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EXAME NACIONAL DE HISTÓRIA A 12º ANO 
10ºANO 
Módulo 3: A abertura europeia ao mundo – mutações nos conhecimentos, 
sensibilidade e valores nos séculos XV e XVI 
Unidade 1 – A geografia cultural europeia de quatrocentos e quinhentos 
1.1. Principais centros culturais de produção e difusão de sínteses e inovações 
Objetivo 1. A ampliação do conhecimento do Mundo pelos Europeus nos séculos XV e XVI 
Idade Moderna: 1450 - 1789 (Rev. Francesa) – desanuviamento da “trilogia negra” – 
propícios à época dos Descobrimentos. 
Séculos XV e XVI: paz, apoio da Burguesia há expedições e auxílio dos inventos técnicos 
(mapa com rosa-dos-ventos, bússola, astrolábio, balestilha e caravela portuguesa). 
Descobrimentos - Destaque para os Portugueses e os Espanhóis: 
 Bartolomeu Dias (1487/88) – Cabo das Tormentas; 
 Vasco da Gama (1497/99) – Caminho marítimo para a Índia – Rotas marítimas de comércio 
das especiarias; 
 Pedro Álvares Cabral (1500) – Descoberta d Brasil – Colónias portuguesas mais promissoras; 
 Cristóvão Colombo (1492/93) – Antilhas (continente americano); 
 Fernão de Magalhães (1519/22) – Circum-navegação – Alteração dos conhecimentos 
geográficos e astronómicos. 
Objetivo 2. Progresso económico, demográfico, social e político 
Idade Moderna - Dinamismo geral: Crescimento demográfico, Desenvolvimento 
económico (comércio mundial), Criação de elites burguesas e aristocráticas e Reforço do poder 
político de príncipes e monarcas. 
Objetivo 3. Importância de certos inventos 
Séculos XV e XVI - Proliferação de inventos técnicos 
 - Navegação transoceânica: p.e. astrolábio e caravela; 
 - Dominação europeia: pólvora e armas de fogo; 
 - Quotidianos: óculos, relógio portátil. 
 - Invenção da imprensa: passagem da cópia manual à impressão em tipos, por Gutenberg, 
permitiu a rápida difusão dos escritos gregos e latinos e também das obras revolucionadoras da 
perceção do mundo. O livro impresso tornou-se no meio de difusão cultural (fácil acesso e 
barato). O primeiro exemplar impresso foi a Bíblia. 
 
 
Objetivo 4. A renovação renascentista 
Renascimento (Vasari, século XVI): A Europa fez renascer toda a cultura greco-latina, 
esquecida durante a Idade Média. 
A Antiguidade Clássica (Grécia e Roma) foi o grande modelo dos humanistas 
(intelectuais) do Renascimento: na arte e na inspiração em filósofos gregos. 
Objetivo 5. Principais centros culturais da Europa do Renascimento 
Itália – Primeiro centro cultural do Renascimento 
Países Baixos – Jan Van Eyck, pintura a óleo; Erasmo de Roterdão, exemplar modelar do 
humanista do Renascimento, graças aos escritos plenos de espirito crítico. 
França – Paris e Lião, lugares centrais do Renascimento, apoiado por Francisco I. 
Império Germânico – Invenção da imprensa, centros de Humanismo (universidade de 
Nuremberga ou cidade de Colónia) - Pintores: Durer e Holbein. 
Inglaterra – Universidade de Oxford e Cambridge – Thomas More, Utopia. 
Península Ibérica – Colégio das Artes e Humanidades em Coimbra, por D. João III em 1547 
Hungria – Biblioteca Corviniana, pelo monarca Matias Corvino 
Polónia – Rei Casimiro IV estimulou a difusão cultural, Universidade de Cracóvia – Nicolau 
Copérnico, teoria heliocêntrica 
Objetivo 6. O papel inspirador de Itália 
Pontos fortes de Itália: Herança, em solo próprio, dos vestígios da cultura greco-latina; 
Passado histórico de sucesso económico (Idade Média, dominaram os principais circuitos 
mercantis entre a Europa e o restante mundo conhecido); Presença de famílias ricas ligadas ao 
poder religioso que apoiaram financeiramente os artistas (mecenato) – os Médicis em Florença. 
Polos culturais italianos: 
 - Florença: sábio Picco della Mirandola, arquiteto Brunelleschi, escultor Donatello, pintor 
Boticelli, génio Leonardo da Vinci; 
 - Nápoles: Lorenzo Valla; 
 - Roma: obras de Rafael e Miguel Ângelo; 
 - Veneza: pintores Tintorretto e Ticiano (oficinas tipográficas). 
Objetivo 7. Inovações e sínteses culturais 
Homens do renascimento: Intervieram na arte e na cultura movidos pelas preocupações 
do seu tempo. 
Fusão entre a influência greco-latina e as diversidades regionais: 
- Construções manuelinas em Portugal (Torre de Belém): decoração arcaizante a 
elementos marítimos (Descobrimentos); 
 - Castelos do vale de Loire (castelo de Chambord): decoração de gosto italiano às 
estruturas do gótico francês. 
Objetivo 8. Dinamismo civilizacional e a “promoção do Ocidente” 
 Nos séculos XV e XVI houveram transformações que colocaram a Europa a um nível equiparável 
ao das avançadas civilizações chinesa e muçulmana. Destacam-se como fatores de dinamismo: 
 - Produção de grandes obras literárias escritas tanto em grego e latim como nas línguas 
nacionais; 
 - Nascimento do sentimento nacionalista; 
 - Desenvolvimento do individualismo; 
 - Reformas religiosas (protestantes e católica); 
 - Difusão da instrução entre as classes privilegiadas; 
 - Progresso económico; 
 - Descoberta (e exploração económica) do Extremo Oriente e da América; 
 - Enorme quantidade de inventos ou aperfeiçoamentos técnicos; 
 - Revisão de conhecimentos científicos sobre o Homem e o universo. 
Em suma, o Renascimento consistiu no “grande momento da promoção do Ocidente”. 
Objetivo 9. Especificidade do contributo ibérico para a síntese renascentista 
O principal contributo da Península Ibérica para o Renascimentos consistiu, por um lado, 
na descoberta do Mundo, através das viagens de navegação e, por outro lado, o domínio do 
tráfico comercial à escola mundial, transferindo o centro da economia do mar Mediterrâneo 
para o oceano Atlântico. 
1.2. O cosmopolitismo das cidades hispânicas – importância das Lisboa e Sevilha 
Objetivo 10. O cosmopolitismo de Lisboa e Sevilha 
Lisboa – Século XVI foi um período áureo. Herdeira de uma tradição comercial, a cidade 
beneficiou da expansão ultramarina portuguesa. O seu espaço urbano expandiu-se, enquanto o 
contingente populacional aumentou: final do século, Lisboa registava uma população superior 
à de Roma e à de Amesterdão, devido ao intenso cosmopolitismo (capacidade de atração). A 
cidade do Porto, que teve um importante papel na aventura dos Descobrimentos, evoluiu em 
menor escala e passou para segundo plano. 
Marcos de prosperidade na Lisboa quinhentista: 
1. O intenso tráfego, no porto de Lisboa, de navios de diferentes origens e envergaduras. 
2. Os estaleiros da Ribeira das Naus, onde se construíam e reparavam as embarcações. 
3. O afluxo de produtos e de metais preciosos às Casas da Mina e da Índia. 
4. A vinda de mercadorias e de banqueiros europeus a Lisboa. 
5. A riqueza em conhecimentos geográficos, astronómicos e cartográficos, proporcionada 
pelas viagens de descoberta. 
6. A expansão urbana. 
7. Afirmação de Lisboa enquanto metrópole politica. 
Sevilha – controlo da Carreira das Índias (rota dos metais preciosos que ligava a Espanha 
à América, continente descoberto por Cristóvão Colombo em 1492). Aspetos importantes: 
1. O movimento portuário. 
2. A riqueza da cidade em homens. 
3. A riqueza em bens alimentares. 
4. A tradição comercial. 
5. Os conhecimentos de astronomia e de cartografia. 
6. A riqueza em ouro e prata. 
7. O controlo da rota do Extremo Oriente. 
8. A renovação urbanística. 
9. O poder dos reis Católicos. 
Unidade 2 – O alargamento do conhecimento do mundo*** 
2.1. O contributo português*** 
Objetivo 1. Os progressos náuticos e cartográficos 
Os principais progressos náuticos e cartográficos resultaram do aperfeiçoamento de 
técnicas muito antigas, difundidas por Árabes e Judeus: 
1. A bússola ou agulha de marear (navegação por rumo); 
2. O astrolábio (navegação astronómica); 
3.A balestilha (navegação astronómica); 
4. O leme montado no cadaste (mudança mais rápidas de direção); 
5. A tábua quadrienal de declinação solar (valor da latitude); 
6. A caravela portuguesa (viagens de exploração costeiras); 
7. A nau e o galeão (viagens de longo curso); 
8. Os guias náuticos e os roteiros resumiam os dados mais relevantes para a navegação – 
ventos, correntes, etc.; 
9. As cartas-portulanos eram onde se assinalavam os portos e as rotas de navegação obtidas 
através da bússola. 
Objetivo 2. Apropriação do espaço planetário proporcionado pela expansão marítima 
1. As viagens de expansão marítima colocaram problemas novos aos marinheiros, tais como 
os ventos contrários e a força das correntes. Para tal, a caravela, navio veloz e manobrável, 
permitia navegar à bolina graças às suas velas triangulares ou latinas; 
2. As viagens do longo curso, até ao Oriente e à América, exigiam navios maiores (mais 
mercadoria) e mais resistentes (evitar naufrágios). A nau e o galeão surgiram para tal; 
3. A navegação costeira e a navegação por rumo e estima, com recurso à bússola, não eram 
suficientes. Assim, os Portugueses recorreram ao astrolábio e ao quadrante e inventarem a 
balestilha. Associaram-nos às tábuas de declinação solar, inaugurando a navegação 
astronómica; 
4. Aas anotações feitas durante as viagens marítimas originaram os guias náuticos e roteiros, 
bases de dados de apoio à navegação fundamentada na experiência direta; 
5. Até às viagens de descoberta, a cartografia existente era falsa: existiam apenas três 
continentes e a configuração de África e do Oriente não correspondia à verdade; 
6. As viagens de descoberta revelaram a invalidade dos mapas anteriores, substituindo-os por 
cartas-portulanos (bacia do mediterrâneo), cartas com escala de latitudes, planisférios (cabo 
da Boa Esperança, litoral brasileiro e costa africana. 
Objetivo 3. Contributos da expansão marítima nos domínios da Geografia física e humana, da 
Botânica, da Zoologia e da Cosmografia 
Os portugueses descobrirão que as regiões equatoriais eram habitáveis e que a 
comunicação entre os oceanos Atlântico e Índico era possível. Graças à navegação astronómica, 
a cartografia avançou bastante, com base em informações exatas quanto aos contornos 
geográficos e às distâncias. 
O encontro com outros povos e regiões deu a conhecer novas culturas, novas faturas e novas 
floras. 
No que diz respeito à cosmografia, as viagens de descoberta tornaram impossível sustentar 
as antigas noções sobre o universo (p.e., a teoria geocêntrica). 
2.2. O conhecimento científico da Natureza*** 
Objetivo 4. Carater experiencialistas deste novo saber 
Na Idade Moderna, em virtude do contacto direto com outros continentes aquando da 
Expansão ultramarina, privilegia-se um novo tipo de saber, o experiencialismo, baseado na 
observação e descrição direta da natureza. 
Paralelamente ao experiencialismo, foi-se afirmando uma mentalidade quantitativa: 
para que a observação se tornasse objetiva, era fundamental recorrer ao número. 
Objetivo 5. Experiencialismo VS ciência moderna 
O experiencialismo baseava-se mais nos sentidos e no bom senso. A ciência, baseada 
em hipóteses verificadas pela experiência, só surge no século XVII. 
Objetivo 6. A Revolução cosmológica coperniciana – manifestação de ciência moderna 
O nascimento da ciência moderna associa-se à afirmação da Matemática como 
linguagem científica universal. Leonardo da Vinci, Itália, já defendia a verificação matemática 
das hipóteses, assim como Pedro Nunes, Portugal, defendia as demonstrações matemáticas. 
O papel da matemática eleva-se no campo da visão cosmológica do Universo. A teoria 
geocêntrica (Aristóteles e Ptolomeu), que agradava à Igreja não era válida. Nicolau Copérnico 
concluiu, no século XVI, a partir da observação astronómica, que o Sol era o centro do Universo, 
sobre qual giraria tudo o resto. A teoria heliocêntrica resultou de cálculos matemáticos e 
provocou uma revolução cosmológica: Galileu inaugura o pensamento científico moderno – 
realização de experiências com telescópio, utilização da matemática como linguagem universal 
e espírito crítico. Apesar da perseguição pela Inquisição, as ideias de Galileu (teoria 
heliocêntrica, fases da Lua, anéis de saturno, etc.) impuseram-se pela demonstração dos factos, 
nascendo a ciência moderna (século XVI). 
 
Unidade 3 – A produção cultural*** 
3.1. Distinção social e mecenato 
Objetivo 1. Atitudes socioculturais de cariz individualista 
Renascimento – Um das suas principais características é reconhecimento do valor do 
indivíduo. O Homem é válido por si próprio, pelas suas qualidades intelectuais. O individualismo 
revela-se na ostentação das elites cortesãs e burguesas, no estatuto de prestígio de intelectuais 
e artistas, na prática do mecenato, na mentalidade antropocêntrica, na redescoberta do 
indivíduo na arte. 
Objetivo 2. Ostentação das elites cortesãs e burguesas 
Na Idade Moderna, as elites cortesãs e burguesas viviam em ambiente de desafogo 
económico e otimismo, o que as levava a exibir a sua condição privilegiada: vestes luxuosas, 
joias, banquetes, palácios decorados, bibliotecas, símbolos de ostentação. A demonstração de 
riqueza servia o propósito de reforçar a sua ascensão social. 
Assim, a cultura foi incentivada e apoiada pelas elites, transformando-se num símbolo 
de refinamento e de riqueza material. 
Objetivo 3. A sociabilidade renascentista 
As relações sociais entre as elites renascentistas desenvolviam-se no âmbito das cortes. A vida 
cortesã tinha grandes festas e eventos culturais onde brilhavam os talentos artísticos dos 
humanistas. O cortesão, pelo seu estatuto, estava sujeito a regras pré-definidas quanto ao seu 
comportamento em sociedade: as regras de civilidade, devendo assim ser um modelo em boas 
maneiras: porte elegante, vestuário cuidado, capacidades militares, dotes de sociabilidade e 
erudição. Devia também respeitar e elogiar as mulheres. 
Objetivo 4. O mecenato e o estatuto de prestígio dos intelectuais e artistas 
No Renascimento, os artistas encontravam-se dependentes financeiramente de 
burgueses ou nobres de elevado estatuto. Esta prática do mecenato, que condicionou a criação 
artística, foi fundamental para toda a produção cultural do Renascimento, do qual se destacam 
os mecenas: Médicis, de Florença, Papa Leão X, e D. João II, D. Manuel I e D. João III de Portugal. 
O estatuto dos intelectuais e artistas ascendeu: o artista plástico passou a ser valorizado 
pela sua função criativa, passando a assinar as suas obras – Miguel Ângelo, Leonardo da Vinci, 
Botticelli, Rafael ou Brunelleschi. Intelectuais como Erasmo de Roterdão ou Rabelais eram 
admirados por reis e papas, adquirindo uma dignidade ímpar na sociedade . Por vezes os 
protegidos, devido ao seu prestígio, chegavam a impor os seus desejos aos seus protetores. 
 
Objetivo 5. Ambiente propiciador de cultura na corte régia portuguesa 
Os reis D. João II, D. Manuel I e D. João III favoreceram a arte e a cultura e utilizaram-nas 
como meio de reforço do poder régio: acolhimento de humanistas estrangeiros, atribuição de 
bolsas a estudantes portugueses no estrangeiro, fundação do Colégio das Artes (D. João III), 
contratação de artistas estrangeiros para a corte portuguesa, construção e intervenção em 
grandes obras arquitetónicas (mosteiro dos Jerónimos, Torre de Belém, Mosteiro da Batalha), 
casamentos reais, embaixadas. 
3.2. A reinvenção das formas artísticas 
Objetivo 6. Características antropocêntricas do Humanismo 
O Renascimento inaugura uma visão antropocêntrica do Universo, colocando o Homem 
no centro das suas preocupações. 
No antropocentrismo, o Homem é um ser cuja principalcaracterística é o livre -arbítrio, 
o que permite a sua elevação espiritual mas também a sua corrupção, perda de dignidade e 
equivalência a seres não-racionais. 
O Humanista deve escolher dignificar-se para atingir a perfeição. 
Objetivo 7. Valorização da antiguidade pelo Humanismo 
Renascimento = renascer da cultura da Antiguidade Clássica (dos gregos e dos romanos). 
A cultura greco-latina, o modelo dos humanistas, era recuperada de variadas formas: 
Investigação, preservação e difusão (imprensa e bibliotecas públicas) dos manuscritos clássicos 
(Homero, Virgílio e Cícero); Aprendizagem do grego, do latim (e do hebreu) como fundamento 
da erudição; Imitação dos autores greco-latinos (Eneida de Virgílio serviu de inspiração para Os 
Lusíadas); Tradução e reinterpretação de obras clássicas (deturpadas na Idade Média); Vinda de 
sábios gregos a várias cidades europeias e deslocação de humanistas a locais de interesse 
cultural, para satisfazer a sede de conhecimento sobre os antigos. 
Objetivo 8. A consciência da modernidade no movimento humanista 
O humanista era o intelectual (eclesiástico ou universitário) que, inspirado na herança 
greco-latina, fazia progredir a arte, a literatura, a ciência ou o pensamento filosófico, fundindo 
o legado antigo com os valores do cristianismo e com as novas conceções renascentistas 
(observação experimental, saber enciclopédico, espírito crítico). 
Os humanistas reinventaram o modelo clássico. O próprio estudo das línguas clássicas 
beneficiou a evolução das línguas nacionais, nas quais foram escritas as grandes obras literárias 
do Renascimento (Cervantes, Shakespeare ou Camões). 
Objetivo 9. O espírito crítico humanista e a critica social e as utopias 
A independência de espirito dos humanistas refletiu-se nas suas obras: os humanistas 
evidenciaram os problemas existentes (crítica social) e propuseram alternativas, muitas sem 
possibilidade de aplicação (utopias). 
Salientam-se: Erasmo de Roterdão - criticou os cortesãos, expôs o luxo e a corrupção do 
Clero, tornou-se num exemplo para a Igreja cristã devido ao respeito dos seus princípios 
originais; Gil Vicente – satirizou tipo sociais portugueses; Cervantes – parodiou a fantasia de 
grandeza presente na sociedade espanhola. 
As utopias correspondiam ao desejo de justiça dos seus autores: Rabelais ( Pantagruel) 
e Thomas More (Utopia, mundo onde a racionalidade era valorizada e havia liberdade religiosa, 
valeu-lhe a condenação à morte por Henrique VIII). 
Objetivo 10. A ascensão e o declínio do Humanismo em Portugal 
A política cultural de D. Manuel I e D. João III privilegiava a atribuição de bolsas a 
estudantes portugueses no estrangeiro, onde recebiam formação de acordo com as ideias 
humanistas. 
Os monarcas convidavam também a residir em Portugal vários humanistas de renome, 
estrangeiros ou portugueses residentes no estrangeiro. 
Ao nível da literatura temos: Fernão Mendes Pinto, André de Resende, Sá de Miranda, 
Damião de Góis, António Ferreira, Luís de Camões. 
Porém, o dinamismo renascentista em Portugal registou um declínio a partir do último 
quartel do século XVI, devido à ação da Inquisição e do Índex. 
3.3. Os caminhos abertos pelos humanistas 
Objetivo 11. Características clássicas e naturalistas da pintura e da escultura renascentistas 
A pintura e a escultura do Renascimento obedeciam ao classicismo e ao naturalismo. 
Classicismo – inspiração nos artistas da Antiguidade Clássica: 
 Utilização de elementos arquitetónicos greco-romanos; 
 Evocação de elementos clássicos (colunas, águias romanas) em túmulos católicos 
construídos por escultores do Renascimento; 
 Temas retratados: mitologia e história clássicas (p.e., os deuses romanos na pintura de 
Botticelli); 
 Representação do corpo humanos, glorificando-o (escultura de David de Miguel Ângelo, o 
primeiro nu desde o Império Romano); 
 Valorização da proporção, da simetria, da harmonia (escultura de David de Miguel Ângelo). 
Naturalismo – admiração pela Natureza; representação verosímil dos rostos, da anatomia, do 
movimento e de todo o tipo de paisagens. Na escultura, é a estátua equestre onde se verifica o 
extremo realismo. 
 Aplicação das regras da perspetiva (ilusão da 3ª dimensão numa superfície plana); 
 Pintura a óleo (Jan van Eyck, maior detalhe, gradação de cores e secagem mais rápida). 
Objetivo 12. A superação do legado antigo na pintura renascentista 
No Renascimento, o artista adquiriu um estatuto de prestígio pois demonstrou a sua 
originalidade ao reproduzir as obras dos antigos, daí a existência de enumeras obras-primas. 
Miguel Ângelo e Leonardo da Vinci foram considerados génios artísticos, pela mestria técnica e 
inventividade da sua arte. 
No entanto, os génios tiveram os seus mestres: Giotto (séc. XIII – XIV, pintura da 
paisagem, recriação dos volumes e representação dos sentimentos); Masacci o (séc. XV, 
tridimensionalidade e realismo); Jan van Eyck (técnica da pintura a óleo, naturalismo e 
luminosidade). 
Novas técnicas e fundamentos teóricos: 
 Pintura a óleo (novos efeitos de pormenor, luz e sombra); 
 Perspetiva (criação dum espaço tridimensional – perspetiva linear, figuras mais afastadas e 
de menor dimensão e linhas convergente para um ponto de fuga, e perspetiva aérea, 
gradação da luz ou sfumato, sensação de afastamento); 
 Geometrização (cenas representadas desenhavam um pirâmide, na arquitetura um cubo ou 
paralelepípedo); 
 Proporção (rigor matemático nas proporções do Homem e dos edifícios); 
 Representações naturalistas (demonstradas no realismo e na expressão de sentimentos dos 
rostos, no pormenor das representações anatómicas e na valorização do fundo paisagístico). 
Objetivo 13. Características da nova estrutura arquitetónica e da respetiva gramática 
decorativa 
Nova estrutura arquitetónica: 
1. Proporção – calculadas matematicamente a partir de uma unidade-padrão; 
2. Simetria – Planta centrada e simetria das portas e janelas; 
3. Perspetiva linear – Pirâmide visual; 
4. Linhas e ângulos retos – Horizontalidade dos edifícios; 
5. Abóbadas de berço e de arestas; 
6. Cúpula; 
7. Arco de volta perfeita; 
8. Gramática decorativa inspirada na arquitetura clássica – às colunas das ordens 
arquitetónicas clássicas juntou-se a orem colossal (elevadas dimensões). 
Objetivo 14. A oposição ao estilo Gótico e a inspiração na Antiguidade Clássica 
A arquitetura renascentista elegeu como modelo a arquitetura clássica, visível na 
preferência pela planta centrada, na horizontalidade das linhas dos edifícios, no gosto pelas 
cúpulas ou no arco de volta perfeita e nas abóbadas de berço. 
Na decoração a inspiração clássica é visível na aplicação das ordens arquitetónicas 
(dórica ou toscana, jónica e coríntia), dos frontões e dos grotescos (decoração das paredes em 
fresco ou alto-relevo). 
Objetivo 15. Matematização das formas arquitetónicas 
A proporção entre as partes do edifício estabelecia-se a partir de uma unidade-padrão, 
repetida ou multiplicada sucessivamente: p.e., numa igreja todas as medidas (nave central, 
naves laterais, capela-mor, capelas laterais, etc.) eram rigorosamente calculadas de maneira a 
inscrever o edifício numa forma geométrica. 
O objetivo da simetria absoluta levou à escolha do círculo (forma perfeita, divina, sem 
principio nem fim, para plantas dos templos. Nas fachadas, a distância entre as janelas e portas 
era rigorosamente calculada. 
Surge uma nova teoria das regras de proporção entre os componentes da ordem: o 
módulo, medida base. 
Objetivo 16. Estilo Manuelino e a persistência e renovação do Gótico 
O estilo gótico-manuelino caraterizou a arquitetura portuguesa entre a última década 
do séc. XV e o primeiroquartel do séc. XVI. É um estilo hibrido devido à mistura de elementos 
góticos com uma decoração exuberante baseada em motivos naturalistas e com um simbólica 
heterogénea. A inspiração nos Descobrimentos verifica-se na presença de troncos, ramagens, 
conchas, boias, cordas e corais. No entanto, o estilo gótico-manuelino português reinterpretou 
o estilo gótico, através do uso de múltiplos arcos e da abobada rebaixada e única para as 3 naves. 
Exemplos: Janela da Sala do Capítulo no Convento de Cristo em Tomar, Sé de Viseu, Igreja do 
Mosteiro dos Jerónimos, pórtico das Capelas Imperfeitas no Mosteiro da Batalha. 
Objetivo 17. Caracterizar a pintura e a escultura portuguesas do Renascimento 
Escultura – Encontramos os estilos gótico, manuelino e clássico nos túmulos, portais, estátuas 
de santos, estátuas jacentes e outros elementos religiosos. Para além dos escultores 
portugueses o património escultório é devedor da presença dos franceses Chanterene, João de 
Ruão e Filipe Hodarte. 
Pintura – Aproximação ao Renascimento surge graças à presença de estrangeiros. Portugueses 
destacam-se Nuno Gonçalves, com os Painéis de S. Vicente, e Vasco Fernandes (Grão Vasco), 
com a Sé de Viseu, p.e. 
 
Unidade 4 – A renovação da espiritualidade e da religiosidade*** 
4.1. A Reforma protestante*** 
Objetivo 1. Manifestações de crise na Igreja nos fins da Idade Média/ inícios da Idade Moderna 
Nos séculos XIV e XV, a Igreja Católica viveu um período conturbado devido à divisão 
(Cisma) entre dois papas do Ocidente: o de Roma e o de Avinhão. 
Além disso, a conduta moral do clero encontrava-se afastada dos princípios do 
cristianismo: o luxo substituiu o voto de pobreza, os membros do clero tinham filhos 
(desrespeito do voto de castidade), a corrupção assolava a Igreja. Assim, surgem várias críticas 
e alternativas de fé por parte de fiéis devotos: 
 O movimento religioso Devotio Moderna (séc. XV) apelava ao desprezo pelos bens materiais 
e a uma busca individual e interior de Deus; 
 Wiclif prezava o estudo direto da Bíblia, afastando o valor do claro ou dos sacramentos; 
 Erasmo de Roterdão critica à corrupção, ignorância e hipocrisia do clero; 
 Savonarola criticou os desvios à pureza do cristianismo pelo clero e pelo papa Alexandre VI. 
Alguns deste crítico da Igreja pagaram com a vida a sua frontalidade, muito acabaram 
queimados na fogueira. 
Objetivo 2. A questão das indulgências e a Reforma protestante 
Uma das maiores polemicas no seio da Igreja Católica foi a venda de indulgências 
(perdão para os pecados), o que desvalorizou a prática do “boas obras”. O dinheiro obtido na 
venda das indulgências servia para as obras da Basílica de S. Pedro do Vaticano 
Martinho Lutero, monge agostinho que levava uma vida de despojamento e misticismo, 
insurge contra a venda de indulgências e afixa, em 1517, na porta da catedral de Wittenberg, as 
suas “95 teses contra as indulgências”. 
O facto de não ter mostrado arrependimento e de ter afirmado que a Bíblia era a única 
fonte de autoridade e após ter queimado a bula papal que condenava as suas teses e ameaça a 
excomungação, levaram à sua excomungação e banimento, em 1520, da Igreja Católica. 
Banido também do Império, refugiou-se junto dum príncipe e deu início a uma nova 
doutrina, o luteranismo. 
Objetivo 3. Princípios do luteranismo 
O luteranismo, de modo a resolver os problemas que minavam a Igreja Católica, 
estabeleceu novos princípios, buscando a pureza original do cristianismo: 
1. Justificação pela Fé 
2. Teoria da predestinação 
3. Primado das Escrituras 
4. Ritos simplificados 
5. Sacerdócio universal 
6. Igrejas Nacionais Evangélicas 
7. Dois Sacramentos – Batismo e Comunhão 
Objetivo 4/5. Inovação teológica do luteranismo e a sua rápida difusão 
A Igreja Luterana assenta nas relações individuais de cada um dos fiéis com Cristo, sem 
a obrigatoriedade de seguir com o clero como intermediário. 
A hierarquia religiosa foi desvirtuada do poder e do carisma de que goza na Igreja 
Católica. 
Em suma, esta inovação teológica consistiu em aproximar a Igreja do povo. Para tal 
contribuiu a difusão da Bíblia (invenção da imprensa) e o uso de línguas nacionais, quer na Bíblia 
quer na pregação religiosa. 
A expansão do luteranismo deveu-se à adesão dos príncipes e da pequena nobreza. 
Estes apoderaram-se dos bens materiais da Igreja alemã que tinham sido secularizados. 
Também contribuiu para a expansão a aceitação dos novos princípios teológicos pelos 
burgueses e pelos camponeses, que aspiravam maior justiça social. Por último, a difusão da 
reforma está ligada ao avanço da tecnologia da informação: a impressão de livros, imagens e 
panfletos de humanistas e artistas atuou como veículo de propaganda do luteranismo. Apenas 
em 1555 é que a Alemanha declarou liberdade religiosa – Paz de Augsburgo. 
Objetivo 6. Diversidade de credos protestantes 
A vontade de aproximação à doutrina original do Cristianismo concretizou-se na 
Reforma, na qual se incluem o luteranismo, o calvinismo e o anglicanismo. 
Objetivo 7.Calvinismo VS luteranismo 
O calvinismo (Suíça) aproximava-se do luteranismo em princípios como a justificação 
pela fé, a primazia da Bíblia e o sacerdócio universal. Também não se prestava ao culto de deuses 
nem à Virgem e apenas aceitavam os sacramentos do Batismo e da Eucaristia. Houveram 
também alterações na hierarquia religiosa. 
Só a interpretação da Bíblia por Calvino era considerada correta: a abolição da hierarquia 
sujeitava o Estado à Igreja, o que originou uma sociedade teocrática que perseguia católicos e 
protestantes; na Eucaristia, Cristo estava apenas presente em espírito. A teoria da predestinação 
era absoluta, pois Deus veria toda a eternidade, decidindo o que fazer com cada Homem. Todo 
aquele que tivesse fé não a perderia jamais, enquanto para Lutero o crente poderia deixar de o 
ser, comprometendo, assim, a sua salvação. 
Objetivo 8. O calvinismo e expansão do capitalismo 
Calvino admitia, nas suas teses, a legitimidade do lucro e valorizava o trabalho e a 
poupança como referências válidas para a formação do ser humano. O homem de negócios tinha 
lugar entre o grupo de eleitos. 
Objetivo 9. A Reforma na Inglaterra 
Na Inglaterra, o desejo de divórcio do rei Henrique VIII, invocando a falta de sucessor 
varão, levou ao seu afastamento da Igreja Católica. Vendo o seu pedido de divórcio recusado, 
proclamou, em 1534, o Ato de Supremacia, segundo o qual o rei era o único chefe supremo da 
Igreja de Inglaterra. Esta conversão para o calvinismo, fez com que as igrejas entregassem ao rei 
todas as suas riquezas (reinado de Eduardo VI). 
Objetivo 10. Originalidade do anglicanismo 
O anglicanismo instaurado no reinado de Isabel I, que a tornava, segundo o novo Ato de 
Supremacia de 1559, a administradora suprema da Igreja inglesa. Os princípios do anglicanismo 
foram consignados na Declaração dos Trinta e Nove Artigos, de 1563: 
1. Justificação pela fé; 
2. Primazia das Escrituras; 
3. Dois sacramentos: Batismo e Eucaristia; 
4. Abolição do celibato; 
5. Culto em língua inglesa; 
6. Abolição do culto dos santos, imagens, relíquias e da doutrina do Purgatório; 
7. Rejeição da predestinação absoluta do calvinismo. 
Objetivo 11. Clima de intolerância nos séculos XVI-XVII 
Na Alemanha, o luteranismo deu origem a episódios de guerra civil. Em 1565, deu-se a 
revolta dos Países Baixos devido à expansão do calvinismo. 
Em Inglaterra, Isabel I enfrentou a desaprovação de católicos e calvinistas. Estes foram 
perseguidos reforçando, assim, através do domínio sobre a Igreja, a autoridade real e o poderio 
da Inglaterra no mundo. 
Na França, Catarina de Médicis deu início a um período de perseguições cruéiscontra 
calvinistas. 
Por último, ao nível europeu, no séc. XVII, travou-se a Guerra dos Trinta Anos entre 
protestantes da Boémia, Alemanha, Dinamarca, Suécia, França e Províncias Unidas e a Casa dos 
Habsburgos, que acabou por assinar a Paz de Vestefália, reafirmando a liberdade de culto. 
4.2. Contrarreforma e Reforma católica. O impacto na sociedade portuguesa*** 
Objetivo 12. Resposta da Igreja Católica à Reforma protestante 
No século XVI, perante o afastamento crescente dos fiéis em relação à Igreja Católica, 
esta empreendeu, por uma lado, uma Reforma da Igreja, no sentido de a aproximar dos 
princípios doutrinários cristãos e, por outro lado, uma Contra-Reforma, através da condenação 
explícita e da perseguição das várias formas de protestantismo. 
Objetivo 13. Conclusões do Concílio de Trento 
Em 1545, deu-se o Concilio de Trento (Itália), o qual evidenciou a Contra-Reforma da 
Igreja Católica e reafirmou os seus dogmas: 
1. Recusa da justificação pela fé; 
2. Confirmação do dogma da transubstanciação; 
3. Confirmação da crença no Purgatório; 
4. Reafirmação do valor dos escritos dos Padres da Igreja como fonte de fé; 
5. Reafirmação dos 7 sacramentos: Batismo, Eucaristia, Confissão, Crisma, Matrimónio, 
Ordens Sagradas, Extrema-Unção; 
6. Reafirmação da suprema autoridade do Papa sobre a Igreja; 
7. Reafirmação do culto dos santos e da Virgem Maria; 
8. Valorização dos rituais; 
9. Manutenção do latim como língua litúrgica; 
10. Reafirmação do culto das imagens. 
O Concilio de Trento regulamentou, também, as questões disciplinares, para evitar os 
abusos e a corrupção do clero: 
1. Preparação dos futuros sacerdotes em seminários; 
2. Obrigação do celibato eclesiástico; 
3. Estabelecimento de idades mínimas para os cargos de sacerdote e de bispo; 
4. Obrigação de residência dos padres nas paróquias e dos bispos nas dioceses; 
5. Obrigação de realização de visitas dos bispos às paróquias das dioceses; 
6. Proibição de acumulação dos benefícios eclesiásticos. 
Para uniformizar a doutrina e regulamentar o culto, redigiram-se 3 documentos 
importantes: o Catecismo, o Missal e o Breviário. 
Objetivo 14. Repressão exercida pelo Índex e pela Inquisição 
Índex – lista dos livros proibidos pela Igreja Católica. 
Inquisição – tribunal da Igreja Católica criado para perseguir os suspeitos de heresia. 
Os principais alvos das perseguições eram os cristãos-novos, mas também todos aqueles 
suspeitos de contacto com os ideais humanistas. Qualquer comportamento que se afastasse da 
norma podia ser condenado sob a acusação de bruxaria, bigamia ou sodomia. Uma denúncia 
levava a interrogatório pela Inquisição, já que eram possível recorrer à sociedade cível para 
fazerem o seu trabalho. Este facto iniciou um clima de delação constante e medo da denúncia, 
até porque os métodos usados na averiguação das culpas incluíam a tortura. 
Os considerados culpados não obtinham qualquer forma de piedade cristã: nomes 
afixados, bens confiscados e penas incluíam prisão e auto-de-fé. Quando o condenado era 
relaxado ao braço secular a jurisdição cumpriria o auto-de-fé, através da morte na fogueira, 
morte lenta e dolorosa. 
Desta forma pereceram grandes figuras da intelectualidade portuguesa: António da 
Silva (o Judeu) e Damião de Góis, conhecido de protestantes. 
Objetivo 15. Ação das novas congregações religiosas 
 A reforma da Igreja Católica manifestou-se no proselitismo (fervor religioso) das novas 
congregações religiosas. Destacando-se os Jesuítas da Companhia de Jesus a 3 níveis: 
Missionação (Ásia, América, Africa), Pregação (sermões do padre António Vieira) e Ensino. 
Objetivo 16. Impacto da Contra-Reforma e da Reforma católica na sociedade portuguesa 
A dureza com que foram aplicadas, em Portugal, as medidas da Contra-Reforma, 
principalmente nas penas impostas pela Inquisição e aos Indexes portugueses, valeu-nos um 
atraso cultural que se arrastou. A ação eficaz das autoridades portugueses que acatavam as 
medidas repressivas emanadas em Roma provocou a fuga de inúmeras figuras da 
intelectualidade e do panorama económico (judeus). 
 
Unidade 5 – As novas representações da humanidade 
5.1. O encontro de culturas e as dificuldades de aceitação do princípio da unidade 
do género humano 
Objetivo 1. A atitude dos Ibéricos face aos novos povos que as Descobertas marítimas lhes 
desvendaram 
O desconhecimento em relação aos povos que habitavam o mundo levou à criação de 
mitos sobre seres monstruosos. Graças às Descobertas marítimas de Portugueses e Espanhóis, 
as ideias antigas, finalmente desmitificadas, deram lugar ao espanto e à curiosidade. Este 
encontro criou a ocasião para registar, por escrito, e transmitir ao rei e aos habitantes da 
metrópole as características fisionómicas e os costumes dos povos encontrados. 
Objetivo 2. Encontro entre povos e os confrontos 
A crença na superioridade da raça branca e da religião cristã foi o fundamento para as 
atitudes de preconceito e discriminação que desde cedo envolveram o contacto entre culturas. 
O “outro” era constantemente interpretado à luz de uma perspetiva europocêntrica. 
Para além desta desconfiança pela diferença, um fator entravou o encontro: o desnível 
entre o poder do Europeu, baseado nas armas de fogo, e o poder do indígena, assegurado, 
apenas, pelas armas tradicionais. 
Objetivo 3/4. Prática da escravatura 
Embora a prática da escravatura não fosse nova na Idade Moderna, a partir de 1448 
inicia-se o tráfico de escravos africanos destinados aos trabalhos mais duros nas colónia 
americanas e na Europa. 
A justificação económica e a pretensa justificação moral constituíram as bases da 
escravização e do completo desrespeito pelos direitos humanos que a acompanhou. 
A brutalidade com que os detentores de terras espanhóis tratavam os amerindios, 
sujeitando-os a trabalhos forçados, massacrando-os e desrespeitando a sua imensa riqueza 
cultural e patrimonial, levantou a questão da legitimidade, ou não, de se condenar os índios à 
escravização. 
Defendendo a igualdade entre todos os seres humanos, de acordo com os princípios do 
Cristianismo, alguns sacerdotes da Igreja Católica posicionaram-se em defesa clara dos índios. 
Relativamente ao caso português, é incontornável a figura do Padre António Vieira 
(jesuíta) na defesa dos índios do Brasil, no séc. XVII. Ousou contrariar o argumento económico, 
desafiando os colonos a desempenharem as funções habitualmente realizadas pelos índios, e 
ameaçou abertamente com a condenação ao Inferno todos aqueles que oprimiam os índios, 
frontalidade que lhe custou o encarceramento da Inquisição. 
Objetivo 5. Processo de missionação posto em prática por Portugueses e Espanhóis 
No processo das Descobertas, a motivação religiosa desempenhou um papel 
importante. A Igreja sempre apoiou a expansão ibérica devido à função evangelizadora que lhe 
era inerente. Assim, a Expansão foi subsidiada, em parte, pelas Ordens religiosas, que daí 
retiravam influência em matéria religiosa sobre os territórios conquistados. 
Porém, os missionários não expandiam apenas a religião cristã; incutiam também, pela 
sua presença, a cultura do povo conquistador, do que resultou a adoção dos valores culturais 
europeus. 
Em numerosos casos, a evangelização foi exercida pelo uso da força. 
Ao invés, ficaram famosas as atitudes de defesa e ensino dos povos indígenas da 
América por parte de frades franciscanos, beneditos e jesuítas. 
Objetivo 6. Miscigenação levada a cabo pela colonização ibérica 
As uniões maritais entre diferentes grupos étnicos eram encorajadas pelos monarcas 
Portugueses e Espanhóis e pelo claro das colónias com os objetivos de fomentar o enraizamento 
dos Portugueses nosterritórios conquistadores e de obter maiores êxitos numa missionação 
levada a cabo por sacerdotes indígenas. 
Porém, esta estratégia nem sempre surtiu efeito: os mestiços e os mulatos eram olhados 
com preconceito e discriminação no acesso aos cargos eclesiásticos e civis. 
 
11ºANO 
Módulo 4: A Europa nos séculos XVII e XVIII – sociedade, poder e dinâmicos coloniais 
Unidade 1 – A população da Europa nos séculos XVII XVIII: crises e crescimento 
1.1. A evolução demográfica 
Economia Pré-Industrial: 
 Base agrícola; 
 Evolução tecnológica lenta. 
Agricultura (ocupava mais de 80% da mão-de-obra disponível): 
 Utensílios rudimentares; 
 Sem fertilizantes químicos; 
 Sem meios para combater as pragas; 
 Dependente da fertilidade dos solos; 
 Dependente do clima. 
Tecnologia (era debilitada): 
 Condicionava a produção 
o Impediu o seu aumento contínuo; 
o Colocou um entrava aos recursos alimentares disponíveis e ao limite máximo do 
numero de homens. 
O equilíbrio entre os recursos alimentares e a população “rompia” com frequência: A morte 
levava os mais desfavorecidos, criando picos súbitos na mortalidade. 
Modelo Demográfico Antigo (até ao séc. XVII): 
 Elevada mortalidade; 
 Elevada mortalidade; 
 Crises demográficas periódicas; 
 Crescimento ligeiro ou estagnação. 
Exemplo do séc. XVII (Século trágico) 
 Trilogia negra (fomes, pestes e guerras); 
 Frio extremo – Colheitas apodrecem – Preços elevam-se (Inflação) – Crises de subsistências 
sucedem-se – mortes por fome; 
 Fomes – corpos debilitados – doenças – contágio mais rápido – Epidemias – mortes; 
 Guerras – Destruíam tudo à sua volta – morriam inocentes nas mãos de soldados cruéis – 
mortes (ex.: Guerra dos 30 anos); 
 Mortes – falta de mão-de-obra – pouca produção – Inflação – mortes. 
Modelo Demográfico Novo (Séc. XVIII): 
 Diminuição da mortalidade: 
o Revolução agrícola; 
o Revolução Industrial; 
o Desenvolvimento dos transportes (Menor dependência); 
o Desenvolvimento da medicina (vacinas). 
 Crescimento demográfico: 
o Diminuição das fomes e das doenças; 
o Bom clima (boas colheitas). 
 Epidemias desaparecem: 
o Generalização das quarentenas; 
o Aumento dos cuidados higiénicos- sanitário; 
o Descoberta da vacina. 
 Mais importância dada à infância: 
o Prática médica no campo da obstetrícia (formação de parteiras); 
o Criança torna-se o centro de atenções das famílias. 
 Rejuvenescimento da população: 
o Aumento da Esperança média de vida. 
 
 
 
Unidade 2 – A Europa dos Estados Absolutos e a Europa dos Parlamentos 
2.1. Estratificação social e poder político nas sociedades do Antigo Regime (século 
XVI – finais XVIII) *** 
Objetivo 1. A sociedade do Antigo Regime 
A Sociedade do Antigo Regime era constituída por 3 ordens ou estados, definidos pelo 
nascimento e pelas funções sociais desempenhadas. A mobilidade era rara, devido à 
hierarquização da sociedade. 
Objetivo 2. As ordens (composição e estatuto) 
Clero: 
 Considerado o mais digno devido à proximidade a Deus e por ser protetor de todas as 
ordens; 
 Composto por elementos de todos os grupos sociais, dividindo-se em alto clero e baixo 
clero; 
 Único grupo cujo estatuto não se adquiria pelo nascimento; 
 Tinha muitos privilégios: Tribunal próprio; isenção de impostos; direito de asilo; recebia a 
dízima e as doações dos crentes por isso vivia em desafogo económico, e até de maneira 
luxuosa; exercia cargos na administração. 
Nobreza: 
 Retirava o seu enorme prestígio da antiguidade da sua linhagem e da proximidade ao Rei; 
 Dedicava-se à carreira das armas (nobreza de sangue ou de espada) ou a cargos públicos 
(nobreza de toga); 
 Ocupava os cargos mais elevados da administração e do exército; 
 Regime jurídico próprio; 
 Não pagava impostos ao Rei; 
 Detinha grandes propriedades; 
 Fornecia os elementos que integravam o alto clero. 
Terceiro Estado: 
 Ordem mais heterogénea: elite burguesa, ofícios manuais; mendigos e vagabundos; 
 Dedicava-se principalmente à agricultura; 
 Pagava impostos. 
Objetivo 3. Reconhecer, nos comportamentos, os valores da sociedade de ordens 
Todos os comportamentos estavam rigidamente estipulados para cada uma das ordens 
sociais. Assim, o estatuto jurídico, o vestuário, a alimentação, a forma de tratamento, etc. 
deviam refletir a pertença a cada uma das ordens. 
Esta preocupação em tornar visível a diferenciação social exprimia os principais valores 
defendidos na sociedade de ordens: a defesa dos privilégios pelas ordens sociais mais elevadas 
a primazia do nascimento como critério de distinção e a fraquíssima mobilidade social. 
Objetivo 4. Vias de mobilidade social 
As vias de mobilidade ascendente da burguesia eram, de forma geral, o estudo, o 
casamento com nobreza, o dinheiro e a dedicação aos cargos do Estado (nobreza de toga – 
títulos nobiliárquicos). 
Objetivo 5. Características do poder absoluto 
O Antigo Regime caracterizou-se, a nível político, pelo sistema de monarquia absoluta, 
que atingiu o expoente máximo nos séculos XVII e XVIII. Assim, o poder do Rei tinha 4 atributos: 
1. Era sagrado (Direito divino, só presta contas a Deus); 
2. Era absoluto (Mas tem que assegurar a ordem e garantir os privilégios da Igreja e Nobreza. 
Tem os 3 poderes – legislativo, judicial e executivo); 
3. Era paternal (Tem que satisfazer as necessidades do seu povo); 
4. Era sujeito à razão (sabedoria do rei). 
Os monarcas absolutos não reuniam os órgãos de representação da sociedade (Cortes), 
apesar de eles existirem. 
Objetivo 6. Papel desempenhado pela corte no regime absolutista 
O rei utilizava a vida em corte para mais facilmente controlar a Nobreza e o Clero. A 
sociedade de corte estava constantemente à vigilância deste. 
Objetivo 7. Encenação do poder 
Todos os atos quotidianos do rei eram ritualizados, “encenados” de modo a endeusar a 
sua pessoa e a submeter as ordens sociais. Cada gesto tinha um significado social ou político, 
pelo que, através da etiqueta, o Rei controlava a sociedade. 
Objetivos. 
Preponderância da nobreza fundiária: A restauração da independência, em 1640, por 
iniciativa da nobreza, concedeu a estes grandes proprietários de terras um papel 
social importante, reforçado pelos cargos na governação, na administração ultramarina e no 
comércio. Assim, a sociedade de ordens em Portugal caracteriza-se pela preponderância política 
da nobreza de sangue e pelo afastamento da burguesia do poder. A debilidade da burguesia 
portuguesa deveu-se, em grande parte, à centralização das atividades mercantis nas mãos da 
Coroa e da nobreza e à perseguição de judeus e cristãos-novos pela Inquisição. 
O cavaleiro-mercador: Em Portugal, a nobreza mercantilizada (que se dedica ao comércio) 
dá origem ao «cavaleiro-mercador», que investe os lucros do comércio não em atividades 
produtivas mas em terras e bens de luxo. Isto tem duas consequências: a difícil afirmação da 
burguesia portuguesa (que só no século XVIII, já com o Marquês de Pombal, ganhará 
preponderância) e o atraso económico de Portugal em relação a outros países da Europa. 
Relações entre o aparelho burocrático e a centralização do poder: Ao longo dos séculos XVII 
e XVIII os reis portugueses procederam a uma centralização do poder: Século XVII - Depois do 
domínio filipino, D. João IV reestrutura os órgãos da administração central para enfre ntar a 
guerra. Não sendo um rei de tipo absolutista criou órgãos em quem delegava poderes 
(Secretarias e Conselhos). Ao longo do século XVII as resoluções tomadas em Cortes tinham cada 
vez menos importância para a governação do reino, que a sua convocação foi-se tornando cadavez mais rara (até se extinguirem, praticamente, a partir de 1697).Século XVIII - a figura mais 
marcante do absolutismo português, o rei D. João V, teve um papel muito interveniente na 
governação, remodelando os órgãos do aparelho de estado e rodeando-se de colaboradores de 
confiança. Contudo, o Estado não se tornou mais eficiente para os súbditos: faltava a ligação 
entre a administração central e a administração local e a dependência de todas as decisões da 
aprovação do rei, tornava qualquer pedido num processo muito lento. Na prática, a burocracia 
afastava o povo do rei. 
Características do absolutismo joanino: O fenómeno da “encenação do poder” também 
estava presente na monarquia absoluta portuguesa, em particular no reinado de D. João V. Tal 
como Luís XIV, D. João V realçava afigura régia através da magnificência (luxo) permitida pelo 
ouro e diamantes do Brasil, da autoridade e da etiqueta, de que se salientam os seguintes 
aspetos: 
 Subordinação das ordens sociais (não reúne Cortes); 
 Apoio às artes e às letras (criação da biblioteca da Universidade de Coimbra e da Real 
Academia de História); 
 Envio de embaixadas ao estrangeiro; Distribuição de moedas de ouro pela população (o que 
lhe valeu o cognome de o Magnânimo, o generoso); 
 Política de grandes construções (em especial a do palácio-convento de Mafra, obra que se 
tornou no símbolo do seu reinado). 
2.2. A Europa dos Parlamentos: sociedade e poder político 
Objetivo 12. Fusão do poder político com o poder económico nas Províncias Unidas 
Foi o dinheiro que abriu à burgueis das províncias unidas as portas da ascensão social. 
Com o tempo, a ascensão da burguesia de negócios foi consolidada pela educação, pelos 
casamento e pela dedicação aos cargos do Estado: graças à descentralização administrativa, 
eram os chefes das famílias burguesas quem dominava os conselhos das cidades e das 
províncias, formando uma elite governante. 
Foram-se quebrando, assim, os princípios da sociedade de ordens baseados nos 
privilégios do nascimento. 
Objetivo 13. Teoria do mare liberum 
O Tratado de Tordesilhas, de 1494, ratificou o monopólio de Espanha e de Portugal com 
o mare clausum, restando a opção de corso aos outros estados. 
A defesa do mare liberum era uma forma de legitimar as pretensões holandesas ao 
comércio internacional, uma vez que o séc. XVII foi, para a Holanda, uma época de grande 
prosperidade. 
Objetivo 14. Acontecimentos importantes da história política inglesa (séc. XVII) 
A luta histórica entre o povo – Parlamento – e os soberanos ingleses remonta à Idade Média 
(Magna Carta). Porém, é no século XVII que vinga o Parlamentarismo inglês devido a 2 
Revoluções: 
1. Instauração da República inglesa – Carlos I assinou a Petição dos Direitos (respeitar a 
vontade popular), em 1628, mas não a cumpriu, facto que levou à sua morte. O seu sucessor 
foi Cromwell que instaurou um República repressiva, que durou até à sua morte (volta para 
a monarquia); 
2. Revolução Gloriosa – 1688, Guilherme de Orange vence Jaime II e compromete-se a 
respeitar solenemente as liberdades do povo consignadas na Bill of Rights (1689). Este texto 
estabelecia limites ao poder real, protegendo os direitos dos súbditos. 
Objetivo 15. Caráter liberal do regime parlamentar 
O regime parlamentar assume-se como defensor das liberdades políticas, económicas e 
religiosas. O cidadão, protegido das arbitrariedades do governo, substitui o súbdito, e os 
poderes legislativos, executivo e judicial são divididos por vários órgãos do poder. 
Objetivo 16. Filosofia política de Locke e o parlamentarismo inglês 
John Locke – Justificação teórica do parlamentarismo: defende que todos os homens se 
encontram naturalmente num estado de perfeita liberdade e num estado de igualdade ao qual 
renunciam, apenas, em favor da coletividade, quando se fazem representar pelos seus 
governantes. 
O poder supremo do Estado era o poder legislativo, exercido pelo Parlamente. Se o 
poder legislativo fosse exercido de maneira absoluta ou prejudicasse o bem comum, então os 
governantes poderiam ser depostos. 
Objetivo 17. Modelo sociopolítico absolutista VS modelo parlamentar 
Modelo absolutista: 
 O Rei detém todo o poder (absoluto); 
 O Rei não convoca Cortes; 
 O Rei detém um poder sagrado, paternal, absoluto e submetido à razão; 
 O Rei encena o seu poder de modo a controlar as ordens privilegiadas; 
 Os cargos da chefia são entregues à nobreza e ao clero. 
Modelo parlamentar: 
 O poder é repartido entre o Rei e o Parlamento; 
 O Parlamento ocupa o lugar central na estrutura governativa; 
 A burguesia ocupa cargos importantes na administração do Estado; 
 Os critérios sociais baseados no nascimento anulam-se. 
 
Unidade 3 – O triunfo dos Estados e dinâmicas económicas nos séculos XVII e XVIII*** 
3.1. O reforço das economias nacionais e tentativas de controlo do comércio*** 
Objetivo 1. Princípios mercantilistas 
O mercantilismo (riqueza e poder assenta na quantidade de metais preciosos) na foi a 
doutrina económica vigente nos séculos XVI, XVII e XVIII. Princípios fundamentais: 
 Balança comercial positiva; 
 Protecionismo económico; 
 Fomento da produção industrial; 
 Regulamentação do comércio externo. 
Objetivo 2. Coerência interna do mercantilismo 
O mercantilismo foi o meio de fortalecer as monarquias e de aumentar a riqueza 
nacional. A intervenção do Estado na economia consistia em aumentar a quantidade de dinheiro 
em circulação no reino; para atingir esse objetivo, a relação entre as importações e as 
exportações devia ser favorável, de maneira a impedir a saída de metal precioso do país. 
Para reforçar a restrição às importações, sobrecarregava-se de direitos alfandegários 
(impostos) a entrada de produtos estrangeiros, o que tornava os produtos nacionais mais 
baratos, logo mais competitivos (protecionismo económico). O protecionismo reforçava-se com 
leis que impediam o uso de produtos de luxo importados (leis pragmáticas). 
Objetivo 3/4. Mercantilismo de Cromwell VS mercantilismo de Colbert 
O mercantilismo francês foi implementado por Colbert (ministro do rei Luís XIV). A sua 
política económica, muito dirigista, concedeu o principal relevo ao desenvolvimento das 
manufaturas como meio de substituir as importações de produtos estrangeiros por produtos 
franceses. O Colbertismo salientou-se pelo desenvolvimento da frota mercante e da marinha de 
guerra e pela criação de companhias monopolistas. 
Cromwell, chefe inglês, encarnou uma faceta do mercantilismo mais flexível, mas 
igualmente empenhada na supremacia da economia nacional. As suas medidas económicas 
valorizavam a marinha e o setor comercial (Atos de Navegação). 
Mercantilismo francês – setor manufatureiro – medidas: 
 Criação de novas indústrias; 
 Importação de técnicas; 
 Criação de manufaturas reais; 
 Controlo da atividade industrial por inspetores do Estado 
Mercantilismo inglês – setor comercial – medidas: 
 Publicação dos Atos de Navegação – apenas podiam entrar em Inglaterra as mercadorias 
que fossem transportadas em barcos ingleses ou do país de origem; 
 Política de expansão comercial; 
 Criação de grandes companhias de comércio, entre as quais a Companhia das Índias 
Orientais inglesa, que detinha o exclusivo de comércio com o Oriente e amplos poderes a 
nível da administração, defesa e justiça. 
Objetivo 5. Protecionismo económico e o agudizar das tensões internacionais 
As medidas de caráter protecionista dos países mercantilistas levaram à contração do 
comércio entre os países europeus. Como alternativa, esses países comerciavam com as suas 
próprias colónias, num regime de exclusivo colonial. 
Consequentemente, a criaçãode um império colonial e comercial passou a figurar como 
prioridade dos estados europeus. A prática do capitalismo comercial levou ao agudizar das 
tensões internacionais. O ponto alto deste clima de tensão foi o desfecho da Guerra dos Sete 
Anos (1756-1763) que consagrou a supremacia da Inglaterra no comércio mundial. 
Objetivo 6. Áreas coloniais disputadas pelos estados atlânticos 
Regiões governadas pelos estados atlânticos: 
 Império espanhol detém territórios na América espanhola e Filipinas; 
 Holanda detém territórios na Ásia, na África e no continente americano; 
 Inglaterra ocupou as possessões francesas nas Índias, territórios na América e feitorias em 
África; 
 Império francês detém territórios em África, no Oceano Índico e na Índia; 
 Império português retirava proventos do Brasil, das colónias em África e na Índia. 
3.2. A hegemonia económica britânica*** 
Objetivo 7. Importância das inovações agrícolas e o sucesso económico inglês 
A revolução agrícola teve o apoio do Paramento, o que permitiu todas as inovações: 
 Sistema de rotação quadrienal de culturas; 
 Articulação entre a agricultura e a criação de gado: forrageiras que asseguravam o estrume 
necessário e incentivavam o melhoramento das raças animais; 
 Vedação dos campos comunitários (enclosures); 
 Inovações técnicas: a introdução de máquinas nos campos. 
As inovações agrícolas resultaram num aumento da produtividade, o qual, por sua vez, 
estimulou o crescimento demográfico e canalizou a mão-de-obra excedentária para as cidades. 
Objetivo 8. O mercado nacional 
A Inglaterra foi o país que mais cedo se transformou num espaço económico unificado 
– fatores: 
 Crescimento demográfico e urbano – motores de desenvolvimento económico, devido ao 
maior consumo interno; 
 Desenvolvimento dos transportes e vias de comunicação (sistema de canais, mais estradas) 
permitia resolver os problemas de abastecimento; 
 Inexistência de alfândegas internas retirava os entraves ao comércio; 
 União da Inglaterra com a Escócia e com a Irlanda criava um contexto político propício à 
circulação de produtos. 
Objetivo 9. Impacto do alargamento dos mercados na economia inglesa 
Ao nível do mercado esterno, os Ingleses conseguiram abrir brechas no rigoroso 
protecionismo dos estados europeus e, ainda, comerciar com os continentes americano e 
asiático: 
 Comércio triangular – África, América e Inglaterra; 
 Oriente – Guerra dos Sete Anos, expulsou os Franceses da Índia, assegurando à Companhia 
Inglesa das Índias Orientais o comércio dos produtos indianos para exportação para a 
Europa e para trocas locais, proibindo os produtores locais de venderem a outros 
estrangeiros que não os Ingleses. Índia – China (chá) – Inglaterra. O alargamento dos 
mercados é um dos fatores da preponderância inglesa sobre o Mundo. 
Objetivo 10. Progresso no sistema financeiro 
O sistema financeiro favoreceu o sucesso inglês: 
 Bolsa de Londres – a compra de ações do Estado ou de companhias industriais permitiu 
reunir capitais em grande escala e fornecer lucros aos particulares e ao Estado; 
 Banco de Inglaterra – realizava as operações de apoio ao comércio, emitia o papel-moeda e 
financiava a atividade comercial e industrial. 
Objetivo 11. Contexto do arranque industrial 
Segunda metade do século XVIII – Revolução Industrial – alteração tecnológica na 
produção acompanhada de ruturas em vários aspetos da vida humana. 
Após a Revolução Agrícola, a rutura tecnológica surgiu nos setores do algodão e da 
metalurgia. 
Setor algodoeiro - quando um dos ramos do setor têxtil se desenvolvia, o outro era 
obrigado a acompanhá-lo. 
Metalurgia - libertar a indústria do problema de escassez do combustível: carvão de 
coque em vez do tradicional carvão de madeira, que melhorou o abastecimento de ar quente 
aos altos-fornos. 
Máquina a vapor – invento mais importante – 1767, fonte de energia artificial, eficaz e 
adaptável a muitos usos. 
Objetivo 12. Condições da hegemonia britânica 
Condições favoráveis à hegemonia inglesa sobre o mundo: 
1. No âmbito técnico e económico: 
 Sistema de rotação de culturas; 
 Articulação entre a agricultura e criação de gado; 
 Vedações (enclosures); 
 Novas máquinas agrícolas; 
 Inovações técnicas no setor algodoeiro e metalúrgico; 
 Substituição da manufatura pela maquinofatura nos diferentes setores da economia. 
2. No âmbito social e demográfico: 
 Espírito empreendedor dos landlords; 
 Afirmação da burguesia industrial; 
 Crescimento demográfico; 
 Migração para os centros urbanos. 
3. No âmbito político-militar: 
 Apoio do sistema Parlamentar às enclosures; 
 Promulgação dos Atos de Navegação; 
 Criação das Companhias de Comércio; 
 Guerras contra a França e a Holanda de que a Inglaterra saiu vitoriosa. 
4. No âmbito ideológico: 
 Fisiocratismo (nova doutrina económica que considerava a agricultura a base económica 
da nação). 
5. No âmbito comercial e financeiro: 
 Comércio triangular a partir dos portos da Inglaterra; 
 Tratado de Eden (realizado entre a França e a Inglaterra, em 1786, com clara vantagem 
da Inglaterra devido à exportação de lanifícios e ferragens em condições vantajosas); 
 Ação da Companhia Inglesa das Índias Orientais; 
 Comércio com a China; 
 Bolsa de Londres e Banco de Inglaterra. 
3.3. Portugal – dificuldades e crescimento económico*** 
Objetivo 13. Adoção do mercantilismo e a crise comercial de 1670-92 
Entre 1670 e 1692, Portugal enfrentou uma grave crise comercial provocada: 
 Pela concorrência de Franceses, Ingleses e Holandeses – produção de açúcar e tabaco; 
 Pelos efeitos da política protecionista de Colbert; 
 Pelos efeitos da crise espanhola de 1670-1680. 
Deflação (stocks acumulados e preços muito baixos) – a política do reino orientou-se 
para a criação de manufaturas e a implementação de medidas protecionistas. 
Objetivo 14. Semelhanças ao mercantilismo francês 
Conde da Ericeira adotou o mercantilismo, a estas foram as suas principais medidas: 
1. Estabelecimento de fábricas com privilégios; 
2. Contratação de artífices estrangeiros que introduziram em Portugal novas técnicas de 
produção; 
3. Proteção da produção nacional através das pragmáticas; 
4. Desvalorização monetária; 
5. Criação de companhias monopolistas. 
Objetivo 15. O retrocesso da política industrializadora portuguesa 
A decadência do esforço industrializante deveu-se à descoberta de minas de ouro no 
Brasil, que levaram a um clima de prosperidade sem o esforço do investimento manufatureiro. 
As leis pragmáticas já não eram respeitadas e o país voltou-se para o comércio como atividade 
prioritária. 
A procura do ouro do Brasil era feita pelas bandeiras, que proporcionaram o 
alargamento e desbravamento do território brasileiro, cujas fronteiras foram então definidas 
segundo limites mais amplos do que aqueles inicialmente previstos no Tratado de Tordesilhas 
na época de D. João II. 
 
Objetivo 16. Dependência da economia portuguesa face à Inglaterra 
Segundo o tratado de Methuen (1703), a Inglaterra comprava os vinhos portugueses 
com vantagem competitiva em relação aos vinhos franceses, enquanto Portugal comprava os 
lanifícios ingleses sem restrições. 
Isto gerou uma situação de dependência de Portugal em relação à Inglaterra pois 
contribuía para o abandono das manufaturas de penos em Portugal e para o escoamento do 
ouro brasileiro para pagar as importações inglesas. 
Objetivo 17. Contexto da política económica pombalina 
Face à nova crise de meados do século XVIII, o rei D. José I tentou uma estratégia de 
mudança em relação à política do seu pai. Marquês de Pombal delineou a recuperação 
económica combase nos pressupostos mercantilistas. As principais medidas económicas: 
 Concessão de privilégios às indústrias existentes; 
 Criação das manufaturas da Covilhã e Portalegre para desenvolver a indústria de lanifícios; 
 Introdução dos têxteis de algodão; 
 Desenvolvimento da indústria de vidro da Marinha Grande; 
 Fomento de vários setores da indústria; 
 Contratação de empresários estrangeiros e de mão-de-obra especializada; 
 Publicação de pragmáticas com o objetivo de diminuir as importações; 
 Reorganização da Real Fábrica da Seda. 
O comércio foi também reorganizado de modo a diminuir o défice e de colocar as trocas na mão 
da burguesia portuguesa, através destas medidas: 
 Criação de companhias monopolistas que aliavam os capitais privados do Estado; 
 Atribuição do estatuto nobre aos grandes burgueses acionistas das companhias 
monopolistas; 
 Instituição da Aula do Comércio, escola comercial para os filhos dos burgueses; 
 Criação da Junta do Comércio, órgão que controlava a atividade comercial do reino. 
Em consequência desta política económica, o final do século XVIII foi, para Portugal, um 
período de prosperidade, com uma balança comercial positiva e a resolução do problema do 
défice comercial com a Inglaterra. 
 
Unidade 4 – Construção da modernidade europeia 
4.1. O método experimental e o progresso do conhecimento do Homem e da 
Natureza 
Objetivo 1. Reações de aristotélicos e experimentalistas ao conhecimento 
No século XVII, a atitude perante a ciência dividia-se entre a crença dogmática nos livros 
dos “Antigos” e a procura do saber através da experiência. Para a nova atitude experimentalista 
contribuíram: 
 Espirito crítico herdado do período do Renascimento (séc. XV – XVI); 
 Conhecimento da Natureza proporcionado pelas viagens da Descoberta. 
Os eruditos (sábios) criavam associações onde podiam realizar experiencias, debate-las e 
difundi-las e reuniam coleções privadas de livros, maquinismo, plantas e animais. 
Objetivo 2. Impacto do método experimental no progresso da ciência 
Bacon expôs as etapas do método indutivo ou experimental - observação, formulação 
de hipóteses, repetição das experiencias e determinação de leis gerais -, valorizando a realização 
de experiências, apoiadas num método seguro e fixo. Este método foi reforçado pelo “método 
da dúvida” de Descartes, o qual estabelecia o primado do pensamento racionalista. Isto originou 
a Revolução científica – tentativa de apartar a superstição da verdade comprovável, de substituir 
a credulidade pela investigação. 
Objetivo 3. Contributos dos principais cientistas dos séculos XVII e XVIII 
Galileu corroborou com a teoria heliocêntrica de Copérnico. Com a invenção do 
telescópio comprovou as fases de Vénus e a i rregularidade da Lua, percebendo assim que a 
matemática deveria ser usada como língua universal. Isto valeu-lhe o julgamento da Igreja 
Católica. 
Newton formulou a hipótese de um Universo infinito, sujeito à lei da gravitação 
universal. Assim, aplicou metodicamente a matemática à pesquisa científica, tendo contribuído 
para o avanço de áreas como a ótica, química e mecânica. 
Harvey descobriu a existência da circulação sanguínea. Contrariando os preconceitos 
religiosos quem impediam as dissecações do corpo humano, abriu caminho ao desenvolvimento 
da medicina como prática. 
Objetivo 4. 
A Revolução Científica consistiu em banir da pesquisa sobre a Natureza toda a forma de 
superstição e de pensamento dogmático. Esta teve como base: o método experimental, a 
matemática como linguagem universal, a medicina como prática e o primado do racionalismo. 
No entanto, a revolução enfrentou resistência nos países católicos (Índex e Inquisição). 
4.2. A filosofia das Luzes*** 
Movimento filosófico e cultural que era a favor da separação de poderes e da soberania 
popular, da liberdade, da valorização da razão e ensino, da igualdade e direito à propriedade, e 
do direito à justiça e tratamento com humanidade; e contra o Absolutismo (poderes 
concentrados – poder divino), o fanatismo religioso/Inquisição/Igreja Católica, a 
escravatura/Censura, a Ignorância/Obscurantismo, a sociedade desigual, e os métodos 
bárbaros de aplicação da justiça. 
Pontos-chave do pensamento iluminista: 
 Igualdade entre todos os Homens; 
 Liberdade de todos os homens (sem abolir classes); 
 Direito à posse de bens; 
 Direito a julgamento justo; 
 Direito à liberdade de consciência 
O pensamento iluminista defendia que estes direitos eram universais e por isso estavam 
acima das leis de cada Estado, sendo que este deveria usar o poder politico para os assegurar 
assim como para garantir a felicidade do Homem. O Iluminismo apreciava o individualismo pois 
cada individuo deveria ser valorizado, independentemente dos grupos em que se integrasse. 
A Apologia da Razão e do Progresso 
Valor da Razão humana como motor de progresso. Acreditava-se que o uso da Razão, 
livre de preconceitos e outros constrangimentos, conduzira ao aperfeiçoamento moral do 
Homem, das relações sociais e das formas de poder político, promovendo a igualdade e a justiça. 
Em suma, a Razão seria a luz que guiaria a Humanidade. 
O século XVIII ficou conhecido como o século das Luzes. Por luzes ou Iluminismo 
designa-se o conjunto das novas ideias que marcaram a época. 
O Direito Natural 
 O espírito e a filosofia das Luzes são fundamentalmente burgueses. A valorização da 
Razão, da qual são dotados todos os homens vinha estabelecer um princípio de igualdade que 
punha em causa a ordem estabelecida, favorecendo a convicção de que todos os indivíduos 
possuem determinados direitos e deveres que lhes são conferidos pela Natureza. Os iluministas 
consideram o direito natural superior às leis impostas pelos Estados. 
 Com o Iluminismo esta noção se consolidou, tendo-se definido claramente o conjunto 
básico dos direitos inerentes à natureza humana: o direito à liberdade; à justiça; à posse de 
bens; e, mais importante, à liberdade de consciência. 
 Ao proclamarem os direitos naturais do Homem, os pensadores iluministas combatiam 
a “razão de Estado”. Contrapunham-lhe o valor próprio do indivíduo que tinha o direito de ver 
respeitada a sua dignidade. Estabeleceu-se uma moral natural e racional, independente dos 
preceitos religiosos. Baseada na tolerância, na generosidade e no cumprimento dos deveres 
naturais, deveria orientar os homens na busca da felicidade terrena. 
O Contrato Social e a Separação dos Poderes 
 A liberdade e a igualdade defendidas pelos iluministas pareciam em contradição com a 
autoridade dos governos. 
 John Locke solucionou o problema com um contrato livremente assumido entre os 
governados e os governantes, onde o povo conferia aos seus governantes a autoridade 
necessária ao bom funcionamento do corpo social. Rosseau reforça, no Contrato, a ideia que 
que a soberania popular se mantém isto porque é através do contrato que os indivíduos 
asseguram a igualdade de direitos, submetendo-se, de forma igual, à vontade da maioria. Caso 
a autoridade política se afaste dos seus fins, pode e deve ser legitimamente derrubada pelo 
povo. O poder tirânico é, para os iluministas, sinónimo de desrespeito pelos direitos naturais e 
de opressão. 
 Montesquieu defende um governo monárquico, moderado e representativo, em que o 
soberano se rege pelas leis e vê as suas atribuições limitadas pela separação dos poderes. A 
Teoria da Separação de Poderes advoga o desmembramento da autoridade do Estado em três 
poderes: legislativo, executivo e judicial. Só a separação destes poderes garantiria a liberdade 
dos cidadãos. 
A difusão das Luzes 
 Colocadas no centro da vida intelectual da época, as propostas iluministasinvadiram 
os salões burgueses, os clubes privados, os cafés, as academias, as universidades. Surge 
também a Enciclopédia e a Maçonaria. 
4.3. Portugal – o projeto pombalino de inspiração iluminista*** 
Objetivo 11. As medidas pombalistas e o pensamento setecentista 
Na lógica do despotismo iluminado do século XVIII, o Marquês de Pombal, 
enquanto secretário de Estado de D. José I, levou a cabo a reforma do reino em diversas 
áreas, em todas trabalhando para o reforço do poder régio e o controlo das classes 
privilegiadas. 
1. Instituições de centralização do poder: 
 O Erário Régio, que centralizava a receção das receitas públicas e a sua 
redistribuição por todas as despesas; 
 A Intendência-Geral da Polícia, criada no âmbito da reforma judicial que 
uniformizou a justiça em termos territoriais; 
 A Real Mesa Censória, organismo do Estado que retirava a função de censura da 
alçada da Igreja. 
2. Principais episódios da repressão exercida sobre o clero e a nobreza: 
 O suplício dos Távora (acusados de tentativo de regicídio, toda a família foi 
executada); 
 A expulsão da Companhia de Jesus de Portugal e das suas colónias. 
3. Ação urbanística: a reconstrução da cidade de Lisboa após o sismo de 1 de novembro 
de 1755 foi orientada de acordo com o racionalismo iluminista da época. 
 Traçado geométrico; 
 Ruas largas e retilíneas; 
 Subordinação dos projetos particulares à unidade do conjunto; 
 Sentido prático (evidenciado, p.e., no sistema da gaiola antissísmico); 
 Valorização da burguesia (Terreiro do Paço passa a Praça do Comércio). 
4. Reforma do ensino: os estrangeiros foram colhidos pelo Marquês de Pombal. 
 Criação do Real Colégio dos Nobres; 
 Criação da Aula de Comércio para os filhos dos burgueses; 
 Fundação das Escolas Menores, oficiais e gratuitas; 
 Instituição de várias classes de preparação para a Universidade; 
 Reforma da Universidade de Coimbra, dotada de novos estatutos – faculdades 
de matemática e filosofia, laboratório de física, jardim botânico e observatório 
astronómico. A faculdade de medicina adquiriu um caráter mais prático. 
Este novo ensino era alargado a um conjunto mais vasto da população e aberto à 
novas ideias da ciência experimental, de acordo com a Filosofia das Luzes; Além disso, 
servia o propósito de preparar uma elite culta, de apoio à governação, colmatando a 
ausência dos jesuítas. 
 
Módulo 6 – A civilização industrial – economia e sociedade; nacionalismos e choques 
imperialistas 
Unidade 1 – As transformações económicas na Europa e no Mundo 
1.1. A expansão da Revolução Industrial 
Objetivo 2. Ligação entre a ciência e a técnica 
A ciência e a técnica influenciaram-se mutuamente: os conhecimentos teóricos 
permitiram a criação de novos inventos pois as empresas criaram laboratórios e convidaram 
engenheiros para trabalhar, em equipa, nas novas descobertas e a indústria (técnica), ao criar 
produtos e máquinas cada vez mais complexos, exigiu da ciência uma constante pesquisa 
(progresso científico). 
Objetivo 1/2. A segunda Revolução Industrial 
A expansão da Revolução Industrial deu-se na segunda metade do século XIX, na Europa, 
nos EUA e no Japão. 
A Segunda Revolução Industrial corresponde a um conjunto de transformações rápidas 
que beneficiaram o setor industrial, de que de destacam as novas fontes de energia (petróleo e 
eletricidade), novos setores de ponta (siderurgia, química) e novos inventos (motor de explosão, 
lâmpada). 
Esta revolução ultrapassa os aspetos técnico e produtivo para abranger a expansão do 
capitalismo industrial com consequências ao nível de toda a vida em sociedade. 
Objetivo 4. Principais progresso técnicos 
Século XVIII – primeira Revolução Industrial: 
 Utilização do carvão de coque; 
 Aperfeiçoamento dos foles; 
 Técnica da pudelagem. 
Século XIX – segunda Revolução Industrial: 
 Conversor que transforma o ferro em aço de forma mais rápida; 
 Recuperação de ferragens o que permitiu uma maior produção de aço; 
 Eliminação do fósforo, aproveitando-se assim maiores quantidades de minério. 
 O aço, mais moldável e resistente, substitui o ferro – siderurgia, setor de ponta 
 Corantes artificiais na indústria têxtil; 
 Novos medicamentos; 
 Inseticidas e fertilizantes; 
 Vulcanização da borracha - indústria de pneus. 
 Novas fontes de energia: petróleo – sua exploração, motor de explosão, motor movido a 
óleo pesado – e eletricidade – comboio elétrico, telefone, radiofonia, cinema, 
metropolitanos e carros elétricos. 
 Progressos nos transportes: energia a vapor ao comboio e ao navio facilitou a circulação das 
matérias-primas, dos produtos industriais e das pessoas; utilização do motor de expansão 
alterou as noções de distância; bicicleta tornou-se meio de transporte e modalidade 
desportiva de êxito. 
Objetivo 5. A concentração monopolista 
A pequena oficina cede lugar à empresa concentrada, ou seja, a produção é realizada 
em grandes técnicas (concentração geográfica) que reúnem avultados capitais por ações 
(concentração financeira), onde trabalham numerosos operários (concentração de mão-de-
obra), os quais vigiam numerosas máquinas (concentração técnica). Isto explica-se pela própria 
natureza de alguns setores económicos que exigiam máquinas volumosas e um grande número 
de operários e por imperativos económicos que tornavam mais rentável a grande fábrica, 
abolindo a concorrência das pequenas empresas através da criação de monopólios de produção. 
Em suma, a tentativa de criação de monopólios justifica-se pelo sistema económico do 
capitalismo industrial que caracterizou a segunda metade do séc. XIX. 
Objetivo 6. Distinção entre concentrações verticais e concentrações horizontais 
Concentrações verticais – controlo das várias etapas de fabrico de um produto industrial. 
Controlando todo o processo de produção, a empresa consegue diminuir o grau de 
imprevisibilidade do negócio e obter as melhores condições financeiras em cada uma das fases 
de produção. 
Concentrações horizontais – agrupamento de empresas de um mesmo ramo que combinam, 
entre si, as condições de produção que consideram melhores, de maneira a vencer a 
concorrência. 
Os bancos também apostarem no processo de concentração: os bancos mais pequenos 
foram sendo absorvidos pelos mais poderosos, os quais se expandiram em número de sucursais 
e em volume de operações financeiras. Os bancos alimentaram a expansão industrial, 
oferecendo os seus serviços às operações comerciais e o crédito à indústria e, por sua vez, 
lucraram com o desenvolvimento industrial, muitas das vezes investindo diretamente em 
companhias industriais (“bancos de negócios”). 
Objetivo 7. Métodos de racionalização do trabalho 
A racionalização do trabalho (método de transformar a produção num processo racional 
para que este seja o mais rentável possível) foi chamada de taylorismo: 
1. Divisão da produção por uma série de etapas; 
2. Definição do tempo mínimo necessário para a realização de cada etapa; 
3. Produção em série – estandardização. 
Ford aplicou o taylorismo à produção de automóveis, introduzindo a linha de montagem 
nas suas fábricas. Isto resultou num extraordinário aumento da produtividade, o que permitiu o 
aumento dos salários e, consequentemente, uma maior motivação dos operários. A 
racionalização aplicada às fábricas chamou-se fordismo. 
1.2. A geografia da industrialização 
Objetivo 8. A Hegemonia britânica 
Em meados do século XIX, a Inglaterra detinha a hegemonia: 
 Primeira potência na produção têxtil e metalúrgica; 
 Utilizava a energia a vapor em larga escala; 
 Possuía a maior extensão de caminhos-de-ferro; 
 Controlava o comércio internacional graças à

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