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O ACOMPANHANTE ESCOLAR DE ALUNOS COM AUTISMO NA 
LEGISLAÇÃO BRASILEIRA 
 
 
JOÍSE DE BRUM BERTAZZO1 
ELIANE BIANCHIN PEREIRA2 
CARLO SCHMIDT3 
 
 
Resumo: Este estudo teve o objetivo de identificar como vem sendo descrito na 
legislação brasileira o acompanhante escolar, ou seja, o profissional que atua 
apoiando a escolarização de alunos com Transtorno do Espectro do Autismo, 
para realizar uma reflexão crítica sobre este tema. Para responder ao objetivo 
realizou-se uma pesquisa documental de caráter qualitativo baseada nos 
documentos legais que o citam, como por exemplo, a Política Nacional de 
Educação Especial na Perspectiva da Educação inclusiva, Lei nº 12.764/2012, 
Lei 13.146/2015, entre outros. A partir de uma análise descritiva constatou-se 
que os documentos legais apresentam redundância quando tratam do 
acompanhante escolar, além de não abordá-lo com a clareza necessária no que 
se refere a denominações e funções. Essa realidade aponta para a demanda de 
uma problematização persistente referente aos documentos legais sobre esse 
profissional para que as limitações que estes apresentam não permaneçam 
recorrentes em documentos futuros, bem como uma atenção a sua formação, de 
forma que a compreensão do seu papel seja clara e sua atuação venha a 
favorecer o movimento da inclusão, em vez de ter efeito contrário. 
 
Palavras-chave: Transtorno do Espectro Autista. Profissional de apoio. 
Acompanhante especializado. 
 
 
 Modalidade de apresentação: Comunicação Oral 
 Eixo temático: Serviços de apoio à escolarização inclusiva 
 
 
1Educadora Especial, Especialista em Gestão Educacional e Mestra em Educação pela Universidade Federal de Santa 
Maria. Professora substituta do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Farroupilha – Campus Panambi. E-
mail: joisebertazzo@gmail.com 
2Acadêmica do Curso Superior de Licenciatura Plena em Educação Especial Noturno da Universidade Federal de Santa 
Maria. E-mail: elianebianchin2@gmail.com 
3Professor adjunto da Universidade Federal de Santa Maria, Departamento de Educação Especial. E-mail: 
carlopsico3@gmail.com 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é definido como um distúrbio 
do neurodesenvolvimento que se manifesta desde a infância por 
comprometimentos nas áreas sociocomunicativa e comportamental, sem 
etiologia definida (SCHMIDT, 2013), e que afeta cerca de um para cada 68 
indivíduos (CDC, 2014) ao longo de toda vida, sendo seus sinais indicativos 
percebidos ainda nos primeiros anos da infância (APA, 2013). Tendo em vista 
os comprometimentos relativos ao transtorno, percebe-se a necessidade de 
adaptações curriculares e metodológicas que viabilizem a inclusão educacional 
desses alunos. 
Estudos nacionais apontam uma preocupação no que se refere a 
aprendizagem de alunos com TEA. Gomes e Mendes (2010) mostram que a 
porcentagem de alunos com TEA matriculados nas escolas regulares de Belo 
Horizonte que leem, escrevem, realizam contas e acompanham as atividades 
pedagógicas é significativamente baixa, ficando abaixo de 10%. Uma realidade 
similar foi descrita por Kubaski (2014), ao identificar que a escolarização de 
alunos com TEA na realidade de Santa Maria/RS mostra que a maioria desses 
alunos desenvolve atividades paralelas à turma por não conseguir acompanhar 
o mesmo nível de complexidade no trabalho realizado pelos colegas. Já as 
professoras regentes têm dificuldades em atender a demanda de todos os alunos 
de sua sala, mesmo nos casos de turmas relativamente pequenas quando um 
deles apresenta TEA. 
Nesses casos, é possível pressupor que a presença de um acompanhante 
escolar pode favorecer o processo inclusivo, não substituindo a atuação 
pedagógica docente, mas amenizando a sobrecarga dos professores ao 
compartilhar a implementação de estratégias em conjunto. 
A partir da lei 7612/2012, Lei de Proteção aos Direitos da Pessoa com 
Transtorno do Espectro Autista, os alunos com TEA que tiverem necessidade 
comprovada passam a ter direito a um acompanhante especializado (BRASIL, 
2012). Esse mesmo profissional recebe diferentes denominações em outros 
 
 
documentos legais (BERTAZZO, 2014). Por isso, a denominação que será 
utilizada ao longo desse trabalho para referir-se do profissional que acompanha 
alunos com TEA, englobando todos aqueles citados na legislação, independente 
da denominação que lhe é atribuída, será de acompanhante escolar. Por 
acompanhante escolar deve-se compreender o profissional que atua dentro da 
escola, acompanhando o aluno nas diferentes etapas escolares e tendo funções 
tanto com caráter assistencialista quanto pedagógico. 
Considerando-se as peculiaridades que envolvem a inclusão de alunos 
com TEA, incluindo as demandas pedagógicas específicas desse alunado e 
participação do acompanhante escolar nesse contexto, faz-se necessária uma 
reflexão a respeito da abordagem dos documentos legais a esse profissional e 
as funções que deve exercer no cenário escolar que se pretende inclusivo. 
 
 
2 OBJETIVO E METODOLOGIA 
Tem-se como objetivo nesse estudo identificar como vem sendo descrito 
na legislação brasileira o acompanhante escolar, ou seja, o profissional que atua 
apoiando o processo de escolarização de alunos com TEA, para realizar uma 
reflexão crítica sobre este tema. 
Para tanto realizou-se uma pesquisa documental de caráter qualitativo 
(MINAYO, 2004). A pesquisa documental é compreendida como aquela que se 
utiliza de documentos como fonte de dados, tais como “jornais, fotos, filmes, 
gravações, documentos legais” (SEVERINO, 2007, p.122). Realizou-se uma 
análise descritiva de documentos legais, publicados pelo governo brasileiro 
através do Ministério da Educação e Cultura, que abordam a inclusão 
educacional, sendo selecionados aqueles que tratam do acompanhante escolar, 
independente da terminologia a ele atribuída. 
Os documentos legais considerados nesse estudo foram acessados 
através do sítio do Ministério da Educação e consistem em leis, políticas, 
decretos, resoluções e notas técnicas. Compreende-se que tal amostra 
representa as diretrizes nacionais para práticas educacionais. Portanto, as 
informações que trazem requerem atenção, pois balizam as mais variadas 
 
 
práticas no que tange ao contexto da inclusão de pessoas com deficiência. 
 
3 RESULTADOS 
 A discussão sobre a inclusão de pessoas com deficiência no ensino 
regular está presente na política nacional brasileira desde a década de 1980, 
quando a Constituição Federal cita a educação como direito de todos e assegura 
a garantia do atendimento educacional especializado preferencialmente na rede 
regular de ensino, dando um caráter de complementaridade à Educação 
Especial (BRASIL, 1988). 
Logo, tem-se a Lei 9394/96, Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional (LDBEN), cujo artigo 58 cita que a Educação Especial deve ser 
oferecida para os alunos com necessidades especiais, preferencialmente na 
rede regular de ensino, oferecendo serviços de apoio educacional especializado 
para atender suas necessidades. 
Em seguida, a Resolução CNE/CEB 02/2001, que institui as Diretrizes 
Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica, trata no seu Art. 8º 
inciso IV, do apoio pedagógico especializado, realizado nas classes comuns, 
como uma das modalidades de atendimento especializado (BRASIL, 2001). 
Esse mesmo documento determina formação e funções necessárias ao que 
chama de “professor especializado”. Indica formação específica em Educação 
Especial, como formação inicial em cursos de Licenciatura em Educação 
Especial ou em uma de suas áreas para a atuação na educaçãoinfantil e séries 
iniciais do ensino fundamental. Já para a atuação nas séries finais do ensino 
fundamental e no ensino médio é exigida formação em nível de pós-graduação 
em Educação Especial ou áreas afins. Essa formação daria subsídios para o 
professor especializado identificar as necessidades educacionais especiais dos 
alunos e para “definir, implementar, liderar e apoiar a implementação de 
estratégias de flexibilização, adaptação curricular, procedimentos didático-
pedagógicos e práticas alternativas adequados aos atendimentos das mesmas 
[...]” (BRASIL, 2001, p. 05). 
 
 
Um documento importante para a educação especial brasileira no 
contexto da inclusão é à Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva 
da Educação Inclusiva – PNEEPEI (BRASIL, 2008), que orienta a oferta da 
Educação Especial na rede pública de ensino. Essa política define o público alvo 
da Educação Especial como sendo os alunos com Transtornos Globais do 
Desenvolvimento (TGD), Altas Habilidades/Superdotação (AH/SD) e com 
deficiências sensorial ou intelectual, devendo eles receber atendimento 
suplementar ou complementar ao ensino regular no seu contra turno, através do 
Atendimento Educacional Especializado (AEE). O AEE, por sua vez, tem por 
objetivo, entre outros, conforme o Decreto nº 7.611/2011, “prover condições de 
acesso, participação e aprendizagem no ensino regular e garantir serviços de 
apoio especializados de acordo com as necessidades individuais dos 
estudantes” (BRASIL, 2011, p. 2). 
Esclarecendo sobre os profissionais que realizarão o AEE, a PNEEPEI os 
cita aqueles que tenham conhecimentos específicos sobre: 
Ensino da Língua Brasileira de Sinais, da Língua Portuguesa na 
modalidade escrita como segunda língua, do sistema Braille, do 
soroban, da orientação e mobilidade, das atividades de vida autônoma, 
da comunicação alternativa, do desenvolvimento de processos mentais 
superiores, dos programas de enriquecimento curricular, da 
adequação e produção de materiais didáticos e pedagógicos, da 
utilização de recursos ópticos e não ópticos, da tecnologia assistiva e 
outros (BRASIL, 2008, p.17) 
 
Como forma de viabilizar uma melhor qualidade na participação dos 
sujeitos com deficiência ou AH/SD na vida escolar, diversos recursos são 
sugeridos pela PNEEPEI. Tais recursos são tanto de ordem material (Ex.: 
adaptação do espaço, materiais didáticos e pedagógicos), quanto recursos 
humanos, como pode ser visto na seguinte citação que atribui aos sistemas de 
ensino 
[...]ao organizar a educação especial na perspectiva da educação 
inclusiva, disponibilizar as funções de instrutor, tradutor/intérprete de 
Libras e guia intérprete, bem como de monitor ou cuidador aos alunos 
com necessidade de apoio nas atividades de higiene, alimentação, 
locomoção, entre outras que exijam auxílio constante no cotidiano 
escolar (BRASIL, 2008, p.17). 
 
Instituindo as diretrizes operacionais para o AEE na educação básica, a 
 
 
Resolução nº 04/2009 considera que, para a oferta desse atendimento, as 
escolas devem prever, conforme Art. 10 desse documento, entre outros 
aspectos, “V - professores para o exercício da docência do AEE”, além de “VI - 
outros profissionais da educação: tradutor e intérprete de Língua Brasileira de 
Sinais, guia-intérprete e outros que atuem no apoio, principalmente às atividades 
de alimentação, higiene e locomoção” (BRASIL, 2009, p. 02). 
A partir disso, torna-se necessário ampliar a compreensão de quem é e 
que papel assume o acompanhante escolar, denominado no documento de 
monitor ou cuidador, para os alunos público alvo da Educação Especial. 
A Nota Técnica 19/2010, considerando marcos legais como a PNEEPEI e 
a Resolução CNE/CEB nº 04/2009, entre outros, trata desses profissionais como 
um serviço a ser ofertado pela educação especial a alunos com deficiência e 
TGDs, sendo denominados de profissionais de apoio e compreendidos como: 
aqueles necessários para a promoção da acessibilidade e para 
atendimento de necessidades específicas dos estudantes no âmbito 
da acessibilidade e para atendimento às comunicações a da atenção 
aos cuidados pessoais de alimentação, higiene e locomoção. (BRASIL, 
2010, p.1) 
 
Especificando a oferta desse serviço, a mesma Nota Técnica apresenta 
diferentes profissionais de apoio e menciona aspectos que devem ser 
considerados na sua atuação. O profissional tradutor e intérprete de Libras e 
também do guia-intérprete, destinado a alunos surdo-cegos, devem seguir a 
regulamentação própria. Já os profissionais de apoio às atividades de 
locomoção, higiene e alimentação atuarão junto aos alunos com deficiência que 
não realizam de forma independente essas atividades, em situações que se 
justificam pelo fato das suas necessidades não serem atendidas sob as mesmas 
condições destinadas aos demais estudantes. O acompanhante destina-se aos 
casos de alunos com histórico de segregação, devendo ser avaliada a 
possibilidade de retirada gradativa deste ao passo que as medidas que a escola 
deve adotar concomitantemente para favorecer o desenvolvimento dos 
processos pessoais, sociais e de autonomia forem surtindo efeito. Já os demais 
profissionais de apoio que atuam no âmbito geral da escola seja auxiliando na 
educação infantil, atividades desenvolvidas no pátio, na alimentação ou 
 
 
segurança devem ser orientados sobre como colaborarem no atendimento as 
necessidades educacionais específicas dos estudantes (BRASIL, 2010). 
Há uma ênfase da Nota Técnica 19/2010, ainda, sobre o que não é função 
do profissional de apoio, ficando claro que não cabe a ele desenvolver atividades 
educacionais diferenciadas e nem a responsabilização pelo ensino do aluno por 
ele atendido. Salienta-se que esse profissional deve atuar de forma integrada 
com o professor da sala de aula comum, bem como com o da sala de recursos 
multifuncionais (SRM) e outros profissionais da instituição onde atua. Ao final do 
documento percebe-se a ressalva de que cabe aos estabelecimentos de ensino 
a responsabilidade pelo provimento dos profissionais de apoio, não podendo 
nenhum custo ser destinado às famílias dos estudantes atendidos (BRASIL, 
2010). 
Configurando num documento legal próprio para pessoas com TEA, em 
dezembro de 2012 entrou em vigor a Lei nº 12.764 que institui a Política Nacional 
dos Direitos das Pessoas com TEA. A partir dessa lei a pessoa com TEA passa 
a ser considerada pessoa com deficiência, cabendo-lhes, portanto, todos os 
direitos que as leis preveem para as pessoas com deficiência. No seu Art. 3º, 
parágrafo único, consta que “em casos de comprovada necessidade, a pessoa 
com transtorno do espectro autista, incluída nas classes comuns do ensino 
regular [...] terá direito a acompanhante especializado” (BRASIL, 2012, p.2). A 
mesma lei aconselha o “incentivo a formação e a capacitação de profissionais 
especializados no atendimento à pessoa com TEA, bem como a pais e 
responsáveis” (p.1). 
Para orientação aos sistemas de ensino para a implementação da Lei nº 
12.764, em março de 2013 é promulgada a Nota Técnica nº 24/2013. Entre as 
diretrizes para o alcance do objetivo daquela lei retoma-se o incentivo à formação 
e capacitação de profissionais especializados para atendimento à pessoa com 
TEA. Ao mesmo tempo em que se observa a valorização da formação, a mesma 
nota contradiz essa necessidade ao citar que, mediante comprovada 
necessidade, o acompanhamento dos alunos com TEA deve ser realizado por 
“profissional de apoio”. Para esse profissional não são estabelecidos critérios de 
formação ou capacitação, podendo ele ter qualquer formação ou mesmo não ter 
 
 
formação alguma, tendo em vista as diferentes interpretações quepodem ser 
feitas sobre as funções que lhe cabem. Para melhor compreensão disso, 
destacam-se os aspectos apontados na Nota Técnica nº 24 como necessários 
de serem observados na oferta desse serviço: 
 Destina-se aos estudantes que não realizam as atividades de 
alimentação, higiene, comunicação ou locomoção com autonomia e 
independência, possibilitando seu desenvolvimento pessoal e social; 
 Justifica-se quando a necessidade específica do estudante não for 
atendida no contexto geral dos cuidados disponibilizados aos demais 
estudantes; 
 Não é substitutivo à escolarização ou ao atendimento educacional 
especializado, mas articula-se às atividades da aula comum, da sala 
de recursos multifuncionais e demais atividades escolares; 
 Deve ser periodicamente avaliado pela escola, juntamente com a 
família, quanto a sua efetividade e necessidade de continuidade. 
(BRASIL, 2013, p.04) 
 
Observa-se nessas considerações o mesmo conteúdo apresentado pela 
Nota Técnica 19/2010. Percebe-se, nesse sentido, que apesar da luta pelo 
atendimento adequado as especificidades do público com TEA, entre a 
promulgação da Lei e a orientação para sua implementação pode ser percebida 
uma diferença nas funções do profissional. 
Já o Decreto nº 8.368, que regulamenta a Lei nº 12.764, em seu Art. 4º, 
parágrafo segundo, apresenta o seguinte: 
Caso seja comprovada a necessidade de apoio às atividades de 
comunicação, interação social, locomoção, alimentação e cuidados 
pessoais, a instituição de ensino em que a pessoa com transtorno do 
espectro autista ou com outra deficiência estiver matriculada 
disponibilizará acompanhante especializado no contexto escolar [...] 
(BRASIL, 2014, p.02) 
 
Assim, novamente o termo “acompanhante especializado” é utilizado para 
denominar o acompanhante escolar, o que provoca uma confusão na 
compreensão dos papéis e atribuições deste profissional. 
Mais recentemente foi implementada a Lei 13.146/2015, que institui a Lei 
Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com 
Deficiência). Nesse documento observa-se a definição de três profissionais ou 
acompanhantes diferentes, bem como especificação sobre as funções que deve 
desempenhar: 
XII - atendente pessoal: pessoa, membro ou não da família, que, com 
 
 
ou sem remuneração, assiste ou presta cuidados básicos e essenciais 
à pessoa com deficiência no exercício de suas atividades diárias, 
excluídas as técnicas ou os procedimentos identificados com 
profissões legalmente estabelecidas; 
XIII - profissional de apoio escolar: pessoa que exerce atividades de 
alimentação, higiene e locomoção do estudante com deficiência e atua 
em todas as atividades escolares nas quais se fizer necessária, em 
todos os níveis e modalidades de ensino, em instituições públicas e 
privadas, excluídas as técnicas ou os procedimentos identificados com 
profissões legalmente estabelecidas; 
XIV - acompanhante: aquele que acompanha a pessoa com 
deficiência, podendo ou não desempenhar as funções de atendente 
pessoal (BRASIL, 2015, p.3) 
 
 Aparentemente houve uma preocupação em estabelecer quem deve 
exercer quais funções, possivelmente considerando-se a pouca clareza com que 
outros documentos legais especificam a atuação do acompanhante escolar. 
Nota-se, ainda, pelo apresentado no Estatuto, que o profissional de apoio 
escolar tem como funções aquelas relativas a atividades de vida autônoma e 
também de atuação em todas as atividades escolares que for necessário. Uma 
vez que os serviços de responsabilidade da educação especial perpassam todas 
as etapas de ensino, que a atuação do profissional descrito nessa lei também 
devendo dar-se dessa forma, além do estabelecido pela Nota Técnica 24/2013 
(que considera como serviços da Educação Especial o AEE e o profissional de 
apoio) e pela Resolução 04/2009 (que cita tanto o professor do AEE, quanto 
‘outros profissionais da educação’), compreende-se que o acompanhante 
escolar seja parte integrante da educação especial, cabendo, quando possível, 
ser orientado pelo profissional responsável pela oferta do AEE em cada 
instituição de ensino. Cabe destacar, dessa forma, que o serviço do profissional 
de apoio não é substitutivo à escolarização ou ao AEE, conforme a Nota Técnica 
24/2013 (BRASIL, 2013, p. 4), sendo, ao invés disso, parte integrante do AEE. 
 
4 DISCUSSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Na análise dos documentos que compõe a amostra desse estudo há de 
se considerar que ocorre uma mescla de funções ou, mesmo, um 
redirecionamento destas de um documento legal para outro. Alterações de 
 
 
denominação também são comuns, inclusive em documentos complementares, 
como a Lei nº 12.764/2012 (Política Nacional de Proteção aos Direitos da Pessoa 
com Autismo) e a Nota Técnica nº 24/2013, que orienta os sistemas de ensino 
para a implementação daquela. 
Outro ponto que precisa receber atenção quando se analisa a 
documentação legal referente a inclusão diz respeito a redundância de 
informações em documentos diferentes. Se pela Lei 12.764/2012 pessoas com 
TEA são consideradas pessoas com deficiência e passam a ter os mesmos 
direitos assegurados que cabem a todas as pessoas com deficiência, não parece 
necessário num documento destinado exclusivamente a pessoas com TEA 
constarem as mesmas especificações que já constam num documento destinado 
as pessoas com deficiência. Essa redundância, convivendo com regras que as 
contrariam, favorecem as múltiplas interpretações legais por parte daqueles 
responsáveis pela implementação das normas. 
Apesar da literatura estar indicando que a necessidade principal dos 
estudantes com TEA não está centrada sobre atividades relacionadas a 
cuidados e sim à aprendizagem (TARTUCI, 2011; FREITAS, 2013; MOUSINHO 
et al., 2010; CUNHA et al., 2012), há que se considerar as especificações legais 
que, a partir de uma análise cuidadosa, não deixam margem para que se 
interprete como o mesmo profissional o acompanhante escolar e o professor de 
AEE. A Resolução nº 04/2009 que cita esses dois profissionais atrelados a um 
mesmo serviço, o AEE, consiste num documento que pode balizar a 
diferenciação entre ambos. Ademais, a Nota Técnica 19/2010 especifica que não 
cabe ao acompanhante escolar desenvolver atividades educacionais 
diferenciadas e nem a responsabilização pelo ensino do aluno por ele atendido. 
Assim estabelece sem deixar margens para dúvida que aspectos pedagógicos 
não cabem ao acompanhante. Apoiar o aluno com TEA em atividades escolares, 
mesmo que sejam aquelas desenvolvidas em sala de aula, tanto no contexto do 
ensino regular, quanto do AEE, não significa assumir funções pedagógicas, o 
que é esclarecido pela legislação como responsabilidade docente. 
Contudo, a legislação educacional brasileira não tem um histórico que 
propicie a compreensão clara sobre aspectos como formação, denominações e 
 
 
funções do acompanhante escolar, e, por consistirem nas normas e 
aconselhamentos que orientam as práticas educacionais de forma que sejam 
práticas inclusivas, precisam ser pensadas sob uma ótica de problematização. 
Embora a legislação voltada a inclusão de alunos com deficiência não dê a 
devida importância ao profissional em questão, pois não tece amplas discussões 
referentes ao desenvolvimento de seu trabalho ou formação, se faz urgente a 
reflexão sobre esse profissional, tendo em vista que suas ações devem favorecer 
a inclusão. 
Considerando o público a que se destina, a formação do acompanhante 
precisa ser devidamente considerada, pois disso depende o trabalho em relação 
à autonomia da criança, para que sua atuação possa ser gradativamente 
reduzida até o ponto em que o aluno consiga o máximo possível de atuaçãoautônoma no contexto escolar. Da mesma forma os professores regentes das 
salas onde há alunos com deficiência incluídos precisam de capacitação, o que 
já está prescrito desde 2001, pela Resolução CNE/CEB Nº 02/2001. Ainda, os 
professores responsáveis pela oferta do AEE requerem investimento na sua 
formação a respeito do TEA para que tenham condições de orientar os 
acompanhantes escolares. Caso contrário, um recurso que poderia facilitar o 
processo de inclusão pode, também, conforme a configuração que assumir, 
favorecer a exclusão do sujeito acompanhado, mantendo seu isolamento dentro 
das instituições que teoricamente são inclusivas. 
 A atuação do acompanhante escolar não pode ser compreendida como 
uma medida paliativa adotada para reduzir as dificuldades das instituições de 
ensino que se veem obrigadas a incluir. Precisa ser compreendida como um 
serviço que soma em termos de estratégias para o favorecimento da 
permanência e aproveitamento das experiências escolares por parte do aluno 
incluído. 
O papel da escola não se desvincula da aprendizagem e construção do 
conhecimento por parte de seus alunos. Sendo assim, as estratégias 
movimentadas pela gestão educacional no âmbito macro precisam estar 
calcadas sobre a consideração de que incluir não significa matricular e fazer 
estar dentro das instituições de ensino regulares. Só assim pode se esperar que 
 
 
no âmbito micro da gestão, no que se compreende a organização das escolas 
em busca do desenvolvimento e aprendizagem de seus alunos, as ações 
estejam alinhadas as propostas e ideais presentes nos documentos legais. 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION – APA. DSM-5: Diagnostic and 
statistical manual of mental disorders. Washington: American Psychiatric 
Association. Porto alegre: Artmed. 2013. 
 
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 
Senado, 1988. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm> Acesso 
em: 30 jul. 2016. 
 
______.Decreto n. 7.611, de 17 de novembro de 2011. Dispões sobre a 
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providências. Brasília, 2011. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/decreto/d7611.htm>. 
Acesso em: 30 jul. 2016. 
 
______.Decreto n. 8.368, de 02 de dezembro de 2014. Regulamenta a Lei 
12.764, de 27 de dezembro de 2012, que institui a Política Nacional de 
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2014. Disponível em:< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-
2014/2014/decreto/d8368.htm>. Acesso em: 30 jul. 2016. 
 
______. Lei nº 12.764, de 27 de dezembro de 2012. Política Nacional de 
Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista. Brasília, 
DF, 27 dez. 2012. Disponível em: 
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Acesso em: 30 jul. 2016. 
 
______. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Especial. Política 
Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. 
MEC/SEESP, Brasília, 2008. Disponível em: 
<http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/politicaeducespecial.pdf>. Acesso em: 30 
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______. Senado Federal. Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência: 
nº 13.146/2015. Brasília: 2015. Disponível em: Acesso em: < 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm>. 30 
jul. 2016. 
 
______. Senado Federal. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: nº 
9394/96. Brasília: 1996. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm>. Acesso em: 30 jul. 2016. 
 
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