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Prof. Fernando - Tanto na RCUI quanto a Doença de Chron (DC) não há etiologia bem estabelecida e isso tem implicações no tratamento que é feito como doença autoimune. O intestino é um órgão rico em citocinas tanto anti-inflamatórias quanto pró- inflamatórias que atuam em homeostase com as bactérias. Por motivo desconhecido ocorre a quebra dessa homeostase iniciando-se um processo inflamatório. 10% dos pacientes com DII tem algum parente de 1º grau com DII, portanto, a genética influencia no desenvolvimento da doença. Os casos de DII vem aumentando muito devido aos hábitos alimentares que vem piorando. Se relaciona a alta ingesta de produtos industrializados ricos em corantes, estabilizantes, conservantes, etc. O cigarro é um fator protetor na RCUI mas um agente agressor na DC mas não se sabe quais substâncias causam essas alterações. As DII são mais comuns no ocidente e a cada ano surgem entre 5 a 15 novos casos a cada 100mil habitantes e existem em média 50 a 100 casos já diagnosticados a cada 100mil habitantes. Está distribuída em ambos os sexos igualmente e geralmente acomete pacientes entre 20 e 40 anos, mas produz um pico menor em pacientes idosos (>60 anos), sendo a RCUI mais prevalente que a DC. Por ser auto imune pode apresentar manifestações extra intestinais (eritema nodoso, artrite soro negativa, pioderma gangrenoso). A artrite é a manifestação mais frequente e não é deformante. Atinge grandes articulações (joelho, quadril, cotovelo, etc.) e ocorre em 15 a 40% dos pacientes. A artrite pode não ser detectada no sangue mas o paciente tem clínica compatível e muita dor. O paciente pode ainda apresentar Espondilite anquilosante, Manifestações oculares em 6% dos casos Episclerite (inflamação da esclera); Uveíte (inflamação entre a esclera e a retina), Manifestações hepáticas (pela liberação excessiva de anticorpos), colangite esclerosante e câncer de colo retal. O diagnóstico é feito com base em manifestações clínicas, achados anatomopatológicos da colonoscopia e exames de sangue. A queixa das DII são: Disenteria (fezes com muco, pus ou sangue) – principalmente diarreia sanguinolenta – de curso intermitente assim como a maioria das doenças autoimunes, existem picos de agravamento/remissão. Nas formas mais graves apresentam dor abdominal, desidratação - devido a disenteria - e febre. Quando o quadro é sugestivo pede-se colonoscopia que dá a oportunidade de fazer a biópsia. Além disso há marcadores séricos para auxilio diagnóstico (Anticorpo anticitoplasma e Neutrofílico perinuclear) além do P-Anca que indica a presença de RCUI. O tratamento de ambas as patologias quando nas formas leve/moderada é ambulatorial mas quando grave o tratamento é hospitalar. Atualmente encontra-se cada vez mais formas graves da doença no SUS (no sistema privado é o contrário, encontra-se mais formas leves da doença). O tratamento medicamentoso inclui o uso de antidiarreicos (Imosec®) mas dever-se tomar cuidado pois o uso desses medicamentos, especialmente quando associados a anti-inflamatórios, pode causar a diminuição do peristaltismo e propiciar ambiente favorável a infecção bacteriana. Os anti-inflamatórios intestinais são largamente utilizados no tratamento de DII: Sulfasalazina (associada à sulfa) e mesalazina (Apresentação: Via Ora, supositórios e enema). Possuem ação tópica e são utilizadas por longos período mas mesmo com o uso correto o índice de recidivas é de 10% ao ano. Em caso de resposta ineficiente da Sulfasalazina e mesalazina usa-se corticoide que, além de anti-inflamatório atua no Sistema Imunológico. Usa Prednisona (VO) ou Hidrocortisona (EV). Caso seja necessário ainda pode-se associar imunossupressores. O mais usado é a Azatioprina (VO) que geralmente é muito eficaz. Há ainda a opção de imunomoduladores que tentam adequar a ação pró e anti- inflamatória intestinal. São eles: Infliximabe (mais utilizado na DC) e Adalimumabe (Só é liberado para utilização na DC). São medicamento de altíssimo custo. ( ) Retocolite ulcerativa – consiste em alterações inflamatória e ulcerativas que afetam a mucosa e submucosa (Importante destacar que acomete apenas essas camadas enquanto a Doença de Chron acomete toda a parede do órgão) do cólon e reto, apenas. Atinge o reto em 50% dos casos. Se dividem em: Reto-proctite - Quando afeta também o canal anal; Proctosigmoidite – quando afeta reto, procto e cólon sigmoide; Colite esquerda – Quando afeta reto, cólons sigmoide e cólon descendente; Pancolite – Quando acomete todos os cólons. Quanto maior a extensão, maior a gravidade. A colangite esclerosante é mais comum na RCUI e ocorre porque os anticorpos induzem um processo inflamatório que leva a estenose das vias biliares causando icterícia por acúmulo de bilirrubina direta. O acúmulo de bilirrubina intra-hepática pode ser tão alto a ponto de causar morte celular e cirrose. Acontece em 25% dos pacientes com RCUI. Também mais comum na RCUI é o câncer de colo retal que tem mais chances de se desenvolver em paciente com RCUI há muito tempo e/ou com processo inflamatório muito acentuado. Existe um marcador sérico chamado P-Anca que é positivo em 70% dos casos de RCUI e pode ser usado para auxilio diagnóstico. É importante porque muitas vezes mesmo com a biópsia é difícil fechar o diagnóstico. A mucosa do cólon se torna granulosa (a textura deixa de lisa), com apagamento da vascularização submucosa e do brilho (a mucosa fica opaca), com presença de ulcerações (mais rasas ou, nas formas mais graves, mais profundas) e formação de pseudopólipos inflamatórios que sangram com facilidade (muitas vezes, principalmente no reto, o processo inflamatório é tão acentuado que há um “levantamento” da mucosa – chamamos esse levantamento de pseudopólipo inflamatório). Devido a presença de ulcerações o paciente fica mais susceptível a infecções – afinal, perde-se a barreira mucosa. Uma das complicações é o Megacólon Tóxico – trata-se da infecção da parede que ocorre em quadros de RCUI muito intensa e leva a necrose, atonia (para da movimentação), dilatação e posterior perfuração do cólon. O tratamento do Megacólon tóxico é a colectomia total pois a não ressecção fará com que o quadro evolua para a perfuração e sepse abdominal. ( ) Diferentemente da RCUI pode atingir da boca ao ânus e afeta toda a extensão da mucosa até a serosa. Geralmente aparece mais no íleo terminal e ceco, portanto mesmo se for feita ressecção de uma parte do intestino afetada pela doença ela pode se manifestar em outros locais, ao contrário da RCUI que é restrita à determinado sítio anatômico. Pode causar o surgimento de fístulas perianais. As ulcerações são mais profundas (porque atinge da mucosa até a serosa) e pode ter como complicação as perfurações e fístulas. O paciente também fica mais susceptível a infecções. Causa fibrose das camadas mais profundas devido a cicatrização podendo levar à estenose do órgão. Também predispõem ao câncer. No anatomopatológico verifica-se abscesso de criptas e inflamação com infiltrado de plasmócitos, neutrófilos, linfócitos e eosinófilos. As DII devem ser diferenciadas de outras patologias como: Doenças infecciosas (principalmente em paciente imunodeprimidos que fazem infecção crônica do cólon); Processos isquêmicos (ex. A aterosclerose, embora seja mais comum em outras artérias, pode afetar artérias do mesentério e causar infarto); Radiação (pessoas que fazem radioterapia podem sofrer queimaduras que assumem caráter semelhante ao das DII); Diverticulites (Processo infeccioso); Apendicite (afeta íleo terminal e ceco); Tuberculose (afeta frequentemente o intestino devido a presença abundante de vasos linfáticose gânglios podendo apresentar aspectos de Chron) Complicações mais comuns na DC: Estenose e fístulas. Complicações mais comuns na RCUI: Câncer e infecção. Acabou!!
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