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AULAS DE DIREITO CIVIL II DOS FATOS JURÍDICOS (1)

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DIREITO CIVIL II – ATOS E FATOS JURÍDICOS 
►DA TEORIA GERAL DOS FATOS JURÍDICOS: 
O Direito nasce dos fatos. 
Nem todos os fatos possuem relevância para o direito. 
Somente o acontecimento, eventualidade ou fato que tenha reflexo no mundo jurídico é relevante para o 
direito e previsto pelo o ordenamento jurídico pátrio. 
Assim, os fatos se dividem em: 
 
1.1) FATO NÃO JURÍDICO: é todo fato desprovido de consequência jurídica. Não possui relevância para o 
direito. 
Ex: luz emitida por uma estrela; um guardanapo que cai no chão e é apanhado... 
 
1.2) FATO JURÍDICO: é todo fato, de ordem física ou social, inserido numa estrutura normativa e que tem 
relevância para o direito, produzindo efeitos, ainda que seja ilícito. 
Ex: acidente de trânsito; pintura de uma tela; enchente no estacionamento de um shopping... 
O fato jurídico se subdivide-se em: 
1.2.1) FATO JURÍDICO NATURAL: é todo fato físico ou natural que produz efeitos jurídicos independentemente 
da vontade humana. É um fato NÃO volitivo. 
O fato jurídico natural se subdivide-se em: 
1.2.1.1) FATO JURÍDICO NATURAL ORDINÁRIO: todo fato comum que acontece ao longo da vida do ser 
humano e produz efeitos jurídicos pelo simples decurso do tempo. Ex: morte; maioridade; prescrição; 
nascimento... 
1.2.1.2) FATO JURÍDICO NATURAL EXTRAORDINÁRIO: é todo físico ou natural que foge a normalidade e 
produz efeitos (em regra prejuízos), podendo ser classificado em caso fortuito ou força maior. Ex: um terremoto; 
um tornado... 
1.2.2) FATO JURÍDICO HUMANO: é toda ação humana que visa a criação, extinção, modificação ou 
conservação de direitos e obrigações. Ex: agressão física; casamento... 
O fato jurídico humano se subdivide-se em: 
1.2.2.1) ATO HUMANO ILÍCITO: todo ato humano contrário ao ordenamento jurídico. Arts. 186 e 927 do CC: 
aquele que, ação ou omissão, negligência ou imprudência, violar direitos e causar danos a outrem, ainda que 
exclusivamente normal, comete ato ilícito. 
1.2.2.2) ATO HUMANO LÍCITO: todo ato humano praticado consoante o ordenamento jurídico pátrio e que gera 
consequências ou efeitos para o ordenamento jurídico pátrio. Ex: casamento; contrato de prestação de serviços 
ou fornecimentos de produtos. 
1.2.2.3) ATO-FATO JURÍDICO: é o fato jurídico qualificado por uma ação humana em que não tem relevância a 
intenção da pessoa que praticou o ato, mas apenas os efeitos que tal ato gerou ou produziu. Ex: um menor de 
idade comprando um produto em uma loja. 
1.2.2.4) NEGÓCIO JURÍDICO: é uma espécie de ato jurídico que, além de se originar de uma to de vontade, 
implica em declaração expressa de vontade, instauradora de uma relação entre dois ou mais sujeitos tendo em 
vista um objeto protegido pelo ordenamento jurídico pátrio. É um instituto jurídico voltado a composição dos 
interesses das partes, que busca alcançar um objetivo. Ex: contratos; casamentos. 
1.2.2.4.1) DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS: 
1.2.2.4.1.1) CONCEITO: é o fato jurídico em que dois ou mais sujeitos expressam sua vontade em torno de um 
objeto permitido em lei. 
1.2.2.4.1.2) ELEMENTOS DE EXISTÊNCIA: 
A) PARTES: 
• Pessoa Física 
 Quem celebra o negócio jurídico. 
• Pessoa Jurídica 
B) OBJETO: obrigação de fazer; obrigação de não fazer; obrigação de pagar determinada quantia ou entregar 
determinada coisa (é o conteúdo em torno do qual gera determinado negócio jurídico). 
C) VONTADE: exprime a declaração de vontade das partes e sua real intenção. 
D) FORMA: o modo em que o negócio jurídico é celebrado. Ex: verbal; escrito. 
1.2.2.4.1.3) ELEMENTOS DE VALIDADE: 
A) PARTES: 
• Capazes- arts. 3° e 4°, CC. 
• Legítimas- arts. 46, II e 47, CC / poderes especiais (procuração). 
B) OBJETO: 
• Lícito 
• Possível 
• Determinado ou determinável (contrato de safra) 
 C) VONTADE: 
• Declarada 
• Real 
D) FORMA: 
• Prescrita: regimes diferenciados de bens - escritura pública; imóveis acima de 30 salários mínimos- escritura 
pública; casamento – habilitação e proclamas; 
• Não defesa (proibida) em lei: livre, escrita ou verbal. 
OBS 1: os requisitos de existência são indispensáveis a própria existência dos negócios jurídicos. Assim, não 
há negócios jurídicos sem os requisitos de existência. 
OBS 2: os requisitos de validade são imprescindíveis á validade dos negócios jurídicos. Sem a presença de 
tais requisitos, o negócio jurídico pode até existir, mas sua validade e seus efeitos serão comprometidos. 
1.2.2.4.1.4) PLANO DE EFICÁCIA (ELEMENTOS ACIDENTAIS): não são requistos essenciais ou indispensáveis à 
existência ou validade dos negócios jurídicos. São elementos criados/ inseridos pelas partes visando alterar ou 
regulamentar a produção dos efeitos dos negócios jurídicos. 
 São dispensáveis. 
 Em regra podem ser opostas em qualquer negócio jurídico, mas em alguns é expressamente vedada sua 
utilização. (Ex. de situações permitidas: doação; contratos de compra e venda; prestação de serviço/ Ex. de situações 
não permitidas: casamento; herança...) 
São eles: 
A) TERMO: é o evento futuro e certo cuja verificação se subordina o começo e/ou fim dos efeitos dos negócios 
jurídicos. 
OBS: prazo é o lapso temporal existente entre o termo inicial e o termo final. 
CLASSIFICAÇÃO: 
A.1) DE ACORDO COM O MODO DE ATUAÇÃO: 
• TERMO SUSPENSIVO: termo inicial. Subordina a eficácia do negócio jurídico. Ex: o objeto do negócio 
jurídico será entregue no dia 25/02/17. 
• TERMO RESOLUTIVO: termo final. Estabelece o término de eficácia do negócio jurídico. Ex: contrato 
de prestação de serviços por 6 meses. 
A.2) QUANTO À ORIGEM: 
• TERMO LEGAL: quando estabelecido em lei. Ex: data para pagamento de determinado imposto. 
• TERMO CONVENCIONAL: quando previsto em contrato, por meio de cláusula. Ex: contrato de 
aluguel de imóveis, com data para começar e terminar. 
B) CONDIÇÃO: é o evento futuro e incerto cuja verificação se subordina o início dos efeitos ou o término dos efeitos do 
negócio jurídico. 
CLASSIFICAÇÃO: 
B.1-) DE ACORDO COM OS EFEITOS: 
• CONDIÇÃO SUSPENSIVA: subordina o início dos efeitos do negócio jurídico à ocorrência/ implemento 
da condição. Enquanto esta não se verificar, não há o que se falar em aquisição do direito a que o 
negócio visa, mas apenas uma mera expectativa do direito. Ex: dou um carro 0km para o meu filho se 
este passar no vestibular de direito. 
• CONDIÇÃO RESOLUTIVA: subordina o fim dos efeitos do negócio jurídico à ocorrência/implemento da 
condição. Sobrevindo a condição resolutiva, extingue-se, para todos os efeitos, o direito que ela se 
opõe. Ex: pago uma mesada para meu filho enquanto ele estiver estudando na faculdade de direito. 
 
B.2-) DE ACORDO COM A LICITUDE: 
• CONDIÇÃO LÍCITA: não apresenta violação ao ordenamento jurídico pátrio. Está de acordo com a lei, 
moral, ordem pública, bons costumes. Ex: pagar um prêmio a um atleta se este bater um recorde 
olímpico. 
• CONDIÇÃO ILÍCITA: é a contrária aos ditames da lei, moral, ordenamento, ordem pública ou bons 
costumes; e também a que priva de todo efeito o negócio jurídico. Ex.1: pagar um prêmio ou doar um 
imóvel a alguém se este agredir fisicamente uma pessoa. Ex.2: doar um imóvel a alguém se este se 
comprometer a nunca utilizá-lo. 
OBS: não é válida pelo ordenamento jurídico pátrio. 
B.3-) DE ACORDO COM A POSSIBILIDADE: 
• CONDIÇÃO POSSÍVEL: quando pode ser cumprida tanto no aspecto físico, quanto no âmbito jurídico. 
Ex: empresto meu carro para fulano se chover hoje a tarde; doarei um imóvel a beltrano se este passar 
no concurso para juiz de Direito. 
• CONDIÇÃO IMPOSSÍVEL: quando não puder ser comprada por uma razão natural ou jurídica.Ex: 
doarei um carro a alguém se ela me der seu filho ou me trouxer um pedaço das nuvens do céu. 
OBS 1: A condição impossível quando suspensiva, invalida o negócio jurídico. 
OBS 2: A condição impossível quando resolutiva, será considerada inexistente. 
B.4-) DE ACORDO COM A NATUREZA: 
• CONDIÇÃO CAUSAL: subordina os efeitos do negócio jurídico ao acaso, a um fato alheio à 
vontade das partes. Ex: emprestarei meu computador a fulano se trovejar amanhã ou se o número 
4 aparecer no sorteio da loteria nessa semana. 
• CONDIÇÃO POTESTATIVA: subordina os efeitos do negócio jurídico à vontade de uma das 
partes. 
 A CONDIÇÃO POTESTATIVA DIVIDE-SE EM: 
• PURAMENTE POTESTATIVA: subordina ao puro arbítrio ou capricho de uma das 
partes. Ex: doarei meu carro a fulano se eu quiser, se amanhã eu estiver de bom humor. 
(OBS: São vedadas para lei. Invalidam o negócio jurídico a elas subordinadas). 
• SIMPLEMENTE OU MERAMENTE POTESTATIVA: depende da prática de algum ato de 
uma das partes e não de um mero capricho. Ex: doarei meu carro a fulano se este der 
banho em meu cachorro todo final de semana. (OBS: São lícitas e válidas). 
• CONDIÇÃO MISTA: subordina os efeitos do negócio jurídico a um ato de vontade das 
partes e a um evento natural. Ex: pago-lhe R$100,00 se você me levar hoje a noite ao 
teatro e estiver chovendo. 
 
C) MODO OU ENCARGO: consiste em um ônus (obrigação) imposta à parte que é beneficiada em virtude de uma 
liberalidade praticada pelo agente. É comum em contratos de doação e testamento. 
Ex: doarei um imóvel para que seja instalada uma creche para cuidar de crianças órfãs; cedo minha casa em uso fruto 
para eu tio, para que ele cuide de minha avó doente. 
 É um ato que restringe a liberdade, seja para estabelecer uma finalidade ao objeto do negócio jurídico ou 
impondo uma obrigação que deve ser cumprida pelo favorecido em benefício do instituidor (cuidar de mim), 
de terceiros (cuidar de minha avó) ou da coletividade ( cuidar de crianças). 
OBS: Em regra, os encargos não suspendem nem interrompem os efeitos dos negócios jurídicos. 
1.2.2.4.1.5) DA CLASSIFICAÇÃO DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS: 
A) QUANTO À FORMA: 
• A.1) SOLENES: quando devem obedecer à forma ou solenidade estabelecida em lei para que 
sejam consideradas válidos ou provados. 
Ex: testamento; casamento; compra e venda de imóveis acima de 30 salários mínimos. 
• A.2) NÃO SOLENES:possuem forma livre, não havendo prescrição legal. 
Ex: compra e venda de roupas. 
B) QUANTO AO NÚMERO DE PARTICIPANTES: 
• B.1) UNILATERAIS: apenas uma pessoa manifesta sua vontade no negócio jurídico. 
PODEM SER: 
• RECEPTÍCIOS: quando a outra parte precisa tomar conhecimento para que o negócio jurídico seja 
válido. Ex: revogação ou mandato (procuração). 
• NÃO RECEPTÍCIOS: quando o conhecimento da declaração de vontade pelo destinatário é 
irrelevante para que o negócio jurídico produza efeitos. Ex: testamento. 
• B.2) BILATERAIS: são os negócios jurídicos em que duas ou mais pessoas manifestam sua 
vontade com o mesmo intuito. Ex: contrato de compra e venda; prestação de serviços; casamento. 
• B.3) PLURILATERAIS: quando três ou mais pessoas que voltam sua vontade para um negócio 
jurídico na busca de interesses comuns. Ex: contrato de sociedade; contrato de incorporação 
(vários sócios e representantes legais). 
C) QUANTO ÀS VANTAGENS PATRIMONIAIS: 
• C.1) GRATUITOS: quando apenas uma das partes aufere benefícios, enquanto a outra parte suporta o 
ônus, ficando caracterizada uma diminuição patrimonial unilateral. Ex: doação pura. 
• C.2) ONEROSOS: são os negócios jurídicos em que ambas as partes auferem benefícios e suportam 
ônus. Ex: contrato de compra e venda; prestação de serviços... 
• C.3) NEUTROS: quando não houver atribuição patrimonial específica no negócio jurídico, não podendo 
ser caracterizado nem como gratuito, nem como oneroso. Ex: instituição do bem de família por meio de 
escritura pública; instituição de regimes de bens por meio de escritura pública. 
D) QUANTO AO MOMENTO EM QUE SE PRODUZIRÃO EFEITOS: 
• D.1) INTER VIVOS: destinados a produzir efeitos no decorrer da vida dos interessados. Ex: contratos de 
compra e venda; aluguel; prestação de serviços... 
• D.2) MORTIS CAUSA: destinados a produzir efeitos após a morte de uma pessoa. Ex: testamento; seguro 
de vida... 
E) QUANTO À EXISTÊNCIA OU AUTONOMIA: 
• E.1) PRINCIPAL: não dependem de outro negócio jurídico para existir e ser válidos. Ex: contrato de locação. 
• E.2) ACESSÓRIO: dependem de outro negócio jurídico para existir e ter validade. Ex: fiança; aval... 
• 
 
1.2.2.2.5) ATO JURÍDICO EM SENTIDO ESTRITO: é uma ação humana lícita prevista em lei e com consequências 
jurídicas previstas em lei, não havendo composição de vontades entre as partes afetadas. Há vontade apenas do titular 
de um determinado direito. Ex: reconhecimento de um filho; fixação de domicílios; notificação do devedor para sua 
constituição em mora. 
 
DOS DEFEITOS DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS 
 
 
►Vícios do consentimento: é aquele em que a manifestação da vontade 
expressada pelo agente não é aquela que corresponde em seu interior ou seu 
íntimo. São eles: ERRO OU IGNORÂNCIA, DOLO, COAÇÃO, ESTADO DE 
PERIGOE LESÃO. 
 
► Vício social: é aquele cuja vontade do agente visa prejudicar ou causar 
danos a terceiros. São eles: fraude contra credores e simulação (sendo que 
esta, pelo novo Código Civil de 2002, fora transferida para o tópico de 
INVALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO). 
 
 
1-) DO ERRO OU IGNORÂNCIA: O Novo Código Civil equiparou o erro à 
ignorância. 
 
- Conceito de Erro: é a forma de representação psíquica desacertada, 
incorreta, contrária à verdade. É uma ideia falsa da realidade. 
 
- Conceito de Ignorância: é a ausência de conhecimento, a falta de noção a 
respeito de determinado assunto. É o desconhecimento da realidade. 
 
Apesar dos conceitos não trazerem um sintonia perfeita, o código equiparou o 
erro à ignorância, de modo que, as noções de erro devem ser aplicadas e 
compreendidas como ignorância do agente. 
 
No erro, o agente engana-se sozinho, portanto, não há influência de terceiros, 
senão recairia em DOLO. Vejamos os termos do artigo 138 e 139 do CCB: 
 
Art. 138. São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de 
vontade emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por 
pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias do negócio. 
 
Art. 139. O erro é substancial quando: 
I - interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração, ou a 
alguma das qualidades a ele essenciais; 
II - concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se 
refira a declaração de vontade, desde que tenha influído nesta de modo 
relevante; 
III - sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o 
motivo único ou principal do negócio jurídico. 
 
É fundamental perceber que a pessoa que erra é aquela denominada pelo 
dispositivo de PESSOA DE DILIGÊNCIA NORMAL, ou seja, aquela que tem um 
conhecimento mínimo do que é certo para efetivar qualquer ato e, no entanto, 
se engana. 
 
Outra questão importante é que não é todo ERRO que pode anular o 
negócio jurídico, mas aquele que afeta sua SUBSTÂNCIA, ou seja, o chamado 
ERRO SUBSTANCIAL OU ESSENCIAL. Dito isto, vejamos a modalidades de 
ERRO: 
 
► ERRO SUBSTANCIAL OU ESSENCIAL: é aquele que tem papel decisivo 
na determinação da vontade do declarante, de modo que, se conhecesse o 
verdadeiro estado de coisas, não teria desejado, de modo nenhum, concluir o 
negócio. 
Ex: Alguém que crê estar adquirindo uma coisa, quando na verdade esta 
locando-a; Ou alguém de quem, ao verificar planta de loteamento, acredita 
estar adquirindo o lote 5, quadra B, quando na realidade esta adquirindo o lote 
5,quadra A; Ou alguém que acredita estar adquirindo um cavalo que é de tiro, 
quando na realidade é de competição. 
 
Segundo o artigo 139 do CCB, o erro substancial ou essencial é aquele 
que diz respeito ou interessa à: 
 
– Natureza do Negócio (error in negotio): 
Inciso I: é quando o declarante pretende praticar certo ato, no entanto, outro é 
praticado. 
Ex: O contrato é de compra e venda e o adquirente imagina se tratar de uma 
doação. 
 
- Erro sobre o objeto principal da declaração (error in corpore): 
Inciso I: a coisa almejada pelo declarante não é aquela constante no negócio 
jurídico. 
Ex: A obtenção de um imóvel em determinada avenida que o colocaria com 
grande valorização imobiliária, mas que, na verdade, não terá este efeito, pois 
se situa em avenida com nome similar da imaginada pelo declarante, mas que 
não esta na mesma localidade enquanto zona de valorização. 
 
– Erro sobre algumas das qualidades essenciais do objeto principal da 
declaração (erro in substantia): 
Inciso I: supõe-se a existência de determinada qualidade sobre o objeto que 
na realidade não existe. 
Ex: a compra de um relógio dourado, quando na verdade não é feito de ouro. 
 
- Erro sobre a identidade ou à qualidade essencial da pessoa (erro in 
persona): 
Inciso II: afeta aquele a quem se refere a declaração de vontade. 
Induz a uma falsa ideia sobre a própria pessoa que figura como a outra parte 
da relação negocial. 
 
- Erro de Direito (erro in juris): 
Inciso III: é aquele que contraria a legislação, sem que efetivamente o 
declarante tenha a intenção de recusar a aplicação da lei, senão recai em ato 
ilícito. 
Ex: Um indivíduo que importa cigarros para revender no território nacional, 
fazendo uma compra de determinado tipo de cigarros que é proibido por lei. 
 
► ERRO ESCUSÁVEL: consiste no erro justificável, desculpável, a partir da 
adoção de um critério pelo código civil do HOMEM MÉDIO (homo medius), em 
que se compara a conduta do agente com a média geral das pessoas conforme 
sua inserção social e seu nível de desenvolvimento mental, cultural e 
profissional, em face das circunstâncias em que se encontra. Assim, podemos 
dizer que há o erro desculpável quando comparamos uma pessoa enquanto 
técnico especializado no objeto do negócio e um leigo no assunto. 
 
Obs: O técnico não deverá cair em erro, o que é perfeitamente possível ao 
leigo, que padronizado no critério do homem médio. 
Ex: Contrato de construção de uma casa com o “pé” direito de 1,5m, sendo o 
contratante um Engenheiro Civil. (não torna anulável o negócio). Celebração de 
um contrato de compra e venda julgando ser uma doação, realizada por uma 
pessoa rústica e analfabeta (erro escusável). Se nas mesmas condições fosse 
feito por um advogado (erro grosseiro, inescusável, injustificável não gerando 
anulação do negocio jurídico). 
 
► ERRO ACIDENTAL: é o erro que se opõe ao erro substancial porque se 
relaciona com elementos de menor importância, porém não ocasionando a 
anulação do negócio jurídico; Acidental é o erro que recai sobre motivos ou 
qualidades secundárias do objeto ou da pessoa, não alterando a validade do 
negócio jurídico, pois não se poderia presumir que se o declarante tivesse 
conhecimentos destes elementos desistiria de realizar o negócio. 
Ex: O fato de alguém adquirir um automóvel de cor cinza chumbo, quando na 
realidade ele era de cor preta (error in qualitate) – é um erro acidental, pois 
ocorre quando existe alguma diferença entre o que se recebe e o que se 
intenciona receber – o objeto central é o automóvel) 
 
Em regra geral será no caso concreto que o juiz irá analisar se o erro é 
substancial ou acidental, cuja dúvida sempre reside sobre as qualidades 
essenciais do objeto ou nas qualidades essenciais da pessoa. 
 
- Artigo 141 do CC (erro por transmissão defeituosa da vontade): Dispõe o 
artigo 141 do CCB: A transmissão errônea da vontade por meios interpostos é 
anulável nos mesmos casos em que o é a declaração direta. Se a vontade é 
transmitida erradamente por anuncio, ou no caso de mensagem truncada por 
telex, fac-símile, telegrama, o ato pode ser anulado, nas mesmas condições da 
transmissão direta da vontade de forma errada. 
 
- Artigo 140 CC: falso motivo: “Art. 140. O falso motivo só vicia a 
declaração de vontade quando expresso como razão determinante.” 
Segundo a legislação civil, os motivos que são as ideias interiores que motivam 
as partes a efetivar um negócio jurídico, são considerados acidentais e 
irrelevantes a sua celebração do ponto de vista do direito, até porque nem 
sempre serão esboçadas um a um, bastando a intenção real de celebrar o 
negócio. Os motivos é que movimentam a manifestação da vontade que é 
elemento essencial do negócio jurídico; Somente quando o motivo que leva a 
declaração de vontade é expresso pelo declarante no negócio, ele se torna sua 
RAZÃO DETERMINANTE, tornando-se ELEMENTO ESSENCIAL e, uma vez 
falso, vicia o negócio levando a sua anulação. 
Ex: Os testamentos em que o testado deixa bens de seu patrimônio a pessoa 
que acredita ser seu herdeiro, por uma relação expressa de parentesco (diz ser 
seu filho, sobrinho e etc..), que sendo falsa poderá levar a anulação do 
negócio, não sendo transmitida a herança ao suposto herdeiro. 
 
- Artigo 142 do CC: “O erro de indicação da pessoa ou da coisa, a que se 
referir a declaração de vontade, não viciará o negócio quando, por seu 
contexto e pelas circunstâncias, se puder identificar a coisa ou pessoa 
cogitada.” Trata-se de um erro acidental ou incidental, portanto sanável, por 
ser incapaz de efetivamente viciar o ato; São meros enganos facilmente 
corrigíveis pelo contexto e situações; 
Ex: Um testador refere-se ao filho Antonio. Quando, na realidade, não tem filho 
com esse nome, mas apenas filho com nome de José. 
 
► ERRO DE CÁLCULO (Artigo 143 CC): “O erro de cálculo apenas autoriza a 
retificação da declaração de vontade.” Apenas autoriza a retificação 
da declaração de vontade; O erro é acidental, não trazendo prejuízos. 
 
Artigo 144 CCB 
“Não prejudica a validade do negócio jurídico, quando a pessoa, a quem a 
manifestação de vontade se dirige, se ofereceu para executá-la na 
vontade real do manifestante.” 
Ex: Alguém que ao verificar a planta de loteamento, acredita estar adquirindo o 
lote 05, quadra B, quando na realidade esta adquirindo o lote 5, quadra A. a 
vontade de comprar é dirigida pelo declarante (comprador) ao declaratário 
(vendedor). Se o declaratário resolver acatar a vontade do declarante que se 
enganou dando-lhe no negócio, o lote 05, Quadra-B, não há prejuízo ao 
declarante, não sendo anulável o negócio jurídico por erro. 
 
O Erro dá ensejo à ação anulatória do negócio jurídico; O prazo para ação 
anulatória é decadencial de 04 anos; (artigo 178 CCB). 
 
2-) DO DOLO: 
 
- Conceito: consiste no artifício, artimanha, engodo, encenação, desejo 
maligno, tendente a viciar a vontade do destinatário, a desviá-la da direção 
correta. 
 
A prática do dolo é ato ilícito na forma do artigo 186 do CCB; 
 
O elemento básico do negócio é a VONTADE, e, para que esteja apta a 
preencher o conceito de negócio jurídico, necessita brotar isenta de qualquer 
induzimento malicioso que pode ser o dolo, uma das causas viciadoras do 
negócio. 
 
Dispõe os termos do artigo 145 e 148 do Código Civil: 
 
Art. 145. São os negócios jurídicos anuláveis por dolo, quando este for a 
sua causa. 
 
Art. 148. Pode também ser anulado o negócio jurídico por dolo de 
terceiro, se a parte a quem aproveite dele tivesse ou devesse ter 
conhecimento; em caso contrário, ainda que subsista o negócio jurídico, 
o terceiro responderá por todas as perdas e danos da parte a quem 
ludibriou.II 
 
- Requisitos: 
- A intenção de induzir o declarante a praticar o ato jurídico; 
- Utilização de recursos fraudulentos graves; 
- Que esses artifícios sejam a causa determinanteda declaração de vontade. 
 
O dolo deve ser essencial, ou seja, a mola propulsora da vontade do 
declarante, estando, na base do negócio jurídico, caso contrário será tido por 
ACIDENTAL, não tendo substância para viciar o negócio. 
 
O dolo deve ser avaliado EM CADA CASO CONCRETO; Ex:Utilizar-se de 
tabela de valores imobiliários irreais para induzir o proprietário de um bem 
imóvel a venda seu terreno para uma construtora apreço menor. (recurso 
fraudulento, grave manipulado por um corretor de imóveis) 
 
Prazo para promover a ação anulatória: Conforme artigo 178, II do CC, o 
prazo para promover a ação anulatória do negócio jurídico por dolo é 
decadencial de 04(quatro) anos, contados do dia em que se realizou o 
negócio. 
 
Modalidades de dolo: 
 
►Dolo essencial e dolo acidental: 
 
- Dolo essencial ou principal: é aquele em que há vício do consentimento, 
tornando o ato anulável, havendo sempre o propósito de enganar alguém. Este 
dolo afeta a base do negócio jurídico. Ex: um dos sócios de uma sociedade 
induz maliciosamente alguém a comprar ações da mesma, demonstrando sua 
rentabilidade, quando na verdade, a mesma esta em vista de abrir falência. 
 
- Dolo acidental: é definido pelo artigo 146 do CC, somente obrigando a 
satisfação de perdas e danos, pois temos apenas um ato ilícito que gera uma 
responsabilidade ao culpado (artigo 186 CC), por tornar o negócio mais 
oneroso, quando existiam outras possibilidades de realizá-lo de maneira mais 
simplificada. Quando se criar custos desnecessários para obter ganhos. Ex: 
inclusão indevida de taxas extras para celebração de um contrato de locação. 
 
► Dolus Bonus e Dolus Malus: 
 
- Dolus Bonus: é o dolo tolerável no comércio em geral. É uma forma de dolo 
esperado. Ex: 
a atitude dos comerciantes que elogiam exageradamente sua mercadoria, em 
detrimento da dos concorrentes. Uso de expressões “o melhor produto” ou o 
“mais econômico” 
 
- Dolus Malus: é aquele exercido com a real intenção de causar prejuízo, 
assim viciando o negócio jurídico. 
 
► Dolo positivo e dolo negativo: 
 
- Dolo positivo ou comissivo: é aquele de decorre de uma ação do agente 
que quer enganar outrem na celebração do negócio. Ex: o dolo daquele que 
faz imprimir cotação falsa da Bolsa de Valores para induzir outrem a adquirir 
certas ações. O dolo do fabricante do objeto com aspecto de “antiguidade” para 
vendê-lo como tal. 
 
- Dolo Negativo ou omissivo: consiste ausência maliciosa de ação para 
incutir a falsa ideia ao declaratário. Aqui a doutrina afirma sua ocorrência 
quando existe o DEVER DE INFORMAR, seja por lei ou pela natureza do 
negócio. Nesse particular, o artigo 147 do CC: Art. 147. Nos negócios 
jurídicos bilaterais, o silêncio intencional de uma das partes a respeito de 
fato ou qualidade que a outra parte haja ignorado, constitui omissão 
dolosa, provando-se que sem ela o negócio não se teria celebrado. 
Ex: O vendedor que cala diante do engano do comprador quanto as qualidades 
que tem maior conhecimento. Compra de um jato d´água forte pensando 
que poderia remover qualquer coisa, inclusive ferrugens, quando apenas 
serve para limpar calçadas. A omissão dolosa deve ser provada e deve 
constituir como dolo essencial para anular o negócio. 
 
► Dolo de terceiro: É quando um terceiro influencia na vontade do declarante 
e a outra parte sabendo da situação equivocada dela se aproveita. 
Ex1: Um agente que pretende adquirir uma joia imaginando-a de ouro, quando, 
na verdade, não o é. O fato de não ser de outro não é ventilado pelo vendedor 
e tão pouco pelo próprio comprador. Um terceiro, que nada tem haver com o 
negócio, dá sua opinião encarecendo que o objeto é de ouro, fazendo com que 
o comprador leve a joia. Temos um dolo de terceiro, uma vez que o 
vendedor sabendo da irrealidade aceitou para se beneficiar, quando tinha 
o dever de informar. 
 
Deve-se observar que, se a parte à quem aproveitou o negócio não sabe do 
dolo de terceiro, não há anulação do negócio jurídico, podendo a vítima 
requerer perdas e danos do autor do dolo (artigo 148, segunda parte do 
CC c/c artigo 186 CC) 
 
► Dolo do Representante: 
Dispõe os termos do artigo 149 do CC que: Art. 149. O dolo do 
representante legal de uma das partes só obriga o representado a 
responder civilmente até a importância do proveito que teve; se, porém, o 
dolo for do representante convencional, o representado responderá 
solidariamente com ele por perdas e danos. 
 
O dolo do representante convencional: o representado responderá 
solidariamente com ele pelas perdas e dados na forma do artigo 149 do CC, 
em face de sua MÁ ESCOLHA, ou seja, responde por culpa in elegendo (de 
escolha); 
 
►Dolo das Partes: 
Dispõe o artigo 150 do CC que: Se ambas as partes procederem com dolo, 
nenhuma pode alegá-lo para anular o negócio, ou reclamar indenização. 
 
Aqui não há nada que ser reclamado por quaisquer das partes, pois como cada 
uma teve a intenção de prejudicar a outra, há uma compensação entre elas 
,porque ninguém pode locupletar-se com a própria torpeza (Aplicação do 
principio do NEMO PROPRIAM TURPITUDINEM ALLEGANS). 
 
O ato não é anulável e nem gera indenização. Quando o dolo é bilateral não há 
boa-fé a se defender. 
Ex: resolvem as partes fazer um negócio visando a transferência de bens. O 
primeiro transfere uma casa (sem afirmar que a mesma esta cedendo em 
sua estrutura – já condenada por laudo técnico) e o segundo transfere um 
apartamento (repleto de infiltrações e com rachaduras camufladas por 
pinturas já condenado por laudo técnico). Ambos ocultam e negociam. 
 
DOS DEFEITOS DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS - CONTINUAÇÃO 
 
3-) Do Estado de Perigo: Art. 156, CC 
 
Ocorre quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a 
pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume 
obrigação excessivamente onerosa. 
Também é admissível o reconhecimento do Estado de perigo 
quando o prejudicado praticou o ato para salvar alguém não pertencente à sua 
família, devendo o juiz decidir nesses casos. 
Caso seja reconhecido que o agente praticou o ato em estado de 
perigo, o negócio jurídico deverá ser anulado. 
 
Dos requisitos para caracterização do vício do estado de perigo: 
a) Elemento objetivo: onerosidade excessiva. Quando o negociante se 
encontra diante do vício estado de perigo, acaba por celebrar o negócio 
considerado exorbitante, diante da onerosidade excessiva. 
b) Elemento subjetivo: é representado pela situação que motivou a pessoa a 
celebrar o contrato e a ciência de tal motivo pela outra parte contratante – 
salvar a sua vida, a de um ente familiar ou querido, ou terceiros. 
 
Obs: O negócio só será anulado por estado de perigo se o outro contratante 
tinha conhecimento da situação de risco ou perigo. 
 
Exemplo: uma pessoa que tem um familiar sequestrado, tendo sido fixado o 
valor de Resgate em R$ 5.000 (cinco mil reais). Um terceiro, tendo 
conhecimento do fato, oferece tal quantia em troca de um bem pertencente a 
um indivíduo, mas que na verdade tem o valor real de cinco vezes maior. 
Celebra-se a venda, em função da situação de desespero da pessoa que quer 
salvar seu parente. 
 
Outro exemplo clássico é com relação a um pai que chega em algum hospital 
com seu filho em estado grave de saúde, e o centro médico exige um valor-
caução de R$ 200.000,00 para que a criança seja atendida internada de forma 
imediata. Diante deste exemplo, observa-se que deve o contrato celebrado 
entre o pai da criança e o hospital permanecer, sendo cobrado apenas o real 
valor que foi gasto com a internação, medicação, e cuidados médicos 
atribuídos ao menor, pois senão, se o contrato for anulado por completo, o 
hospital será efetuado o atendimento, medicado o infante e nada recebido 
pelos serviços prestados, aqui é que vê opapel importante do magistrado em 
buscar o equilíbrio da relação contratual. 
 
Tipo de ação e prazo: Se a parte realiza um negócio jurídico eivado pelo 
Estado de perigo, a ação anulatória é meio passível para se desfazer o ato, 
tendo como prazo decadencial de 4 anos, contados da data da celebração do 
ato. 
 
Obs: Enunciado 148 da III Jornada de Direito Civil: "ao estado de perigo (Art. 
156) aplica-se, por analogia, o disposto no § 2° do artigo 157". Ou seja, a 
possibilidade de revisão do negócio jurídico pelo juiz visando equilibrar relação 
contratual. 
 
4-) Da Lesão: Art. 157, CC 
 
Ocorre quando a pessoa, por premente necessidade, ou por 
inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor 
da prestação oposta. 
Essa desproporção deve ser apreciada de acordo com os valores 
vigentes ao tempo em que foi celebrado o negócio. 
De acordo com o enunciado 290 do CJF, a lesão acarretará a 
anulação do negócio jurídico quando verificada, na formação deste, a 
desproporção manifesta entre as prestações assumidas pelas partes, não se 
presumindo a premente necessidade ou inexperiência do lesado. 
 
Dos requisitos para caracterização do vício da lesão: 
a) Elemento objetivo: que se configura pelo lucro exagerado, demonstrada na 
desproporção das prestações que oferece um dos contratantes. 
b) Elemento subjetivo (dolo de aproveitamento): ocorre quando uma das 
partes aproveita da inexperiência da outra ou de sua situação de necessidade, 
devendo ser analisada as questões de âmbito psicológico no momento da 
celebração do contrato. 
 
Exemplo: uma pessoa que está prestes a ser despejado, após receber uma 
notificação de despejo, por dever mais de três prestações de aluguel, busca 
vender desesperadamente diversas joias de família para conseguir quitar seu 
débito Um terceiro, tendo conhecimento do fato, oferece uma quantia em troca 
das joias pertencentes ao indivíduo, mas que na verdade possuem um valor 
real de 15 vezes maior. Celebra-se a venda, em função da situação de 
desespero da pessoa que quer evitar ser despejada. 
 
Tipo de ação e prazo: Se a parte realiza um negócio jurídico eivado pela 
lesão, a ação anulatória é meio passível para se desfazer o ato, tendo como 
prazo decadencial de 4 anos, contados da data da celebração do ato. 
 
Todavia, em atenção ao princípio da conservação dos contratos, a 
verificação da lesão deverá conduzir, sempre que possível, à revisão judicial do 
negócio jurídico e não a sua anulação, sendo dever do magistrado incitar os 
contratantes a seguir as regras dos art. 157, § 2.°, do CC/2002. (Enunciado 
149/ CJF). 
 
O lesionado pode optar por não pleitear a anulação do negócio 
jurídico, deduzindo, desde logo, pretensão com vista a revisão judicial do 
negócio por meio da redução do proveito do lesionador ou do complemento do 
preço (Enunciado 291/CJF). 
 
OBS: A lesão prevista no artigo 157 do Código Civil atinge a vontade do 
negócio jurídico, razão pela qual é denominado de lesão subjetiva, não 
devendo ser confundida com a lesão objetiva que está presente no artigo 480 
do Código Civil, pois basta a simples presença da onerosidade excessiva, não 
sendo necessário a discussão da questão volitiva como ocorre na lesão 
subjetiva. 
 
5-) Da Coação: Arts. 151 a 155, CC 
 
É a pressão ou ameaça, física ou moral, sobre uma das partes, que 
faz com que essa tenha a sua vontade alterada, deixando de agir de acordo 
com suas intenções e convicções. 
"A coação, para viciar a declaração de vontade, há de ser tal que 
inculta, ao paciente, fundado temor de dano iminente e considerável à sua 
pessoa, à sua família, ou aos seus bens" (Art. 151/CC). 
Se relativo a pessoa não pertencente à família do paciente, o juiz, 
com base nas circunstâncias, declarará se houve coação. 
Aquele que exerce a coação é chamado de coator, já aquele que 
sofre a coação é denominado de coato, coagido ou paciente. 
Como podemos observar, a coação acaba por gerar um temor à 
pessoa, em virtude de uma violência física ou chantagem moral. 
 
Dos requisitos para caracterização do vício da coação: 
1. Essencialidade da coação; 
2. Intenção de coagir; 
3. Gravidade do mal cominado; 
4. Injustiça ou ilicitude da coação; 
5. Dano atual ou iminente; 
6. Justo receio de prejuízo, igual, pelo menos, ao decorrente do dano 
extorquido; 
7. Tal prejuízo deve recair sobre pessoas ou bens do paciente, ou pessoas de 
sua família". 
 
OBS: Ao apreciar a coação, o juiz deve ter em conta o sexo, a idade, a 
condição, a saúde, o temperamento do paciente e todas as demais 
circunstâncias que possam influir na gravidade dela (Art. 152 do CC/ 2002). 
 
Das Espécies de coação: 
a) coação moral (psicológica ou relativa - "vis compulsiva"): na coação 
moral, a vontade do agente é tão só cerceada, restringida, e não totalmente 
excluída, podendo deixar de praticar o negócio jurídico optando por resistir ao 
mal prometido. 
Exemplo: Igor, mediante ato de coação, exige que Alfredo assine um contrato 
de compra e venda de um imóvel e caso se negue, sua família irá sofrer graves 
consequências). 
b) coação física (ou absoluta - "vis absoluta"): nesta espécie de coação não 
existe vontade, observa-se assim, ausência total de consentimento da parte 
que está sofrendo a coação. Segundo Silvio Venosa, coação absoluta e a 
"violência física que não dá escolha ao coacto". Assim, se o indivíduo aponta 
arma a outrem para conseguir a sua assinatura em documento, não há vontade 
por parte do paciente. 
Exemplo: Igor, mediante uma arma em punho, coage Alfredo assinar um 
contrato de compra e venda de um imóvel. 
 
Tipo de ação e prazo: Se o negócio jurídico foi celebrado mediante coação, tal 
ato é passível de anulação, devendo a ação anulatória ser proposta pelo 
interessado no prazo de 4 anos (prazo esse decadencial), devendo ser contado 
a partir do momento em que cessar a coação (Art. 178, I do Código Civil). 
 
Coação de Terceiro: 
 
Se a coação for exercida por um terceiro, o ato é passível de 
anulabilidade, desde que o negociante que foi beneficiado tivesse ou devesse 
ter conhecimento do ato de coação, devendo responder ambos (o terceiro e o 
beneficiado) pelas Perdas e Danos causados, de forma solidária. 
Contudo, se o beneficiado não tinha ou não devesse ter 
conhecimento do ato de coação, o negócio jurídico deverá permanecer válido, 
visando a conservação dos negócios jurídicos (Art. 155, CC/ 2002). Neste 
caso, o coator não ficará isento do dever de responder pelos danos causados, 
sem exclusão, até mesmo de possíveis pedidos de danos morais, caso este 
tiver ocorrido. 
Exemplo: João e Maria se casam mediante coação do irmão da 
noiva; se Maria tinha conhecimento desta coação, o casamento (negócio 
jurídico) é anulável, devendo Maria e seu irmão responderem solidariamente 
pelos danos causados. Se Maria, entretanto, tinha conhecimento da coação, o 
casamento é conservado diante da boa-fé da noiva que não tinha 
conhecimento de coação. Contudo, caberá ao seu irmão responder pelos 
danos causados a João por ter agido mediante coação. 
 
Obs: Não pode ser considerada coação a ameaça do exercício regular de um 
direito (exemplo: cobrar dívida vencida sob pena de que se o pagamento não 
for efetuado, o credor irá acionar a justiça mediante a ação de cobrança), nem 
o simples temor reverencial (exemplo: receio de desagradar a mãe a quem 
deve respeito e obediência). 
 
6-) Da Simulação: Art. 167, CC 
Simulação é a declaração enganosa da vontade, com o objetivo de 
produzir efeito diverso do ostensivamente indicado. As partes fingem praticar 
um negócio, quena verdade não desejam, para prejudicar um terceiro. 
 
Obs: Vale lembrar que, atualmente, não importa se a simulação foi 
praticada com o intuito de lesar ( simulação maliciosa) ou não ( simulação 
inocente). De acordo com o enunciado 152 da III jornada jurídica da JF, "toda 
simulação, Inclusive a inocente, é invalidante". 
 
Exemplo: Maria é casada com Pedro, contudo, Pedro tem uma 
amante Lúcia, e querendo agradá-la, deseja lhe dar de presente uma casa. 
Assim, Pedro simula venda da casa para seu amigo Jorge, que posteriormente 
passa o imóvel para Lúcia. Observa-se que Pedro simulou uma venda que na 
verdade não ocorreu, e diante de seu ato, acabou prejudicando sua esposa. 
 
- Natureza jurídica da simulação: 
 Alguns autores apontam uma polêmica existente no código civil de 
2002 quanto à natureza jurídica da simulação: se ainda é uma espécie de vício 
social do negócio jurídico ou se é apenas uma causa de nulidade absoluta. 
 Maria Helena Diniz compreende que a simulação continua sendo 
um vício do negócio, seguindo o mesmo entendimento Silvio Salvo Venosa, 
Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho e Flávio Tartuce. 
Defendendo o posicionamento contrário, Inácio de Carvalho Neto e 
Francisco Amaral compreendem que a simulação deixou de ser um vício social 
do negócio jurídico e passou a ser uma causa de nulidade absoluta, pois a 
simulação acaba atingindo a causa negocial. 
 
Das espécies de simulação: 
a) simulação absoluta: caracterizada quando as partes celebram o negócio 
jurídico falso sem a intenção de realizá-lo ou de realizar qualquer outro. Há 
apenas o objetivo de lesar um terceiro. 
b) simulação relativa: É aquela em que os contratantes realizam o negócio 
jurídico sobre determinado aparência, desejando, na verdade, realizar negócio 
diverso. 
Simulação relativa subjetiva: ocorre quando o vício social acomete 
o elemento subjetivo do negócio, isto é, diz respeito a pessoa dos contratantes. 
 Simulação relativa objetiva: ocorre quando o vício social acomete 
o elemento objetivo do negócio celebrado, o seu conteúdo. 
 
Obs: Não importa se a simulação é absoluta ou relativa, em ambos os casos, o 
negócio jurídico deverá ser considerado nulo. 
 
Tipo de ação e prazo: Ação declaratória de nulidade. Pode ser proposta por 
qualquer Interessado ou mesmo pelo Ministério Público, quando lhe couber 
intervir. É imprescritível. 
 
7-) Da fraude contra credores: Arts. 158 a 165, CC 
 
A fraude contra credores (instituto de direito civil) é caracterizada 
quando o devedor insolvente, ou na iminência de assim se tornar, pratica atos 
maliciosos no intuito de diminuir o seu patrimônio, reduzindo, assim, a garantia 
que esse representa para o pagamento de suas dívidas perante os credores. 
 
Exemplos de Atos fraudatórios: 
a) alienação de bens (doações, vendas, permuta); 
b) remissão de dívidas; 
c) pagamento antecipado a credor quirografário; 
e) renúncia de herança. 
 
Tipo de ação e prazo: Para que o negócio seja anulado, a parte prejudicada 
(credor) deve ingressar com ação pauliana ou ação revocatória, no prazo 
decadencial de 4 anos, contados da data da celebração do negócio jurídico. 
 
A ação deve ser movida contra o adquirente desses bens. Entretanto, deverá o 
credor provar os seguintes requisitos: 
a) anterioridade do crédito: é necessário que o crédito seja anterior aos 
negócios realizados pelo devedor com o intuito de lesar seus credores. Assim, 
se o bem foi alienado antes da existência da obrigação (legal ou contratual) 
não há que se falar em fraude contra credores. O negócio jurídico será válido. 
b) consilium fraudis (conluio fraudulento): é a má fé, o intuito deliberado de 
prejudicar, sendo suficiente que o devedor tenha a consciência de que de seu 
ato advirão prejuízos a seus credores. Quando a alienação é gratuita, presume-
se o conluio fraudulento. 
Serão igualmente anuláveis os contratos onerosos do devedor insolvente, 
quando a insolvência for notória ou houver motivo para ser conhecida do outro 
contratante. 
c) eventus damni (evento danoso): é o prejuízo causado ao credor, que não 
conseguirá satisfazer o seu crédito diante da insolvência do devedor. A 
alienação deixou o devedor sem bens suficientes para responder pela dívida. 
 
OBSERVAÇÕES IMPORTANTES: 
"Se o adquirente dos bens do devedor insolvente ainda não tiver 
pago o preço e este for, aproximadamente, o corrente, desobrigar-se-á 
depositando-o em juízo, com a citação de todos os interessados. Se inferior, o 
adquirente, para conservar os bens, poderá depositar o preço que diz 
corresponde ao valor real" (art. 160). Estamos diante da denominada fraude 
não ultimada. 
 A Lei de Falência determina que seja aberto o concurso de credores 
em caso de insolvência do empresário, e caso um dos credores quirografários 
já tenha recebido pagamento de dívida ainda não vencida, deverá devolver o 
quantum ao "monte", ou seja, deverá repor tais valores ao acervo do patrimônio 
de devedor insolvente para que posteriormente faça o rateio dos valores na 
proporção das dívidas de cada credor. 
 
Da Fraude contra credores versus fraude à execução: 
Não se deve confundir fraude contra credores com fraude à 
execução - Instituto de Direito Processual Civil. A fraude à execução (Art. 593, 
CPC) ocorre quando, no momento da realização da alienação, o devedor 
insolvente já estava respondendo processo capaz de reduzi-lo à insolvência. 
Assim, a alienação é considerada como ato ineficaz, não necessitando de 
processo para anulá-la, bastando simples despacho do juiz. 
Para caracterização da fraude à execução não é exigida prova de 
conluio, entendendo a doutrina que a presunção absoluta (iure et de iure) de 
sua presença. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
● DA REPRESENTAÇÃO: 
 
• Relação jurídica pela qual uma pessoa se obriga diretamente em face de 
terceiro, através de ato praticado em seu nome por um representante. 
 
1. Representante legal: Pessoa nomeada por Lei para administrar bens e interesses 
de outras pessoas que não podem fazê-lo por si próprio. 
Ex.: Pais Filhos; Tutores Tutelados; Curador Curatelado. 
 
2. Representante convencional: Também denominado de voluntário, é a pessoa 
nomeada através de contrato ou vontade das partes. 
Ex.: Um procurador recebe poderes de uma pessoa através de mandato 
expresso ou tácito, verbal ou escrito. 
 
3. Dos Efeitos da representação: 
• Produz efeitos perante o representado, criando-lhes direitos e obrigações que 
poderão afetar o seu patrimônio. 
• O representante legal ou convencional é obrigado a provar às pessoas (com 
quem tratar em nome representado) a sua qualidade de representante e a 
extensão de seus poderes, sob pena de, não o fazendo, responder pelos atos 
que estes excederem. 
• É anulável o negócio jurídico concluído pelo representante em conflito de 
interesses com o representado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
● DA INVALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO: 
 
1. Considerações iniciais: O negócio Jurídico é inválido (nulo ou anulável) quando 
não está apto a produzir os efeitos pretendidos, seja por ter violado preceito legal, 
de ordem pública, seja porque violou o interesse das partes envolvidas. 
 
2. Negócio Jurídico Nulo: 
• Há inobservância/desrespeito dos requisitos essenciais dos negócios 
jurídicos e descumprimento às determinações legais constantes do 
ordenamento jurídico pátrio. 
• Por essa razão, o negócio jurídico é nulo. Não produzirá efeitos. 
• E trata-se de nulidade absoluta, que não poderá ser convocadaou suprida, 
nem pelas partes envolvidas, nem pelo juiz. 
• O negócio jurídico nulo não é suscetível de confirmação, não pode ser 
ratificado, nem convalesce pelo decurso do tempo. Art. 169, CC. 
 
2.1. Hipóteses de negócio jurídico nulo: 
A. Quando celebrado pelo absolutamente incapaz (art. 3º, CC); 
B. Quando o objeto do negócio jurídico for ilícito, impossível ou 
indeterminado; 
C. Quando o motivo determinante de sua realização, comum às partes 
negociantes, for ilícito; 
D. Quando não se revestir da forma prescrita (imóvel: escritura pública) em 
Lei; 
E. Quando não foi observada alguma solenidade (solenidade: proclamas) 
que a Lei considere essencial para sua validade; 
F. Quando tiver por objeto fraudar Lei imperativa; 
G. Quando a Lei taxativamente o declarar nulo ou proibir-lhe a prática 
Simulação – art. 167, CC. 
 
2.2. Procedimento para buscar a nulidade do Negócio: Ação declaratória 
de nulidade. 
 
2.2.1. Prazo: Imprescritível (não está sujeita nem a prazo prescricional, nem 
decadencial) Questão de ordem pública. 
 
2.2.2. Pode ser requerida pelas partes negociantes ou apreciada “EX 
OFFICIO” pelo Juiz. 
 
2.2.3. Legitimidade: As partes e o Ministério Público, nas causas que lhe cabe 
intervir. 
 
3. Negócio Jurídico Anulável: 
• É praticado com observância dos requisitos necessários à sua validade, 
mas em condições impróprias. 
• Como as cláusulas de anulabilidade tem por objetivo proteger interesses 
particulares, a sua anulação não interessa à sociedade, mas somente às 
partes contratantes. Assim, se as partes não agirem no sentido de requerer 
a anulação do negócio jurídico no prazo de Lei, este passará a ser válido. 
• O negócio jurídico anulável é suscetível de confirmação, pode ser ratificado 
pelas partes e convalesce com o tempo. Preceitos de ordem privada 
prevalecem os interesses das partes negociantes. 
 
3.1. Hipóteses de negócio jurídico anulável: 
A. Quando celebrado pelo relativamente incapaz (art. 4º, CC). 
Ex.: Menor impúbere que realiza um negócio jurídico e posteriormente 
é convalidado por seus pais. Após a manifestação dos genitores o 
negócio jurídico passa a ser válido. 
B. Quando presentes os vícios ou defeitos dos negócios jurídicos, 
exceto a simulação: ERRO, DOLO, COAÇÃO, ESTADO DE 
PERIGO, LESÃO E FRAUDE CONTRA CREDORES. Arts. 138; 145; 
151; 156; 157; 158 e 159, CC. 
C. Quando a lei declarar a sua anulabilidade 
 
3.2. Procedimento para buscar a anulabilidade do negócio: A ação 
anulatória de negócio jurídico 
 
3.2.1. Prazo: 
• Decadencial de 04 anos: Após tal lapso temporal, o negócio 
jurídico será convalidado. Questão de ordem privada. 
 
3.2.2. Somente pode ser requerida pelas partes negociantes: Não pode ser 
apreciada de ofício p/ Juiz. 
 
3.2.3. Legitimidade: Somente as partes negociantes. O Ministério Público 
não possui legitimidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 DO ATO LÍCITO OU ILÍCITO: 
 
1. Do ato ilícito: é toda conduta humana que viola os comandos constantes no 
ordenamento jurídico. 
 
1.1. Definição legal: aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência, 
violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, 
comete ato ilícito. Art. 186, CC. 
 
1.2. Elementos constitutivos: 
A. Conduta Humana: comissiva (em virtude de uma ação) ou 
omissiva (fui negligente). 
B. Culpa: Dolo (voluntária intencional), Negligência (dever de fazer 
algo em virtude de lei + falta de cuidado+ omissão), Imprudência 
(proibição de fazer algo em virtude de Lei + falta de 
cuidado/atenção + ação) ou Imperícia (falta de habilidade 
especial para praticar um ato/atividade específica + ação). 
C. Nexo de causalidade: é a relação de causa e efeito entre a 
conduta humana ilícita e os danos causados em virtude da 
mesma. 
D. Danos: Prejuízos, transtornos, sofrimentos, constrangimentos, 
perdas causadas a alguém em virtude da conduta humana ilícita. 
Pode ser: 
• Patrimoniais ou materiais: Danos emergentes (prejuízo efetivo) 
e Lucros cessantes (tudo o que a vítima deixar de ganhar). 
• Extrapatrimoniais: 
- Morais: Os danos afetam os direitos da personalidade (honra, 
imagem, privacidade). 
- Estéticos: Os danos causam lesão física que quebra a harmonia 
morfológica do organismo humano (aleijão, deformidade física). 
 
1.3. Implicações Jurídicas: Dever de reparar os danos causados: 
responsabilidade civil art. 927, CC. 
 
2. Do ato Lícito: é toda conduta humana praticada em estrito 
cumprimento/observância ao ordenamento jurídico pátrio. Nesse caso, não há o 
que se falar em dever de reparar ou responsabilidade civil, exceto no caso de 
abuso de Direito ou excesso (art. 187, CC). 
 
OBS.: No abuso de Direito, o ato é originalmente lícito, há um direito 
assegurado em Lei. Todavia o agente, quando do exercício de tal Direito, 
pratica-o de forma irregular, executa-o com excesso, nascendo, assim, o 
dever de reparar os danos causados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 DA PRESCRIÇÃO E DA DECADÊNCIA: 
 
1. Da Decadência: é a extinção do direito potestativo (são aqueles que conferem o 
poder de influir ou determinar mudanças na esfera jurídica de outrem p/ ato 
unilateral, sem que haja um direito correspondente) e do direito de requerer a 
constituição ou desconstituição de relações jurídicas, pela falta de seu exercício no 
prazo previsto em contrato ou na lei. 
Ex1.: *Direito Potestativo: Art. 516,CC - 60 dias para exercer o Direito de 
preferência sobre coisa imóvel. 
Ex2.: Direito de Constituir ou desconstituir algo: Ações anulatórias para 
requerer a desconstituição dos negócios jurídicos que apresentem de feitos/vícios. 
Art. 178, CC - 04 anos. 
 
1.1. Espécies de Decadência: 
A. Decadência Legal: Prevista em lei. 
Ex.: 180 anos para anular o casamento de menor de 16 anos de idade. 
B. Decadência Convencional: Prazo livremente fixado pelas partes em 
contrato. 
Ex.: Prazo de garantia de 03 anos dado concedido pelo vendedor de 
um bem (A Renault dá 03 anos de garantia). 
 
1.2. Prazos de decadência fixados em lei (de decadência legal): 
A. Art. 516, CC: Prazo para exercer o Direito de preferência sobre 
coisa móvel - 03 dias após notificação do devedor; 
B. Art. 445, CC: Prazo para mover ação redibitória de coisa móvel 
(defeitos/vícios na coisa móvel) - 30 dias contados da tradição da 
coisa). 
C. Art. 516, CC: Prazo para exercer o Direito de preferência sobre 
coisa móvel - 60 dias após notificação do devedor; 
D. Art. 1560, I, CC: Prazo para anular casamento de incapaz - 180 
dias, contados da celebração; 
E. Art. 2027, Parágrafo Único, CC: Prazo para propor ação 
anulatória da partilha - 01 ano; 
F. Art. 1.859, CC: Prazo para propor ação anulatória de testamento - 
05 anos, contados do registro; 
G. Art. 178, CC: Prazo para requerer a anulação dos negócios 
jurídicos - 04 anos, contados a partir do dia em que realizou o 
negócio, e, no caso de coação, contados do dia em que ela cessar. 
 
Obs: Todos os prazos que se encontram distribuídos no Código Civil, com exceção dos 
art. 205 e 206, que o tratam dos prazos prescricionais. 
 
 
1.3. Da renúncia ao prazo decadencial: somente admissível nos casos de 
decadência convencional, sendo nula de pleno Direito nos casos de 
decadência legal - Art. 210, CC. 
 
1.4. Matéria de Ordem Pública: em caso de decadência legal, o Juiz poderá 
apreciá-la de ofício (ou seja, independentemente do requerimento das 
partes litigantes) - art. 210, CC. Nesse caso, haverá extinção do processo 
com julgamento de mérito. 
 
OBS.: Não se aplicam à decadência as regras que impedem, suspendem ou interrompem 
a prescrição. O prazo ocorre normalmente, levando-se à extinção do próprioDireito - Art. 
207, CC. 
 
 
2. Da Prescrição: É causa extintiva da pretensão de direito material (reparação de 
direito violado) em virtude da inércia de seu titular nos prazos previstos em lei). 
Ocorre prescrição nos casos em que houve um direito violado e o 
prejudicado/vítima não toma as medidas jurídicas cabíveis para compelir o ofensor 
a reparar tal direito. Ocorre nos casos de pretensões condenatórias de 
indenização, perdas e danos, obrigação de não fazer, ações de cobrança, 
execução de honorários profissionais. 
 
OBS.: As partes podem renunciar expressa (declaração expressa escrita ou 
em juízo) ou tacitamente (pagamento de dívida prescrita) ao prazo 
prescricional. 
 
Obs 2: As partes não podem alterar os prazos prescricionais fixados em lei. 
 
2.1. Prazos prescricionais: fixados nos arts. 205 e 206, do CC. 
 
2.2. Causas suspensivas e impeditivas da prescrição: arts. 197 a 201, CC. 
 
Obs.: Quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no 
juízo criminal, não ocorrerá a prescrição antes da respectiva sentença 
criminal. 
 
2.3. Causas interruptivas da prescrição: arts. 202, CC. 
• A interrupção da prescrição pode ocorrer somente uma vez. 
• Uma vez interrompida, ela recomeça a correr da data do ato que a 
interrompeu. 
 
2.4. Matéria de Ordem Pública: Nos casos de prescrição, o Juiz poderá 
apreciá-la de ofício (ou seja, independentemente do requerimento das 
partes litigantes) art. 193, CC. Nesse caso, haverá extinção do processo 
com julgamento de mérito. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
►DAS PROVAS DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS: arts. 212 a 232, CC. 
1) IMPORTÂNCIA: art. 5°, LV, CF. 
Constituem uma garantia constitucional, estando compreendidas no próprio princípio constitucional do contraditório e 
ampla defesa. É assegurada tanto ao autor quanto ao réu, bem como em qualquer espécie do processo. 
2) CONCEITO: são instrumentos aptos a comprovar as alegações apresentadas em juízo, tanto pelo autor, quanto pelo 
réu. São reconhecidas e admitidas pelo próprio ordenamento jurídico pátrio. 
3) ESPÉCIES: art. 212, CC 
3.1) CONFISSÃO: arts. 213 e 214, CC. 
Realizada por uma parte, contra si, e em favor da outra parte. 
3.2) DOCUMENTOS: arts. 215 a 226, CC. Podem ser: 
A) PÚBLICOS: art. 215,CC. EFEITOS: “erga omnes” 
B) PARTICULARES: art. 221,CC. EFEITOS: entre as partes signatárias – art.219,CC 
Obs: ADMISSIDILIDADE DE CÓPIAS E ORIGINAIS: art. 223,CC 
3.3) TESTEMUNHAL: art. 227,CC. 
- QUEM PODE TESTEMUNHAR? Conhecimento do fato e não é incapaz, impedido ou suspeito. 
- QUEM NÃO PODE TESTEMUNHAR? Art. 228,CC. 
- OS INCAPAZES: art. 228, I, CC. 
- OS IMPEDIDOS: art. 228, V, CC. 
- OS SUSPEITOS: art. 228, IV, CC. 
- QUEM NÃO É OBRIGADO A DEPOR? Art. 448, NCPC. 
3.4) PERICIAL: art.231 e 232, CC. 
Requer conhecimento especializado sobre o assunto: PERITO. 
-ESPÉCIES: art. 464, NCPC. 
A) EXAME: pessoas, semoventes. 
B) VISTORIA: ambientes físicos, edificação, instalações físicas, celular, automóveis 
C) AVALIAÇÃO: bens, coisas.

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