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TEORIA GERAL DO DIREITO FADISMA – Profª Francieli Raminelli FATOS JURÍDICOS CONCEITO: fato jurídico em sentido amplo é todo o acontecimento da vida que o ordenamento jurídico considera relevante no campo do direito. Para que o fato seja considerado jurídico deve passar por um juízo de valoração. Dessa forma, tanto uma conduta humana, como uma ação animal ou da natureza podem servir de suporte fático da norma jurídica. Dividem-se em: a) Fato jurídico em sentido estrito ou fato natural: manifestação da natureza, por exemplo nascimento, morte, raios, tempestades etc. b) Ato jurídico em sentido amplo ou fato humano: é aquele decorrente da atividade humana. i. Ilícito: age-se em desacordo com o que está prescrito no ordenamento jurídico, gerando efeitos involuntários, mas previstos na regra. ii. Lícito: atos praticados em conformidade com o ordenamento jurídico, que produzem os efeitos almejados pelo agente. ATOS LÍCITOS: a) Ato jurídico em sentido estrito: o efeito da manifestação de vontade está prescrito em lei, não há vontade qualificada, visto que há simples intenção (a ação humana é apenas a intenção de praticar o ato determinado pela lei, o agente não pode determinar a sua vontade de forma diversa). Ex.: tradição, reconhecimento de paternidade; b) Ato-fato jurídico: não há nem vontade e tampouco intenção ou a consciência do agente, é mais importante a consequência, sem levar em consideração a vontade de praticá-lo. Ex.: achado de tesouro. Inserem-se também os fatos de ampla aceitação social. Ex: criança que compra um doce. O fato não é nulo, ainda que a criança não tenha capacidade de manifestar uma vontade qualificada. c) Negócio jurídico: vontade qualificada, busca-se alcançar determinada finalidade permitida em lei. CONCEITO: é a declaração de vontade privada destinada a produzir efeitos (constituição, modificação ou extinção de relações jurídicas) que o agente pretende e o direito reconhece. Em suma, é a realização da autonomia privada e o seu símbolo é o contrato. Cabe ao julgador, fazer a subsunção da lei ao caso concreto por meio da sentença. A lei e impessoal e abstrata e se revela como sendo a premissa maior pré-existente. Já o caso concreto se mostra como sendo a premissa menor. Quando não houver uma norma que se enquadre perfeitamente no caso concreto o juiz deve se socorrer da integração das normas (analogia, costume ou princípios gerais do direito). Juiz interpreta a lei: Três correntes: 1. Interpretação subjetiva: deve-se buscar, com a interpretação a vontade do legislador; 2. Interpretação objetiva: deve-se buscar a vontade da norma, visto que uma vez promulgada, ela se separa de seu autor; 3. Livre pesquisa: a lei deve ser interpretada de acordo com as concepções vigente a época de sua aplicação. ILICITUDES Os atos ilícitos são aqueles praticados em desacordo com o prescrito no ordenamento jurídico e que causa dano a outrem, embora repercutam na esfera do direito, produzem efeitos involuntários, impostos pelo ordenamento. Ou seja, em vez de direitos criam deveres (obrigação de reparar o prejuízo). Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. DEVER DE REPARAÇÃO: VIOLAÇÃO DE DIREITO + DANO A OUTREM - cumulativos RESPONSABILIDADE CONTRATUAL X EXTRACONTRATUAL (AQUILIANA) TIPO DE RESPONSABILIDADE CONTRATUAL EXTRACONTRATUAL (AQUILIANA) CONCEITO Descumprimento de obrigação contratual Descumprimento do dever geral de não lesar ÔNUS DA PROVA Credor prova o inadimplemento, a culpa se presume. A vítima deve provar o dano e, se for o caso, dolo ou culpa do causador. ORIGEM Contrato Dever geral de não lesar CAPACIDADE Limitações – somente pessoas capazes podem celebrar convenções válidas Não sofre limitações – ex.: amentais, menores etc. RESPONSABILIDADE CIVIL E RESPONSABILIDADE PENAL RESPONSABILIDADE PENAL CIVIL NORMA VIOLADA Transgressão da norma penal (público) Transgressão da norma civil (privado) RESPONSABILIDADE Pessoal, não ultrapassa a pessoa do condenado Patrimonial, não existe prisão civil, salvo no caso de devedor de alimentos. Pode-se responder pelo dano causado por outrem. CULPABILIDADE Deve existir certo grau ou intensidade de culpa Sempre gera o dever de indenizar. IMPUTABILIDADE Apenas maiores de 18 anos. Menor de 18 anos pode responder desde que respeitados requisitos do art. 928, CC/02. RESPONSABILIDADE OBJETIVA E RESPONSABILIDADE SUBJETIVA OBJETIVA SUBJETIVA Teoria objetiva ou do risco (responsabilidade legal ou objetiva): não é necessário apurar a culpa, apenas se analisa ação/omissão; nexo causal e resultado danoso. São casos em que a lei impõe a certas pessoas em determinadas situações a reparação de um dano cometido sem culpa. Teoria da culpa ou subjetiva: para haver responsabilidade civil deve- se apurar a culpa lato sensu (dolo e culpa estrito sensu) do agente. * CC/02 adotou a teoria subjetiva, ou seja, para existir o dever de reparar o dano deve haver: ação/omissão; dolo/culpa; nexo causal e resultado danoso TEORIA OBJETIVA – adotada em alguns casos previstos em lei: Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil: I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia; II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições; III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele; IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos; V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia. Art. 933. As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que não haja culpa de sua parte, responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos. Art. 936. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar culpa da vítima ou força maior. IMPUTABILIDADE E RESPONSABILIDADE 1. Responsabilidade dos privados de discernimento Ato praticado por um inimputável (por exemplo louco, amental etc.): o curador responderá pelos atos do curatelado que estiver sob sua autoridade e sob sua companhia independentemente da análise da culpa deste (art. 932, II e art. 933, CC). Ou seja, o curador não deixará de pagar a indenização provando que não foi negligente. Adota-se, pois, o princípio da responsabilidade subsidiária e mitigada . 2. Responsabilidade dos menores Pelos danos causados pelos menores responderão os pais ou tutores (art. 932, I e II, CC). Teoria da Substituição: os pais substituem os filhos, o tutor substitui o tutelado. Se estes, porém, não tiverem condições suficientes para ressarcir o prejuízo, o mesmo será pago pelo menor, salvo se isso importar em privação do necessário para o incapaz e as pessoas dele dependentes.PRESSUPOSTOS DA RESPONSABILIDADE CONTRATUAL 1. Ação/omissão Pode-se responder por ato próprio, ato de outrem que esteja sob sua guarda, de coisas (art. 937 CC) ou de animais (art. 936 CC). No caso de responsabilidade por omissão é necessário que exista o dever jurídico de praticar determinado ato E que se demonstre que com a sua prática o dano teria sido evitado. 2. Dolo/culpa Dolo: deliberação intencional, deliberada do dever jurídico. Consiste na vontade de cometer uma violação ao direito. Culpa: ausência de diligência que se exige do homem médio. * A indenização se define pelo extensão do dano e não pelo grau de culpa (art. 944, CC); 3. Nexo causal A ocorrência do dano deve estar relacionada com a ação/omissão do agente. Se houve o dano, mas a sua causa não está relacionada com o comportamento do agente não haverá responsabilidade civil. Existem algumas excludentes do dever de indenizar, por exemplo, culpa exclusiva da vítima, força maior etc. que rompem o nexo de causalidade. Ex.: pessoa que buscando se suicidar se atira na frente de um veículo, o motorista não será responsabilizado, visto que o dano (morte) não decorreu de sua ação. 4. Resultado danoso Deve-se demonstrar o dano, que pode ser: patrimonial (material) ou extrapatrimonial (moral). Por vezes, o dano poderá ser presumido (in re ipsa); REFERÊNCIA:
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