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Resenha do filme O homem bicentenário

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Resenha do filme “O Homem Bicentenário”.
Introdução
Baseado na obra de Isaac Asimov, famoso escritor de ficção científica,
 “O homem Bicentenário” foi lançado em 1999 e retratou a jornada de um robô (interpretado por Robin Willians) que almejava tornar-se humano. As obras de Asimov são muito conhecidas pelas suas concepções filosóficas e suas relações com a humanidade. 
A trama do filme tem início quando uma encomenda que chega à casa da família Martin (chefe da família Richard), contendo um robô construído para realizar tarefas domésticas e logo se torna o robô da casa executando as mais diversas tarefas.
Este filme faz uma analogia com a abordagem existência fenomenológica que busca conhecer o ser humano e esse ser humano tem consciência do mundo que o cerca, dos fenômenos e da sua experiência consciente.  E podemos perceber algumas premissas da abordagem humanista existencial abordado no filme, como: autoconceito, a liberdade, a responsabilidade, a singularidade, a angústia da morte, a solidão e a empatia.
Objetivo Geral
O objetivo deste trabalho é fazer uma correlação entre o filme O Homem Bicentenário e as correntes filosóficas da abordagem humanista existencial.
Desenvolvimento
1. Autoconceito
Com o passar dos anos, Andrew adquire personalidade própria e passa a aspirar por sua liberdade e quando finalmente consegue, deixa de chamar a si mesmo de “isto” ou “coisa” e passa a chamar a si mesmo de Andrew, um gesto simbólico de que ele não é mais um eletrodoméstico, mas um indivíduo. A partir de então, Andrew começa aprender com seu dono Richard sobre os humanos. 
Na abordagem humanista existencial, Carl Rogers defende a ideia de um autoconceito como um padrão organizado e consciente das características individuais.  Para ele, a capacidade que o indivíduo tem de modificar consciente e racionalmente seus pensamentos e comportamentos, fornece a base para a formação de sua personalidade. Para Rogers, os indivíduos bem ajustados têm autoconceitos realistas (o que se é de fato) e o ideal para si (o que se deseja ser) e assim ia acontecendo com Andrew, cada vez mais ele foi se descobrindo e o aonde ela desejava chegar a ser. E a cada nova mudança ele passa a ter mais e mais características humanas.
Sartre, considerado o principal representante do existencialismo, define o homem pela ação. São os nossos atos que nos definem e que o importante não é o que se é, mas o que se faz. Andrew, era um robô, uma máquina, o importante não é como ele se apresentava fisicamente, mas o que ele fazia, realizava, pois, o que o definia eram as suas ações.
2. Liberdade
O tempo passa e Andrew foi cada vez mais se desenvolvendo, aos poucos ele percebeu que não queria apenas ficar servindo e recebendo ordens, começa a demonstrar sentimentos de se libertar da posição servil, ou seja, ele quer ser livre! Tomar as suas próprias decisões e fazer escolhas. Estudando em seus livros, Andrew acaba descobrindo como a liberdade é importante e o quanto o ser humano a almeja, e então, decide que quer possuí-la, que quer construir a sua própria vida, ter a sua liberdade e lutou por ela até conseguir.
Entender e almejar a liberdade talvez sejam o principal motivador neste mundo em que vivemos. Notamos que, em pleno século XXI, existem pessoas vivendo como escravas, sem poder buscar sua própria felicidade e realização pessoal.
O tema da existência humana foi trabalhado por diversos pensadores, mas é Kierkegaard que escreveu sobre a aparente falta de sentido da vida, da busca de sair desse tédio existencial e sobre a realização de escolhas livres. Assim, o homem, em sua liberdade, escolhe para definir sua natureza.
O pensamento existencialista defende, em primeiro lugar, que a existência vem antes da essência. Significa que não existe uma essência humana que determine o homem, mas que ele constitui a sua essência na sua existência. Esta construção da essência se dá a partir das escolhas feitas na sua existência, visto que o homem é livre. Nessa condição na qual o homem existe e sua vida é um projeto, ele terá de escolher o que quer ser e efetivar sua vontade agindo, isto é, escolhendo.
O que nos faz homens livres? O que é a liberdade? Aliás, o primeiro embate de Andrew será para ser livre, ser “dono do seu nariz”, pois, os robôs seriam quase como escravos, fazendo tudo por seus donos e sem reclamar. Mas, alguém pode perguntar: “ué, mas eles não foram construídos para isso?” Sim, mas e se o robô for consciente do significado da palavra liberdade e desejar possui-la? Andrew conquista sua liberdade, demonstrando que esta é uma aspiração básica, uma condição fundamental para um ser criativo. A luta de Andrew por essa possibilidade é muito tocante.
3. Responsabilidade
Andrew ganhou de seu dono uma conta bancária e dinheiro da venda dos objetos que criava, conquistando sua liberdade.  Passou a viver só em uma casa de dois cômodos e trabalhar por conta própria, recebendo muitas encomendas. Assim, ele sustenta sua existência por meio do seu próprio trabalho, não dependendo mais de seu antigo dono, nem no aspecto financeiro, nem para tomar qualquer decisão em sua vida. 
No existencialismo o homem é essencialmente livre para fazer as escolhas que quiser na vida, ou seja, é responsável por sua existência e destino. Contudo, com a liberdade de escolha, vem a responsabilidade pelo caminho tomado.
O sujeito é essencialmente livre e não determinado, pois não sabemos o que vai acontecer amanhã. Por isso, quando tem determinada atitude não é porque Deus ou o destino o quis, mas porque ele próprio fez uma escolha e deve arcar com as consequências disto; é sua responsabilidade, não de outrem. Para Heidegger, o homem está só, abandonado no mundo e este abandono gera angústia de assumir a responsabilidade de seus atos (lembrando Nietzche).
Portanto, aceitar a responsabilidade por nossas escolhas é tomar a rédea da nossa vida nas mãos. Segundo, Sartre: “Nós somos nossas escolhas”.
4. A singularidade
Apesar de se parecer com qualquer outro robô de mesmo modelo, Andrew apresenta uma singularidade em relação aos outros, o que é considerado uma espécie de anomalia, ou um defeito de fabricação: ele possui algumas características tipicamente humanas. Como, por exemplo, cito: o nome Martin (da família) é assimilado por Andrew, numa prova de fidelidade e respeito aos membros humanos da família, que mais do que donos, são considerados pelo robô, como seus amigos; a sua extrema curiosidade, que se mostra em momentos mais simples, como em querer aprender a contar piadas para fazer com que os outros riam; em momentos mais delicados, como no aprender a construir um cavalinho de madeira para substituir o de cristal que se quebrou e fazer com que a menina se sinta feliz de novo, ou tocar piano com ela; e em momentos mais particulares e cruciais para a escolha de um destino, como quando ele deseja conhecer o mundo e encontrar alguém como ele. 
Esta singularidade, demonstrada por Andrew, é descrita como a qualidade que uma pessoa ou ser vivo pode possuir para diferenciar-se do restante de seus semelhantes. 
Uma das características do existencialismo é a defesa da individualidade, dessa singularidade, da expressividade, ou seja, vários teóricos defendem uma psicologia compreensiva capaz de considerar o ser humano em sua singularidade e totalidade. Um deles é Kierkegaard que está voltado para a questão do indivíduo singular. Ele busca compreender a realidade existencial como a relação do indivíduo com a sua existência.
Outro teórico é Heidegger que situa o homem num comprometimento com sua identidade como um processo em construção.  Então, o homem não nasce com uma identidade, a existência precede a essência, ele passa a sua vida construindo a pessoa que finalmente acaba sendo (ser-no-mundo, o dasein) e no momento em que ele morre não é mais. O homem é um ser em construção sempre.
Na medida em que Andrew vai convivendo com a família e com o meio, ele vai apresentando sinais de possuir sensibilidade, criatividade e até sentimentosmais fortes. Com isso tornou-se querido e respeitado, não era mais visto somente como um empregado, mas como um membro da família.
5. A angústia da morte
Será que todas as pessoas que amo vai partir? Este questionamento é feito por Andrew, quando Amanda (filha mais nova de Richard) morre, para expressar a sua visão acerca da morte e de sua imortalidade. Entre eles foi criada uma relação de carinho, amizade e de respeito e esta relação perdura por muito tempo até o fim da vida de Amanda.
Como poder ser feliz neste mundo se a cada dia, as pessoas mais próximas a você estão caminhando para um fim e você não pode fazer nada para evitar isso, pois Andrew era um robô e para ele não tinha essa possibilidade da morte. E isto gerou angústia.
Para Heidegger, o mundo é uma grande indeterminação, pois não sabemos o que vai acontecer amanhã. Amanda morre e a partir de então, Andrew percebe que todos os que conhecem morrerão um dia. Aceitar a morte é muito difícil e pensar nela também, tanto a nossa morte quanto daqueles que nós amamos. Porque, quando pensamos na possibilidade da morte entramos em desespero. Quantas vezes, perdemos o chão, porque, tudo nos parecia tão perfeito. Andrew precisou de uma nova chance, precisou se reestruturar, se reconstruir, encontrar um novo projeto, se reinventar para seguir adiante. 
Segundo Heidegger, quando o ser assume sua condição de “indivíduo” estabelece projetos e cria possibilidades. Quando aceito que a vida um dia vai ter um fim, me torno criativo. Foi assim que aconteceu com Andrew. Ele ganha um sistema nervoso e muitos outros órgãos que o fazem capaz de comer, sentir emoções e sensações. Andrew torna-se, literalmente, humano. Ele foi capaz de abrir-se para novos ideais, novas experiências, novos riscos.
6. A solidão
          A complexibilidade de ser “humano” perpassa por questões de cunho biológico, nos diferenciando de outras espécies, mas não somente por elas. Nascemos sozinhos, crescemos sozinhos e tomamos atitudes sozinhas, por maior, ou melhor, que sejam as companhias ao nosso redor, a chancela de aceitar ou não se submeter ao outro cabe somente a nós. Para Heidegger a solidão, enquanto condição da filosofia e da existência humana em geral, se exprime por via daquilo a que costumamos chamar de saudade e que Heidegger procura conceber a partir do que designa como tédio profundo. 
           O vazio / tédio diante da existência infinita faz Andrew procurar os semelhantes da mesma espécie, mas ele mesmo já não se reconhece como robô. 
Parte em busca de aproximar-se ao máximo da figura humana, tentando ter não só o sentimento provocado pelas emoções humanas, mas agora as expressões básicas que se faz identificável em qualquer lugar do mundo, pela facilidade de se “enturmar” e ser aceito, para não estar sozinho.
A angústia que a sua infinidade gera é tamanha que Andrew chega a pedir para conversar com alguém que nitidamente ele não gosta e que por via também não gosta dele, com a necessidade de se fazer parte de algo. Na cultura Mexicana, no dia dos mortos há festas com altar para todos os familiares mortos, na crença deles, cada parente que é intuído nesta noite recebem em um mundo paralelo suas oferendas. Caso a família esqueça-se de colocar a foto desde parente no altar o mesmo é esquecido de vez e então ele sai desse mundo paralelo e de fato para de existir.
Só existimos quando ainda sentimos fazer sentido, para nós ou para alguém, vivendo assim ao menos nas lembranças. Assim, Heidegger diz -nos que — no centro do próprio acontecimento da filosofia — está uma “saudade” ou “nostalgia” (Heimweh), um “impulso” ou uma “pulsão” (Trieb); mas diz-nos também que — na base do acontecimento em questão — se acha uma “exigência” ou “petição” (Verlangen): um ser “chamado” ou “interpelado” (angerufen) por “algo” (Etwas). Trata-se, pois de um acontecimento em que aquilo de que se sente “saudade” ou “nostalgia” — para que se tem “impulso” ou “pulsão” — é algo cuja presença se “exige” ou “reclama”. E esse algo — esse algo que nos “chama” ou “interpela” — é para Heidegger o “mundo” (Welt): o mundo “no seu todo” ou na sua “totalidade” (im Ganzen). 
            Dito de outro modo: o mundo na sua totalidade é aquilo de que (no acontecimento da filosofia) se sente “saudade” ou “nostalgia”; aquilo para que (na filosofia) se “tende” ou é “impelido”; aquilo que nos “interpela” ou “solicita” — mas de tal sorte que essa “saudade” ou “nostalgia”, essa “tensão” ou “pulsão”, etc., têm como “objeto” o mundo no seu todo e visam constituir o mundo no seu todo enquanto “casa”.
7.  A empatia
Os laços empáticos entre a ‘menininha’ e Andrews são evidentes. Segundo Carl Rogers, esta é a capacidade de emergir no mundo subjetivo do outro e de participar da sua experiência, na extensão em que a comunicação verbal ou não verbal permite.
Na cena onde o cavalinho de cristal que era da “ menininha” se quebra Andrew percebe a tristeza da mesma e vai para casa tentar fazer algo semelhante, fez um cavalo talhado na madeira para que agora  o mesmo não mais se quebre. Para que isso tornasse real ele precisou sentir o que ela sentia, compadecer do mesmo sentimento e dentro do mundo dela entendeu que essa era a forma de fazer a menininha novamente feliz, com seu novo brinquedo.  
     A eterna busca de Andrews não resumisse a parecer humano mas sofrer de fato ás questões advindas da humanidade e tentar ser aceito dentro das suas arbitrariedades, como todo ser humano faz e refaz dia após dia. Cenários de um filme tornando-se plano de fundo para as situações dos personagens e às vezes interagem com seres vivos, tornando-se parte da sua existência. Podemos dizer, que os cenários, objetos e tudo que nos cerca, mesmo que não possuem vida própria é parte de nossas vidas, podendo inclusive, nos levar a escolher outro caminho.
               
8. Conclusão
               A saga de Andrews perpassa por 200 anos, até que o mesmo (morre/para de funcionar) após ter adquirido praticamente todas as características humanas, de sentimentos a funções biológicas como a capacidade de sentir dor e chorar.
                E no fim, Andrew morre com o que aparentemente parecia ser seu objetivo final, ele lutou para ser reconhecido como humano e ganha na justiça o direito de ser reconhecido e tratado como um ser humano mas infelizmente, minutos antes da anunciação Andrews não resiste vem a falecer. Uma frase impactante é de sua companheira, ao atestar o seu falecimento e ver o resultado do julgamento, ela diz: - “Talvez ele não precisasse ter visto, pois já sabia desde o começo que sua busca iria concretizar-se mais cedo ou mais tarde”.
A grande questão que nos cerca é: - O que realmente nos faz humano? A singularidade, a pluralidade dos nossos feitos, o biológico ou a forma de se relacionar, cada teórico em sua própria ciência defenderá uma pratica única que por vias sim, falará dos aspectos básicos humanos, mas nunca uma única compreensão revelará a grandeza e a complexibilidade de ser homo sapiens.

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