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Ponto 06 direito civil prescrição e decadência

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Ponto 06
à PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA
PROF. AGNELO AMORIM FILHO (tese adotada pelo CC/2002)
- A prescrição está associada a ações de carga predominantemente condenatória, ou seja, que envolvem direitos subjetivos.
- A decadência, por sua vez, diz respeito a ações que envolvem direitos potestativos e às ações constitutivas. Art. 169, CC: o negócio jurídico nulo não convalesce com o tempo – ações que pretendem anular negócio jurídicos possuem natureza constitutiva negativa.
- A tese de Agnelo prevalece, inclusive, sobre entendimentos e até súmulas jurisprudenciais. A exemplo, a sumula 494 do STF, que estabelecia que Ra de 20 anos o prazo decadencial para anular a venda de ascendente a descendente sem o consentimento dos demais. Tratando-se de pretensão anulatória, a ação possui natureza constitutiva negativa, de modo que sujeita-se ao prazo decadencial do art. 179, que é de 2 anos à Enunciado 368, CJF/STJ,
- As ações de cunho declaratório não estão sujeitas nem à decadência nem à prescrição.
Prescrição
- Prescrição da pretensão – art. 189, CC: Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, nos prazos a que aludem os arts. 205 e 206.
- A prescrição que extingue a pretensão (positiva e negativa) é uma sanção ao titular do direito violado.
- A prescrição, por independer da vontade humana, é fato jurídico strito sensu, prevendo a lei, para sua ocorrência, efeitos naturais decorrentes da extinção da pretensão.
- Os prazos prescricionais estão previstos nos art. 205 e 206 do CC. O 206 prevê o prazo prescricional para pretensões condenatórias específicas, ao passo que o 205 estabelece o prazo geral para pretensões que envolvem direitos subjetivos (reais e pessoais), mas que não estão elencados no dispositivo seguinte.
- Art. 189. Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, nos prazos a que aludem os arts. 205 e 206. à Enunciado n. 14, CJF/STJ: 1) O início do prazo prescricional ocorre com o surgimento da pretensão, que decorre da exigibilidade do direito subjetivo; 2) o art. 189 diz respeito a casos em que a pretensão nasce imediatamente após a violação do direito absoluto ou da obrigação de não fazer.
- Não obstante a contagem de prazos prevista no Enunciado n. 14, CJF/STJ, a jurisprudência do STJ vem adotando a teoria da actio nata, pela qual o prazo prescricional deve ter início a partir do conhecimento da violação ao direito subjetivo. Pelo princípio da boa-fé, essa tese seria, de fato, mais justa.
- A teoria da actio nata é o teor da Súmula n. 278. STJ: “o termo inicial do prazo prescricional, na ação de indenização, é a data em que o segurado teve ciência inequívoca da incapacidade laboral“. Ver também: STJ, REsp 1020801/SP, Rel. Min. João Otávio de Noronha, j. 26.04.2011 – erro médico – indenização da data do conhecimento do dano.
- A teoria action nata foi adotada em sede legislatuva pelo art. 27, CDC: Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados por fato do produto ou do serviço prevista na Seção II deste Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria.
- Art. 190, CC: A exceção prescreve no mesmo prazo em que a pretensão. Enunciado 415, CJF/STJ: art. 190 do Código Civil refere-se apenas às exceções impróprias (dependentes/não autônomas). As exceções propriamente ditas
(independentes/autônomas) são imprescritíveis.
- O art. 191 admite a renúncia da prescrição pela parte que dela se beneficia, renúncia esta que somente é possível após a consumação da prescrição. Essa renúncia pode ser expressa ou tácita, conforme se extrai da redação do dispositivo em comento: “a renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, e só valerá, sendo feita, sem prejuízo de terceiro, depois que a prescrição se consumar; tácita é a renúncia quando se presume de fatos do interessado, incompatíveis com a prescrição”.
- Conforme dita o art. 192, o prazo prescricional não pode ser alterado por acordo entre as partes.
- O art. 193 enuncia que a prescrição pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição, pela parte a quem aproveita. Súmula 150, STF: prescreve a execução no mesmo prazo de prescrição da ação.
- O art. 195 dispõe que os relativamente incapazes e as pessoas jurídicas têm ação contra os seus assistentes ou representantes legais, que derem causa à prescrição, ou não a alegarem oportunamente.
- O art. 196, por fim, coloca que a prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o seu sucessor à a continuidade da prescrição ocorre tanto em decorrência de ato mortis causa quanto inter vivos (sucessão de empresas).
Impedimento, suspensão e interrupção da prescrição:
	- No impedimento, o prazo não começa. Envolve situações entre pessoas.
	- Na suspensão, o prazo para e depois continua de onde parou. Envolve situações entre pessoas.
	- Na interrupção, o prazo para e depois é reiniciado. Está relacionada a atos do credor ou devedor.
Os casos de impedição ou suspensão estão nos art. 197 a 201:
Art. 197. Não corre a prescrição:
I - entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal. Enunciado 296 CJF/STJ: não corre a prescrição entre os companheiros, na constância da união estável.
II - entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar – prescrição se inicial com o advento da maioridade.
III - entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou curadores, durante a tutela ou curatela.
Art. 198. Também não corre a prescrição:
I - contra os incapazes de que trata o art. 3º (absolutamente).
II - contra os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados ou dos Municípios. Quanto aos ausentes dos art. 22 a 29 à Enunciado 156 CJF/STJ: desde o termos inicial do desaparecimento, declarado em sentença, não corre a prescrição contra o ausente.
III - contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo de guerra.
Art. 199. Não corre igualmente a prescrição:
I - pendendo condição suspensiva;
II - não estando vencido o prazo;
III - pendendo ação de evicção.
Art. 200. Quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal, não correrá a prescrição antes da respectiva sentença definitiva.
Art. 201. Suspensa a prescrição em favor de um dos credores solidários, só aproveitam os outros se a obrigação for indivisível.
Os casos de impedimento são:
Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á:
I - por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o interessado a promover no prazo e na forma da lei processual;
II - por protesto, nas condições do inciso antecedente;
III - por protesto cambial;
IV - pela apresentação do título de crédito em juízo de inventário ou em concurso de credores;
V - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;
VI - por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento do direito pelo devedor.
O parágrafo único do art. 202 sublinha que a prescrição interrompida recomeça a correr da data do ato que a interrompeu, ou do último ato do processo para a interromper à reinicio da contagem de prazo
- ARt. 203: A prescrição pode ser interrompida por qualquer interessado à princípio da operabilidade; cabe ao juiz apontar que seria o interessado no caso concreto.
- Art. 204: A interrupção da prescrição por um credor não aproveita aos outros; semelhantemente, a interrupção operada contra o co-devedor, ou seu herdeiro, não prejudica aos demais coobrigados à CARÁTER PERSONALÍSSIMO DA INTERRUPÇÃO. Exceção: quando houver solidariedade prevista em lei ou no contrato (solidariedade não se presume); este é o teor do parágrafo primeiro do art. 204: a interrupção por um dos credores solidários aproveita aos outros; assim como a interrupção efetuada contra o devedor solidário envolve os demais e seus herdeiros. O § 2º abriga norma específica nos casos dos herdeiros do devedor à A interrupção operada contra um dos herdeiros do devedor solidário não prejudica os outros herdeirosou devedores, senão quando se trate de obrigações e direitos indivisíveis. Finalmente, o § 3º dispõe que a interrupção produzida contra o principal devedor prejudica o fiador à tudo que ocorre na obrigação principal repercute na obrigação acessória.
Decadência
- Inovação do CC/2002.
- É a perda de um direito em decorrência do seu não exercício.
- A decadência pode ser legal ou, então, decorrer da autonomia privada (decadência convencional).
 - O art. 207 dispõe que a decadência, em regra, não se sujeita às causas de impedimento, suspensão e interrupção que regem a prescrição.
- Exceção a esta regra já é verificada, no entanto, no artigo seguinte: art. 208: aplica-se à decadência o disposto nos art. 195 e 198, I. Aqui está garantida, também, a ação regressiva quando os representantes de incapazes e pessoa jurídicas deixam de alegar a decadência.
- O art. 209 enuncia que as partes não podem dispor da decadência legal, sendo a sua renúncia nula à é nula a renúncia à decadência fixada em lei. Quanto à decadência convencional, entende-se, portanto, que aplica-se o art. 191, por analogia, cabendo a renúncia somente após a sua consumação.
- Também específico em relação à decadência legal, o art. 210 enuncia que a decadência legal deve ser conhecida de ofício pelo juiz à “Deve o juiz, de ofício, conhecer da decadência, quando estabelecida por lei”.
- O art. 211, referindo-se à decadência convencional, dita que esta somente pode ser alegada – em qualquer grau de jurisdição – pela parte a quem aproveita, não podendo o juiz suprir a alegação à decadência convencional não pode ser reconhecida de ofício.

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