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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA Faculdade de Ciências Agronômicas DEPARTAMENTO DE RECURSOS NATURAIS ÁREA DE CIÊNCIA DO SOLO BORO NAS PLANTAS Hélio Grassi Filho 1. INTRODUÇÃO O B é um elemento do grupo dos metalóides, no qual se incluem o Silício e o Germanium. Esses elementos apresentam propriedades intermediários entre os metais e os não metais. O ácido bórico é um ácido muito fraco e em solução aquosa com pH<7,0, ocorre na forma não dissociada, e em pH alto (alcalino), libera uma hidroxônio da água e forma o ânion tetraborato H3BO3 + 2H2O H4BO4-1 + H3O+1 B(OH)3 + 2H2O B(OH)4-1 + H3O+1 Na planta é imóvel no floema, estando envolvido com processos de mitoses, diferenciação e elongação celular, atuando também nos processos de distribuição de carboidratos pelo floema. 1.1. BORO NO SOLO Mineral Primário: Turmalina constitui 95% da reserva de B no solo, porém é muito resistente ao intemperismo; Sedimentos e Folhelos: rápida intemperização; Matéria Orgânica: principal fonte de B no solo, sendo liberado através de mineralização, pois encontra-se ligados a esteres presentes nas membranas celulares. Boro disponível: ocorre nas formas inorgânicas Borato de Ca, Mg e Na, ou associados à esteres(M.O.) Tabela 1: Teor no solo, através de extração por água quente Classe de teores Teor no solo - mg/dm3 Baixo < 0,20 Médio 0,20 - 0,60 Alto > 0,60 1.2. BORO NA PLANTA O B é absorvido pelas plantas na forma de ácido bórico não dissociado, H3BO3. Há dúvidas sobre a natureza do processo de absorção, se passivo ou ativo. O fato de ser a concentração de B celular mais alta que a do meio externo poderia ser assim explicada: o B entra passivamente (canais?) formando complexos não difusíveis e não trocáveis com componentes do citoplasma e da parede celular. Com isso, diminui a concentração de B livre no interior da célula, permitindo que UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA Faculdade de Ciências Agronômicas DEPARTAMENTO DE RECURSOS NATURAIS ÁREA DE CIÊNCIA DO SOLO mais B se difunda a favor do gradiente de concentração e assim sucessivamente até que a concentração de B [B] no tecido seja maior que no meio externo. 1.2.1. ABSORÇÃO a)Via Radicular Forma: H3BO3(pH entre 4,8 e 7,0); H4BO4- (pH > 7,0) Contato íon-raiz: Fluxo de massa Mecanismo: ativo e passivo Faixa de pH ideal: 4,8 a 8,0, ou seja na forma de ácido bórico(H3BO3) Obs: a absorção radicular não sofre efeito de venenos respiratórios encontrados ao redor das raízes, na rizosfera, entretanto estes mesmos venenos respiratórios afetam a absorção do boro via foliar. b) Via Foliar - A absorção via foliar é influenciada pela da temperatura, venenos respiratórios e pela concentração de Cálcio na calda. - É um nutriente de absorção rápida, mas de translocação lenta(idem ao Ca), - e quando aplicado com freqüência acumula-se atingindo logo níveis tóxicos. 1.2.2. TRANSPORTE E REDISTRIBUIÇÃO É muito pouco móvel na planta. O transporte das raízes à parte aérea se dá de modo passivo sob forma inorgânica ou como complexos borato-açúcares, na corrente transpiratória. Admite-se, de modo geral, que é transportado somente no xilema, sendo praticamente imóvel no floema. A falta de redistribuição ou redistribuição insuficiente, melhor dizendo, tem as seguintes conseqüências: (1) os sintomas de carência aparecem primeiramente nos órgãos mais novos e regiões de crescimento; (2) a planta necessita de um suprimento contínuo para viver; (3) a prevenção ou correção da deficiência deve ser feita de preferência através do fornecimento via radicular; como, entretanto, em espécies perenes o movimento ascendente e seu efeito são relativamente lentos, a correção mais rápida da deficência se consegue por aplicações foliares repetidas; - O transporte ocorre via xilema, na forma H3BO3; - e a redistribuição não ocorre no floema, sendo classificado quanto à sua mobilidade como um elemento imóvel 1.3. FUNÇÕES DO BORO (1) Crescimento Meristemático - Divisão celular, diferenciação e alongação celular; (Figura 1) Um aspecto geral da deficiência é o desenvolvimento precário dos tecidos meristemáticos, tanto nas pontas das radicelas como nas dos ramos meristemáticos, tanto nas pontas das radicelas como nas dos ramos: as dificuldades na divisão e diferenciação celulares são a primeira indicação. UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA Faculdade de Ciências Agronômicas DEPARTAMENTO DE RECURSOS NATURAIS ÁREA DE CIÊNCIA DO SOLO Ao que parece, isso se deve à necessidade de B para a síntese de bases nitrogenadas como a uracila, componente essencial do RNA que, por sua vez, é indispensável para a formação de ribossomas que têm 50% do ácido ribonucléico. Síntese de RNA, Formação de ribossomas e síntese de proteínas são processos fundamentais nos tecidos meristemáticos; Os fitohormônios mais conhecidos são o ácido giberélico, o ácio indolilacético (AIA) ou auxina, a citocinina e o ácio abscísico. Nos tecidos carentes em B acumula-se o AIA que, por excesso, inibe o crescimento e a alongação celular, em conjunto com o Ca. A Efeito da deficiência de boro na alongação de raízes de abóbora 0 10 20 30 40 50 0 6 12 18 24 30 36 42 T empo de tratamento (ho ras) Controle Adição de B Sem B B Atividade da AIA oxidase na ausência de B em raízes de abóbora. 0 5 10 15 20 25 30 0 6 12 18 24 30 36 42 Tempo de tratamento (horas) Contro le Adição de B Sem B Figura 1: Efeito da deficiência de boro na alongação (A) e na atividade da AIA oxidade (B) e seções de 5 mm de raízes apicais de abóbora. Aplicação de B após 12 horas de tratamento deficiênte no nutriente (Bohnsack & Albert, 1977) (2) Metabolismo de membrana e metabolismo de carboidratos O B participa do funcionamento das membranas celulares. Em caso de deficiência, diminui a atividade da ATPase, com o que cai a disponibilidade de energia para a absorção iônica ativa e para passagem de açúcares e aminoácidos. Como mostra a figura 2, a deficiência de B desencadeia várias alterações que vão do metabolismo dos açúcares propriamente dito até a membrana celular; O B desempenha um papel na migração dos carboidratos e no metabolismo dos mesmos. Acredita-se que facilita o transporte dos açúcares (representados pela sacarose) através das membranas na forma de complexos açúcares-borato já referido. - Componente da membrana celular (mono e diesteres de B) que se ligam a inúmeras molécula de açúcares-álcool e ácidos urônicos (em particular a manitol, mannan e ácido polimannurônico). Estes compostos servem como fonte para a formação de paredes celulares, como constituinte de hemiceluloses. - Na membrana atua no transporte de açúcares, através da formação de um complexo açúcar borato, que é permeável à membrana celular. O transporte do açúcar pelo floema é realizado pelo K+; - Em contraste, glucose, frutose, galactose e outros derivados da sacarose não são configurações cis- diol e não formam complexos estáveis com o borato; UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA Faculdade de Ciências Agronômicas DEPARTAMENTO DE RECURSOS NATURAIS ÁREA DE CIÊNCIA DO SOLO = C - OH OH ⏐ + B - OH = C - OH OH glicose-1-P ? glicose-6-P ? 6-P-gliconato ? - B - B ribulose-5-P ? ac. 5-himícico ? Fenóis??calose ? + O2 ? - B Quinonas ? ? Radicais O2 Livres ? Alterações no Plasmalema Figura 2: Efeitos do B no metabolismo de carboidratos - alguns orto-difenóis tais como a ácido cafeico e ácido hidroxiferulico são importantes precursores da biossíntese delignina em dicotiledôneas, possuindo configuração cis-diol, podendo então estabelecer complexos estáveis com o borato (3) Fenóis e calose Em presença de B a desidrogenase do 6-Pgliconato é inibida e assim não ocorre o acúmulo de fenóis e a formação de manchas necróticas. A deficiência é acompanhada também pela produção de calose, polissacarídeo parecido com a celulose, obstruindo os tubos crivosos que deixam de funcionar normalmente no transporte de seiva pelo floema; - Garante a fecundação e a germinação do grão-de-pólen - crescimento do tubo polínico devido a formação da parede de crescimento do tubo, utilizando a polimerização de açúcares % de Germinação do tubo polínico 0 20 40 60 80 0 0,5 10 Concentração de B (mg dm-3) Comprimento do Tubo Polínico 0 200 400 600 800 0 0,5 10 Concentração de B (mg dm-3) Quebra de açúcares 0 50 100 150 200 250 0 0,5 10 Concentração de B (mg dm-3) Figura 3: Efeito da concentração de B na germinação de grão de pólen de Lilium longiflorum L., crescimento do tubo polínico e na quebra de açucares no meio (Dickinson, 1978) UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA Faculdade de Ciências Agronômicas DEPARTAMENTO DE RECURSOS NATURAIS ÁREA DE CIÊNCIA DO SOLO - Aumenta a absorção de P, Cl e K através do sistema radicular; - Inibe a quebra do amido; - inibe as fosforilases que quebram o amido; - Transporte de carboidratos até os orgãos de reserva; 1.4. CARÊNCIA DE BORO Visíveis: - Devido à baixa mobilidade do B no floema, os sintoma de deficiência de B aparecem em folhas novas e em regiões de crescimento; - Folhas pequenas, com clorose irregular, deformadas, geralmente mais grossas e quebradiças (acúmulo de carboidratos no floema), com nervuras suberificadas (aparecimento de cortiça) e salientes, podendo às vezes aparecer tons vermelhos ou roxos; - Morte de meristema apical de caule e raiz; - aparecimento de rachaduras no caule em tomateiro e eucalipto; - raízes escuras, com pontas grossas; - o florescimento pode não ocorrer, frutos deformados com lesões externas e internas, cortiça na casca; Anatômicos: parede celular muito fina, e colapso dos vasos condutores; Excesso: clorose reticulada, queima das margens, queima de gemas apicais e de folhas novas; 1.5. NÍVEIS ADEQUADOS Para todas as culturas o nível adequado encontra-se entre 20 a 50ppm de B ou 20 a 50 mg/kg de B. Tabela 2: Níveis adequados e deficientes de B nas folhas para algumas cultura de interesse comercial. Cultura Nível (ppm) Nível (mg kg-1) Adequado Deficiente Adequado Deficiente Café 50 - 60 15 - 20 50 - 60 15 - 20 Cana-de-açucar 15 - 50 - o - 15 - 50 - o - Citros 36 - 100 5 - 10 36 - 100 5 - 10 Abacaxi 63 10 63 10 Cenoura 30 - 100 16 30 - 100 16 Algodão 20 - 30 - o - 20 - 30 - o - Milho 15 - 20 5 - 8 15 - 20 5 - 8 Banana 10 - 25 - o - 10 - 25 - o - Ervilha 100 - 110 - o - 100 - 110 - o - Abacateiro 50 - 100 - o - 50 - 100 - o - Tabela 3: Exportação de boro pela colheita de algumas culturas. Cultura g de Boro/t Café 22,2 Alho 30,0 Algodão 32,5 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA Faculdade de Ciências Agronômicas DEPARTAMENTO DE RECURSOS NATURAIS ÁREA DE CIÊNCIA DO SOLO Tabela 4: Teor de BORO para algumas essencias florestais: Essencia Florestal Teor adequado de boro ppm mg kg-1 Araucária 10 10 Eucalipto 40-50 40-50 Pinus 20-30 20-30 Seringueira 20-70 20-70 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA Faculdade de Ciências Agronômicas DEPARTAMENTO DE RECURSOS NATURAIS ÁREA DE CIÊNCIA DO SOLO 2. MOLIBDÊNIO NAS PLANTAS O requerimento pelas plantas por Mo é mais baixo do que qualquer um dos nutrientes minerais, com exceção do Ni. As funções do Mo na planta estão ligadas às trocas de valência e transferência de elétrons por determinados compostos, principalmente os nitrogenados. 2.1. MOLIBDÊNIO NO SOLO - adsorvidos a óxidos de Ferro e Alumínio; - Matéria Orgânica; - Solúvel - pequena quantidade; - Teor total no solo pode variar entre 0,5 a 5,0ppm, enquanto que o teor disponível varia entre 0,1 a 0,25ppm, extraídos com Oxalato de Amônio pH 3,3 - Lembrando que com a elevação do pH do solo através da calagem, ocorre o aumento da disponibilidade de Mo, isto devido à precipitação dos óxidos de ferro e Alumínio; 2.2. MOLIBDÊNIO NA PLANTA O Mo é absorvido como MoO4-2 quando o pH do meio é igual ou maior do que 5 e como HMoO4-1, quando há maior acidez. Tanto a absorção quanto o transporte a longa distância são estimulados pelo H2PO4-1. O SO4-2, entretanto, inibe a absorção, talvez por competição. A absorção radicular é também diminuída por Cl-1, Cu+2, Mn+2 e Zn+2 e aumentada na presença de Fe+2. 2.2.1. ABSORÇÃO a) Via radicular: Forma: MoO42- Contato íon-raiz: Fluxo de massa Mecanismo: Ativo INTERAÇÕES: - MoO42- x H2PO4- : Com o aumento da concentração de fosfato no substrato há aumento na absorção do molibdato, sendo explicado através de duas hipóteses - Mo e P reagiriam externamente formando um composto mais permeável à membrana celular, o fosfomolibdato; - o molibdato sofreria efeito sinérgico do fosfato, através de modificações no sítio de absorção, o que facilitaria a absorção do molibdato; - MoO42- x SO42- : a presença do sulfato diminuiria a absorção do molibdato, através de uma inibição competitiva pelo mesmo sítio de absorção, sendo que a quantidade de MoO42- na solução é muito menor que a de sulfato; b) Via Foliar O molibdênio é aplicado via foliar principalmente em hortaliças em fase de mudas, ou no campo como no caso das brássicas, que são altamente exigentes em Mo. Utiliza-se como fonte de Mo, os fertilizantes Molibdato de Sódio(39% Mo) e Molibdato de amônio(54% de Mo), na concentração de 0,15 a 0,25% do fertilizante. UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA Faculdade de Ciências Agronômicas DEPARTAMENTO DE RECURSOS NATURAIS ÁREA DE CIÊNCIA DO SOLO 2.2.2. TRANSPORTE E REDISTRIBUIÇÃO Transporte: no xilema forma complexos com os grupos SH- e OH- e outros polihidroxilados; Redistribuição: no floema sua mobilidade é tida como média, e sempre na forma complexada com os grupos SH- e OH-; 2.3. FUNÇÕES DO MOLIBDÊNIO (1) Nitrogenase - responsável pela fixação biológica do N2 - Complexo Ferro proteína e MoFe proteína (Tabela1) - participa da captação do N2 atmosférico pelos nódulos de bactérias presentes nas leguminosas, através da enzima Nitrogenase, onde também atua como sítio ativo da enzima; Tabela 1: Efeito do Mo no crescimento e no conteúdo de N em Alnus glutinosa em solo deficiente em Mo. Parâmetros Mo aplicado Partes da Planta Avaliados (μg por vaso) Folhas Caules Raízes Nódulos PMSeca 0 1,79 0,59 0,38 0,007 (g por vaso) 150 5,38 2,20 1,24 0,132 Nitrogênio 0 22,9 9,2 17,9 27,7 (g kg-1) 150 35,8 11,7 18,3 32,6 (2) Redutase do Nitrato Essa enzima de síntese induzida por nitrato. Quando há deficiência de Mo o N nítrico se acumula nas folhas podendo causar queima, como acontece com os citros: folhas normais tem 0,03 mg Mo kg-1 e cerca de 150 mg kg-1 de N-NO3-1; folhas com 0,02 mg Mo kg-1 chegam a acumular 1000 a 2000 mg kg-1 de N-NO3-1; e mostram queimaduras. A adubação com SO4-2 pode agravar o problema. - participa do metabolismo do nitrogênio através da redutase do nitrato, onde é o sítio ativo da enzima; (Tabela 2) Tabela 2: Efeito do Mo, da forma de N no crescimento, no conteúdo de clorofila, nitrato e ácido ascórbico de plantas de tomateiro ( Hewitt & McCready , 1956) Formas PMseca Clorofila Nitrato Ácido Ascórbico de N (g planta-1) mg (100g)-1 (PMF) (mg kg-1 ) (PMF) mg (100g)-1 (PMF) - Mo + Mo - Mo + Mo - Mo + Mo - Mo + Mo Nitrato9,6 25,0 8,9 15,8 72,9 8,7 99 195 Amônio 15,9 19,4 21,6 17,4 10,4 8,7 126 184 (PMF) peso de matéria fresca - Participa da síntese de ácido ascórbico (vitamina C) e síntese de açúcares; UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA Faculdade de Ciências Agronômicas DEPARTAMENTO DE RECURSOS NATURAIS ÁREA DE CIÊNCIA DO SOLO 2.4. CARÊNCIA DE MOLIBDÊNIO Visíveis: - Clorose malhada generalizada na planta; - Murcha das margens e encurvamento do limbo foliar para cima (tomateiro) ou para baixo(cafeeiro); - Floração suprimida - Sintoma de falta de N em leguminosas; - Brassicas - folhas somente com a nervura principal, sem o desenvolvimento do limbo foliar (rabo de chicote); Químicos: alto teor de nitrato; Excesso: glóbulos amarelo ouro no ápice da planta; 2.5. NÍVEIS ADEQUADOS Para todas as culturas o nível adequado encontra-se entre 0,5 a 1,0ppm de Mo nas folhas, ou 0,5 a 1,0mg/kg de Mo, sendo considerado tóxico níveis acima de 5,0ppm de Mo ou 5,0mg/kg de Mo; Para a semente de soja, o teor ideal de Mo para que não seja necessário adicionar o nutriente juntamente com o plantio está entre 20 a 40ppm de Mo.(Tabela 3) Tabela 3: Relação entre o conteúdo de Mo em semente de soja e a subsequente produção de de semente no campo, em condições de solo deficiêncte em Mo. (Gurley & Giddens, 1969) Conteúdo de Mo nas sementes Produção de Sementes (mg kg-1 do peso de matéria seca) (kg ha-1) 0,05 1505 19,0 2332 48,4 2755 Tabela 4: Níveis adequados e deficientes de Mo nas folhas para algumas cultura de interesse comercial. Cultura Nível (ppm) Nível (mg kg-1) Adequado Deficiente Adequado Deficiente Café 0,10 - 0,15 - o - 0,10 - 0,15 - o - Cana-de-açúcar 0,15 - 0,30 - o - 0,15 - 0,30 - o - Citros 0,1 - 1,0 0,03 - 0,08 0,1 - 1,0 0,03 - 0,08 Espinafre 1,60 0,10 1,60 0,10 Couve-flor 0,4 - 0,8 0,3 0,4 - 0,8 0,3 Algodão 1 - 2 0,5 1 - 2 0,5 Milho 0,15 - 0,20 - o - 0,15 - 0,20 - o - Amendoim 0,15 - 1,40 - o - 0,15 - 1,40 - o - Ervilha 0,6 - 1,0 - o - 0,6 - 1,0 - o - Alfafa 0,40 0,20 0,40 0,20 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA Faculdade de Ciências Agronômicas DEPARTAMENTO DE RECURSOS NATURAIS ÁREA DE CIÊNCIA DO SOLO Tabela 5: Exportação de molibdênio pela colheita de algumas culturas. Cultura g de Mo t-1 Café 0,22 Cana-de-açúcar 0,02 Couve-flor 0,9 Tabela 3: Teor de molibdênio para algumas essências florestais: Essência Florestal Teor adequado de molibdênio ppm mg kg-1 Araucária - o - - o - Eucalipto 0,5 - 1,0 0,5 - 1,0 Pinus 0,1 - 0,3 0,1 - 0,3 Seringueira 1,5 - 2,0 1,5 - 2,0 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA Faculdade de Ciências Agronômicas DEPARTAMENTO DE RECURSOS NATURAIS ÁREA DE CIÊNCIA DO SOLO 3. CLORO NAS PLANTAS Para exercer suas funções as plantas, em geral, não necessitam mais do que 100 g kg-1 de Cl- 1 na matéria seca, e por isso o elemento está na lista dos micronutrientes. Entretanto, o tecido vegetal freqüentemente apresenta 20-200 vezes mais, indicação de que o cloro, ao contrário do que acontece com outros micronutrientes, não é tóxico quando em concentrações relativamente altas 3.1. CLORO NO SOLO Minerais primários: tarquidrita, silvinita, carnalita e halita; Solução: Cl-, sendo muito móvel, encontrado na concentração de 0,2 a 2,0 meq/100cm3; 3.2. CLORO NA PLANTA As plantas absorvem o Cl-1 da solução do solo, mostrando o padrão duplo, isto é, a relação entre concentração e velocidade de absorção corresponde a duas isotermas: a primeira corresponde às concentrações entre 0,1 e 0,2 mM, e a segunda a níveis maiores que 0,5 mM. A absorção é ativa e inibida competitivamente por NO3-1 e SO4-2. 3.2.1. ABSORÇÃO a) Via Radicular Forma: Cl- Contato íon-raiz: Fluxo de massa Mecanismo: ativo [troca Cl-/OH_-] b) Via Foliar Forma: Cl-; 50% do Cl- é absorvido entre 1 a 2 dias; Competição com NO3- e SO42-; 3.2.2. TRANSPORTE E REDISTRIBUIÇÃO Transporte: via xilema ocorre na forma Cl-; Redistribuição: via floema ocorre também na forma Cl-, podendo ser rápido ou lento dependendo da espécie; 3.3. FUNÇÕES DO CLORO (1) Fotossíntese - Fotólise da água no Fotossistema II, Reação de Hill O Cl-1 atua como cofator de uma enzima contendo Mn a qual catalisa a fotólise da água com a liberação de O2. 2H2O 4H+ + 02 + 4e- PSII Mn2+, Cl- UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA Faculdade de Ciências Agronômicas DEPARTAMENTO DE RECURSOS NATURAIS ÁREA DE CIÊNCIA DO SOLO (2) Ativação enzimática Várias enzimas são estimuladas pelo Cl-1, entre elas uma a ATPase localizada no tonoplasto e outras vesículas fechadas (Tabela 1); estaria aqui a explicação para o fato que, quando se fornece à folhas do cafeeiro ZnSO4 + KCl aumenta consideravelmente a absorção de Zn; Tabela 1: Efeitos do sais na ATPase das bombas de prótons das vesículas do tonoplasto (Mettler et al., 1982) Sais Estímulo à ATPase (10mM íon monovalente) (% do controle) Íons não monovalentes 10 KCl (controle) 100 NaCl 102 NaBr 87 KNO3 21 K2SO4 3 (3) Íon Acompanhante Como o Cl-1 é um elemento muito móvel e tolerado em altas concentrações, é idealmente adequando para manter o balanço de cargas elétricas quando os cátions, como o K+1, movem-se através das membranas celulares; - Inibição da degradação de proteínas; (4) Síntese de asparagina; NH3 Glutamina Asparagina + Ácido Glutâmico ` sintetase da asparagina (Cl-1) (5) Osmo-regulação O processo de ajustamento osmótico ocorre quando solutos como Cl-1 acumulam-se na célula fazendo com que o potencial da água dentro dela caia abaixo do potencial externo; o gradiente de potencial da água resultante faz com que a mesma entre na célula e o plasmalema se expanda contra a parede celular rígida, que resulta num aumento na turgescência; os estômatos se abrem quando a água entra na células-guardas fazendo-as tornar-se mais rígidas; o influxo da água é causado por um aumento na concentração dos solutos o que, por sua vez, faz com que o potencial intracelular da água torne-se mais negativo; os principais solutos no caso, são o K+1, o Cl-1 e o malato; 3.4. CARÊNCIA DE CLORO Visíveis: - diminuição do tamanho das folhas; - murchamento de folíolos, clorose, bronzeamento e necrose; - suspensão de frutificação; - raízes curtas, não ramificadas; UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA Faculdade de Ciências Agronômicas DEPARTAMENTO DE RECURSOS NATURAIS ÁREA DE CIÊNCIA DO SOLO 3.5. NÍVEIS ADEQUADOS Nível adequado pode variar entre 0,01%(macieira) a 2,70% (cafeeiro); Nível tóxico: > que 5,0% Espécies e variedades mostram diferenças na sua tolerância ao excesso de Cl-1 no meio, o que pode ser absorvido: nas mesmas condições, a variedade de soja “Paraná”, sensível, acumula 3.000mg kg-1 nas folhas; a “Lee 68”, intermediária, apresenta cerca de 4.000 mg kg-1 e a IAC-3, tolerante, apenas 1.000-2.000 mg kg-1. O efeito da toxidez de Cl- pode às vezes ser diminuído pela presença de CaSO4.2H2O no substrato.
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