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Trabalho de direito Administrativo

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Alunos: Luiz Antonio Dala Rosa
 Maykon Moura
 Renan Greinert
Trabalho de Direito Administrativo
Princípio é Preguiça? 
No livro Direito Adimistrativo para céticos, de Carlos Ari Sundfeld, mais precisamente no capítulo 8 da obra, intitulado “Princípio é preguiça?”, o autor se dedica a fazer duras críticas ao uso de princípios de forma vaga no direito público brasileiro para justificar decisões.
Segundo Sundfeld, os princípios vêm sendo utilizados de forma rasa, tanto por juízes como advogados, para justificar qualquer decisão ou matéria sem a devida fundamentação legal, não há uma analise profunda do caso concreto, apenas se aponta o princípio como uma espécie de coringa para justificar o caso sem a devida caracterização ou explicação do mesmo.
Conforme o autor, “o profissional do direito ao construir soluções para os casos, tem um dever analítico. Não basta boas intenções, não basta intuição, não basta invocar e elogiar princípios; é preciso respeitar o espaço de cada instituição, comparar normas e opções, estudar causas e consequências, ponderar as vantagens e desvantagens. Do contrário viveremos no mundo da arbitrariedade, não do direito”. Pg 206
Nos dias de hoje os princípios estão cada vez mais presentes no direito público brasileiro, para Sundfeld isso se deve a três razões: A primeira dela é que indeterminações aparecem aos montes na Constituição vigente e nas novas leis, e como a “fabrica” de princípios lança “produtos” a todo momento, o trabalho de absorve-los é permanentemente ruidoso. A segunda razão diz respeito as pessoas, que estão cada vez mais dispostas a encarar os principios como fonte de direito, o que gera muita dificuldade. Por fim, a operação de um sistema com tamanho indice de incerteza normativa gera muita confusão.
O autor prossegue afirmando que um sistema juridico não se torna mal nem bom pelo fato de, em seus processos, princípios serem utilizados com frequência. O problema não reside no principio em si, mas sim na comodidade que este pode oferecer para os espertos e para os preguiçósos. Sundfeld cita o exemplo do oportunista que tem o interesse de adiar o pagamento de suas dividas, para isso invoca em juizo o princípio do acesso a jurisdição, e pede para não pagar até o fim do referido processo, este é o esperto com um argumento cômodo que máscara sua verdadeira pretensão. Já o juiz que não queira o trabalho de ter que analisar a plausibilidade do direito de fundo pode simplesmente aceitar tal princípio e conceder a liminar, ou invocar o princípio da obrigatoriedade dos contratos e negá-la, este é o preguiçoso, usando de fundamentos rasos para omitir a superficialidade de sua decisão. Sendo assim, para que no debate juridico os principios não sirvam como armas de espertos e preguiçosos é preciso impor, a quem os emprega, os onûs que lhes são inerentes.
Em decorrência do que até aqui foi exposto, o autor vai argumentar que para justificar a intervenção judicial não basta a invocação de principios juridicos e o reconhecimento de sua pertinência ao caso em julgamento, é preciso que o juiz reflita e decida expressamente sobre o problema preliminar de sua legitimação, examinando inclusive as possiveis consequências negativas e positivas de sua intervenção na demanda.
Sundfeld finaliza o capitulo afirmando que Ideias soltas não podem servir de motivação de decisões judiciais, porém, o “status principiológico” de certas palavras, expressões e frases tem servido com frequência para mascarar a falta de critério em nosso ordenamento juridico. Podemos perceber isto ao analisarmos a decisão judicial a seguir:
Processo
AGV 14520 MS 2005.014520-6
Orgão Julgador
4ª Turma Cível
Partes
Agravante: Sindate - Sindicato dos Agentes Tributários de Mato Grosso do Sul, Agravado: Estado de Mato Grosso do Sul
Publicação
26/06/2006
Julgamento
30 de Maio de 2006
Relator
Des. Atapoã da Costa Feliz
Ementa
AGRAVO DE INSTRUMENTO - AGENTE TRIBUTÁRIO ESTADUAL - ALTERAÇÃO NA JORNADA DE TRABALHO - POSSIBILIDADE - PRINCÍPIO DA SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO SOBRE O PARTICULAR E DA CONTINUIDADE DO SERVIÇO PÚBLICO - FALTA DE DEMONSTRAÇÃO DO FUNDADO RECEIO DE LESÃO GRAVE OU DE DIFÍCIL REPARAÇÃO. A mudança, pela Administração Pública, na escala de plantão dos agentes tributários que realizam jornada especial não caracteriza, por si, o fundado receio de lesão grave e de difícil reparação, visto que não há provas de que tenha ultrapassado o limite de horas permitido na legislação, além de aplicar-se ao caso o princípio da supremacia do interesse público sobre o particular.
Como podemos perceber claramente nesta decisão, o princípio da supremacia do interesse público é invocado para justificar a decisão sem qualquer tipo de explicação detalhada sobre o seu real significado, e de como este princípio será aplicado efetivamente no caso em questão, o magistrado apenas se limita a citar o dispositivo de forma vaga, sem o devido aprofundamento da questão. Aqui podemos notar com bastante clareza a comodidade oferecida pelos principios aos ‘’preguiçósos”, conforme o autor, que se aproveitam desses elementos para omitir a superficialidade de suas decisões.
É preciso afastar esse mal costume do nosso ordenamento juridico. Ao deliberar sobre determinado assunto, não basta ao julgador a invocação de principios juridicos, pois apenas isto geraria uma situação de duvida e insegurança juridica, mais do que isso, segundo Sundfeld, é preciso que o juiz reflita e decida expressamente sobre o problema preliminar de sua legitimação, examinando inclusive as possiveis consequências de sua intervenção na matéria.
Referencias:
SUNDFELD, Carlos Ari. Que Direito Administritivo? In: SUNDFELD, Carlos Ari. Direito Administrativo para Céticos. São Paulo: Malheiros/Direito GV, 2012.

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