Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
www.cursoforum.com.br CARREIRAS JURÍDICAS 2018.1 – DIREITO PROCESSUAL PENAL DIREITO PROCESSUAL PENAL Capítulo 1 INTRODUÇÃO AO PROCESSO PENAL 1.1. Lei Processual no Tempo Conforme o art. 2º do CPP, a lei processual penal será aplicada desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior, o que consagra a incidência do princípio da tempus regit actum. 1.2. Lei Processual no Espaço Conforme o art. 1º do CPP, a lei processual penal se aplica em todo o território brasileiro, o que consagra o princípio da territorialidade. Entretanto, o próprio dispositivo traz algumas ressalvas com relação à aplicação desse princípio quando relativo: a) a tratados, convenções e regras de direito internacional; b) à jurisdição política. Ocorre, dentre outras hipóteses, nos casos dos incisos I e II do art. 52 da CRFB/1988, em que a competência para processar determinadas autoridades (Presidente e Vice-Presidente da República, Ministros de Estado, Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, Ministros do Supremo Tribunal Federal) é deslocada do Poder Judiciário para o Poder Legislativo (Senado Federal); c) aos processos de competência da Justiça Militar; d) aos processos de competência do Tribunal Especial (o extinto Tribunal de Segurança Nacional, previsto no art. 122, nº 17, da Constituição de 1937); e) aos processos por crimes de imprensa (esta ressalva se encontra superada, porque a Lei de Imprensa (Lei 5.250/1967) teve a eficácia de vários artigos suspensa liminarmente em sede da Ação de Descumprimento de Preceitos Fundamentais 130- 7/DF). http://www.cursoforum.com.br/ www.cursoforum.com.br CARREIRAS JURÍDICAS 2018.1 – DIREITO PROCESSUAL PENAL 1.3. Princípios a) Princípio do devido processo legal: previsto no art. 5º, LIV, da CRFB/1988. Há duas acepções: uma material, que trata da regularidade do processo legislativo, e uma de cunho processual, que se refere à regularidade dos atos processuais. b) Princípio da inocência: previsto no art. 5º, LVII, da CRFB/1988. Significa que o indivíduo não pode ser considerado culpado antes do trânsito em julgado da sentença penal condenatória. c) Princípio do juiz natural: previsto no art. 5º, LIII, da CRFB/1988. Significa a garantia de um julgamento por um juiz competente, de acordo com regras objetivas de competência e, com isso, a proibição da criação de tribunais de exceção. d) Princípio da publicidade: preleciona que todo processo é público, salvo algumas limitações com base no interesse social ou para tutelar-se a intimidade das partes. Aplicação Prática – Questão de Concurso (Ano: 2016 Banca: FUNCAB Órgão: PC-PA Prova: Delegado de Polícia) No que respeita aos princípios da presunção de inocência e da não autoincriminação, é correto afirmar que: a) o direito ao silêncio pode ser utilizado em desfavor do réu. b) segundo a atual jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a sentença condenatória tem eficácia tão logo confirmada em segundo grau de jurisdição, não importando em violação ao princípio da presunção de inocência. c) a exigência do recolhimento do réu à prisão para apelar não ofende os princípios da não culpabilidade e da proporcionalidade. d) é possível a invocação de investigações e ações penais em andamento como maus antecedentes na fase da aplicação da pena. e) o princípio constitucional da não culpabilidade não é óbice ao lançamento do nome do réu no rol dos culpados antes do trânsito em julgado da sentença condenatória. R: Alternativa B http://www.cursoforum.com.br/ www.cursoforum.com.br CARREIRAS JURÍDICAS 2018.1 – DIREITO PROCESSUAL PENAL 1.4. Sistemas processuais Dividiremos o tema em dois sistemas principais: Sistema Inquisitivo e Sistema Acusatório. a) Sistema Inquisitivo: se caracteriza pelo fato de o Juiz acumular o exercício de três funções processuais: acusar, defender e julgar. Nesse sistema, o próprio julgador tem a possibilidade de iniciar o processo. b) Sistema Acusatório: se caracteriza pela divisão de funções entre os sujeitos processuais. O Ministério Público exerce a titularidade da ação penal pública. O julgador é inerte e imparcial, não lhe é permitido iniciar o processo de ofício. Aplicação Prática – Questão de Concurso (Ano: 2014 Banca: FCC Órgão: DPE-RS Prova: Defensor Público) No Brasil, segundo a maioria dos doutrinadores, vige o sistema processual penal do tipo acusatório. São características deste sistema processual penal a) a imparcialidade do julgador, a flexibilização do contraditório na medida da necessidade para reconstrução da verdade real e a relativização do duplo grau de jurisdição. b) o sigilo das audiências, a imparcialidade do julgador e a vedação ao duplo grau de jurisdição. c) a igualdade das partes, o contraditório e a publicidade dos atos processuais. d) a absoluta separação das funções de acusar e julgar, a publicidade dos atos processuais e a inexistência da coisa julgada. e) o sigilo absoluto do inquérito policial, a publicidade dos atos processuais e o duplo grau de jurisdição. R: Alternativa C http://www.cursoforum.com.br/ www.cursoforum.com.br CARREIRAS JURÍDICAS 2018.1 – DIREITO PROCESSUAL PENAL Capítulo 2 INQUÉRITO POLICIAL 2.1. Conceito O inquérito policial define-se como um procedimento administrativo conduzido pela polícia judiciária e direcionado à apuração de uma infração de sua autoria, com a finalidade de possibilitar que o titular da ação penal possa ingressar em juízo. 2.2. Natureza jurídica É um procedimento administrativo. 2.3. Finalidade A finalidade essencial do inquérito policial é apurar a possível infração penal cometida e a sua autora para que o titular da ação penal possa ter elementos probatórios, a justa causa, para o ingresso em juízo. 2.4. Características As principais características são as seguintes: a) Escrito: art. 9º do CPP. Todas as peças do inquérito policial serão processadas num só, reduzidas a escrito ou datilografadas, e, nesse caso, rubricadas pela autoridade. b) Indisponível: art. 17 do CPP. Uma vez instaurado, não pode, sob hipótese alguma, ser arquivado pela autoridade policial. c) Sigiloso: art. 20 do CPP. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pela sociedade. d) Oficialidade: art. 4º do CPP. O inquérito policial é dirigido por órgãos públicos oficiais, no caso, a autoridade policial. http://www.cursoforum.com.br/ www.cursoforum.com.br CARREIRAS JURÍDICAS 2018.1 – DIREITO PROCESSUAL PENAL CARREIRAS JURÍDICAS 2017.2 – DIREITO PROCESSUAL PENAL e) Dispensável: art. 39, § 5º, do CPP. O órgão do Ministério Público dispensará o inquérito, se com a representação forem oferecidos elementos que o habilitem a promover a ação penal. 2.5. Procedimento: fases e especificações Iniciativa e instauração do inquérito policial: a) Crime de ação penal pública incondicionada: de ofício; mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público; a requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo. Art. 5º, I e II, do CPP. b) Crime de ação penal pública condicionada: representação do ofendido. Também nos casos de requisição do Ministro da Justiça. Art. 5º, § 4º, do CPP. c) Crime de ação penal de iniciativa privada: requerimento do ofendido. Art. 5º, § 5º, do CPP. Durante o inquérito policial serão possíveis algumas diligências, tais como: apreensão de objetos, perícias, acareações etc. O encerramento do inquérito policial ocorre com a conclusão de todas as diligências, na oportunidade em que a autoridade policial elaborará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará os autos ao juízo competente. Prazos para a conclusão do inquéritopolicial: – Regra Geral (art. 10 do CPP): o prazo será de 10 dias para o inquérito policial que tem indiciado preso e de 30 dias para o indiciado solto. Só se admite a prorrogação do prazo se o indiciado estiver solto. – Lei de Drogas (art. 51 da Lei 11.343/2006): o prazo será de 30 dias para o indiciado preso e de 90 dias para o indiciado solto. Os prazos podem ser duplicados pelo juiz, ouvido o Ministério Público, mediante pedido justificado da autoridade de polícia judiciária. http://www.cursoforum.com.br/ www.cursoforum.com.br CARREIRAS JURÍDICAS 2018.1 – DIREITO PROCESSUAL PENAL – Crimes contra a economia popular (art. 10, § 1º, da Lei 1.521/1951): o prazo será de 10 dias improrrogáveis, estando o indiciado solto ou preso. – Justiça Federal (art. 66 da Lei 5.010/1966): o prazo será de 15 dias para o indiciado preso, podendo ser prorrogado por mais 15 dias, a pedido, devidamente fundamentado, da autoridade policial. Já para o indiciado solto, o prazo adotado é o da regra geral. Jurisprudências Tema: Poder investigatório do Ministério Público (Informativos 785 e 787 do STF) Ministério Público pode realizar diretamente a investigação de crimes O STF reconheceu a legitimidade do Ministério Público para promover, por autoridade própria, investigações de natureza penal, mas ressaltou que essa investigação deverá respeitar alguns parâmetros que podem ser a seguir listados: 1) Devem ser respeitados os direitos e garantias fundamentais dos investigados; 2) Os atos investigatórios devem ser necessariamente documentados e praticados por membros do MP; 3) Devem ser observadas as hipóteses de reserva constitucional de jurisdição, ou seja, determinadas diligências somente podem ser autorizadas pelo Poder Judiciário nos casos em que a CF/88 assim exigir (ex: interceptação telefônica, quebra de sigilo bancário etc.); 4) Devem Súmula Vinculante 14: É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa. Súmula 234 do STF: A participação de membro do Ministério Público na fase investigatória criminal não acarreta o seu impedimento ou suspeição para o oferecimento da denúncia. Súmula 524 do STF: Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a requerimento do promotor de justiça, não pode a ação penal ser iniciada, sem novas provas. http://www.cursoforum.com.br/ www.cursoforum.com.br CARREIRAS JURÍDICAS 2018.1 – DIREITO PROCESSUAL PENAL ser respeitadas as prerrogativas profissionais asseguradas por lei aos advogados; 5) Deve ser assegurada a garantia prevista na Súmula vinculante 14 do STF (“É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa”); 6) A investigação deve ser realizada dentro de prazo razoável; 7) Os atos de investigação conduzidos pelo MP estão sujeitos ao permanente controle do Poder Judiciário. A tese fixada em repercussão geral foi a seguinte: “O Ministério Público dispõe de competência para promover, por autoridade própria, e por prazo razoável, investigações de natureza penal, desde que respeitados os direitos e garantias que assistem a qualquer indiciado ou a qualquer pessoa sob investigação do Estado, observadas, sempre, por seus agentes, as hipóteses de reserva constitucional de jurisdição e, também, as prerrogativas profissionais de que se acham investidos, em nosso País, os advogados (Lei 8.906/1994, art. 7º, notadamente os incisos I, II, III, XI, XIII, XIV e XIX), sem prejuízo da possibilidade — sempre presente no Estado democrático de Direito — do permanente controle jurisdicional dos atos, necessariamente documentados (Enunciado 14 da Súmula Vinculante), praticados pelos membros dessa Instituição.” (RE 593727/MG, rel. orig. Min. Cezar Peluso, red. p/ o acórdão Min. Gilmar Mendes, Plenário, julgado em 14/5/2015 (repercussão geral). HC 85011/RS, red. p/ o acórdão Min. Teori Zavascki, 1ª Turma, julgado em 26/5/2015). Tema: Denúncia anônima e ação penal (Informativo nº 819 do STF) Denúncia anônima. As notícias anônimas ("denúncias anônimas") não autorizam, por si sós, a propositura de ação penal ou mesmo, na fase de investigação preliminar, o emprego de métodos invasivos de investigação, como interceptação telefônica ou busca e apreensão. Entretanto, elas podem constituir fonte de informação e de provas que não podem ser simplesmente descartadas pelos órgãos do Poder http://www.cursoforum.com.br/ www.cursoforum.com.br CARREIRAS JURÍDICAS 2018.1 – DIREITO PROCESSUAL PENAL Judiciário. Procedimento a ser adotado pela autoridade policial em caso de “denúncia anônima”: 1) Realizar investigações preliminares para confirmar a credibilidade da “denúncia”; 2) Sendo confirmado que a “denúncia anônima” possui aparência mínima de procedência, instaura- se inquérito policial; 3) Instaurado o inquérito, a autoridade policial deverá buscar outros meios de prova que não a interceptação telefônica (esta é a ultima ratio). Se houver indícios concretos contra os investigados, mas a interceptação se revelar imprescindível para provar o crime, poderá ser requerida a quebra do sigilo telefônico ao magistrado. (HC 106152/MS, Rel. Min. Rosa Weber, 1ª Turma, julgado em 29/3/2016). Tema: Investigação criminal e autoridades com foro privativo no STF (Informativo nº 812 do STF) Investigação criminal envolvendo autoridades com foro privativo no STF As investigações envolvendo autoridades com foro privativo no STF somente podem ser iniciadas após autorização formal do STF. De igual modo, as diligências investigatórias envolvendo autoridades com foro privativo no STF precisam ser previamente requeridas e autorizadas pelo STF. Diante disso, indaga-se: depois de o PGR requerer alguma diligência investigatória, antes de o Ministro Relator decidir, é necessário que a defesa do investigado seja ouvida e se manifeste sobre o pedido? NÃO. As diligências requeridas pelo Ministério Público Federal e deferidas pelo Ministro-Relator são meramente informativas, não suscetíveis ao princípio do contraditório. Desse modo, não cabe à defesa controlar, “ex ante”, a investigação, o que acabaria por restringir os poderes instrutórios do Relator. Assim, o Ministro poderá deferir, mesmo sem ouvir a defesa, as diligências requeridas pelo MP que entender pertinentes e relevantes para o esclarecimento dos fatos. (Inq 3387 AgR/CE, Rel. Min. Dias Toffoli, 2ª Turma, julgado em 15/12/2015). http://www.cursoforum.com.br/ www.cursoforum.com.br CARREIRAS JURÍDICAS 2018.1 – DIREITO PROCESSUAL PENAL Aplicação Prática – Questão de Concurso (Ano: 2015 Banca: FCC Órgão: DPE-MA Prova: Defensor Público) O inquérito policial a) após seu arquivamento, poderá ser desarquivado a qualquer momento para possibilitar novas investigações, desde que haja concordância do Ministério Público. b) em curso poderá ser avocado por superior por motivo de interesse público. c) poderá ser instaurado por requisição judicial, a depender da análise de conveniência e oportunidade do delegado de polícia. d) nos casos de ação penal privada e ação penal pública condicionada poderá ser instaurado mesmo sem a representação da vítima ou seu representante legal, desde que se trate de crime hediondo. e) independentemente do crime investigado deverá ser impreterivelmente concluído no prazo de 30 dias se o investigado estiver solto. R: Alternativa B http://www.cursoforum.com.br/ www.cursoforum.com.br CARREIRAS JURÍDICAS 2018.1 – DIREITO PROCESSUALPENAL Capítulo 3 AÇÃO PENAL 3.1. Introdução A ação penal se caracteriza por ser o direito de pedir ao Estado-Juiz a aplicabilidade do Direito Penal Objetivo a determinado caso concreto. 3.2. Condições da ação penal São condições da ação penal: legitimidade, interesse de agir, possibilidade jurídica do pedido. Há controvérsia a respeito da justa causa, se esta integraria ou não o rol das condições da ação. 3.3. Princípios da ação penal No que tange aos princípios da ação penal, podemos subdividi-los conforme a natureza da ação penal. Assim, teremos princípios da ação penal pública e princípios da ação penal privada. Veja-se: – Princípios da Ação Penal Pública: a) Obrigatoriedade: significa que, se estiverem presentes os indícios de autoria e de materialidade delitiva, bem como ausentes as causas extintivas da punibilidade, o representante do Ministério Público está obrigado a oferecer a denúncia. b) Indisponibilidade: significa que o Ministério Público não pode desistir do curso da ação intentada, bem como do recurso eventualmente interposto. – Princípios da Ação Penal Privada: a) Oportunidade: significa que o ofendido tem a faculdade de propor a ação penal. b) Disponibilidade: dispõe que o querelante pode desistir de prosseguir com a ação penal, por meio do perdão do ofendido ou pela perempção. http://www.cursoforum.com.br/ www.cursoforum.com.br CARREIRAS JURÍDICAS 2018.1 – DIREITO PROCESSUAL PENAL c) Indivisibilidade: dispõe que, no caso de concurso de agentes, a queixa deverá ser oferecida contra todos os coautores que o querelante tiver conhecimento, não sendo possível a escolha contra quem intentará a ação penal. 3.4. Classificação das ações penais A divisão das espécies de ação penal é costumeiramente identificada pelo critério subjetivo, ou seja, levando em consideração a qualidade do sujeito que detém a titularidade. Nesse sentido, dispõe o art. 100 do CP que “a ação é pública, salvo quando a lei expressamente a declare privativa do ofendido”. 3.4.1. Ação penal pública A ação penal pública é aquela que deve ser promovida pelo Ministério Público, conforme o art. 257, I, do CPP. A ação penal pública pode ser incondicionada ou condicionada. A ação penal pública incondicionada é a regra. Ela é proposta independentemente da vontade ou manifestação de qualquer sujeito, bastando estarem presentes as condições da ação e os pressupostos processuais. A ação penal pública condicionada depende da manifestação de vontade do ofendido (ou do seu representante legal) ou da requisição do Ministro da Justiça. 3.4.2. Ação penal de iniciativa privada A ação penal privada é aquela em que o Estado, titular exclusivo do ius puniendi (direito de punir), transfere à vítima ou a quem legalmente a represente a legitimidade para propositura da ação penal, conservando, entretanto, a titularidade do direito de Sumula 542 do STJ: A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência doméstica contra a mulher é pública incondicionada. http://www.cursoforum.com.br/ www.cursoforum.com.br CARREIRAS JURÍDICAS 2018.1 – DIREITO PROCESSUAL PENAL CARREIRAS JURÍDICAS 2017.2 – DIREITO PROCESSUAL PENAL punir. Subdivide-se em: exclusivamente privada ou propriamente dita; personalíssima; subsidiária da pública. A ação penal exclusivamente privada ou propriamente dita é aquela em que a vítima ou quem legalmente a represente exerce diretamente. A sua fundamentação legal encontra-se no art. 31 do CPP. A ação penal personalíssima é aquela em que somente o ofendido pode exercer o direito de ação, não havendo possibilidade, em caso de sua morte, da transferência desse direito aos sucessores. A única hipótese prevista encontra-se no crime do art. 236 do CP. A ação penal privada subsidiária da pública é aquela em que a vítima ou quem legalmente a represente exerce diante da inércia do titular da ação penal pública – Ministério Público –, ou seja, quando o órgão ministerial não oferece a denúncia, não promove o arquivamento ou não requisita diligências no prazo legal. O prazo é decadencial de seis meses, contados da data em que terminar o prazo para o Ministério Público adotar as providências cabíveis, conforme o art. 38 do CPP. Aplicação Prática – Questão de Concurso (Ano: 2014 Banca: FUNDEP (Gestão de Concursos) Órgão: TJ-MG Prova: Juiz de Direito) Assinale a alternativa INCORRETA. a) Na ação penal privada subsidiária da pública, o Promotor de Justiça pode repudiar a queixa e oferecer denúncia substitutiva, quando a queixa apresentada for inepta. b) Tanto a renúncia ao exercício do direito de queixa como o perdão do ofendido em relação a um dos autores do crime, a todos se estenderá, extinguindo-se a punibilidade. c) A renúncia, nas ações penais privadas, pode ser tácita e admite, para tanto, todos os meios de prova, conforme previsto no Código de Processo Penal. d) Tratando-se de ação penal privada personalíssima, a morte da vítima extingue a punibilidade. R: Alternativa B http://www.cursoforum.com.br/ www.cursoforum.com.br CARREIRAS JURÍDICAS 2018.1 – DIREITO PROCESSUAL PENAL Capítulo 4 COMPETÊNCIA CRIMINAL 4.1. Conceito Define-se competência criminal como sendo a medida e o limite jurisdicional, nos quais o órgão judicial pode atuar, ou seja, delimita o exercício da jurisdição para o magistrado. 4.2. Espécies No que tange à competência, pode-se subdividi-la em três partes: – competência estabelecida em razão do lugar do crime cometido – “ratione materiae”; – competência estabelecida de acordo com a qualidade das pessoas acusadas – “ratione personae”; – competência estabelecida de acordo com o local em que foi praticado ou consumado o crime, ou o local da residência do seu autor – “ratione loci”. Deve-se observar, para tanto, o previsto no art. 69 do CPP, o qual prescreve que a competência é determinada em razão: do lugar da infração, e do domicílio ou residência do réu (“ratione loci”); da natureza da infração (“ratione materiae”); da distribuição; da conexão ou continência; da prevenção e da prerrogativa de função (“ratione personae”). Agora, analisaremos cada uma em separado: – Competência em razão do lugar da infração: adotou-se, em regra, a teoria do resultado para determinar o foro competente para a ação penal. De acordo com o art. 70, § 1º, do CPP, “iniciada a execução no território nacional, se a infração se consumar fora dele, a competência será determinada pelo lugar em que tiver sido praticado, no Brasil, o último ato de execução”. Ao contrário, o http://www.cursoforum.com.br/ www.cursoforum.com.br CARREIRAS JURÍDICAS 2018.1 – DIREITO PROCESSUAL PENAL § 2º, desse mesmo diploma legal, determina que, “quando o último ato de execução for praticado fora do território nacional, será competente o juiz do lugar em que o crime, embora parcialmente, tenha produzido ou devia produzir seu resultado”. Ressalta-se que esses parágrafos do art. 70 do CPP adotaram a teoria da ubiquidade, em conformidade com o disposto no art. 6.º do CP, uma vez que o Brasil tem o interesse de punir o delito cujo início (ação) ou fim (resultado) deu-se em seu território. O art. 70, § 3º, do CPP, com o objetivo de esclarecer qualquer dúvida a respeito do foro competente para processar o feito, dispõe que, quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando incerta a jurisdição por ter sido a infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção. Da mesma forma, aplicando a mesma regra anterior, o art. 71 do CPP dispõe que, na hipótese de infração continuada ou permanente, praticada em território de duas ou mais jurisdições, a competência seráfirmada pelo critério da prevenção. – Competência pelo domicílio ou residência do réu: é estabelecida de forma subsidiária. Quando não for conhecido o lugar da infração, fixa-se a competência pelo domicílio ou residência do réu, nos termos do art. 72 do CPP. Entretanto, se o réu não possuir residência ou for ignorado o seu paradeiro, será competente o juiz que primeiro tomar conhecimento do fato. – Competência pela natureza da infração: conforme disciplina o art. 74 do CPP, a competência pela natureza da infração será regulada pelas leis de organização judiciária, no âmbito federal ou estadual, salvo a competência privativa do Tribunal do Júri, nos moldes estabelecidos pela CRFB/1988. – Competência por distribuição e prevenção: nos casos em que na mesma circunscrição judiciária houver mais de um juiz igualmente competente, resolve-se pela distribuição. A distribuição é um processo aleatório de escolha por meio de um sorteio. Aplica-se o art. 75 do CPP. A prevenção, por sua vez, ocorre nos casos em que concorrerem dois ou mais juízes igualmente competentes, e um deles tiver antecedido http://www.cursoforum.com.br/ www.cursoforum.com.br CARREIRAS JURÍDICAS 2018.1 – DIREITO PROCESSUAL PENAL aos demais na prática de algum ato de cunho decisório ou de medida a este relativa, ainda que anterior ao recebimento da denúncia ou da queixa, nos moldes do art. 83 do CPP. – Competência por conexão ou continência: a) conexão: ocorre quando há uma dependência recíproca entre os fatos delituosos. A competência por conexão se subdivide em: intersubjetiva – prevista no art. 76, I, do CPP; objetiva, lógica ou material – prevista no art. 76, II, do CPP; instrumental ou probatória – prevista no art. 76, III, do CPP. b) continência: ocorre quando uma situação estiver contida na outra e não for possível a separação. Pode ser de duas espécies: por cumulação subjetiva – prevista no art. 77, I, do CPP e por cumulação objetiva – prevista no art. 77, II, do CPP. Destaca-se que o art. 78 do CPP disciplina as regras que são utilizadas para determinar o juízo prevalente nos casos de reunião dos processos por conexão ou continência. Entretanto, há hipóteses em que essa reunião dos processos não será possível, devendo-se, assim, separar os feitos obrigatoriamente, a saber: no concurso entre a jurisdição comum e a militar; no concurso entre a jurisdição comum e a do juízo de menores; se em relação a algum corréu sobrevier doença mental após o fato criminoso. O art. 80 do CPP disciplina as hipóteses em que será facultativa a separação dos processos. – Competência por prerrogativa de função: de acordo com o art. 84 do CPP, a competência por prerrogativa de função é do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça, dos Tribunais Regionais Federais e dos Tribunais de Justiça dos Estados e Cabe lembrar que, de acordo com a doutrina majoritária, a conexão e a continência não são consideradas como critérios de fixação de competência, mas sim da sua prorrogação. Desse modo, uma vez reconhecidas, possuem os seguintes efeitos: a reunião das ações em um mesmo processo, bem como a prorrogação da http://www.cursoforum.com.br/ www.cursoforum.com.br CARREIRAS JURÍDICAS 2018.1 – DIREITO PROCESSUAL PENAL do Distrito Federal, que diz respeito às pessoas que respondem perante esses tribunais por crimes comuns e de responsabilidade. Súmula 42 do STJ: Compete a Justiça Comum Estadual processar e julgar as causas cíveis em que é parte sociedade de economia mista e os crimes praticados em seu detrimento. Súmula 62 do STJ: Compete a Justiça Estadual processar e julgar o crime de falsa anotação na carteira de trabalho e previdência social, atribuído a empresa privada. Súmula 75 do STJ: Compete a Justiça Comum Estadual processar e julgar o policial militar por crime de promover ou facilitar a fuga de preso de estabelecimento penal. Súmula 104 do STJ: Compete a Justiça Estadual o processo e julgamento dos crimes de falsificação e uso de documento falso relativo a estabelecimento particular de ensino. Súmula 107 do STJ: Compete a Justiça Comum Estadual processar e julgar crime de estelionato praticado mediante falsificação das guias de recolhimento das contribuições previdenciárias, quando não ocorrente lesão a autarquia federal. Súmula 140 do STJ: Compete a Justiça Comum Estadual processar e julgar crime em que o indígena figure como autor ou vítima. Súmula 147 do STJ: Compete a Justiça Federal processar e julgar os crimes praticados contra funcionário público federal, quando relacionados com o exercício da função. Súmula 208 do STJ: Compete a Justiça Federal processar e julgar Prefeito Municipal por desvio de verba sujeita a prestação de contas perante órgão federal. Súmula 209 do STJ: Compete a Justiça Estadual processar e julgar prefeito por desvio de verba transferida e incorporada ao patrimônio municipal. Súmula 546 do STJ: A competência para processar e julgar o crime de uso de documento falso é firmada em razão da entidade ou órgão ao qual foi apresentado o documento público, não importando a qualificação do órgão expedidor. http://www.cursoforum.com.br/ www.cursoforum.com.br CARREIRAS JURÍDICAS 2018.1 – DIREITO PROCESSUAL PENAL Aplicação Prática – Questão de Concurso Súmula Vinculante 45: A competência constitucional do Tribunal do Júri prevalece sobre o foro por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela Constituição Estadual. Súmula 451 do STF: A competência especial por prerrogativa de função não se estende ao crime cometido após a cessação definitiva do exercício funcional. Súmula 522 do STF: Salvo ocorrência de tráfico para o Exterior, quando, então, a competência será da Justiça Federal, compete à Justiça dos Estados o processo e julgamento dos crimes relativos a entorpecentes. Súmula 704 do STF: Não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa e do devido processo legal a atração por continência ou conexão do processo do corréu ao foro por prerrogativa de função de um dos denunciados. (Ano: 2017 Banca: CESPE Órgão: TJ-PR Prova: Juiz de Direito) A competência pode ser entendida como delimitação da jurisdição. A respeito dessa matéria, assinale a opção correta. a) Compete à justiça estadual militar processar e julgar o policial militar pela prática do crime militar e, à comum, pela prática do crime comum simultâneo àquele. b) Competirá ao juízo do local onde for praticada a contrafação processar e julgar crime de estelionato que for cometido mediante falsificação de cheque. c) Situação hipotética: João é pedreiro e foi contratado para prestar serviços de alvenaria nas dependências do Comando Geral da Polícia Militar do Paraná. Aproveitando-se da facilidade em transitar livremente pelas instalações do prédio, ele furtou um computador contendo informações sobre os dados cadastrais do alto comando, com o intuito de vendê-las a uma quadrilha de estelionatários. Assertiva: Nessa situação, a competência para o processo e julgamento da ação penal será do juízo da auditoria militar, uma vez que compete a esta processar e julgar o acusado, civil ou militar, que pratique crime contra instituições militares. d) Compete à justiça federal processar e julgar o crime de falsa anotação na carteira de trabalho e previdência social atribuída a empresa privada. R: Alternativa A http://www.cursoforum.com.br/ www.cursoforum.com.br CARREIRAS JURÍDICAS 2018.1 – DIREITO PROCESSUAL PENAL Capítulo 5 TEORIA GERAL DA PROVA 5.1. Conceito A prova é todo elemento pelo qual se objetiva demonstrar a existência e a veracidade de determinado fato. Tem por finalidade principal o convencimento do órgão julgador. 5.2. Objeto O objeto da prova são os fatos principais ou secundários que exijam uma valoração judicial e a sua comprovação.Diz-se que o objeto da prova tem um caráter objetivo e outro subjetivo. O caráter objetivo é a demonstração da ocorrência de determinado fato. O caráter subjetivo é a formação do convencimento do juiz, de cunho persuasivo. 5.3. Meios Os meios de prova se caracterizam por serem instrumentos ou atividades pelos quais os elementos de prova são inseridos no processo, por exemplo: documento, perícia, testemunha etc. 5.4. Classificação – Quanto ao sujeito: a) pessoal: engloba toda afirmativa de forma consciente destinada a demonstrar a veracidade dos fatos afirmados. Exemplo: interrogatório. b) real: é advinda dos vestígios deixados pelo fato delituoso. Exemplo: o arrombamento de uma porta. – Quanto ao objeto: http://www.cursoforum.com.br/ www.cursoforum.com.br CARREIRAS JURÍDICAS 2018.1 – DIREITO PROCESSUAL PENAL a) diretas: guardam relação com o próprio fato que está sendo tratado no processo. Exemplo: uma testemunha que presenciou o crime. b) indiretas: guardam relação com outro fato distinto daquele que está sendo investigado, mas a sua análise permite retirar conclusões a respeito do fato investigado. Exemplo: o álibi. – Quanto ao efeito ou valor da prova: a) provas plenas: permitem um juízo de certeza quanto ao fato que se destinam a comprovar, em razão de serem completas. Em geral, são utilizadas como fonte primária para o convencimento do julgador. b) provas não plenas: não permitem um juízo de certeza, servindo apenas de reforço da convicção do julgador. 5.5. Princípios – Princípio da presunção de inocência (princípio da não culpabilidade): traduz o direito de não ser declarado culpado, senão após o trânsito em julgado de sentença condenatória, ao término de um processo, no qual tenham sido observadas todas as garantias fundamentais. Esse princípio está descrito na Convenção Americana de Direitos Humanos (presunção de inocência), no art. 8º, nº 2. A referida Convenção utiliza a expressão inocência. No âmbito da nossa CRFB/1988, temos a presunção de não culpabilidade. Interessante perceber que, ao contrário da Convenção Americana, o constituinte não utiliza a expressão inocência. Diz que ninguém será considerado culpado. Daí a distinção entre os termos utilizados. – Princípio do nemo tenetur se detegere: a expressão em questão significa que ninguém é obrigado a contribuir para sua própria destruição. Ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo. Esse princípio de fundamental importância está previsto tanto nos tratados internacionais como também na própria CRFB/1988. Ver art. 8º, nº 2, “g”, da CADH (Decreto 678/1992). Esse princípio consagra um instinto natural do ser humano. Quando pratica um crime, a tendência natural é se defender. http://www.cursoforum.com.br/ www.cursoforum.com.br CARREIRAS JURÍDICAS 2018.1 – DIREITO PROCESSUAL PENAL Se quiséssemos obrigá-lo a depor contra si mesmo, teríamos que admitir constrangimentos. Além da CADH, o princípio sob análise está previsto no art. 5º, LXIII, da CRFB/1988. – Princípio da inadmissibilidade das provas obtidas por meios ilícitos: esse princípio está previsto no art. 5º, LVI, da CF. Essa prova ilícita não é admitida no ordenamento pátrio pelo seguinte motivo: preservar direitos e garantias fundamentais. A vedação às provas ilícitas serve como fato de dissuasão à adoção de práticas probatórias ilegais: as provas ilícitas não são admitidas e isso serve exatamente para desestimular a adoção de práticas probatórias ilegais. A vedação à utilização das provas ilícitas serve também como fator de estímulo à adoção de práticas probatórias legais. 5.6. Sistemas de avaliação da prova – Sistema da Prova Tarifada, Certeza Moral do Legislador, Verdade Legal: é o sistema em que a lei, de forma prévia, define um modelo de prova a ser produzida. Nesse sistema, a lei prescreve o valor e a aplicação de cada prova, no qual o julgador fica vinculado, em estrita obediência ao determinado legalmente. Há resquícios desse sistema no art. 155, parágrafo único, do CPP e no art. 158 do CPP. – Sistema da Íntima Convicção: é o sistema em que o julgador possui ampla liberdade na avaliação das provas, de acordo com o seu íntimo convencimento, não sendo necessária, ainda, a fundamentação da sua decisão. Verifica-se a aplicação desse sistema no âmbito do procedimento do Tribunal do Júri, no qual os jurados decidem em consonância com a sua convicção pessoal, por meio do voto secreto, sem fundamentar a sua decisão. – Sistema do Livre Convencimento Motivado, Persuasão Racional do Julgador: é o sistema que adotamos como regra no processo penal brasileiro, conforme disciplina o art. 155 do CPP. Nesse sistema, o julgador possui liberdade para formar o seu convencimento, sendo imprescindível a devida fundamentação, nos termos do art. 93, IX, da CRFB/1988. http://www.cursoforum.com.br/ www.cursoforum.com.br CARREIRAS JURÍDICAS 2018.1 – DIREITO PROCESSUAL PENAL 5.7. Prova ilícita A prova ilícita lato sensu pode ser subdivida em: provas ilícitas stricto sensu e provas ilegítimas. As provas ilícitas stricto sensu são aquelas que foram produzidas com infringência de normas de direito material, de natureza constitucional ou infraconstitucional. As provas ilegítimas são aquelas que foram produzidas com infringência de normas de direito processual, de natureza meramente processual. 5.8. Prova emprestada Define-se como aquela produzida em determinado processo e que é transportada, posteriormente, na forma documental para outro feito. A prova emprestada não se encontra listada no rol do CPP, razão pela qual é classificada como uma prova inominada. Os requisitos para a sua admissibilidade, de acordo com a doutrina majoritária, são os seguintes: identidade de partes; obediência aos procedimentos legais; e que seja, mais uma vez, submetida ao contraditório. Jurisprudência Tema: Utilização no processo penal de provas obtidas pela administração tributária (Informativo nº 577 do STJ) Registra-se a classificação da prova ilícita por derivação, a qual determina que a prova produzida a partir de uma prova originalmente ilícita igualmente estará afetada pela ilicitude, devendo, assim, ser desentranhada dos autos. Há exceções legais à não utilização da prova ilícita por derivação: a teoria da fonte independente (art. 157, § 1º, do CPP), a teoria da descoberta inevitável (art. 157, § 2º, do CPP) e o encontro fortuito de provas (“serendipidade”). http://www.cursoforum.com.br/ www.cursoforum.com.br CARREIRAS JURÍDICAS 2018.1 – DIREITO PROCESSUAL PENAL Os dados bancários entregues à autoridade fiscal pela sociedade empresária fiscalizada, após regular intimação e independentemente de prévia autorização judicial, podem ser utilizados para subsidiar a instauração de inquérito policial para apurar suposta prática de crime contra a ordem tributária. De fato, a Primeira Seção do STJ, ao apreciar o REsp 1.134.665-SP (DJe 18/12/2009), submetido ao rito do art. 543-C do CPC, consolidou o entendimento de que a quebra do sigilo bancário sem prévia autorização judicial para fins de constituição de crédito tributário é autorizada pela Lei n. 8.021/1990 e pela LC n. 105/2001, normas procedimentais cuja aplicação é imediata. Contudo, conquanto atualmente o STJ admita o intercâmbio de informações entre as instituições financeiras e a autoridade fiscal para fins de constituição de crédito tributário, o certo é que tal entendimento não se estende à utilização de tais dados para que seja deflagrada a persecução penal. Isso porque, como é cediço, o sigilo bancário é garantido no art. 5º da CF, e para que haja o seu afastamento exige-se ordem judicial que, também por determinação constitucional, precisa ser fundamentada (art. 93, IX). Na hipótese,todavia, consta do termo de constatação, retenção e intimação, firmado por auditor fiscal da Receita Federal, que a sociedade empresária apresentou diversas notas fiscais e cópias dos extratos bancários das contas por ela movimentadas após ser regularmente intimada. (RHC 66.520-RJ, Rel. Min. Jorge Mussi, 5ª Turma, julgado em 2/2/2016). http://www.cursoforum.com.br/ www.cursoforum.com.br CARREIRAS JURÍDICAS 2018.1 – DIREITO PROCESSUAL PENAL CARREIRAS JURÍDICAS 2017.2 – DIREITO PROCESSUAL PENAL Aplicação Prática – Questão de Concurso 5.9. Interrogatório O interrogatório é concebido pela doutrina majoritária como meio de defesa e meio de prova. Caracteriza-se como o ato espontâneo em que o acusado tem a oportunidade de prestar informações e esclarecimentos a respeito da infração penal que lhe é imputada e, ao mesmo tempo, o momento em que o juiz poderá colher informações para formar o seu convencimento. Cuida-se de um corolário da ampla defesa e do contraditório. Apresenta características como pessoalidade, oralidade, judicialidade e publicidade, em regra. Excepcionalmente, permite-se o interrogatório do acusado por meio do sistema de videoconferência ou outro recurso semelhante. No que diz respeito à publicidade, qualquer pessoa poderá presenciá-lo, exceto nas hipóteses (Ano: 2016 Banca: FCC Órgão: DPE-ES Prova: Defensor Público) Sobre as provas no processo penal, a) Compete à justiça estadual militar processar e julgar o policial militar pela prática do crime militar e, à comum, pela prática do crime comum simultâneo àquele. b) Competirá ao juízo do local onde for praticada a contrafação processar e julgar crime de estelionato que for cometido mediante falsificação de cheque. c) Situação hipotética: João é pedreiro e foi contratado para prestar serviços de alvenaria nas dependências do Comando Geral da Polícia Militar do Paraná. Aproveitando-se da facilidade em transitar livremente pelas instalações do prédio, ele furtou um computador contendo informações sobre os dados cadastrais do alto comando, com o intuito de vendê-las a uma quadrilha de estelionatários. Assertiva: Nessa situação, a competência para o processo e julgamento da ação penal será do juízo da auditoria militar, uma vez que compete a esta processar e julgar o acusado, civil ou militar, que pratique crime contra instituições militares. d) Compete à justiça federal processar e julgar o crime de falsa anotação na carteira de trabalho e previdência social atribuída a empresa privada. R: Alternativa A http://www.cursoforum.com.br/ www.cursoforum.com.br CARREIRAS JURÍDICAS 2018.1 – DIREITO PROCESSUAL PENAL descritas no art. 792, § 1º, do CPP. Nos termos do art. 185 do CPP, o interrogatório deverá, obrigatoriamente, ser realizado com a presença do defensor, constituído ou nomeado. O interrogatório, nos termos do art. 187 do CPP, será constituído de duas partes, uma referente à pessoa do acusado (interrogatório de qualificação) e uma referente aos fatos especificamente (interrogatório de mérito). Como regra, o interrogatório acontecerá ao final da instrução, após a oitiva das testemunhas. Quanto ao local de realização do interrogatório, quando o acusado estiver solto, de acordo com o Código de Processo Penal, dar-se-á na sede do órgão julgador. Estando preso, de outro lado, em regra, o acusado será interrogado na casa prisional. Por exceção, o ato realizar-se-á por videoconferência. É possível também que o réu seja interrogado por carta precatória. http://www.cursoforum.com.br/ www.cursoforum.com.br CARREIRAS JURÍDICAS 2018.1 – DIREITO PROCESSUAL PENAL Capítulo 6 PROCESSO E PROCEDIMENTOS 6.1. Introdução Antes de iniciarmos a classificação dos procedimentos penais, é importante distinguirmos as terminologias “Processo” e “Procedimento”: – Processo: é o instrumento utilizado pelo Estado-Juiz para aplicabilidade da jurisdição. A jurisdição é uma das funções exercidas pelo Estado, instrumentalizada de forma precípua pelo Poder Judiciário com o objetivo de aplicar o direito objetivo a determinado caso concreto. Assim, o Estado-Juiz se vale do processo para prestar a jurisdição. – Procedimento: é o modo pelo qual os diversos atos desencadeiam a série constitutiva do processo. O procedimento lista os passos do processo. Assim, enquanto o processo funciona como direção no movimento, o procedimento é o modo e a forma em que é movido o ato. 6.2. Classificação dos procedimentos penais 6.2.1 Procedimento comum O procedimento comum é aplicado de forma subsidiária, ou seja, mediante processo de exclusão. Analisaremos o procedimento comum sob as seguintes subdivisões: procedimento ordinário, procedimento sumário e procedimento sumaríssimo. A partir da Reforma de 2008 promovida no CPP, a classificação desses procedimentos passou a ser verificada com base na quantidade de pena cominada à infração penal, nos termos do art. 394 do CPP. Vejamos: 6.2.1.1 Procedimento ordinário http://www.cursoforum.com.br/ www.cursoforum.com.br CARREIRAS JURÍDICAS 2018.1 – DIREITO PROCESSUAL PENAL O procedimento comum ordinário será aplicado quando tiver por objeto infração penal que tenha pena máxima cominada de valor igual ou superior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade, conforme o art. 394, § 1º, I, do CPP. Esse procedimento ocorre da seguinte maneira: De início, com o oferecimento da denúncia ou queixa, o juiz poderá rejeitá-la, nas hipóteses do art. 395 do CPP, ou recebê-la. Nesse primeiro momento, a análise do juiz se atém aos aspectos formais da denúncia ou da queixa. Assim, não sendo o caso de rejeição, o juiz procederá ao seu recebimento, nos termos do art. 396 do CPP. Ato contínuo, o juiz ordenará a citação do réu, intimando-o para que responda à acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias. Com a resposta do acusado, o juiz poderá absolvê-lo sumariamente com base nas hipóteses descritas no art. 397 do CPP. Caso contrário, não sendo hipótese de absolvição sumária, o juiz designará audiência de instrução e julgamento, com a intimação do acusado, do seu defensor, do Ministério Público e, se for o caso, do querelante e do assistente de acusação. A audiência deve ser realizada no prazo máximo de 60 (sessenta) dias. Na audiência una haverá a tomada de declarações do ofendido, a inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem, bem como os esclarecimentos dos peritos às acareações e ao reconhecimento de pessoas, com o interrogatório do acusado ao final. O número de testemunhas será de até 8 (oito) pessoas para a defesa e em igual número para a acusação. Em virtude da concentração dos atos processuais, todas as provas serão produzidas no ato da audiência. Após, ao final da audiência, o Ministério Público, o querelante e o assistente e, a seguir, o acusado poderão proceder ao requerimento de diligências cuja necessidade advenha de circunstâncias ou fatos verificados na instrução. Não sendo hipótese de requerimento de diligências, ou caso este seja indeferido, serão oferecidas alegações finais orais por 20 (vinte) minutos, http://www.cursoforum.com.br/ www.cursoforum.com.br CARREIRAS JURÍDICAS 2018.1 – DIREITO PROCESSUAL PENAL respectivamente, pela acusação e pela defesa, prorrogáveis por mais 10 (dez) minutos, proferindo o juiz, a seguir, a sentença. 6.2.1.2 Procedimento sumário O procedimento comum sumário será aplicado quando tiver por objeto infração penal que tenha pena máxima cominada inferior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade, conforme o art. 394, § 1º, II, do CPP. Esse procedimento ocorre da seguinte maneira: De início, o procedimento sumário é idêntico ao rito do procedimento ordinário, aplicando-se as disposições dos arts. 395 a 399 doCPP. A diferença reside a partir da audiência de instrução e julgamento, que deverá ser realizada no prazo máximo de 30 (trinta) dias. Na audiência, haverá a tomada de declarações do ofendido, a inquirição de testemunhas pela acusação e pela defesa, nesta ordem, bem como o esclarecimento dos peritos, as acareações e o reconhecimento de pessoas e coisas, com o interrogatório do acusado ao final. Após, de acordo com o art. 531 do CPP, haverá o debate. O número de testemunhas será de até 5 (cinco) pessoas para a defesa e em igual número para a acusação. As provas serão produzidas na audiência una. As alegações finais serão orais, concedendo-se a palavra por 20 (vinte) minutos à acusação e à defesa, nos termos do art. 534 do CPP. O juiz poderá prorrogar tal prazo por 10 (dez) minutos, devendo depois proferir a sentença. Destaca-se que nas infrações penais de menor potencial ofensivo, quando o juizado especial criminal encaminhar ao juízo comum as peças existentes para a adoção de outro procedimento, o procedimento sumário será observado, conforme o art. 538 do CPP. http://www.cursoforum.com.br/ www.cursoforum.com.br CARREIRAS JURÍDICAS 2018.1 – DIREITO PROCESSUAL PENAL Aplicação Prática – Questão de Concurso 6.2.1.3 Procedimento sumaríssimo O procedimento comum sumaríssimo será aplicado quando tiver por objeto infração penal de menor potencial ofensivo. A Lei 11.313/2006 conferiu nova redação ao art. 61 da Lei 9.099/1995, que passou a dispor que são infrações penais de menor ofensivo: “as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não cumulada com multa”. De início, cabe lembrar que, no âmbito do procedimento do Juizado Especial Criminal, o inquérito policial é substituído pela figura do termo circunstanciado. Podemos dividir o procedimento sumaríssimo em duas fases: – 1ª Fase: Nos termos do art. 69 da Lei 9.099/1995, a autoridade policial que tem ciência da ocorrência de uma infração lavrará termo circunstanciado e o encaminhará (Ano: 2015 Banca: MPDFT Órgão: DPE-ES Prova: Promotor de Justiça) Sobre os procedimentos previstos em lei, indique a assertiva CORRETA: a) São quatro as fases do processo: postulatória, investigatória, saneatória e decisória. b) Conforme a jurisprudência do STF, o interrogatório do réu deve ser posterior à oitiva das testemunhas, mesmo nos crimes de competência originária dos tribunais e nos crimes de tráfico de drogas, pois a regra é mais benéfica. c) Quando houver existência manifesta de qualquer das hipóteses de excludentes de ilicitude ou de culpabilidade do agente, o juiz deverá absolver sumariamente o acusado, na forma do artigo 397 do Código de Processo Penal. d) Aplica-se o princípio da identidade física do juiz no processo penal, mesmo que tenha sido removido para outro juízo. e) No caso dos bens apreendidos de pessoas processadas por tráfico de drogas, inverte-se o ônus da prova, cabendo ao réu provar a origem lícita do produto ou bem. R: Alternativa E http://www.cursoforum.com.br/ www.cursoforum.com.br CARREIRAS JURÍDICAS 2018.1 – DIREITO PROCESSUAL PENAL imediatamente ao juizado, junto com o autor do fato e a vítima. De igual forma, não será determinada prisão em flagrante nem se exigirá fiança ao autor do fato que for imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de comparecimento. Posteriormente, ocorre a audiência preliminar, que observará o seguinte: – Composição Civil dos Danos: caracteriza-se pelo acordo indenizatório realizado pelo autor do fato e a vítima, nas hipóteses em que as infrações acarretarem prejuízos morais ou materiais à vítima. A conciliação será conduzida pelo juiz ou por conciliador sob sua orientação, nos termos do art. 73, caput, da Lei 9.099/1995. Caso se trate de ação penal privada ou de ação penal pública condicionada à representação, o acordo homologado acarreta a renúncia ao direito de queixa ou de representação, de acordo com o art. 74, parágrafo único, da Lei 9.099/1995. Em se tratando de ação penal de natureza pública incondicionada, mesmo que tenha havido a homologação do acordo, o processo penal poderá ter prosseguimento. Não sendo, contudo, obtida a composição civil dos danos, o ofendido terá a oportunidade de exercer o direito de representação verbal, que será reduzido a termo. – Transação Penal: caracteriza-se pelo acordo celebrado entre o representante do Ministério Público e o autor do fato, no qual é proposta a aplicação de penalidade alternativa, com a dispensa da instauração do processo. A sua possibilidade deverá observar os critérios previstos no art. 76, § 2º, da Lei 9.099/1995. Caso seja aceita a proposta de transação penal, o juiz deverá aplicá-la por sentença que não importará para fins de reincidência, sendo registrada apenas para impedir novamente o mesmo benefício no prazo de cinco anos. – 2ª Fase: Súmula vinculante 35: A homologação da transação penal prevista no artigo 76 da Lei 9.099/1995 não faz coisa julgada material e, descumpridas suas cláusulas, retoma-se a situação anterior, possibilitando-se ao Ministério Público a continuidade da persecução penal mediante oferecimento de denúncia ou requisição de inquérito policial. http://www.cursoforum.com.br/ www.cursoforum.com.br CARREIRAS JURÍDICAS 2018.1 – DIREITO PROCESSUAL PENAL A denúncia ou queixa oferecidas oralmente serão reduzidas a termo, entregando-se cópia ao acusado, na forma do art. 78 da Lei 9.099/1995. Observa-se que, se o acusado não estiver presente, a sua citação será realizada na forma dos arts. 66 e 68 da referida lei. Caso não seja encontrado, as peças existentes serão encaminhadas ao juízo comum, tendo em vista não ser possível a citação por edital no rito sumaríssimo. No dia e hora designados, se na fase preliminar não tiver havido conciliação ou proposta de transação penal, será aberta a audiência. Inicia-se com a palavra ao defensor para responder à acusação; recebimento ou não da denúncia ou queixa; oitiva da vítima; oitiva das testemunhas de acusação e da defesa; interrogatório do autor do fato; debates orais e sentença. Importante registrar que nos crimes em que a pena mínima for igual ou inferior a 1 (um) ano, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão condicional do processo, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena, nos termos do art. 77 do CP. A suspensão condicional do processo está disposta no art. 89 da Lei 9.099/1995. Súmula 243 do STJ: O benefício da suspensão do processo não é aplicável em relação às infrações penais cometidas em concurso material, concurso formal ou continuidade delitiva, quando a pena mínima cominada, seja pelo somatório, seja pela incidência da majorante, ultrapassar o limite de um (01) ano. Súmula 337 do STJ: É cabível a suspensão condicional do processo na desclassificação do crime e na procedência parcial da pretensão punitiva. Súmula 696 do STF: Reunidos os pressupostos legais permissivos da suspensão condicional do processo, mas se recusando o Promotor de Justiça a propô-la, o Juiz, dissentindo, remeterá a questão ao Procurador-Geral, aplicando-se por analogia o art. 28 do Código de Processo Penal. Súmula 723 do STF: Não se admite a suspensão condicional do processo por crime continuado, se a soma da pena mínima da infração mais grave com o aumento mínimo de um sexto for superior a um ano. http://www.cursoforum.com.br/ www.cursoforum.com.br CARREIRAS JURÍDICAS 2018.1 – DIREITO PROCESSUAL PENAL Jurisprudência Tema: Hipótese de inaplicabilidade da Súmula nº 337 do STJ (Informativo nº 591 do STJ) Após a sentençapenal que condenou o agente pela prática de dois crimes em concurso formal, o reconhecimento da prescrição da pretensão punitiva em relação a apenas um dos crimes em razão da pena concreta (art. 109 do CP) não autoriza a suspensão condicional do processo em relação ao crime remanescente. O comando da Súmula n. 337 do STJ tem a seguinte redação: “É cabível a suspensão condicional do processo na desclassificação do crime e na procedência parcial da pretensão punitiva.” Na hipótese em que a declaração de extinção de punibilidade se dá pela pena concreta, verifica-se a existência de uma prévia condenação. Realmente, somente a partir do quantum concreto, observa-se qual seria o prazo prescricional, dentre aqueles inscritos no art. 109 do CP. Ora, se a denúncia teve de ser julgada procedente primeiro, para, somente após, ser reconhecida a prescrição, em razão da pena concreta, não houve procedência parcial da pretensão punitiva – a qual, de fato, foi integral – não sendo caso de incidência da Súmula n. 337 do STJ. Precedente citado do STF: RHC 116.399-BA, Primeira Turma, DJe 15/8/2013. (REsp 1.500.029-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, 6ª Turma, julgado em 27/9/2016). http://www.cursoforum.com.br/ www.cursoforum.com.br CARREIRAS JURÍDICAS 2018.1 – DIREITO PROCESSUAL PENAL Aplicação Prática – Questão de Concurso 6.3. Procedimentos Especiais 6.3.1. Crimes afiançáveis imputados a funcionário público O procedimento especial para crime afiançável imputado a funcionário público permanece regrado pelos artigos 513 a 518 do CPP. As disposições do procedimento comum ordinário serão aplicadas após o recebimento da denúncia. A denúncia ou queixa deverá vir instruída com a documentação que confira lastro probatório mínimo à acusação, ou seja, “com documentos ou justificação que (Ano: 2017 Banca: MPE-RS Órgão: MPE-RS Prova: Promotor de Justiça) Assinale a alternativa INCORRETA. a) Não se admite oferta de proposta de transação se ficar comprovado ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, à pena restritiva de direitos, por sentença definitiva. b) Os conciliadores no Juizado Especial Criminal são recrutados preferencialmente entre bacharéis em Direito (art. 73, parágrafo único, da Lei n. 9099/95). c) Da decisão que homologa proposta de transação (art. 76 da Lei n. 9099/95) oferecida pelo Ministério Público e aceita pelo autor do fato, cabe recurso de apelação. d) Da decisão que rejeita a denúncia no Juizado Especial Criminal, cabe recurso de apelação. e) A não reparação do dano causado pelo crime, injustificada, é causa de revogação da suspensão condicional do processo. R: Alternativa A Importante! Se o agente for titular de cargo ou função com foro especial por prerrogativa de função, o rito a ser observado não será o dos artigos 513-518 do CPP. Nas hipóteses em que o processo for de competência originária dos Tribunais, deverão ser observadas as normas específicas. http://www.cursoforum.com.br/ www.cursoforum.com.br CARREIRAS JURÍDICAS 2018.1 – DIREITO PROCESSUAL PENAL façam presumir a existência do delito ou com declaração fundamentada da impossibilidade de apresentação de qualquer dessas provas”. A especialidade do rito se manifesta quando o crime imputado a funcionário público for afiançável (nos inafiançáveis segue o rito ordinário), ou seja, naquelas infrações apenadas com reclusão cuja pena mínima não exceda a dois anos (crimes praticados por funcionário público contra a administração em geral). O magistrado, após a autuação da denúncia ou queixa que esteja em sua devida forma, determinará a notificação do funcionário público para responder por escrito, no prazo de 15 dias, à imputação que lhe é feita. Esta resposta antecede o recebimento da peça acusatória. Caso o juiz se convença dos argumentos do acusado e de seu defensor concernentes à inexistência do crime ou à improcedência do pedido condenatório, poderá rejeitar a denúncia ou queixa de forma fundamentada. Por outro lado, caso resolva pelo recebimento da denúncia ou da queixa, o magistrado ordenará a citação do acusado, seguindo-se o rito comum ordinário, independente da quantidade da pena cominada. - Peculiaridades do procedimento a) Obrigatoriedade da defesa preliminar: a apresentação da primeira defesa preliminar é mera faculdade. Parcela da doutrina defende que a notificação para a sua apresentação é obrigatória, sob pena de nulidade. O STJ, por sua vez, editou a Súmula 330 a respeito do tema. b) Capacidade postulatória: a defesa preliminar, como peça facultativa, pode ser apresentada pelo próprio denunciado ou por seu advogado. É ato que não exige capacidade postulatória. Se o funcionário público não for encontrado para ser notificado, ou estando fora da jurisdição, ser-lhe-á nomeado defensor para a prática do ato. Desta forma, não há expedição de precatória nem notificação por edital. Súmula 330 do STJ: é desnecessária a resposta preliminar de que trata o artigo 514 do CPP, na ação penal instruída por inquérito policial. http://www.cursoforum.com.br/ www.cursoforum.com.br CARREIRAS JURÍDICAS 2018.1 – DIREITO PROCESSUAL PENAL c) Perda da condição de funcionário público: na hipótese de perda da condição de funcionário público, não terá mais direito à defesa preliminar. d) Concurso de infratores e infrações: quando tiver mais de um réu, a primeira defesa preliminar só será oportunizada àqueles que estejam na condição de funcionário público. Por seu turno, havendo concurso de crimes, o STF e o STJ assentaram recentemente que NÃO caberá a defesa preliminar prevista no art. 514 do CPP se a denúncia imputar ao agente público crime funcional e crime não funcional. e) Efeitos da rejeição da inicial: de acordo com a doutrina majoritária, a rejeição teria força de decisão interlocutória terminativa. Aplicação Prática – Questão de Concurso 6.3.2. Crimes contra a honra (Ano: 2013 Banca: FGV Órgão: TJ-AM Prova: Juiz de Direito) O Código de Processo Penal prevê nos Arts. 513/518 um procedimento especial para os crimes de responsabilidade praticados por funcionários públicos. Com relação a esse procedimento é correto afirmar que; a) a primeira manifestação do acusado no processo é feita após o recebimento da denúncia ou queixa. b) o procedimento especial será aplicável aos crimes praticados por funcionário público contra a Administração, desde que estes sejam inafiançáveis; c) de acordo com entendimento sumulado pelo Superior Tribunal de Justiça, é desnecessária a resposta preliminar quando a ação penal for instruída por inquérito policial. d) se o crime praticado por funcionário público for de peculato doloso, o procedimento especial não será aplicável; e) se não for conhecida a residência do acusado, ou este se achar fora da jurisdição do Juiz, ser-lhe-á nomeado defensor, a quem caberá acompanhar o processo, mas não terá atribuição para apresentar resposta preliminar. R: Alternativa C http://www.cursoforum.com.br/ www.cursoforum.com.br CARREIRAS JURÍDICAS 2018.1 – DIREITO PROCESSUAL PENAL Com a promulgação da Lei 10.259/01, que instituiu os Juizados Especiais Federais, a doutrina e a jurisprudência majoritária passaram a entender que a definição de delito de menor potencial ofensivo é baseada, exclusivamente, no quantitativo máximo da pena em abstrato, não se excepcionando mais a especialidade do rito, conforme o artigo 61 da Lei 9.099/95. Dessa forma, quase todos os delitos contra a honra passaram a ser processados perante os juizados, com algumas exceções: a) dos crimes eleitorais, onde não se tem um Juizado Especial Eleitoral; b) dos crimes contra honra perpetrados por agente com prerrogativa de função; c) se o fato, em razão da sua complexidade, não permitir o oferecimento da inicialdos Juizados; d) havendo necessidade de citação por edital, por ser incompatível com o rito sumaríssimo. Assim, o procedimento especial para os crimes contra a honra passou a ser aplicado de forma restrita, uma vez que, em regra, tais infrações penais serão processadas no seio dos Juizados Especiais. - Não comparecimento do querelante: tem-se entendido majoritariamente pelo reconhecimento da perempção, como sanção processual pela ausência do ofendido a um ato da persecução penal, o que levaria à extinção da punibilidade. Importante! O rito se particulariza, notadamente, pela previsão da tentativa conciliatória que deverá preceder o recebimento da queixa (ação penal privada), na qual as partes serão ouvidas separadamente, sem a presença dos seus advogados, não se lavrando termo. Após a verificação da conciliação, o juiz, depois de ouvir as partes em separado, promoverá o entendimento entre elas, na sua presença. http://www.cursoforum.com.br/ www.cursoforum.com.br CARREIRAS JURÍDICAS 2018.1 – DIREITO PROCESSUAL PENAL - Não comparecimento do querelado: poderá levar à condução coercitiva, ou, caso o magistrado não se valha dessa alternativa, poderá haver a análise imediata da admissibilidade da inicial, com o recebimento ou não da queixa-crime. Caso não haja conciliação em audiência designada para tal fim, o juiz receberá ou rejeitará a queixa-crime. Se for recebida, o acusado será citado para oferecer resposta à acusação no prazo de 10 dias, conforme dispõe o artigo 396 do CPP. Se houver oferecimento de exceção da verdade ou da notoriedade do fato, será dada oportunidade para o querelante apresentar resposta em dois dias, com a possibilidade de inquirição de testemunhas arroladas na queixa ou de outras indicadas na exceção ou mesmo da contestação. 6.3.3. Procedimento para os crimes contra a Propriedade Imaterial O prazo decadencial para o início da ação penal privada por crime contra a propriedade imaterial que deixe vestígios é peculiar. O artigo 529 do CPP estatui que não será admissível queixa-crime, com fundamento em apreensão e em perícias, depois de transcorridos trinta dias da homologação do laudo. A doutrina majoritária entende que a previsão do procedimento especial deve ser compatibilizada com a regra geral para a propositora da ação privada, que é de seis meses, contados a partir do conhecimento da autoria da infração penal. Desta forma, com o conhecimento do infrator, deflagra-se o prazo decadencial de seis meses. Com a respectiva homologação do laudo, a vítima terá no máximo trinta dias para deflagrar a ação penal. O laudo pericial dos objetos que constituam o corpo de delito deve acompanhar a denúncia ou a queixa que narra crime contra a propriedade imaterial, sempre quando a infração penal deixar vestígios, sendo o laudo verdadeira condição de procedibilidade para o recebimento da inicial. http://www.cursoforum.com.br/ www.cursoforum.com.br CARREIRAS JURÍDICAS 2018.1 – DIREITO PROCESSUAL PENAL A materialidade delitiva é, pois, indispensável para tornar possível o recebimento da denúncia ou da queixa, nos delitos não transeuntes (que deixam vestígios). Para tanto, poderá ser requerida busca e apreensão dos objetos relacionados com o crime, quando não tiver sido o caso de apreensão pela autoridade policial. Para a realização dessa diligência, o juiz nomeará dois peritos com a incumbência de verificarem “a existência de fundamento para a apreensão, e quer esta se realize, que não, o laudo pericial será apresentado dentro de 3 dias após o encerramento da diligência”. 6.4 Procedimento do Tribunal do Júri Destaca-se que o procedimento do Júri tem previsão no art. 5º, XXXVIII, da CRFB/1988, que serve como instrumento concretizador do nosso regime democrático. É formado pelo Juiz Presidente e por 25 jurados, que detêm a competência para julgar os crimes dolosos contra a vida, dotado de soberania quanto às suas decisões, baseada no Sistema da Íntima Convicção, ou seja, sem a fundamentação da decisão. De acordo com a doutrina majoritária, o procedimento do Júri é bifásico, que se subdivide em: judicium accusatione (juízo da acusação) e judicium causae (juízo da causa). Vejamos: – 1ª Fase – judicium accusatione (juízo de acusação): O juiz deverá, após o recebimento da denúncia ou da queixa, ordenar a citação do acusado para responder à acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias. O número de testemunhas será de até 8 (oito) pessoas para a defesa e em igual número para a acusação. Súmula 574 do STJ: Para a configuração do delito de violação de direito autoral é a comprovação de sua materialidade, é suficiente a perícia realizada por amostragem do produto apreendido, nos aspectos externos do material, e é desnecessária dos titulares dos direitos autorais violados ou daqueles que os representem. http://www.cursoforum.com.br/ www.cursoforum.com.br CARREIRAS JURÍDICAS 2018.1 – DIREITO PROCESSUAL PENAL Apresentada a defesa, o Ministério Público ou o querelante serão ouvidos em até 5 (cinco) dias sobre preliminares e documentos, e depois o juiz determinará a inquirição das testemunhas e a realização das diligências requeridas pelas partes no prazo máximo de 10 (dez) dias. De acordo com o art. 411 do CPP, na audiência de instrução haverá a tomada de declarações do ofendido e, se possível, a inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem. Além disso, proceder-se-á aos esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado. Procede-se ao debate, em que cada parte terá 20 (vinte) minutos para alegações orais, e, encerrados os debates, o juiz proferirá decisão, ou o fará em 10 (dez) dias, ordenando que os autos para tanto lhe sejam conclusos, de forma que esse procedimento não demore mais que 90 (noventa) dias. Caso o juiz fique convencido da presença da materialidade do fato e da existência de indícios suficientes de autoria ou de participação, pronunciará o acusado fundamentadamente. Caso contrário, o juiz, de forma fundamentada, poderá impronunciar o acusado, e, se for provada a inexistência do fato, ou não ser o acusado o autor ou partícipe, ou o fato não constituir crime, ou, ainda, se for demonstrada causa de isenção de pena ou de exclusão do crime, o juiz absolverá sumariamente desde logo o acusado, na forma do art. 416 do CPP. Também, o juiz poderá desclassificar a imputação criminosa formulada pelo Ministério Público. Conclui-se que a primeira tem por objeto a admissibilidade do juízo de acusação perante o Tribunal do Júri. Essa fase do procedimento inicia-se com o oferecimento da denúncia ou queixa e termina com a decisão da pronúncia, impronúncia, desclassificação ou absolvição sumária. Jurisprudências Tema: Reexame necessário de sentença absolutória sumária no Júri (Informativo nº 574 do STJ) http://www.cursoforum.com.br/ www.cursoforum.com.br CARREIRAS JURÍDICAS 2018.1 – DIREITO PROCESSUAL PENAL Após a entrada em vigor da Lei n. 11.689/2008, em 8 de agosto de 2008, o reexame necessário de decisão absolutória sumária proferida em procedimento do Tribunal do Júri que estiver pendente de apreciação não deve ser examinado pelo Tribunal ad quem, mesmo que o encaminhamento da decisão absolutória à instância superior tenha ocorrido antes da entrada em vigor da referida Lei. Por força do que dispõe o art. 2º do CPP, as normas processuais possuem aplicação imediata quando de sua entrada em vigor. Assim, as remessas necessárias não remetidas aos Tribunais ou não julgadas por estes até 8 de agosto de 2008, data em que a Lei n. 11.689/2008 – que provocou a eliminação do recurso de ofício nos casos de absolvição sumária – passou a ser exigida, em virtude da vacatio legis de 60dias, não podem mais ser apreciadas, uma vez que tal procedimento, necessário apenas para dar eficácia à sentença de absolvição sumária no procedimento do Tribunal do Júri, já não mais está em vigor, por força do princípio tempus regit actum. Vale dizer, a norma adjetiva que simplesmente altera o rito procedimental, sem qualquer desdobramento de direito material, tem aplicação imediata. Além disso, não obstante a sentença de absolvição sumária e o encaminhamento da remessa necessária ao Tribunal ocorrer sob a égide da antiga redação do CPP e o julgamento do recurso de ofício ser posterior à reforma promovida pela Lei n. 11.689/2008, nessas circunstâncias, a condição de eficácia da sentença de absolvição sumária não se encontra praticada a tempo, sendo atingida pela nova legislação, tornando-se despicienda. Em outras palavras, o ato processual que serve de parâmetro para verificação da incidência do princípio tempus regit actum é o julgamento do recurso de ofício e não o simples encaminhamento do procedimento para o Tribunal. Caso houvesse ocorrido o julgamento antes de 8 de agosto de 2008, não haveria dúvidas acerca da validade do ato, ex vi da parte final do art. 2º do CPP. Ademais, convém apontar elucidativo entendimento doutrinário de que “a remessa necessária não é recurso, mas condição de eficácia da sentença. Sendo figura processual distinta da do recurso, http://www.cursoforum.com.br/ www.cursoforum.com.br CARREIRAS JURÍDICAS 2018.1 – DIREITO PROCESSUAL PENAL a ela não se aplicam as regras de direito intertemporal processual vigentes para eles: a) o cabimento do recurso rege-se pela lei vigente à época da prolação da decisão; b) o procedimento do recurso rege-se pela lei vigente à época da prolação da decisão”. Por essa razão, não é possível estender o raciocínio empregado para o cabimento do protesto por novo júri em processos sentenciados antes da Lei n. 11.689/2008 para a remessa necessária ou recurso de ofício, uma vez que estaríamos a comparar institutos com diferentes naturezas jurídicas. Isso porque o protesto por novo júri era recurso, cujo pressuposto básico de interposição, dentre outros, é a voluntariedade, ou seja, “a sua interposição depende, exclusivamente, do desejo da parte de contrariar a decisão proferida”. Por sua vez, a remessa necessária ou recurso de ofício, “trata-se de terminologia equivocada do Código de Processo Penal, uma vez que recurso é demonstração do inconformismo, visando à reforma do julgado, motivo pelo qual não tem cabimento sustentar que o juiz, ao decidir qualquer questão, 'recorre' de ofício de seu próprio julgado”. Nessa linha intelectiva, reconhecer o cabimento do protesto por novo júri para processos já sentenciados ao tempo da edição da Lei n. 11.689/2008 é dar primazia ao postulado constitucional do devido processo legal, garantindo ao réu condenado a pena igual ou superior a 20 anos de reclusão antes de 8 de agosto de 2008 o direito a um novo julgamento. Em contrapartida, o reexame necessário para as sentenças de absolvição sumária não é direito, mas sim procedimento de perfectibilização da coisa julgada, sem o qual, nos termos da Súmula n. 423 do STF, ela não ocorreria. (HC 278.124-PI, Rel. Min. Leopoldo de Arruda Raposo (Desembargador convocado do TJ/PE), Rel. para acórdão Min. Felix Fischer, 5ª Turma, julgado em 9/6/2015). http://www.cursoforum.com.br/ www.cursoforum.com.br CARREIRAS JURÍDICAS 2018.1 – DIREITO PROCESSUAL PENAL Tema: Extensão da decisão de desclassificação no Júri e corréu (Informativo nº 583 do STJ) Ocorrido o desmembramento da ação penal que imputava aos coacusados a prática de homicídio doloso tentado decorrente da prática de “racha”, a desclassificação em decisão do Tribunal do Júri do crime de homicídio doloso tentado para o delito de lesões corporais graves ocorrida em benefício do corréu (causador direto da colisão da que decorreram os ferimentos suportados pela vítima) é extensível, independentemente de recurso ou nova decisão do Tribunal Popular, a outro corréu (condutor do outro veículo) investido de igual consciência e vontade de participar da mesma conduta e não responsável direto pelas citadas lesões. Em primeiro lugar, quanto à impossibilidade de se estender a corréu decisão proferida em sede que não seja recursal, tal questão foi enfrentada pelo STF, por ocasião do julgamento do HC 101.118-MS (Segunda Turma, DJe 26/8/2010), segundo o qual o art. 580 do CPP tem como objetivo dar efetividade, no plano jurídico, à garantia de equidade. Com efeito, essa é a interpretação mais coerente com o espírito da lei. O fato de a decisão cuja extensão se pretende não ser proferida em recurso não inibe que ela seja estendida a corréu. Do contrário, estaremos permitindo que corréus em situação idêntica venham a ser julgados de forma diferente, o que não condiz com a garantia da equidade. Ademais, é indiferente o fato de não estarmos diante de decisão conflitante proferida por um mesmo júri, até porque, quando a lei determina estender uma decisão proferida em favor de um corréu para outro corréu, a ideia é de que eles não tenham sido submetidos a uma única decisão, a uma decisão simultânea. Nesse contexto, não se vê como permitir que um dos corréus corra o risco de sofrer reprimenda diversa daquela imposta ao outro corréu, sem que haja qualquer motivo que diferencie a situação de ambos os denunciados (não é hipótese de participação de menor importância ou cooperação dolosamente distinta). Acrescente-se que não se vê aqui http://www.cursoforum.com.br/ www.cursoforum.com.br CARREIRAS JURÍDICAS 2018.1 – DIREITO PROCESSUAL PENAL eventual usurpação da competência do Tribunal do Júri, considerando- se que a decisão que se pretende estender ao paciente foi proferida por um Tribunal leigo. (RHC 67.383-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, Rel. para acórdão Min. Sebastião Reis Júnior, 6ª Turma, julgado em 5/5/2016). – 2ª Fase – judicium causae (juízo da causa): A segunda fase se inicia com a preclusão da decisão de pronúncia. A partir desse momento ocorre a preparação do processo para o julgamento em Plenário. Disciplina-se dos arts. 422 a 452 do CPP. Destaca-se a possibilidade do Desaforamento, previsto no art. 427 do CPP, que poderá ser determinado por requerimento do Ministério Público, do assistente, do querelante, do acusado ou representação do juiz competente, para outra comarca da mesma região nas seguintes hipóteses: por interesse da ordem pública; quando houver dúvida sobre a imparcialidade do júri; por segurança pessoal do acusado ou quando houver comprovação de excesso de serviço, sendo que, neste último caso, serão ouvidos o juiz presidente e a parte contrária, se o julgamento não puder ser realizado no prazo de 6 (seis) meses, contado do trânsito em julgado da decisão de pronúncia, conforme o art. 428 do CPP. Prestado o compromisso pelos jurados, a instrução plenária será iniciada quando o Juiz Presidente, o Ministério Público, o assistente, o querelante e o defensor do acusado tomarem, de forma sucessiva e diretamente, as declarações do ofendido, se possível, e inquirirem as testemunhas arroladas pela acusação. A inquirição das testemunhas arroladas pela defesa será feita pelo defensor do acusado antes do Ministério Público e do assistente. O número de testemunhas será de até 5 (cinco) pessoas para a defesa e em igual número para a acusação. http://www.cursoforum.com.br/ www.cursoforum.com.br CARREIRAS JURÍDICAS 2018.1 – DIREITO PROCESSUAL PENAL Após a instrução, a acusação terá a palavra e, em seguida, a defesa, com o tempo de uma hora e meia para cada, e de uma hora para a réplica e outro tanto para a tréplica. Não será permitida a leitura de documento ou a exibição de objeto que não tiver sido juntado
Compartilhar