Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Direito Administrativo II 600.04 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. (600.03) 1 www.cursoenfase.com.br Sumário ATO ADMINISTRATIVO ........................................................................................... 2 1. Apresentação Inicial ............................................................................................ 2 2. Atos da Administração Pública ........................................................................... 2 2.1. Ato administrativo ............................................................................................ 3 2.1.1. Conceito ................................................................................................. 3 2.1.2. Atributos do ato administrativo............................................................. 4 2.1.2.1. Atributo da Presunção de legitimidade e veracidade .................... 4 2.1.2.2. Atributo da Imperatividade: aptidão que o ato possui de ser exigido independentemente da anuência do destinatário – administrado ............... 6 2.1.2.3. Atributo da Auto-executoridade ..................................................... 7 2.1.2.4. Atributo da Tipicidade .................................................................... 8 2.1.2.5. Atributo da Exigibilidade ................................................................. 8 2.1.3. Classificação dos Atos Administrativos .................................................. 8 2.1.3.1. Atos Simples ................................................................................... 8 2.1.3.2. Atos complexos .............................................................................. 9 2.1.3.3. Ato composto .................................................................................. 9 2.1.4. Modalidades de extinção do Ato Administrativo ................................ 10 2.1.4.1. Extinção natural ............................................................................ 10 2.1.4.2. Extinção subjetiva ......................................................................... 10 2.1.4.3. Extinção objetiva ........................................................................... 10 2.1.4.4. Caducidade ................................................................................... 10 2.1.4.5. Cassação ........................................................................................ 10 2.1.4.6. Revogação .................................................................................... 11 2.1.4.7. Contraposição ............................................................................... 13 2.1.4.8. Renúncia........................................................................................ 13 2.1.4.9. Anulação ....................................................................................... 13 Direito Administrativo II 600.04 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. (600.03) 2 www.cursoenfase.com.br ATO ADMINISTRATIVO 1. Apresentação Inicial Bibliografia: Celso Antônio Bandeira de Mello; Maria Silvia de Pietro; Hely Lopes Meirelles; José dos Santos Carvalho Filho e Marsal Justen Filho. A escolha do livro é algo muito pessoal, o professor sugere folhear na livraria antes de adquiri o livro. Estratégia de Estudo: não basta somente estudar pelo caderno, devem ser assistidas as aulas e selecionar uma doutrina para cada matéria. Comprar mais de um livro vai demandar muito tempo de estudo. É obrigatório ler o texto da lei, a jurisprudência e informativo do STF e STJ dos últimos dois anos. Concurso público exige preparação distinta de mestrado/doutorado, nestes se aprofunda muito no tema, no concurso público deve se ter uma boa noção sobre várias matérias. Decorar as súmulas vinculantes (importante). Conhecer também as súmulas do STF e do STJ. Preparação: algo também muito pessoal, mas é sugerido como método de estudo selecionar uma determinada matéria e estudá-la dois ou três dias na semana, fazendo rotatividade com outras matérias, o estudo fica mais dinâmico. Não fique muito tempo sem fazer as revisões de estudo. O tempo de estudo é sagrado e deve ser focado (esqueça as redes sociais durante os estudos). “Sem esforço não se chega ao resultado pretendido”. 2. Atos da Administração Pública O fato de um ato ter sido editado pela Administração Pública não significa que ele seja necessariamente um ato administrativo. Ato administrativo é uma espécie do gênero e existem outras espécies, por exemplo, ato privado, ato político, ato material. Ato privado é um ato deflagrado pela Administração Pública que é regido predominantemente por um regime de direito privado. A Administração Pública pode editar um ato com as mesmas características de um particular. Não há razão para separar o ato privado da Administração Pública de um ato particular. A peculiaridade é que é editado pela Administração. Atos políticos são atos da Administração Pública dotados de uma elevada valoração política. São dotados de uma carga política mais intensa. Ex.: ato que declara guerra a um estado estrangeiro, ato que concede extradição, ato que decreta expulsão, ato que nomeia Ministro de estado. Direito Administrativo II 600.04 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. (600.03) 3 www.cursoenfase.com.br Sindicabilidade: sindicabilidade denota a ideia de que todos os atos da administração são controláveis pelo Poder Judiciário, inclusive os atos políticos. O Poder Judiciário pode controlar os aspectos de legalidade dos atos políticos. Quem declara guerra é o chefe do poder executo, todavia se o ministro declara guerra o ato é ilegal. O papel do Judiciário em matéria de extradição é a verificação da regularidade do procedimento e o chefe do estado é quem avalia a conveniência ou não da extradição. O poder judiciário não pode adentrar no mérito do ato administrativo. O Judiciário não pode desconstituir atos políticos. Atos materiais: também chamados de fatos administrativos, não são atos administrativos, eles materializam uma vontade concreta da Administração Pública. Ex.: pavimentação de uma rua. Isso não é ato administrativo, a pavimentação pode decorrer de um ato administrativo, mas que com ele não se confunde. Ex.: uma enchente é um fato administrativo, desde que acarrete efeitos na Administração Pública. 2.1. Ato administrativo 2.1.1. Conceito: é uma manifestação de vontade da Administração Pública ou de quem age em seu nome, regida por um regime de direito público e que se destina a satisfazer o interesse da coletividade. Toda e qualquer definição deve contemplar três aspectos: o subjetivo, o formal e o objetivo. Aspecto Subjetivo: quem edita, qual o sujeito? Quem o edita é a Administração pública ou de quem age em seu nome (concessionárias que prestam serviços públicos). Do ponto de vista da dogmática é predominante que particulares podem editar atos administrativos desde que em nome da Administração Pública. Tanto é que pode ser impugnado pela via do mandado de segurança. Aspecto Formal: revela uma preocupação com o regime jurídico aplicável ao ato administrativo. É o ato regidode forma predominante por um regime público. O ato administrativo possui alguns atributos que outros atos não possuem. Aspecto Objetivo ou funcional: associado com o propósito do ato administrativo. O objetivo ainda que remoto deve ser a satisfação do interesse público. Se não for atendido há abuso de poder: excesso de poder e desvio de poder. Desvio de poder: abuso de poder caracterizado pelo afastamento do interesse público. O órgão é competente para editar o ato administrativo, mas o edita Direito Administrativo II 600.04 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. (600.03) 4 www.cursoenfase.com.br sem atender o interesse público. Gera nulidade do ato. Todo e qualquer ato administrativo tem essa missão de satisfazer o interesse público. O silencio da administração não é ato administrativo. É um tema recorrente em concurso. O silencio é a ausência do ato. Ato pressupõe uma manifestação de vontade, a ausência não pode ser encarada como ato. Entretanto, o silêncio pode produzir efeitos jurídicos negativos. O normal é que o silencio seja avaliado como negativa a uma pretensão. Por exemplo, quando o particular faz um requerimento e a Administração não se manifesta em determinado prazo, pode ensejar a interposição do mandado de segurança. Antes de falar sobre os atributos, deve ser frisado que o ato administrativo é a manifestação da vontade da Administração Pública e estuda-se o modelo de manifestação dessa vontade. Na década de 60 e 70, era nítida que a vontade da Administração Pública era exteriorizada de forma unilateral, sem ouvir o cidadão. Quando se falava de anulação de ato administrativo, predominava o entendimento de que a vontade da Administração Pública era manifestada de forma unilateral. Atualmente, fala-se em de um modelo de administração dialógica, consensual, que substitui o antigo modelo. A administração exerce um consenso, um diálogo com o particular. Deve editar atos observando procedimentos. Anular um ato viciado, pressupõe-se ouvir a outra parte, assegura-se o contraditório. A manifestação da vontade estatal que se materializa por ato administrativo é fruto de um processo dialético que conta com a participação do cidadão, necessidade de diálogo entre administração e particular. 2.1.2. Atributos do ato administrativo 2.1.2.1. Atributo da Presunção de legitimidade e veracidade: não é presunção de legalidade, legitimidade é algo mais amplo, abrange aspectos da moralidade, eficiência, proporcionalidade. Existe uma presunção iuris tantum – presunção relativa de que o ato administrativo foi editado conforme as normas do ordenamento jurídico. Além disso, há uma presunção de que a situação fática descrita pelo ato administrativo é verídica. Legitimidade para demonstrar a compatibilidade do ato com as normas jurídicas. Uma preocupação com a validade. Já a expressão da veracidade caracteriza a ideia de que o que o ato administrativo descreve é uma verdade, aquilo que foi descrito no corpo do ato descreve é verdadeiro. Indaga-se: qual princípio administrativo acarreta a presunção de legitimidade? princípio da legalidade, porque ele que faz surgir a presunção de legitimidade e veracidade do ato administrativo. A razão é porque o princípio da legalidade determina que o Direito Administrativo II 600.04 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. (600.03) 5 www.cursoenfase.com.br administrador somente pode agir de acordo com a autorização do ordenamento jurídico - Secundum lege. Enquanto o particular, em razão da autonomia e vontade, pode fazer o que quiser desde que a lei não proíba, o administrador somente pode fazer o que a lei autorizar, presumindo a veracidade do ato administrativo editado. Essa é a essência do princípio da legalidade. Essa a dinâmica, a lógica da presunção da legitimidade e veracidade Em concurso público é preciso avançar. O princípio da legalidade (conforme a lei) tem sido substituído pela juridicidade administrativa (mais apropriado). A ideia central é a de que o administrador deve atuar em conformidade com o ordenamento jurídico e não apenas com as leis. De acordo com o princípio da jurisdicidade administrativa o administrador pode atuar secundum lege, mas também pode atuar preter lege, na lacuna legislativa e contra lege, contrariamente ao texto legal. Exemplo: preter lege – na lacuna da lei, o CNJ editou a Resolução n. 07 que veda o nepotismo. Veja que se trata de um ato administrativo, pois o CNJ não edita leis propriamente ditas. A questão foi analisada pelo STF que entendeu que, de fato, mesmo sendo um ato administrativo, o CNJ pode dar densidade ao texto constitucional sem a necessidade de uma intermediação de uma lei. Atualmente há uma tendência de se admitir a edição de atos administrativos que concretizem o texto constitucional de forma direta, sem a intermediação de uma lei. Além disso, embora polêmica a discussão, eventualmente, há quem defenda a admissão de atos administrativos que contrariem uma lei por reputá-la inconstitucional. Critica doutrinaria sobre o atributo de legitimidade e veracidade do ato administrativo Da mesma forma que a Administração Pública, o particular, nas suas relações privadas, manifesta sua vontade, que segundo o princípio da boa-fé, também deve se presumir legítima e válida. Quando se defende a presunção de legitimidade e veracidade do ato administrativo, a conclusão a que se chega é que ocorre a inversão do ônus da prova, pois obriga o administrado, o destinatário do ato a apresentar as provas no sentido de que o ato é inválido. Daí surge a seguinte indagação: como assim inversão do ônus da prova? Ou seja, recai sobre o autor o ônus de provar a invalidade do ato administrativo, tendo em vista a sua presunção de legitimidade e veracidade, e com isso, ficaria exonerada a Administração Pública de provar a validade do ato. Direito Administrativo II 600.04 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. (600.03) 6 www.cursoenfase.com.br Ocorre que, na prática, há diversas situações que vem deslocando o ônus para a Administração Pública. Exemplo: particular ajuíza em face do INSS na justiça federal. O INSS sabe que está errado, mas não tem como refutar as alegações do autor na contestação. Diante disso, discorre sua defesa, nesse sentido: “Segundo Hely Lopes, o ato administrativo goza de presunção de legitimidade e veracidade, tendo em vista que a parte autora não comprovou o pedido que possui, o pedido deve ser julgado.” Nota-se que a rigor não há defesa, não existe conteúdo de defesa, o INSS pauta sua defesa na presunção de legitimidade e veracidade do ato administrativo. Assim, apesar de ainda existir a presunção de legitimidade e veracidade como atributo do ato administrativo, há severas críticas doutrinárias, com a tendência de deslocamento desse ônus para a parte ré, devendo o administrador provar que seu ato é válido. Há diversos exemplos em que o administrador terá o dever de provar que seu ato é válido. Isso acaba tornando sem sentido a afirmação de que a presunção da veracidade acarreta a inversão do ônus da prova. Na justiçafederal, já houve demandas em face da CEF (Caixa Econômica Federal) com o objetivo de recomposição de contas vinculadas ao FGTS. Para solucionar a lide, houve necessidade de o juiz determinar à CEF a juntada dos extratos das contas que os correntistas não mais mantinham, pois remontavam à época de 1980/1990. Outro exemplo é a multa de transito que decorre de uma infração e sua aplicação depende da observância do contraditório e ampla defesa. Deve, assim, a pessoa ser notificada da infração que somente é constituída posteriormente. Como o particular vai comprovar que não foi notificado? Essa prova de fato negativo é prova diabólica, impossível de ser feita. Nesse caso, a Administração Pública é quem tem que trazer aos autos a prova de que o infrator foi notificado. 2.1.2.2. Atributo da Imperatividade: aptidão que o ato possui de ser exigido independentemente da anuência do destinatário – administrado: está associada ao poder de império. Significa que Administração Pública pode impor unilateralmente sua vontade. Não precisa perguntar ao administrado se ele está de acordo, ela obriga o particular a fazer ou deixar de fazer alguma coisa, é comando obrigatório. Possibilidade de Administração Pública poder criar unilateralmente uma obrigação a ser atendida pelo particular. Isso não ocorre nas relações privadas, a não ser que haja um contrato prévio. De modo geral não existe. É muito importante, nem todos os atos administrativos são dotados de imperatividade. Direito Administrativo II 600.04 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. (600.03) 7 www.cursoenfase.com.br - ATOS ADMINISTRATIVOS DESPROVIDOS DE IMPERATIVIDADE Quais os atos que não possuem esse atributo? Atos negociais e atos enunciativos. - Negocial: ato que instrumentaliza um negócio jurídico, uma vontade da administração e do administrado, há um pacto, um consenso. São os atos que sequer podem ser editados de ofício pela Administração Pública, pois dependem de um requerimento. Pressupõe concordância, requerimento prévio e a Administração Pública avalia se vai consentir ou não. - Enunciativos: certidão (é um ato que reproduz uma informação constante dos assentamentos ou arquivos da administração) e atestado (é um ato que atesta, constata uma situação fática – “servidor não compareceu no dia tal porque estava doente”) A Administração Pública está apenas enunciando, que algo aconteceu. 2.1.2.3. Atributo da Auto-executoridade: o que mais aparece em prova. O mais polêmico. É o atributo que permite que o ato administrativo produza efeitos concretos, independentemente da anuência do Poder Judiciário ou de qualquer outro poder. A administração pode concretizar a sua manifestação de vontade, pode interditar um estabelecimento, apreender e destruir mercadorias. Não precisa aguardar o pronunciamento do Poder Judiciário ou de outro poder. Todavia, o tema não é simples, porque a dificuldade advém da identificação dos LIMITES da auto-executoriedade. Exemplo: é proibido construir nas margens da rodovia federal até o limite de 40 metros. O DNIT não está autorizado a demolir construções que violarem essa proibição. A auto-executoriedade pode ocorrer quando a lei expressamente autorizar a execução do ato administrativo; e quando a lei não autorizar expressamente, existir a situação de emergência. Nesse último caso, a inércia pode até mesmo ensejar a responsabilidade civil da Administração Pública. Pode ser que a concretização do ato administrativo ocorra sem a necessidade de contraditório prévio. Exemplo: em uma fiscalização, apreende o produto e depois garante o contraditório – o chamado contraditório diferido. Registre-se que o ideal é que a auto-executoriedade não seja vulgarizada, banalizada, até porque a Administração Pública pode ser até mesmo prejudicada. ATOS ADMINISTRATIVOS QUE NÃO POSSUEM O ATRIBUTO DE AUTO-EXECUTORIEDADE: Direito Administrativo II 600.04 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. (600.03) 8 www.cursoenfase.com.br - Multa: se o particular não pagar a multa, à Administração resta executá-la judicialmente. Há uma exceção em que multa não precisa ser executada judicialmente, é a multa fixada pelo TCU que é dotada de auto-executoridade, porque há previsão legal que prevê que em caso de não pagamento poderá ser descontada da remuneração do servidor. O STF reconheceu que essa multa é dotada de auto-executoriedade. - Decreto da desapropriação ou ato declaratório de desapropriação: se o proprietário discordar do valor oferecido, restará ao desapropriante ajuizar uma ação de desapropriação. 2.1.2.4. Atributo da Tipicidade: os atos administrativos devem ser editados dentre os tipos previstos no ordenamento jurídico. O administrador não está autorizado a inventar atos administrativos, deve editar atos dentre aqueles que o ordenamento jurídico prevê. Esse atributo - Tipicidade - é para destacar que em relação aos contratos administrativos vigora o atributo da atipicidade, porque nos contratos, o administrador pode criar tantos ajustes contratuais quantos forem necessários para satisfação do interesse público. Assim, conclui-se que: para o ato administrativo há tipicidade; para o contrato administrativo há a atipicidade. 2.1.2.5. Atributo da Exigibilidade: é o atributo que permite que o ato administrativo seja exigido, isto é, que produza efeitos concretos em razão de mecanismos indiretos de coerção – mecanismo indireto é uma medida que estimula a aderir ao preceito emanado do ato administrativo. Exemplo: condiciona a expedição da licença (ato administrativo) para condução de veículo ao pagamento das multas e tributos devidos. 2.1.3. Classificação dos Atos Administrativos I - Formação da vontade: separa os atos administrativos em atos simples, complexos e compostos. 2.1.3.1. Atos Simples: são formados pela manifestação de vontade de um único órgão público. Os atos simples dividem-se, por sua vez, em atos simples unipessoal ou singular e atos simples colegiado. Ato unipessoal é fruto da manifestação de vontade de um único órgão e de um único agente público. Por outro lado, o ato colegiado é fruto da manifestação de um único órgão, mas existe uma deliberação de forma colegiada para formação do ato. Ex.: ato administrativo do Conselho de Contribuintes. Direito Administrativo II 600.04 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. (600.03) 9 www.cursoenfase.com.br 2.1.3.2. Atos complexos – são atos formados por meio da manifestação de vontade de vários órgãos. É indispensável que mais de um órgão participe da formação do ato. A vontade se associa, originando o ato complexo. Entre os atos formadores do ato complexo não existe uma relação de hierarquia, uma relação de acessoriedade, uma relação de instrumentalidade, um não é principal e outro assessório, os atos são de igual relevância, um não é mais importante que o outro, eles se conjugam para que o ato seja formado. Exemplo 1: aposentadoria de servidor público – quando concedida deve ser registrada junto ao Tribunal de Contas da União - TCU (somente se aperfeiçoa após o registro).Deve ser salientado que atos podem ser considerados perfeitos e imperfeitos. Ato perfeito é o ato que já encerrou seu ciclo de formação. O ato imperfeito quando ainda não encerrou seu ciclo de formação. A aposentadoria foi concedida e o registro já foi feito, o ato nesse caso já se aperfeiçoou. Exemplo2: investidura do servidor público em seu cargo. Investidura se concretiza com a posse, mas ela compreende a nomeação e a posse. O comum é que o ato de posse seja editado elo chefe do Poder em que o servidor exercerá sua atividade e a posse é materializada por um ato emanado de uma outra autoridade – normalmente do chefe da repartição – nomeação e posse viabilizam o preenchimento do cargo público. Exemplo3: este é polêmico, pois alguns entendem como composto – nomeação em que a sabatina é exigida, porque a nomeação depende da indicação e da aprovação na sabatina. Tem a manifestação de vontade de um órgão e a manifestação de outro que faz a sabatina. A diferença entre ato complexo e ato composto não é tão simples. 2.1.3.3. Ato composto: para a maioria dos autores é aquele fruto da manifestação de vontade de um órgão, mas que precisa para ter os efeitos produzidos ser ratificado, homologado, aprovado, por um outro ato, oriundo do mesmo ou de outro órgão. Exemplo: parecer que precisa ser aprovado para produzir efeitos. Autorização de bem público que precisa de aprovação para produzir efeitos. Diferença entre ato complexo e ato composto: O ato complexo é fruto da manifestação de vontade de vários órgãos; o ato administrativo composto é fruto da manifestação de vontade de um único órgão que precisa ser complementado por outro órgão. No ato composto podem ter dois órgãos atuando, mas o que importa é que há uma vontade principal, entre os atos formadores do ato composto, existe uma relação de Direito Administrativo II 600.04 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. (600.03) 10 www.cursoenfase.com.br hierarquia, de acessoriedade, de instrumentalidade, de relevância, há uma vontade principal que terá seus efeitos liberados em razão do segundo. 2.1.4. Modalidades de extinção do Ato Administrativo 2.1.4.1. Extinção natural: resulta do natural cumprimento do ato. O ato atingiu seu resultado, seu propósito. O ato já exauriu seus efeitos, não precisa ser revogado. 2.1.4.2. Extinção subjetiva: resulta do desaparecimento do sujeito afetado pelo ato administrativo. Ex.: Autorização de fulano para usar determinado bem, e ele falece. 2.1.4.3. Extinção objetiva: resulta do perecimento do objeto. Autorização para uso do veículo e esse bem pega fogo. 2.1.4.4. Caducidade: normalmente, está associada à perda de um direito subjetivo em razão da inércia do titular; em matéria de ato administrativo não está ligada à inércia Esse atributo tem como causa, origem, a edição de uma lei superveniente que impede o ato administrativo de produzir efeitos. Ex.: Licença para explorar uma banca em uma calçada. Surge uma lei e determina que aquele local é bem público, assim a licença se extingue, em razão da lei de maior hierarquia. A expressão “Caducidade” na Lei n. 8.987.95 (Lei de Concessões). A Lei n. 8.987/95 prevê como espécie de extinção do contrato de permissão e concessão: a encampação, a rescisão e a caducidade. Encampação: A Administração Pública retoma o serviço, por razão de interesse público e a indenização deve ser prévia. Rescisão: falta contratual do poder concedente: deve ser ajuizada uma ação judicial para rescindir o contrato. Caducidade: causa é falta contratual da concessionária, não depende de decisão judicial, mas deve haver processo administrativo com contraditório. Veja que a expressão caducidade tem um significado para ato administrativo e outro em relação a contrato administrativo. 2.1.4.5. Cassação: é a extinção do ato administrativo decorrente de um comportamento do administrado que descumpre as condições necessárias para a subsistência do ato. Um detalhe importante: é muito comum a confusão entre cassação e anulação. A cassação não tem nada a ver com ilegalidade, inclusive a cassação só pode atingir ato válido. O que ocorre na cassação é uma irregularidade na execução do ato, não uma invalidade. O ato é válido, mas o administrado faz algo que justifica a sua extinção, então o ato é cassado. A cassação então produz efeito ex nunc. Direito Administrativo II 600.04 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. (600.03) 11 www.cursoenfase.com.br Exemplo: particular que recebe autorização para explorar o quiosque na praia e começa a vender droga mercadoria contrabandeada, assim a autorização não vai ser anulada, ela é válida, todavia ela vai ser cassada, precedida do contraditório e da ampla defesa. A tendência é que o ato administrativo que interferir no patrimônio deva ser precedido do processo administrativo. 2.1.4.6. Revogação: é a extinção do ato administrativo, resultante de uma reavaliação de conveniência e oportunidade, uma reavaliação do mérito administrativo. Somente é possível revogar ato válido. Revogação pressupõe a compatibilidade do ato com o ordenamento jurídico. A Administração Pública pode revogar seus próprios atos, independentemente do Poder Judiciário. Inclusive esse não está autorizado a revogar atos emanados de outros poderes. Segundo o professor, é preciso ter cuidado com esse tema em provas de concurso. O Poder Judiciário pode revogar seus atos administrativos, na sua função atípica administrativa. Há, porém, um discurso minoritário na doutrina que permite o controle de mérito pelo Poder Judiciário. Na verdade, não se trata propriamente de controle de mérito do ato administrativo (conveniência e oportunidade), há o controle da proporcionalidade do ato administrativo, quando se avalia se a atuação da administração é arbitrária ou não. ATOS ADMINISTRATIVOS QUE NÃO PODEM SER REVOGADOS - Atos que já exauriram seus efeitos – se já se concretizou, já se consumou, é impossível -sua revogação. - Atos vinculados – ato editado sem que exista espaço para valorização discricionária, não há avaliação de mérito. Preenchidos os requisitos legais, o ato vinculado deve ser editado. Não há reavaliação daquilo que nunca foi avaliado. Há uma exceção: licença para construir – é um ato negocial vinculado, todavia há uma jurisprudência consolidada - a licença para construir pode ser revogada até o momento que anteceder o início das obras, juridicamente ela se inicia a partir do momento em que a fundação é construída, é com a construção dos alicerces, sob o ponto de vista jurídico é que se inicia a construção. - Ato que já deu origem a direito adquirido – porque a CF/88 protege o direito adquirido (incorporado definitivamente ao patrimônio do administrado). - Atos meramente administrativos – atos que não comportam uma avaliação, uma carga decisória. Ex. um atestado, uma certidão, se a informação atestada, certificada estiver errada, não há espaço para revogá-las. Pode haver anulação. Direito Administrativo II 600.04 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. (600.03) 12 www.cursoenfase.com.br- Ato administrativo que integrando um procedimento é sucedido por um outro ato – exemplo procedimento licitatório – licitação já homologada, nesse caso o ato do edital não poderá ser revogado, ele pertence ao passado, está precluso. Claro que a licitação pode ser revogada, mas não um ato que já foi superado, ou seja, a edição do edital. Segundo o professor, essa hipótese pode ser classificada como mais um exemplo de um ato que já exauriu seus efeitos. Deve ser lembrado que o poder de retração da administração não é irrestrito. Em relação à licitação existe uma peculiaridade: A revogação do procedimento licitatório exige que a fundamentação seja em razão da superveniência do interesse público posterior ao certame, chamam-na de revogação condicionada, porque depende da ocorrência de um fato superveniente. Todavia, mesmo sendo a revogação um ato discricionário, precisa ser ele motivado, não desobriga o administrador do dever de motivá-lo, mesmo porque o artigo 50, da Lei n. 9.784 exige a motivação. Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: (...) Um dos temas mais polêmicos e que aparece em provas é o tema dos efeitos patrimoniais da revogação. Revogação gera direito a indenização? Exemplo: suponha que alguém se inscreva em concurso para juiz federal substituto. do TRF5. Providencia a reserva do hotel, compra a passagem de avião e no dia da prova, chega no local e se depara com o aviso de adiamento da prova. Trata-se de uma revogação pela Administração Pública que adia o dia da prova, por razões de conveniência e oportunidade. Todavia, nesse caso, indubitável que houve gastos pelo interessado. E para a pretensão de reparação de danos, há diversas ações nesse sentido. Na doutrina e na jurisprudência, predomina o entendimento de que, em regra, o particular deve arcar com os prejuízos decorrentes da revogação. Cada caso deve ser avaliado na sua particularidade, o que é injusto, segundo a opinião do professor, é a massificação do julgamento de improcedência do pedido nesse sentido, porque há casos peculiares em que de fato o interessado foi lesado, mas dificilmente a pessoa tem êxito. Nota-se que há uma frustração de expectativa legitima do interessado. Entendimento da jurisprudência é que enquanto a questão está sob judice não há direito a indenização. Outra situação acerca dos efeitos patrimoniais da revogação é a prevista na Lei de Licitação. Não há previsão sobre os efeitos da revogação do procedimento licitatório e em Direito Administrativo II 600.04 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. (600.03) 13 www.cursoenfase.com.br certas ocasiões, os interessados em participar do certame, dispendem recursos financeiros caros, vindo posteriormente a revogação pela Administração Pública. Nesse sentido, o raciocínio utilizado para refutar o direito à indenização é o mesmo utilizado para o interessado adjudicatário: como não há direito subjetivo do interessado adjudicatário em ser contratado, ele não pode exigir a título de indenização a percepção do que deixou de receber. Entretanto, não se mostra razoável, segundo a opinião do professor, deixar de indenizar o interessado que se propõe a participar do certame e que para ele verteu grandes recursos financeiros. Essa reparação é razoável, mas não há previsão na lei, como é previsto para o caso de anulação na lei de licitação (Lei 8.666/93), no artigo 59. É um tema que comporta questões discursivas. Deve também ser registrado que o ato administrativo mesmo sendo precário, a exemplo da permissão, muitas vezes obriga o administrado a fazer investimentos, em razão da legítima expectativa. E, na hipótese de revogação da permissão, em regra, não assegurar direito a indenização. Entretanto, há julgados em sentido contrário, condenando a Administração Pública. 2.1.4.7. Contraposição: nada mais é do que uma revogação tácita, é a extinção do ato administrativo, provocada por um ato superveniente que produz efeitos contrários ao ato que foi primeiramente editado. Ex.: João foi nomeado para um cargo em comissão, um mês depois João foi exonerado. No ato não foi falado que foi revogado, há implicitamente uma revogação tácita. 2.1.4.8. Renúncia: é a extinção do ato administrativo, provocada por uma manifestação de vontade do administrado. Não é somente a Administração Pública que atua para a extinção do ato. O particular pode renunciar ao direito que o ato lhe assegura pelo ato. 2.1.4.9. Anulação: extinção do ato administrativo, fundada numa ilegalidade, numa incompatibilidade com o ordenamento jurídico. Somente é possível anular ato inválido, ato ilegal. Ato válido não comporta anulação. A Administração Pública pode anular seus próprios atos. Súmula 346, do STF A Administração Pública pode declarar a nulidade dos seus próprios ato. Súmula 473 do STJ A Administração Pública pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revoga-los, por motivo de Direito Administrativo II 600.04 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. (600.03) 14 www.cursoenfase.com.br conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos a apreciação judicial. O poder judiciário, desde que provocado, pode anular atos administrativos, eivados de ilegalidade. A ele é permitido exercer esse controle externo da administração Pública. Antigamente, até o início dos anos 2000, precisava-se dizer que, enquanto a revogação de atos administrativos gera efeitos ex nunc, a anulação de atos administrativos gera efeitos ex tunc. Hoje, há possibilidade de se aplicarem outras soluções, a depender do caso concreto, dentre elas: anulação do ato administrativo com efeitos ex tunc; anulação com efeitos ex- nunc; anulação com modulação temporal; manutenção do ato inválido; Anulação do Ato Administrativo Quando o administrador se depara com o ato inválido, o mais comum é a anulação com efeitos ex tunc – da nulidade não se originam direitos. Isso se explica em razão do princípio da legalidade, decorrente do Estado de Direito. Anulação com efeitos ex nunc O ato administrativo, dependendo do caso, pode gerar efeitos ex nunc. É muito comum em matéria de servidor público, que recebe irregularmente uma gratificação por seis meses, que a tenha recebido de boa-fé. A jurisprudência predominantemente é no sentido de que não é preciso restituir quantia de natureza alimentar e recebida de boa-fé. Há, entendimento em sentido contrário, pela não aplicação dessa conclusão, ou seja, entende que não pode haver enriquecimento ilícito por parte do servidor público. Anulação com modulação temporal O terceiro caminho é o da anulação com modulação temporal, anulação orientada para o futuro. O princípio da legalidade não é o único princípio previsto no ordenamento jurídico, há outros que com ele convivem, o princípio da segurança jurídica e da confiança, e dependendo do caso, pode ser legitimo deslocar para o momento futuro a declaração de ilegalidade. Se é possível com a inconstitucionalidade, que dirá com um ato é apenas ilegal. Manutenção do Ato Inválido Um quarto caminho possível é a manutenção do ato inválido no ordenamento jurídico, um atoque tenha sido editado há muitos anos e que o discurso do tempo provoque uma irreversibilidade fática, impõe a necessidade de manutenção do ato. Não há mais tempo para a administração desfazer o ato inválido. Direito Administrativo II 600.04 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. (600.03) 15 www.cursoenfase.com.br Atualmente o artigo 54, da 9784/99, ampara a manutenção do ato inválido editado há mais de 5 anos, desde que não haja má-fé. Art. 54. O direito da Administração anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo má-fé. Em regra, na hipótese de má-fé predomina o entendimento de que a anulação pode ocorrer a qualquer tempo. Se houver boa-fé a anulação somente poderá ocorrer se não tiver decorrido o prazo de cinco anos da edição do ato. O prazo decadencial de 5(cinco) anos alcança os atos administrativos editados antes da publicação da 9784/99, todavia o prazo de anulação se inicia a partir da sua entrada em vigor. É possível deparamos com situações irreversíveis, mesmo que o ato seja editado há menos de cinco anos, ensejando a manutenção do ato: Exemplo: uma grande fábrica é instalada em determinado município, após editado o ato administrativo de autorização. Ela investe na construção e instalação de equipamentos, identificando-se, posteriormente, uma nulidade na autorização. Todavia, essa situação enseja a manutenção do ato administrativo, que a despeito do ato ter sido editado há menos de cinco anos, prestigia-se o princípio da confiança e segurança jurídica. Rezam os §§1º e 2º, do art.54, da Lei 9784/99 que: §1º No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de decadência contar-se-á da percepção do primeiro pagamento. §1º Considera-se exercício do direito de anular qualquer medida de autoridade administrativa que importe impugnação à validade do ato. Nota-se que o prazo decadencial previsto no §1º é contado a partir da primeira percepção.
Compartilhar