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10 BILBAO, G. G. L. O Psicodiagnostico Interventivo sob o Enfoque da narrativa. In ANCONA LOPEZ, S (Org). Psicodiagnóstico Interventivo

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Prévia do material em texto

Capítulo	III
O	psicodiagnóstico	interventivo	sob	o
enfoque	da	narrativa
Giuliana	Gnatos	Lima	Bilbao
Neste	artigo,	tratarei	o	psicodiagnóstico	a	partir	do	enfoque	do	discurso,	mais
especificamente	 da	 narrativa.	 Segundo	 o	 dicionário	 (Ferreira,	 1986),	 a	 palavra
discurso	 está	 associada	 a	 expor	 com	 método,	 raciocinar,	 discorrer,	 dar	 largas
explicações,	 discutir.	 O	 discurso	 seria,	 pois,	 o	 resultado	 de	 um	 processo	 de
raciocínio,	 explicação,	 exposição.	Essa	definição	 sugere	que	o	discurso	é	 algo	que
revela	 um	 conteúdo	 por	 meio	 desse	 processo.	 Essa	 é	 a	 maneira	 mais	 usual	 de
compreender	o	discurso	e	é	a	que	prevalece	no	senso	comum.
O	 psicodiagnóstico,	 tomado	 como	 um	 processo	 de	 intervenção	 (Ancona-
Lopez,	1995),	evidencia	que	o	discurso	não	é	a	mera	explanação	de	algo	já	pronto
ou	o	resultado	de	um	simples	raciocínio	sobre	o	que	já	está	devidamente	delimitado,
esperando	o	momento	de	exposição	através	da	fala.
Ao	 contrário,	 as	 palavras	 vão	 se	 juntando	 em	 histórias,	 que	 ora	 trazem
momentos	 do	 passado	 e	 do	 futuro,	 ora	 levantam	 percepções	 e	 sentimentos	 que
assumem	 formas	 não	 previstas	 pela	 própria	 pessoa,	 como	 no	 giro	 de	 um
caleidoscópio.	 A	 construção	 e	 a	 descoberta	 do	 inesperado	 surgem	 no	 discurso.
Criam-se	 significados,	 alguns	 nebulosos,	 outros	 sequer	 cogitados,	 outros	 ainda
surpreendentes	ou	difíceis	de	admitir.	Eles	provêm	da	movimentação	desencadeada
no	processo	do	discurso.	Em	suma,	no	discurso,	a	palavra	revela	o	seu	poder.
Benjamin	 (1936)	 trata	 de	 uma	 das	 formas	 possíveis	 de	 discurso:	 a	 narrativa.
Segundo	 ele,	 as	 narrativas	 são	 formas	 de	 comunicação	 florescentes	 no	 mundo
artesão	de	outrora	e	que	corriam	as	cidades,	os	campos	e	os	mares.	Nas	narrativas
não	se	pretendia	transmitir	a	coisa	narrada	como	mera	informação;	o	que	importava
era	o	próprio	relato	das	circunstâncias,	da	experiência	vivida.	O	narrar	se	dava	em
um	trabalho	artesanal.	Essas	narrativas	foram	substituídas,	gradualmente	ao	 longo
da	 história,	 por	 outro	 tipo	 de	 comunicação:	 a	 informação.	 Enquanto	 a	 narrativa
traz,	 de	 maneira	 viva,	 o	 acontecimento	 vivido,	 a	 informação	 é	 destituída	 da
experiência	vivida.	A	informação	precisa	ser	suficiente	em	si	e	para	si	e	precisa	ser
plausível	e	passível	de	verificação.	Já	a	narrativa	é	aberta,	dá	liberdade	ao	leitor	para
interpretar	 a	história	 contada	 e	não	 tem	compromisso	 com	a	 verdade	 tomada	no
sentido	factual,	objetivo.	Por	esse	caráter	livre	e	aberto,	a	narrativa	não	se	submete	à
organização	da	vida	na	sociedade	moderna	e	cai	em	desuso.
Na	visão	de	Benjamin	(1936),	a	pobreza	na	comunicação	que	se	evidencia	na
sociedade	da	 informação	 aproxima-se	do	 empobrecimento	da	própria	 experiência
humana	 e,	 talvez,	 essa	 última	 seja	 efeito	 da	 primeira.	 Benjamin	 (1936)	 denuncia,
assim,	um	modo	de	 ser	 carente	de	histórias	 surpreendentes,	 ainda	que	 repleto	de
notícias	de	todo	o	mundo.
A	 situação	 específica	 do	 psicodiagnóstico	 interventivo,	 vista	 à	 luz	 das
colocações	de	Benjamin,	mostra	que,	ao	falar	de	seus	filhos	e	de	suas	vidas,	os	pais
não	estão	apenas	dando	informações	sobre	o	desenvolvimento,	a	dinâmica	familiar,
a	escola	etc.	Eles	estão,	antes	de	tudo,	narrando	uma	história	cheia	de	experiências:
“o	 narrador	 retira	 da	 experiência	 o	 que	 ele	 conta:	 sua	 própria	 experiência	 ou	 a
relatada	 pelos	 outros.	 E	 incorpora	 as	 coisas	 narradas	 à	 experiência	 dos	 seus
ouvintes”	(Benjamin,	1936,	p.	201).	Ao	narrarem,	os	pais	mostram	mais	do	que	os
fatos	 acontecidos,	mas	 as	 suas	maneiras	 de	 significar	 esses	 fatos,	 seu	 olhar	 sobre
eles,	 a	maneira	 como	 se	 sentem	 impactados.	 Se	 o	 ouvinte	 estiver	 suficientemente
disponível	à	escuta,	sentirá	que	a	narrativa	toca	a	sua	própria	experiência.
Por	 analogia,	 o	 processo	 se	 dá	 como	o	 do	 artesão	 que	modela	 sua	 escultura
com	determinada	porção	de	argila:	os	pais,	ao	narrarem	suas	histórias,	dando-lhes
forma,	 impactam	nossas	experiências,	e	esse	 impacto	nos	ajuda	a	compreendê-los.
Certamente	o	que	dizemos	aos	pais	também	os	afeta,	continuando	a	modelagem	do
bloco	de	argila,	em	um	processo	de	vai-e-vem.
No	mesmo	ano	em	que	Benjamin	escreve	O	narrador,	Husserl	escreve	A	crise	da
humanidade	europeia	e	a	filosofia.	Ainda	que	os	textos	sejam	diferentes	em	seu	conteúdo
específico,	 ambos	 se	 aproximam	 em	 um	 ponto:	 são	 um	 convite	 ao	 resgate	 da
experiência	humana.	Enquanto	Husserl	(1936)	salienta	a	necessidade	de	a	filosofia	e
a	 ciência	 voltarem	 à	 experiência,	 às	 coisas	 mesmas,	 Benjamin	 (1936)	 ressalta	 a
importância	da	narração	como	uma	maneira	de	significar	a	experiência	humana.
Husserl	(1936)	postula	a	inexistência	de	um	conhecimento	puramente	subjetivo
ou	 puramente	 objetivo	 e	 nega	 a	 dicotomia	 sujeito	 -objeto.	 Ele	 afirma	 que	 a
consciência	é	intencional,	puro	movimento	que	se	contitui	a	si	mesmo,	constituindo
objetos	 intencionais.	 A	 consciência	 é,	 pois,	 sempre	 consciência	 de	 algo	 que	 é
sempre	 algo	 para	 uma	 consciência,	 indissociavelmente.	 Nessa	 unicidade
consciência-objeto,	 somos	 sujeitos	 em	 contínuo	 processo	 de	 criação	 de	 objetos,
fatos,	relações,	significados	e,	ao	constituí-los,	constituímos	a	nós	mesmos.
Esses	 pressupostos	 refletem-se	 no	 modo	 de	 se	 aproximar	 das	 histórias
contadas	 pelos	 pais	 no	 processo	 de	 psicodiagnóstico	 interventivo:	 o	 primeiro
remete	 à	 noção	 de	 que	 aquilo	 que	 é	 contado	 não	 deve	 ser	 entendido	 como	uma
verdade	 no	 sentido	 objetivo,	 pois	 se	 dá	 em	 uma	 consciência	 atribuidora	 de
significados;	mas	aquilo	que	é	contado,	o	que	é	vivido	pelos	pais,	é	a	sua	verdade.
Uma	segunda	aproximação	diz	 respeito	ao	movimento:	 se,	no	campo	 intencional,
criamos	o	mundo	e	a	nós	mesmos	e	criamos	significados,	esses	são	mutáveis,	pois	o
processo	 intencional	 é	 contínuo	 movimento.	 Assim,	 a	 história	 contada	 é	 uma
narrativa,	 ela	 é	 aberta	 aos	novos	 significados	que	 surgem	no	próprio	processo	de
narrar	 e	 origina-se	na	 experiência	 vivida.	Ela	 é	 a	modelagem	contínua	da	 argila	 e
não	o	retrato	de	uma	escultura	acabada.
Os	 pais,	 ao	 contarem	 as	 histórias	 de	 suas	 vidas	 e	 da	 vida	 de	 seus	 filhos,
mergulham	em	sua	própria	experiência,	e	nós,	psicólogos,	procuramos	acompanhá-
los	 nesse	 mergulho.	 Nesse	 processo,	 alguns	 conteúdos	 aparecem,	 outros
desaparecem,	 significados	 surgem	 e	 ressurgem,	 transformam-se,	 produzem	 novas
formas	 de	 compreensão.	 O	 psicodiagnóstico	 interventivo	 não	 é,	 pois,	 um	 mero
processo	 de	 investigação,	 mas	 é	 uma	 aventura	 dinâmica	 de	 construção	 artesanal,
realizada	a	várias	mãos:	do	psicólogo,	das	crianças,	dos	pais	e	das	demais	pessoas
envolvidas	no	processo.	Ao	narrar	a	história,	os	pais	mergulham	e	encontram	fatos
antigos,	 projetam	 expectativas,	 outras	 histórias…	 podem	 pegá-los	 nas	 mãos
debruçar-se	 sobre	 eles,	 pensar,	 repensar,	 re-significar.	 No	 bojo	 dessa	 maneira	 de
conduzir	o	psicodiagnóstico	 interventivo	existe	 a	 concepção	de	que	 todo	homem
está	em	movimento,	é	capaz	de	re-viver	suas	experiências	ao	relatá-las	e	é	capaz	de
modificá-las	atribuindo-lhes	novos	significados	e	acres-centando	outros.	O	homem
não	 é	 um	 objeto	 a	 ser	 esmiuçado	 com	 lentes	 investigativas,	 mas	 é	 alguém	 que
participa	 conosco	 de	 um	 processo	 dinâmico	 de	 descoberta	 e	 construção.	 Como
dizem	Granato	e	Aiello-Vaisberg	(2004):
frequentemente	nos	deparamos	com	trabalhos	de	investigação	que	exibem	ora
uma	 tendência	 à	 teorização	 excessiva,	 hermética	 e	 estéril,	 ora	 a	 catalogação
obsessiva	 de	 “dados”,	 na	 esperança	 de	 desvendamento	 do	 enigma	 do
sofrimento	humano.	Da	primeira	situação	chegamos	ao	homem-abstrato	e	da
segunda,	 ao	 homem-máquina,	 porém	 essas	 aproximações	 parecem	 nos
distanciar	 ainda	 mais	 do	 homemem	 seu	 acontecer,	 aquele	 que	 na	 pesquisa
clínica	se	nos	apresenta	diante	dos	olhos,	em	toda	a	sua	humanidade,	mas	que,
desolado,	encontra	apenas	a	recusa	de	nosso	olhar.	(p.	267)
Uma	tia,[1]	certa	vez,	veio	procurar	atendimento	psicológico,	pois	sua	sobrinha
estava	 com	 problemas	 na	 escola.	 Em	 seu	 discurso,	 não	 ficava	 muito	 claro	 que
problemas	eram	esses.	A	tia	sempre	alegava	que	tinha	medo	de	que	a	garota	tivesse
problemas,	pois	sua	mãe	tinha	uma	namorada	do	mesmo	sexo,	tinha	saído	de	casa	e
deixado	 a	 garota	 com	 ela,	 a	 tia.	 Por	 volta	 da	 quarta	 sessão,	 ela	 parou	 de	 falar	 da
sobrinha	e	começou	a	narrar	a	sua	história	e	a	de	sua	irmã.	Desde	a	adolescência,	a
relação	 entre	 elas	 foi	 muito	 conflituosa,	 com	 dificuldades	 de	 comunicação	 e
discussões.	Disse	que	a	amava,	mas	não	podia	entender	“como	ela	podia	gostar	de
outra	 mulher”,	 ou	 melhor,	 ela	 entendia,	 mas	 não	 podia	 aceitar.	 Nesse	 ponto	 do
diálogo,	 a	 tia	 caiu	 em	 prantos,	 e	 o	 discurso	 que	 estava	 nebuloso	 e	 focado	 na
sobrinha,	 ganhou	 uma	 nova	 consistência,	 uma	 vivacidade	 diferente.	 Ela	 havia
conseguido	arriscar	e	mergulhar	em	sua	própria	experiência.	No	final,	concluiu	que
era	 ela	 quem	 precisava	 de	 ajuda,	 o	 sofrimento	 era	 dela.	O	 problema	 emergiu	 de
determinada	forma	—	minha	sobrinha	está	sofrendo	—,	mas	ele	ganhou	um	novo
sentido	 no	 decorrer	 do	 processo	 —	 eu	 estou	 sofrendo.	 O	 espaço	 do
psicodiagnóstico	interventivo	é	esse	espaço	que	possibilita	mudanças;	na	medida	em
que	 algo	 pode	 ser	 experienciado	 e	 falado,	 uma	 transformação	 ocorre;	 uma
transformação	não	meramente	cognitiva,	intelectual,	mas	existencial.	Modifica-se	o
posicionamento,	a	forma	de	ser	da	pessoa.
A	tia	não	estava	“escondendo”	a	situação,	mas,	ela	própria	não	sabia	aonde	o
mergulho	 iria	 levá-la.	Ao	 estar	 ali,	 narrando,	 sentindo	 e	 refletindo,	 pensamento	 e
fala	se	uniram	e	criaram	novas	configurações,	entrelaçando-se,	interpenetrando-se	e
transformando	 os	 interlocutores.	Merleau-Ponty	 (1945)	 coloca:	 “Assim	 a	 fala	 não
traduz,	naquele	que	fala,	um	pensamento	já	feito,	mas	o	consuma”	(p.	242).	Falar	e
pensar	são	indissociáveis	na	existência	do	sujeito.	Esse	autor	ainda	nos	diz:
Se	a	fala	pressupusesse	o	pensamento,	se	falar	fosse	em	primeiro	lugar	unir-se
ao	objeto	por	uma	intenção	de	conhecimento	ou	por	uma	representação,	não
se	compreenderia	por	que	o	pensamento	tende	para	a	expressão	como	para	seu
acabamento,	 por	 que	 o	 objeto	 mais	 familiar	 parece-nos	 indeterminado
enquanto	não	encontramos	seu	nome,	por	que	o	próprio	sujeito	pensante	está
em	 um	 tipo	 de	 ignorância	 de	 seus	 pensamentos	 enquanto	 não	 os	 formulou
para	 si	 ou	 mesmo	 disse	 e	 escreveu,	 como	 o	 mostra	 o	 exemplo	 de	 tantos
escritores	que	começam	um	livro	sem	saber	exatamente	o	que	nele	colocarão.
Um	pensamento	que	se	contentasse	em	existir	para	si,	fora	dos	incômodos	da
fala	 e	 da	 comunicação,	 logo	 que	 aparecesse	 cairia	 na	 inconsciência,	 o	 que
significa	 dizer	 que	 ele	 nem	mesmo	 existiria	 para	 si.	 (Merleau-Ponty,	 1945,	 p.
241)
É	através	da	fala	que	o	pensamento	se	cumpre	e	as	significações	se	dão,	pois
falar	é	encontrar	a	experiência	no	momento,	como	surge	perante	o	outro	e	perante
o	próprio	ser	falante.	A	fala	é	o	próprio	manifestar	e	desdobrar	do	ser.	A	narrativa
dos	pais	é,	pois,	um	movimento	existencial.	Assim,
Não	 poderemos	 mais	 admitir,	 como	 comumente	 se	 faz,	 que	 a	 fala	 seja	 um
simples	meio	de	fixação,	ou	ainda	o	 invólucro	e	a	vestimenta	do	pensamento
(…)	É	preciso	que,	de	uma	maneira	ou	de	outra,	a	palavra	e	a	fala	deixem	de
ser	 uma	maneira	 de	 designar	 o	 objeto	 ou	 o	 pensamento	 para	 se	 tornarem	 a
presença	desse	pensamento	no	mundo	sensível	e	não	sua	vestimenta,	mas	seu
emblema	ou	seu	corpo	(p.	247).
É	 inegável	que	 as	palavras	 estão	disponíveis	no	mundo	 segundo	o	 legado	de
determinada	cultura,	e	cada	pessoa	faz	uso	delas	para	se	fazer	entender	pelo	outro.
Este	 é	 o	 caráter	 não	 original	 da	 palavra.	 Usar	 palavras	 pode	 ser	 um	 ato	 quase
automático,	em	que	o	ser	falante	procura,	dentre	as	palavras	existentes,	aquela	que
melhor	 se	 ajusta	 àquilo	 que	 ele	 quer	 dizer.	 Mesmo	 assim,	 cada	 ser	 faz	 uso	 das
palavras	 de	 maneira	 própria	 e	 segundo	 sua	 própria	 história,	 segundo	 seu	 estilo
pessoal	e,	ainda	que	se	sirva	de	um	material	consensual,	oferecido	pela	cultura	—	as
palavras	existentes	—,	toda	fala	tem	um	caráter	inaugural,	pois	novos	sentidos	são
acrescentados	 às	 palavras	 existentes	 pelo	 próprio	 viver	 dos	 homens	 e	 pelo	modo
como	as	usa.	Mesmo	tendo	um	significado	compartilhado	em	determinada	cultura,
as	palavras	mudam	de	significado	ao	longo	do	tempo.
Colocar-se	 à	disposição	de	um	outro	que	vem	buscar	 ajuda	 é	 estar	diante	da
tarefa	de	compreender	as	significações	que	a	narrativa	tece,	procurar	um	encontro
com	o	outro	através	da	fala,	dos	sentidos	ali	impregnados.	Que	sentidos	tem	a	fala
de	 uma	 mãe	 quando	 diz:	 “meu	 filho	 é	 nervoso”	 ou	 “meu	 filho	 é	 bagunceiro”?
Quais	os	sentidos	da	fala	de	uma	garotinha	que	diz:	“minha	mãe	morreu”,	quando	a
mãe	está	bem	viva	na	sala	de	espera?	Quais	os	sentidos	de	uma	criança	que	diz:	“eu
comi	só	um	pouquinho”,	quando	sua	mãe	conta	que	ela	comeu	o	pote	 inteiro	de
doce?	As	narrativas	nos	ajudam	a	construir	artesanalmente	os	diferentes	sentidos.
Para	 Amatuzzi	 (2001),	 “descobrir	 o	 sentimento	 e	 despertar	 a	 experiência
primordial	 são	 também	 formas	 de	 romper	 o	 silêncio”	 (p.	 26).	 Ao	 pronunciarem
suas	experiências,	os	pais	também	as	escutam	e	podem	vê-las	e	senti-las	melhor,	e
os	significados	articulados	começam	a	se	transformar.
Certa	 vez,	 uma	mãe	 chegou	 aflita	 dizendo	 que	 suas	 filhas	 “não	 eram	 o	 que
deviam	 ser”[2]	 e,	 para	 que	 elas	 fossem,	 a	 mãe	 tomava	 medidas	 de	 grande
autoritarismo.	 Ela	 estava	 certa	 de	 que,	 se	 fizesse	 com	 que	 entendessem	 a
importância	 dos	 estudos	 e	 das	 regras,	 teria	 filhas	 ótimas,	 preparadas	 para	 a	 vida.
Percebíamos	certa	sisudez	em	seu	modo	de	falar	e,	quando	 levada	a	refletir	 sobre
suas	atitudes,	era	evasiva	e	exigente.	Dizia:	“mas	elas	têm	que	aprender,	eu	quero	as
melhores	 filhas	 do	 mundo,	 toda	 mãe	 quer	 que	 os	 filhos	 sejam	 perfeitos”.	 Ela
acreditava	que	suas	filhas	não	a	obedeciam	porque	ainda	não	haviam	compreendido
“como	 devia	 ser”,	 “eram	 folgadas”,	 e	 ela	 ficava,	 obstinadamente,	 ao	 lado	 delas,
explicando	regras,	a	necessi-dade	de	fazer	lições	de	casa	para	ser	“alguém	na	vida”.
As	filhas,	por	sua	vez,	durante	o	psicodiagnóstico	interventivo,	demostravam	muito
medo	de	represálias	e	mostravam-se	travadas	em	sua	liberdade	de	experimentar	as
coisas.	 Nada	 podia	 “dar	 errado”,	 essa	 era	 a	 mensagem	 que	 traziam	 de	 casa.	 A
exigência	 de	 perfeição	 e	 a	 constante	 vigilância	 da	 mãe	 tornava	 difícil	 conseguir
alguma	liberdade	para	brincar,	para	falar,	e,	menos	ainda,	liberdade	para	errar.
Ao	 longo	 do	 processo,	 a	mãe	 pôde	 refletir	 sobre	 suas	 atitudes	 e	 começou	 a
suspeitar	quais	 eram,	 talvez,	 as	 razões	dos	comportamentos	 irritáveis	 e	 temerosos
de	suas	filhas.	E,	então,	ela	começou	a	mudar	suas	atitudes	rigorosas,	temperando-
as	com	uma	pitada	de	flexibilidade	aqui	e	acolá,	e	verificou	que	as	garotas	também
mudavam.	 Surpreendeu-se	 com	 as	 novidades	 que	 as	 filhas	 traziam	 quando
modificou	sua	postura	e	contava:	“eu	resolvi	perguntar	calmamente	por	que	ela	não
tinha	 feito	 a	 lição	 antes	 de	 dar	 o	 castigo	 e	 ela	 disse	 que	 não	 tinha	 feito	 a	 lição
porque	 tinha	medo	de	errar!	Acho	que	eu	estou	pegando	muito	no	pé	delas,	vou
tentar	ser	mais	tolerante”.
Surpreendentemente,	na	última	sessão	do	psicodiagnóstico	interventivo,	a	mãe
sintetizou:	“Eu	vim	até	aqui	pensando	que	minhas	filhas	é	que	tinham	problemas,
hoje	eu	vejo	que	minhas	atitudes	não	ajudavam	e	que	quem	tinhaproblemas	era	eu,
eu	 tive	 muitos	 problemas	 com	 estudo…	 não	 queria	 pra	 elas	 o	 que	 aconteceu
comigo	 e	 por	 isso	 não	 conseguia	 separar	 as	 coisas	 e	 ficava	 tão	 aflita,	 vocês	 me
ajudaram	a	ver	isso”.	Ela	disse	isso	como	uma	confissão	e	contente	com	o	fato	de
poder	 dizer	 para	 si	 mesma	 que	 também	 tinha	 dificuldades.	 Foi	 possível
compreender	esse	estado	de	coisas	no	decorrer	dos	encontros	e	a	mãe	pôde	assumir
suas	 imperfeições	 e	 entender	 melhor	 as	 de	 suas	 filhas.	 O	 processo	 de
psicodiagnóstico	 interventivo	 ajudou-a	 a	 construir	 novos	 significados	 para	 o	 que
acontecia,	e	foi	necessário	percorrer	um	caminho	para	que	isso	ocorresse.
O	 processo	 do	 psicodiagnóstico	 interventivo,	 portanto,	 não	 consistiu	 em
“mostrar	à	mãe	o	que	ela	tinha	que	saber”	sobre	ela	mesma	e	as	filhas,	na	atitude
profissional	de	quem	sabe	mais	e	diz	o	que	é	correto	ao	outro.	Ser	psicólogo	não	é
saber	mais	sobre	o	outro	do	que	ele	mesmo	sabe.	Nós,	psicólogos,	devemos	saber
esperar	 que	 o	 processo	 se	 desenvolva	 e	 não	 explicar	 as	 situações	 a	 partir	 de
referências	teóricas	externas	e	classificar	os	clientes	em	categorias	pré-estabelecidas.
O	psicodiagnóstico	 interventivo	é	um	processo	artesanal	que	parte	da	experiência
vivida	 pelas	 pessoas,	 narrada	 e	 compartilhada	 nas	 várias	 histórias.	 A	 experiência
vivida	ganha	espaço	através	dessas	narrativas,	e	elas,	por	sua	vez,	 transformam	os
significados	da	experiência	vivida.
É	comum	receber	pais	ou	outros	 responsáveis	 com	dificuldades	para	colocar
limites	ao	educar	crianças.	Recentemente,	um	avô	e	uma	avó	obesos,	responsáveis
legalmente	por	seu	neto,	levaram-no	ao	Serviço	de	Psicologia	porque	ele	não	parava
de	 comer.	 A	 avó	 do	menino	 apresentou-se	 de	 forma	 distante	 e	 não	 se	mostrava
empática	 ao	 lidar	 com	 as	 aflições	 da	 criança.	 Perdia	 a	 paciência	 e	 se	 isolava,
deixando	 o	 menino	 fazer	 o	 que	 bem	 entendesse.	 O	 garoto,	 bastante	 carente	 de
afeto,	 apegava-se	 ao	 avô,	 homem	 mais	 afetuoso	 que	 a	 avó,	 cujos	 programas
divertidos	com	o	neto,	porém,	envolviam	sempre	comida.
O	 menino,	 aos	 oito	 anos,	 estava	 acima	 do	 peso,	 e	 o	 ortopedista	 já	 havia
sugerido	uma	 cirurgia	 em	 seus	 calcanhares.	Era	muito	doce	 e	 esperto	 e	mostrava
sempre,	na	hora	 lúdica,	como	necessitava	de	atenção.	Os	avós	sempre	diziam	que
era	 preciso:	 “dizer	 para	 ele	 que	 ele	 não	 pode	 comer	 assim…	 quando	 foi	 na
nutricionista,	 a	nutricionista	conversou	com	ele	e	ele	entendeu”.	Eles	 imaginavam
que	tínhamos	o	poder	de	mudar	as	coisas	por	meio	do	simples	processo	de	explicar
ao	neto	o	que	“deveria	ser	feito”.	Os	avós,	por	sua	vez,	não	davam	limites	para	o
neto,	 o	 sobrecarregavam	 com	 todas	 as	 angústias	 do	 mundo	 adulto	 e	 achavam
bonito	 que	 ele	 entendesse	 tanto	 de	 tantas	 coisas.	 Diziam	 com	 frequência	 que	 o
menino	era	muito	adulto.	Ser	adulto,	para	eles,	significava	decidir	sobre	suas	roupas
e	 horários,	 dormir	 quando	 queria,	 escolher	 o	 que	 a	 avó	 faria	 de	 almoço,	 não	 ser
contrariado	 em	 suas	 opiniões.	O	 que	 aparecia	 como	 tirania	 para	 nós,	 psicólogos,
significava,	para	os	avós,	ser	“muito	adulto”.
Os	 avós	 não	 viam	 que	 o	 menino	 se	 deparava	 com	 problemas	 fora	 do	 seu
alcance,	 angustiando-se	 e	 comendo	 em	 demasia.	 No	 início	 do	 processo	 do
psicodiagnóstico	 interventivo,	eles	não	se	viam	implicados	no	problema	de	comer
do	neto,	embora	ambos	tivessem	dificuldades	com	a	alimentação	e	fossem	bastante
ansiosos.	Em	sua	fala,	a	responsabilidade	da	mudança	recaía	sobre	nós:	“vocês	têm	que
falar	com	ele”.	Quando	o	menino	se	punha	a	comer,	nada	era	dito,	e	nenhuma	atitude
era	tomada	para	impor	regras	e	 limites.	Nos	momentos	finais	do	psicodiagnóstico
interventivo,	a	narrativa	era	outra:	“percebi	que	nós	também	não	temos	regras	e	não
gostamos	de	 segui	 -las,	 como	vamos	 então	 fazer	 com	que	 ele	 siga	 e	 entenda	que
existem	 regras?”.	 Algo	 já	 estava	 em	movimento,	 novas	 percepções	 e	 significados
surgiam.
Esse	 exemplo	 mostra	 que	 os	 significados	 das	 palavras	 não	 podem	 ser
pressupostos,	mas	é	necessário	um	esforço	de	compreensão	para	não	correr	o	risco
de	achar	que	sabemos	o	que	ainda	não	sabemos.
As	palavras,	em	sua	acepção	mais	corriqueira	e	ordinária,	veiculam	significados
comuns,	 mas	 os	 seus	 sentidos	 singulares,	 na	 maioria	 das	 vezes,	 encontram-se
ocultos.	 As	 palavras	 são	 polissêmicas,	 elas	 carregam	 significados	 culturais
compartilhados	 e,	 simultaneamente,	 inauguram	 significados	 originais	 próprios	 de
cada	falante.
As	devolutivas	para	as	crianças	em	forma	de	narrativas
O	 procedimento	 de	 elaborar	 pequenas	 histórias	 para	 o	 encontro	 no	 qual
devolvemos	 às	 crianças	 o	 que	 fomos	 compreendendo	 é	 prática	 proposta	 para	 o
psicodiagnóstico	interventivo.	Criamos	personagens,	 imagens,	recortes	ou	imagens
digitais	e	montamos	uma	história	que	reflete	a	compreensão	que	tivemos	da	criança
durante	nossos	encontros	e	que	possa	ser	compartilhada	com	ela.
Esse	 modo	 de	 devolver	 o	 que	 percebemos	 e	 encontramos	 é,	 também,	 uma
narrativa:	 contamos	 uma	 história,	 não	 afirmamos	 que	 a	 criança	 é	 este	 ou	 aquele
personagem,	é	desta	ou	daquela	maneira,	comporta-se	dessa	ou	daquela	forma	por
isso	ou	por	aquilo.	Ao	ouvir	nossa	história,	a	criança	é	 livre	para	aceitar	ou	não	o
enredo,	mudá-lo	 ou	 não,	 atribuir	 a	 ele	 os	 seus	 próprios	 significados,	 apropriar-se
dele	ou	não.	A	narrativa	é	aberta.	A	linguagem	utilizada	é	a	da	narrativa	e	não	a	da
informação.	Não	estamos	ali	para	 informar	“o	que	a	criança	 tem”,	“como	ela	é”,
mas	para	mostrar	a	compreensão	que	pudemos	desenvolver	em	nossos	encontros,
as	 impressões	que	causou	com	sua	presença,	com	suas	histórias,	com	seus	gestos,
por	meio	de	outra	história.	Mergulhamos	no	processo	e	criamos	a	história	a	partir
das	 experiências	 no	 contato	 com	 os	 pais	 e	 a	 criança.	 Evitamos,	 assim,	 dar
explicações,	estabelecer	causas	e	efeitos	forjados	 teoricamente,	mas	sim	mostrar	o
que	se	compreendeu	por	meio	da	história.	A	história	é	narrativa	e,	portanto,	aberta
ao	 outro	 que	 encontrará	 nela	 significados	 próprios,	 certamente	 diferentes	 dos
nossos	 em	muitos	 aspectos.	Uma	 criança,	 certa	 vez,	 disse:	 “essa	 história	 não	me
lembra	ninguém”.	Estaria	ela	negando	a	identificação	com	o	personagem?	Pode	ser,
mas	temos	que	permitir-lhe	essa	liberdade.	E	é	possível,	então,	modificar	com	ela	a
história	 ou	 criar	 outra.A	 partir	 do	 que	 pudemos	 compreender	 no	 processo	 do
psicodiagnóstico	interventivo,	construímos	livrinhos	artesanais	com	nossas	histórias
e,	na	maior	parte	das	vezes,	 as	 crianças	 identificam-se	com	elas:	 “O	golfinho	 sou
eu!”,	“A	mamãe	e	o	papai	tigre	parecem	o	papai	e	a	mamãe”,	“A	formiguinha	come
muito	como	eu!”	etc.
Ouvir	a	história,	concordar	com	ela,	discordar	ou	mudá-la,	possibilita	um	jogo
simbólico	 entre	 os	 psicólogos	 e	 a	 criança,	 aproximando-a	 de	 si	mesma	 de	 forma
lúdica	 e	 estimulante.	 A	 meu	 ver,	 as	 narrativas,	 durante	 todo	 o	 processo	 de
psicodiagnóstico	 interventivo,	 culminando	 com	 as	 histórias	 narradas	 para	 as
crianças,	possibilitam	um	resgate	da	própria	experiência	vivida,	retomam	o	passado
e	o	futuro	no	tempo	presente.	O	ali	e	agora	do	psicodiagnóstico	interventivo	recria
outras	 possibilidades	 de	 ser.	 Mais	 do	 que	 um	 mero	 processo	 investigativo,	 o
psicodiagnóstico	interventivo	quebra	o	silêncio	e	põe	em	movimento	a	pessoa	que
busca	o	psicólogo.	Ao	narrar	sua	vida,	a	pessoa	 tem	a	possibilidade	de	colocar-se
como	sujeito	de	seu	próprio	caminho.
Referências	bibliográficas
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Fontes,	1994.
1.	Informações	sobre	os	casos	foram	alteradas	ou	omitidas	a	fim	de	preservar	a	identidade	dos	clientes.
2.	Ressalto	que	as	frases	entre	aspas	no	texto	são	meramente	ilustrativas	do	sentido	essencial	da	fala,	não
são	frases	literais	dos	clientes.
	III. O psicodiagnóstico interventivo sob o enfoque da narrativa

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