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13 SENTENÇA, COISA JULGADA E REMESSA NECESSÁRIA

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CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL – NCPC/2015
SENTENÇA, COISA JULGADA E REEXAME NECESSÁRIO
Sumário
SENTENÇA, COISA JULGADA E REEXAME NECESSÁRIO	4
SENTENÇA	4
1. Introdução e Conceito:	4
2. Espécies de sentença:	6
3. Requisitos da sentença:	7
3.1. Relatório:	8
3.2. Motivação:	8
3.3. Dispositivo:	13
4. Classificação das sentenças:	13
4.1. Quanto ao órgão prolator (art. 204, CPC):	13
4.2. Quanto aos efeitos:	14
5. A sentença que condena à declaração de uma emissão de vontade:	20
6. Sentença condicional:	20
7. A sentença e os fatos supervenientes:	21
8. Efeitos secundários da sentença:	21
8.1. Hipoteca judiciária:	22
9. Sentença líquida:	23
10. Princípio da congruência:	24
10.1. Exceções ao princípio da congruência:	25
11. Defeitos da sentença:	26
11.1. Sentença extra petita:	26
11.2. Sentença extra petita:	27	
11.3. Sentença infra petita (citra petita):	28
12. Possibilidade de correção da sentença:	28
COISA JULGADA	29
1. Introdução:	29
2. Formas de manifestação da coisa julgada:	30
2.1. Coisa julgada formal:	30
2.2. Coisa julgada material:	30
3. Os tipos de decisão que se revestem da autoridade da coisa julgada:	30
3.1. Coisa julgada rebus stic stantibus:	31
3.2. Coisa julgada secundum eventus litis:	32
4. Limites objetivos da coisa julgada:	32
4.1. A coisa julgada e as questões prejudiciais:	33
5. Limites subjetivos da coisa julgada:	35
5.1.Exceções à regra da coisa julgada:	35
6. Eficácia preclusiva da coisa julgada:	36
7. Relativização da coisa julgada:	38
REMESSA NECESSÁRIA	40
1. Introdução:	40
2. Conceito:	40
3. Hipóteses de cabimento da remessa necessária:	41
3.1. Quando a sentença for “proferida contra a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas autarquias e fundações de direito público”:	41
3.2. Da “sentença que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à execução fiscal”:	41
4. Hipóteses de exclusão da remessa necessária:	42
5. Outras hipóteses previstas em lei:	43
6. Efeitos da remessa necessária:	44
ENUNCIADOS	46
JURISPRUDÊNCIA	48
JURISPRUDÊNCIA EM TESE- STJ	54
DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO	54
BIBLIOGRAFIA UTILIZADA	54
ATUALIZADO EM 29/07/2019[footnoteRef:1] [1: As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de diálogo (setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos, porventura identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do material e o número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos eventos anteriormente citados. ] 
SENTENÇA, COISA JULGADA E REEXAME NECESSÁRIO[footnoteRef:2] [2: Por Tássia Neumann Hammes e Bruna Daronch. ] 
	SENTENÇA
1. Introdução e conceito:
Nos termos do art. 203, § 1º, do Novo CPC, ressalvadas as disposições expressas dos procedimentos especiais, sentença é o pronunciamento por meio do qual o Juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a execução. Dessa forma, o legislador, ao formular essa definição, valeu-se tanto do conteúdo do pronunciamento judicial quanto de sua aptidão para pôr fim ao processo.
O CPC de 1973, na redação originária, definia sentença como o ato que punha fim ao processo (art.162, § 1º), o que constituiu importante inovação em relação ao CPC de 1939, que a conceituava pelo conteúdo. A novidade foi saudada por doutrinadores e operadores do Direito, pois eliminava as antigas dificuldades e controvérsias: bastava verificar se o ato tinha ou não aptidão para encerrar o processo, em primeiro grau de jurisdição. Em caso afirmativo, era qualificado como sentença.
Posteriormente, a Lei nº 11.232/2005 modificou o sistema originário, ao estabelecer que o processo, desde a apresentação da petição inicial até a satisfação do credor, era um só[footnoteRef:3]. [3: #SURPREENDAOEXAMINADOR: Use a expressão “processo sincrético”. Você lembra, certo? Não? Então, revise a FUC 4 de Teoria da Ação.] 
Isso significa que se deixou de haver um processo autônomo e independente de execução de sentença condenatória. O que antes constituía o processo de conhecimento e o posterior de execução, foi substituído por um único processo, com fases distintas, nas quais se pode identificar a cognitiva e a executiva, apelidado pela doutrina de “processo sincrético”, por conter em seu bojo fases processuais de natureza distinta. 
Em razão dessas modificações, o legislador viu-se obrigado a modificar o conceito de sentença, do art. 162, § 1º. Este ato processual não podia mais ser definida sempre como o ato que punha fim ao processo, pois, sendo condenatória, este havia de prosseguir, com a fase executiva, de cumprimento de sentença.
O mencionado dispositivo passou a conceituar sentença da seguinte maneira: “a sentença é o ato do juiz que implica alguma das situações previstas nos arts. 267 e 269 desta lei”.
Ela tornou a ser definida por seu conteúdo, e não mais pela sua aptidão de pôr fim ao processo, o que, de imediato, gerou intensa controvérsia doutrinária.
Por outro lado, o CPC atual valeu-se da conjugação dos dois critérios para defini-la. Assim, a sentença é o pronunciamento judicial que se identifica[footnoteRef:4]: [4: (DPES-2016-FCC): Em uma ação proposta com pedido de condenação a indenização por danos materiais e danos morais, após a apresentação de contestação, o magistrado entende que o primeiro pedido restou incontroverso, e, por isso, condenou o réu ao pagamento dos danos materiais comprovados e, no mesmo ato, determinou o prosseguimento da ação somente em relação aos danos morais. Esta decisão tem natureza jurídica de julgamento antecipado parcial de mérito e, portanto, desafia recurso de agravo de instrumento. BL: art. 356, incisos I e II e §5º, NCPC.
(MPSC-2016): O novo CPC prevê expressamente a possibilidade de julgamento antecipado total e parcial do mérito. Enquanto o provimento judicial de julgamento imediato total de mérito é uma sentença impugnável por apelação, a decisão de julgamento antecipado parcial do mérito tem natureza interlocutória, impugnável por agravo de instrumento. BL: art. 356, §6º, NCPC.
] 
a) Por seu conteúdo, que deve estar em consonância com o disposto nos arts. 485 e 487 do CPC;
b) Por sua aptidão de pôr fim ao processo, nos casos de extinção sem resolução de mérito ou em que não há necessidade de execução ou ainda nos processos de execução por título extrajudicial; ou à fase cognitiva, nos casos de sentença condenatória, que exige subsequente execução.
Insta salientar que há outros pronunciamentos judiciais no sistema atual, nos quais o Juiz pode resolver o mérito e que não têm natureza de sentença. Ao proferir o julgamento antecipado parcial de mérito, ele examinará, em cognição exauriente e com força definitiva, um ou alguns dos pedidos, ou parte deles, que seja incontroverso ou que não dependa de outras provas. Mas se, ao fazê-lo, o Juiz não puser fim ao processo, nem à fase de conhecimento, porque há necessidade de que prossiga em razão dos demais pedidos, o pronunciamento terá natureza de decisão interlocutória de mérito, a desafiar a interposição de agravo de instrumento, não de sentença. Só haverá sentença se o pronunciamento estiver fundado nos arts. 485 e 487 do CPC e puser fim ao processo ou à fase de conhecimento.
2. Espécies de sentença:
O art. 203, § 1º, do CPC, ao indicar os conteúdos possíveis de uma sentença, permite distinguir duas espécies: 
a) Sentenças terminativas: as que extinguem o processo sem resolução de mérito (hipóteses do art. 485);
Art. 485.  O juiz não resolverá o mérito quando:
I - indeferir a petição inicial;
II - o processo ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes;
III - por não promover os atos e as diligências que lhe incumbir, o autor abandonar a causa por mais de 30 (trinta)dias;
IV - verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo;
V - reconhecer a existência de perempção, de litispendência ou de coisa julgada;
VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual;
VII - acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem ou quando o juízo arbitral reconhecer sua competência;
VIII - homologar a desistência da ação;
IX - em caso de morte da parte, a ação for considerada intransmissível por disposição legal; e
X - nos demais casos prescritos neste Código.
§ 1o Nas hipóteses descritas nos incisos II e III, a parte será intimada pessoalmente para suprir a falta no prazo de 5 (cinco) dias.
§ 2o No caso do § 1o, quanto ao inciso II, as partes pagarão proporcionalmente as custas, e, quanto ao inciso III, o autor será condenado ao pagamento das despesas e dos honorários de advogado.
§ 3o O juiz conhecerá de ofício da matéria constante dos incisos IV, V, VI e IX, em qualquer tempo e grau de jurisdição, enquanto não ocorrer o trânsito em julgado.
§ 4o Oferecida a contestação, o autor não poderá, sem o consentimento do réu, desistir da ação.
§ 5o A desistência da ação pode ser apresentada até a sentença.
§ 6o Oferecida a contestação, a extinção do processo por abandono da causa pelo autor depende de requerimento do réu.
§ 7o Interposta a apelação em qualquer dos casos de que tratam os incisos deste artigo, o juiz terá 5 (cinco) dias para retratar-se.
b) Sentenças definitivas: aquelas em que o Juiz resolve o mérito, pondo fim ao processo ou à fase cognitiva (art. 487).
Art. 487.  Haverá resolução de mérito quando o juiz:
I - acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação ou na reconvenção;
II - decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a ocorrência de decadência ou prescrição;
III - homologar:
a) o reconhecimento da procedência do pedido formulado na ação ou na reconvenção;
b) a transação;
c) a renúncia à pretensão formulada na ação ou na reconvenção.
Parágrafo único.  Ressalvada a hipótese do § 1o do art. 332, a prescrição e a decadência não serão reconhecidas sem que antes seja dada às partes oportunidade de manifestar-se.
*A distinção é de grande relevância, pois só as sentenças definitivas possuem a autoridade da coisa julgada material. Além disso, podem ser objeto de ação rescisória. Sobre esse último ponto, o novo CPC, em seu artigo 966, §2o, permite a interposição de ação rescisória contra sentenças terminativas (sem resolução do mérito), desde que impeçam nova propositura da demanda ou a admissibilidade do recurso correspondente.
Ressalta-se, todavia, que não há diferença entre as duas espécies de sentença, no que concerne ao tipo de recurso adequado: contra ambas caberá a apelação.
A rigor, só haveria sentença de mérito nos casos de acolhimento ou rejeição do pedido do autor (art.487, I, do CPC). No entanto, o legislador também considerou como sentença definitiva aquela em que o réu reconhece a procedência do pedido, a que homologa transação; aquela em que o Juiz reconhece a prescrição ou decadência, e a dada quando o autor renuncia ao direito em que se funda a ação.
3. Requisitos da sentença:
Art. 489.  São elementos essenciais da sentença:
I - o relatório, que conterá os nomes das partes, a identificação do caso, com a suma do pedido e da contestação, e o registro das principais ocorrências havidas no andamento do processo;
II - os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito;
III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões principais que as partes lhe submeterem.
3.1. Relatório:
Antes de expor os fundamentos e a decisão propriamente dita, o Juiz fará um relatório, que deverá conter os nomes das partes, a identificação do caso, com a suma do pedido e da contestação, bem como o registro das principais ocorrências havidas no andamento do processo.
Trata-se de exigência que visa assegurar que ele tenha tomado conhecimento do que há de relevante para o julgamento, garantia do devido processo legal, que deverá ser observada sob pena de nulidade.
#OLHAOGANCHO: No rito dos Juizados Especiais, o relatório é dispensado, nos termos do art. 38 da Lei 9.099/95.
Lei 9.099/95, art. 38. A sentença mencionará os elementos de convicção do Juiz, com breve resumo dos fatos relevantes ocorridos em audiência, dispensado o relatório.
3.2. Motivação:
Conforme dispõe o art. 93, inciso IX, da Constituição Federal, a sentença deverá ser fundamentada. Assim, o Juiz deve expor as razões pelas quais acolhe ou rejeita o pedido formulado na petição inicial, apreciando os seus fundamentos de fato e de direito (causas de pedir) e os da defesa.
#SELIGA: O que foi decidido como motivação não faz coisa julgada material e pode ser rediscutido em outros processos.
#OLHAOSUPERGANCHO: O assistente submete-se à JUSTIÇA DA DECISÃO, ou seja, aos fundamentos da decisão.
Aquele que ingressa em Juízo formula sempre uma ou mais pretensões. Ao proferir a sua sentença, o Juiz examinará os fundamentos de fato e de direito do pedido e os fundamentos da defesa, após o que acolherá, ou desacolherá, no todo ou em parte, os pedidos formulados. Assim, no dispositivo da sentença, que o juiz decide se a pretensão do autor será ou não acolhida: se ele condenará, constituirá ou desconstituirá uma relação jurídica ou declarará a sua existência ou inexistência, ou se, ao contrário, não acolherá os pedidos, julgando-os improcedentes. A coisa julgada material é a imunização dos efeitos da sentença, isto é, a impossibilidade de rediscutir em outro processo o que foi decidido naquele. A coisa julgada impede que as mesmas partes rediscutam o mesmo objeto, isto é, o mesmo pedido fundado nos mesmos fatos.
Nesse contexto, só sofrerão os efeitos da coisa julgada as pessoas que podem ser atingidas pelos efeitos diretos da sentença, isto é, da condenação, da constituição ou declaração. Por isso, o assistente simples não será afetado pela coisa julgada material. Esta, porém, não se estende aos fundamentos, como deixam expressos os arts. 504 e seus incisos do CPC. Aquele que interveio como assistente simples sofrerá uma consequência que não atinge as partes: não poderá mais discutir os fundamentos da sentença proferida no processo em que ele participou.
#COLANARETINA: Enquanto que, para as partes, fica imutável o que foi decidido no dispositivo, para o assistente simples, não pode mais ser discutida a fundamentação.
Embora os fundamentos da decisão proferida contra o assistido se tornem indiscutíveis (mais rigorosa que a coisa julgada), pode ser afastada com mais facilidade através da EXCEPTIO MALE GESTI PROCESSUS[footnoteRef:5] (menos rigorosa que a coisa julgada – não necessitando de ação rescisória). Veja os incisos do art. 123: [5: Eita, diz para mim que você lembra dessa expressão? Putz, não? Calma, respira: são apenas as hipóteses do art. 123 em que se permite a discussão da eficácia da decisão para o assistente simples. E o melhor, como não se está diante do instituto da coisa julgada, não há necessidade de se enquadrar nos requisitos da ação rescisória. Fácil, né? #VCDÁCONTADORECADO.] 
Art. 123. Transitada em julgado a sentença no processo em que interveio o assistente, este não poderá, em processo posterior, discutir a justiça da decisão (leia-se: os fundamentos!), salvo se alegar e provar que:
I - Pelo estado em que recebeu o processo ou pelas declarações e pelos atos do assistido, foi impedido de produzir provas suscetíveis de influir na sentença;
II - Desconhecia a existência de alegações ou de provas das quais o assistido, por dolo ou culpa, não se valeu.
No caso de haver eventual ausência de fundamentação, no entanto, a sentença será nula, cabendo ao juiz pronunciar-se sobre todas as questões essenciais que possam repercutir sobre o resultado, sob pena de ser citra petita.
Ainda, a sentença deverá apreciar todas as questões preliminares que ainda não tenham sido examinadas, bem como as prejudiciais. 
As preliminares são aquelas de cujo deslinde depende o julgamento do mérito ou a extinçãosem exame do mérito, estando as matérias enumeradas no art. 337 do CPC. Por exemplo, a falta de condições da ação ou de pressupostos processuais. 
As prejudiciais são aquelas cujo deslinde repercute no acolhimento ou na rejeição do pedido, por exemplo, a paternidade, nas ações de alimentos.
Art. 337.  Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar:
I - inexistência ou nulidade da citação;
II - incompetência absoluta e relativa;
III - incorreção do valor da causa;
IV - inépcia da petição inicial;
V - perempção;
VI - litispendência;
VII - coisa julgada;
VIII - conexão;
IX - incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização;
X - convenção de arbitragem;
XI - ausência de legitimidade ou de interesse processual;
XII - falta de caução ou de outra prestação que a lei exige como preliminar;
XIII - indevida concessão do benefício de gratuidade de justiça.
O § 1º do art. 489 do CPC de 2015 enumera, em seis incisos, hipóteses em que não se considera fundamentada não apenas a sentença, mas qualquer decisão judicial. A solução do legislador foi bastante engenhosa, pois seria difícil indicar quais as exigências para que a decisão se considerasse fundamentada, sendo mais fácil enumerar quando ela não será reputada como tal. São elas:
a) A decisão que se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão decidida: será preciso que o Juiz, ao aplicar a lei ou ato normativo ao caso concreto, esclareça a pertinência da sua aplicação. É necessário que a sentença indique com clareza em que medida aquela norma invocada pode funcionar como premissa maior, aplicável ao caso concreto sub judice.
b) A decisão que empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência no caso: novamente, é preciso que fique claro àquele que lê a sentença ou a decisão a razão pela qual determinado conceito jurídico foi invocado e de que forma se aplica ao caso concreto.
#OUSESABER: Em algumas situações, a lei prevê conceitos indeterminados, que são expressões não conceituadas pelo legislador (embora a lei preveja consequências, quando presentes), devendo seu alcance ser delimitado pelo julgador. É o caso, por exemplo, de "bons costumes". Assim, diz-se que, quando o juiz profere uma decisão em que delimita um conceito indeterminado, aplicando-o ao caso concreto, a referida decisão é "determinativa", já que "determinou o conceito".
O assunto ganha relevância em razão da previsão do art. 489, parágrafo 1º, II, do NCPC, segundo o qual não se considerará fundamentada a decisão quando o magistrado empregar um conceito indeterminado sem, porém, explicar o motivo concreto de sua incidência no caso. Fonte: Daniel Amorim Assumpção Neves - Manual de Direito Processual Civil.
c) A decisão que invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão: não pode ser considerada como fundamentada uma decisão que se vale de um molde ou modelo genérico, que possa servir não apenas para aquela situação concreta, mas de forma geral. É preciso que o juiz fundamente sua decisão de maneira específica para o caso em que ela foi proferida.
d) A decisão que não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador: nem sempre será necessário que o juiz se pronuncie sobre todas as causas de pedir e fundamentos de defesa. Se uma das causas de pedir ficar desde logo demonstrada e for, por si só, suficiente para o acolhimento do pedido, o juiz proferirá sentença de procedência, sem precisar examinar as demais. Ex: se alguém postula a anulação de contrato porque firmado por incapaz sem assistência, e porque foi coagido a assiná-lo, haverá um só pedido, mas duas causas de pedir, cada qual suficiente, por si só, para o acolhimento do pedido. Se uma ficar demonstrada desde logo, o juiz poderá julgar, sem examinaras demais; o mesmo em relação aos fundamentos da defesa: se um só ficar provado, e for suficiente para levar à improcedência do pedido, o juiz poderá sentenciar, afastando a pretensão inicial, sem examinar os demais. O que não é possível é o juiz rejeitar a pretensão do autor, sem examinar todos os fundamentos de fato e de direito por ele invocados; ou acolher, sem examinar todos os fundamentos da defesa.
#SELIGANOENUNCIADO:
Enunciado 12, ENFAM: Não ofende a norma extraível do inciso IV do § 1º do art. 489 do CPC/2015 a decisão que deixar de apreciar questões cujo exame tenha ficado prejudicado em razão da análise anterior de questão subordinante.
Enunciado 13, ENFAM: O art. 489, § 1º, IV, do CPC/2015 não obriga o juiz a enfrentar os fundamentos jurídicos invocados pela parte, quando já tenham sido enfrentados na formação dos precedentes obrigatórios.
e) A decisão que se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos: da mesma forma que é preciso que o juiz, ao aplicar determinado ato normativo, esclareça a pertinência daquela regra em relação ao caso concreto, ele deverá fazê-lo quando invoca precedente ou enunciado de súmula. É preciso que o julgador explique ao leitor por que o precedente ou a súmula podem ser aplicados naquele caso concreto que ele está julgando. 
#SELIGANOENUNCIADO:
Enunciado 11, ENFAM: Os precedentes a que se referem os incisos V e VI do § 1º do art. 489 do CPC/2015 são apenas os mencionados no art. 927e no inciso IV do art. 932. 
Enunciado 9, ENFAM: É ônus da parte, para os fins do disposto no art. 489, § 1º, V e VI do CPC/2015, identificar os fundamentos determinantes ou demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento, sempre que invocar jurisprudência, precedente ou enunciado de súmula.
f) A decisão que deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento: essa hipótese pressupõe que uma das partes invoque súmula, jurisprudência ou precedente e que o juiz não os aplique. Ele deve justificar a razão de não os aplicar, demonstrando que não se ajustam ao caso concreto que está decidindo. 
Art. 489, § 1o. Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que:
I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão decidida;
II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência no caso;
III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão;
IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador;
V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos;
VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento.
§ 2o No caso de colisão entre normas, o juiz deve justificar o objeto e os critérios gerais da ponderação efetuada, enunciando as razões que autorizam a interferência na norma afastada e as premissas fáticas que fundamentam a conclusão.
§ 3o A decisão judicial deve ser interpretada a partir da conjugação de todos os seus elementos e em conformidade com o princípio da boa-fé.
3.3. Dispositivo:
É a parte final da sentença, em que o Juiz decide se acolhe, rejeita o pedido ou se extingue o processo, sem examiná-lo. Todos os pedidos formulados na petição inicial (e na contestação, nos casos de ação dúplice ou na reconvenção) devem ser examinados pelo juiz, sob pena de a sentença ser citra petita.
Por outro lado, o Juiz não pode examinar pretensões não formuladas. Ao promover o julgamento, deve ficar adstrito à ação que foi proposta, observandoas partes, as causas de pedir e os pedidos, elementos identificadores da ação.
Sob pena de a sentença ser extra ou ultra petita, não pode conceder pretensões em relação a pessoas que não foram parte; nem fundamentar a sua pretensão em causas de pedir não formuladas ou conceder algo diferente ou a mais do que foi postulado.
Além disso, é preciso que haja coerência entre o dispositivo e a fundamentação.
#ATENÇÃO: Somente o dispositivo da sentença de mérito se revestirá da autoridade da coisa julgada material.
4. Classificação das sentenças:
4.1. Quanto ao órgão prolator (art. 204, CPC):
a) Monocrática/singular: É a sentença prolatada apenas por um julgador. Em regra, são as sentenças em primeiro grau. Grosso modo, à exceção da Justiça Militar, na Justiça Comum, Federal e Estadual, bem como na Trabalhista e na Eleitoral, a sentença é proferida por um único julgador. 
Entretanto, nada impede que os Tribunais também possam proferir decisões monocráticas, como ocorre no art. 932 do CPC, que autoriza o relator dos recursos julgar monocraticamente.
Art. 932.  Incumbe ao relator:
I - dirigir e ordenar o processo no tribunal, inclusive em relação à produção de prova, bem como, quando for o caso, homologar autocomposição das partes;
II - apreciar o pedido de tutela provisória nos recursos e nos processos de competência originária do tribunal;
III - não conhecer de recurso inadmissível, prejudicado ou que não tenha impugnado especificamente os fundamentos da decisão recorrida;
IV - negar provimento a recurso que for contrário a:
a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal;
b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos;
c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência;
V - depois de facultada a apresentação de contrarrazões, dar provimento ao recurso se a decisão recorrida for contrária a:
a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal;
b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos;
c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência;
VI - decidir o incidente de desconsideração da personalidade jurídica, quando este for instaurado originariamente perante o tribunal;
VII - determinar a intimação do Ministério Público, quando for o caso;
VIII - exercer outras atribuições estabelecidas no regimento interno do tribunal.
Parágrafo único. Antes de considerar inadmissível o recurso, o relator concederá o prazo de 5 (cinco) dias ao recorrente para que seja sanado vício ou complementada a documentação exigível.
b) Colegiada: Trata-se do acórdão, que é a decisão do órgão colegiado de um tribunal (câmara, turma, secção, órgão especial, plenário, etc.), que se diferencia da sentença, da decisão interlocutória e do despacho, que emanam de um órgão monocrático, seja este um Juiz de primeiro grau, seja um Desembargador ou Ministro  de Tribunais — estes, normalmente, na qualidade de Relator, de Presidente ou Vice-presidente, quanto aos atos de sua competência.
O acórdão é uma conclusão concisa e breve do órgão colegiado, não abrangendo toda a extensão e discussão em que se pautou o julgado, mas tão-somente os principais pontos da discussão.
Art. 204.  Acórdão é o julgamento colegiado proferido pelos tribunais.
4.2. Quanto aos efeitos[footnoteRef:6]: [6: #OLHAOGANCHO: Tal tópico também foi desenvolvido na FUC 4 de “Teoria da Ação”. ] 
Denominam-se “efeitos” as consequências jurídicas que da sentença podem advir e que dependerão do tipo de tutela postulada pelo autor, pois a sentença deve ficar adstrita a tal pretensão.
#CASCANADEBANANA: A coisa julgada não é um efeito da sentença, mas uma qualidade desses efeitos.
Pode-se dizer que há três tipos de tutela nos processos de conhecimento: a declaratória, a constitutiva e a condenatória. Pontes de Miranda acrescenta mais duas espécies, a mandamental e a executiva lato sensu que não podem ser consideradas categorias autônomas, mas subespécies de tutela condenatória.
a) Sentença declaratória: É aquela em que a pretensão do autor se limita a que o Juiz declare a existência ou inexistência de uma relação jurídica, ou a autenticidade ou falsidade de um documento (CPC, art. 19).
Art. 19.  O interesse do autor pode limitar-se à declaração:
I - da existência, da inexistência ou do modo de ser de uma relação jurídica;
II - da autenticidade ou da falsidade de documento.
Art. 20.  É admissível a ação meramente declaratória, ainda que tenha ocorrido a violação do direito.
Em todas as sentenças, ainda que condenatórias ou constitutivas, há sempre certo conteúdo declaratório, porque é preciso, antes de tudo, que o Juiz declare quem tem razão. Mas, a ação será declaratória quando a pretensão do autor se limitar ao pedido de declaração. Nos demais tipos, conquanto haja algum conteúdo declaratório, o Juiz vai além, impondo uma condenação ou constituindo uma relação jurídica.
A tutela declaratória não produz nenhuma modificação, nem de uma situação fática, nem de uma relação jurídica. O que ela faz é solucionar uma incerteza ou uma dúvida. Ex: ações de investigação de paternidade. Não é a sentença que vai criar a relação de paternidade, pois ela já existe. Ela apenas vai decidir, havendo dúvida, se o réu é ou não o pai do autor, declarando-o.
Vale mencionar que a declaração não pode ter como objeto fatos. Não é possível, por exemplo, ajuizar ação declaratória com a finalidade de solucionar dúvida se determinada pessoa esteve ou não em determinado lugar. O seu objeto limita-se às já mencionadas hipóteses do art. 19 do CPC. Contudo, o 20 traz regra importante: “É admissível a ação meramente declaratória, ainda que tenha ocorrido violação do direito”. Ex: uma dívida, que não foi paga pelo réu. O credor poderia ajuizar ação de cobrança, de conteúdo condenatório. Mas, o dispositivo legal reconhece interesse em que ele ajuíze apenas ação declaratória, caso haja dúvida sobre a existência da relação de crédito-débito. Pode ser que o credor não queira, por ora, a condenação do devedor, mas apenas que sejam afastadas as dúvidas sobre a existência da dívida.
Por fim, os efeitos da sentença declaratória são ex tunc, considerando-se que a declaração somente confirma jurisdicionalmente o que já existia; nada criando de novo a não ser a certeza jurídica a respeito da relação jurídica que foi objeto da demanda.
#OLHAOGANCHO¹: A sentença declaratória tem origem na ação declaratória. Exatamente porque se busca a mera certeza de uma relação, e não a prestação de um direito (prescrição) ou a afirmação de um direito potestativo (decadência), esse tipo de ação não se submete a prazos.
#OLHAOGANCHO²: O direito à declaração não prescreve, mas o direito à prestação corresponde sim. Ação meramente declaratória ajuizada quando já poderia ter sido ajuizada uma ação condenatória não interrompe a prescrição. Isso porque não houve comportamento do credor que revelasse a sua vontade de buscar a efetivação da prestação. E todos os fatos interruptivos da prescrição se justificam em um comportamento do credor direcionado ao cumprimento da prestação pelo sujeito passivo. Na ação declaratória, o demandante não anuncia o desejo de efetivar o seu direito após a certificação judicial. É diferente do que ocorre na ação condenatória, em que o comportamento do credor direciona-se ao cumprimento da prestação pelo sujeito passivo.
#COLANARATINA: Vale, nesse contexto, distinguir 03 situações:
	AÇÃO DECLARATÓRIA SEM QUE TENHA HAVIDO LESÃO
	AÇÃO DECLARATÓRIA QUANDO HOUVE
LESÃO (ART. 20)
	AÇÃO CONDENATÓRIA
	Não há prescrição, pois não houve violação do direito. 
	Há prescrição, pois a violação do direito já ocorreu. 
O despacho que ordena a citação não interrompe a prescrição, pois não há pretensão à efetivação. 
	Há prescrição, que é interrompida pele o despachoque ordena a citação. 
b) Sentença constitutiva: É aquela que tem por objeto a constituição ou desconstituição de relações jurídicas (direitos potestativos). Não se limitam a declarar se uma relação jurídica existe, como no item anterior, mas visam alterar as relações jurídicas indesejadas.
#OLHAOGANCHO¹: Direito potestativo é o direito que alguém tem de interferir na esfera jurídica de outra pessoa, significando: criar, alterar ou extinguir situações jurídicas (competência, direitos e obrigações). É o direito de mudar o mundo jurídico (das ideias e não mundo físico), não tendo relação com deveres respectivos.
#OLHAOGANCHO²: Os direitos potestativos submetem-se, se houver previsão legal, a prazos decadenciais.
#OLHAOGANCHO³: É possível haver direito potestativo sem prazo decadencial? SIM! Ao contrário das pretensões condenatórias, que, em regra, estão submetidas a prazos prescricionais, o direito potestativo pode não estar submetido a qualquer prazo decadencial, sendo, assim, exercido a qualquer tempo. É o caso, por exemplo, do divórcio (trata-se de direito potestativo que qualquer dos cônjuges pode exercer quando bem pretender).
Haverá interesse para postulá-la se o autor quiser constituir ou desconstituir uma relação jurídica, sem o consentimento do réu. As sentenças podem ser constitutivas positivas ou negativas, também chamadas desconstitutivas, conforme visem criar relações até então inexistentes ou desfazer as que até então existiam.
As sentenças constitutivas podem ser divididas em dois grupos: necessárias e facultativas. 
Será necessária a sentença constitutiva sempre que a única forma de obter a alteração da situação jurídica pretendida pelas partes for por meio da intervenção jurisdicional (ex: anulação de casamento), situação, inclusive, que dispensa o conflito de interesse entre as partes. A sentença facultativa só existirá se houver a lide clássica no caso concreto, porque sem ela não seria necessária a intervenção jurisdicional.
A sentença constitutiva tem efeitos ex nunc, considerando-se que é a partir dela que a situação jurídica será efetivamente alterada. As partes só são consideradas divorciadas após a sentença de procedência que extingue a relação conjugal, como também só se considera rescindido um contrato após a sentença que extingue a relação jurídica contratual. A lei, entretanto, poderá pontualmente modificar essa regra, apontando expressamente para a existência de efeitos ex tunc, como ocorre nas demandas que tenham como objeto a anulação de atos jurídicos.
c) Sentença condenatória: A sentença condenatória impõe ao réu uma obrigação/prestação, consubstanciada em título executivo judicial. A partir dela abre-se ao autor a possibilidade de valer-se de uma sanção executiva para obter o seu cumprimento. As demais sentenças, quando declaram ou constituem relações jurídicas, não impõem obrigações, nem exigem medidas de cumprimento, já que se efetivam por si mesmas. 
Ao proferi-la, o Juiz declara que o autor tem razão e constitui o título executivo em seu favor, concedendo-lhe a possibilidade de valer-se de meios executivos para fazer cumprir a obrigação imposta.
A sentença condenatória ainda exige uma atividade do devedor para alcançar a sua finalidade: que ele a cumpra. Se não o fizer voluntariamente, a lei mune o credor para fazê-la cumprir e tornar concreto o seu comando.
#OLHAOGANCHO: Os direitos a uma prestação submetem-se a prazos prescricionais a contar do inadimplemento.
As sentenças condenatórias têm eficácia ex tunc, pois retroagem à data da propositura da ação. Em regra, a execução só poderá ter início a partir do momento em que se tornem definitivas, mas a eficácia retroage à data da propositura, tanto que os juros de mora são devidos desde a citação, se o devedor não tiver sido constituído em mora anteriormente.
d) Sentença executiva lato sensu: Se a obrigação não for cumprida pelo devedor, o Estado tomará as providências necessárias para que o seja, independentemente dele. Ex: ações de despejo ou nas possessórias, em que o Juiz determina a retomada de bem. Ele determinará a expedição de mandado de despejo ou de reintegração de posse, sem necessidade de instauração de fase executiva, nem do uso de meios de coerção.
#UMPOUCODEDOUTRINA: Não é pacífico na doutrina pátria o conceito de sentença executiva lato sensu, existindo inclusive crítica quanto à tradicional nomenclatura, preferindo parcela da doutrina chamar tais sentenças de sentenças executivas, considerando-se a inexistência de sentenças executivas stricto sensu. Creditada ao jurista Pontes de Miranda, parcela considerável da doutrina entende que essa sentença é assim denominada porque dispensa o processo de execução subsequente para ser satisfeita, tratando-a como um asentença autoexecutável.
Adotando-se esse conceito, a diferença entre a sentença condenatória e a executiva lato sensu é a exigência ou dispensa de processo autônomo de execução. Nesse entendimento doutrinário são substancialmente dois os fatores que distinguem a sentença condenatória da executiva lato sensu:
(i) o direito material, posto que na sentença condenatória o direito é de crédito, buscando-se o cumprimento de uma obrigação pecuniária, enquanto na sentença executiva o direito é real, buscando-se a retomada de coisa que está injustamente no patrimônio do executado. Nessa visão, a sentença condenatória retira algo do patrimônio do executado que até a sentença lá estava legitimamente, enquanto na sentença executiva se retoma bem que pertence ao exequente, estando injustamente com o executado;
(ii) a complexidade da fase de satisfação do direito, que na sentença executiva inexiste, inclusive não estando prevista defesa ao executado, que deve exaurir a apresentação de suas matérias defensivas na fase de conhecimento, enquanto na sentença condenatória isso não ocorre. Diante da ausência de previsão legal de fase procedimental de satisfação, a sentença executiva lato sensu se realiza pelos meios executivos que o Juiz entender adequados no caso concreto, tomando em conta as particularidades do caso concreto.
e) Sentença mandamental: A sentença mandamental se caracteriza pela existência de uma ordem do Juiz dirigida à pessoa ou órgão para que faça ou deixe de fazer algo, não se limitando, portanto, à condenação do réu. A satisfação da sentença mandamental é feita pelo cumprimento da ordem, não existindo processo ou fase de execução subsequente a ela visando tal satisfação. 
Poderá o Juiz se valer de atos de pressão psicológica –execução indireta– como também de sanção civil (ato atentatório à dignidade da justiça, previsto no art. 77, IV, do Novo CPC) e penal (crime de desobediência), mas ainda assim não haverá uma fase executiva, com a prática de atos materiais de execução.
#ESQUEMATIZANDO:
	EXECUÇÃO DIRETA
	EXECUÇÃO INDIRETA
	A decisão executiva impõe uma prestação ao réu e prevê uma medida coercitiva direta. Não precisa de colaboração do executado: o Estado-juiz se substitui ao devedor e realiza prestação por ele. É chamada de execução por sub-rogação.
Medidas sub-rogatórias: desapossamento, transformação, expropriação, etc.
	A decisão mandamental impõe uma prestação ao réu e prevê uma medida coercitiva indireta. A execução indireta atua na vontade do executado para que ele mesmo cumpra a prestação. Para isso, o Estado se vale de coações psicológicas: medo (prisão civil e multa coercitiva) ou incentivo (sanções premiais, como a isenção de custas e honorários para que o réu cumpra o mandado monitório)
	O resultado buscado é o mesmo: tutela jurisdicional executiva.
As formas com que se buscam essa tutela é que se distinguem.
A tendência atual é a de prestigiar os meios executivos indiretos (menos onerosos).
5. A sentença que condena à declaração de uma emissão de vontade:
O art. 501 trata das sentenças proferidas nos processos em que a pretensão do autor é de que o réu emita uma declaração de vontade, que ele se recusa a lançar.
Para a satisfação específica da pretensão, a lei determina que a sentença, sendo possível,produzirá os mesmos efeitos que a declaração de vontade não emitida ou que o contrato não firmado.
Assim, se o réu se compromete, por exemplo, a transferir ao autor um veículo, e, na ocasião aprazada, não assina o termo, o autor poderá postular judicialmente que o Juiz profira sentença que produza os mesmos efeitos, isto é, que promova a transferência postulada.
Art. 501.  Na ação que tenha por objeto a emissão de declaração de vontade, a sentença que julgar procedente o pedido, uma vez transitada em julgado, produzirá todos os efeitos da declaração não emitida.
6. Sentença condicional:
O art. 492, parágrafo único, exclui a possibilidade de o juiz proferir sentença condicional, quando aduz que “a decisão deve ser certa (...)”. Esse dispositivo mantém correspondência com o caput do art. 322, que determina que o pedido também seja certo.
No entanto, admite-se que a sentença possa decidir relação jurídica condicional, que depende da verificação de evento futuro e incerto.
#CASCADEBANANA #NÃOCONFUNDIR: Não se confunde sentença condicional, em que a procedência ou improcedência do pedido fica condicionada à verificação de evento futuro e incerto, com sentença que decide relação jurídica condicional. Nesta, o juiz acolherá ou rejeitará o pedido, mas a execução dependerá do implemento da condição. Ex: um contrato, em que o devedor se compromete a entregar ao autor os peixes que caírem em sua rede, em determinado período. O Juiz pode reconhecer o direito do autor de haver os peixes já pescados e os que venham a ser pescados nos meses subsequentes. É evidente que a entrega destes últimos ficará condicionada a que o resultado da pesca seja favorável, devendo aplicar-se o art. 514 do CPC, que condiciona o início da execução à prova de que a condição se verificou.
Art. 492.  É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida, bem como condenar a parte em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado.
Parágrafo único.  A decisão deve ser certa, ainda que resolva relação jurídica condicional.
7. A sentença e os fatos supervenientes:
O art. 493 do CPC contém norma importante: “Se, depois da propositura da ação, algum fato constitutivo, modificativo ou extintivo do direito influir no julgamento do mérito, caberá ao juiz tomá-lo em consideração, de ofício ou a requerimento da parte, no momento de proferir a sentença”. Ex.: o CPC determina que, no julgamento das ações possessórias, o Juiz conceda ao autor a medida possessória mais adequada para o caso concreto. Pode ocorrer que, no curso da ação, o tipo de agressão à posse se altere: o que antes era ameaça ou turbação se convola em esbulho. 
Compete, assim, ao Juiz, no momento da sentença, de ofício ou a requerimento do autor, levar em consideração as alterações fáticas supervenientes, concedendo a medida judicial mais adequada.
Da mesma forma, eventuais alterações legislativas, que possam ser aplicadas desde logo, devem ser consideradas pelo Juiz, com a observação das ressalvas constitucionais de que a lei nova não pode retroagir em detrimento do ato jurídico perfeito e dos direitos adquiridos.
8. Efeitos secundários da sentença:
Além dos efeitos condenatórios, constitutivos ou declaratórios da sentença, dela podem decorrer outras consequências, não diretamente relacionadas à pretensão formulada. Por exemplo, em caso de improcedência, as liminares concedidas em favor do autor no curso do processo serão revogadas, ainda que não tenha havido manifestação expressa do juiz a respeito, uma vez que aquilo que foi decidido em caráter provisório não pode subsistir ao definitivo. Haverá revogação, ainda que seja apresentada apelação com efeito suspensivo, já que a suspensão afeta apenas o cumprimento ou execução da tutela concedida, mas não os efeitos reflexos, como os relativos às liminares.
Outro efeito reflexo é a condenação do vencido nas verbas de sucumbência; ou a fixação do termo inicial para a incidência de correção monetária sobre o valor fixado a título de indenização por danos morais, nos termos da Súmula 362 do STJ (que a determina a partir do arbitramento do valor, o que normalmente ocorre na sentença).
8.1. Hipoteca judiciária:
Nos termos do art. 495 do CPC, a decisão que condenar o réu ao pagamento de prestação consistente em dinheiro e a que determinar a conversão de prestação de fazer, de não fazer ou de dar coisa em prestação pecuniária valerão como título constitutivo de hipoteca judiciária.
Trata-se de efeito decorrente não apenas de sentença, mas de decisão de mérito condenatória, nos casos em que houver julgamento antecipado parcial de mérito.
#RECORDARÉVIVER: A hipoteca é um direito real de garantia, e tem por finalidade atribuir ao credor hipotecário direito de preferência sobre o produto da excussão do bem gravado. 
Normalmente, é fruto de convenção, mas pode ser também judicial ou legal. A prevista como efeito secundário das sentenças condenatórias é a judicial. São pressupostos:
a) Que haja sentença ou decisão condenatória em dinheiro ou em obrigação que se converta em prestação pecuniária, ainda que a condenação seja genérica, esteja pendente recurso dotado de efeito suspensivo ou esteja pendente arresto de bens do devedor, ou ainda quando o credor possa promover o cumprimento provisório da decisão. 
#ATENÇÃO #CASCADEBANANA: A sentença de improcedência, em princípio, não gera direito à hipoteca judiciária, mas ela pode ser constituída para assegurar o pagamento da verba de sucumbência em que o autor vencido tenha sido condenado.
b) Que haja o registro, na forma da Lei de Registros Públicos: A hipoteca é direito real, e, como recai sobre imóveis, só se considera constituída com o registro no Cartório de Registro de Imóveis. Só assim ela adquire eficácia erga omnes.
Art. 495.  A decisão que condenar o réu ao pagamento de prestação consistente em dinheiro e a que determinar a conversão de prestação de fazer, de não fazer ou de dar coisa em prestação pecuniária valerão como título constitutivo de hipoteca judiciária.
§ 1o A decisão produz a hipoteca judiciária:
I - embora a condenação seja genérica;
II - ainda que o credor possa promover o cumprimento provisório da sentença ou esteja pendente arresto sobre bem do devedor;
III - mesmo que impugnada por recurso dotado de efeito suspensivo.
§ 2o A hipoteca judiciária poderá ser realizada mediante apresentação de cópia da sentença perante o cartório de registro imobiliário, independentemente de ordem judicial, de declaração expressa do juiz ou de demonstração de urgência.
§ 3o No prazo de até 15 (quinze) dias da data de realização da hipoteca, a parte informá-la-á ao juízo da causa, que determinará a intimação da outra parte para que tome ciência do ato.
§ 4o A hipoteca judiciária, uma vez constituída, implicará, para o credor hipotecário, o direito de preferência, quanto ao pagamento, em relação a outros credores, observada a prioridade no registro.
§ 5o Sobrevindo a reforma ou a invalidação da decisão que impôs o pagamento de quantia, a parte responderá, independentemente de culpa, pelos danos que a outra parte tiver sofrido em razão da constituição da garantia, devendo o valor da indenização ser liquidado e executado nos próprios autos.
9. Sentença líquida:
Segundo o art. 491, caput, do NCPC, na ação relativa à obrigação de pagar quantia, ainda que formulado pedido genérico, a decisão definirá, desde logo, a extensão da obrigação, o índice de correção monetária, a taxa de juros, o termo inicial de ambos e a periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso. A regra também é aplicável ao acórdão que alterar a sentença, nos termos do § 2º do art. 491 do Novo CPC.
Os incisos do dispositivo legal trazem as exceções a essa regra, permitindo a sentença ilíquida quando não for possível determinar, de modo definitivo, o montante devido ou a apuração do valor devido depender da produção de prova de realização demorada ou excessivamente dispendiosa, assim reconhecida na sentença.
Nesses casos, o § 1º do art. 491 do Novo CPC prevê que o processoseguirá após a prolação da sentença para apuração do valor devido por liquidação.
Art. 491.  Na ação relativa à obrigação de pagar quantia, ainda que formulado pedido genérico, a decisão definirá desde logo a extensão da obrigação, o índice de correção monetária, a taxa de juros, o termo inicial de ambos e a periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso, salvo quando:
I - não for possível determinar, de modo definitivo, o montante devido;
II - a apuração do valor devido depender da produção de prova de realização demorada ou excessivamente dispendiosa, assim reconhecida na sentença.
§ 1o Nos casos previstos neste artigo, seguir-se-á a apuração do valor devido por liquidação.
§ 2o O disposto no caput também se aplica quando o acórdão alterar a sentença.
10. Princípio da congruência:
Segundo o art. 492, caput do NCPC, o Juiz não pode conceder diferente ou a mais do que for pedido pelo autor. Trata-se do chamado princípio da congruência, também conhecido como princípio da correlação ou da adstrição. Assim, é nula a sentença que concede a mais ou diferente do que foi pedido, como também há nulidade na sentença fundada em causa de pedir não narrada pelo autor, na sentença que atinge terceiros que não participaram do processo ou que não julga a demanda relativamente a certos demandantes.
Para parcela considerável da doutrina, o princípio da congruência é decorrência do princípio dispositivo. Ademais, nota-se que o princípio, ora estudado, é fundamentado também em dois outros princípios: inércia da jurisdição (princípio da jurisdição) e contraditório (princípio do processo).
Isso porque a inércia da jurisdição determina que o Juízo só se movimenta quando provocado pelo interessado, sendo que essa movimentação ocorre nos estritos limites do pedido e causa de pedir elaborados pelo autor, bem como se limita aos sujeitos processuais.
Por outro lado, o réu limita sua defesa tomando por base a pretensão do autor, não havendo sentido defender-se de pedido não elaborado, causa de pedir não narrada na petição inicial, ou contra o sujeito que não participa do processo. Uma decisão proferida fora desses limites surpreenderá o réu, o que não se pode admitir em respeito ao princípio do contraditório.
Art. 492.  É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida, bem como condenar a parte em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado.
Parágrafo único.  A decisão deve ser certa, ainda que resolva relação jurídica condicional.
10.1. Exceções ao princípio da congruência:
Nem toda decisão proferida sem a observação do princípio da congruência é nula, admitindo-se a extrapolação no tocante ao pedido em situações expressamente previstas em lei. São exceções:
a) nos chamados pedidos implícitos (ex: honorários advocatícios): é admitido ao juiz conceder o que não tenha sido expressamente pedido pelo autor;
b) a fungibilidade permite ao Juiz que conceda tutela diferente da que foi pedida pelo autor, verificando-se nas ações possessórias (permite-se concessão de tutela possessória diferente da pedida pelo autor) e nas ações cautelares (permite-se a concessão de tutela cautelar diferente da pedida pelo autor);
c) nas demandas que tenham como objeto uma obrigação de fazer e/ou não fazer, o Juiz pode conceder tutela diversa da pedida pelo autor, desde que com isso gere um resultado prático equivalente ao do adimplemento da obrigação (art. 497do Novo CPC e art. 84, caput, do CDC).
NCPC, Art. 497.  Na ação que tenha por objeto a prestação de fazer ou de não fazer, o juiz, se procedente o pedido, concederá a tutela específica ou determinará providências que assegurem a obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente.
Parágrafo único.  Para a concessão da tutela específica destinada a inibir a prática, a reiteração ou a continuação de um ilícito, ou a sua remoção, é irrelevante a demonstração da ocorrência de dano ou da existência de culpa ou dolo.
CDC, Art. 84. Na ação que tenha por objeto o cumprimento da obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento.
§ 1° A conversão da obrigação em perdas e danos somente será admissível se por elas optar o autor ou se impossível a tutela específica ou a obtenção do resultado prático correspondente.
§ 2° A indenização por perdas e danos se fará sem prejuízo da multa (art. 287, do Código de Processo Civil).
§ 3° Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou após justificação prévia, citado o réu.
§ 4° O juiz poderá, na hipótese do § 3° ou na sentença, impor multa diária ao réu, independentemente de pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação, fixando prazo razoável para o cumprimento do preceito.
§ 5° Para a tutela específica ou para a obtenção do resultado prático equivalente, poderá o juiz determinar as medidas necessárias, tais como busca e apreensão, remoção de coisas e pessoas, desfazimento de obra, impedimento de atividade nociva, além de requisição de força policial.
#OLHAOGANCHO¹: A regra da adstrição do juízo ao pedido elaborado pelo autor encontra interessante exceção no processo objetivo com a chamada inconstitucionalidade reflexa, ou por ricochete, também conhecida na doutrina como inconstitucionalidade por consequência, arrastamento ou por atração. O Supremo Tribunal Federal admite que ao declarar a inconstitucionalidade de uma norma possa também declarar outras normas não impugnadas na ação judicial em razão de sua interdependência com aquela declarada inconstitucional. A adoção do entendimento de inconstitucionalidade consequencial ou por arrastamento afasta o princípio da adstrição, admitindo-se que a concessão de tutela pelo órgão jurisdicional seja mais ampla do que aquela expressamente pedida pelo autor.
#OLHAOGANCHO²: O Superior Tribunal de Justiça também flexibiliza o princípio no direito previdenciário, admitindo que o Juiz conceda ao autor benefício previdenciário diverso do requerido na inicial, desde que preenchidos os requisitos legais atinentes ao benefício concedido, levando-se em consideração os fins sociais das normas previdenciárias, bem como a hipossuficiência do segurado. E já teve a oportunidade de decidir não se tratar de sentença extra ou ultra petita aquela que concede em ação civil pública ambiental proteção de área mais extensa que a constante na petição inicial, bem como aquela que determina medidas não pedidas pelo autor, desde que essenciais para a efetivação daquilo que foi pedido.
11. Defeitos da sentença:
11.1. Sentença extra petita:
É aquela em que o Juiz julga ação diferente da que foi proposta, sem respeitar as partes, a causa de pedir ou pedido, tais como apresentados na petição inicial. 
Dispõe o caput do art. 492: 
Art. 492.  É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida, bem como condenar a parte em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado.
Assim, o juiz só pode inovar em relação aos fundamentos jurídicos do pedido, já que ele os conhece (jura novit curia), mas não em relação aos fáticos, nem em relação aos pedidos.
Proferida sentença extra petita, o recurso cabível é a apelação, com pedido de anulação da sentença fundada no error in procedendo intrínseco. Frise-se que o ingresso de Embargos de Declaração não deve ser a priori e genericamente descartado, ficando reservado, entretanto, para as excepcionais hipóteses em que se admite que esse recurso tenha efeitos infringentes.
Mesmo após o trânsito em julgado se admitirá a alegação do vício, por meio da ação rescisória, com fundamento no art. 966, inciso V, do Novo CPC, considerando-se que a sentença terá frontalmente violado o art. 492 do NCPC. Após o transcurso do prazo de dois anos da ação rescisória, não será mais possível a alegação do vício em razão do advento da coisa julgada material soberana.
11.2. Sentença ultra petita:É aquela em que o juiz julga a pretensão posta em Juízo, mas condena o réu em quantidade superior à pedida. O vício é menos grave que o anterior, porque o Juiz proferiu sentença da natureza que foi pedida e concedeu o objeto postulado. Apenas o fez em quantidade superior. 
Por isso, se houver recurso, não haverá necessidade de o Tribunal declará-la nula, bastando-lhe que reduza a condenação aos limites do que foi postulado. Se houver trânsito em julgado, caberá ação rescisória, cujo objeto será apenas desconstituir a sentença, naquilo que ela contenha de excessivo.
Da mesma forma que ocorre na sentença extra petita, o recurso cabível contra sentença ultra petita é a apelação. No pedido da apelação, no entanto, nada justifica uma anulação integral da sentença, devendo se aplicar ao caso concreto a teoria dos capítulos da sentença, para que somente a parte excedente da decisão seja anulada, mantendo-se a sentença até os limites da determinação do pedido.
11.3. Sentença infra petita (citra petita):
No aspecto objetivo a sentença é citra petita, também chamada de infra petita, quando fica aquém do pedido do autor ou deixa de enfrentar e decidir causa de pedir ou alegação de defesa apresentada pelo réu. No aspecto subjetivo é citra petita a decisão que não resolve a demanda para todos os sujeitos processuais.
	#ATENÇÃO: No tocante à causa de pedir e aos fundamentos de defesa, o juiz estará dispensado de fundamentar sua decisão valendo-se de todas as alegações da parte sempre que a omissão diga respeito à alegação feita pela parte vitoriosa. Apresentada mais de uma causa de pedir, caso o juiz acolha uma delas e julgue procedente o pedido, não há nenhuma necessidade de decidir as demais, da mesma forma que ocorre no acolhimento de uma das matérias de defesa que leva à improcedência do pedido ou ao reconhecimento de prescrição ou decadência, quando o juiz estará liberado de decidir a respeito das demais matérias defensivas. A sentença será citra petita se o juiz deixa de considerar uma causa de pedir ou o fundamento de defesa alegada pela parte derrotada na demanda.
Não restam maiores dúvidas de que, havendo sentença citra petita, o Juiz terá de alguma forma se omitido em sua sentença. Sabe-se que o vício de omissão é impugnável por meio dos embargos de declaração, mas, como tal recurso não tem efeito preclusivo, é possível a alegação da omissão na sentença também em sede de apelação.
12. Possibilidade de correção da sentença:
O tema vem tratado no art. 494 do CPC, que contém duas regras fundamentais:
a) Depois que o Juiz publica a sentença, ela não mais pode ser alterada: A publicação a que se refere a lei não é aquela feita no Diário Oficial, para intimação das partes, mas em cartório, quando restitui os autos, com sentença. E, quando ela é proferida em audiência de instrução e julgamento, à medida que vai ditando ao escrevente;
b) Mesmo depois de publicada, a sentença poderá ser alterada quando:
(i) Houver necessidade de lhe corrigir, de ofício ou a requerimento da parte, inexatidões materiais, ou lhe retificar erros de cálculo.
Há sentenças que contêm erros materiais evidentes — equívocos no nome das partes, inversão manifesta da condenação nas verbas de sucumbência, erro na indicação de um artigo de lei, equívocos datilográficos — ou erros de conta. Esses vícios podem ser corrigidos de ofício ou a requerimento das partes, e a qualquer tempo, independentemente da interposição de recurso. Podem ser sanados mesmo depois do trânsito em julgado, sem necessidade de ação rescisória ou qualquer outra medida.
Essa forma de correção não suspende nem interrompe o prazo para interposição de outros recursos. Nada impede que esse tipo de erro seja objeto ainda de embargos de declaração, que, embora desnecessários, poderão ser utilizados.
(ii) forem opostos Embargos de Declaração. É o recurso adequado quando a sentença padecer de erro material, omissão, contradição ou obscuridade. Ao saná-los, pode ocorrer que o juiz altere a sentença. Mas não se admite que eles sejam usados para modificar a sentença, sem que ela padeça dos vícios supramencionados, para que o juiz possa reapreciar a prova ou reavaliar as questões de mérito.
Art. 494.  Publicada a sentença, o juiz só poderá alterá-la:
I - para corrigir-lhe, de ofício ou a requerimento da parte, inexatidões materiais ou erros de cálculo;
II - por meio de embargos de declaração.
	COISA JULGADA
1. Introdução:
A coisa julgada é mencionada na Constituição Federal como um dos direitos e garantias fundamentais. O art. 5º, XXXVI, estabelece que a lei não poderá retroagir, em prejuízo dela. 
Essa garantia decorre da necessidade de que as decisões judiciais não possam mais ser alteradas, a partir de um determinado ponto. Do contrário, a segurança jurídica sofreria grave ameaça. É função do Poder Judiciário solucionar os conflitos de interesse, buscando a pacificação social. Ora, se a solução pudesse ser eternamente questionada e revisada, a paz ficaria definitivamente prejudicada.
A função da coisa julgada é assegurar que os efeitos decorrentes das decisões judiciais não possam mais ser modificados, se tornem definitivos. É fenômeno diretamente associado à segurança jurídica, quando o conflito ou a controvérsia é definitivamente solucionado.
2. Formas de manifestação da coisa julgada:
2.1. Coisa julgada formal:
É a manifestação da coisa julgada no próprio processo em que a sentença ou o acórdão foi proferido. É fenômeno interno ao processo a impossibilidade de modificar-se a sentença ou acórdão, quando já não caibam mais recursos, seja porque foram esgotadas as possibilidades recursais, seja porque o recurso adequado não foi interposto no prazo legal.
2.2. Coisa julgada material: 
Consiste não mais na impossibilidade de modificação da decisão no processo em que foi proferida, mas na projeção externa dos seus efeitos, que impede que a mesma questão, já decidida em caráter definitivo, volte a ser discutida em outro processo. É, sobretudo, essa manifestação da coisa julgada que se presta a trazer segurança jurídica aos litigantes, aos quais não basta apenas que o processo se encerre, mas que a questão litigiosa seja definitivamente dirimida, não podendo mais ser discutida, em nenhum outro processo, assegurada a pacificação do conflito.
A coisa julgada material pressupõe decisão de mérito, que aprecie a pretensão posta em juízo, favorável ou desfavoravelmente ao autor. O exame do mérito pode ser feito na sentença, mas também em decisão interlocutória, por meio da qual o juiz promova o julgamento antecipado parcial de mérito. Ambas terão força de coisa julgada material, depois de esgotados os recursos cabíveis.
Art. 502.  Denomina-se coisa julgada material a autoridade que torna imutável e indiscutível a decisão de mérito não mais sujeita a recurso.
3. Os tipos de decisão que se revestem da autoridade da coisa julgada:
Todas as sentenças ou acórdãos tornar-se-ão imutáveis nos processos em que foram proferidos, quando não houver mais a possibilidade de recurso. Todos estão sujeitos à coisa julgada formal.
Mas nem todas as decisões impedirão a renovação de idêntica ação, nem todas estão sujeitas à coisa julgada material. São condições:
a) Primeira condição é que a decisão, seja interlocutória, seja sentença, seja acórdão, tenha examinado o mérito: só as decisões definitivas, nunca as de extinção sem resolução de mérito, meramente terminativas, fazem coisa julgada material. Além disso, ela diz respeito ao processo de conhecimento, pois só nele o juiz profere decisão ou sentença decidindo, de vez, a pretensão. 
b) Não há falar-se em coisa julgada material da sentença que encerra o processo de execução, porque ela não é de mérito. O mérito na execução consiste na pretensão em obter satisfação a um direito, não uma sentença. A sua função, na execução, é apenas dar por terminado o processo, sem dar uma resposta à pretensão posta em juízo.
c) Também não há coisa julgada material nas decisões que apreciam tutelas provisórias, já que elas são consideradasprecárias, podendo ser revistas a qualquer tempo.
3.1. Coisa julgada rebus stic stantibus:
A expressão rebus sic stantibus traduz a ideia de as coisas permanecerem iguais, idênticas. Regra geral, havendo coisa julgada material, não é mais possível rediscutir a questão já definitivamente julgada.
Contudo, há situações previstas em lei em que a imutabilidade dos efeitos da decisão só persiste enquanto a situação fática que a ensejou permanecer a mesma, ficando autorizada a modificação, desde que haja alteração fática superveniente.
Por exemplo, a sentença que examina a pretensão a alimentos é definitiva, enquanto não sobrevier alteração fática, que justifique a sua revisão. A todo tempo, mesmo depois da sentença definitiva, há possibilidade de rediscutir e rever o valor, desde que haja alteração fática. Não é possível modificá-la, mantidas as circunstâncias originárias.
O art. 505, inciso I, do NCPC estende essa solução às demais situações em que haja relações jurídicas continuativas.
Art. 505.  Nenhum juiz decidirá novamente as questões já decididas relativas à mesma lide, salvo:
I - se, tratando-se de relação jurídica de trato continuado, sobreveio modificação no estado de fato ou de direito, caso em que poderá a parte pedir a revisão do que foi estatuído na sentença;
II - nos demais casos prescritos em lei.
3.2. Coisa julgada secundum eventus litis:
A coisa julgada material pressupõe decisão de mérito, seja de procedência ou de improcedência. Porém, há casos em que o legislador a exclui, conforme o fundamento utilizado pelo Juiz, ainda que ele tenha examinado a pretensão posta em Juízo.
Os exemplos mais comuns nesse sentido são os da ação civil pública e da ação popular, em que não haverá coisa julgada material, quando houver improcedência por insuficiência de provas (art. 16 da Lei n. 7.347/85 e art. 18 da Lei n. 4.717/65); mas haverá, se houver sentença de procedência, ou de improcedência por qualquer outro fundamento, que não a insuficiência ou deficiência de provas.
4. Limites objetivos da coisa julgada:
Consiste no problema de identificar o que efetivamente não pode mais ser discutido em outros processos. A princípio, a coisa julgada é qualidade dos efeitos da decisão de mérito. É o que decorre do disposto no art. 502 do CPC.
Mas nem todo o conteúdo da decisão tornar-se-á indiscutível, mas tão somente aquilo que ficar decidido a respeito da pretensão formulada. A sentença tem três partes: o relatório, a fundamentação e o dispositivo. É neste que o juiz acolhe ou rejeita a pretensão, e só isso ficará acobertado pela autoridade da coisa julgada material.
Por outro lado, o art. 504 do CPC dispõe que não fazem coisa julgada: a) os motivos, ainda que importantes para determinar o alcance da parte dispositiva da sentença; e b) a verdade dos fatos, estabelecida como fundamento da sentença.
Art. 504.  Não fazem coisa julgada:
I - os motivos, ainda que importantes para determinar o alcance da parte dispositiva da sentença;
II - a verdade dos fatos, estabelecida como fundamento da sentença.
4.1. A coisa julgada e as questões prejudiciais:
Antes do mérito, o Juiz deve examinar duas ordens de questões antecedentes, chamadas prévias. São elas as preliminares e as prejudiciais.
As preliminares são as questões processuais, cujo acolhimento impede o exame do mérito. São aquelas enumeradas no art. 337 do CPC.
Art. 337.  Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar:
I - inexistência ou nulidade da citação;
II - incompetência absoluta e relativa;
III - incorreção do valor da causa;
IV - inépcia da petição inicial;
V - perempção;
VI - litispendência;
VII - coisa julgada;
VIII - conexão;
IX - incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização;
X - convenção de arbitragem;
XI - ausência de legitimidade ou de interesse processual;
XII - falta de caução ou de outra prestação que a lei exige como preliminar;
XIII - indevida concessão do benefício de gratuidade de justiça.
§ 1o Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada quando se reproduz ação anteriormente ajuizada.
§ 2o Uma ação é idêntica a outra quando possui as mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo pedido.
§ 3o Há litispendência quando se repete ação que está em curso.
§ 4o Há coisa julgada quando se repete ação que já foi decidida por decisão transitada em julgado.
§ 5o Excetuadas a convenção de arbitragem e a incompetência relativa, o juiz conhecerá de ofício das matérias enumeradas neste artigo.
§ 6o A ausência de alegação da existência de convenção de arbitragem, na forma prevista neste Capítulo, implica aceitação da jurisdição estatal e renúncia ao juízo arbitral.
Já as questões prejudiciais são os pontos controvertidos cujo deslinde repercutirá sobre o julgamento de mérito. Ex: em ação de alimentos, de procedimento comum, a paternidade, desde que controvertida, é prejudicial; se o juiz, na fundamentação da sentença, entender que o réu é pai do autor, a sentença possivelmente será de procedência; se entender que não, será certamente de improcedência. 
#ATENÇÃO: O exame da questão prejudicial repercute sobre o teor da decisão, podendo levar ao acolhimento ou à rejeição dos pedidos formulados.
Assim, são requisitos para que a questão prejudicial seja decidida com força de coisa julgada:
a) Que o réu ofereça contestação;
b) Que da resolução da questão prejudicial dependa o exame de mérito;
c) Que o juízo seja competente para conhecê-la;
d) Que a questão seja expressamente examinada;
e)Que não haja restrições probatórias ou limitações à cognição que impeçam o aprofundamento da análise da questão prejudicial.
Em suma, ao proferir a sentença, o Juiz deverá observar uma ordem no exame das questões suscitadas: deve, antes do exame do mérito, apreciar as preliminares. Conforme o que resultar desse exame, o mérito nem será apreciado e o processo será extinto. Contudo, se as preliminares forem afastadas, o juiz passará ao mérito, e, ao fazê-lo na fundamentação da sentença poderá surgir questão prejudicial, isto é, questão controvertida de cujo deslinde depende o resultado final, como a questão da paternidade nas ações de alimentos, em que ela é contestada. Essas questões são as prejudiciais, sobre as quais poderá recair a autoridade da coisa julgada material.
Art. 503.  A decisão que julgar total ou parcialmente o mérito tem força de lei nos limites da questão principal expressamente decidida.
§ 1o O disposto no caput aplica-se à resolução de questão prejudicial, decidida expressa e incidentemente no processo, se:
I - dessa resolução depender o julgamento do mérito;
II - a seu respeito tiver havido contraditório prévio e efetivo, não se aplicando no caso de revelia;
III - o juízo tiver competência em razão da matéria e da pessoa para resolvê-la como questão principal.
§ 2o A hipótese do § 1o não se aplica se no processo houver restrições probatórias ou limitações à cognição que impeçam o aprofundamento da análise da questão prejudicial.
5. Limites subjetivos da coisa julgada:
Dizem respeito às pessoas para quem a sentença torna-se indiscutível. É clássica a afirmação de que “a coisa julgada faz lei entre as partes”, assertiva que encontra respaldo no art. 506 do CPC: “A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não prejudicando terceiros”. Tal como escrita a regra, a coisa julgada poderá beneficiar terceiros, mas não os prejudicar.
Trata-se da adoção da coisa julgada in utilibus. Um exemplo é dado pelo art. 274, do Código Civil: “O julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os demais; o julgamento favorável aproveita-lhes, a menos que se funde em exceção pessoal ao credor que o obteve”. Assim, proferida sentença favorável a um dos credores solidários, todos, inclusive os que não participaram do processo, serão beneficiados.
Art. 506.  A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não prejudicando terceiros.
5.1. Exceções à regra da coisa julgada:
A regra de que a coisa julgada não pode prejudicar terceiros tem duas exceções, de forma que os sucessorese os substituídos processuais, ainda que não participem do processo como partes, suportam negativamente os efeitos da coisa julgada. São titulares do direito e dessa forma não haveria sentido que não suportassem os efeitos, ainda que negativos, da coisa julgada material.
Os sucessores assumem os direitos e obrigações do sucedido, transmitindo-se também a esses a imutabilidade decorrente da coisa julgada. Registre-se que, havendo sucessão do direito durante o processo judicial, impõe-se como pressuposto da extensão da coisa julgada ao sucessor a informação da existência da demanda judicial.
Os substituídos são representados na demanda por sujeito que alei ou o sistema considera apto à defesa do direito em juízo, sendo que nessa excepcional hipótese admite-se que a coisa julgada atinja titulares do direito que não participaram como parte no processo.
	#OLHAOGANCHO: Na tutela coletiva, não se repete a regra da coisa julgada inter partes presente no Código de Processo Civil. O tema é versado no art. 103 do CDC e varia conforme a espécie de direito coletivo lato sensu que compõe o objeto do processo. Nos direitos difusos a coisa julgada se opera erga omnes (perante toda a coletividade), em razão da indeterminação e indeterminabilidade dos titulares do direito (inciso I). Nos direitos coletivos, a coisa julgada é formada ultra partes (vincula pessoas que não participam do processo como partes), atingindo somente os sujeitos que compõem um grupo, classe ou categoria de pessoas (inciso II). Nos direitos individuais homogêneos, a coisa julgada é formada ultra partes, porque só atinge os titulares do direito individual cujo somatório forma os direitos individuais homogêneos. Apesar disso, o art. 103, III, do CDC prevê que a coisa julgada nesse caso se opera erga omnes, o que parece equivocado, mas não gera consequências jurídicas, considerando que os sujeitos que não são titulares do direito individual homogêneo são terceiros desinteressados, que, apesar de não suportarem a coisa julgada, não têm legitimidade para discuti-la e afastá-la em Juízo.
6. Eficácia preclusiva da coisa julgada:
O art. 508 do Novo CPC prevê que com o trânsito em julgado considerar-se-ão deduzidas e repelidas todas as alegações e as defesas que a parte poderia ter levado ao processo para fundamentar tanto o acolhimento como a rejeição do pedido. Trata-se da denominada “eficácia preclusiva da coisa julgada”.
Por exemplo, quanto ao réu, havendo mais de uma matéria defensiva, caberá a ele apresentá-las em sua totalidade, não lhe sendo possível ingressar com outra demanda arguindo matéria de defesa que deveria ter sido apresentada em processo já extinto com coisa julgada material.
Aplicada ao autor, a regra da eficácia preclusiva da coisa julgada gera maior controvérsia. A parcela majoritária da doutrina tem o entendimento que parece ser o mais correto: a eficácia preclusiva da coisa julgada atinge tão somente as alegações referentes à causa de pedir que fez parte da primeira demanda, porquanto alegado outro fato jurídico ou outra fundamentação jurídica, não presentes na primeira demanda, afasta-se do caso concreto a tríplice identidade, considerando-se tratar-se de nova causa de pedir.
Outra parcela doutrinária entende que a eficácia preclusiva da coisa julgada é mais ampla, atingindo alegações alheias à causa de pedir presente na demanda que produziu coisa julgada material. Para essa parcela da doutrina, o art. 508 do Novo CPC atinge todos os fatos jurídicos deduzíveis na ação, o que naturalmente o faz atingir inclusive fatos jurídicos alheios à causa de pedir narrada pelo autor.
É possível ainda indicar uma terceira corrente doutrinária (intermediária entre as duas mais comuns) que entende que a eficácia preclusiva da coisa julgada atinge todos os fatos da mesma natureza conducentes ao mesmo efeito jurídico, mas não fatos de natureza diversa ou fatos de mesma natureza que produzam efeitos jurídicos diversos.
Art. 507.  É vedado à parte discutir no curso do processo as questões já decididas a cujo respeito se operou a preclusão.
Art. 508.  Transitada em julgado a decisão de mérito, considerar-se-ão deduzidas e repelidas todas as alegações e as defesas que a parte poderia opor tanto ao acolhimento quanto à rejeição do pedido.
#OLHAOGANCHO: Além do efeito/eficácia preclusiva, vale ressaltar outros efeitos dois da coisa julgada:
 Efeito Negativo: responsável por impedir/proibir nova decisão sobre a matéria já examinada e consolidada. 
 Efeito Positivo: impõe-se o dever ao Juiz, em eventual processo posterior, de levar em consideração que tenha a coisa julgada como fundamento, leve-a em consideração. 
#APROFUNDAMENTO: Caso haja duas sentenças transitadas em julgado envolvendo as mesmas partes, mesma causa de pedir e mesmo pedido, qual delas deverá prevalecer? Existiam duas correntes na doutrina e no STJ: 
1ª) Prevalece a 1ª coisa julgada.
- Posição da 3ª Turma do STJ. 
- Na doutrina: Arruda Alvim, Nelson Nery Jr. e Rosa Nery, Araken de Assis, Teresa Wambier, Sérgio Gabriel Porto, Sálvio de Figueiredo Teixeira. 
- A segunda sentença seria inexistente, porque foi proferida numa demanda em que o autor era carente de ação (por falta de interesse jurídico). A coisa julgada também é um pressuposto processual negativo (ou extrínseco), de forma que a segunda ação foi proposta em afronta a esse pressuposto, o que também conduz à inexistência da segunda sentença. 
- Para essa corrente, a partir do momento em que se entende que a segunda sentença é inexistente, não há necessidade de ação rescisória, podendo-se obter a declaração de inexistência perante o próprio juízo de origem, por meio de ação ou objeção, esteja ou não transcorrido o prazo decadencial da rescisória. Vale ressaltar, no entanto, que o lesado poderá perfeitamente alegar o vício por meio de rescisória. 
2ª) Prevalece a 2ª coisa julgada, a não ser que ela seja desconstituída por ação rescisória. 
- Posição da 2ª Turma do STJ.
- Na doutrina: Pontes de Miranda, Vicente Greco Filho, Barbosa Moreira, Cândido Rangel Dinamarco, Humberto Theodoro Jr.
- Havendo conflito entre duas coisas julgadas, prevalecerá a que se formou por último, enquanto não desconstituída mediante ação rescisória. Assim, em regra, prevalece a segunda sentença transitada em julgado, a não ser que ela seja desconstituída por meio de ação rescisória. Enquanto não for, ela é que vale. Se passar o prazo de 2 anos da rescisória, a segunda valerá para sempre. - Havendo conflito entre duas coisas julgadas, prevalecerá a que se formou por último, enquanto não se der sua rescisão para restabelecer a primeira. A exceção de pré-executividade não serve no caso para substituir a ação rescisória. STJ. 3ª Turma. REsp 1.354.225-RS, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 24/2/2015 (Info 557). STJ. 2ª Turma. REsp 1.524.123-SC, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 26/5/2015 (Info 565).
Em 2018, a polêmica continua, surgindo uma nova posição:
Diante do trânsito em julgado de duas sentenças condenatórias contra o mesmo condenado, por fatos idênticos, deve prevalecer a condenação mais favorável ao réu. Não importa qual processo tenha iniciado antes ou em qual deles tenha ocorrido primeiro o trânsito em julgado. O que irá prevalecer é a condenação que foi mais favorável ao réu. STJ. 6ª Turma. HC 281.101-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 03/10/2017 (Info 616).
#CUIDADO #ALERTA: A 1ª Turma do STF possui um precedente em sentido contrário: Os institutos da litispendência e da coisa julgada direcionam à insubsistência do segundo processo e da segunda sentença proferida, sendo imprópria a prevalência do que seja mais favorável ao acusado. STF. 1ª Turma. HC 101131, Rel. Min. Luiz Fux, Rel p/ Acórdão Min. Marco Aurélio, julgado em 25/10/2011.
7. Relativização da coisa julgada:
Tema dos mais interessantes a respeito da coisa julgada diz respeito à sua relativização, tese defendida por parcela considerável da doutrina nacional. 
Durante dois anos a contar do trânsito em julgado da última decisão proferida

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