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Trabalho Final Macro edit raissa

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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA 
FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO, CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ECONOMIA 
Macroeconomia - Turma A 
Prof. Jacileno José Delgado Correia 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Jackson Ribeiro Souza 170069834 
Lara Liz Freire 170015297 
Nathália Nádya Serafim 17/0042677 
Raíssa Rodrigues Alves 170071596 
 
 
 
 
 
 
 
OS CICLOS ECONÔMICOS DA DITADURA MILITAR 
 
 
 
 
 
 
 
 
Brasília 
2017 
1. INTRODUÇÃO 
O período da Ditadura Militar foi um evento que marcou a história brasileira, inclusive 
economicamente. Esses efeitos ainda compõem a economia brasileira e faz parte do ciclo 
econômico brasileiro. 
Ao estudar os ciclos econômicos, as pesquisas e teorias fornecem dados que ajudam a 
compreender analiticamente os efeitos dos ciclos, as causas e os possíveis erros das experiências 
obtidas durante o mundo Pós Primeira Guerra Mundial e Grande Depressão e por conseguinte 
os efeitos que atingiram o Brasil na época da Ditadura e as medidas governamentais adquiridas 
diante do contexto vivido. 
2. DESENVOLVIMENTO 
2.1. Ciclos Econômicos 
Pode-se notar, hodiernamente, o crescimento não contínuo da economia e sim períodos 
de oscilações entre recessão e prosperidade. Esse fato é estudado na matéria de política 
anticíclica, em meados do século XIX, pelo economista John Maynard Keynes cujo foi 
instigado pela teoria das sete vacas gordas e sete vacas magras de José, a partir do registro 
bíblico. Diante disso, postulou-se que apenas oscilações, ou seja, eventos isolados, não são 
suficientes para construir uma teoria anticíclica e cada evento econômico é influenciado pelo 
histórico passado. A partir do começo desse estudo, desenvolvido por Keynes, houve avanços 
sobre pesquisas e postulados relacionados a ciclos econômicos. 
As primeiras teorias sobre os ciclos econômicos aceitas se deram em meados de 1890 
com grande influência da física por causa dos avanços das pesquisas nessa área. Dessa forma, 
a primeira teoria econômica, chamada de Manchas Solares, foi comparada a movimentos 
periódicos das ondas de luz e som por William Stanley Jevons. Essa teoria relaciona os ciclos 
de radiação desencadeando efeitos meteorológicos que explicariam a alternância de épocas de 
sete vacas gordas e sete vacas magras. Por considerar somente a base da agricultura como fator 
determinante no ciclo econômico, essa tese caiu em desuso e novas linhas de pensamento 
começaram a surgir. 
Os economistas começaram a estudar as oscilações da oferta e demanda de moeda em 
meados de 1950, seguindo essa linha e efeitos diretos e indiretos até atualmente. Nesse 
momento inicial, consideraram-se dois raciocínios: o primeiro que os bancos teriam dificuldade 
de descobrir uma taxa de juros de equilibro, sendo que nessa época o regime padrão-ouro era 
vigente, mantendo a taxa de câmbio fixa. E o segundo raciocínio, desenvolvido por Gottfried 
Haberler, é as flutuações da moeda afetando a quantidade de produto antes de afetar o nível de 
preços. Essa última hipótese ficou mais clara quando houve o surgimento da curva de Phillips 
(Gráfico 1.1) em que houve a possibilidade de estudar analiticamente o raciocínio. Além disso, 
atualmente, podemos perceber essa linha de pensamento por meio do gráfico de política de 
estabilização cuja quantidade de produção é alterada em curto prazo e o nível de preço em longo 
prazo por meio de choques na demanda ou na oferta agregada (Gráfico 1.2). 
Na mesma época de desenvolvimento da Curva de Phillips, houve o caso da experiência 
britânica como exemplo mais claros dos efeitos da assimetria de inflação- deflação e os choques 
na oferta e demanda agregada (SIMONSEN e CYSNE, 1995). Após a Primeira Guerra Mundial, 
a Inglaterra tentou voltar com o padrão-ouro, sem levar em consideração o aumento no nível de 
preços e por consequente a inflação. Nessa mesma época, o Brasil sentia os impactos das 
políticas na Europa, vivenciando a crise do café em 1929 por causa da sua economia, 
predominantemente, primária exportadora. Logo após esse evento econômico, a transição 
brasileira para uma economia mais industrializada com a exploração do mercado interno deu-
se mais forte. 
 
Gráfico 1.1 – Curva de Phillips Gráfico 1.2 – Equilíbrio de longo prazo 
Fonte: Instituto de Economia, 2016 
 Fonte: Mankiw, 2013, p. 208 
Na mesma linha de raciocínio de alterações na oferta de moeda, Joseph Schumpeter por 
volta de 1911, desenvolveu a teoria do desenvolvimento econômico relacionando as variações 
no investimento privado e seus efeitos reais levando em conta não somente efeitos monetários 
e introduzindo as inovações tecnológicas como causa. Além disso, Schumpeter muda a ótica de 
estudo ao pesquisar os períodos de prosperidade e recessão como efeito e não como uma causa 
do ciclo econômico. Essa tese ganhou mais validade com o surgimento do modelo Keynesiano 
cujo analisa a renda total, em curto prazo, sob a ótica dos gastos das famílias, governo e 
empresas (Gráfico 1.3 e Gráfico 1.4). 
 
 Gráfico 1.3 – Gasto planejado Gráfico 1.4 – Cruz Keynesiana 
 Fonte: Mankiw, 2013, p. 217 Fonte: Mankiw, 2013, p. 218 
 
O princípio da aceleração surgiu na mesma época, desenvolvida por Aftalion e John 
Maurice Clark em que subdividia a demanda em duas classificações: demanda de reposição e 
expansão, relacionando essa última com o nível de renda. Essa teoria interage com o artigo “O 
Modelo de Interação do Multiplicador e Acelerador de Samuelson” que resulta em soluções 
cíclicas efeitos de amortecedores e explosivos na economia. De forma geral, esse modelo gera 
um contexto mais instável que a realidade e superestima os ciclos econômicos (SIMONSEN e 
CYSNE, 1995). 
Os modelos mais atuais de ciclos econômicos estudam o comportamento do consumo e 
seus efeitos na produção geralmente baseados no modelo de ciclos de estoques desenvolvido 
por Lloyd Metzler. Essa tese estuda os atrasos na demanda causada pelas expectativas 
adaptativas quanto ao comportamento do consumo, diminuindo a quantidade de produção 
quando há excesso de demanda e aumentando-o quando a demanda cai. 
De forma geral, os modelos não costumavam considerar os aspectos de marginal a 
poupar, a possível acomodação da taxa de juros e sua relação com a tecnologia e vida útil das 
máquinas e das relações entre capital e consumo. A introdução da ideia de política fiscal 
compensatória de Keynes, desenvolvida na da Teoria Geral do Emprego, ajudou a mudar a 
teórica clássica dos ciclos econômicos e a considerar mais estudos a respeitos das ideias de 
Metzler. 
Os estudos de ciclos econômicos passaram a ter mais pesquisas após a Primeira Guerra 
Mundial, analisando o sistema padrão-ouro e falta de contrapeso no regime capitalista. Com a 
Grande Depressão, começaram-se estudos sobre políticas fiscais e econômicas e a consideração 
de ciclos de curto e longo prazo foi instigada com o choque do Petróleo em 1947. Desse modo, 
a economia mundial, conhecida atualmente, passou a enfrentar flutuações econômicas 
(SIMONSEN e CYSNE, 1995). 
 
2.2 Contexto socioeconômico do Brasil na ditadura militar (1964-1973) 
A partir da análise do governo brasileiro entre 1964 e 1985, denominado como regime 
ou ditadura militar, tem-se a presença de dois ambientes favoráveis para que tal regime 
autoritário se sustentasse por tanto tempo sobre uma população que se manteve pacificada 
durante grande parte do período. O cenário econômico internacional foi essencial para elevaçãoe manutenção do Brasil em um período de rápido crescimento contínuo. Além disso, o contexto 
brasileiro do Pós Guerra demonstrava um país fraco economicamente e majoritariamente 
agrário, dando espaço para que políticas de curto prazo funcionassem no país. Junto à 
urbanização, outros aspectos foram responsáveis pelo favorecimento do “milagre econômico” 
no regime militar, como a implementação de programas, por exemplo, o PAEG (Programa de 
Ação Econômica do Governo) e de políticas econômicas fiscais e monetárias. 
 
2.2.1. Crescimento econômico interno (1964-1973) 
Analisando o contexto do Brasil nas décadas de 50 e 60, pouco antes do Golpe Militar, 
percebe-se que o país tinha uma economia baseada fortemente no setor agrário (Gráfico 2.1), 
possuindo com isso, a maior parte da população brasileira morando na zona rural. A partir da 
implementação de políticas econômicas que fomentavam a industrialização no país, houve uma 
intensa urbanização, devido ao aumento da oferta de novos empregos no setor secundário. De 
acordo com Ferreira e Veloso, esse excessivo aumento da mão de obra nas cidades e o aumento 
contínuo da população mundial foram fundamentais para o crescimento do capital humano e, 
consequentemente, do PIB no período (Gráfico 2.2). 
 Gráfico 2.1 (Taxa de Urbanização Brasileira 1940 – 2010) 
 
Com isso, destaca-se que a ditadura ocorreu num momento de transição de setores, ou 
seja, o Brasil era um país que estava saindo de uma economia baseada na agropecuária a 
caminho para uma de base industrial. Segundo Ferreira e Veloso, países que estão nessa 
transição de setores da base econômica têm a tendência de aumentar sua produção, visto que o 
setor secundário naturalmente gera uma renda maior que o primário. Assim, evidenciou-se que 
tal mudança de setores, causou um impacto positivo momentâneo na renda do país. 
Com o objetivo de desenvolver altamente o país, durante o governo Castelo Branco, foi 
adotado o PAEG (Programa de Ação Econômica do Governo) entre 1964 e 1967 responsável 
pelo combate da inflação, que se apresentava alta em 1964. Para isso, de acordo com Veloso, 
Villela e Giambiagio, o governo aplicou uma política fiscal na qual os reajustes salariais, que 
ocorriam anualmente de acordo com o crescimento da inflação, foram abolidos a fim de que a 
inflação se estabilizasse e a renda do governo aumentasse. No entanto, segundo Hermann, essa 
medida só causava efeito positivo quando a inflação abaixava, pois os salários se valorizavam 
diante do preço dos produtos. Assim, tais políticas foram bem sucedidas no Brasil, havendo 
uma redução da inflação de 45,5% para 19,1% em nove anos (Gráfico 2.2), o que favoreceu a 
continuação desse ajuste fiscal durante parte do período ditatorial. 
Ademais, também foi adotada uma política tributária, na qual as taxas de impostos se 
elevaram, aumentando a poupança pública. E, segundo Cysne, houve medidas tarifárias como 
a extinção das taxas de exportações e a ampliação da linha de créditos para os demais países, 
nas quais aumentaram exponencialmente as exportações do país (Gráfico 2.2) a fim de 
possibilitar um potencial de compra do Brasil em relação aos produtos importados. Dessa 
forma, o país adquiria produtos e tecnologias externas que eram vistos como essenciais ao 
desenvolvimento contínuo do país almejado na época. 
Gráfico 2.2 (Economia Brasileira: Síntese de Indicadores Macroeconômicos) 
Fonte: Hermann, 2011, Cap. 3. p. 59 
 
Diante de tais melhorias associadas às ações do governo militar, o PAEG e o cenário de 
mudança estrutural brasileira favoreceram o desenvolvimento econômico do país e precederam 
o período conhecido como “milagre econômico” ou “milagre brasileiro”, de 1968 até 1973. 
Segundo Hermann, tal período ocorreu dentre os governos Costa e Silva (1968-1969) e Médici 
(1969-1973), momento em que a economia colhia os resultados de seu crescimento com o 
PAEG e com as políticas econômicas anteriores. Dessa forma, houve um intenso investimento 
interno na infraestrutura, através de obras que ficaram conhecidas por “obras faraônicas” devido 
a sua grandiosidade em tamanho e custos, sendo exemplo delas: a usina de Itaipu, a estação 
nuclear de Angra dos Reis, a rodovia Transamazônica. 
Além disso, segundo Cysne, a manipulação do governo e a concentração de poder no 
governo federal facilitaram a imposição do Ato Institucional 5. Tal Ato permitiu o ápice da 
censura em 1968 e a livre “caça” àqueles que se opunham ao governo. Com isso, a economia 
obteve um crescimento acima da média a medida que apenas dados positivos eram divulgados 
pelo governo, compondo o ambiente ideal para um regime autoritário alcançar seu auge. 
 
2.2.2. Crescimento econômico externo (1964-1973) 
A partir do período Pós Guerra, houve um crescimento generalizado dos países europeus 
e americanos em recuperação, ocorrendo uma expansão do comércio internacional. De acordo 
com Hermann, foi-se criado o mercado de eurodólares, aumentando a disponibilidade de 
créditos aos demais países, junto a um aumento da liquidez internacional, através da aplicação 
de juros baixos para empréstimos entre os países. Portanto, cabe ainda um favorecimento 
especial que os EUA tinham com o Brasil, devido ao seu posicionamento na Guerra Fria, ao 
qual o regime militar brasileiro, junto aos demais países latino-americanos, contribuiu para a 
ascensão do capitalismo posteriormente. 
Além disso, o cenário de expansão do volume do comércio internacional, devido à 
tendência de crescimento exacerbado da população mundial no período Pós Guerra, e o 
favorecimento dos termos de troca também foram importantes para o crescimento da economia 
durante o regime militar, afirmam Veloso, Villela e Giambiagio. Tais fatos macroeconômicos 
causaram um aumento da demanda mundial que gerou, consequentemente, um aumento na 
oferta de produtos, potencializando a produção mundial. Assim, o Brasil obtinha um ambiente 
propício para sua abertura econômica no cenário mundial, favorecendo a arrecadação da 
poupança pública por meio das exportações líquidas e, posteriormente, a ascensão no 
investimento externo direto e no Brasil como um todo. 
 
2.3. Os efeitos econômicos na ditadura 
2.3.1. A Inflação 
Sempre quando surge uma crise no Brasil, por menor que ela seja, com viés político ou 
econômico, por incrível que pareça, os arautos do conservadorismo e da desinformação adoram 
afirmar: “na época dos militares isso não teria acontecido” ou, “o melhor período da economia 
brasileira ocorreu com os militares”. É importante constatar que após o famoso Plano de Metas 
de Juscelino Kubitschek, no início da década de 60, a economia brasileira, de certa maneira, 
vinha mantendo sua trajetória de crescimento, mas em 62 o nível de investimentos e de 
crescimento industrial apontavam para a recessão no ano seguinte. Era um momento conturbado 
tanto do ponto de vista político, quanto econômico. A economia brasileira estava estagnada 
quando os militares começaram a governar. As finanças públicas estavam em frangalhos e a 
inflação anual se aproximava de 100%. 
A inflação chegava a taxas recordes, em torno de 51%, no setor externo, sucessivos 
déficits no balanço de pagamentos e a dívida externa acumulava-se. No final de 62, poucos 
meses antes do plebiscito que confirmaria o regime presidencialista foi apresentado por Celso 
Furtado, então ministro extraordinário para assuntos de Desenvolvimento Econômico, o Plano 
Trienal, uma reposta política à aceleração inflacionária e a vulnerabilidade externa brasileira e, 
ao mesmo tempo, objetivava a continuidade ao desenvolvimento do país. O Plano apresentado 
tinha fortes contornos ortodoxos, redução do gasto público, política monetária contracionista,para se ter uma ideia, em pronunciamento divulgado no início de 63, a própria CNI 
(Confederação Nacional da Indústria) manifestava seu integral apoio as medidas tomadas pelo 
governo. Para alguns economistas isso demonstrava as próprias limitações do enfoque 
estruturalista, já para outros, devido o contexto político e econômico, não havia outra saída, 
senão a aplicação de medidas ortodoxas. A tentativa de estabilização fracassou e em 63 a 
economia cresceu míseros 0,6% e com taxa de inflação anual superior a 83%. 
 Gráfico 3.1 – IPCA e INPC – 1980 – 1990 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: IBGE 
 
2.3.2. PAEG 
Com a desestabilização política interna e externa do governo democraticamente eleito, 
impediu a implementação de qualquer política de gestão econômica articulada, o resultado, 
infelizmente, todos nós sabemos, golpe militar. Com o regime militar, desenvolveu-se através 
do PAEG (Programa de Ação Econômica do Governo) políticas de estabilização econômica e, 
em conjunto, com transformações institucionais, principalmente no mercado financeiro, como 
por exemplo; a criação da correção monetária e do Banco Central, de certa maneira, prepara a 
economia para o milagre econômico e, também, aprofunda as características de um modelo 
econômico dependente e associado ao capital estrangeiro mantendo a matriz industrial 
implementada com o Plano de Metas. A literatura econômica considera milagre econômico, 
entre 68 e 73, período mais funesto da ditadura militar brasileira, taxas de crescimento acima 
de 10% ao ano, isso se deveu a reorganização do sistema financeiro brasileiro bem como a alta 
liquidez internacional e beneficiou-se do grande crescimento do comércio mundial e sua 
abertura comercial e financeira em relação ao exterior. Paralelamente, agravaram-se as questões 
sociais, com o aumento da concentração de renda e deterioração de importantes indicadores de 
bem-estar social. O milagre aprofundou as contradições estruturais e aprofundou e os problemas 
decorrentes de sua enorme dependência em relação ao capital internacional. 
 Gráfico 3.2 – Variação anual do PIB 
 
Fonte: IBGE 
A partir de 74, com a posse do general Geisel, seu grande desafio era dar prosseguimento 
ao crescimento econômico obtido no período anterior, mas internamente, havia clamores e 
manifestações para distensão política e, externamente, ocorreu o primeiro choque dos preços 
do petróleo e mais adiante uma elevação da taxa de juros norte-americana e outro choque dos 
preços do petróleo, mas a decisão de governo era a chamada “fuga para frente” ou como 
afirmaria o saudoso professor Barros de Castro, decidiu-se conduzir a economia brasileira em 
“marcha forçada”, com objetivos claros, inclusive, de justificar o golpe, haja vista, as tensões 
políticas e socais. O financiamento para viabilizar o Brasil potência em boa parte era realizado 
com empréstimos externos, via “petrodólares”, estava direcionado em sua grande maioria, as 
empresas produtores de bens de capital com forte apoio e regulação estatal. 
 
2.3.3. A População 
A década de 80 foi para os países da periferia e para o Brasil, um período adverso, 
caracterizado pelo que se convencionou chamar de crise da dívida. Ou seja, principalmente 
durante o milagre ocorreu uma captação de recursos no exterior e seu repasse para empresas de 
dentro do país, sem uma necessidade estrita de empréstimos externos. 
A entidade internacional World Population apurou que, em 1979, morriam 52 crianças 
por hora no Brasil. A desnutrição foi responsável, neste mesmo ano, por 52,4% dos óbitos entre 
crianças de até cinco anos de idade. O IBGE registrou, em 1981, que 70% da população não 
comia o necessário, e reconhecia de forma oficial a existência de 71 milhões de subnutridos no 
Brasil. Tudo isso em pleno período de “milagre econômico”. Ou seja, enquanto o “milagre 
econômico” registrava um aumento no PIB de 11,4%, em 1973, 13 milhões de crianças e 28 
milhões de adultos passavam fome no Brasil. Este ano também registrou a maior baixa salarial 
da história do Brasil, escancarando a contradição entre crescimento econômico e crescimento 
da miséria. 
Em 1979, um documento do Banco Mundial apontou que a saúde do brasileiro piorava 
a cada ano. No Nordeste, 30% dos menores de 18 anos se alimentavam com 400 calorias diárias, 
enquanto a cota mínima seria de 3 mil, e que cerca de 80% dos nortistas e nordestinos tinham 
uma expectativa de vida 14 anos abaixo daquela das elites sociais.Segundo dados do IBGE, 
entre 1960 e 1968, a mortalidade infantil subiu de 62,9 para 83,8 (por mil habitantes) em São 
Paulo. Em Belo Horizonte, de 1960 a 1972, o índice pulou de 74,2 para 105,3. Mesmo diante 
desse quadro, os investimentos da Ditadura Militar na área da saúde diminuíram com o passar 
dos anos. Em 1966, o Ministério da Saúde recebia 4,29% do orçamento federal; essa 
porcentagem foi caindo progressivamente, até atingir o percentual de 0,99% do orçamento, em 
1974. 
Portanto, o grande legado deixado pela ditadura, além é claro, da ausência de políticas 
públicas e sociais sem contar a censura, torturas, concentração de renda e da riqueza, atos 
institucionais etc., foram também, os constantes constrangimentos externos e forte processo 
inflacionário em ascensão. A crise da dívida externa desestruturou profundamente a economia 
brasileira, desestruturação essa, que sentimos e vivemos seus resquícios até os dias atuais. 
 
3.4. Consequências do “Milagre Econômico” 
As consequências das ações que geraram o “milagre econômico” brasileiro, foram 
percebidas ainda durante o período anterior a recessão mundial por conta da crise do petróleo. 
Uma das principais delas observada ainda nesse momento, foi um aumento na concentração de 
renda do país, ou seja, um favorecimento das pessoas de faixa de renda mais elevada. O Índice 
de gini (Gráfico 4.1), que é um indicador que meda o nível de desigualdade do país, apontou 
um aumento significativo dos anos 60 para os anos 70, evidenciando um impacto gerado pelos 
anos de chumbo, além de impactar os anos seguintes. Uma das razões para o aumento dessa 
desigualdade, além do investimento na criação de industrias e módulos comerciais, foi a 
diminuição salarial, que tinha como objetivo baratear os custos de produção das empresas. 
Gráfico 4.1 – Visão de Longo Prazo (Gini) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O gráfico 4.2 fomenta essa afirmativa, a partir do indicador que mede a fração monetária 
recebida por 1% da população mais rica do país, é possível notar um crescimento incomum 
após 1965. Já o gráfico 4.3 evidencia a lenta recuperação ao longo dos anos rumo a uma 
distribuição maior de renda entre a população. O principal problema ligado a essa desigualdade 
gerada pelas ações durante o período militar é um retrocesso relacionado ao desenvolvimento 
humano do país. 
 Gráfico 4.2 – Fração recebida pelo 1% mais rico (1927-1975) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Gráfico 4.3 – Fração recebida pelo 1% mais rico (1927-1975) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Outro resultado das ações, esse mais relacionado as questões econômicas do Brasil, foi 
o aumento da dívida externa, com o acelerado desenvolvimento econômico nos anos que 
perduraram o milagre econômico, foi necessário que o governo tomasse empréstimos para 
financiar suas ações, ela passou de US$ 3,7 bilhões em 1968 para 12,5 bilhões em 1973, ou 
seja, quadruplicou em um período de 6 anos. A dívida feita com FMI, ainda teve outros 
problemas posteriores a recessão no ano de 1982,foi necessário que o Brasil recorresse 
novamente ao fundo como última alternativa para enfrentar a crise. 
A ascensão econômica ruiu com a crise do petróleo que trouxe consequências como um 
déficit na balança comercial do Brasil, somando isso a dívida externa, ao aumento da 
desigualdade no país, as duas décadas seguintes foram marcadas por altas taxas inflacionárias, 
constantes remarcações de preços em decorrência da baixa estabilidade da moeda e dois planos 
econômicos fracassados. 
 
3. CONCLUSÃO 
Até o século XIX, os fenômenos econômicos de crescimento e recessão eram estudados 
em uma matéria denominada políticas anticíclicas, na qual se baseavam na teoria das Sete Vacas 
Gordas e Sete Vacas Magras contida em textos bíblicos. Na física, no período de 1890, 
começaram a desenvolver teorias sobre movimentos periódicos e contínuos, mas foi a partir de 
1950, com a Curva de Phillips, que surgiram as teorias de que os períodos de recessão estariam 
intrinsecamente relacionados a outros fatores históricos, sendo tanto a queda quanto a subida 
na economia composição de ciclos. Dentro dessa evolução da Economia, destacam-se os 
teóricos Metzler e Keynes como propulsores da visão dos ciclos econômicos a partir da relação 
entre o consumo e comportamento humano e a oferta e demanda do mercado, abrangendo 
políticas específicas para longo e curto prazo. 
Nesse contexto de ciclos econômicos, nota-se os efeitos destes na economia brasileira, 
principalmente na análise do período da ditadura militar. 
 
Referências Bibliográficas 
CYSNE, Rubens Penha. A economia brasileira no regime militar. São Paulo, v.23, n.2, 
1993. p. 185-225. Disponível em: 
<http://www.fgv.br/professor/rubens/HOMEPAGE/publica%C3%A7%C3%B5es/Artigos%20
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03 Fev. 2018. 
 
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MANKIW, N Gregory. Macroeconomia. 8 ed. Rio de Janeiro: LTC, 2016. 434 p. 
 
MIRANDA, V. M. D. et al. A evolução econômica no Brasil'. Adminstradores, [S.L], fev. 
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VELOSO, Fernando; FERREIRA, Pedro Cavalcanti. O Desenvolvimento Econômico 
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<https://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/14054/O_Desenvolvimento_E
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VELOSO, Fernando A.; VILLELA, André; GIAMBIAGI, Fabio. Determinantes do "milagre" 
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