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DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO
aRTIGOS 138 AO 165 DO CÓDIGO CIVIL
A Declaração da vontade, finalidade negocial e idoneidade do objeto são elementos necessários para a validade do negócio jurídico. Entretanto, caso falte algum dos elementos ou possua falhas em sua formulação o negócio jurídico será considerado defeituoso e possível de ação anulatória ou declaração de nulidade pela parte prejudicada ou interessada.
Os Defeitos do Negocio Jurídico encontram-se disciplinados nos artigos 138 ao 165 do Código Civil. Tais defeitos podem atingir a vontade ou geram uma repercussão social, são classificados como:
 1. Vícios da Vontade ou do Consentimento: são aqueles em que a vontade não é expressa de maneira absolutamente livre, são eles: Erro, Dolo, Coação, Estado de perigo e Lesão. São atos anuláveis.
2. Vícios Sociais: são aqueles em que a vontade manifestada não tem, na realidade, a intenção pura e de boa-fé que enuncia, sendo eles: Fraude contra Credores.
Efeito da Fraude contra credores: ato anulável
1. Vícios da Vontade ou do Consentimento
1.1. Erro – artigos 138 a 144
O Erro encontra-se fundamentado nos artigos 138 a 144 do Código Civil.
“O erro é um engano fático, uma falsa noção da realidade, ou seja, em relação a uma pessoa, negócio, objeto ou direito, que acomete a vontade de uma das partes que celebrou o negócio jurídico”. (Autor TARTUCE).
A caracterização do erro é a espontaneidade e não a indução, ou seja, o sujeito acha que é uma coisa, que na verdade é outra. Isso decorre de uma interpretação incorreta sobre o fato. A parte achando-se prejudicada pode entrar com uma ação de anulação do ato.
Nem todo erro configura a anulabilidade do negócio jurídico. O artigo 138 do cc deixa claro que anulação do negócio jurídico por erro ocorrerá quando o mesmo for substancial e elenca em seu artigo seguinte as hipóteses de erro substancial. Se, contudo o erro não resultar em prejuízo não trará consequência alguma ao negócio jurídico.
O artigo 178 do CC traz o prazo para pleitear a anulação do negócio jurídico, que é de 04 anos, decadencial. No caso dele ser eivado de erro esse prazo será contado do dia da celebração do negócio jurídico.
1.2. Dolo – artigos 145 a 150
O Dolo que causa defeito no negócio jurídico é quando uma das partes utilizam meios maliciosos, para levar a outra a praticar atos que não praticaria normalmente, com o objetivo de obter vantagens beneficio próprio.
O Código Civil traz em seus artigos 145 e 146 dois tipos de dolos. O primeiro sendo o dolo essencial, o qual é a causa do negócio e que permite a sua anulação e o segundo o dolo acidental, que é a realização do negócio de qualquer forma, usando ou não artifícios maliciosos, não admite anulação, apenas o ressarcimento de perdas e danos.
É passível de anulação o negocio jurídico que seja fruto do silencio intencional de uma das partes quanto algum fato que faria a outra parte desistir do negocio, pois constitui omissão dolosa; o dolo do negociante e também o de terceiros. Caso o negócio seja valido, o terceiro responderá por todas as perdas e danos.
O Dolo do representante o artigo 149 do CC faz a distinção entre o Representante Legal, que responderá civilmente até a importância do proveito que teve e o Representante convencional, no qual o representado responderá solidariamente com o representante por perdas e danos.
Prazo decadencial: quatro anos, contados da celebração do negócio jurídico (artigo 178, inciso II, do CC).
1.3. Coação – artigos 151 a 155
É a pressão física (vis absoluta) ou psicológica (vis compulsiva) exercida em face de outro para a celebração de um negócio.
Para que haja a anulação por meio de coação é necessário que tenha os requisitos de fundado temor, dano iminente e considerável e em face de familiar ou seus bens. Caso não seja pessoa da família do paciente, o juiz analisará com base nas circunstâncias.
Para dimensionar a gravidade da coação será necessário levar em consideração o sexo, a idade, condição de saúde, temperamento e outras necessárias para a constatação do ato. 
Conforme o artigo 153 os atos pertinentes ao exercício normal de um direito descaracteriza a coação.
Os artigos 154 e 155 tratam da coação de terceiros expondo duas situações: 
Primeira: caso a parte tiver ou devesse ter conhecimento e se aproveita de fato de corrente da coação o negocio jurídico é anulável e a parte beneficiada será solidária com o terceiro em caso de ressarcimento de perdas e danos.
Segunda: se a parte que tirar proveito da situação embora não tinha conhecimento da coação: subsiste o negócio jurídico e o terceiro responde por perdas e danos.
Prazo decadencial: quatro anos, contados da cessação da coação (artigo 178, inciso I, do CC).
1.4. Estado de perigo – artigo 156
“configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa” (artigo 156 do CC).
OBS: se for pessoa não pertencente à família do declarante, o juiz decidirá segundo as circunstâncias (parágrafo único).
São requisitos essenciais para a caracterização deste vício do consentimento o Perigo de dano grave, físico ou moral, e a obrigação excessivamente onerosa. O perigo deve ser a causa do negócio, pois caso não houvesse perigo o negocio não teria sido realizado.
Os efeitos podem ser de Anulação ou nulidade relativa com efeitos ex nunc. Entretanto, se houver suplemento suficiente ou redução do proveito alcançado pela parte favorecida o negócio jurídico pode sofre convalidação.
Prazo decadencial: quatro anos, contados da celebração do negócio jurídico (artigo 178, inciso II, do CC).
1.5. Lesão – artigo 157, parágrafos 1º e 2º
O caput do artigo 157 traz a definição de Lesão “Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta”, ou seja, é caracterizado pela obtenção de um lucro exagerado que uma parte se vale da inexperiência ou necessidade econômica da outra.
Esse defeito é abordado de uma forma mais simples e para que ocorra é necessária a ocorrência de dois requisitos, sendo: 
Requisito objetivo: que consiste na prestação manifestamente proporcional a que a parte se obriga em relação à contraprestação. Tem origem na formação do negócio.
Requisito subjetivo: consiste no desequilíbrio psicológico de uma das partes proveniente de inexperiência para o negocio ou de sua premente necessidade econômica.
Em regra se o negócio jurídico estiver viciado com a lesão o mesmo será anulável. Entretanto o parágrafo 2º do artigo 157 traz a exceção que “não se decretará a anulação do negócio, se foi oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito”.
Prazo decadencial: quatro anos, contados da celebração do negócio jurídico (artigo 178, inciso II, do CC).
2. Vícios Sociais
2.1. Fraude contra credores – artigos 158 a 165
É classificado como um vício social e encontra-se fundamentado nos artigos 158 a 165 do CC.
Quando o devedor insolvente ou próximo de o ser aliena (gratuita ou onerosamente) seus bens, tendo como objetivo impedir que o seu patrimônio seja utilizado para quitar dividas junto aos credores.
Tem como requisito básico a existência de divida antes da prática do ato negocial, mesmo que ainda não vencidas. Entretanto, há pressuposto que devem ser provados pelo credor.
Pressuposto Objetivo (Eventus damni - Dano), que consiste no prejuízo que causa aos credores e deverá ser demonstrado que a alienação acarretou tal prejuízo ao credor porque esta disposição dos bens levou o devedor à insolvência ou agravou ainda mais esse estado.
Pressuposto Subjetivo (Consilium fraudis) ato fraudulento entre o alienante e o adquirente. Para que haja a anulação, o adquirente precisa estar de má-fé.
Conforme o artigo 159 do CC a má-fé do adquirente será presumida em duas hipóteses:
• Quando a insolvência do devedor/alienante fornotória.
• Quando houver motivo para que a insolvência do devedor/alienante seja conhecida do outro contratante. Ex: se o negócio jurídico for celebrado entre dois irmãos ou entre sogro e genro.
O requisito subjetivo é dispensado, ou seja, não é necessário ser provado nos negócios jurídicos gratuitos e de remição de dívidas, casos em que o terceiros mesmo de boa-fé pode perder o bem ou ficar sem validade a remição. Nos demais casos a má-fé será presumida quando a insolvência for notória.
De acordo com o artigo 164, não se inclui entre os atos negociais passiveis de anulação os indispensáveis ao custeio do lar e à manutenção das atividades empresariais.
A fraude contra credores será reconhecida mediante a prolação de sentença em uma ação proposta pelo credor, chamada de ação pauliana ou ação revocatória. Tendo como prazo para ajuizamento da ação quatro anos e é decadencial, contado a partir da data de realização da alienação.
Prazo para anular o negocio jurídico será decadencial de quatro anos, contados da celebração do negócio jurídico (artigo 178, inciso II, do CC).
Quanto à legitimação temos o polo ativo, que em regra será o credor quirografario e o polo passivo, que em regra, a ação é proposta contra o devedor insolvente e contra a pessoa que com ele celebrou o negócio fraudulento (há um litisconsórcio passivo necessário), ou ainda terceiros adquirentes que hajam procedido de má-fé.
Diante da pesquisa ficou claro que a realização do negocio jurídico tem a declaração de vontade como o elemento essencial. Entretanto essa vontade deve ser clara, livre e licita, caso contrario será um ato com vícios e defeitos, que pode ocasionar a anulação ou a sua nulidade.
REFERÊNCIAIS BIBLIOGRAFICAS
Tartuce, Flávio. Manual de Direito Civil. 6ª. Ed.. Rev. Atual, e apl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2016.

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