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DIREITOS DA PERSONALIDADE A PERSONALIDADE JURÍDICA CONCEITO DE DIREITOS DA PERSONALIDADE Os direitos da personalidade são aquelas situações jurídicas reconhecidas à pessoa, tomada em si mesma e em suas necessárias projeções social. Isto é, são os direitos essenciais ao desenvolvimento da pessoa humana, em que se convertem as projeções físicas, psíquicas e intelectuais. FONTES Para a maioria da doutrina pátria e estrangeira, os direitos da personalidade têm como fundamento a própria condição humana que é um atributo do direito natural. Para os defensores dessa tese o direito da personalidade teria uma origem divina. O exemplo que fundamenta tal tese diz respeito ao julgamento de Nuremberg, quando se condenou as atrocidades nazistas. A posição minoritária ou positivista é aquela que vislumbra como fonte precípua dos direitos da personalidade o próprio ordenamento jurídico. Para os que defendem tal tese, é a ordem jurídica que reconhece os direitos da personalidade, viabilizando seu exercício. O exemplo que funda a tese do positivismo questiona a possibilidade de nos países mulçumanos haver a possibilidade das penas corporais e em alguns países da África ser possível a mutilação de órgãos sexuais femininos. CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE Intransmissíveis; Inalienáveis; Irrenunciáveis; Indisponíveis relativamente; Absolutos; Imprescritíveis; Extra-patrimoniais; Vitalícios OS DIREITOS DA PERSONALIDADE E A LIBERDADE DE IMPRENSA OU LIBERDADE DE EXPRESSÃO -Art. 50 , IX e 220 §10 da CRFB de 1988 – liberdade de imprensa Direitos da personalidade, via princípio da dignidade da pessoa humana (art. 1 , III da CRFB/88). Técnica da ponderação de valores Ver súmulas 221 e 281 do STJ A TUTELA PREVENTIVA E REPRESSIVA DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE (ART. 12 CC) Preventiva – proteção contra ameaça de lesão por meio inibitório Exemplo: medidas restritivas de direito, como mandado de distanciamento, para que o agente não se aproxime mais do que uma determinada distância da vítima. Repressiva – quando houver lesão ao direito haverá concessão de medidas reparatórias Exemplo: inserção indevida de nome de cliente em sistema de proteção de crédito A PERSONALIDADE DA PESSOA MORTA E OS LESADOS INDIRETOS (ART. 12§ ÚNICO do CC) Os lesados indiretos são os que têm legitimidade pra requerer a medida de proteção quando o titular dos direitos da personalidade já tiver falecido. Trata-se de exercício de direito próprio e não de uma substituição processual CLASSIFICAÇÃO DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE 1- Integridade física (direito à vida; direito ao corpo; direito á saúde; direito ao cadáver) 2- Integridade intelectual (autoria científica e literária; liberdade religiosa e de expressão) 3- Integridade moral ou psíquica (direito à privacidade; ao nome; à imagem; à privacidade) DIREITO À INTEGRIDADE FÍSICA CONCEITO É a proteção jurídica do corpo humano, sua incolumidade corporal, incluída a tutela do corpo vivo ou morto, além dos tecidos, órgãos e partes susceptíveis de separação e individualização. A PROTEÇÃO DA INTEGRIDADE FÍSICA A questão da doação de órgãos - O artigo 199 § 40 da CRFB e a lei 9434 artigo 10 proíbem a comercialização de partes do corpo humano. Entretanto, são admitidos atos de disposição do corpo vivo ou morto a título gratuito, se não causar prejuízo ao titular (art. 13 e 14 do CC) DOAÇÃO EM VIDA O artigo 90 da lei 9434/97 permite que a pessoa maior e capaz, em vida, disponha de tecidos, órgãos e partes do corpo vivo, gratuitamente, para finalidades terapêutica e transplantes. Obs: tratando-se de pessoa incapaz, o doador, a decisão judicial de autorização da doação, ouvido o Ministério público, é imprescindível. DOAÇÃO PARA APÓS A MORTE Na doação por morte é vedada a escolha do beneficiário, impondo-se obediência à fila de espera (artigo 20da Lei 9434//97). Segundo o artigo 40 da lei 9434/97, havendo a morte encefálica e com autorização, por escrito, da família, poderá ser feita a retirada dos órgãos e tecidos da pessoa morta. A lei 10211/01 não admite a doação presumidade órgãos e tecidos post mortem.Assim, na atualidade é necessária uma autorização da família ou uma declaração em vida.dode cujus. O TRANSEXUAL E O DIREITO À MUDANÇA NO REGISTRO CIVIL O artigo 13 do CC, se lido sem a devida contextualização, faz crer que existe uma vedação a transgenitalização. Todavia, o artigo 13 do CC, ao permitir a disposição do próprio corpo por exigência médica, autoriza as cirurgias de transgenitalização. O Conselho Federal de Medicina editou Resolução 1652/02 que revogou a Resolução 1482/97, autorizando, independentemente de autorização judicial, a realização de cirurgias de mudança de sexo. Após a cirurgia, o interessado poderá requerer, por meio de jurisdição voluntária, perante o juízo de família, a readequação de seu estado sexual registral e o nome do ex-transexual, mudando o registro público respectivo. PRINCÍPIO DA AUTONOMIA DO PACIENTE E OS TESTEMUNHAS DE JEOVÁ O artigo 15 do CC preceitua que ninguém pode ser compelido a submeter-se a tratamento médico de risco, consagrando o princípio da autonomia do paciente. Surge o questionamento: Seria possível a um paciente recusar tratamento médico por alguma convicção pessoal?E quanto àqueles que professam a religião dos testemunhas de Jeová e o procedimento hematológico, muito utilizado pelos médicos em geral? DIREITO À INTEGRIDADE PSÍQUICA (MORAL) Trata-se da proteção dos atributos psicológicos relacionados à pessoa. São atributos relacionados à incolumidade moral, destinados à preservação do conjunto psicológico da estrutura humana, são eles: a imagem, a privacidade, a honra, o nome civil, etc. O DIREITO À IMAGEM A) A proteção jurídica da imagem (artigo 50 incisos V e X da CRFB) A elasticidade conceitual, decorrente da proteção constitucional da imagem, faz compreender diferentes aspectos, são eles: 1) Imagem-retrato 2) Imagem-atributo 3) Imagem-voz A lei 9610/98- - Lei de Direitos Autorais, além de tutelar o inventor, estende a proteção ao retratado e ao artista intérprete ou executante, também cuidando da proteção à imagem como um direito do autor, em conformidade como artigo 50 inciso XXVIII da CRFB. Trata-se de projeção patrimonial do direito à imagem. B) O consentimento para utilização da imagem Autorizada a utilização da imagem, está caracterizado um verdadeiro ato de disposição (relativa) de direito. Entretanto, não se admite a disposição perpétua nem um consentimento genérico. O consentimento pode ser tácito, como se verifica no caso em que alguém se deixa filmar ou fotografar por uma equipe de TV ou de uma revista. C) A relativização do direito à imagem e as pessoas públicas O direito à imagem não é absoluto, devendo haver uma ponderação de interesses. Assim, em determinadas circunstâncias impõe-se uma flexibilização do direito em razão de interesses públicos ou colisão com outros bens jurídicos. Nessa linha de entendimento, a imagem das pessoas públicas, as chamadas celebridades, também sofre flexibilização em face de sua projeção social. O DIREITO À PRIVACIDADE (Artigo 21 do CC) Conceito – A vida privada é o refúgio impenetrável pela coletividade, o qual merece proteção. É o direito de viver sua vida em isolamento, não sendo submetido à publicidade que não provocou, nem desejou. A Constituição da República tutelou a vida privada, de modo genérico, em seu artigo 50incísos V e X e de forma direta nos incisos XXI, XII e LX. O direito à privacidade se divide em direito à intimidade e direito ao segredo. O DIREITO À HONRA Enquanto a imagem diz respeito às características identificadoras deuma pessoa e a privacidade ao interesse de se preservar do público a esfera íntima de atitudes, o direito à honra concerne à proteção da pessoa contra falsas imputações de fatos desabonadores que podem abalar a reputação deste. As lesões contra hora se dividem em: calúnia, difamação e injúria (artigos 138 a 140 do CP). DIREITO À INTEGRIDADE INTELECTUAL Esta proteção destina-se à proteção do elemento criativo, típico da inteligência humana. São estas as manifestações do intelecto, como a liberdade de pensamento e o direito ao invento. A lei 9610/98, Lei dos Direitos Eleitorais, visa proteger as criações que são destinadas à transmissão de conhecimento, tais como: livros, DVD, etc. As obras de aplicação industrial, tais como marcas industriais, logotipos, etc. são regidas pela lei 9279/96 (Código de Propriedade Industrial). Incluem-se, ainda, na proteção intelectual, a proteção à liberdade religiosa, sexual e de pensamento. O DIREITO AUTORAL (CRFB, artigo 50, XXVII,XXVIII XXIX) É o direito da personalidade garantido, em sede constitucional, aos autores de utilização, publicação ou reprodução de suas obras. O objeto do direito autoral é a criação, seja uma obra literária, artística, científica, etc. O titular do direito autoral é o criador da obra intelectual, seja pessoa natural ou jurídica A autoria pode ser individual ou plúrima, esta chamada de co-autoria. CLASSIFICAÇÃO DOS DIREITOS AUTORAIS O artigo 22 da Lei 9610/98 divide o direito do autor em duas espécies: A primeira espécie seria o direito da personalidade do autor, por sua criação intelectual decorrente da inteligência humana; A segunda espécie seria um direito real sobre um bem imaterial. Esses direitos estão relacionados diretamente à utilização econômica da obra. A transmissão dos direitos patrimoniais pode ser: Inter vivos – neste caso a cessão é presumidamente onerosa e garante ao autor a percepção de no mínimo 5% do preço de comercialização da obra (art. 38 Lei de Direitos Autoral). Causa mortis – o direito autoral é transmitido pelo prazo de setenta anos, contados de 1 de janeiro do ano subseqüente à morte do autor (art. 41 da Lei dos Direitos Autorais) DIREITOS PATRIMONIAIS DO AUTOR Consiste em um conjunto de prerrogativas de cunho patrimonial, que nascem com a criação da obra e se concretizam com sua comunicação ao público. No âmbito musical, a cobrança do valor, destinado ao pagamento dos direitos do autor, será promovida pelo ECAD. Se tratando de execução pública, sem proveito econômico, não haverá a incidência do fato gerador para a cobrança dos direitos autorais. Tem entendido a jurisprudência que seria uma flexibilização do direito de propriedade, atendendo o que determina a CRFB/88 quanto à função social da propriedade. Entretanto, tem entendido a doutrina e a jurisprudência que a simples retransmissão radiofônica gera o direito autoral, obrigando ao recolhimento da taxa devida. Nesse sentido já se posicionou o STJ na Súmula 63 “São devidos direitos autorais pela retransmissão radiofônica de músicas em estabelecimento comercial”. DIREITO À LIBERDADE DE CRENÇA (ART. 50, VI, VIII, XVIII da CRFB/88) CONCEITO É a possibilidade de autodeterminação, de poder se comportar de acordo com seus próprios valores espirituais e morais e, sobretudo, pautar-se, em sua vida pessoal, de acordo com sua própria religiosidade. ALGUNS EXEMPLOS DE PROTEÇÃO AO DIREITO DE CRENÇA a) Autoflagelação na Igreja Católica; b) Ritual de raspagem da cabeça e cortes no crânio; c) Cerimônia de casamento celebrada por médium espírita; d) Direito dos Adventistas do Sétimo Dia de guardar o sábado; e) Direito dos Testemunhas de Jeová de não receber transfusão de sangue. O NOME CIVIL CONCEITO Trata-se de verdadeiro atributo da personalidade, consistente no direito de individualização da pessoa no seu grupo social. Assim, é o sinal exterior pelo qual são reconhecidas e designadas as pessoas no seu meio social e familiar. CARACTERÍSTICAS Os artigos 16 a 19 do Código Civil (Direitos da personalidade) cuidam especificamente do nome civil e suas características são: a) Absoluto, efeito erga omnes; b) Obrigatório (art. 50 da Lei 6015/73); c) Indisponível; d) Exclusivo (inerente às pessoas jurídicas); e) Imprescritível; inalienável; f) Inexpropriável (não pode ser desapropriado pelo Poder Público); g) Irrenunciável (casos especiais admitem despojamento de parte do nome) h) Intransmissível. ELEMENTOS COMPONENTES DO NOME O nome civil da pessoa natural é formado pelo nome individual ou prenome e pelo sobrenome ou nome patronímico, podendo contar ainda com um agnome. PRENOME – serve para designação individual da pessoa; pode ser simples ou composto. O prenome é escolhido livremente pelos pais, mas pode ser recusado pelo oficial do Cartório do Registro Civil das Pessoas Naturais, se vier a expor ao ridículo seu portador (art. 55 da LRP). SOBRENOME – é o nome de família, da procedência familiar; pode ser simples ou composto. Serve como elemento especificador da estirpe da pessoa, sendo adquirido no nascimento. AGNOME – é destinado a complemento do nome, indicando o grau de parentesco ou o grau da geração. HIPOCORÍSTICO – ocorre quando se retira parte do nome original para reduzi-lo, mantendo-se a sílaba mais forte ou o diminutivo PSEUDÔNIMO OU HETERÔNIMO–utilizado para ocultar a verdadeira identidade civil do titular, de modo a impedir seu reconhecimento público. O pseudônimo é de uso exclusivo de seu titular, tendo em vista seu caráter personalíssimo, conforme art. 19 do CC. PRINCÍPIO DA INALTERABILIDADE RELATIVA (ART. 58 DA LRP) Segundo o princípio da inalterabilidade relativa o nome só será alterado em situações excepcionais, previstas na lei, ou por decisão judicial. Assim o que se pretende com o nome civil é a real individualização da pessoa perante a família e a sociedade. HIPÓTESES DE ALTERAÇÃO DO PRENOME a) Quando expuser o titular ao ridículo ou à situação vexatória, bem com se tratando de nome exótico (artigo 55 parágrafo único da LRP). Ex: Pedrinha Bonitinha da Silva; Açafrão Fagundes; Himalaia Virgulino; Dia do Meu Nascimento Cardoso. b) Havendo erro gráfico evidente. Ex: Osvaldo que foi registrado como Osvardo; Ulisses como Ulice. c) Para incluir apelido público notório (art. 58 parágrafo único da LRP). Ex: Presidente da República Luiz Inácio LULA da Silva. d) Pela adoção (artigo 47 parágrafo 50 do ECA e art. 1627 do CC). e) Pelo uso prolongado e constante de nome diverso. Ex. alguém que ficou conhecida como Márcia em vez de Mércia que é seu nome registral. f) Quando ocorrer homonímia depreciativa, gerando embaraços profissionais ou sociais. g) Pela tradução, nos casos em que o nome foi grafado em língua estrangeira. Obs: o nome pode ser modificado na fluência do primeiro ano após a maioridade dês que não prejudique apelidos de família (art. 56 da LRP) HIPÓTESES DE ALTERAÇÃO DO SOBRENOME a) Pela adoção b) Pelo casamento (art. 1565parágrafo 10 do CC; c) Pela separação judicial ou pelo divórcio (art. 1571 parágrafo 20 e 1578 do CC); d) Pela inclusão de sobrenome de ascendente; e) Pela união estável ou pela união homoafetiva; f) Pela anulação ou decretação de nulidade do casamento, exceto se se tratar de casamento putativo e o cônjuge de boa-fé optar por permanecer com o nome de casado.
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