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FINANÇAS CORPORATIVAS E MERCADO DE CAPITAIS

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FINANÇAS CORPORATIVAS E 
MERCADO DE CAPITAIS 
AULA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Luiz Itamar Rosa 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Olá! Na aula de hoje, vamos estudar os Princípios da Administração 
Financeiras, ou seja, os elementos que compõem as finanças corporativas, suas 
funções, sua história e sua abrangência. Além disso, iremos mostrar as 
oportunidades do profissional da área de finanças. 
Será mostrado também o funcionamento do mercado financeiro e do 
mercado de capitais, e por último serão expostas algumas hipóteses e teorias 
que sustentam os mercados de capitais e são de fundamental importância na 
administração financeira das empresas. 
Boa aula! 
CONTEXTUALIZANDO 
Considerada por Gitman (2010, p. 3) como “a arte e a ciência de 
administrar o dinheiro”, o termo finanças ou administração financeira é amplo e 
dinâmico, afetando diretamente a vida das pessoas e das organizações. Há 
muitas áreas e oportunidades de carreira nesse campo. Gitman (2010, p. 3) 
também destaca que o termo finanças está relacionado a processos, às 
instituições, aos mercados e aos instrumentos envolvidos na transferência de 
dinheiro entre pessoas, empresas e órgãos governamentais. 
Seleme (2010, p.16) destaca a importância da administração financeira, a 
qual permite que o gestor obtenha informações precisas e bem delineadas para 
solucionar problemas de ordem financeira e operacional da empresa. 
Como toda ciência, as finanças corporativas incorporam em seu escopo 
as grandes evoluções do mundo contemporâneo. Segundo Assaf Neto (2014), 
as finanças das empresas vêm apresentando ao longo do tempo um processo 
consistente de evolução conceitual e técnica. 
O mesmo autor menciona que até a crise econômica de 1929–1930 existia 
uma predominância dos aspectos externos das empresas, conhecidas como 
abordagem tradicional. A função financeira até então estava centralizada na 
captação de recursos, sendo a principal preocupação do administrador 
financeiro a captação de recursos junto aos fornecedores de capital (acionistas, 
banqueiros e poupadores). 
 Posteriormente a esse período e influenciado por Taylor, Fayol e Ford, 
as diversas atividades de natureza repetitiva e sistemática que caracterizavam a 
 
 
3 
administração financeira sofreram fortes modificações e as empresas passaram 
a direcionar seus esforços para os aspectos internos, voltados ao 
aperfeiçoamento e ao desenvolvimento de sua estrutura organizacional. 
Na década de 1940 até meados de 1950, Assaf Neto (2014, p. 4) 
menciona que as finanças voltaram a focar as decisões externas das empresas, 
estudando o ponto de vista de um emprestador (aplicador) de recursos, sem 
atribuir maior destaque para as decisões internas da organização. 
Na década de 1950, contudo, a ênfase passou a ser os investimentos 
empresariais e a geração de riqueza. Nesse contexto, as finanças corporativas 
passaram a preocupar-se tanto com a alocação mais eficiente de recursos como 
com a seleção mais adequada de suas fontes de financiamentos. Nessa década 
surgiram dois importantes conceitos financeiros: o retorno do investimento e o 
custo de capital, com destaque para a interdependência das decisões 
financeiras. 
O uso de computadores, na década de 1960, permitiu que a área de 
finanças aprimorasse as informações e sugerisse modelos mais sofisticados 
para a tomada de decisões (Assaf Neto, 2014). 
Os trabalhos de Franco Modigliani e Merton Miller, apresentados em 1958 
e 1961, foram os precursores da moderna teoria de finanças, na qual os autores 
abordam a irrelevância da estrutura de capital e dividendos frente ao valor de 
mercado da empresa. 
A partir da década de 1990, a grande evolução da teoria de finanças 
priorizou outro importante segmento de estudo: gestão de risco. O mercado 
financeiro desenvolveu metodologias e sofisticados modelos de avaliação de 
risco que foram absorvidos pelas empresas em seu processo de decisão (Assaf 
Neto, 2014, p. 5). Além da gestão de risco, a década de 1990 também priorizou 
a formulação de estratégias financeiras voltadas à criação de valor econômico. 
Dentro desse contexto, Seleme (2010, p. 24) ilustra o quão dinâmico é o 
ambiente no qual as organizações estão inseridas, citando alguns fatos 
importantes pelo qual o mundo passou nos últimos 30 anos: 
• a revolução tecnológica; 
• a interdependência global; 
• a reestruturação produtiva; 
• o surgimento de organizações de natureza pública e social de caráter não 
governamental; 
 
 
4 
• a circulação do capital financeiro com maior desenvoltura; 
• o crescimento das atividades criminosas; 
• as novas formas de organização da sociedade; 
• a crise de paradigmas; 
• a expansão do terrorismo; 
• a eclosão de inúmeros focos de luta armada no planeta. 
Esses eventos, aliados a um panorama em que as distâncias espaciais 
não representam mais barreiras para as influências de caráter político, 
econômico, social ou cultural de um determinado grupo, permitiram um 
fenômeno denominado globalização, o qual passou a ser discutido a partir da 
década de 1990. 
Seleme (2010, p. 27) caracteriza a amplitude dos estudos em finanças 
sob duas óticas: 
1. Ótica ampla: quando o campo de estudos financeiros se preocupa com: 
• as instituições financeiras; 
• os mercados financeiros e como estes funcionam dentro do sistema 
financeiro (nacional e internacional). 
2. Ótica restrita: nesta ótica as finanças estudam: 
• o planejamento financeiro; 
• a gestão de ativos; 
• a captação de fundos por empresas e instituições financeiras. 
Para Assaf Neto (2014, p. 3), a aplicação de métodos de avaliação e 
conteúdo conceitual dessa ciência tem assumido um papel bem mais 
abrangente, elevando a sua importância para as empresas. O administrador 
financeiro, por outro lado, passou a ser exigido, identificando uma necessidade 
de especialização e atualização cada vez maiores. 
O ensino e a prática da administração financeira estão cada vez mais 
desafiadores, pois as empresas já não são mais o que eram há uma ou duas 
décadas atrás, quando quem tinha diferenciais competitivos, como custos, preço 
e qualidade, garantia sua sobrevivência frente à concorrência. 
 
 
 
5 
TEMA 1 – ELEMENTOS DE FINANÇAS CORPORATIVAS 
A relevância da função de administração financeira, para Seleme (2010), 
depende da complexidade das operações e do tamanho da organização: quanto 
mais complexa e maior for a organização, provavelmente maiores 
responsabilidades serão atribuídas ao setor financeiro. 
1.1 Funções da área financeira 
Segundo Rossetti et al. (2008), há grande convergência entre os autores 
no que se refere à dinâmica das decisões financeiras. A gestão financeira tem a 
função de: 
• Elaborar o planejamento financeiro no sentido de evidenciar as 
necessidades tanto de financiamento como de investimentos para que a 
empresa consiga atingir os seus objetivos. 
• Realizar a gestão de ativos: cuidar dos investimentos no sentido de obter 
o melhor resultado considerando o risco e o retorno. 
• Realizar a gestão do passivo: verificar a melhor estrutura de capital no 
sentido de minimizar o custo dos financiamentos. 
• Realizar a gestão de dividendos: decisões que envolvem 
fundamentalmente a distribuição do lucro líquido (resultado do exercício) 
entre dividendos e reinvestimentos. 
Resumidamente, Rossetti et al. (2008) complementam que, para atuar, a 
empresa capta recursos junto a acionistas e instituições financeiras, o que gera 
um custo financeiro para remunerá-los. Em contrapartida, a empresa investe 
esses recursos na expectativa de obter retornos suficientes para remuneraro 
capital emprestado. A base para essa remuneração é o lucro obtido. A Figura 1 
ilustra esse raciocínio. 
 
 
 
6 
Figura 1 – O processo decisório no campo econômico-financeiro 
 
Fonte: Rossetti et al., 2008, p. 51. 
1.2 Áreas de atuação e oportunidades do profissional em administração 
financeira 
Várias são as oportunidades de carreiras que existem na administração 
financeira. As nomenclaturas de cargos usadas variam consideravelmente. 
Seleme (2010) descreve algumas dessas funções: 
• Analista financeiro: dá aconselhamento financeiro e faz análise de 
desempenho e de atividades afim, com a utilização e avaliação de 
informação econômica, financeira, estatística, entre outras. 
• Analista de orçamento de capital: avalia e recomenda a implantação de 
ativos necessários para uma organização, sempre com o cuidado de 
manter o equilíbrio entre as entradas e saídas de recursos da 
organização. 
• Gerente de projetos financeiros: profissional ligado diretamente à 
atividade de elaboração de projetos de financiamento e/ou investimento 
para as organizações, tendo como função principal a avaliação do custo-
benefício das transações. 
 
 
7 
• Gerente de caixa: controla e coordena as transações de curto prazo da 
empresa, como saldos de caixa, cobranças, investimentos, empréstimos, 
transferências e relacionamento com bancos. 
• Analista de crédito: administra a política de concessão de crédito para 
terceiros por meio de análise e avaliação do solicitante. Além de conceder 
crédito, o analista também controla o recebimento destes. 
Ross et al. (2009) enfatizam que nas grandes empresas a área financeira 
geralmente é atribuída a um alto dirigente, tal como o vice-presidente de finanças 
ou diretor financeiro, mais alguns executivos de escalões inferiores. Para os 
autores, a tarefa mais importante de um administrador financeiro é a de criar 
valor nas atividades de investimento, financiamento e gestão de liquidez da 
empresa. 
Para Seleme (2010), a atividade dos profissionais de finanças no Brasil 
tem se tornado cada vez mais complexa. Com a abertura de mercado ocorrida 
na década de 1990, o Brasil tem participado mais intensamente do comércio 
internacional, obrigando suas organizações a se ajustarem a essa nova 
realidade. Dessa forma, os profissionais da área financeira começaram a sair de 
suas funções básicas e passaram a participar da organização de forma mais 
ampla para torná-la mais competitiva. 
Para atender às novas demandas da conjuntura econômica e financeira, 
o profissional de finanças, além de ter domínio de suas funções básicas e 
técnicas, passou a ser um analista de todo o seu meio. Seleme (2010) conclui 
que o principal parâmetro para o exercício das profissões ligadas à área 
financeira é a necessidade de o profissional estar atentos a questões sociais, 
culturais, demográficas, políticas, legislativas e econômicas, a fim de que suas 
decisões sejam tomadas com base em múltiplos critérios, com intuito de reduzir 
a margem de erro e maximizar os resultados da organização. A Figura 2 ilustra 
essa necessidade de conhecimento amplo do gestor financeiro. 
 
 
 
8 
Figura 2 – Demandas das sociedades modernas para os gestores financeiros 
(GF) 
Fonte: Rossetti et al., 2008, p. 23. 
Gitman (2010) também destaca a importância de uma capacitação ampla 
do conhecimento do gestor financeiro, pois a globalização fez com que as 
empresas fossem obrigadas a ter um maior relacionamento com outros países. 
Essas mudanças ampliaram a necessidade de contar com administradores 
financeiros capazes de gerenciar fluxo de caixa em diferentes moedas e protegê-
lo dos riscos que decorrem naturalmente das transações internacionais. Gitman 
(2010) conclui que embora essas mudanças aumentem a complexidade da 
função de administração financeira, podem levar a uma carreira de maior 
realização e maiores recompensas. 
1.3 Administração financeira nas empresas 
Seleme (2010) destaca que não tem como falar dos profissionais de 
finanças sem se reportar ao contexto das empresas. Para tanto, é fundamental 
 
 
9 
entendermos o conceito de empresa. De acordo com Bueno (2007), trata-se de 
negócio, associação para explorar uma atividade econômica, associação 
mercantil. Frente a isso, a empresa tem um único fim: a otimização de resultados. 
Essas empresas são classificadas basicamente em três tipos: 
• Empresas Privadas: tem como principal característica o fato de seus 
proprietários serem pessoas físicas e/ou empresas particulares. 
• Empresas Públicas: diferenciam-se basicamente pelo fato de que o 
poder (federal, estadual ou municipal) é o proprietário. 
• Empresas Mistas: são aquelas cujos proprietários são compostos por 
empresas privadas e por empresas públicas. 
A característica comum a esses três tipos de empresa é que todas atuam 
com o intuito de obter resultados positivos. 
O que diferencia uma empresa privada de uma empresa pública é que a 
privada busca auferir lucros para o bem do proprietário, enquanto a pública 
busca atender à população em geral. Já a empresa mista tende a atender aos 
anseios tanto dos proprietários privados como dos públicos. 
Outras características importantes a serem consideradas nas empresas 
brasileiras são o número de sócios e a opção tributária. 
A Figura 3 ilustra essas características: 
Figura 3 – Características das empresas brasileiras 
Tipo de empresa Nº de sócios Opções tributárias 
Microempreendedor 
Individual 1 titular Simples Nacional 
Empresário Individual 1 titular Simples Nacional, Lucro Real ou Presumido 
Eireli 1 titular Simples Nacional, Lucro Real ou Presumido 
Sociedade Limitada 2 ou mais sócios Simples Nacional, Lucro Real ou Presumido 
Sociedade Anônima 2 ou mais acionistas Lucro Real 
Fonte: Adaptada de Sebrae, 2017. 
10 
Dos tipos de empresas que podem ser abertas no Brasil, merecem 
destaque: 
• Microempreendedor Individual – MEI: é a pessoa que trabalha por 
conta própria e que se legaliza como pequeno empresário com 
faturamento anual de até R$ 81.000,00, não podendo ter participação em 
outra empresa como sócio ou titular.
• Empresário Individual: esta sociedade é exercida em nome próprio da 
atividade empresarial, no qual se integralizam bens próprios para a 
exploração do negócio. Diferente da Eireli, a atividade individual é 
ilimitada, sendo assim, o empresário responde de forma ilimitada pelas 
dívidas contraídas pela empresa, com todos seus bens pessoais, 
incluindo do cônjuge (dependendo do regime de casamento).
• Empresa Individual de Responsabilidade Limitada – Eireli: formada 
por um único sócio, cujo capital mínimo não poderá ser inferior a 100 
vezes o maior salário mínimo vigente no país. O titular não responderá 
com seus bens pessoais pelas dívidas da empresa, e no nome 
empresarial deverá constar Eireli após sua denominação social.
• Sociedade Limitada: composta por dois ou mais sócios que contribuem 
em moeda ou bens para a composição do capital social da empresa. Cada 
sócio tem sua responsabilidade limitada a sua composição no capital 
social.
• Sociedade Anônima – S.A.: empresa jurídica de direito privado, possui 
seu capital dividido em partes iguais denominadas de ações, as quais 
podem ser negociadas em bolsas de valores. Suas ações podem ser 
adquiridas pelo público em geral, que se torna sócio da empresa sem que 
faça parte do contrato social. 
TEMA 2 – MERCADO FINANCEIRO: PRIMÁRIOS E SECUNDÁRIO/FORMAS 
DE NEGOCIAÇÃO 
2.1 Mercado financeiro 
Para entender melhor o mercado financeiro é fundamental a compreensão 
dos principais títulos negociados pelas empresas de capital aberto. 
 
 
11 
Segundo Ross et al. (2009),as empresas de capital aberto (sociedades 
anônimas) oferecem dois tipos básicos de títulos aos investidores: 
• Títulos de dívidas, que são obrigações contratuais de devolução de 
empréstimos feitos à empresa. 
• Títulos de propriedade, que são ações da empresa (ordinárias e 
preferenciais) que representam direitos não contratuais aos fluxos de 
caixa residuais da empresa. 
Os títulos de dívida e de propriedade que são ofertados ao público pela 
empresa passam a ser transacionais, ou seja, comercializáveis nos mercados 
financeiros. 
Mercado financeiro é definido por Seleme (2010, p. 42) como um ambiente 
em que existe o relacionamento entre elementos que possuem fundos 
(poupadores) e os que são deficitários (tomadores). 
Esse ambiente possui normas e regras a fim de que haja credibilidade 
para uma relação sem sobressaltos. Essas normas e regras são determinadas 
e fiscalizadas por elementos que recebem a denominação de intermediários 
financeiros (autoridades monetárias e agentes financeiros), os quais estão 
representados na Figura 4. 
Figura 4 – Fluxos de recursos na intermediação financeira 
 
Fonte: Ferreira, 2014, p. 22. 
 
 
12 
Seleme (2010) esclarece que no mercado financeiro as sobras de 
recursos dessa intermediação são utilizadas para financiar as atividades 
empresariais e os novos projetos. O autor conclui que os bancos emprestam o 
dinheiro poupado para custear investimentos. Para os bancos realizarem essa 
transação eles cobram uma taxa do tomador, denominada spread, a qual é 
utilizada para cobrir o custo operacional e o risco do emprestador. Quanto maior 
o risco de não receber o dinheiro emprestado, maior será essa taxa. 
Ross et al. (2009) complementam que os mercados financeiros são 
compostos por: 
• Mercados monetários: são os mercados de títulos de dívidas que 
vencem no curto prazo (geralmente menos de um ano). 
• Mercados de capitais: são mercados de dívidas a longo prazo (com 
prazo de vencimento superior a um ano). Neste mercado também são 
consideradas as ações. 
Além dos mercados monetários e mercados de capitais, Seleme (2010) 
destaca dois outros importantes mercados que fazem parte do segmento do 
mercado financeiro: o mercado de crédito e o mercado de câmbio. 
• Mercado de crédito: mercado em que atuam diversas instituições 
financeiras e não financeiras prestando serviços de intermediação 
financeira de recursos de curto e médio prazo para agentes deficitários. 
Os recursos disponibilizados pelas instituições financeiras são 
provenientes de: 
o depósitos captados por elas; 
o repasses de linhas de crédito; 
o recursos próprios. 
O Banco Central (Bacen) é responsável pelo controle, normatização e 
fiscalização deste mercado. 
• Mercado de câmbio: para melhor entender este mercado é importante 
que fique claro o que é câmbio. Câmbio é a operação de troca de moeda 
de um país pela moeda de outro. Um turista que queira viajar para o 
exterior precisa de moeda estrangeira. Para isso, ele se dirige a um 
agente autorizado pelo Bacen para efetuar a operação. Os agentes 
autorizados pelo Bacen para realizar operações de câmbio são: bancos, 
 
 
13 
caixas econômicas, corretoras, distribuidoras, agências de turismo e 
meios de hospedagem. 
Silva (2003) destaca ainda que o mercado monetário e o de capitais 
podem se inter-relacionar e atuar lado a lado. O autor cita o exemplo da Bolsa 
de Valores de São Paulo (BOVESPA) como uma localização física onde se 
realizam transações de ações. Numa agência do Banco do Brasil, por exemplo, 
pode se realizar uma aquisição de ações do próprio banco, ao mesmo tempo em 
que uma empresa também pode obter um empréstimo para capital de giro. 
Silva (2003, p. 40) também destaca a complexidade do mercado 
financeiro como um todo e menciona ainda que “o contexto geral da economia, 
com grau de maturidade, é uma condição fundamental para o funcionamento da 
intermediação financeira”. 
Em cada um dos mercados, diversos ativos são transacionados. Cada um 
desses ativos tem características próprias, capazes de os diferenciarem entre si. 
A Figura 4 ilustra essa estrutura e classificação desses ativos financeiros: 
Figura 4 – Estrutura e classificação de ativos financeiros 
 
Fonte: Silva, 2003, p. 41. 
 
 
14 
2.2 Sistema Financeiro Nacional – SFN 
O mercado financeiro é regulado e operacionalizado pelo chamado 
Sistema Financeiro Nacional – SFN. O SFN é definido por Ferreira (2014, p. 21) 
como “um conjunto de órgãos que regulamentam, fiscalizam e executam as 
operações necessárias à circulação da moeda e do crédito na economia”. O SFN 
visa, primordialmente, zelar pela integridade e confiabilidade das operações 
financeiras e de seus registros, ou seja, o sistema tem o intuito de assegurar que 
o processo de intermediação financeira transcorra em segurança e funcione 
como um dos motores da economia. 
Ferreira (2014) destaca o SFN é de fato bastante confiável e bem 
estruturado. Contudo, apresenta elevado grau de complexidade. A Figura 5 
ilustra os dois subsistemas SFN, que são o subsistema normativo e o subsistema 
operativo: 
Figura 5 – Composição do Sistema Financeiro Nacional 
 
Fonte: Ferreira, 2014, p. 26. 
Segundo Ferreira (2014), o Sistema Normativo é constituído pelas 
autoridades monetárias vinculadas ao Conselho Monetário Nacional (CMN), que 
regulamentam, através de normatizações, o funcionamento do SFN de acordo 
com a política monetária do governo. Fazem parte do subsistema normativo: 
CMN, Banco Central e Comissão de Valores Mobiliários. 
 
 
15 
• Conselho Monetário Nacional (CMN): instituído em 1964 pela Lei 
n. 4.595, é o órgão máximo de deliberações do SFN. Ferreira (2014) 
destaca as principais atribuições do SFN: 
o constituir as diretrizes gerais das políticas monetária, cambial, 
orçamentária e creditícia; 
o regulamentar as condições de constituição, funcionamento e 
fiscalização das instituições financeiras, inclusive de aplicações de 
recursos; 
o disciplinar os instrumentos de política monetária e cambial. 
O CMN tem como presidente o Ministro da Fazenda. O órgão também é 
formado por mais dois membros, o ministro do Planejamento, Orçamento 
e Gestão, e o presidente do Banco Central. 
• Banco Central do Brasil (Bacen): Silva (2003) relata que o Bacen é o 
executor da Política Monetária, ou seja, cumpre e faz cumprir as normas 
expedidas pelo CMN, intervindo diretamente nas instituições que operam 
no sistema financeiro. São de sua competência: 
o emissão de papel-moeda; 
o recebimento de compulsório dos bancos comerciais; 
o realização de operações de redesconto e empréstimos às instituições 
financeiras; 
o realização das operações de compra e venda de títulos públicos 
federais; 
o fiscalização das instituições financeiras, dentre outras atividades. 
• Comissão de Valores Mobiliários (CVM): criada em 1976, a CVM é uma 
autarquia federal que, segundo Silva (2003), disciplina o mercado de 
ações e debêntures, assegurando funcionamento das Bolsas de Valores 
e demais instituições auxiliares. Ferreira (2014) destaca também as 
demais atribuições da CVM: 
o estimular a aplicação em poupança e sua aplicação em valores 
mobiliários; 
o assegurar o funcionamento da Bolsa de Valores e de balcão; 
o proteger os titulares de valores mobiliários contra emissões irregulares 
que venham a prejudicar o mercado financeiro; 
o fiscalizar a emissão, o registro, a distribuição e a negociação de títulos 
emitidos pelas sociedades anônimas de capital aberto. 
 
 
16 
Ferreira (2014) define o Subsistema Operativo como o setor do SFN que 
realiza as intermediações financeiras, tendo por fim viabilizar o financiamento 
dos entes econômicossuperavitários a partir de excedentes de recursos dos 
entes econômicos superavitários com o diferencial de juros (chamado de spread) 
que remunera os intermediários financeiros. 
Silva (2003) destaca ainda que o Subsistema Operativo é composto pelas 
instituições financeiras (bancárias e não bancárias) e por agentes especiais que 
pertencem também ao sistema normativo. 
Instituições Financeiras (bancárias e não bancárias) são aquelas que 
efetivamente realizam o processo de intermediação financeira buscando obter a 
remuneração (spread), que é a diferença entre a taxa de juros recebida e a taxa 
de juros paga aos poupadores. 
Ferreira (2014) destaca as instituições financeiras pertencentes ao 
Subsistema Operativo: 
• Bancos Comerciais: são os bancos de uso cotidiano, aqueles que 
oferecem serviços básicos, como conta-corrente, poupança, fundos de 
investimentos, cartões de crédito, empréstimos e canais de pagamento de 
contas em geral. Prestam serviços à sociedade por meio de agências e 
postos de atendimento, além dos canais eletrônicos (internet banking, call 
centers e caixas eletrônicos). 
• Bancos de Investimentos: são instituições privadas que disponibilizam 
financiamentos de longo prazo para a atividade produtiva, bem como 
atuam na administração de recursos de terceiros (investimentos dos entes 
econômicos superavitários). 
• Bancos Múltiplos: são conhecidas por essa denominação pois operam 
com várias carteiras, uma delas obrigatoriamente sendo a carteira 
comercial ou a de investimento. Podem atuar nas seguintes carteiras: 
crédito imobiliário, arrendamento mercantil e de crédito, carteira de 
financiamento e investimento. Podem captar recursos por depósitos à 
vista por meio de contas-correntes. 
• Financeiras: são instituições privadas que financiam o consumo pela 
aquisição de bens e serviços, além de atender à necessidade de recursos 
de curto prazo das empresas – o capital de giro –, o que representa 
empréstimos a taxas de juros mais elevadas. 
 
 
17 
• Bancos de Desenvolvimento: têm a função de financiar projetos e 
programas empresariais que promovam o desenvolvimento econômico e 
social, viabilizando a disponibilidade de recursos de longo prazo, ou seja, 
em consonância com o tempo mais dilatado de maturação desses 
projetos, normalmente com subsídios que tornam as taxas de juros mais 
reduzidas e aumentam a viabilidade econômico-financeiro dos 
empreendimentos. 
• Bolsa de Valores: são sociedades anônimas ou associações civis com o 
objetivo de viabilizar o encontro de seus membros e a realização entre 
eles, em um mercado aberto e livre, de transações de compra e venda de 
títulos e valores mobiliários. 
• Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo: é o conjunto de 
instituições que, por meio dos processos de intermediação financeira, 
viabilizam as aquisições de imóveis (que dificilmente podem ser 
comprados à vista, pois seus valores são vultosos), o que atende à política 
habitacional do país, bem como contribui com a movimentação dos 
recursos e ajuda no crescimento econômico. As instituições que fazem 
parte deste sistema são as Caixas Econômicas, as Sociedade de Crédito 
Imobiliário e as Associações de Poupança e empréstimo. 
• Agentes Especiais: por sua importância e abrangência, também 
pertencem ao sistema normativo, ainda que se dediquem mais à prática 
da intermediação financeira. Ferreira (2014) destaca esses agentes 
especiais: 
o Banco do Brasil (BB): uma das mais antigas instituições do país, o BB 
é um dos principais bancos ligados ao governo e participa do processo 
de intermediação financeira, além de permanecer como centralizador 
dos depósitos compulsórios (instrumento de controle de liquidez da 
moeda). 
o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES): Banco 
de desenvolvimento que concede crédito pela perspectiva de fortalecer 
o setor empresarial nacional, mas também se situa no sistema 
normativo, pois suas operações de crédito têm grande relevância na 
política creditícia do governo brasileiro. 
 
 
 
18 
Saiba mais 
Para informações mais detalhadas sobre o Mercado Financeiro, acesse o 
site do Banco Central do Brasil (Bacen): <http://www.bcb.gov.br/pt-br/#!/n/SFN>. 
2.3 Mercado Primário e Secundário 
Quanto à emissão e comercialização dos títulos, Silva (2003) classifica os 
mercados em: 
• Primários: são os mercados que lidam com títulos recém-emitidos, isto 
é, são responsáveis pela emissão desses títulos. Silva (2003) também 
destaca que o mercado primário é aquele que efetivamente transfere 
fundos dos agentes econômicos com situação superavitária para os 
agentes com situação deficitária. Para Weston e Brigham (2000, p. 94), 
mercados primários “são os mercados nos quais as empresas levantam 
capital emitindo novos títulos”. 
Ross et al. (2009) mencionam que o mercado primário é utilizado quando 
governo e empresas fazem a venda inicial de títulos. As empresas fazem 
dois tipos de vendas de títulos de dívidas e ações no mercado primário: 
oferta pública e colocações fechadas. A maior parte dos títulos de dívidas 
e ações de empresas ofertada ao público chega ao mercado com a 
intermediação de um grupo de bancos de investimentos. 
• Secundários: após sua venda original, os títulos de dívidas e ações são 
negociados nos mercados secundários, que compreendem as bolsas de 
valores e os mercados de balcão (mercados em que são negociadas 
ações e outros ativos, geralmente de empresas de menor porte e não 
sujeitas aos procedimentos especiais de negociação). Silva (2003) 
destaca que o mercado secundário tem a função de dar liquidez aos 
haveres financeiros, isto é, aos títulos. Enquanto um bem físico (um 
automóvel, por exemplo) se deprecia com o passar o tempo, um título do 
mercado secundário não perde seu valor nem seu status. Seguramente, 
se não houvesse o mercado secundário, aquela pessoa que adquirisse 
um título (haver financeiro) teria que retê-lo até o vencimento. 
Para Weston e Brigham (2000, p. 94), mercados secundários “são os 
mercados nos quais os títulos e outros ativos financeiros são 
 
 
19 
transacionados entre os investidores depois que foram emitidos pelas 
empresas”. 
Há dois tipos de mercado secundário: os Mercados de Bolsa e os 
Mercados de Balcão. 
• Mercado de Bolsa: é o mercado em que se compram e vendem ações. 
Nele os clientes (compradores e vendedores) e as instituições do sistema 
de distribuição de títulos e valores mobiliários viabilizam a negociação 
com títulos e valores mobiliários. 
• Mercado de Balcão: o Mercado de Balcão é considerado um mercado 
virtual, pois não tem um local físico onde se vão realizar os negócios com 
ações e títulos. As negociações são realizadas pessoalmente ou por 
telefone pelos corretores. 
TEMA 3 – HIPÓTESE DE MERCADOS EFICIENTES - HME 
Para Famá et al. (2008), um dos assuntos mais importantes dentro da 
teoria de finanças é a Hipótese de Mercados Eficientes (HME). De acordo com 
essa hipótese, o mercado seria considerado eficiente se refletisse rapidamente 
qualquer informação disponível nos preços dos ativos, impossibilitando ganhos 
anormais. Isto significaria que a posse de informações sobre esse mercado não 
alteraria o retorno esperado. Esse conceito foi proposto por Famá (1970), e os 
trabalhos realizados nas décadas de 1970 e 1980 tentavam comprová-lo. 
Os resultados obtidos por Famá (1965) corroboram o modelo Martingale, 
pois mudanças significativas nos preços diários tendem a ser seguidas por 
grandes mudanças, cujos sinais são imprevisíveis – o que sugere que 
informações importantes não podem ser avaliadas imediatamente, mas que o 
ajustamento inicial dos preços no primeiro dia da informação é imparcial,o que 
é suficiente para esse modelo. 
Assaf Neto (2014) reitera que, em finanças, um mercado é entendido 
como eficiente quando todas as novas informações recebidas promovem 
imediata repercussão sobre os preços dos ativos. Por exemplo, se o governo 
prometer elevar a taxa de juros de referência da economia em 0,5%, o mercado 
eficiente “precifica” essa informação. Quando a decisão de aumento dos juros 
for tomada, pouca repercussão deve ocorrer sobre os preços dos ativos, pois o 
mercado foi incorporando essa expectativa ao longo do tempo. 
 
 
20 
Em um mercado eficiente, o valor de um ativo é reflexo do consenso dos 
participantes com relação a seu desempenho esperado. 
Na hipótese de eficiência, o preço de um ativo qualquer é formado com 
base nas diversas informações publicamente disponíveis aos investidores, 
sendo as decisões de compra e venda tomadas com base em suas 
interpretações dos fatos relevantes. 
Saraiva Junior e Ikeda (2003) destacam que a Hipótese dos Mercados 
Eficientes tem se mostrado uma das mais influentes teorias no campo das 
finanças, sendo base para inúmeros modelos de precificação de ativos, com 
aplicações que vão desde modelos tradicionais utilizados em finanças 
corporativas até avançadas teorias utilizadas na identificação do preço “justo” de 
derivativos financeiros. Um dos pilares da HME é a possibilidade da arbitragem 
como mecanismo de correção de possíveis desvios que o mercado possa sofrer 
de sua forma eficiente. Pela teoria clássica dos mercados eficientes, mesmo em 
um ambiente caracterizado pela presença de alguns investidores não totalmente 
racionais, a possibilidade de arbitragem anularia o efeito destes sobre os preços 
dos ativos negociados, trazendo-os de volta ao seu valor fundamental. 
3.1 Operacionalização das formas de eficiência de mercado 
Para Camargo e Barbosa (2014), na operacionalização das formas de 
eficiência de mercado Roberts (1967) e Famá (1970) dividiram os testes com 
base em três conjuntos de informação: 
1. informações passadas (preço históricos); 
2. informações publicamente disponíveis; 
3. todo o conjunto de informação (informações passadas, públicas e 
privadas). 
As três formas de eficiência são: 
• Forma Fraca (Weak Form): a HME, na sua forma fraca, indica que o 
mercado incorpora completamente as informações sobre os preços 
passados dos títulos. Ou seja, retornos anormais não podem ser obtidos 
baseados nas expectativas de que os preços passados são bons 
sinalizadores dos preços futuros. 
Segundo Famá (1970), o pressuposto fundamental dessa forma de 
eficiência é o de que os retornos esperados em condições de equilíbrio 
 
 
21 
são formados a partir do conjunto de informações disponíveis, que está 
completamente refletido nos preços. Isso exclui a possibilidade de 
existirem estratégias de negociação baseadas simplesmente em 
informações passadas que promovam ganhos anormais ou retornos que 
excedam o equilíbrio. 
• Forma Semiforte (Semi-Strong Form): a HME, na sua forma semiforte, 
indica que os preços refletem não apenas o histórico do comportamento 
de preços como também todas as informações disponíveis publicamente 
(demonstrativos financeiros e outras publicações periódicas e não 
periódicas). Nenhum investidor consegue obter retornos extraordinários 
baseado em informações públicas, pois os preços se ajustam 
rapidamente às novas informações divulgadas. 
Segundo French e Roll (1986), informações públicas são aquelas que se 
tornam conhecidas ao mesmo tempo que afetam os preços, ou seja, que 
afetam os preços antes que alguém possa negociar com elas, enquanto 
as informações privadas são o oposto, afetando os preços somente por 
meio da negociação. 
• Forma Forte (Strong Form): a HME, na sua forma forte, indica que os 
preços refletem todas as informações existentes no mercado (históricas, 
públicas e privadas). Assim, um insider (pessoa que tem acesso a 
informações privilegiadas) de posse de informações privadas, não 
conseguiria auferir retornos extraordinários, pois o ajuste dos preços no 
mercado é instantâneo. 
Os estudos da forma forte são feitos com investidores que têm acesso a 
informações privadas, tais como fundos de pensão e seus 
administradores. Seus testes exigem a avaliação do acesso desses 
investidores a informações privadas pela mensuração de retornos 
anormais em mais de um período de tempo (Famá, 1991). 
TEMA 4 – TEORIA DA AGÊNCIA E ASSIMETRIA DE INFORMAÇÃO 
Assaf Neto (2014) destaca que as grandes companhias costumam ter 
milhares de acionistas, muitas vezes estabelecidos em diferentes e longínquos 
locais. Não há como exigir que esses acionistas se envolvam diretamente na 
administração dos negócios da empresa, ou que assumam certas 
responsabilidades administrativas e se obriguem ainda a estarem sempre 
 
 
22 
presentes nas reuniões. Essa função de gestão das empresas foi delegada aos 
administradores profissionais, determinando assim, nas modernas empresas, 
uma clara separação entre propriedade e administração. 
O autor ainda destaca que os objetivos de uma empresa devem ser 
estabelecidos pelos seus proprietários (acionistas), e que a principal 
responsabilidade dos administradores é a buscar as metas traçadas pelos 
acionistas. Contudo, em ambiente de gestão executiva e controle de capital 
separado, comum nas grades empresas, podem ocorrer problemas de 
convivência entre acionistas e administradores, revelando-se o conhecido 
conflito de agência, conhecida também por Teoria da Agência. 
4.1 Teoria da Agência 
Desenvolvida por Jensen e Meckling em 1976, a Teoria da Agência é uma 
importante contribuição para explicar a relação contratual presente entre os 
principais (empresa) e os agentes (administradores). 
Assaf Neto (2014) destaca que o fundamento da teoria de agência decorre 
da celebração de um contrato (relacionamento de agência) em que o principal 
contrata outra pessoa, o agente, para desenvolver determinados serviços que 
envolvam decisões e delegação de autoridade ao agente. 
Nessa relação de agência, o principal espera que o agente tome decisões 
que atendam a seus interesses. O principal procura sempre maximizar suas 
funções de utilidade. No entanto, as visões de negócios e riscos dos agentes 
nem sempre são coincidentes, podendo assumir diferentes objetivos e atitudes 
perante as diversas decisões empresariais. Ocorrendo pontos de discordância 
ou objetivos divergentes entre as partes (principal e agente), tem-se o que se 
denomina conflito de agentes. 
 Assaf Neto (2014, p. 37), menciona que uma 
conclusão importante do mencionado trabalho de Jensen e Meckling é 
que sempre que as partes – principal e agentes – atuem no sentido de 
maximizar suas utilidades pessoais, tem-se um potencial problema de 
conflito de agentes. O agente dificilmente irá atender plenamente ao 
interesse do principal. 
O conflito de agentes não ocorre somente entre proprietários e 
administradores acionistas e credores. Assaf Neto (2014) destaca que uma 
empresa é formada por inúmeras partes com diferentes direitos: acionistas 
(minoritários e controladores), instituições financeiras credoras, fornecedores, 
 
 
23 
credores por debêntures, administradores, funcionários, clientes, governos, 
sociedade na qual está inserida. Até pouco tempo atrás, esses agentes, 
conhecidos como stakeholders, possuíam os mesmos objetivos com relação à 
empresa. No entanto, verificou-se que os interesses são distintos e conflituosos, 
gerando desacordo entre os diversos grupos. O desafio que surge é o de 
conciliar a atuação dos controladores com os objetivos dos indivíduos. 
Esses objetivos podem surgir entre todos os stakeholderse gerar custos 
a empresa, além de poder prejudicar o referencial de preços de suas ações no 
mercado. 
Brealey e Myers (2008) apontam também um agravante aos conflitos de 
agentes, oriundo da falta das mesmas informações para os diversos grupos de 
agentes. 
Para os autores, os administradores, acionistas e credores possuem 
informações diferentes sobre a situação efetiva da empresa, criando as 
assimetrias de informações entre os agentes. A maior preocupação dos 
investidores (acionistas e credores) concentra-se em eventuais surpresas 
negativas sobre a empresa com as quais possam se defrontar ao longo do 
tempo. 
4.2 Assimetria de Informação 
Para Assaf Neto (2014), a assimetria de informação é identificada quando 
um agente econômico detém informações desconhecidas pelo outro agente, o 
que conferindo a este uma posição de desvantagem na transição. São 
informações relevantes mantidas por um ou mais agentes (investidor, tomador 
de recursos, acionistas, comprador etc.) e não disponíveis no mercado. 
Assaf Neto (2014, p. 39) complementa que “a assimetria informacional 
limita a capacidade dos agentes econômicos de tomarem as melhores decisões. 
Uma relação se estabelece em equilíbrio quando as informações estiverem 
igualmente disponíveis, em extensão e qualidade, para todos os agentes”. 
Apesar de uma companhia aberta divulgar periodicamente inúmeras 
informações de seu negócio, ser monitorada de perto por diversos órgãos 
reguladores (CVM e Bacen) e ainda ter todos seus resultados auditados por 
empresas independentes, as principais decisões dos investidores estão 
centradas nos projetos futuros das empresas e não nas decisões tomadas no 
 
 
24 
passado. Para Assaf Neto (2014), este talvez seja o elemento essencial da 
assimetria informacional entre os agentes participantes de uma transação. 
O investidor de mercado não possui as mesmas informações relevantes 
acessadas pela administração interna da empresa, estabelecendo uma relação 
assimétrica. Não há como os acionistas potenciais terem acesso a todas as 
informações da companhia, suas intenções, estratégias e expectativas. 
Assaf Neto (2014) destaca que a presença de assimetria de informação 
gera o problema de “seleção adversa”, na qual o investidor (comprador), por não 
ter acesso às mesmas informações dos demais agentes, avalia com 
desconfiança o investimento, atribuindo um maior risco à decisão, o que se 
reflete em menor preço ofertado (desvalorização do ativo). 
O autor conclui que se todos os agentes tivessem acesso às informações 
simétricas, ou seja, todos tivessem à disposição as mesmas informações, os 
problemas de agentes seriam minimizados. Todos saberiam dos fatos e as 
expectativas dos grupos se tornariam mais homogêneas. Para atenuar os 
problemas de assimetria de informação e os conflitos gerados pela Teoria da 
Agência, recomenda-se a elaboração de uma governança corporativa, que nada 
mais é que a regulamentação da maneira como a empresa é dirigida, 
administrada ou controlada. 
TEMA 5 – MODELO DE PRECIFICAÇÃO DE ATIVOS (CAPM) 
Segundo Prates (2014), o modelo de precificação de ativos financeiros, 
conhecido pela sigla CAPM (oriunda do termo em inglês Capital Asset Pricing 
Model), permite determinar o retorno esperado de um ativo levando em 
consideração o seu risco sistemático (ou não diversificável). O risco não 
diversificável é também conhecido por risco sistêmico ou sistemático, pois 
contempla aspectos inerentes a todo o sistema que envolve a precificação de 
um determinado ativo. 
No CAPM o risco sistemático é representado pelo coeficiente β. No 
contexto corporativo, o CAPM pode ser utilizado para calcular o custo de capital 
próprio, através da reta característica. 
Uma vez que o custo de capital de uma empresa é composto por uma 
parcela de capital de terceiros e outra de capital próprio, o CAPM entra no 
sentido de estimar o custo do capital próprio, ou seja, o retorno que os acionistas 
esperam obter por terem injetado dinheiro na companhia. 
 
 
25 
A fórmula de cálculo do CAPM pode ser expressa da seguinte forma: 
Taxa de Retorno Requerida = 
Taxa de Juros Livre de Risco + Prêmio pelo Risco 
Ou, em termos matemáticos: 
CAPM: Rf + β. (Rm-Rf) 
Onde: 
• Rf: Taxa de retorno livre de risco; 
• β (Beta): risco sistemático da ação; 
• Rm: Taxa de retorno esperada; 
• Rm-Rf: Taxa de prêmio relativa ao risco de mercado. 
Assaf Neto (2014) destaca que o CAPM é bastante utilizado nas várias 
operações do mercado de capitais, participando do processo de avaliação de 
tomada de decisões em condições de risco. Por meio desse modelo é possível 
também apurar a taxa de retorno requerida pelos investidores. O autor também 
menciona que o coeficiente beta, medida obtida do modelo, indica o incremento 
necessário no retorno de um ativo, de forma a remunerar adequadamente seu 
risco sistemático. 
Saiba mais 
Para conhecer mais profundamente o CAPM acesse: 
<http://www.adminconcursos.com.br/2014/05/capital-asset-pricing-model-
capm.html/,2014>. 
5.1 Premissas do modelo CAPM 
Como em todo os modelos financeiros, são definidas algumas hipóteses 
para seu desenvolvimento. As mais importantes hipóteses do modelo CAPM 
citadas por Assaf Neto (2014) são: 
• assume-se grande eficiência informativa do mercado, atingindo 
igualmente a todos os investidores; 
• os ativos assumem o comportamento de uma distribuição normal; 
 
 
26 
• os investidores, de maneira geral, são avessos ao risco. As decisões de 
investimentos são tomadas com base no retorno esperado e desvio-
padrão; 
• não há impostos, taxas custos de transação ou quaisquer outras 
restrições para os investimentos no mercado; 
• todos os investidores apresentam a mesma percepção com relação ao 
desempenho dos ativos, formando carteiras eficientes com base em 
idênticas expectativas; 
• existe uma taxa de juros de mercado definida como livre de riscos. 
Prates (2014) conclui que o CAPM faz parte do conjunto teórico das 
finanças denominado finanças tradicionais e tem como uma de suas 
desvantagens a quantidade de premissas que devem ser assumidas para que o 
modelo se torne confiável. 
TROCANDO IDEIAS 
A extensa variedade de eventos mostrada nesta aula reflete a amplitude 
da área das finanças. Entender de finanças não somente prepara o estudante 
para seguir uma carreira, mas também lhe dá condições para tomar decisões 
como investidor. Independente de quanto você tem para investir, o conhecimento 
de finanças pode ajudá-lo a decidir em que tipo de investimento financeiro 
investir seu dinheiro, quando deve ser investido e como os recursos devem ser 
distribuídos em diferentes investimentos. 
NA PRÁTICA 
Muitos dos princípios de administração financeira são aplicáveis à sua 
vida pessoal: em transações de compra e venda, obtenção de um empréstimo, 
ao poupar e investir para atingir objetivos financeiros. 
Sobre o conteúdo visto nas aulas, reflita e responda à seguinte questão: 
por que finanças é uma área importante para você, como estudante? 
FINALIZANDO 
Para entender de finanças corporativas, vimos nesta aula aspectos 
relacionados aos princípios que as norteiam, destacando: 
 
 
27 
• as funções da área financeira; 
• as áreas de atuação e oportunidades para o profissional de administração 
financeira; 
• como a administração financeira pode ser aplicada em diversos tipos de 
empresas; 
• como funciona o mercado financeiro e a definição de Mercado Primário e 
Mercado Secundário; 
• a composição e as funções dos principais órgãos do Sistema Financeiro 
Nacional; 
• o entendimento de hipóteses e teorias que sustentam o mercado 
financeiro, como éo caso da Hipótese de Mercados Eficientes, da Teoria 
da Agência e da Assimetria de Informação; 
• a metodologia para determinar o valor de um ativo, o CAPM. 
 
 
 
28 
REFERÊNCIAS 
ASSAF NETO, A. Finanças Corporativas e Valor. 7. ed. São Paulo: Atlas, 
2014. 
BREALEY, R. A.; MYERS, S. C.; ALLEN, F. Princípios de finanças 
corporativas. 8. ed. São Paulo: McGraw Hill, 2008. 
BUENO, F. S. Dicionário da língua portuguesa. 2. ed. São Paulo: FTD, 2007. 
CAMARGO, M. A., BARBOSA, F. V. Teoria e evidência da eficiência 
informacional do mercado de capitais brasileiro. Caderno de Pesquisas em 
Administração, São Paulo, v. 10, n. 1, jan./mar. 2003. 
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Journal of Finance, Chicago, v. 25, n. 2, p. 383-417, maio 1970. 
______. The behavior of stock market prices. The Journal of Business, 
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– as discussões persistem. FACEF Pesquisa, São Paulo, v. 11, n. 1, 2008. 
FERREIRA, M. A. Sistema Financeiro Nacional: uma abordagem introdutória 
dos mecanismos das instituições financeiras. Curitiba: InterSaberes, 2014. 
FRENCH, K. R.; ROLL, R. Stock returns variances: the arrival of information and 
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GITMAN, L. J. Princípios de Administração Financeira. 12. ed. São Paulo: 
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PRATES, W. R. Capital Asset Pricing Model – CAPM. AdminConcursos, 2 maio 
2014. Disponível em: <http://www.adminconcursos.com.br/2014/05/capital-
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ROSS, S. et al. Administração Financeira: Corporate Finance. 2. ed. São 
Paulo: Atlas, 2009. 
 
 
29 
ROSSETTI, J. P. et al. Finanças Corporativas: Teoria e Prática Empresarial no 
Brasil. Rio de Janeiro: Campus, 2008 
SARAIVA JUNIOR, T.; IKEDA, R. H. Mercados eficientes e arbitragem: um 
estudo sob o enfoque das finanças comportamentais. Revista Contabilidade & 
Finanças, São Paulo, v. 15, n. 34, p. 97-107, jan./abr. 2004. 
SEBRAE – SERVIÇOS BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICROS E PEQUENAS 
EMPRESAS. Os diferentes tipos de empresa. Blog SEBRAE, 
Empreendedorismo, 11 fev. 2015. Disponível em: 
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SELEME, R. B. Diretrizes e Práticas da Gestão Financeira e Orientações 
Tributárias. 1. ed. Curitiba: Ibpex, 2010. 
SILVA, J. P. Gestão e Análise de Risco de Crédito. 4. ed. São Paulo: Atlas, 
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WESTON, J. F.; BRIGHAM, E. F. Fundamentos da Administração Financeira. 
10. ed. São Paulo: Pearson Makron Books, 2000. 
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