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Clique para editar o estilo do título mestre Clique para editar o estilo do subtítulo mestre * * * UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE AGRONOMIA EMEDICINA VETERINÁRIA FISIOLOGIA VETERINÁRIA 1 SECREÇÕES DO PÂNCREAS * * * SECREÇÕES ENDÓCRINAS DO PÂNCREAS 1.MORFOLOGIA O pâncreas é um órgão situado ao longo do duodeno, composto na sua maior parte por ácinos que secretam enzimas pancreáticas, importantes na digestão, e liberadas pelos ductos até a luz intestinal (secreção exócrina). Entre os ácinos estão pequenos arranjos de células na forma de ilhotas, onde se distingüem quatro tipos celulares. * * * Os tipos celulares são: células alfa, que secretam glucagon, células beta, que secretam insulina, células delta, produtoras de somatostatina, células F, produtoras do polipeptídio pancreático As secreções endócrinas produzidas nas ilhotas afetam tecidos-alvo através de todo o corpo, porém o sangue venoso pancreático passa em primeiro lugar pelo fígado, sendo este então o principal órgão-alvo. * * * A INSULINA A insulina é um hormônio peptídico relacionado primariamente com o metabolismo dos carboidratos A relação entre metabolismo e pâncreas foi observada quando um cão prancreatectomizado mostrava sintomatologia semelhante à do diabetes melitus (Von Mering & Minkowski,1889). A insulina é composta por duas cadeias de aminoácidos (A e B, com 21 e 30 aács, respectivamente), unidas por duas pontes dissulfídicas. Em muitas espécies animais as diferenças entre a posição dos aácds. nas cadeias é pequena, p.ex., em bovinos, ovinos, cães e eqüinos há variação apenas nas posições 8, 9 e 10 da cadeia A. Portanto, as atividades da insulina não são altamente específicas da espécie. * * * As fases da formação da insulina Inicialmente é formada a pré-pró-insulina no RER; posteriormente um pequeno fragmento peptídico é retirado para formar a pró-insulina, que é transferida e fica armazenada no aparelho de Golgi, onde será acondicionada em grânulos que contêm tanto insulina como o peptídio de ligação (peptídio C). A secreção de insulina é bifásica, com uma liberação inicial aguda envolvendo a exocitose dos grânulos pré-formados; após a fase aguda se sucede uma fase secretiva crônica, que parece envolver a síntese do hormônio. * * * Funções metabólicas da insulina A insulina age em vários pontos nas vias metabólicas de carboidratos, gorduras e proteínas. Seu efeito final é reduzir as concentrações sanguíneas de glicose, ácidos graxos e aminoácidos, e promover a conversão intracelular desses compostos em suas formas de armazenamento (glicogênio, triglicerídios e proteínas). A glicose não consegue penetrar facilmente em membranas celulares, exceto em tecidos como cérebro, eritrócitos, leucócitos e fígado. O fígado e os leucócitos, contudo, além do tecido adiposo e músculos são bastante responsivos ao hormônio, em comparação com os rins, intestinos e outros tecidos não-críticos. * * * Ações específicas da insulina: facilita a utilização de glicose (glicólise) nas células, formando piruvato e lactato, através da ativação das enzimas glicoquinase, fosfofrutoquinase e piruvatoquinase; estimula a produção de glicogênio hepático, aumentando a atividade da glicogênio-sintetase e diminuindo a da glicogênio-fosforilase; reduz a neoglicogênese pela promoção de síntese proteica em tecidos periféricos (reduz assim a quantidade de aács. disponíveis), e também diminui a atividade de enzimas hepáticas que estão envolvidas na conversão de aácds. em glicose; * * * promove a síntese de triglicerídios no tecido adiposo, pois o piruvato obtido pela utilização intracelular da glicose dá origem à acetil-CoA e glicerol 3-fosfato, ativando também enzimas que promovem a síntese; aumenta a atividade da lipase lipoproteica e diminui a lipólise no tecido adiposo. * * * Aumento da glicose sangüínea Aminoácidos, especialmente leucina Ácidos graxos Glucagon (parácrina?) Estímulo simpático via β-receptores Estímulo parassimpático Proteínas Transferência de aminoácidos Síntese de proteínas Insulina Ações Carboidratos Hormônio do crescimento, tiroxina, glicocorticóides (desenvolvimento e manutenção do tecido das ilhotas) Hormônios gastrintestinais: secretina, CCK, PIG, neurotensina, enteroglucagon Somatostatina das ilhotas (efeito parácrino) Estímulo simpático via α-receptores Gordura Lipólise Lipogênese Transferência de glicose, via GLUT-4 Glicogênese Glicólise Glicogenólise Gliconeogênese Fraca Fraca * * * Efeitos da deficiência de insulina Há dificuldade de uso da glicose em muitos tecidos. Se a glicose não fica disponível para a oxidação, acaba por provocar uma hiperglicemia a partir do aumento da glicogenólise e da gliconeogênese, acarretando em excreção de glicose pela urina. Isso ocorre uma vez que parece haver uma barreira para glicose nas células musculares mantida pela aplicação constante de energia, e a insulina agiria tanto no aumento dessa taxa de entrada da glicose quanto no estímulo à fosforilação do composto. * * * Deficiência de insulina Lipólise Glicose intracelular Cetogênese Gliconeogênese Captação comprometida da glicose (músculo/tecido adiposo) Glicogenólise Glicogênese Atrofia muscular Perda de peso Cetonemia Acidose metabólica Glicosúria Poliúria Desidratação Polidipsia Volume sangüíneo Falência circulatória Anúria Uremia COMA e MORTE Fluxo sangüíneo cerebral Glicose extracelular (HIPERGLICEMIA) * * * * * * A perda de glicose pela urina envolve perda de água e eletrólitos, com conseqüente poliúria, desidratação e hemoconcentração. O animal também mobiliza gordura dos depósitos, e são liberados corpos cetônicos causando acidose, pois esses compostos carreiam bases. Em aves, a retirada do pâncreas causa em geral a hipoglicemia, provavelmente devido à predominância de células alfa em seus pâncreas. * * * O GLUCAGON O glucagon é um polipeptídio composto por uma cadeia única de 29 aminoácidos; existem outros locais que o produzem além do pâncreas: o estômago e o intestino delgado (glucagon intestinal). É também formado no retículo endoplasmático e secretado em grânulos. Funções do glucagon Suas ações fisiológicas são opostas às da insulina: Aumenta a produção do AMPc hepático que acaba por estimular a fosforilase, com consequente degradação do glicogênio, * * * Causa elevação da taxa metabólica devido ao aumento da desaminação de aminoácidos, Inibe a lipogênese hepática (promove aumento da oxidação de ácidos graxos e cetogênese), Estimula a secreção de insulina e somatostatina. * * * * * * CONTROLE DA INSULINA E GLUCAGON O estímulo mais importante para a secreção de insulina é a glicose sanguínea elevada, havendo duas hipóteses: 1) a reação ao nível da membrana celular gerando AMPc causa a liberação dos grânulos, ou 2) o desencadeamento seria a nível intracelular, com um produto do metabolismo da glicose desencadeando o processo; OBS: em ambas hipóteses o Ca tem papel de destaque. Aácds. e ácidos graxos presentes no intestino estimulam a secreção de insulina. Há também efeito estimulador dos hormônios gastrintestinais gastrina, secretina, colecistoquinina e peptídio inibidor gástrico. * * * O glucagon tem efeito estimulador direto sobre a secreção de insulina, enquanto a somatostatina inibe a secreção, Quanto aos neurotransmissores do SNA, as catecolaminas diminuem a secreção enquanto a acetilcolina aumenta a saída de insulina. A secreção do glucagon é estimulada por hipoglicemia, gastrina, colecistoquinina, exercício, estresse. O glucagon é inibido por glicose, ác. graxos, secretina, insulina e somatostatina. O pico da secreção do glucagon ocorre logo no início do jejum, declinando em seguida. A ingestão proteica parece ser o único fator que causa a liberação conjunta de glucagone insulina, como forma de impedir uma hipoglicemia aguda. * * * * * * A SOMATOSTATINA E O POLIPEPTÍDIO PANCREÁTICO A Somatostatina é encontrada no cérebro, pâncreas e células do trato gastrintestinal. Suas funções são: Inibir a ação do GH e talvez do TSH, Inibir a secreção de ácido gástrico e dos hormônios gastrina, colecistoquinina e secretina, além de secreções exócrinas do próprio pâncreas, Sua secreção a partir das ilhotas de Langerhans parece ser capaz de afetar as outras células contíguas alfa e beta (por transmissão parácrina ou na gap junction), inibindo a secreção de ambas. * * * Inibe a motilidade intestinal e a absorção de glicose. Sua secreção é estimulada por glicose e aminoácidos, pelo glucagon, e pelas catecolaminas e acetilcolina. O Polipeptídio pancreático tem sua secreção limitada ao pâncreas e estimulada por ingestão de proteínas, secretina, gastrina, colecistoquinina, exercício e jejum. É inibido pela somatostatina. Atua inibindo a secreção enzimática do pâncreas e a contração da vesícula biliar, e estimula a motilidade intestinal e o esvaziamento gástrico.
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