Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
PROPRIEDADES DOS MATERIAIS DENTÁRIOS “Dentistas e engenheiros tem objetivos semelhantes em suas profissões: Desenvolver, construir e avaliar dispositivos ou estruturas que podem estar sujeitas a uma ampla gama de condições ambientas.” E. W. Skinner - 1963 Introdução A compreensão das propriedades dos materiais dentários, abrange muitas terminologias e conhecimentos que vão além da odontologia, como por exemplo: a compreensão de matemática, física e química, que fazem-se essenciais para percepção do comportamento desses materiais. Entender como um material se comporta diante de estímulos que podem ser diferentes de acordo com o ambiente ou a condição submetida, é de grande utilidade, quando pensamos nas funções e categorias específicas que os materiais se enquadram de acordo com sua empregabilidade, tanto na odontologia como em outros ofícios. Estrutura da Matéria Quando aprendemos Física e Química, entendemos os conceitos de: Molécula – Matéria – Átomos - Massa – Corpo Partículas indivisíveis chamadas Átomos que possuem cargas elétricas e se unem para gerar Moléculas. Toda essa atração entre átomos e entre moléculas resulta em materiais diferentes que podemos ver e tocar, ou seja um Corpo que ocupa lugar no espaço. Exemplo: água, que é formada por dois átomos de Hidrogênio e um átomo de Oxigênio. Estrutura da Matéria Seguindo com o exemplo da água, podemos falar em Estados da Matéria, onde essa mesma substância muda de estado conforme sua energia cinética é modificada, fazendo com que suas moléculas mudem de configuração. A água pode ser encontrada em estado Gasoso quando aquecida (alta temperatura) e enxergamos seu vapor, assim como pode ser vista em estado Sólido quando congelamos (baixa temperatura) e obtemos gelo. A grande diferença entre os sólidos-líquidos-gasosos, se dá justamente por sua forma e volume definidos. Essas mudanças de estado físico, são observadas em alguns materiais dentários, como por exemplo: gessos odontológicos. *Existem materiais Amorfos, que sua estrutura atômica não esta bem definida, como por exemplo, ceras e resinas, cujas são aparentemente sólidas porém se tratam de um líquido super-resfriado. Estrutura da Matéria Ligações Interatômicas Primárias Também chamadas de ligações químicas, determinam as propriedades físicas de um material e podem ser de três tipos diferentes: - Ligação Iônica: Em odontologia, encontramos nos gessos em sua fase cristalina. - Ligação Covalente: Acontecem em muitos compostos orgânicos, como em resinas dentárias, que no caso os átomos e moléculas se unem para formar a estrutura principal da cadeia de hidrocarbonetos. - Ligação Metálica: Ocorre geralmente em sólidos que possuem grandes agregados de átomos e estes facilmente doam elétrons da sua última camada. Estrutura da Matéria Ligações Interatômicas Secundárias: Em oposição as Ligações Primárias, as secundárias não compartilham elétrons, fazem variação de carga entre grupos atômicos da molécula, e através de forças dipolo - duas cargas separadas por uma distância, atraem moléculas grandes ou adjacentes. Pontes de Van Der Waals: surgem dessas ligações dipolo: Induzidos por um compartilhamento desigual de elétrons. Em suma, forças de atração física a curta distância que promovem a adesão entre moléculas de líquidos ou de cristais moleculares. exemplo de ligação dipolo Adesão e Coesão Quando as moléculas de um substrato se aderem ou são atraídas a moléculas de outro substrato, a força de atração é chamada de Adesão neste caso as moléculas são diferentes/dissimilares, já podemos chamar de Coesão quando as moléculas envolvidas são do mesmo tipo entre si. Adesão e Aderente O material que é usado para promover a adesão, é chamado de Adesivo, e o material ao qual ele é aplicado é o Aderente. Em amplo sentido, união adesiva é simplesmente um processo de ligação entre superfícies onde é especificado o tipo de atração molecular entre o adesivo e o aderente. Molhamento Para produzir este tipo de adesão o líquido deve escoar facilmente sobre toda superfície e aderir ao sólido. Esta propriedade é conhecida como Molhamento. A capacidade de escoamento de um líquido, para preencher as irregularidades do substrato, promovendo a união com outro substrato e contato com maior parte da superfície é a característica desta propriedade. Um exemplo do Molhamento é quando passamos ácido para tapar os túbulos dentinários em processos odontológicos. Pode ser considerado proporcional a limpeza. Ângulo de Contato A extensão pela qual um adesivo molha uma superfície de um aderente, pode ser determinada pela medida do ângulo de contato entre o adesivo e o aderente. A linha tangente e a superfície do sólido formam um ângulo que define a forma do líquido; este ângulo é o ângulo de contato. Quanto menor o ângulo de contato entre o adesivo e o aderente, melhor a capacidade do adesivo preencher as irregularidades da superfície Ângulo de Contato Dureza Um tipo de propriedade mecânica, trata de forças e seus efeitos nos corpos e pode ser definida como a resistência de um corpo à endentação ou penetração permanente em sua superfície. Utilizada na seleção e especificação dos materiais, estudos e pesquisas e comparação no desempenho de produtos odontológicos. Reologia Pode ser definida como o estudo das características de deformação e escoamento da matéria, seja ela sólida ou líquida. O sucesso ou fracasso de um material, pode ser dependente de suas propriedades tanto na forma líquida como na sólida. Em geral, materiais dentários estão incialmente em estado fluido para que possam ser inseridos e conformados, para posteriormente passarem por transformações e se tornarem sólidos no qual são mais duráveis para desempenharem suas devidas funções. Como no caso de cimentos e outros materiais de moldagem que são líquidos e depois solidificam em boca. Para acessar as reentrâncias dos dentes, é importante que o material seja leve- fluído. Existem materiais amorfos, como citado anteriormente, estes são ceras e resinas, aparentemente são sólidos, porém se tratam de líquidos super-resfriados que deformam em função da plasticidade ou escoamento sob presença de tensões pequenas e aplicadas gradualmente. Viscosidade A maior parte dos líquidos, quando colocados em movimento, resiste à forças que tentam movimentá-los, essa resistência ao escoamento fluído é controlada por forças friccionais internas ao líquido. Pode-se dizer que viscosidade é uma medida da consistência de um fluido e de sua resistência ao escoamento. Em suma, um fluído altamente viscoso escoa lentamente. Materiais dentários apresentam viscosidades diferentes dependendo do uso clínico pretendido. Nos utensílios de uso do dia a dia, percebemos as diferenças de viscosidade em fluídos como: água (H2O), mel, pasta de dentes e creme hidratante. Viscosidade Quando trabalhamos com pouca viscosidade o material requer pequena pressão para atingir alto escoamento. Quando trabalhamos com alta viscosidade o material requer alta pressão para produzir pequeno escoamento. Um fluído altamente viscoso escoa lentamente devido sua alta viscosidade. Alta Viscosidade Alta Pressão = Pequeno escoamento Baixa Viscosidade Pequena Pressão = Alto escoamento Viscosidade e Tixotropia A Tixotropia é uma propriedade de géis e outros fluidos que se tornam menos viscosos e fluem quanto submetidos a forças de cisalhamento*-(fenômeno de deformação onde um corpo está sujeito quando as forças sobre ele agem, provocando um deslocamento em planos diferentes, mantendo volume constante.) constantes, ou seja, quando são agitados, mexidos, comprimidos, batidos ou vibrados. Em suma, sua viscosidade diminui quando são agitados dessas formas. A naturezatixotrópica dos materiais é benéfica, pois dessa forma o material não escoa para fora da moldeira até que seja colocada sobre os tecidos dentários. Exemplos de Tixotrópicos: pastas profiláticas, gesso, cimentos resinosos. Tensão de cisalhamento Viscosidade e Temperatura A viscosidade da maior parte dos fluídos diminui rapidamente com o aumento da temperatura. Variações de Viscodidade de um Óleo à diferentes temperaturas Viscosidade Newtoniana A viscosidade de um fluído Newtoniano, está diretamente ligada ao atrito interno, é constante para diferentes taxas de cisalhamento e não varia com o tempo. A constante de proporcionalidade é a viscosidade. Ou seja, nos fluídos newtonianos, a tensão é diretamente proporcional à taxa de deformação. Exemplo do dia a dia: água sendo derramada, pois ela escoa proporcionalmente à velocidade que o copo foi derramado. Viscosidade Pseudoplástica A viscosidade de muitos materiais dentários diminui com o aumento da taxa de deformação até atingir um valor praticamente constante, isso quer dizer que, quanto mais rapidamente eles são misturados, forçados através de uma seringa ou apertados, menos viscosos e mais fluidos eles se tornam, isto é viscosidade pseudoplástica. Um bom exemplo dessa propriedade, é quando misturamos os ingredientes de um bolo e batemos a mistura, quanto mais rápido e forte, melhor e mais homogenia fica a massa. Viscosidade Dilatante Os líquidos que mostram comportamento oposto são chamados dilatantes e se tornam mais rígidos a medida que a taxa de deformação – taxa de deformação cisalhante- aumenta. Ou seja, quanto mais rapidamente eles são agitados, batidos ou manipulados, mais viscosos e resistentes ao escoamento eles se tornarão. O exemplo do dia a dia usado para essa propriedade é a clara batida em neve: Viscosidade Plástica Já alguns materiais são corpos rígidos, e mudam sua posição quando submetidos a algum nível de tensão de cisalhamento. Esses fluidos que exibem comportamento inicialmente rígido e em seguida mostram uma viscosidade constante são chamados de plásticos. Exemplos do dia a dia: Ketchup e Shampoo quando parados no fundo de suas embalagens e precisamos dar uma batida forte para iniciar o escoamento do produto. Conceitos Importantes! Material Elástico: aquele que recebe uma carga, pressão ou tensão, mas tem a propriedade de voltar a sua dimensão original. Exemplo: molas. Material Viscoelástico: quando a recuperação do material até a posição inicial é lenta e um grau de deformação permanente pode existir. Exemplo: sanfona A sanfona ilustra este exemplo pois ela é aberta com força/pressão e sem essa mesma força não é fechada. Tensão Tensão, dentro da física e engenharia, denomina-se o valor da distribuição de forças por unidade de área de um corpo material ou meio contínuo. Pode ser: 1- Tensão de compreesão: 2- Tensão de distensão: 3- Tensão de cisalhamento: Deformação Por definição é mudança, alteração na forma de seu aspecto original. Pode ser plástica ou elástica. A elástica é reversível, enquanto a plástica é permanente. Deformação Elástica em uma borracha Deformação Plástica na argila. Friabilidade Significa a incapacidade de um material suportar uma deformação plástica ou elástica antes de uma fratura ocorrer. Exemplos de materiais na odontologia: amálgama, cerâmicas, resinas. Exemplos do dia a dia: vidro. Módulo de Elasticidade É a razão entre a tensão e a deformação na direção da carga aplicada, sendo a máxima tensão que o material suporta sem sofrer deformação permanente. Lei de Hooke: em física ela serve para calcular a deformação causada pela força que é exercida sobre um corpo. Cor e efeitos ópticos Até então foram apresentadas as propriedades que são necessárias para permitir que um material restaure a função de tecidos naturais perdidos ou danificados, porém e não menos importante, a odontologia tem como papel restaurar a estética do paciente, onde as percepções de cor, são imensamente importantes. Luz A responsável pela detecção da cor aos nossos olhos. Isso se deve pois a luz é radiação eletromagnética perceptível pelo olho humano, ele é sensível a comprimentos de onda de aproximadamente 400nm (cor violeta) a 700nm (vermelho-escuro). A combinação entre as intensidades de comprimentos de onda presentes no feixe de luz, determina o que conhecemos por cor. Cor e efeitos ópticos Luz O fenômeno da visão pode ser ilustrado ao analisar a resposta do olho humano à luz refletida por um objeto. A luz de um objeto que incide sobre o olho é focalizada na retina e convertida em impulsos nervosos, que são transmitidos ao cérebro, as células cônicas da retina são as responsáveis pela visão das cores. Cor e Dentes Quando pensamos em estética odontológica, a interação da luz com os materiais restauradores devem mimetizar a interação da luz com os dentes naturais, a natureza do material restaurador ou aquela de qualquer objeto visualizado, determina a aparência daquele objeto. O esmalte é um material compósito formado por cristais de hidroxiapatia em uma matriz proteica. Quando a luz atinge o esmalte, parte dela é refletida, parte da refração é absorvida e parte transmitida. Cor e efeitos ópticos Cor e Dentes Cor e efeitos ópticos Atributos da Cor: Matiz (hue): A propriedade da colorimetria que permite classificar e distinguir uma cor através de termos como vermelho, azul, verde, etc. Tem correlação ao comprimento de onda visto anteriormente. Matizes na escala HSL, muito usada em programas de manipulação de imagem Cor e efeitos ópticos Atributos da Cor: Saturação Quando entendemos a Matiz, pensamos em saturação como o seu grau de pureza ou intensidade da cor ao se acrescentar cor branca ou preta. A saturação está intimamente associada a Matiz e Iluminação. Em artes também é conhecida como monocromia. Tons de vermelho dessaturados Cor e efeitos ópticos Atributos da Cor: Luminosidade A luminosidade expressa as tonalidades em claras ou escuras, porém é uma propriedade que possui ausência de qualquer matiz, ou seja, acromática: Cor e efeitos ópticos Variações da luminosidade: A cor de um objeto também é influenciada por propriedades dentro da luminosidade, sendo elas: Opacidade: Uma propriedade que incide sobre a ausência de transparência e previne a passagem de luz. Translucidez: Esta propriedade permite a passagem de luz com certa distorção, o objeto poderá ser visto atrás do material, mas não nitidamente. Transparência: Permite a passagem da luz com pouca ou nenhuma distorção, o objeto visto através do material poderá ser visto com precisão. Propriedades Térmicas Quando os materiais restauradores são colocados em cavidades profundas, o calor transmitido para a polpa dentinária vital deve ser limitado, de modo a evitar choque e traumas térmicos. Atributos que são determinados pelas propriedades de condutividade e difusividade térmica. Condutividade Térmica Propriedade física que governa a transferência de calor através de material por fluxo condutivo, ou seja, quantifica a habilidade desses materiais de conduzir energia térmica. Quanto maior sua condutividade térmica, maior a habilidade de uma substância em transmitir energia térmica, e vice-versa. Materiais que apresentam alta condutividade térmica são chamados de condutores e assim como materiais que apresentam baixa condutividade térmica são chamados isolantes. Propriedades Térmicas Condutividade Térmica Essa propriedade é medida através de um coeficiente de condutibilidade térmica contado em calorias por segundo. Exemplos usados em odontologia: Boca, instáveis estados de transferências de calor devido a ingestão de alimentos quentes ou frios. Dentina e Esmalte são considerados isolantestérmicos. Difusividade Térmica É a medida da velocidade com a qual uma mudança de temperatura se propaga através de um objeto quando uma das suas superfícies é aquecida. Um material uma alta densidade e alto calor específico provavelmente apresentará uma baixa difusividade térmica. Coeficiente de Expansão Linear Quando materiais sofrem aumento de temperatura, o movimento vibracional de átomos e a distância média (da união) interatômica aumenta, causando um aumento de volume, uma expansão. Esse fenômeno é descrito pelo coeficiente de expansão linear, geralmente se dá por aumento de 1º. Na odontologia, o exemplo pode ser uma restauração dentária que se expande ou contrai mais que o dente, durante as alterações de temperatura, podendo causar uma infiltração ou se desadaptar do dente. Bibliografia ANUSAVICE, Kenneth J.; SHEN Chiayi; RAWLS Ralph H. Phillips Materiais Dentários 12ª edição, Saunders Elserver 2013 VAN NOORT, Richard. Introdução aos materiais dentários. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. x, 292 p. ISBN 978858535235470. www.estudonto.blogspot.com.br www.odontoamor.blogspot.com.br www.passeidireto.com www.google.com.br www.wikipedia.com.br OBRIGADA! Jéssica Worm
Compartilhar