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A INFLUÊNCIA DA CONTABILIDADE GERENCIAL NA GESTÃO EMPRESARIAL CONTEMPORÂNEA Regivan Freires de Lima1 Claudia Horbilon Alves Vasconcelos Fagundes2 RESUMO O presente trabalho apresenta a influência desempenhada pela contabilidade gerencial na gestão empresarial contemporânea. Para o desenvolvimento do estudo proposto, foram utilizados dados de pesquisas bibliográficas em livros, revistas e artigos. O estudo apontou que a contabilidade gerencial é uma ferramenta que está sempre aliada no processo de tomada de decisões de uma organização e que seu foco são os usuários internos em qualquer nível da administração que estejam necessitando de informações contábeis para o processo de planejamento e controle das operações e tomada de decisões. Conclui-se que a contabilidade gerencial pode contribuir positivamente para o sucesso de uma organização, desde que as informações passadas para ela, sejam tempestivas e reais. Palavras Chaves: Contabilidade Gerencial; Gestão; Tomada de decisão. 1 INTRODUÇÃO Diante de um cenário empresarial competitivo em que se encontram organizações torna-se cada vez mais importante a utilização de técnicas que são oferecidas pela Contabilidade Gerencial no intuito de alavancar o seu negócio. A contabilidade vem deixando de ser apenas uma obrigatoriedade pelo fisco, ela vem atendendo de maneira a proporcionar subsídios estratégicos nas tomadas de decisões nas mais diferentes áreas das empresas, visando a melhorar no processo ______________________________ 1 Aluno concludente do Curso de Bacharel em Ciências Contábeis do Centro Universitário Estácio do Ceará/FIC. 2 Professora Orientadora do Artigo do Centro Universitário Estácio do Ceará/FIC. 2 interno, na diminuição de custos e otimização dos recursos com pessoal. Os gestores precisam conhecer bem os custos, saber tomar decisões, utilizar de forma sistemática as informações, entender os clientes e conseguir atingir o mercado e suas necessidades. Algumas ferramentas são fornecidas pela contabilidade gerencial para que se possa ter uma métrica ou parâmetros de decisão na formação dos preços e custos dos produtos que pode ser utilizados na melhoria do resultado econômico da empresa. Um dos parâmetros de decisão existentes é à margem de contribuição, que possui mensuração econômica (PADOVEZE, 2006). Dentro desse contexto, levanta-se o seguinte questionamento que norteia o estudo: Qual a importância da informação Contábil Gerencial no processo de tomada de decisão nas empresas? Assim, com o intuito de elucidar a questão proposta foram feitas várias pesquisas bibliográficas em livros, revistas e artigos contábeis a fim de responder esse problema. A relevância deste trabalho configura-se na importância que a contabilidade gerencial traz para as entidades nesse cenário competitivo e com alto gral de incerteza, que é vivido pelas organizações, onde planejar não é somente importante, mais sim vital. O Trabalho está estruturado em seis partes, a introdução, apresentando os objetivos da pesquisa, a questão norteadora a metodologia e a relevância; o referencial teórico, que contextualiza a origem do conhecimento contábil, a contabilidade gerencial, as funções da informação gerencial contábil, as diferenças entre a contabilidade gerencial e a contabilidade financeira, o sistema de informação gerencial (SIG), tomada de decisão organizacional e o balanced scorecard como ferramenta estratégica; a metodologia; o desenvolvimento, que compreende os sistemas de custeio para fins gerenciais, ponto de equilíbrio e o contador gerencial; as considerações finais e as referências bibliográficas. 2 REFERENCIAL TEÓRICO 3 2.1 ORIGEM DO CONHECIMENTO CONTÁBIL Desde as civilizações primitivas, antes do saber escrever e calcular, o homem já possuía sua forma de inscrição que era a artística. A ideia de “patrimônio” era algo comum, já que a qualidade e a quantidade das reservas de utilidades, que era caça e colheitas, foram elementos que o homem notou como algo distinto conquistado com seu trabalho. À medida que a riqueza do homem primitivo começou a aumentar e com maior variedade, mais complexa foram ficando as inscrições, forçando o aprimoramento do critério de registro de seus bens (ARAÚJO; SANDRA, 2007). Assim nasceram os registros de escrituração contábil, porque se quantificava e evidenciava a riqueza patrimonial do indivíduo e de sua família (SÁ,1999; IUDÍCIBUS, MARION, 2002). Iudícibus (2010) afirma que a noção intuitiva (e, portanto, de contabilidade) é, talvez, tão antiga quanto à origem do Homo sapiens. Desta forma podemos observar que, naquela época, já se usava a contabilidade como forma de gerenciar os patrimônios. Na idade média, o marco do pensamento científico da contabilidade foi à primeira literatura contábil relevante pelo Frei Luca Pacioli em 1494, consolidando o método das partidas dobradas, expressamente a causa efeito do fenômeno patrimonial com os termos débito e crédito, permanecendo inalterado até os dias de hoje (IUDÍCIBUS; MARION, 2002). Atualmente com as Revoluções Industriais e com a grande evolução tecnológica, a contabilidade evoluiu de forma a proporcionar ao profissional diversas áreas de atuação, sendo uma delas a Contabilidade Gerencial. 2.2 CONTABILIDADE GERENCIAL Iudícibus (2009, p.21), define que: A Contabilidade Gerencial pode ser caracterizada, superficialmente, como um enfoque especial conferido a várias técnicas e procedimentos contábeis já conhecidos e tratados na Contabilidade Financeira, na Contabilidade de Custos, na análise financeira e de balanços etc., colocados em uma perspectiva diferente, em um grau de detalhe mais analítico ou em uma 4 forma de apresentação e classificação diferenciada, de maneira a auxiliar os gerentes das entidades em seu processo decisório. Neste sentido, Marion e Osni (2011), afirmam que, a Contabilidade Gerencial pode ser conceituada como o sistema de informação que tem por objetivo suprir a entidade com informações não só de natureza econômica, financeira, patrimonial, física e de produtividade, como também com outras informações de natureza operacional, para que possa auxiliar os administradores nas suas tomadas de decisões. A contabilidade teve que se adequar as novas exigências, criando novas ferramentas para que as organizações se tornassem competitivas no mercado e dessa forma podendo alavancar o seu negócio de forma eficiente. Ainda para Marion e Osni (2011), as organizações são constituídas para atingir um fim. Àquelas que visão ao lucro, consideradas econômicas, alcançam esse fim no relacionamento com seus clientes, fornecendo bens e prestando serviços. Nesse ambiente, fornecedor e cliente cuidam de seus interesses: o fornecedor busca lucratividade; o cliente, satisfação. Para alcançar lucratividade desejada, o fornecedor procura constantemente reduzir custos e melhorar a qualidade de seus produtos e serviços; o cliente procura menor preço, melhor serviço e maior qualidade possíveis. Conhecendo os interesses dos clientes para manter-se solidamente no mercado, os fornecedores permanentemente trabalham no aprimoramento dos seus processos industriais, comerciais e de serviços. Eles afirmam ainda, que para auxiliar a organização nessa conquista, surgiu a contabilidade gerencial,oferecendo detalhes e informações que até então não eram contemplados nos relatórios derivados da contabilidade. 2.3 FUNÇÕES DA INFOMAÇÃO GERENCIAL CONTÁBIL Para Atkinson et al (2000, p. 45), a informação gerencial contábil participa de várias funções organizacionais diferentes – controle operacional, custeio do produto e do cliente, controle administrativo e controle estratégico. A tabela 01 demonstra essas funções. 5 Tabela 01 - Funções da informação gerencial contábil Funções da informação gerencial contábil Controle Operacional Fornece informação (feedback) sobre a eficiência e as qualidades das tarefas executadas. Custeio do produto e do cliente Mensura os custos dos recursos para se produzir, vender e entregar um produto ou serviço aos clientes. Controle Administrativo Fornece informação sobre o desempenho financeiro e competitivo de longo prazo, condições de mercado, preferencia dos clientes e inovações tecnológicas. Controle estratégico Fornece informações sobre o desempenho financeiro e competitivo de longo prazo, condições de mercado, preferencias dos clientes e inovações tecnológicas. Fonte: Atkinson et al, (2000). Marion e Osni (2011, p. 5) afirmam que “a contabilidade gerencial poderá contemplar funções distintas de acordo com a natureza das decisões que objetiva orientar, conforme sua importância ou estágio em que essas funções ocupam na gestão empresarial”. As orientações oriundas da contabilidade gerencial são aplicadas aos gestores de acordo com a área de atuação, só assim ela pode contemplar funções distintas dentro da organização. Nesse sentido, Sebastião (2014, p. 125), afirma que: ... ela não deve ser vista como uma área da empresa; portanto não deve ficar subordinada a nenhum departamento. Todas as informações que alimentariam a contabilidade gerencial seriam postas pelos próprios colaboradores, independentemente do nível em que se situam. 2.4 DIFERENÇAS ENTRE CONTABILIDADE GERENCIAL E CONTABILIDADE FINANCEIRA 6 A contabilidade financeira refere-se à informação contábil desenvolvida para usuários externos, como acionistas, fornecedores, bancos, e agências regulatórias governamentais (HORNGREN, 2004, p. 4). Segundo Atkinson et al (2000, p. 37), a contabilidade financeira “comunica aos agentes externos as consequências das decisões e das melhorias dos processos executados por administradores e funcionários”. E por fim, apresentemos o entendimento de Marion e Osni (2011, p. 9), que conceitua contabilidade financeira como “ciência social que tem por objetivo o controle do patrimônio de todas as organizações, sejam elas públicas ou particulares, tenham ou não finalidade lucrativa”. O quadro seguinte mostra a comparação entre esses dois segmentos da contabilidade, que foi extraído de Padoveze (2009). Quadro 01 - Comparação entre a Contabilidade Gerencial e a Contabilidade Financeira Fator Contabilidade Financeira Contabilidade Gerencial Usuários dos relatórios Externos e internos. Internos. Objetivos dos relatórios Facilitar a análise financeira para as necessidades dos usuários externos. Objetivo especial de facilitar o planejamento, controle, avaliação de desempenho, e tomada de decisão internamente. Forma dos relatórios Balanço patrimonial, demonstração dos resultados, demonstração dos fluxos de caixa e demonstração das mutações do patrimônio líquido. Orçamentos, contabilidade por responsabilidade, relatórios de desempenho, relatórios de custos, relatórios especiais não rotineiros para facilitar a tomada de decisão. Frequências dos relatórios Anual, trimestral e mensal. Quando necessário pela administração. Custos ou valores utilizados Primariamente históricos (passados). Históricos e esperados (previstos). 7 Quadro 01 – Comparação entre a Contabilidade Gerencial e a Contabilidade Financeira (continuação). Bases de mensuração usadas para quantificar os dados Moeda corrente. Várias bases (moeda corrente, moeda estrangeira, moeda forte, medidas físicas, índices etc.). Restrições nas informações fornecidas Princípios contábeis geralmente aceitos. Nenhuma restrição, exceto as determinadas pela administração. Característica da informação fornecida Deve ser objetiva (sem viés), verificável, relevante e a tempo. Deve ser relevante e a tempo, podendo ser subjetiva, possuindo menos verificabilidade e menos precisão. Perspectiva dos relatórios Orientação histórica. Orientada para o futuro para facilitar o planejamento, controle e avaliação de desempenho antes do fato (para impor metas), acoplada com uma orientação histórica para avaliar os resultados reais (para o controle posterior do fato). Fonte: Padoveze, (2009). Desta forma podemos resumir a contabilidade financeira nos seguintes pontos: Vinculada aos princípios contábeis geralmente aceitos pelas normas; Utilizadas pelos os fins fiscais; Base de escriturações passadas; Mensuração a moeda corrente do país, etc. Enquanto a contabilidade gerencial é voltada para os usuários internos e as necessidades de informações de todo os níveis de administração de uma entidade e também não tem regras a serem seguidas. 8 2.5 SISTEMA DE INFORMAÇÃO GERENCIAL (SIG) A implementação de um SIG é bastante importante para todo o processo de controle e planejamento de uma organização, pois a contabilidade gerencial trabalha em cima das informações nas quais podem ser analisadas gerencialmente. Mais o que é um sistema de informação gerencial? Para Kroenke (2012 p. 15), sistema pode ser definido como “um grupo de itens que interagem entre si que seja interdependente, formando um todo unificado, com objetivos comuns”. Para Gil, Biancolino e Borges (2010 p. 11), “o sistema de informação é o produto de três componentes, tecnologia, organizações e pessoas os quais devem interagir para que o sistema atinja o seu objetivo”. Segundo Padoveze (2010 p. 47), “para que a informação contábil seja usada no processo de administração, é necessária que essa informação contábil seja desejável e útil para as pessoas responsáveis pela administração da entidade”. De acordo com Padoveze (2012 p. 23), o atual estágio da tecnologia da informação e comunicação permite o desenvolvimento de sistemas de informação que integram totalmente com todos os seus subsistemas. Esse sistema é denominado como Sistema Integrado de Gestão Empresarial (SIGE), mais conhecido pela a sigla ERP, que são as iniciais do seu nome inglês Enterprise Resource Planning. O mesmo autor ressalta ainda que com a implementação do SIGE, todos os subsistemas deverão ser integrados, portanto, estarão interligados computacionalmente, através do conceito de banco de dados e outros conceitos computacionais que permitam a navegabilidade dos dados e a sua restruturação em termo de informação útil, através dos sistemas de apoio a decisão. 2.6 TOMADA DE DECISÃO ORGANIZACIONAL Para Maximiano (2011, p. 17), decisões são “escolhas que você faz, com resultado do julgamento de alternativas. As alternativas nascem da avaliaçãode problemas e oportunidades”. 9 Segundo Padoveze (2012, p. 30), “o processo de tomada de decisão consiste em três grandes etapas: o exame ou analise do problema, o desenvolvimento ou desenho de curso de ação e a implementação da decisão”. Muitos gestores de empresas trabalham a “deriva”, contando apenas com a sorte, palpites ou até mesmo com previsões, não podendo ter uma informação certa na hora correta para poder tomar uma decisão. Segundo Laudon e Kenneth C., para argumentar: ... o resultado é a produção insuficiente ou excessiva de bens e serviços, a má alocação de recursos e tempos de resposta ineficiente. Essas deficiências elevam os custos e geram perdas de clientes. Nos últimos dez anos, as tecnologias e os sistemas de informação têm permitido que, ao tomar uma decisão, os administradores façam uso de dados em tempo real, oriundos do próprio mercado. (2014, p. 12). A tomada de decisão organizacional ocorre em dois estágios. O primeiro estágio é o de identificação do problema e trata de monitorar a informação sobre as condições ambientais (externas) e organizacionais (internas) para determinar se o desempenho é satisfatório ou não e para diagnosticar a causa das possíveis falhas. O segundo estágio é o de solução do problema e se dá quando os caminhos alternativos de ação são considerados para que a alternativa mais indicada seja selecionada e implementada. (CHIAVENATO, 2014). Para melhor fundamentar as decisões de seus membros Chiavenato (2014, p. 123), afirma que, as organizações criam um sistema de apoio a decisão (SAD), que é um sistema baseado em conhecimentos e constitui em modelos genéricos de suporte à tomada de decisão que são capazes de envolver e integrar um grande número de variáveis para permitir um posicionamento adequado frente a uma determinada questão. O autor afirma que na Prática, o SAD é um sistema computacional que auxilia o processo de tomada de decisão e funciona como um sistema de informação interativo, flexível e adaptável desenvolvido especialmente para apoiar a solução de um problema gerencial não estruturado no sentido de oferecer a melhor decisão dentre outras. Desta forma, a tecnologia da informação desempenha um papel bastante importante, sendo uma ferramenta central de apoio ao processo decisório, pois supre aos gestores com informações que fundamentarão suas decisões. (ELEUTERIO, 2015). 10 2.7 BALANCED SCORECARD COMO FERRAMENTA ESTRATÉGICA O Balanced Scorecard (BSC) é uma ferramenta de planejamento estratégico que as entidades têm claramente definidas as suas metas e estratégias, visando medir o desempenho empresarial através de indicadores qualitativos e qualitativos. A metodologia do (BSC) foi divulgada por Robert S. Kaplan e David P. Norton em 1992 através de um artigo que defendiam parâmetros para avaliação e melhoramento do desempenho das empresas. De acordo com Morin e Vargas (2016), com as constantes mudanças ocorridas nas organizações contemporâneas, tornou-se necessária à elaboração de um modelo de mensuração de desempenho, visando o acompanhamento do alcance de metas e objetivos os quais eram impactos ocasionados, resultando no aperfeiçoamento do método Scorecard. Os mesmos autores afirmam que esta concepção do Balanced Scorecard surgiu com o intuito de acompanhar as principais variáveis de interesse das organizações e possibilitar o planejamento das ações para a melhoria do desempenho, além de promover uma sinergia entre os setores, e até mesmo, em uma cadeia de empresas do mesmo segmento. Na visão de Carpes, Pertuzatti e Merlo (2007), “a implantação do Balanced Scorecard desafia a organização que se limita ao operacional a começar a gerenciar a nova estratégica monitorando quatros perspectivas: financeira, do cliente, dos processos internos e do aprendizado e crescimento [...]”. O quadro seguinte explícita essas perspectivas. Quadro 02: Perspectivas básicas do Balanced Scorecard Perspectiva Financeira Perspectiva do cliente Perspectiva interna da empresa Perspectiva de inovação e aprendizado Enfoque Como a empresa é vista por seus acionistas ou proprietários. Como a empresa é vista pelo o cliente e como ela pode atendê-lo da melhor forma. Em quais processos de negócios a empresa precisa ter excelência. Capacidade de a empresa melhorar continuamente e se preparar para o futuro. 11 Quadro 02: Perspectivas básicas do Balanced Scorecard (continuação). Indicadores Devem mostrar se a implementação e a execução da estratégia da empresa estão contribuindo para a melhoria dos resultados. Devem mostrar se os serviços prestados estão de acordo com a missão da empresa. Devem mostrar se os processos e operação estão alinhados e se gerem valor. Devem mostrar como a organização pode aprender e desenvolver- se para garantir o crescimento. Exemplos Fluxo de caixa e retorno de capital. Pontualidade na entrega e capacidade de desenvolver produtos inovadores. Qualidade e produtividade. Índices de renovação dos produtos, desenvolviment o de processos internos, avaliação de falhas no planejamento. Fonte: Adaptado de Caetano, (2000). 3 METODOLOGIA O presente estudo classifica-se, em pesquisa bibliográfica. De acordo com Gil (2002) a pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em materiais já elaborados, principalmente em livros e em artigos científicos. Neste sentido, os dados do presente estudo foram coletados em livros, revistas e artigos contábeis e pretende fornecer aos leitores uma visão compreensiva da influência da contabilidade gerencial na gestão empresarial contemporânea. Não foi possível esgotar esse assunto em um breve artigo, mas a intenção foi de contribuir com dados que evidencie sua influência no processo de decisão para os administradores, diretores e os gestores dos mais diversos tipos de empresa. 12 4 DESENVOLVIMENTO Na gestão de empresas, a contabilidade gerencial desponta como forma de driblar a crise, pois apresenta as melhores alternativas em relação aos custos de sua produção, assim como outras possibilidades de otimizar operações, atividades e até departamentos inteiros o que poderá ser decisivo para manter a competitividade. A contabilidade gerencial utiliza-se de ferramentas não financeiras, como é o casso do Valor Econômico Agregado (EVA), usado na avaliação de negócios, ou ainda o Valor Agregado de Mercado (MVA), frequentemente empregado na criação de valor para os acionistas ou sócios de uma determinada empresa. O profissional contábil poderá, até mesmo, auxiliar na implementação de ferramentas como o Balanced Scorecard (BSC), que poderá fazer com quer você entenda melhor sua empresa, seus pontos fortes e fracos e o ambiente que ela está inserida. 4.1 SISTEMAS DE CUSTEIO PARA FINS GERENCIAIS 4.1.1 Custeio direto De acordo com Marion e Osni (2011), é um sistema de atribuição de custos aos produtos, pelo qual se reconhece como custos de fabricação somente os gastos incorridos no processo de fabricação e que possa ser de fácil identificaçãoem relação aos produtos fabricados. Os mesmos autores ainda ressaltam que, a grande importância do custeio direto para fins gerenciais é a possibilidade do conhecimento da margem de contribuição, ou seja, do momento que cada produto gera de lucro para cobrir custos fixos, despesas totais e margem de lucro (rentabilidade de cada produto). a) Margem de contribuição Unitária: A margem e contribuição unitária é a diferença entre a receita bruta auferida na venda de uma unidade e o total dos custos variáveis incorridos na fabricação des sa mesma unidade de produto. 13 MCU = RBU – CVU Onde: MCU = Margem de Contribuição Unitária RBU = Receita Bruta de Unitária CVU = Custos variáveis Unitários Portanto, margem de contribuição unitária, é a contribuição que cada unidade de produto ao ser vendido oferece para empresa compor o montante que deverá cobrir os custos fixos, as despesas totais e formar o lucro. b) Margem de Contribuição Total: A margem de contribuição total é a diferença entre a receita bruta auferida na venda de produtos e o total dos custos variáveis incorridos na fabricação dos respectivos produtos. MCT = RBTVP – CVT Onde: MCT = Margem de Contribuição Total RBTVP = Receita Bruta Total na Venda de Produtos CVT = Custos Variáveis Totais Havendo despesas variáveis, a fórmula será: MCT = RBTVP – CVT – DVT Onde: DVT = Despesas Variáveis Totais 4.1.2 Sistema de custeio – padrão Marion e Osni (2011), afirmam “custo-padrão é um custo estimado, isto é, calculado antes mesmo de iniciado o processo de fabricação, fundamentado sempre em custos de produção anteriormente realizado”. Os mesmos escritores ainda ressaltam que este sistema é um importante instrumento de gerenciamento, e tem várias finalidades, motivo pelo qual 14 poderá receber denominações diversas. Além de ter varias grandes vantagens, de se conhecer antecipadamente o custo de fabricação, duas devem ser destacadas: a possibilidade da fixação do preço e venda e a otimização do processo produtivo, visando a utilizar ao máximo os recursos humanos, físicos e financeiros disponíveis. 4.2 PONTO DE EQUILÍBRIO Segundo Marion e Osni (2011), o ponto de equilíbrio (em inglês, break- even point) é o estágio alcançado pela empresa no momento em que as receitas totais geradas pelo volume das vendas se igualam aos custos e despesas totais. PE: RT = CDT Onde: PE = Ponto de Equilíbrio RT = Receitas Totais CDT = Custos e Despesas Totais Nesse estágio a situação econômica da empresa estará em pleno equilíbrio, isto é, o volume e vendas são suficientes para cobrir os custos e as despesas totais, não havendo lucro nem prejuízo. Nas empresas industriais, o ponto de equilíbrio tem por finalidade revelar o volume mínimo que a empresa deve produzir e vender para que consiga pelo menos cobrir os seus custos e despesas totais. Portanto, a situação econômica da empresa industrial será considerada favorável quando as receitas derivadas da venda de seus produtos estiverem acima do ponto de equilíbrio. . Para Duarte, saber qual o ponto de equilíbrio de cada produto e serviço e especialmente o ponto de equilíbrio geral da empresa é fundamental importância. Pois ambas são quem sustentam a confiança e as tomadas de decisões. O Ponto de Equilíbrio (PE) é dividido em Contábil, Econômico e Financeiro ou de Caixa. Com este instrumento é possível calcular o montante de faturamento mínimo necessário somente para cobrir todos os custos e despesas variáveis e fixos, portanto sem restar lucro. 15 No cálculo do PE contábil são considerados todos os custos e despesas, já no PE econômico é acrescido o custo de oportunidade (perspectiva de ganhos em outros investimentos) e no PE financeiro desconsideram-se a depreciação e a amortização, pois tratam-se de custos que não afetam o caixa (despesa não pagas, apenas escrituradas). Marion e Osni (2011) afirmam que o conhecimento do ponto de equilíbrio a ser alcançado pela a empresa, em relação tanto a um produto ou a uma família, grupo de produtos ou ainda em relação à produção global, é indispensável nas tomadas de decisões responsáveis pelo destino da organização. Assim, a análise do ponto de equilíbrio ajuda os gestores tanto nas tomadas de decisões operacionais (imediatas) em decorrência do conhecimento do lucro zero em relação a alguns produtos que estejam provocando ou que possam vir a provocar queda na rentabilidade global quanto no planejamento estratégico visando à expansão do negócio. 4.3 O CONTADOR GERENCIAL Em busca de informações mais precisas para tomada de decisões, os diretores, gestores e gerentes tem se atentado para a importância de uma contabilidade gerencial mais bem estruturada, onde com o uso de suas ferramentas é possível projetar cenários no campo econômico e administrativo, afim, de evidenciar uma visão futura e traçar metas alcançáveis para empresa (MACHADO; RAPÉ, SOUZA). Como descreve Marion e Osni (2011 p. 8), O contador gerencial deve ser um contabilista experiente e versátil, com ilibado conhecimento não só em contabilidade como em administração, matemática financeira, estatística e economia. Um profissional que domine bem a análise de balanços e conheça com detalhes as rotinas internas e os objetivos da organização, para que saiba ler os relatórios da contabilidade financeira e da gerencial, e interpretá-los conjugando dados econômicos e financeiros com operacionais, para, assim, apresentar sugestões fundamentadas que auxiliem a organização nas suas tomadas de decisões. 16 Os mesmos autores ainda ressaltam que as decisões são tomadas por empregados, chefes diretores, gerentes ou altos executivos da organização, baseando-se sempre nas informações apresentadas pelo contador gerencial. Conjugando informações de natureza econômica, financeira, patrimonial, física e de produtividade extraídas dos relatórios originados da própria contabilidade financeira, com outras informações de natureza operacional obtidas com os trabalhadores, gerentes ou executivos, o contador gerencial identifica, avalia, analisa e oferece interpretações em forma de relatórios para tomadas de decisões que impliquem aperfeiçoamento operacional com melhor aproveitamento dos recursos humanos, físicos, financeiros e de produtividade. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Identificou-se ao longo desse artigo que a contabilidade gerencial é uma ferramenta que está sempre aliada no processo de tomada de decisões. Nesse sentido, observou-se que ela está diretamente ligada ao planejamento e controle de uma organização, ambos com instrumentos de organização para os gestores, visando ajudar as empresas a permanecer no controle, identificando quando o processo estiver fora de controle e dar suporte à aprendizagem da empresa , com objetivo de melhorar a qualidade das operações, reduzir os custos operacionais e aumentar a adequação das operações as necessidades dos clientes. Foi constatado nessa pesquisa que uma das principais contribuições para o campo do conhecimento da administração reside no potencial de diagnóstico de requisitos mínimos a serem atendidos para suportar o BSC como mecanismo de feedback capaz de influenciar positivamente a aprendizagem dos gestores e a qualidade da gestão.Por fim, este estudo constatou que o foco da contabilidade gerencial são os usuários internos em qualquer nível da administração que estejam necessitando de informações contábeis para o processo de planejamento e controle das operações e tomadas de decisões. O ato de planejar não deve ser mais vivido como no passado, quando esses atos se davam a longos períodos de tempo. Hoje os 17 negócios requerem processos de planejamentos dinâmicos e contínuos com uso da tecnologia a seu favor, a fim de avaliar o impacto de cada mudança nos negócios. Diante desse contexto a contabilidade gerencial provê uma gama imensa de ferramentas que podem ajudar as organizações no processo de planejamento com vistas na maximização de seu valor e que contribua com a sua continuidade. REFERÊNCIAS ARAÚJO, Geraldino Carneiro, SANDRA, Maria Rocha. Contabilidade gerencial e a sua função dentro das empresas. 2007. Disponível em <http://www.classecontabil.com.br/artigos/contabilidade-gerencial-e-a-sua-funcao- dentro-das-empresas>. Acesso em: 10 de mar. 2017. ATKINSON, Anthony A. [et al.]. Contabilidade Gerencial. Tradução André Olímpio Mosselman Du Chenoy Castro; revisão técnica Rubens Famá. São Paulo: Atlas, 2000. CAETANO, José Roberto. De olho nos instrumentos - balanced scorecard: um sistema para gerir o desempenho. Exame, São Paulo, p. 190, 26 jul. 2000. CARPES, Antonio M. da Silva; PERTUZATTI, Elizandra; MERLO, Roberto Aurélio. As melhores práticas de controladoria: o balanced scorecard como ferramenta de gestão. Revista Catarinense da Ciência Contábil. Florianópolis, 2007, v.6, n. 18, p. 9-24, ago./nov. 2007. CHIAVENATO, Idalberto. Comportamento organizacional: a dinâmica do sucesso das organizações. – 3ª ed. – Barueri, SP: Manole, 2014. Contabilidade gerencial: o que é e qual sua importância. Disponível em <http://portal.blbbrasilescoladenegocios.com.br/contabilidade-gerencial>. Acesso em: 16 de abr. de 2017. DUARTE, Gilmar. Conhecer o ponto de equilíbrio e a margem de segurança conduz à certeza. Disponível em <http://www.portaldecontabilidade.com.br/tematicas/conhecer-o-ponto-de- equilibrio.htm>. Acesso em: 16 de abr. de 2017. 18 ELEUTERIO, Marcos Antonio Masoller. Sistemas de informações gerenciais na atualidade. [Livro eletrônico]. – Curitiba: Inter Saberes, 2015. GIL, Antonio C. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. São Paulo: Atlas, 2002. GIL, Antonio de Loureiro, 1940, BIANCOLINO, César Augusto, BORGES, Tiago Nascimento. Sistemas de Informações contábeis: uma abordagem gerencial. 6ª ed. reimpr. São Paulo: Saraiva, 2010. HORNGREN, Charles T., SUNDEM, Gary L.,STRATTON, Willian O; traduzido para o português por Elias Pereira. Contabilidade Gerencial. 12ª ed. São Paulo: Pretice Hall, 2004. IUDÍCIBUS, S. de. Teoria da contabilidade. 10ª ed. São Paulo: Atlas, 2010. IUDÍCIBUS, Sérgio de. Contabilidade Gerencial. 6ª ed. reimpr. São Paulo: Atlas, 2009. IUDICIBUS, Sérgio de; MARION, José Carlos. Introdução à Teoria da Contabilidade. 3ª ed. São Paulo: Atlas, 2002. KENNETH C. Laudon, JANE P. Laudon. Sistemas de Informação Gerenciais. – São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014. KROENKE,D.M. Sistemas de informação gerenciais. São Paulo: Saraiva, 2012. MACHADO, Janaina Resende; RAPÉ, Sara Ferreira de Lima, SOUZA, Sinvales Roberto. Contabilidade Gerencial e sua importância para a gestão e tomada de decisão das empresas contemporâneas. 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