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RESUMO AV2 PENAL

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RESUMO AV2
CONDIÇÕES PARA PREVALÊNCIA DA AÇÃO PENAL:
Sentença penal anterior ao julgamento no Cível. 
Pode o juiz de a ação penal civil suspendê-la por até um ano para evitar decisões conflitantes. Nem sempre uma decisão fará coisa julgada no cível.
Sentença penal condena ou absolve o réu – julgamento de mérito.
A sentença penal não deve estar sujeita a recurso. Trânsito em julgado, somente vincula quem participou da ação penal.
A sentença penal condenatória somente vinculará para fins de responsabilidade civil à aquele que integrou a lide penal.
Sentença penal condenatória faz coisa julgada quando com trânsito em julgado.
Sentença penal absolutória: Pode fazer coisa julgada no cível, a depender do fundamento. 
Hipóteses: art. 65 do CPP: Quando a absolvição for excludente de ilicitude.
Em regra: Não há dever de indenizar no cível.
Exceções: 
Reconhecimento de estado de necessidade, mas, o prejudicado não tiver concorrido para a situação de perigo.
Discriminantes putativas: a vítima ou seus herdeiros devem ser ressarcidos.
Legítima defesa real a aberratio ictus; há prejuízo a terceiro decorrente de erro de mira.
Faz coisa julgada no cível:
Reconhecimento categórico de inexistência material do fato, art. 386, I, CPP:
Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconheça:
I - estar provada a inexistência do fato;
Existir prova de que o réu não concorreu para a infração penal, art. 386, IV, CPP.
IV - estar provado que o réu não concorreu para a infração penal; (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008).
Não faz coisa julgada no cível:
Arquivamento de inquérito policial;
Decisão que reconhece extinção da punibilidade;
Sentença que reconhece que fato narrado não é crime;
Sentenças absolutórias que não tenham afastados categoricamente a existência do fato ou autoria ou ainda situações que isente o réu de pena ou declare não existir prova suficiente para a condenação.
O art. 68 do CPP estabelece que o MP pode promover a ação privada quando a vítima é pobre. 
COMPETÊNCIA:
Material: características dos casos penais;
Funcional: divisão de tarefas entre órgãos no judiciário;
COMPETÊNCIA EM RAZÃO DO LUGAR:
Teorias Territoriais:
Do resultado;
Da ação;
Da ubiguidade.
Quando a confusão territorial: art. 70 do CPP : local da infração.
TEORIA DO RESULTADO: Local da consumação do ato;
TEORIA DA AÇÃO: Crimes tentados – local do último ato de execução. Também é imputado para os crimes de menor potencial ofensivo.
TEORIA DA UBIGUIDADE: Crimes à distância
Início no Brasil – consumação exterior –juiz competente no Brasil, local do último ato executório.
Último ato no exterior – competência do local onde parcialmente tenha ocorrido o feito ou devesse ter ocorrido.
Confusão territorial – entre limites: será considerado prevento o juízo que receber a denúncia ou ainda na fase de inquérito tomar medidas cautelares ligadas ao futuro do processo. Outra hipótese de prevenção – art. 71 do CPP, crimes permanentes e continuados.
Art. 71. Tratando-se de infração continuada ou permanente, praticada em território de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção.
RESIDÊNCIA/ DOMICÍLIO DO RÉU, ART. 72,CPP: quando desconhecido o local da infração penal,/ pluralidades de residência – Prevenção: o juiz que recebe a denúncia ou o que tome as medidas cautelares.
NATUREZA DA INFRAÇÃO: ART. 74, CPP:
Crimes dolosos contra a vida – tribunal do júri;
Demais crimes – Lei de Organização Judiciária.
Juízes com as mesmas competências na mesma comarca: fixação por distribuição.
COMPETÊNCIA POR CONEXÃO OU CONTINÊNCIA:
Conexão intersubjetiva: a conexão esta entre pessoas e não infrações.
Por simultaneidade – várias pessoas reunidas praticam vários crimes;
Por concurso – várias pessoas em concurso, breve ajuste;
Por reciprocidade – duas pessoas ou mais, umas contra as outras.
DIVISÃO:
Intersubjetiva: art. 76,I;
Objetiva: art. 76, II,III: 
Teleológica – consequencial – instrumental._____ex: 2 infrações a 1ª art. 121, matar alguém e a 2º art. 159, violação do domicílio.
Consequencial: ex: 2 infrações a 1ª_______2ª: ocultação – vantagem – impunidade.
Instrumental ou probatória: a prova de uma infração influencia na prova da outra. Ex: tráfico__________lavagem de dinheiro;
Furto___________receptação.
CONTINÊNCIA, ART. 77, CPC:
Critério de unicidade – reunião de ações penais – pessoas – crimes
Cumulação subjetiva – única conduta praticada por 2 pessoas ou mais – concurso de agentes.
Cumulação objetiva – concurso formal – 1 conduta – vários resultados : crimes que serão reunidos para julgamento.
Foro prevalente: É aquele em que se reunirão todas as ações para julgamento conjunto.
Regras para essa união: 
Crimes dolosos contra a vida – tribunal do júri: atrai todos os demais crimes conexos ou continentes. ex: homicídio c/c ocultação de cadáver.
Jurisdição da mesma categoria:
Reunião na jurisdição do crime com pena mais grave;
Reunião na jurisdição do maior número de crimes com as mesmas penas;
Prevenção para demais casos: prevento – o que primeiro recebe a denúncia/ no I.P. determinou medidas cautelares.
Jurisdição que impedem o julgamento conjunto:
Justiça comum * militar – ocorrerá separação de ações, pois, a justiça militar estadual não julga civil – súmula 53, STJ; caso a competência seja da justiça militar federal, o civil pode ser julgado.
Justiça comum * infância e juventude;
Superveniência de doença mental: ocorrerá separação de julgamentos. Caso a doença mental seja pré existente não haverá separação de julgamento;
Recusa de jurados: art. 462,CPC: não se atingindo o número de sete jurados deve ocorrer adiamento da sessão. Havendo neste caso separação.
HIPÓTESES
Juízes com a mesma competência material e territorial;
Crimes continuados ou permanentes em comarcas distintas: é competente o juiz prevento;
Crimes cometidos na divisa de municípios (comarcas);
Crimes de mesma gravidade e mesma quantidade em comarcas distintas: quando não observada as regras de prevenção gera nulidade relativa nos termos da súmula 706, STF. Só se anulará a ação penal caso demonstrado prejuízo efetivo ao acusado.
COMPETÊNCIA POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO
Júri: competência por prerrogativa excepciona até mesmo a competência do júri. Caso essa prerrogativa esteja prevista na CF. Se a prerrogativa conte só na Constituição Estadual não afastará o júri, súmula 721, STF/ 308,309, STJ.
QUESTÕES IMPORTANTES:
COMPETÊNCIATJ/TRF é excepcionada pelo TER no tocante a crimes eleitorais. É julgado no seu estado, ainda que o crime tenha ocorrido em outro.
O STF entende ser fraude processual a renúncia para eximir-se do foro de prerrogativa.
PRISÕES
FLAGRANTE : independe de ordem judicial: 
Flagrante obrigatório: quando realizado por autoridades;
Flagrante facultativo: qualquer pessoa pode.
A prisão em flagrante não depende de ordem judicial. Pode se dar a qualquer tempo, podendo ser executada sem mandado e a qualquer hora, justificando posteriormente.
O flagrante pode ser real/próprio – art. 302, I, II:
Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem:
I - está cometendo a infração penal;
II - acaba de cometê-la
Presumido: presume-se ser o autor da infração. OBS: ser perseguido logo após não significa que seja logo após, mas sim, logo após ter ciência dos fatos. A partir daí se ficar provado que não houve interrupção, demorar dias ou até mês, será considerado flagrante.
Impróprio/ quase flagrante – 302, III, IV:
III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração;
	
IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração.
 Preparado: quando há um incentivo da autoridade para o agente delinquir. Neste caso o flagrante é considerado nulo, conforme súmula 145,STF.
Esperado: É válido; a autoridade policial espera o melhor momento para acontecer.
NA LEI DE DROGASHÁ A ENTREGA VIGIADA QUE TAMBÉM É CONSIDERADA UMA ESPÉCIE DE FLAGRANTE.
Em todas as situações de flagrante, sempre vai se criar quadros paranoicos do flagrante, ou seja, ocorrência de um crime doloso, achando que o agente praticou o crime. É como se se fosse um quadro com a tela que emoldura o crime.
PRISÃO EM FLAGRANTE – DELEGACIA DE POLICIA – DELEGADO
Oitivas:
Condutor
Testemunha
Preso – nota de culpa (saber o quê?)
Direito a ter contato com a família, advogado;
Audiência de custódia – 24 horas depois.
Se não cumpridas essas formalidades pode caracterizar irregularidade, levando ao relaxamento da prisão.
PRISÃO TEMPORÁRIA: só durante o I.P., tem prazo determinados, 05 dias prorrogáveis por igual período e 30dias prorrogáveis por igual período – crimes hediondos;
PREVENTIVA: deve haver:
 Pressupostos = prova de materialidade/ indicio suficiente de autoria;
Fundamentos= garantia da ordem pública/ garantia da ordem econômica/ garantia da aplicação da Lei Penal. A soma destes traz “ periculum libertatis”
Não se admite fundamentação genérica na decretação de prisão. A decisão que decreta prisão preventiva não é imutável, podendo ser revogada ou substituída a qualquer momento.
Necessita de ordem judicial fundamentada
PRISÃO: SENTENÇA – PRIVATIVA DE LIBERDADE
PROCESSUAIS/CAUTELARES: flagrante, preventiva, temporária
SISTEMAS PROCESSUAIS:
Inquisitivo – o mesmo órgão que acusa é que julga.
Acusatório – sistema de partes: acusação, defesa e julgamento, todos são partes no processo. O juiz é imparcial, é o julgador, não é parte.
CONDIÇÕES DA AÇÃO PENAL:
Gerais: pertencem a todo tipo de ação;
Específicos: legitimidade, interesse processual (presumido), possibilidade jurídica do pedido.
JUSTA CAUSA
A justa causa, que constitui condição da ação penal, é prevista de forma expressa no Código de Processo Penal e consubstancia-se no lastro probatório mínimo e firme, indicativo da autoria e da materialidade da infração penal.
DESISTÊNCIA DA AÇÃO PRIVADA
Renúncia: ato unilateral da vítima, não cabe manifestação da parte contrária. Quando feita em favor de um se estende a todos os querelados, podendo ser:
Expressa – formalizada em algum documento;
Tácita – quando o ofendido pratica um ato unilateral compatível com a vontade de processar.
No juizado especial criminal, a renúncia só beneficia aquele que compôs, não gera efeito aos demais querelados.
PERDÃO:
Só é possível dentro da ação penal. É um ato que o querelante desiste do direito de ação, porém para surtir efeitos deve haver aceitação do querelado. O perdão oferecido a um querelado se estende a todos os demais, mas só gera efeitos à aquele que aceitar. Pode ser oferecido após o recebimento da queixa crime até antes do Trânsito em julgado da sentença condenatória. Podendo ser:
Expresso – documento
Tácito – ato incompatível 
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL EM MATÉRIA PENAL
Art. 109, CF:
I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho;
II - as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou pessoa domiciliada ou residente no País;
II - as causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro ou organismo internacional;
IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral;
“Apropriação indébita. Verbas federais. Convênio celebrado entre a União e pessoa jurídica de direito privado. Objeto do convênio integralmente cumprido. Ausência de verba a ser fiscalizada pelo TCU. competência da Justiça comum. (...) Compete à Justiça comum estadual o julgamento de crime de apropriação indébita de quantia pertencente a fundação de direito privado”. (HC 89.523, Rel. Min. Ayres Britto, julgamento em 25-11-2008, Primeira Turma, DJE de 3-4-2009.)
V - os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente;
"Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes cuja consumação se deu em território estrangeiro (art. 109, V, CF). O crime tipificado no art. 241 do Estatuto da Criança e do Adolescente, consubstanciado na divulgação ou publicação, pela internet, de fotografias pornográficas ou de cenas de sexo explícito envolvendo crianças ou adolescentes, cujo acesso se deu além das fronteiras nacionais, atrai a competência da Justiça Federal para o seu processamento e julgamento." (HC 86.289, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 6-6-2006, Primeira Turma, DJ de 20 10-2006.)
VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira;
VIII - os mandados de segurança e os "habeas-data" contra ato de autoridade federal, excetuados os casos de competência dos tribunais federais;
"Juntas Comerciais. Órgãos administrativamente subordinados ao Estado, mas tecnicamente à autoridade federal, como elementos do sistema nacional dos Serviços de Registro do Comércio. Consequente competência da Justiça Federal para o julgamento de mandado de segurança contra ato do Presidente da Junta, compreendido em sua atividade fim." (RE 199.793, Rel. Min. Octavio Gallotti, julgamento em 4-4-2000, Primeira Turma, DJ de 18-8-2000.)
IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da Justiça Militar;
"É da Justiça Federal a competência para processar e julgar crime praticado a bordo de aeronave (art. 109, IX, da CF), pouco importando se esta encontra-se em ar ou em terra e, ainda, quem seja o sujeito passivo do delito. Precedentes. Onde a Constituição não distingue, não compete ao intérprete distinguir." (RHC 86.998, Rel. p/ o ac. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 13-2-2007, Primeira Turma, DJ de 27-4-2007.) É da jurisprudência do STF que, para o fim de determinação de competência, a incidência do art. 109, IX, da Constituição, independe da espécie do crime cometido ‘a bordo de navios ou aeronaves’, cuja persecução, só por isso, incumbe por força da norma constitucional à Justiça Federal." (HC 85.059, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento em 22-2- 2005, Primeira Turma, DJ de 29-4-2005.)
XI - a disputa sobre direitos indígenas.
LIBERDADE PROVISÓRIA
A liberdade provisória, instituto de benefício ao acusado, que atenta contra as formas cautelares de prisão pode ser classificada em três espécies:
1. liberdade provisória obrigatória : é obrigatória a concessão de liberdade provisória, nas hipóteses previstas no artigo 321, do CPP, in verbis :
Art. 321. Ressalvado o disposto no art. 323, III e IV, o réu livrar-se-á solto, independentemente de fiança:
I - no caso de infração, a que não for, isolada, cumulativa ou alternativamente, cominada pena privativa de liberdade;
II - quando o máximo da pena privativa de liberdade, isolada, cumulativa ou alternativamente cominada, não exceder a três meses.
2. liberdade provisória vedada : em algumas hipóteses, entretanto, a lei veda a concessão de liberdade provisória. Vale dizer, não há um rol taxativo a indicar as hipóteses impeditivas, mas haverá menção expressa nas leis esparsas, como faz, por exemplo, a lei de crime organizado (Lei 9.034/95) que, no artigo 7º, dispõe:
Art. 7º Não será concedida liberdade provisória, com ou sem fiança, aos agentes que tenham tido intensa e efetiva participação na organização criminosa.
3. liberdade provisória permitida : por fim, fala-se em liberdade provisória permitida com fiança e sem fiança. As hipóteses de liberdade provisória permitida sem fiança estão no artigo 310, caput e parágrafo único, do CPP:
Art. 310. Quando o juiz verificar pelo auto de prisão em flagrante que o agente praticouo fato, nas condições do art. 19, I, II e III, do Código Penal, poderá, depois de ouvir o Ministério Público, conceder ao réu liberdade provisória, mediante termo de comparecimento a todos os atos do processo, sob pena de revogação. Parágrafo único. Igual procedimento será adotado quando o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, a inocorrência de qualquer das hipóteses que autorizam a prisão preventiva (arts. 311 e 312).
A liberdade provisória com fiança, entretanto, é concedida sempre nas seguintes hipóteses: a) para as contravenções penais que não estejam abrangidas pelo artigo 69, da Lei 9.099/95; b) para os crimes punidos com detenção e c) aos crimes punidos com reclusão cuja pena mínima seja igual ou inferior a dois anos. É o que se conclui pela análise exclusiva dos artigos 323 e 324, do CPP.
PRISÃO E LEI DE DROGAS
 Antes de ingressar no âmago da discussão é oportuno traçar um sucinto comentário acerca da segregação cautelar.
Essa prisão só deve ser decretada em situações excepcionais, ou seja, quando presentes os indícios suficientes de autoria e prova da existência do crime, bem como pelo menos um dos pressupostos do artigo 312 do Código de Processo Penal (garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal). A prisão cautelar não pode ser tratada como forma de antecipação da condenação.
É de sabença uníssona que o excesso abusivo de prazo para o encerramento da instrução processual implica em constrangimento ilegal. Às partes deve ser garantido um prazo razoável para a conclusão da instrução. Resta saber quando estará caracterizada a tardança injustificada para a formação da culpa.
No dia 23 de agosto de 2006 entrou em vigor a Lei 11.343/06 que passou a disciplinar os crimes da antiga Lei 6.368/76. Com o advento desse novo diploma legal os prazos para a conclusão da instrução processual passaram a ser os mais diversos possíveis, razão pela qual é oportuno um sucinto comentário a respeito da nova lei para uma melhor compreensão da dimensão processual da matéria.
À luz da Lei 11.343/06, em caso de prisão em flagrante, a autoridade policial deve comunicar imediatamente ao juiz competente, remetendo-lhe cópia do auto lavrado que será encaminhado ao Ministério Público em no máximo 24 horas (art. 50, caput).
O prazo para o término do inquérito policial, em se tratando de réu preso, é de 30 (trinta) dias. Vale frisar que esse prazo pode ser duplicado pelo juiz, depois de ouvido o Ministério Público, mediante pedido justificado da autoridade policial, motivo pelo qual o termo para a conclusão da peça policial pode chegar a 60 (sessenta) dias (art. 51, parágrafo único).
Pois bem. Depois de concluído o inquérito policial, o Ministério Público tem o prazo de 10 (dez) dias para adotar uma providência, exemplo, oferecer denúncia (art. 54).
Oferecida a peça acusatória, o acusado apresentará a defesa prévia, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias (art. 55). Caso a resposta não seja apresentada no tempo determinado, o juiz nomeará novo defensor para oferecê-la em 10 (dez) dias (art. 55, §3º).
Apresentada a defesa, o juiz decidirá em 5 (cinco) dias (art. 55, §4º).
Sendo imprescindível, o magistrado determinará a realização de diligência, exames e perícias no prazo máximo de 10 (dez) dias (55, §5º).
Recebida a denúncia, o magistrado designará audiência de instrução e julgamento no tempo limite de 30 (trinta) dias a contar da data do recebimento da denúncia (art. 56, §2º). Determinada realização de avaliação para atestar a dependência de drogas, esse prazo será estendido para 90 (noventa) dias (art. 56, §2º), que será computado a partir do recebimento da denúncia.
Encerrada a instrução, o juiz decidirá de imediato ou fará em 10 (dez) dias (art. 58).
Vale registrar, ainda, que os termos tratados pela nova lei de drogas não podem ser avaliados com rigorismo exacerbado, devendo, sempre, ser realizado um estudo em consonância com o princípio norteador da razoabilidade, tendo em vista as peculiaridades de cada caso, v. g., trâmites processuais complexos. O prazo para o término da instrução processual não é absoluto, podendo ser dilatado conforme as particularidades de cada episódio. A demora razoável e justificada na formação da culpa não configura constrangimento ilegal.
Resta perguntar: mas que efeitos haveriam de se reconhecer caso o excesso de prazo venha a ocorrer após o término da instrução criminal? Desde que a defesa não tenha contribuído para a mora, entendemos que o réu não pode ficar aguardando uma decisão ad eternum só por que cessou a instrução. A simples alegação de que a instrução processual atingiu seu fim, não serve como escusa para afastar o tão-famigerado constrangimento ilegal. Em caso de retardamento imputável à máquina judiciária a soltura do agente é medida que se impõe, sob pena de se ofender os princípios constitucionais da dignidade da pessoa humana e da razoável duração do processo (artigo 5º, incisos III e LXXVIII da Constituição Federal). Assim, fica suplantada a Súmula 52 do Superior Tribunal de Justiça que apregoa: “encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento por excesso de prazo”.

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