Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Noções de Administração p/ Técnico Adm. da ANS Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 59 Aula 5: Administração de Recursos Materiais Olá pessoal, tudo bem? Chegamos ao final do nosso curso. Nessa aula, iremos cobrir o seguinte tópico: � Noções de administração de recursos materiais. Irei trabalhar com muitas questões do Cespe, ok? Espero que gostem da aula! Noções de Administração p/ Técnico Adm. da ANS Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 59 Sumário Administração de Materiais. ...................................................................... 3 Administração de Estoques ..................................................................... 4 Previsão para os estoques .................................................................... 5 Custos dos Estoques ......................................................................... 8 Níveis de Estoque .......................................................................... 10 Classificação ABC ......................................................................... 15 Avaliação de Estoques ..................................................................... 16 Just-in-time ................................................................................. 18 Administração de Compras ................................................................... 20 Estratégias do Setor de Compras .......................................................... 22 Etapas no procedimento de compras ...................................................... 25 Compras no Setor Público - Licitações ...................................................... 26 Licitações ................................................................................... 26 Vedação de licitação ....................................................................... 30 Tipos de Licitação .......................................................................... 30 Modalidades de Licitação .................................................................. 31 Almoxarifado ................................................................................. 38 Identificação do Material .................................................................. 40 Picking ...................................................................................... 40 Inventários .................................................................................. 42 Lista de Questões Trabalhadas na Aula. ........................................................ 53 Gabaritos. ........................................................................................ 58 Bibliografia ...................................................................................... 58 Noções de Administração p/ Técnico Adm. da ANS Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 59 Administração de Materiais. Uma empresa, para um bom funcionamento, precisa administrar diversos tipos de recursos. Por exemplo, temos recursos materiais, financeiros, humanos, mercadológicos, etc. Os recursos materiais englobam todos os meios físicos de que dispõe uma organização, indo desde aqueles relacionados à sua infraestrutura (um prédio, por exemplo) até mesmo aos materiais auxiliares (papel A4, por exemplo)1. Assim, a gestão de materiais consistiria em todo o ciclo de manutenção dos recursos materiais utilizados, iniciando com o planejamento e finalizando com o controle das ações que manterão a continuidade das atividades de abastecimento da organização. A importância da Administração de Materiais vem do fato de ser de extrema necessidade se saber a quantidade de certos materiais que deverá ser reposta em um determinado período, conforme a demanda dos usuários finais. Portanto, a Administração de Materiais controla o fluxo de materiais da empresa, com a finalidade não deixar de fornecer o produto ao comprador final, podendo, inclusive, contribuir para o aumento dos lucros da organização. Vale destacar que “A Administração de Materiais tecnicamente bem aparelhada é, sem dúvida, uma das condições fundamentais para o equilíbrio econômico e financeiro de uma empresa. Tratar adequadamente do abastecimento, do planejamento e do reaproveitamento de materiais contribui para a melhoria do resultado de qualquer organização2”. Vale ressaltar que, na esfera pública, normalmente, o volume a ser adquirido é muito grande, o que torna a aquisição bastante onerosa. Por isso, é de extrema importância que não se permita a utilização de recursos desnecessários. Portanto, devem-se evitar superfaturamentos nos valores de materiais adquiridos, além de ser indispensável o controle no estoque para impedir desvios e roubos. O campo de atuação da Administração de Materiais é amplo. Passa pela gestão de compras, almoxarifado, gestão de estoques, planejamento e transporte. 1 (Fenili, 2011) 2 (Francischini & Gurgel, 2004) Noções de Administração p/ Técnico Adm. da ANS Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 59 Vamos passar então para o estudo dos principais campos de atuação da Administração de Materiais? Administração de Estoques A gestão de estoques é essencial em qualquer organização pelo fato de envolver vários setores, como o de vendas, o financeiro, o produtivo. Além do mais, um negócio para alcançar êxito, com obtenção de lucros, terá que priorizar objetivos como um bom atendimento ao consumidor, redução dos custos e, finalmente, mínimo investimento nos estoques. Dessa forma, o estoque é fundamental para que uma empresa possa atender plenamente a procura de produtos dos seus clientes, já que não se consegue saber quando haverá procura pelos materiais e não se conseguirá repor de forma rápida um item faltante caso um cliente demande. Para não deixar de vender e até perder o cliente para a concorrência, faz-se necessário ter o mínimo de estoque. Mas porque o estoque deve ser o menor possível? Pessoal, falamos em um estoque mínimo porque os custos em manutenção de produtos em estoque são altos. Grandes estoques oneram bastante as empresas, pois demandam investimentos em espaços para armazenagem. Além disso, este capital poderia ser aplicado em outras áreas, ampliando a capacidade e a lucratividade da empresa. Ou seja, investindo demasiadamente em estoque, a organização deixará de investir em outros setores. Por isso o setor financeiro de uma organização preza a existência de um nível de estoque mínimo - para ter mais recursos disponíveis. Em contrapartida, outros setores da empresa preferem que o estoque seja maior, como o setor de vendas e o de produção. Ora pessoal, a lógica é simples: quem não quer perder uma venda não quer nem sonhar que falte produto demandado pelo cliente no estoque, não é verdade? Da mesma forma, quem trabalha na linha de produção não quer que seu trabalho fique prejudicado por faltar insumo necessário no estoque. Com isso, nota-se que, dentro da organização, existe um antagonismo de interesse entre os mais variados setores. Noções de Administração p/ Técnico Adm. da ANS Teoria e exercícios comentadosProf. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 59 A definição de estoque se enquadraria no seguinte: “Materiais, mercadorias ou produtos acumulados para utilização posterior, de modo a permitir o atendimento regular das necessidades dos usuários para a continuidade da empresa, sendo o estoque gerado, consequentemente, pela impossibilidade de prever-se a demanda com exatidão3.” A classificação de materiais pode-se dar da seguinte forma: Figura 1. Classificação de materiais Previsão para os estoques Um bom planejamento sobre a previsão de utilização de materiais em estoques é essencial para uma perfeita administração desses estoques em uma empresa. Portanto, devem-se prever as necessidades de tipos de materiais que serão utilizados, as quantidades, como deverão ser estocados etc. 3 (Viana, 2000) apud (Teixeira, 2010) •Insumos empregados na produção; •Exemplo: fábrica de vidro, utiliza como matéria- prima a areia. Matérias-primas •Produtos aproveitados na elaboração do produto final da empresaProdutos em processo •Produtos finalizados, podendo ser comercializados Produtos acabados •Materias essenciais para a manutenção da empresa e não utilizados no processo de fabricação do produto final •Exemplo: materiais de limpeza Materiais auxiliares e de manutenção Noções de Administração p/ Técnico Adm. da ANS Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 59 A previsão de consumo pode-se dar por diversas regras, como: a projeção, a explicação e a predileção. Na projeção, o pensamento utilizado é o de que a quantidade consumida no passado permanecerá constantemente. Logo, se, durante doze meses, o consumo aumentou 20% (vinte por cento), deve-se aumentar a quantidade de materiais, para o período seguinte, em 20% (vinte por cento). Na explicação, acumulam-se fatores diversos ao consumo do período, como a variação do Produto Interno Bruto. Para realizar esse acúmulo, são aplicada técnicas de correlação e de regressão. Finalmente, na predileção, se observa a previsão de consumo de forma mais subjetiva (ou qualitativa). Nessa regra, os funcionários especialistas, os analistas do mercado consumidor são ouvidos. Eles expõem suas percepções sobre a inclinação do consumo nos negócios. Quando os valores puderem ser quantificados, utilizam-se as técnicas quantitativas. As técnicas mais relevantes são: método do último período, método da média móvel, método da média móvel ponderada. Vamos ver cada uma delas agora? Figura 2. Principais técnicas quantitativas Método do Último Período Esse método é o mais fácil de compreender. Ora, pessoal, quando o valor de referência quantitativo para se realizar as compras no período Técnicas Quantitativas Método do Último Período Método da Média Móvel Método da Média Móvel Ponderada Noções de Administração p/ Técnico Adm. da ANS Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 59 seguinte for o mesmo que se consumiu no período anterior, estaremos utilizando o Método do Último Período. Logo, se uma organização consumiu, no mês de junho, 500 (quinhentas) unidades de um determinado produto, ela irá comprar, para o mês de julho, 500 (quinhentas) unidades desse produto, e assim por diante. Método da Média Móvel O método da média móvel nada mais é do que a média aritmética do período solicitado. Esse método também é muito simples, pois basta que se calcule o somatório da quantidade de um período de “n” meses e divida pela quantidade “n” de períodos. Entretanto, essa média possui um defeito que é a possibilidade de ser distorcida em casos de valores extremos. E também coloca todos os períodos no mesmo patamar de importância, logo os primeiros meses possuem o mesmo peso que os últimos meses. Vejamos como pode ser cobrado em provas de concurso: Figura 3. Média móvel Caso, na questão da prova, solicite que você calcule a média móvel dos três últimos meses de consumo, você deverá somar os valores dos consumos dos três últimos meses e dividir pelo número de meses, senão vejamos: (300+200+400) 3 =300 A questão então teria como gabarito o número 300. Sem maiores dificuldades, não é mesmo? Meses Janeiro Fevereiro Março Abril Quantidade 100 300 200 400 Noções de Administração p/ Técnico Adm. da ANS Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 59 Método da Média Móvel Ponderada Como todos sabem, na matemática a média ponderada seria a média aritmética acrescida de pesos. Dessa forma, a média móvel ponderada também será a média móvel com a aplicação de pesos. Logo, o cálculo se daria pelo somatório das quantidades mensais (multiplicadas pelo peso) e dividido pelo total de meses solicitado na questão também multiplicado pelo peso dado a eles. Vale ressaltar que as organizações preferem dar maior importância ao período mais recente, atribuindo-lhes maiores pesos. Vejamos como se resolveria o problema anterior pela média móvel ponderada. Figura 4. Média Móvel Ponderada Os meses mais recentes receberão pesos maiores, logo o mês de abril terá peso 3 (três), o mês de março, peso 2(dois), e o mês de fevereiro, peso 1 (um). Notem agora como a questão seria resolvida: ��300×1�+�200×2�+(400×3)� 1+2+3 = 300+400+1200 6 =1650,00 Só um último lembrete. Caso seja indivisível, devemos arredondar o valor final pra cima, ok? Custos dos Estoques Vamos estudar agora o custos de estoques. Sabe-se que, para manter um estoque em ótimo estado de conservação, de utilização, de Meses Janeiro Fevereiro Março Abril Quantidade 100 300 200 400 Noções de Administração p/ Técnico Adm. da ANS Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 59 manutenção, a organização deverá arcar com alguns gastos, não é verdade? Veremos agora os custos predominantes ligados aos estoques. Figura 5. Custos dos Estoques Custos de Armazenamento Cada tipo de produto ou insumo utilizado em uma organização tem uma forma de ser guardado de modo que não se deteriore por falta de cuidado na armazenagem. O ambiente de armazenagem deve ser bem estruturado, com iluminação, umidade, ventilação, espaço adequados para todo o estoque. Também se deve lembrar que funcionários que cuidarão desse local devem ser bem treinados para evitar qualquer erro que traga aumentos nos custos ou desperdício provocado por perda de produtos devido ao mau armazenamento. Normalmente, esses custos de armazenamento são fixos. Inserem- se a eles os valores pagos para seguradoras, para o aluguel (caso o local seja alugado), bem como os materiais utilizados na armazenagem, como caixas, sacos de papel ou plásticos, etc. Além dos custos citados, há ainda outros custos relacionados ao armazenamento, com depreciação, juros, produtos obsoletos, entre outros. Custos de Pedido Esse tipo de custo é considerado como inversamente proporcional à quantidade média de estoque. Isto é, o custo de pedido aumenta à medida que decresce a quantidade média em estoque. Custo de Armazenamento Custos de Pedido Custos de Falta de EstoqueNoções de Administração p/ Técnico Adm. da ANS Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 59 Vocês devem estar se perguntando o que seriam esses custos de pedido. Bom, eles são nada mais que os custos realizados na ocasião em que é feito o pedido de compra. Assim sendo, englobam todos os gastos envolvidos nesse procedimento. São exemplos de custos de pedidos: � a) gastos com telefone; � b) mão de obra; � c) material de escritório; � d) energia elétrica, etc. Custos de Falta de Estoque Esse tipo de custo, normalmente, não conseguimos medir facilmente. Quando falta estoque em uma organização, algum prejuízo acaba ocorrendo. Perdemos vendas, perdemos clientes, perdemos até uma imagem positiva perante nossa clientela. Assim, estas faltas podem estar relacionadas a uma tentativa arriscada da organização em diminuir os custos de estocagem, tendo o mínimo de produtos em estoque. Portanto, o risco existe da empresa não ter o produto a ser entregue ao consumidor na data marcada, recaindo penalidades por não respeitarem o prazo de entrega. Ainda pior, a empresa ficará com uma má “fama” no mercado, não é verdade? O custo de falta de estoque é considerado como um custo qualitativo, e não quantitativo, como os anteriores. Isso porque muitas vezes não conseguimos prever ou calcular qual o tipo de prejuízo a organização sofrerá caso ele venha acontecer. Entretanto, mesmo sendo complicada a medição, devemos levar em consideração o custo por falta de estoque. Níveis de Estoque Variados fatores contribuem para se planejar de forma satisfatória os níveis dos estoques de uma organização. Dentre eles, temos: a) quantidade do estoque disponível atualmente; b) tempo necessário para realizar a entrega de um material; c) tendência de consumo no mercado. Noções de Administração p/ Técnico Adm. da ANS Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 59 Veremos agora alguns gráficos que demonstram circunstâncias prováveis de níveis de estoque em uma empresa. Primeiramente, temos o estoque inicial de um produto. Na medida em que ele vai sendo consumido, a quantidade vai se reduzindo até chegar ao ponto em que o estoque chega a um nível baixo. Neste ponto, a empresa enviará um pedido ao fornecedor daquele produto, que encaminhará uma nova entrega, repondo o estoque. A partir daí, o ciclo recomeça. Como isso, o gráfico corresponde a um “dente de serra”, como vemos abaixo: Figura 6 - Gráfico "dente de serra" Vale lembrar que o fornecedor poderá não ser tão pontual em repor o estoque no instante em que ele zerar, logo o gráfico, na prática, pode não ser exatamente como o de cima. Outro fator que pode distorcer um pouco o gráfico seria o fato de o consumo do produto em estoque não ser linear. Por causa dessas distorções, a empresa deve se assegurar de que a linha de produção dela não pare por faltar algum produto no estoque. Para isso, ela deve conservar um estoque mínimo, também conhecido como “estoque de segurança”. Abaixo, podemos visualizar um gráfico com a presença do estoque de segurança em uma empresa. Percebam que a organização mantém uma quantidade de 300 unidades que espera não precisar utilizar. Noções de Administração p/ Técnico Adm. da ANS Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 59 Se algo ocorrer de errado, como um atraso na entrega pelo fornecedor, o seu ritmo de produção estará seguro (por algum tempo) até seu estoque ser reposto. Figura 7 - Estoque de Segurança Portanto, o estoque mínimo tem a finalidade de ser a “poupança forçada” que será mexida apenas quando houver necessidade para tal. E qual a quantidade que a empresa deve manter de estoque de segurança? Para responder esse questionamento, a empresa calcula o tempo necessário para que o estoque consiga ser reposto. Esse tempo é denominado de “tempo de ressuprimento”. O cálculo do tempo de ressuprimento se faz medindo o tempo total que leva para a empresa fazer o pedido até a entrega e distribuição do produto pelo fornecedor à organização. Existem outros dados que devem ser levados em consideração. Seriam o consumo médio e o ponto de pedido. � Consumo médio é a velocidade de consumo do material em estoque; � Ponto de pedido é aquele instante que a empresa envia o pedido ao seu fornecedor, evitando “cair” no estoque mínimo. O cálculo do consumo médio se dá, mais uma vez, por meio da média aritmética dos últimos meses. Com o valor do consumo médio, é possível obter o ponto de pedido. Atenção para a fórmula para o cálculo do ponto de pedido (PP): Noções de Administração p/ Técnico Adm. da ANS Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 59 PP=�Consumo Médio ×TR�+ Estoque Segurança. Exemplificando: Em uma empresa, o tempo de ressuprimento é de 60 (sessenta) dias (2 meses); O estoque de segurança é de 45 (quarenta e cinco) unidades; O consumo médio é de 300 (trezentas) unidades por mês. Pede-se para calcular o Ponto de Pedido da empresa. Nosso Ponto de Pedido seria: PP=�300 × 2�+45=645 Sendo assim, a empresa deverá fazer um pedido aos fornecedores quando o seu estoque estiver com 645 unidades. Uma organização se utiliza também de mais um indicador: o giro de estoque. Este indicador é “uma medida conveniente para saber se os estoques estão sendo utilizados com eficiência4”. “O giro de estoque, ou rotatividade, é uma relação existente entre o consumo anual e o estoque médio do produto5”. Esse conceito que acabamos de transcrever, nos remete a formula para o cálculo do giro de estoque de uma empresa. Giro de Estoque= Consumo anual Estoque médio Como podemos perceber, o giro de estoque de uma empresa é a quantidade de vezes em que um produto é reposto no estoque dentro de um determinado tempo. Portanto, quanto maior a rotatividade, maior a quantidade de vendas de um produto utilizando um mesmo investimento inicial. Exemplificando: Calcule o giro de estoque de um produto que fora consumido pela empresa durante um ano. O consumo total foi de 3000 (três mil) unidades e o estoque médio no período foi de 400 unidades. 4 (Arnold, 1999) 5 (Dias M. A., 2009) Noções de Administração p/ Técnico Adm. da ANS Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 59 Giro de Estoque= 3000 400 =7,5 Dessa forma, o estoque teve um giro de 7,5 vezes dentro do período de um ano. Vamos ver como este tema já foi cobrado? 1 - (ESAF – SUSEP / ADM FINANCEIRA – 2010)Com base nos seguintes dados sobre o consumo de um material qualquer, assinale a opção que indica, corretamente, o ponto de pedido (P) e a quantidade (Q) a ser adquirida em cada pedido: - consumo mensal: 50 unidades. - tempo de reposição: 1,5 mês. - estoque mínimo: 2,0 meses de consumo. a) P = 175 // Q = 75 b) P = 100 // Q = 50 c) P = 150 // Q = 75 d) P = 175 // Q = 50 e) P = 150 // Q = 50 “A quantidade em estoque que, quando atingida, deve acionar um novo processo de compra ou fabricação é chamada de ponto de pedido.6” O cálculo, portanto, será feito seguindo a fórmula que vimosanteriormente, senão vejamos: PP=�C Médio ×TR�+ Estoque Seg. PP=�50×1,5�+ (2x50) = (75) + (100) = 175 Agora, a quantidade a ser adquirida em cada pedido se dá por meio da seguinte fórmula: QP=�Consumo x TR� QP=�50 x 1,5� � 75 6 (Francischini & Gurgel, 2004) Noções de Administração p/ Técnico Adm. da ANS Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 59 Dessa forma, o gabarito é letra A, pois o PP é de 175 unidades e o total da quantidade a ser comprada será de 75 unidades. Classificação ABC A curva ABC “permite identificar aqueles itens que justificam uma atenção e um tratamento mais atento pelo gestor. Obtém-se a curva ABC através da ordenação dos itens conforme a sua importância relativa7”. A curva ABC busca identificar quais são os itens mais relevantes do estoque, ou seja, aqueles que causam o maior impacto na operação da empresa. O método utilizado na curva ABC segue o Princípio de Pareto, que demonstra que, normalmente, 20% dos fatores geram cerca de 80% dos efeitos. Assim sendo, estes itens devem ser monitorados de perto para que não faltem. A Classificação ABC possui três classes, conforme podemos observar no gráfico abaixo: Figura 8. Classificação ABC 7 (Dias M. A., 2009) •Itens mais importantes. Cabe à organização dispor maior cautela a esses itens, já que afetam consideravelmente seu resultado. •Geralmente estão em menor percentual, em torno de 20% da totalidade; Classe A •Seguindo a lógica, essa classe possui itens de relevância média dentro da empresa. No entanto, não são considerados insignificantes;Classe B •Estes itens são aqueles em maior quantidade dentro do estoque da organização. Mesmo assim, não possuem o poder de influenciar, como os anteriores. •Mesmo sendo de baixa relevância, devem ter um controle e um acompanhamento efetivo. Classe C Noções de Administração p/ Técnico Adm. da ANS Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 59 Para entendermos melhor, vamos a um exemplo. Suponha uma grande rede de venda de móveis. No estoque dela, o que terá maior relevância seriam itens como sofás, por exemplo. São os itens mais vendidos na loja. Esse produto, logicamente, impactará de forma mais relevante no resultado da organização, não é verdade? Ora, por causa da relevância, esse produto terá uma monitoração mais cuidadosa. Seguindo o raciocínio, essa rede de lojas de móveis também possui em seu estoque itens como parafusos. Pessoal, tal produto não causa tanto impacto como um sofá dentro do estoque, concordam? Mesmo que vendam constantemente, os valores vendidos não somarão um montante grande. Diante disso, conclui-se que itens, como parafusos, nesse tipo de empresa, podem ter um monitoramento por amostragem, isto é, não precisam ser acompanhados de tão perto. A curva ABC apresenta, conforme a maioria dos autores, a seguinte característica: Figura 9 - Curva ABC. Fonte: http://www.sobreadministracao.com/o-que-e-e-como-funciona-a-curva-abc- analise-de-pareto-regra-80-20/ Avaliação de Estoques Muitas vezes devemos saber quanto temos em estoque em um determinado momento. Noções de Administração p/ Técnico Adm. da ANS Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 59 “A Administração de Materiais não se resume apenas a controlar a quantidade de materiais em estoque à disposição dos setores produtivos e administrativos da empresa, mas refere-se também à sua valoração, ou seja, fornecer o volume financeiro pelo qual esse material está sendo estocado e utilizado nos produtos finais fabricados8”. Para se medir o valor dos produtos inclusos no estoque, uma empresa pode utilizar três métodos distintos: � Custo Médio: Resultado da divisão entre o valor do custo total de certo item estocado e a quantidade desse item em estoque. O item que sair do estoque sairá com o valor do custo médio. Este método tem a característica de reduzir as variações do custo; � PEPS (Primeiro a Entrar, Primeiro a Sair): Este método privilegia a sequencia temporal das entradas do item no estoque. Dessa forma, o primeiro item que entrou no estoque, será o primeiro a sair. O item que sair do estoque sairá com valor unitário dele. Este método tem a característica de preservar a atualização do valor do estoque; � UEPS (Último a Entrar, Primeiro a Sair): Este método é o contrário do anterior. Nele, o último item que entrar no estoque, será o primeiro a sair, sendo o seu valor aquele que será utilizado para se alcançar o total do custo. Uma desvantagem desse método é que os preços dos itens estocados muitas vezes não estarão atualizados. Vejamos como esse assunto já foi cobrado em prova de concurso. 2 - (FCC – MPE-SE – ANALISTA – 2009) No processo de avaliação de estoque, quando a saída do estoque é feita pelo preço do último lote a entrar no almoxarifado o método de avaliação utilizado denomina-se: a) custo ajustado. b) UEPS ou LIFO. c) PEPS ou FIFO. d) custo médio. e) custo de reposição. 8 (Francischini & Gurgel, 2004) Noções de Administração p/ Técnico Adm. da ANS Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 59 Observem que a saída do estoque é feita com base no preço do último lote. Já vimos que isso segue o método UEPS (Último a entrar, Primeiro a Sair). Este método também pode ser denominado de LIFO (Last In, First Out). Dessa forma, o gabarito é letra B. Just-in-time A filosofia Just-in-time (JIT) é uma política utilizada por uma organização em manutenção de estoques. De acordo com essa filosofia, a produção, em uma empresa, deve evitar qualquer tipo de estrago ou perda no processo. Para isso, ela deveria manter o sistema produtivo em melhoria constante. Dessa forma, a organização manterá o estoque mínimo possível, produzindo, necessariamente, o que for demandado pelo consumidor. Para se alcançar êxito com essa filosofia, tanto quem vende, quanto quem compra, devem colaborar entre si, e não competir. A empresa deve ter um relacionamento de parceira com seus fornecedores. Esta parceria envolve contratos de prazo mais longo e maior troca de informação. Isto é, eles devem confiar um no outro. A empresa fornecedora deve ter garantias de que será a escolhida sempre que a empresa compradora necessitar de seus produtos e matérias primas. Além disso, esta fornecedora deve ter dados precisos sobre o consumo da cliente, para que possa programar suas entregas. Por outro lado, a empresa fornecedora deve garantir a entrega dos produtos em um prazo muito curto, muitas vezes menor do que um dia (24 horas). Assim, o sistema JIT “puxa” a produção conforme a demanda do produto. “Um sistema de “puxar” estoques significa que qualquer movimento de produção somente é liberado na medida da necessidade sinalizada pelo usuário da peça ou componente em fabricação9”. Isso permite evitar gastos grandes ao ter que manter estoque. Como objetivos do JIT, têm-se: 9 (Dias M. A., 2009) Noções de Administração p/ Técnico Adm. da ANS Teoria e exercícios comentadosProf. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 59 Figura 10. Alguns elementos da filosofia JIT Vamos ver mais uma questão? 3 - (CESGRANRIO – TERMOAÇU – ADMINISTRADOR JR – 2008) Qual é uma das principais características da programação Just in Time de suprimentos? (A) Relações privilegiadas com poucos fornecedores. (B) Garantia de produtos aos consumidores com grandes estoques. (C) Aumento do tempo de suprimento entre o fornecedor e a empresa. (D) Aumento do tempo e dos custos associados, que permite alcançar boas soluções. (E) Uso da informação eficiente para gerar estoques e atender aos consumidores. Na filosofia JIT, uma organização se relacionará com uma quantidade baixa de fornecedores. No entanto, estes fornecedores devem dar a garantia de que lhes venderá sempre que a empresa necessitar. Com isso, está certa a letra A. A finalidade de se utilizar o JIT é exatamente o contrário do que está exposto na letra B, pois o que se busca é ter o menor estoque possível e não grandes estoques. Portanto, a letra B está incorreta. O tempo de ressuprimento entre o fornecedor e a empresa deve ser diminuído, por isso a letra C está errada. A letra D também está Flexibilização no processo produtivo Envolvimento dos empregados Menor tempo para produzir Maior parceria com o fornecedores de insumos e peças Fluxo de produção contínuo "Puxar" estoques Noções de Administração p/ Técnico Adm. da ANS Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 59 incorreta, pois além de conter o mesmo erro da letra C, ele apresenta outro defeito. Os custos devem ser reduzidos, uma vez que a ideia é manter o estoque o mínimo possível. E, por último, a letra E também está errada. O uso da informação eficiente não serve para gerar estoques. Ela deve ser aproveitada para diminuí-los o máximo possível. O gabarito, portanto, é a letra A. Administração de Compras Para que tenhamos estoques nas nossas organizações, devemos primeiro compra-las. Este processo de compras é o responsável para que a empresa consiga receber seus itens necessários em um prazo adequado, com a qualidade desejada e a um preço competitivo. É nesse setor onde se inicia todo o processo para o alcance do êxito de uma organização, pois a aquisição de bens e serviços essenciais para a elaboração do produto final deve possuir uma tática diferenciada com o objetivo de diminuir os custos, sem prejudicar na qualidade e no prazo final de entrega. Um grande cuidado que um setor de compras deve ter é no prazo de entrega dos insumos pelos seus fornecedores. Caso o prazo não seja obedecido e o estoque da empresa fique comprometido, a organização poderá ter perdas na entrega do produto final ao cliente. Além dos problemas já mencionados, pode, inclusive, reduzir a confiança do consumidor o qual poderá migrar para a organização concorrente, reduzindo a fatia do mercado, gerando quedas nos lucros. Imagine, por exemplo, o prejuízo que uma organização teria ao faltar um insumo essencial na produção de seu produto final ou ao utilizar um produto com qualidade questionável. Com tudo isso, portanto, percebe-se que a empresa deve possuir uma gestão de compras eficaz para alcanças as metas traçadas anteriormente pelos gestores responsáveis. O setor de compras de uma organização deve ser “dirigido” por pessoas capacitadas, com conhecimento atualizado dos produtos que serão adquiridos, além de conhecimento de produtos alternativos que permitam uma permuta em caso de falta daqueles, sem nenhuma queda na qualidade. Os profissionais dessa área devem ser técnicos especializados, além de saber distinguir cada fornecedor, tendo habilidade para negociar e garantir uma compra com a qualidade desejada ao mais baixo custo, dentro de um prazo de entrega considerado adequado para o abastecimento do estoque da empresa. Noções de Administração p/ Técnico Adm. da ANS Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 59 O comprador atual deixou de ser um “tirador” de pedidos para exercer os papeis de pesquisador, consultor, e analista de valor (custo x benefício) (...), procurando agregar serviços que levem ao aumento da lucratividade10. A doutrina divide a relação entre os compradores e fornecedores de duas formas: visão ganha-perde e visão ganha-ganha. Na visão ganha-perde, a área responsável pelas compras da organização procura sempre obter maiores vantagens nas negociações. Ela acredita que, para alcançar êxito, deverá sempre tirar o maior proveito no processo negocial, em detrimento da outra parte. Na visão ganha-ganha, o relacionamento comprador-vendedor deve ser proveitoso para ambos os lados. Dessa forma, o comprador não visualiza o fornecedor como seu adversário. Pelo contrário, ele busca obter uma parceria com alcance de vantagens para os dois. Dessa forma, ele enxerga esse relacionamento como fundamental para o desenvolvimento da empresa ao longo prazo. Estará, assim, construindo um relacionamento positivo o qual firma uma parceria de confiança, gerando proveito para todos, além de um relacionamento mais duradouro. Os objetivos da função de compras podem ser sintetizados da seguinte forma11: � Obter mercadorias e serviços na quantidade e qualidade necessárias. Para isso, deve determinar as especificações de compra: qualidade certa, quantidade certa e entrega certa (tempo e lugar). � Obter mercadorias e serviços a menor custo. Para isso, deve selecionar o fornecedor (fonte certa); � Garantir o melhor serviço possível e pronta entrega por parte do fornecedor. Para isso deve negociar os termos e as condições de compras; � Desenvolver e manter boas relações com os fornecedores e desenvolver com os fornecedores potenciais. Para isso, deve emitir e administrar pedidos de compra. Outros objetivos da função de compras detectados na doutrina seriam garantir as compras de produtos com maior rapidez; conservar um 10 (Monte Alto, Pinheiro, & Alves, 2009) 11 (Arnold, 1999) Noções de Administração p/ Técnico Adm. da ANS Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 59 cadastro de vendedores; criação de meios para o alcance de administração adequada dos procedimentos de aquisição. Por fim, vale ressaltar que o setor de compras deve ser o mais transparente possível, uma vez que administra uma soma alta de recursos na organização. Dessa forma, garante os princípios morais exigidos nesse tipo de atividade. O setor de compras realiza várias ações. Dentre as primordiais, teríamos as seguintes12: Figura 11 - Principais atividades do Setor de Compras. Adaptado de: (Fenili, 2011) Estratégias do Setor de Compras A função de compras em uma organização segue certas estratégias, como: centralização, descentralização; horizontalização, verticalização. Veremos a seguir um pouco de cada uma delas. Centralização Quando se discute como o setor competente pela organização das compras de uma empresa deve atuar, está se tratando da funcionalidade dessa área específica. 12 (Fenili, 2011) Manutenção do Cadastro de Fornecedores Emissão de Pedidos de Compras Pesquisa de Preços Seleção dos Fornecedores Follow-up ou diligenciamento do produto / fornecedorNoções de Administração p/ Técnico Adm. da ANS Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 59 A responsabilidade pelo ciclo de compras de uma empresa pode ficar sob a guarda de um único setor. Quando isso ocorre, fala-se em centralização do setor de compras. Na centralização, todo o processo de aquisição é centralizado em apenas um setor da empresa. As principais vantagens dessa centralização são: � Concentração das compras em apenas um setor; � Redução de possibilidade de aquisição do mesmo produto em quantidades superiores às reais necessidades; � Controle mais eficiente das compras pela organização; � O setor tem a possibilidade de alcançar melhores preços na compras já que irá adquirir maiores quantidades do fornecedor, podendo ampliar seu poder de negociação; � Impede a compra do mesmo produto com variedade de preços, já que não serão adquiridos por compradores distintos. Descentralização Quando a responsabilidade pelas compras de uma empresa ficar a cargo de vários órgãos da mesma organização, dizemos que ocorre uma descentralização no regime de compras da empresa. Se determinada empresa possuir diversas unidades espalhadas fisicamente por vários lugares, dentro da cidade, ou em estados diferentes, ou até em outros países, recomenda-se que o regime de compras se dê de maneira descentralizada. Dentre as principais vantagens desse tipo da descentralização de compras, têm-se: � As demandas dos clientes são rapidamente atendidas devido a uma maior celeridade no processo de compra; � Maior poder de barganha com os fornecedores regionais, alcançando preços menores em algumas regiões; � O produto comprado chegar a tempo mais curto do que se tivesse que distribuir por um maior número de unidades; � Adaptação às exigências de cada região de forma mais fácil. Noções de Administração p/ Técnico Adm. da ANS Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 59 Verticalização Se uma empresa quiser realizar o mínimo de compras em sua empresa, ela deverá produzir os insumos que utilizará na fabricação do produto final, não é verdade? Dessa forma, quando a empresa opta em elaborar ela própria os produtos que seriam adquiridos pelo setor de compras, estará colocando em prática a estratégia de verticalização. O benefício da verticalização seria, principalmente, a autonomia da organização frente ao mercado. Outro proveito dessa estratégia seria o controle da técnica de produção e, consequentemente, de todo o setor produtivo, designando a quantidade de produtos a serem produzidos e determinando a real necessidade sobre a elaboração desses insumos. Todavia, o inconveniente dessa técnica seria a necessidade de manutenção de uma mega disposição de pessoal e de espaço físico, com maquinário específico. Tudo isso torna o processo mais oneroso. O investimento, portanto, é alto e esse numerário poderia ser utilizado em setores mais estratégico da empresa para obtenção de maiores lucros. Com isso, fica fácil de perceber porque a verticalização não é o meio mais utilizado pelas empresas. Horizontalização No outro extremo do processo de compras, encontra-se a horizontalização. Enquanto que, na verticalização, a empresa evita ao máximo comprar produtos de fornecedores, produzindo ela própria o que for utilizar no seu processo produtivo, na horizontalização, o gestor da organização tentará produzir o mínimo e comprará o que for ao seu alcance no mercado. O objetivo da horizontalização é estreitar o vínculo com aqueles que os abastecem, de modo a garantir segurança na aquisição de produtos com qualidade e com preços justos. De um lado, essa estratégia é proveitosa para a empresa, pois os gastos que teriam com a manutenção de espaço físico, de equipamentos e de pessoal especializado seriam transferidos aos procedimentos fundamentais da organização, como o alcance do produto final. Noções de Administração p/ Técnico Adm. da ANS Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 59 Entretanto, o vínculo buscado com os fornecedores pela empresa pode ser quebrado por parte dos primeiros. Isso torna um pouco frágil essa estratégia, pois tal sujeição faz com que a organização não controle as técnicas de produção de seus insumos. Mesmo assim, ainda é considerada a melhor estratégia pelas empresas. Vamos ver como este tema já foi cobrado? 4 – (CESPE – ANTAQ – TÉCNICO – 2009) Uma vantagem de se adotar a centralização do processo de compras é a obtenção de maior controle de materiais em estoque. Perfeito. Quando a empresa centraliza o processo de compras em um único setor – como em uma central de compras – a empresa ganha um controle maior de todo o sistema, pois todas as compras são feitas pelo mesmo setor. Isto possibilita também um ganho de escala e um maior poder de barganha dos compradores. O gabarito é mesmo questão correta. Etapas no procedimento de compras As compras de uma organização seguem uma sequencia de fatos que vai desde o planejamento da futura aquisição até o recebimento do produto seguido do efetivo pagamento ao fornecedor. Vamos tentar agora organizar esse ciclo com a finalidade de ajudar na memorização das etapas, ok? O ciclo de compras consiste nos seguintes passos13: � Receber e analisar as requisições de compras; � Selecionar Fornecedores. Encontrar fornecedores potenciais, emitir solicitações para cotações, receber e analisar cotações, selecionar o fornecedor certo; � Determinar o preço correto; � Emitir pedidos de compra; � Fazer um acompanhamento para garantir que os prazos de entrega sejam cumpridos; � Receber e aceitar mercadorias; 13 (Arnold, 1999) Noções de Administração p/ Técnico Adm. da ANS Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 59 � Aprovar a fatura para pagamento do fornecedor. O recebimento e a analise das requisições de compras ocorre no início do processo, onde nos organizaremos para o acolhimento da documentação necessária para constituir os autos. Nesse momento, portanto, identifica-se o pedido do material requisitado, com quantidade, data de entrega, entre outros. Selecionar fornecedores, como o próprio título sugere, é o momento em que se apontam os possíveis fornecedores daquele material que será comprado. Podem-se buscar nomes em um cadastro pré-aprovado ou em uma lista pública de fornecedores para aquele produto. Na solicitação de cotações, far-se-á uma consulta de preços aos prováveis fornecedores. Esse é o momento em que se avalia o custo- benefício das propostas. Já a determinação de preço correto é o momento no qual o setor responsável pelas compras tentará alcançar o melhor preço possível entre os fornecedores. Na fase “emitir pedidos de compra” realiza-se a assinatura do contrato de compra e venda com o fornecedor selecionado. A fase seguinte é de fácil compreensão, não é verdade? Tanto quem compra quanto quem vende deverão controlar os prazos de entrega para que os mesmos sejam respeitados. Caso haja algum motivo de atraso, as partes deverão se ajustar para que não decorra nenhum prejuízo para ninguém. Na etapa do recebimento e da aceitação das mercadorias, o fornecedor fará a entrega do pedido ao comprador.Este deverá verificar se o material entregue está conforme o pedido feito e descrito no contrato. No final, se tudo estiver ok, o comprador dará o aceite e finalizará o processo de compra. Caso contrário, o pedido continuará em aberto e o material retornará ao fornecedor para que resolva o que estiver pendente. Por fim, a fase “aprovar a fatura” é última, em que o setor de compras aprova o “aceite do recebimento da mercadoria” e encaminha a fatura do fornecedor ao setor responsável pelo pagamento. Compras no Setor Público - Licitações Licitações A Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988, em várias passagens, remete-nos à importância e à necessidade de se utilizar Noções de Administração p/ Técnico Adm. da ANS Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 59 o processo licitatório previamente à celebração de contratos administrativos pela Administração Pública. Primeiramente, observamos, no artigo 22, inciso XXVII, que as normas gerais de licitação, em qualquer modalidade, tanto para a administração pública direta, quanto para a indireta de todas as esferas de governo, são de competência privativa da União. Em seguida, a Carta Magna, no artigo 37, inciso XXI, aborda o assunto ressaltando que a administração pública, direta ou indireta, deverá executar obras, serviços, compras e alienações por meio de processo licitatório, garantindo igualdade a todos os licitantes, ressalvando alguns casos específicos encontrados na legislação. Mais à frente, no inciso III, do § 1º, do artigo 173, da CF/88, lê-se que licitações e contratações de obras, serviços, compras e alienações pelas empresas públicas, sociedades de economia mista, que explorem atividade econômica de produção ou comercialização de bens e prestação de serviços, deverão ser estabelecidos por lei. Finalmente, no artigo 175 da Carta Política, nota-se a incumbência de o Poder Público, por meio da Administração Pública, conforme lei, prestar serviços públicos na forma do regime de concessão ou permissão. Pessoal, ressaltei essas passagens da nossa Constituição para mostrar a todos a preocupação que o constituinte teve de frisar a necessidade de uma lei específica que trate sobre o assunto de licitações e contratos. Cabe à União, como já vimos, a competência privativa para legislar sobre normas gerais para contratação de obras, serviços, compras e alienações pela Administração Pública. Portanto, obedecendo aos preceitos constitucionais, o legislador, em 1993, publicou a Lei 8.666, que, entre outras providências, regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal e versa sobre normas gerais para licitações e contratos da Administração Pública. O artigo 3° da Lei 8.666/93 estabelece os princípios básicos que devem ser obedecidos nas licitações. Antes de listá-los, cabe ressaltar que a Administração Pública deve atentar também para os princípios constitucionais (o famoso LIMPE: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, eficiência). A licitação, portanto, veio para certificar que a isonomia será respeitada no momento da contratação pela Administração, selecionando a proposta mais vantajosa e promovendo o desenvolvimento nacional sustentável. Vejamos agora os princípios constantes na Lei. Noções de Administração p/ Técnico Adm. da ANS Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 59 Figura 12. Princípios Pessoal, a Administração Pública não pode adquirir bens ou prestar serviços a qualquer fornecedor. Conforme vimos, devem-se realizar licitações e seguir os princípios que as norteiam para poder alcançar condições de igualdade no momento da contratação. No entanto, a Lei das Licitações, ao mesmo tempo em que dispõe sobre a obrigatoriedade de realizar esse procedimento prévio, também “abre brechas” e permite algumas exceções. Dentre tais exceções, observa-se a possibilidade de dispensa da licitação ou simplesmente a sua inexigibilidade. Primeiramente, devemos ressaltar que, para qualquer um desses casos que vamos abordar agora, a Administração deve motivar o ato administrativo que venha a dispensar ou tornar inexigível a licitação. Outra coisa que não podemos esquecer é a de que os casos em que se enquadrarão a dispensa ou a inexigibilidade devem estar previstos em lei. Isto quer dizer o seguinte: � Casos em que a licitação é dispensada: a lei diretamente dispensa uma possível licitação que seria viável em determinada situação. Isto é, há possibilidade de haver concorrência entre os fornecedores, no entanto, a lei a dispensa. Neste caso, a Administração Pública não licita. � Casos em que a licitação é dispensável: a lei dá a discricionariedade para a Administração dispensar ou não PrincípiosLegalidade; Impessoalidade; Moralidade; Igualdade; Publicidade; Probidade administrativa; Vinculação ao instrumento convocatório; Julgamento objetivo Noções de Administração p/ Técnico Adm. da ANS Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 59 determinada licitação. Nesse caso, há uma faculdade da Administração, de acordo com o exame de conveniência e oportunidade. Já na inexigibilidade, a lei dispõe que fica inviável qualquer competição que justifique uma licitação, como nos casos de: • Compra de materiais, equipamentos, ou gêneros fornecidos por produtor, empresa ou representante comercial exclusivo; • Contratação de serviços técnicos de natureza singular, com profissionais ou empresas de notória especialização ou; • Contratação de profissional de qualquer setor artístico, consagrado pela crítica especializada ou pela opinião pública. Uma observação antes de continuarmos. A inexigibilidade não é cabível quando a contratação de serviços técnicos de natureza singular for referente a serviços de publicidade e divulgação. Finalmente, a Lei retrata um caso em que tanto o fornecedor ou prestador de serviço público, quanto o agente público responsável, respondem solidariamente, sem prejuízo legal de outras sanções cabíveis. Seria a situação de superfaturamento, causando dano à Fazenda Pública. •Alienação de bens imóveis em caso de dação em pagamento; permuta por outro imóvel cujas finalidades (como as instalações) sejam indispensáveis à Administração; alienação de bens móveis como bens produzidos por órgãos, observando as suas finalidades; permuta bens móveis entre órgãos ou entidades da Administração Pública. Dispensada •Obras e serviços de engenharia de valor até R$ 15.000,00; outros serviços e compras de valor até R$ 8.000,00; casos de guerra ou grave perturbação de ordem; casos de emergência ou de calamidade pública; casos de licitação deserta. Dispensável •Materiais e Produtos exclusivos, vedada a preferência de marca; contratação de serviços técnicos de natureza singular; contratação de profissional artístico consagrado Inexigível Noções de Administração p/ Técnico Adm. da ANS Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 59 Vedação de licitação Vou abrir um parênteses aqui para abordar um pouco sobre um assunto que não está disposto na Lei das Licitações, no entanto, grande parte da doutrina versa sobre mais um tipo de não uso desse instrumento competitivo. Então, vamos falar sobre vedação de licitação.Conforme Mazza14, na obra Manual de Direito Administrativo, o conceito de Vedação de Licitação indica: “Situações excepcionais, (...), em que a realização do certame licitatório violaria o interesse público em razão da extrema urgência em obter certos bens ou serviços. (...) Administração Pública é obrigada a adotar decisão vinculada de realizar a contratação direta pelo fato de a proteção do interesse público ser incompatível com o período de tempo necessário para concluir o procedimento licitatório. Exemplo: compra de vacinas durante epidemia.” Tipos de Licitação De acordo com o artigo n° 45 da Lei 8666/93, o julgamento das propostas de um procedimento licitatório pela comissão de licitação ou pelo responsável pelo convite deverá ser objetivo. Os critérios de julgamento serão, portanto, considerados como tipos de licitação. Dentre os tipos de licitação temos: Figura 13 - Tipos de Licitação 14 (Mazza, 2011) Menor Preço Melhor Técnica Melhor Técnica e Preço Maior Lance Noções de Administração p/ Técnico Adm. da ANS Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 31 de 59 O inciso I do §1° do artigo 45 da Lei 8.666/93 traz o primeiro tipo de licitação: aquela de menor preço. Nesse tipo, o licitante vencedor será aquele que, apresentando a proposta em conformidade com o qualificado no edital ou convite, ofertar o menor preço. É um tipo bastante utilizado no setor público. Os incisos II e II, do mesmo parágrafo, relatam que o segundo e o terceiro tipos de licitação seriam o de melhor técnica e o de melhor técnica e preço. Conforme o §2° do artigo 46 da Lei, a diferença básica entre esses dois tipo de licitação é que, no de melhor técnica e preço, a classificação far-se-á conforme a média ponderada das valorizações das propostas técnicas e de preço, de acordo com os pesos preestabelecidos no instrumento convocatório. Pessoal, no caput do artigo 46 da Lei nota-se a exigência de onde se utilizar os tipos de licitação "melhor técnica" ou "técnica e preço". Fala-se em uso exclusivo em serviços de natureza predominantemente intelectual, como: desenvolvimento de projetos, cálculos, fiscalização, supervisão e gerenciamento e de engenharia consultiva em geral e, em particular, para a elaboração de estudos técnicos preliminares e projetos básicos e executivos. No entanto, o mesmo artigo 46 retrata uma exceção quanto ao tipo “técnica e preço”. Seria no caso de contratação de bens e serviços de informática. Esse tipo seria enquadrado no critério de “melhor técnica e preço”, entretanto, pode ser utilizado outro tipo de licitação conforme indicação em decreto do Poder Executivo. Por fim, tem-se o tipo maior lance. Esse tipo julgamento objetivo ocorre em casos de alienação de bens ou concessão de direito real de uso. Modalidades de Licitação As modalidades de licitações descritas na Lei 8.666/93 e na Lei 10.520/02 têm relação com o valor total que será licitado e/ou do tipo de objeto a ser contratado. Concorrência Segundo o parágrafo primeiro do artigo 22 da Lei 8.666/93, o conceito de concorrência seria: Noções de Administração p/ Técnico Adm. da ANS Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 32 de 59 “Concorrência é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados que, na fase inicial de habilitação preliminar, comprovem possuir os requisitos mínimos de qualificação exigidos no edital para execução de seu objeto.” A fase de habilitação, nesta modalidade, é prévia, isto é, a análise dos documentos dos concorrentes ocorre anteriormente à análise de suas propostas. Dessa forma, a concorrência é a modalidade mais demorada de ocorrer, uma vez que a sua execução obedece a uma sequência temporal de fatos. A concorrência é a mais completa modalidade de licitação, sendo sua utilização possível para a celebração de contratos de qualquer valor. É também a modalidade em que se verificam a maior competitividade e publicidade possíveis.15 No entanto, a concorrência não é a modalidade mais apreciada pelos gestores públicos, uma vez que o rito dela é de maior duração. Conforme a Lei das Licitações, a concorrência pode ser realizada para compra de bens e serviços de qualquer valor, devendo, obrigatoriamente ser utilizada quando a contratação for: “Art. 23. (...) I - para obras e serviços de engenharia: (...) c) concorrência: acima de R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais); II - para compras e serviços não referidos no inciso anterior: (...) c) concorrência - acima de R$ 650.000,00 (seiscentos e cinquenta mil reais).” Tomada de Preços O parágrafo segundo do artigo 22 da Lei 8.666/93 define a segunda modalidade de licitação da seguinte forma: “Tomada de preços é a modalidade de licitação entre interessados devidamente cadastrados ou 15 (Alexandrino & Paulo, 2009) Noções de Administração p/ Técnico Adm. da ANS Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 33 de 59 que atenderem a todas as condições exigidas para cadastramento até o terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas, observada a necessária qualificação”. A habilitação, que corresponde ao próprio cadastramento, é prévia à abertura do procedimento16. Aqueles que não conseguirem se cadastrar podem fazê-lo em até 3 (três) dias antes do início da data de recebimento das propostas. Para isso, devem possuir os requisitos qualificatórios necessários para o cadastramento. De acordo com a Lei em questão, essa modalidade de licitação destina-se à assinatura de contratos de compras, serviços e obras com valores menores do que aqueles já vistos na concorrência, sendo, portanto obrigatório nos seguintes casos: “I - para obras e serviços de engenharia: (...) b) tomada de preços - até R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais); (...) II - para compras e serviços não referidos no inciso anterior: (...) b) tomada de preços - até R$ 650.000,00 (seiscentos e cinquenta mil reais).” Por fim, vocês devem levar pra prova que a tomada de preços pode ser utilizada em casos de licitações internacionais. Para isso, o órgão ou entidade, que realizará a licitação, deve possuir um cadastro internacional de fornecedores, além de respeitar ao limites de valor transcritos acima exigidos nessa modalidade. Convite Pessoal, a definição dessa modalidade de licitação está expressa no parágrafo terceiro do artigo 22 da Lei 8.666/93, senão, vejamos: “Convite é a modalidade de licitação entre interessados do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos e convidados em 16 (Alexandrino & Paulo, 2009) Noções de Administração p/ Técnico Adm. da ANS Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 34 de 59 número mínimo de 3 (três) pela unidade administrativa, a qual afixará, em local apropriado, cópia do instrumento convocatório e o estenderá aos demais cadastrados na correspondente especialidade que manifestarem seu interesse com antecedência de até 24 (vinte e quatro) horas da apresentação das propostas.” A carta-convite é a ferramenta por meio da qualse requisita a participação dos interessados, que podem estar cadastrados ou não. Aqueles que não forem cadastrados, poderão se manifestar em até 24 (vinte e quatro) horas antes do início do prazo de apresentação das propostas. Vale lembrar que, em casos de licitações internacionais, pode-se utilizar a modalidade convite, desde que: não haja fornecedor no Brasil e que o valor esteja dentro do limite legal. Os limites para esta modalidades estão previstos na Lei das Licitações, como se pode observar abaixo: “Art. 23. (...) I - para obras e serviços de engenharia: a) convite - até R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais); (...) II - para compras e serviços não referidos no inciso anterior: a) convite - até R$ 80.000,00 (oitenta mil reais).” Concurso A lei 8.666/93, no parágrafo quarto do artigo 22, conceitua a modalidade concurso da seguinte forma: “Concurso é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para escolha de trabalho técnico, científico ou artístico, mediante a instituição de prêmios ou remuneração aos vencedores, conforme critérios constantes de edital publicado na imprensa oficial com antecedência mínima de 45 (quarenta e cinco) dias.” Noções de Administração p/ Técnico Adm. da ANS Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 35 de 59 Dessa forma, nota-se que o valor do contrato não é razão para utilizar, ou não, esta modalidade de licitação. O que define o uso do concurso é a natureza do objeto a ser licitado. No concurso, o licitante ganhador receberá um prêmio, que pode ser um objeto ou em dinheiro. Isto pode ser confirmado ao ler o § 1º do artigo 13 da Lei 8.666/93: “Art. 13. (...) § 1º Ressalvados os casos de inexigibilidade de licitação, os contratos para a prestação de serviços técnicos profissionais especializados deverão, preferencialmente, ser celebrados mediante a realização de concurso, com estipulação prévia de prêmio ou remuneração”. É fundamental não confundir essa modalidade de licitação com o concurso para provimento de cargo, que também é um procedimento administrativo seletivo, mas sem natureza licitatória17. Leilão O parágrafo quinto do artigo 22 da Lei 8.666/93 tratou da modalidade de licitação denominada de Leilão que foi conceituado como: “Modalidade de licitação entre quaisquer interessados para a venda de bens móveis inservíveis para a administração ou de produtos legalmente apreendidos ou penhorados, ou para a alienação de bens imóveis, (...) a quem oferecer o maior lance, igual ou superior ao valor da avaliação”. Um pouco antes, no parágrafo 6o do artigo 17, o legislador impôs que, para a venda de bens móveis, a Administração utilizará a modalidade leilão dentro do limite de R$ 650.000,00 (seiscentos e cinquenta mil reais). Se vier a ultrapassar esse valor, a venda deverá ocorrer por meio da modalidade concorrência. Resumindo, o ilustre autor Alexandre Mazza18 dispôs que: 17 (Mazza, 2011) 18 (Mazza, 2011) Noções de Administração p/ Técnico Adm. da ANS Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 36 de 59 “O leilão é utilizado para a venda de bens: 1) móveis inservíveis; 2) móveis de valor módico; 3)imóveis oriundos de procedimentos judiciais ou dação, caso em que a Administração pode optar entre leilão e concorrência.” Pregão A Medida Provisória n. 2.182-18, de 2001, convertida na Lei 10.520, de 2002, instituiu a modalidade de licitação denominada pregão para a aquisição de bens e serviços comuns. O parágrafo único do artigo 1o desta Lei conceituou bens e serviços comuns como sendo “aqueles cujos padrões de desempenho e qualidade possam ser objetivamente definidos pelo edital, por meio de especificações usuais no mercado”. Dessa forma, o valor da compra ou serviço a ser contratado não tem relevância no pregão, como nas outras modalidades estudadas anteriormente. O que importa, nesse caso, é a qualidade, ou seja, que as especificações do objeto sejam precisas, suficientes e claras com a finalidade de garantir a ampla competitividade, com o alcance do menor preço. A habilitação dos licitantes é posterior à abertura das propostas de preços, logo, esta modalidade é mais célere. Dessa forma, a Administração abre o envelope de documentação apenas da empresa que melhor apresentou a proposta de preço dentro dos requisitos solicitados no edital do objeto a ser contratado. Com isso, o pregoeiro só analisa a documentação da proposta mais vantajosa (menor preço). Caso a papelada daquele esteja em desacordo, o pregoeiro seguirá para o segundo classificado, e assim sucessivamente. A modalidade de licitação estudada pode ser aplicada tanto no âmbito federal, quanto no estadual e municipal. O pregão pode-se apresentar de duas formas. A primeira seria a presencial (ou convencional). Neste, a sessão pública é realizada com o comparecimento dos licitantes (ou representantes) e do pregoeiro, em dia, lugar e horário previamente marcados. A segunda forma seria a eletrônica. Nesta, em sessão pública, também previamente marcada, é realizada por meio da internet, à Noções de Administração p/ Técnico Adm. da ANS Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 37 de 59 distância, em que o pregoeiro monitora e organiza a oferta de lances dada pelos concorrentes. Pessoal, o pregão eletrônico foi regulamentado pelo Decreto n. 5.450/05. Neste, o legislador impôs o uso dessa forma de pregão na esfera federal. O pregão presencial só seria aceito quando fosse inviável o uso do eletrônico, desde que devidamente justificado pelo gestor competente. Por fim, no pregão, é vedada a exigência de garantia, de aquisição do edital como condição para se participar da licitação e do pagamento de taxas e emolumentos, salvo os referentes a fornecimento do edital, que não serão superiores ao custo de sua reprodução gráfica19. Consulta A Lei 9.472, de 1997, que criou a Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL), instituiu a modalidade de licitação denominada Consulta. A consulta é a modalidade prevista para a aquisição de bens e serviços (que não sejam considerados como comuns) pelas agências reguladoras. Como exceção a essa regra, têm-se a contratação de serviços de engenharia civil. Na consulta, as propostas são apreciadas por uma comissão conforme avaliação objetiva, observando custo e benefício. Abaixo podemos ver todas as modalidades de licitação: 19 (Rennó, 2013) Noções de Administração p/ Técnico Adm. da ANS Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 38 de 59 Figura 14 - Modalidades de Licitação Vamos ver mais uma questão? 5 - (CESPE – ANEEL – TÉCNICO – 2010) Convite, leilão, concurso e compra direta são modalidades de licitações públicas. Pessoal, as modalidades de licitação são: concorrência, tomada de preços, convite, leilão, concurso, consulta, pregão. A questão fala em compra direta como modalidade. Isto não é verdade, o que torna o gabarito questão errada. Almoxarifado Os materiais de uma organização precisam ser guardados em um ambiente adequado para o perfeito acondicionamento, visando à preservação de sua natureza.O local, dentro da empresa, que possui essa finalidade chama-se almoxarifado. Segundo Viana20, o conceito de almoxarifado seria: “O local destinado à fiel guarda e conservação de materiais, em recinto coberto ou não, adequado a sua natureza, tendo a função de destinar espaços onde permanecerá cada item aguardando a 20 (Viana, 2010) Modalidades de Licitação Concorrência Tomada de Preços Convite Pregão Concurso Leilão Consulta Noções de Administração p/ Técnico Adm. da ANS Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 39 de 59 necessidade de seu uso, ficando sua localização, equipamentos e disposição interna condicionados à política geral de estoques da empresa”. O almoxarifado, portanto, visa à estocagem temporária de produtos de uma empresa para que sejam distribuídos mais à frente. Vale ressaltar que o conjunto de ações realizadas com a finalidade de abrigar adequadamente os materiais de um estoque de uma empresa denomina-se Administração de Almoxarifados. Tais ações têm o intuito de reduzir os custos operacionais, além de garantir que os produtos permaneçam com qualidade e agilizar a execução dos trabalhos na empresa. Para que a administração de um almoxarifado cumpra suas finalidades, ela deverá ter capacidade de aproveitamento máximo de seu espaço, com uma perfeita organização deste; deverá preservar que os espaços percorridos com o material, dentro do ambiente, seja o menor possível; além de adequar cada produto às instalações exigidas para um bom acondicionamento (luminosidade, umidade, temperatura...). Para que a administração de materiais obtenha êxito, o gestor deve utilizar seus recursos humanos e seu maquinário com a finalidade de prevenir contra perdas de produtos. Outro aspecto importante no almoxarifado é ter um eficiente sistema de localização de produtos. Para isso, “deverá ser utilizada uma simbologia (codificação) normalmente alfanumérica representativa de cada local de estocagem, abrangendo até o menor espaço de uma unidade de estocagem21”. Por isso, o arranjo físico, ou layout, de um almoxarifado deve ser bem organizado, com espaços adequados para um rápido escoamento dos produtos. Os corredores, as estantes, as prateleiras deverão ser codificados para agilizar a localização do produto. De acordo com Viana22, a armazenagem dos produtos no almoxarifado compreende as seguintes fases: � Verificação das condições pelas quais o material foi recebido, no tocante à proteção e embalagem; � Identificação dos materiais; � Guarda na localização adequada; � Informação da localização física da guarda ao controle; � Verificação periódica das condições de proteção e armazenamento; 21 (Dias M. A., 2009) 22 (Viana, 2010) Noções de Administração p/ Técnico Adm. da ANS Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 40 de 59 � Separação para distribuição. A movimentação dos materiais constantes no almoxarifado é favorecida se o local tiver um arranjo físico eficiente. Essa movimentação deve ser cuidadosa, uma vez que se algo falhar, por menor que seja, poderá acarretar prejuízos significantes. Para o manuseio de materiais, alguns instrumentos são buscados, entre eles temos23: � Manual: manuseio simples, efetuado pelo esforço físico dos funcionários; � Carrinhos manuais: manuseio feito por carrinhos impulsionados manualmente; � Empilhadeiras: trata-se de um método mecanizado, assim como os feitos por tratores; � Paleteiras: tipo de empilhadeira manual, como manuseios horizontais. Pode ser mecânica, hidráulica ou elétrica; � Pontes rolantes; � Guindastes. Identificação do Material Pessoal, se um estoque estiver muito bem catalogado, com a identificação dos produtos claramente, a localização e a retirada no material buscado serão bem mais rápidas. Pois bem, esta identificação sofreu evoluções ao longo do tempo. Antes, fichavam os materiais por meio de coloração e sinalização. Era uma identificação muito mais visual. Hoje, o processo de identificação é mais ágil, uma vez que utilizam códigos de barras, além de leitores óticos. Estes códigos de barras possuem dados sobre o estoque da empresa, como localização dos materiais e como devem ser manuseados, por exemplo. Picking Quando um cliente (seja interno ou externo) chega a uma empresa e demanda determinado produto, alguém deverá se “movimentar” para 23 (Viana, 2010) Noções de Administração p/ Técnico Adm. da ANS Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 41 de 59 buscar este material que se encontra guardado no almoxarifado, não é verdade? Essa “movimentação” de buscar o produto no almoxarifado denomina-se picking, o qual varia conforme o dimensionamento que a empresa possui. Portanto, quanto maior for a organização, o planejamento em cima do picking deverá ser adaptado para se adequar, como a quantidade de pessoas envolvidas, quantidades de produtos separados, divisão dos pedidos recebidos, entre outros. Os tipos de picking24 existentes são: Figura 15. Tipos de picking 24 (Lima, 2002) apud (Barros, 2005) Picking por lote • Aqui, o responsável acumula os pedidos de um determinado material. Visando o crescimento da produtividade, e após juntar todos os pedidos, o responsável segue ao estoque e coleta o que foi pedido. Se houver volume e variedade reduzidos de pedidos, a produtividade do operador tende a crescer. No entanto, se os pedidos forem complexos, correm riscos de cair em falhas na busca deles. Picking por zona • Neste tipo de picking, a separação dos materiais de um pedido pode envolver mais de um operador. Com isso, diminui o deslocamento dos responsáveis, pois cada um fica responsável por cada ambiente. O ambiente de armazenagem é separado por zonas, conforme o tipo de produto. Cada operador cuida de uma zona específica, onde separará o o pedido e depositará em um espaço comum para que o pedido seja organizado e completado conforme deva ser. Picking discreto • Esse tipo tem a característica de causar poucos erros, uma vez que ele é iniciado e completado por um mesmo operador. O pedido é muito fácil de ser atendido, uma vez que cada produto é coletado de uma vez. Entretanto, como perde muito tempo com o deslocamento do operador, a produtividade fica prejudicada. Noções de Administração p/ Técnico Adm. da ANS Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Rennó – Aula 05 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 42 de 59 Inventários Se, por algum motivo, a organização tiver que realizar a contagem do material do almoxarifado para confirmar o disposto no sistema contábil ou financeiro, ela deverá elaborar um inventário. Dessa maneira, todo o material constante no estoque da empresa é conferido para certificar se o estoque reproduz o que informa nos sistemas da empresa. Geralmente o inventário se faz com dois grupos, em que um realiza a contagem inicial e o outro revisa e confirma aquela contagem. Desse modo, observa-se, no inventário, um controle dual. Conforme a Instrução Normativa n° 205, de 1988, “inventário físico
Compartilhar