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LICENCIATURA EM LETRAS PORTUGUÊS/INGLÊS PRÁTICA DE ENSINO: TRAJETÓRIA DA PRÁXIS (PE:TP) POSTAGEM 1: ATIVIDADE 1 PLANO DE AULA – ENSINO MÉDIO Stelamaris Roberto – RA: 1615052 Polo/Amparo 2018 ROTEIRO PARA O PLANO DE AULA Identificação Nível de Ensino/ Turma: Ensino Médio – 3ª série Disciplina: Língua Portuguesa/ Literatura Tema da aula: A universalidade da Variação Linguística em Grande Sertão Veredas, de Guimarães Rosa Tempo de duração da aula: 50 minutos Quantidades de Aula: 6 Conteúdos Leitura e análise literária da obra: Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa. Intertextualidade entre a escrita de Guimarães Rosa e outros escritores modernistas brasileiros e europeus, ( literatura comparada). Análise gramatical da escrita do autor, bem como, análise sobre os elementos que compõe a narrativa. Figuras de Linguagem dentro da obra. Gêneros Textuais: Narração e Descrição. Objetivos a) Conhecer a obra e o contexto histórico de Grande Sertão: Veredas. Identificar a voz narrativa, classificar as personagens, tempo, espaço, linguagem (oralidade, arcaísmos, neologismos, ditados populares, regionalismos), bem como as estratégias de pontuação utilizada pelo autor, além de discutir a criação de um dialeto único, que mistura variações da língua portuguesa e outros idiomas, reconhecendo a língua como ser e não como signo. b) Localizar as figuras de linguagem obtidas a partir de elementos populares, enraizados na cultura como músicas do povo, dialetos locais, trejeitos, crendices, rezas e superstições, assim como descrever as características essenciais da história oral com elementos particulares. c) Comparar o intertexto modernista da obra de Guimarães Rosa e a escrita de outros escritores modernistas que, também empregaram a introspecção psicológica, enredos fragmentados, fluxo de consciência como discurso predominante e epifania em seus respectivos textos, como James Joyce, Virginia Woolf, Clarice Lispector, reconhecendo a intertextualidade e os tipos de discurso (narração/descrição). Recursos Para as atividades previstas serão utilizados os espaços, da sala de aula, onde serão ministrados os conteúdos teóricos e avaliativos, a sala de vídeo e conferência, onde serão exibidos os materiais de áudio e vídeo sobre os tópicos abordados, a biblioteca e a sala de informática. Etapas da aula O conteúdo prático e teórico serão divididos em 6 aulas de 50 minutos cada, sendo 2 aulas por semana, totalizando 3 semanas para inicio e conclusão das atividades, tempo necessário para que os alunos façam a leitura do livro. As 2 primeiras aulas serão divididas em, 20 minutos de conteúdo audiovisual e 20 minutos para atividade complementar. Os 10 minutos restantes serão utilizados para observações e discussões sobre o tema. As últimas 4 aulas serão divididas entre conteúdos práticos e teóricos. Introdução ao tema Grande Sertão: Veredas, escrito por Guimarães Rosa e publicado em 1956, possui qualidades comprováveis que levaram críticos de vários universos sociais a incluí-lo dentre os 100 melhores livros já escritos no mundo. É uma narrativa devastadora e predominante que deve fazer parte da vida de todo leitor. O cenário é o sertão brasileiro, uma área que corresponde a uma parte dos estados da Bahia e de Minas Gerais. Poucos locais citados no livro são reais, sendo boa parte fruto da imaginação do autor, o que não desabona em nada a grandiosidade da obra. Desde criança, Guimarães Rosa, era um ouvinte das histórias contadas. Na fala regional do centro norte de Minas Gerais buscou o fundamento de seu estilo. Antes de ser diplomata, como médico percorreu toda a região, atendendo os enfermos e ouvindo histórias de vaqueiros. O convívio do autor com os narradores orais o introduziu no universo dos mestres da narração. Como uma verdadeira viagem pelo sertão, o autor descreve minuciosamente paisagens e localidades, assim como, cada árvore, planta, pássaro que habita o sertão como testemunhas das aventuras das personagens. As características do protagonista é um atrativo a parte, Riobaldo é um jagunço reflexivo e inteligente, possui um grande senso de lealdade, examina e interroga a própria existência. Um personagem atípico fora de contexto, mesmo estando num ambiente rústico, enxerga beleza e inspiração na rotina, além de extrair sabedoria de tudo que experimenta. Grande Sertão Veredas, é a luta interna de um jagunço pensador que, apesar de ter uma noiva, possui tanta sensibilidade que se apaixona por um homem; é religioso, mas faz um pacto com o diabo. Os conflitos de Riobaldo são condensados na disputa entre o bem e o mal, embora esses valores sejam muito relativos, dependendo do ponto de vista. A escrita do autor é um amálgama de elementos populares enraizados na cultura, trejeitos, crendices, rezas, dialetos locais e regionais, arcaicos e modernos. O autor, ainda menciona a Bíblia, Dante Alighieri, Doutor Fausto e outros textos e personagens clássicos, além da própria literatura brasileira de vertente sertaneja. Grande Sertão: Veredas, é também uma epopeia da língua portuguesa, que transforma o leitor em heróis épicos e trágicos de uma outra aventura: a do espanto com uma língua que é familiar, mas ao mesmo tempo soa desconhecida. O livro é o monólogo infindo de Riobaldo, um sábio, um melancólico, um perguntador aflito ansioso por conhecer a natureza do bem e do mal. O travessão que inicia o livro indica a presença do interlocutor invisível, supostamente alguém letrado, conhecedor da vida, que sabe as respostas para as perguntas do protagonista. Esse interlocutor é o diálogo da cidade e o campo, e pode ser o próprio leitor, que se debruça sobre a leitura de um livro tão denso e complexo. E diante de questões sobre Deus, o Diabo, nem a fé nem a descrença tem grande valor. Quem muito auxilia neste contexto é aquela senhora que atravessa e sustenta o Grande Sertão, ora apaziguando ora chicoteando: a linguagem. É ela quem atravessa o intransponível do que a inteligência não alcança e conduz para além do que se pode pensar. Segundo Antônio Cândido: “Na extraordinária obra-prima Grande Sertão: Veredas há de tudo para quem souber ler, e nela tudo é forte, belo, impecavelmente realizado. Cada um poderá abordá-la a seu gosto, conforme o seu ofício”. Grande Sertão: Veredas é uma obra do povo com suas narrativas orais. Sem autoria definida, são resultado de um processo coletivo e continuado de criação e sua origem perde-se na distância ancestral. São os primeiros gêneros textuais que diferentes sociedades utilizaram para contar fatos marcantes, provavelmente ocorridos, que traziam consigo um grau significativo de mistério para as personagens que deles participaram. Acredita-se que Riobaldo possui crenças semelhantes à do próprio Guimarães Rosa. Como diz o personagem, bebe água de diversos rios, é católico, mas aceita ensinamentos do protestantismo e do espiritismo. É ao mesmo tempo o retrato da fé do homem do sertão, onde o catolicismo quase não embrenhou, misturado com crenças antigas, e uma mentalidade gnóstica, onde busca-se o conhecimento acima de tudo. A ordem lexical e a sintaxe da narrativa são confusas, as frases são desconstruídas, não existem capítulos, contudo, com o ritmo, o leitor se acostuma e a leitura desliza. O cenário exala natureza, do frescor do rio Urucúia, às agruras da terra seca. Os personagens delineados em seu habitat, sem reparo ou revisõesgramaticais, com suas adorações e fanatismos, o que não impede que venham carregados de sabedoria, onde se faz presente o maniqueísmo dos saberes da vida, do tempo, da vida e da morte, dos segredos da fauna e da flora, uma gente mística que crê no magnetismo da vida. Desenvolvimento da aula O conteúdo será mostrado e explicado da seguinte forma: Na 1ª e 2ª aula serão exibidos vídeos que irão contextualizar a obra e a biografia do autor, assim como o intertexto modernista da obra de Guimarães Rosa e a escrita de outros escritores existencialistas. Nesta etapa os alunos irão redigir um relatório reunindo as principais características observadas durante os vídeos. Na 3ª aula haverá um breve debate sobre os relatórios corrigidos e a inserção do conteúdo: tipos de discurso: narração/descrição utilizando elementos do texto de Grande Sertão Veredas. Na 4ª aula haverá uma mesa redonda sobre histórias orais, cada aluno contará uma pequena história com elementos da cultura popular, como lendas urbanas, piadas, causos, etc. Na 5ª aula inserção do conteúdo: figuras de linguagem contidas na escrita do autor, reunir ditados populares observados no livro e elaborar um minidicionário com explicações próprias. Na 6ª aula, os alunos farão uma resenha, onde será exigida a identificação da voz narrativa, a classificação das personagens, do tempo, do espaço, linguagem (traços de oralidade, arcaísmos, neologismos, ditados populares e regionalismos), além de um breve relato sobre a escrita do autor. Atividades para os estudantes As principais atividades realizadas pelos estudantes serão: debates sobre os conteúdos ministrados, com pontos de vista individuais, resenhas críticas sobre o conteúdo literário, elaboração de trabalhos coletivos e individuais sobre os tópicos abordados durante as aulas teóricas. Avaliação A avaliação dos conteúdos ministrados durante o processo das 6 aulas serão realizados da seguinte forma: Contar histórias: mesa redonda onde serão explorados os elementos da cultura popular atual conhecida e desconhecida dos alunos. (2,5) Elaboração de um minidicionário com palavras e ditados populares contidos no livro e outras sugeridas pelos alunos. (2,5) Avaliação formal exigindo dos alunos as habilidades necessárias para a compreensão do conteúdo ensinado durante o período das 6 aulas, bem como cobrança da leitura do livro. (5,0) Referências A universalidade em grande sertão: veredas e a noção de gramática universal. Disponível em: https://revistadogel.gel.org.br/rg/article/view/174 - (Acessado em: 24/03/2018 ALVES, Cristiane da Silva. Os amores de Riobaldo: uma análise do feminino em Grande Sertão: Veredas. In: Regina Zilberman. (Org.). Machado de Assis & Guimarães Rosa Da criação artística à interpretação literária. Porto Alegre: Edelbra, 2008, v. , p. 393-399. ANDRADE, Sônia M. V. A Vereda Trágica do “Grande Sertão: Veredas”. São Paulo: Loyola, 1985. CANDIDO, Antonio. O Homem dos Avessos. In: COUTINHO, Eduardo F. Org. Coleção Fortuna Crítica – direção de Afrânio Coutinho. – 2.ed. – Rio de Janeiro: Civilização Brasileira S.A., 1991. 295-309. CANDIDO, Antonio [et al.] A Personagem de Ficção. 11.ed. – São Paulo: Perspectiva, 2005. CHERUBIM, Sebastião. Dicionário de figuras de linguagem. São Paulo: Pioneira, 1989. CHEVALIER, Jean; GHEERBRANT, Alain. Dicionário de símbolos: (mitos, sonhos, costumes, gestos, formas, figuras, cores, números). – 24. ed. – Rio de Janeiro: José Olympio, 2009. S.A., 1969. ROSA, João Guimarães. Grande Sertão: Veredas. 19 ed., Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.
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