidose 
metabólica. 
Após os primeiros três dias de vida (recebendo colostro e leite de transição), deve-se ini-
ciar o fornecimento de dieta líquida aos animais, um procedimento que pode ser feito tanto pelo 
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aleitamento natural (bezerro mamando na vaca) como pelo aleitamento artificial (mamadeiras 
e baldes).
O aleitamento natural pode ser utilizado quando a produção de leite total/animal for igual 
ou inferior a 8 kg de leite/dia e quando as vacas não descem o leite sem a presença do bezerro. 
No aleitamento natural, durante o primeiro e o segundo mês de vida, deve-se deixar um teto 
para o bezerro na ordenha da manhã e outro na ordenha da tarde (o bezerro ingere em média 4 
L de leite/dia). Nos meses seguintes, a ordenha é realizada nos quatro tetos e o bezerro ingere 
o leite residual. 
O aleitamento artificial é realizado quando a vaca desce o leite sem a presença do bezerro. 
Essa prática permite a racionalização do manejo, mais higiene na ordenha e controle da quan-
tidade de leite ingerida pelo bezerro.
O aleitamento artificial consiste no fornecimento de quantidade fixa de leite, em torno de 
8 a 10% do peso vivo. A quantidade comumente oferecida é de 4 kg de leite/dia, oferecida uma 
ou duas vezes ao dia. Esta restrição no volume oferecido não permite altas taxas de ganho de 
peso, mas estimula o consumo de alimentos sólidos necessários ao desenvolvimento do rúmen. 
O ganho de peso esperado com este consumo é de 200 a 400 g/dia em condições termoneu-
tras. 
O fornecimento de leite pode ser realizado uma ou duas vezes ao dia e a alimentação,uma 
vez ao dia deve ser iniciada na segunda semana de vida. Uma das vantagens desse sistema de 
alimentação é que a ingestão de alimentos sólidos pelo bezerro é iniciada mais cedo, reduzindo 
os custos com mão-de-obra.
5- Substitutos do leite
Os substitutos do leite mais utilizados são: colostro e leite de transição, leite de descarte 
e sucedâneos do leite.
 A utilização do colostro e do leite de transição tem vantagens econômicas (produto sem 
valor comercial) e nutricionais (alto valor protéico e vitamínico), aumenta a defesa contra infec-
ções no trato digestivo, reduz a morbidade e melhora o desempenho dos animais.
O colostro excedente deve ser fornecido nas seguintes diluições: duas partes de colostro e 
uma de água ou uma parte de colostro e uma de água.
O leite de descarte é o leite de vacas em tratamento com fármacos antimicrobianos. Este 
produto representa economia para as fazendas (é considerado uma fonte de alimento sem cus-
to, pois não pode ser comercializado) e reduz impactos sobre o ambiente, todavia, são neces-
sários alguns cuidados na sua administração: quando o leite é descartado pela ocorrência de 
mastite, além de resíduo de antimicrobianos, pode conter também grande número de patógenos 
e, portanto, sua utilização deve ser evitada; quando o leite não tem aparência normal, sua utili-
zação também deve ser evitada nos primeiros dias de vida dos bezerros e em situações em que 
os animais estejam em situações de estresse. 
Os sucedâneos do leite – são uma combinação de produtos de origens vegetal e animal 
destinados a substituir completamente o leite – têm sido muito utilizados nas fazendas leiteiras. 
Um bom sucedâneo deve ser de fácil preparo e administração, ser palatável, não sedimentar, 
ser nutricionalmente adequado, pobre em fibra (máximo de 3%), rico em proteína (20% ou 
mais) e energia (mínimo de 80% NDT), enriquecido com minerais e vitaminas e não provocar 
diarréias (Tabela 4).
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Tabela 4. Concentração recomendada de nutrientes nos sucedâneos de leite NRC, 2001.
Nutriente Concentração
Energia metabolizável, mcal/kg 4,47 a 4,95
NDT, % da matéria seca 95,0
Proteína bruta, % 18,0 a 22,0
Extrato etéreo (lipídios) mínimo, % 10,0 a 20,0
Macromineral
Cálcio, % 1,00
Fósforo % 0,70
Magnésio, % 0,07
Potássio, % 0,65
Sódio % 0,40
Cloro, % 0,25
Enxofre, % 0,29
Micromineral
Ferro, ppm (ou mg/kg) 100,0
Cobalto, ppm 0,11
Cobre, ppm 10,0
Manganês, ppm 40,0
Zinco, ppm 40,0
Iodo, ppm 0,50
Selênio, ppm 0,30
Vitamina
Vitamina A, UI/kg 9,000
Vitamina D, UI/kg 600,0
Vitamina E, UI/kg 50,0
Fonte: NRC, 2001.
6- Desaleitamento
Os custos de criação diminuem significativamente quando se faz o desaleitamento do 
bezerro. O leite ou o sucedâneo é freqüentemente mais caro que o concentrado ou o feno e os 
gastos com mão-de-obra também são maiores quando os bezerros recebem dieta líquida. O de-
saleitamento geralmente é realizado com base na idade do animal (mais comum aos 60 dias), 
quando o bezerro está ingerindo, por três dias consecutivos, 700 g de concentrado ou quando 
atinge 90 a 100 kg de peso vivo.
Entretanto, deve-se ressaltar que o desaleitamento causa redução no consumo de matéria 
seca (-12% de matéria seca do leite x 4 litros/dia) e estresse. O déficit de energia e proteína 
pode causar balanço energético negativo se o consumo de concentrado não aumentar rapida-
mente. Além disso, a dieta líquida é uma experiência prazerosa para o bezerro e o fim desta 
experiência ocasiona estresse no bezerro. A passagem do tratamento individual para o manejo 
em grupo e as mudanças na dieta (oferecimento de outro concentrado e/ou feno) também pro-
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vocam estresse nos bezerros. Desta forma, deve-se sempre, ao desaleitar os bezerros, criar boas 
condições sanitárias para minimizar o surgimento de doenças e aumentar as observações dos 
bezerros para detectar precocemente as doenças. 
Após o desaleitamento, os bezerros devem ser mantidos nos bezerreiros por pelo menos 
dez dias para minimização do estresse provocado pelo desaleitamento e aumento do consumo 
de alimentos sólidos. Para reduzir o estresse ocasionado pela mudança da vida individualizada 
para a coletiva, os animais devem sempre ser introduzidos em um novo lote com outros bezer-
ros que também estavam no bezerreiro.
7- Desenvolvimento do rúmen
Ao nascimento, o estômago dos bezerros contém os mesmos compartimentos de um 
animal adulto, no entanto, o retículo, o rúmen e o omaso não estão totalmente desenvolvidos 
– o abomaso constitui o compartimento funcional ativamente envolvido na digestão. À medida 
que o animal começa a consumir alimentos sólidos, principalmente carboidratos rapidamente 
fermentáveis, os compartimentos do estômago sofrem modificações e o rúmen passa a ter uma 
função importante para o animal.
Os compartimentos do estômago crescem proporcionalmente ao crescimento do animal. 
Até duas semanas de idade, os bezerros se comportam como animais monogástricos, com um 
estômago simples. O abomaso possui 60% da capacidade do estômago, o retículo e o rúmen 
30% e o omaso 10%. Por volta da quarta semana de vida, o retículo e o rúmen representam 
58%, o omaso 12% e o abomaso 30% da capacidade estomacal. Na 12a semana de idade, o 
retículo-rúmen possui mais de 2/3 da capacidade dos estômagos, o omaso 10% e o abomaso 
somente 20%. À medida que os estômagos se desenvolvem, o bezerro torna-se um animal ru-
minante.
Para promover o desenvolvimento do retículo-rúmen e permitir o desaleitamento precoce, 
é essencial o consumo precoce de uma dieta que estimule o desenvolvimento do epitélio (au-
mento da área de absorção) e da motilidade. 
A movimentação do rúmen provoca a inoculação da digesta com microrganismos, o con-
tato dos ácidos graxos voláteis (AGV) e da amônia com o epitélio para absorção, a ruminação, 
a salivação, a eructação, a passagem da digesta a outros compartimentos do estômago, o 
desenvolvimento da musculatura e do tamanho do rúmen e a manutenção da saúde do tecido 
epitelial. 
Durante muito tempo, pensou-se que, para desenvolver o retículo-rúmen, era necessário 
o fornecimento de alimentos que provocassem atrito no retículo-rúmen. No entanto, o estímulo 
primário para o desenvolvimento do epitélio é químico, observando-se que os AGV, particular-
mente o ácido butírico e o propiônico, são responsáveis pelo desenvolvimento epitelial (papilas). 
As papilas são projeções do epitélio que aumentam a superfície do rúmen e a área de absorção 
de nutrientes. Os AGV são produtos da fermentação, pela microbiota do rúmen, de carboidra-
tos e de frações de proteínas das dietas e seu efeito sobre o desenvolvimento do epitélio é, em 
parte, atribuído à intensa metabolização durante a absorção, fornecendo energia para o cresci-
mento do tecido epitelial e para a contração muscular. 
O estímulo mecânico sobre as paredes do retículo-rúmen (efeito físico) é necessário para 
promover a movimentação do rúmen, o desenvolvimento das camadas musculares, o aumento 
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do volume do rúmen e a manutenção da saúde do epitélio. Desse modo, para o perfeito equi-
líbrio e desenvolvimento do retículo-rúmen, é necessária uma dieta que forneça substrato para 
produção de AGV (efeito químico, principalmente produção de butirato e propionato) e mante-
nha a movimentação (efeito físico) do retículo-rúmen. 
Para fermentar os substratos (grãos e volumosos), a microbiota precisa permanecer em 
um ambiente aquoso,pois, sem água suficiente, os microrganismos não crescem e o desenvol-
vimento ruminal é atrasado. Grande parte da água que entra no rúmen é proveniente da água 
ingerida. Desta forma, para o desenvolvimento precoce do retículo-rúmen, os bezerros devem 
ter acesso a água limpa e fresca desde o nascimento, pois o consumo de água aumenta o con-
sumo de matéria seca e o ganho de peso, ocorrendo diminuição de 31% no consumo de matéria 
seca e de 38% no ganho de peso quando água não é oferecida aos bezerros.
Assim, para o desenvolvimento do retículo-rúmen, algumas condições são necessárias: o 
estabelecimento da microbiota, a presença de líquido no retículo-rúmen, a movimentação para 
mistura do conteúdo destes órgãos, a capacidade de absorção pelos tecidos (desenvolvimento 
do epitélio) e a presença de substrato.
Dos 30 aos 90 dias de idade, os bezerros passam por um grande desafio, que é a ma-
nutenção de um pH adequado no rúmen. A ingestão de alimentos sólidos, principalmente 
concentrados (os bezerros têm grande preferência por estes alimentos, em detrimento aos vo-
lumosos) atinge quantidades significativas entre a 4a e a 8a semana de vida (Tabela 5). A 
intensa fermentação e a produção de AGV resultam em redução do pH ruminal. Além disso, os 
concentrados normalmente utilizados para bezerros são fornecidos na forma farelada, que não 
provoca estímulo físico sobre o retículo-rúmen para a movimentação e ruminação (salivação, 
tamponamento), ou na forma peletizada, que não proporciona estímulos físicos, pois os alimen-
tos são facilmente quebrados na boca do animal. 
A redução dos estímulos de movimentação do retículo-rúmen provoca diminuição na taxa 
de absorção dos AGV, como resultado da redução na concentração de AGV próximo às papilas 
ruminais, causada pelo acúmulo de concentrados entre as papilas e/ou pela menor exposição 
do conteúdo do rúmen às papilas e, ainda, pela menor saída da digesta e dos AGV do rúmen 
para absorção no omaso e no abomaso. Esses fatores aumentam a susceptibilidade do animal 
à acidose, provocando também redução na disponibilidade de nutrientes para os animais. 
A intensa produção de ácidos pela fermentação e a ausência de estímulos físicos para a 
movimentação do retículo-rúmen e a ruminação promovem um ambiente favorável à acidose 
ruminal. As variações diárias no consumo de matéria seca observadas nesta fase estão rela-
cionadas aos efeitos da dieta na fermentação ruminal e, especialmente, no pH do rúmen. O 
controle da taxa de fermentação e da capacidade de tamponamento, por meio da manipulação 
da dieta, é necessário para a saúde do rúmen e a obtenção de altos e uniformes consumos de 
alimentos sólidos.
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TABELA 5. Médias ajustadas do consumo semanal de matéria seca do concentrado e do 
feno, consumo de água, ganho de peso diário e erro-padrão de bezerros desaleitados aos 30 
dias de idade e alimentados com concentrado e feno. 
Semanas
Consumo
Ganho de peso (kg)
Concentrado (kg) Feno (kg) Água (litros)
1 0,447+0,64a 0,043+0,09a 6,502+3,01a 0,299+0,15a
2 0,334+0,38b 0,121+0,05b 6,374+1,67b 0,211+0,05b
3 0,723+0,38a 0,198+0,05a 8,000+1,61a 0,210+0,05a
4 1,558+0,38b 0,271+0,05b 9,203+1,61b 0,235+0,05b
5 3,129+0,38a 0,236+0,05a 12,784+1,61a 0,334+0,06a
6 6,548+0,48b 0,245+0,06b 19,666+2,05b 0,564+0,06b
7 7,237+0,48a 0,190+0,06a 22,501+2,52a 0,823+0,06a
8 8,897+0,48b 0,316+0,06b 24,755+2,52b 0,821+0,06b
9 8,497+0,48a 0,424+0,06a 18,864+2,52a 0,807+0,06a
10 11,819+0,69b 0,336+0,09b 28,463+2,93b 0,847+0,09b
11 13,583+0,69a 0,470+0,09a 41,379+2,93a 1,023+0,09a
12 16,077+0,69b 0,669+0,09b 52,464+2,93b 1,029+0,09b
13 14,517+0,69a 0,607+0,09a 44,789+2,93a 0,842+0,09a
Fonte: Adaptado de Coelho (1999). Médias seguidas de letras distintas nas colunas,
para o mesmo parâmetro avaliado, diferem entre si (P<0,05). 
Como exposto, a forma física da dieta (Tabela 6), em particular o tamanho das partículas, 
influencia o consumo de alimentos, o ganho de peso e a saúde dos bezerros. Quando se trata 
da saúde do rúmen de bezerros até a 8a semana de idade, tamanho das partículas é mais im-
portante que o teor de fibra da dieta.
Tabela 6. Efeito da forma física da dieta sobre o consumo de alimentos, o ganho de peso 
até a 8a semana de vida (kg/dia) e a idade de início da ruminação (semanas) de bezerros desa-
leitados aos 28 dias de idade
Forma física da dieta
Propriedades físico-químicas da dieta Finamente moída Grosseira
FDN (%) 23,60 23,00
FDA (%) 12,10 11,10
Tamanho de partícula (% >1190 μm) 25,30 86,60
Bezerros
Consumo (kg) 0,85 1,09
Ganho de peso (kg) 0,32 0,41
Início da ruminação (dias) 6,00 3,70
Adaptado de Davis & Drackley (1998)
Assim a dieta oferecida aos bezerros vai depender do local de criação dos bezerros. Se são 
mantidos soltos em piquetes ou individualizados sobre gramíneas, seguramente ingerem essas 
gramíneas, mesmo que em pequena quantidade, o que pode provocar um efeito físico sobre o 
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retículo-rúmen aumentando a motilidade, a ruminação, a salivação e permitindo a manutenção 
de um pH mais adequado. Provavelmente, o fornecimento de uma dieta finamente moída ou pe-
letizada não provoque grandes transtornos a esses animais, contudo, se mantidos sobre piso de 
areia, terra batida ou gaiolas com piso de madeira, seguramente é necessário o fornecimento de 
uma dieta com alta granulometria ou com uma textura grosseira para provocar movimentação 
do retículo-rúmen, a ruminação, a salivação e a manutenção de um pH mais adequado.
Um bom concentrado para bezerros deve ser: palatável (ter sabor adocicado), ter textura 
grosseira, apresentar níveis adequados de proteína (18% sem uréia) e energia (80% de NDT), 
ter baixo nível de fibra (7 a 9%), níveis de vitaminas e minerais recomendados pelo NRC 2001, 
ser constituído de alimentos de boa qualidade, como milho, farelo de soja, farelo de algodão, 
farelo de trigo, leite em pó, etc.
8- Instalações
As instalações para bezerros devem ser econômicas, ter boa ventilação, boa insolação e 
proporcionar conforto aos animais.
A ventilação é fundamental para o sucesso da criação dos bezerros, pois esses animais es-
tão susceptíveis a infecções causadas por bactérias e vírus, agentes patogênicos disseminados 
por aerossóis produzidos por espirros e tosses. A ventilação adequada promove a remoção de 
gases e umidade que podem causar estresse nos animais, reduzindo a resistência às doenças e 
provocando problemas respiratórios.
Conforto significa acesso a água e a alimentos de qualidade, ambiente seco e controle de 
ecto e endoparasitas, e de temperatura. É importante minimizar a umidade no ambiente, pois, 
quando bem nutridos, secos e com boa cama, os bezerros são capazes de tolerar baixas tem-
peraturas. Quando estão molhados, o aquecimento dos pêlos e das camas diminui, tornando os 
bezerros susceptíveis ao resfriamento. A drenagem do local de criação, a escolha dos materiais 
para as camas e a freqüência de limpeza das camas são importantes para reduzir a umidade 
das instalações. 
O uso de abrigos individuais com a separação física dos bezerros promove a redução da 
disseminação de doenças pela diminuição do contato dos bezerros com agentes patogênicos. 
A individualização aumenta o poder de observação sobre o animal, facilitando a identificação 
imediata dos primeiros sinais de doenças. Todavia, apesar dos grandes benefícios, também 
tem desvantagens. Os bezerros criados em grupo desenvolvem mais precocemente interações 
sociais importantes para o desenvolvimento do comportamento social e se exercitam mais. 
Quando é necessária a apresentação dobezerro no momento da ordenha, não é possível 
individualizar os bezerros. Nesses casos, eles devem ser criados em piquetes, separados por 
faixa etária, para minimizar a ocorrência de doenças. O ideal seria a formação de lotes com 
diferentes faixas etárias: do nascimento a 30 dias, de 30 a 60, de 60 a 120 dias, e assim por 
diante.
Até 30 dias, os maiores desafios para os bezerros são as diarréias e os problemas res-
piratórios, enquanto, de 30 a 120 dias, na maioria das vezes, são a tristeza parasitária e os 
problemas respiratórios. Os lotes de bezerros devem ser pequenos para garantir boa observação 
e minimizar a promiscuidade entre os animais. A recomendação é que estes lotes tenham, no 
máximo, oito animais até 60 dias e após esta idade 15 animais.
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É importante enfatizar que a densidade tem forte impacto sobre a saúde dos animais. 
Quanto menor a idade dos animais, mais baixa deve ser a densidade nos lotes de bezerros. 
Deve-se atentar ainda às salas de ordenha, pois, durante as ordenhas, normalmente todos os 
bezerros são levados a um mesmo curral, onde permanecem por 1 a 2 horas em instalações 
que não oferecem boas condições de conforto. Nesses currais, geralmente não há separação 
por faixa etária; com a aglomeração de um grande número de bezerros, as instalações têm pe-
quena movimentação de ar e permanecem freqüentemente úmidas, criando ambiente propício 
à propagação de doenças.
9- Diarréias e fluidoterapia
As diarréias são a causa mais freqüente de mortalidade dos bezerros; ocorrem freqüente-
mente na primeira e segunda semanas de vida e são causadas por vírus, bactérias, protozoários 
e outros agentes patogênicos. A transmissão dos agentes causadores é geralmente oral-fecal. A 
melhor forma de minimizar este problema é reduzir as chances de contaminação realizando-se 
a cura imediata do umbigo, a colostragem adequada, a higiene dos alimentos e dos vasilhames 
dos bezerros, a higiene das instalações dos bezerros e dos tratadores dos bezerros. 
Na ocorrência de diarréia, deve-se proceder à fluidoterapia imediata para repor os fluidos 
perdidos, restabelecer o equilíbrio ácido-básico e fornecer nutrientes e energia aos bezerros. O 
ideal é o fornecimento dos fluidos assim que os primeiros sintomas de diarréia aparecem, pois 
nesta fase é possível fazer a reposição dos fluidos pela via oral. Os bezerros podem receber o 
fluido oral no balde e, caso não aceitem, deve-se utilizar mamadeiras e a sonda esofagiana para 
administração da fluidoterapia. 
A seguinte formulação tem sido recomendada pela Clínica de Ruminantes da Escola de 
Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais: 20 g de glicose de milho, 5 g de cloreto de 
sódio, 4 g de bicarbonato de sódio, 1 g de cloreto de potássio para diluição em 1 litro de água. 
Essa solução deve ser fornecida no mínimo 1 hora após a ingestão do leite pelo bezerro para 
não interferir na coagulação do leite. O açúcar não deve ser utilizado na formulação do fluido 
porque os bezerros são incapazes de digerir sacarose. Desta forma, o fornecimento de açúcar 
no fluido pode agravar as diarréias, como conseqüência do aumento da pressão osmótica e da 
fermentação no intestino. O fluido não supre as exigências de energia e proteína do bezerro e, 
por isso, é necessário o contínuo fornecimento de leite. Os antibióticos só devem ser utilizados 
sob prescrição do médico veterinário e sua administração deve ser feita via parenteral.
10 - Manejo nas primeiras semanas de vida
A identificação do animal por tatuagem ou brinco deve ser realizada nos primeiros dias 
de vida. Na primeira semana, as bezerras devem ser inspecionadas e devem ter os tetos ex-
tranumerários cortados. Após 15 dias de idade, deve ser realizada a descorna dos animais, 
um procedimento que provoca grande estresse no animal e pode ocasionar o aparecimento de 
doenças. Desta forma, os bezerros devem ser atentamente observados após à descorna para a 
identificação e o tratamento imediato de possíveis problemas.
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No caso de animais de raças puras e registrados, deve-se obedecer às normas de identifi-
cação das associações: a tatuagem para as raças Pardo-Suíça, Jersey e Gir e foto para a raça 
Holandesa.
11- Manejo após os 60 dias de idade
Após os 60 dias de vida, os bezerros podem ser criados conforme as seguintes recomen-
dações:
11-1 Primeiro lote coletivo (transição)
O período após o desaleitamento é o mais estressante para os bezerros, pois nele ocorre a 
segunda maior incidência de doenças, sendo necessário grande cuidado nutricional e sanitário. 
O tempo de permanência dos animais neste lote deve ser de 30 a 60 dias. 
 O número de bezerros no primeiro lote coletivo não deve ser superior a oito para não 
prejudicar a observação dos animais. A área necessária nos piquetes é de 15 a 45 m2/animal, 
sendo recomendadas áreas de cocho de 30 cm/animal e de sombra 1 m2/animal. Na alimenta-
ção, deve-se dar preferência ao uso de volumosos, incluindo feno de alta qualidade, gramíneas 
verdes com alto teor de proteína e energia, silagem de milho ou sorgo e cana-de-açúcar (esta 
deve ser dada com o menor tamanho possível, pulverizada). O concentrado deve ser o mesmo 
fornecido no bezerreiro (avaliar a necessidade de utilizar concentrados com coccidiostáticos). 
Os animais devem ter livre acesso a sal mineralizado e água limpa e fresca. O controle de ecto e 
endoparasitas deve ser mantido e a condição corporal dos animais nesta fase deve ser >3,0. 
11-2 Segundo lote coletivo
A área necessária nos piquetes no segundo lote coletivo é de 15 a 45 m2/animal. A área 
de cocho é de 30 cm/animal e a de sombra de 1 m2/animal. Em relação a alimentação, o con-
centrado oferecido aos bezerros começa agora a mudar. Deve-se oferecer 1 kg do concentrado 
oferecido na fase anterior e 1 kg de concentrado para novilhas. Os animais devem ter livre 
acesso a sal mineralizado e água limpa e fresca, à vontade. O controle de ecto e endoparasitas 
deve ser mantido e o escore da condição corporal nesta fase deve ser de 3,0 a 3,5. Nesse lote, 
o tempo de permanência é 60 dias.
11-3 Terceiro lote coletivo
No terceiro lote coletivo, os grupos podem ser maiores. A área de cocho deve ser de 40 
cm/animal e os cuidados com a sombra, o controle de ecto e endoparasitas e o fornecimento 
de sal mineralizado e água devem ser mantidos. Na alimentação, recomenda-se manter o uso 
de concentrado para novilhas e de volumosos de alta qualidade. A condição corporal nesta fase 
deve ser 3,0 a 3,5.
12- Vacinações:
- febre aftosa: a vacina contra a febre aftosa deve ser utilizada em machos e fêmeas, de 
acordo com as recomendações dos órgãos de defesa sanitária de cada região.
- brucelose: as vacinações contra a brucelose devem ser feitas entre 3 e 8 meses de idade, 
em dose única (fêmeas).
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- raiva: nas regiões endêmicas, vacinações contra raiva devem ser realizadas aos três me-
ses de idade, com repetição anual em fêmeas e machos. 
- manqueira: vários esquemas têm sido propostos para machos e fêmeas. Os mais utiliza-
dos são uma dose aos quatro meses, com dose de reforço aos cinco meses de idade e revacina-
ção aos 12 meses, ou uma dose aos quatro meses (revacinação no quinto mês) e revacinação 
aos 8 e 12 meses de idade. 
Para facilitar o manejo, as três vacinas supracitadas (brucelose, raiva e manqueira) podem 
ser aplicadas no mesmo dia. A aplicação de vacinações contra leptospirose e outras doenças é 
recomendada apóslevantamento sorológico do rebanho. As vacinações são necessárias, mas 
provocam estresse nos animais. Desta forma, os bezerros devem ser mantidos sob observação 
após estes procedimentos.
A taxa de mortalidade aceita é de 5% durante a fase de aleitamento e de 2% em outras 
idades. Valores superiores indicam problemas no sistema de criação e devem ser imediatamen-
te avaliados e os problemas contornados.
13- Considerações finais
A saúde, o crescimento e a produtividade dependem das práticas de nutrição e manejo. 
Cada bezerra que nasce representa uma oportunidade de melhoramento genético e expansão do 
rebanho. Desta forma, o crescimento deve ser otimizado e os problemas de saúde minimizados 
para que estes objetivos sejam alcançados.
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