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8. Capital de Giro

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08 – Capital de Giro
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O ativo circulante (AC) também reconhecido como capital de giro (CG) ou capital circulante (CC) é o grupo de maior liquidez do ativo de uma empresa e a sua dimensão depende fundamentalmente de suas atividades operacionais. 
O ativo circulante se caracteriza especialmente pela duração curta e pela rápida conversão de seus elementos.
Por duração se entende um período de um ano. 
As contas desse grupo também se caracterizam pelo rápido processo de transformação de seus componentes em outros do mesmo grupo e reconversão.
Esse grupo de contas apresenta um fluxo permanente e contínuo de recursos entre seus elementos.
 Interpretando Capital de Giro
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O ativo circulante é formado por: 
Disponibilidades: caixa, bancos, títulos de negociação imediata;
Valores a receber: duplicatas, contas e aplicações de curto prazo;
Estoques: matéria-prima, produtos em fabricação, produtos acabados, materiais em geral, embalagens;
Despesas diferidas: valores pagos de produtos ou serviços ainda não recebidos.
 Interpretando Capital de Giro
Figura 1: Fluxo do Ativo Circulante
A Figura 1 mostra a inter-relação entre as contas do ativo circulante e identifica um fluxo contínuo e permanente de recursos entre seus elementos. O circulante está em constante mutação. Quanto maior a rotação menor será a necessidade de capital de giro e maior a rentabilidade. 
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Capital de giro (circulante) líquido.
Os recursos identificados no passivo são próprios ou de terceiros. A demanda dos recursos de terceiros deve destinar-se exclusivamente para ativos circulantes. Os recursos de terceiros são duplicatas a pagar, empréstimos bancários e outras exigibilidades circulantes. 
A falta de sincronização entre os itens circulantes, onde os recursos captados a curto prazo não são adequadamente suficientes para financiar todas as necessidades do ativo circulante, e nesse caso, recursos permanentes serão aplicados em ativos circulantes. 
Dessa forma, o conceito Capital Circulante Líquido – CCL ocorre quando há excesso de aplicações no curto prazo em relação às captações de recursos de curto prazo.
Capital Circulante Líquido
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O Capital Circulante Líquido - CCL pode ser definido como sendo a diferença entre o ativo circulante e o passivo circulante.
Há autores que defendem que o CCL é melhor definido pelo excedente dos recursos permanentes, conforme expresso a seguir:
O CCL é o volume de recursos a longo prazo (próprios ou de terceiros) aplicados no ativo circulante. 
Capital Circulante Líquido
CCL = Ativo Circulante – Passivo Circulante
CCL = Passivo não Circulante – Ativo não Circulante 
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Em termos de valor, o CCL pode assumir uma das seguintes situações.
Capital Circulante Líquido
Figura 2: Possíveis Estruturas do CCL
A estrutura “a” da Figura 2 mostra ausência de folga financeira. A empresa pode ter desequilíbrios financeiros.
A estrutura “b” mostra desequilíbrio financeiro e parte do ativo longo prazo é financiado com recursos de curto prazo.
A estrutura “c” mostra folga financeira, as exigibilidades de curto prazo financiam apenas parte do ativo circulante.
Parte dos recursos de longo prazo estão financiando aplicações de curto prazo.
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Capital Circulante Líquido
Figura 3: Modelos de Capital Circulante Líquido
Estrutura A:
CCL positivo, folga financeira; 
Recursos oriundos do longo prazo.
Estrutura B: 
CCL negativo, folga financeira negativa
Recursos correntes financiando investimentos permanentes.
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Interessados em identificar e demonstrar que o capital de giro tem um comportamento dinâmico, pesquisadores, entre eles o brasileiro Haroldo Vinagre Brasil, da Fundação Dom Cabral, estudaram em 1975, na França, junto com Michel Freuriet, e anos seguintes no Brasil, um modelo de análise financeira.
 
Recolheram informações de empresas de diferentes setores e em 1978 publicaram o primeiro livro A Dinâmica Financeira das Empresas Brasileiras e um ano depois Michel F., Ricardo K. e Georges B. lançaram o segundo livro Planejamento Financeiro das Pequenas e Médias Empresas, hoje esse livro está publicado com o nome de Modelo Fleuriet: A Dinâmica Financeira das Empresas Brasileiras. 
Haroldo Vinagre Brasil e Haroldo Guimarães Brasil publicaram Gestão Financeira das Empresas: um modelo dinâmico.
Análise Dinâmica do Capital de Giro
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À medida que as informações foram processadas, os pesquisadores perceberam que havia uma necessidade de reclassificar as contas ativas e passivas circulantes.
 As contas operacionais podem ser classificadas observando o funcionamento da empresa.
 O sistema produtivo se assemelha a uma roda girando, a uma certa rotação, de acordo com o tipo de negócio.
 As contas se repetem no mesmo ritmo médio, onde cada atividade ocorre numa certa cadência, que pode ser alterada com introduções de mudanças estruturais no processo produtivo.
Classificação Funcional das Contas
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Figura 4: Movimentações das Contas Operacionais
Recebimentos de Duplicatas
Entradas 
de Caixa
Faturamento 
Vendas de Produtos 
Estocagem de Produtos Acabados
Estocagem de Produtos Semi-Acabados
Pagamentos 
de Salários
Pagamentos de Fornecedores
Pagamentos de Encargos e Impostos
Compras 
de Matérias-Primas
Saídas 
de Caixa
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 A reclassificação implica em agrupar as contas por afinidade em três grupos básicos, homogêneos entre si, formando um sistema que retrata a empresa como um todo: 
Estratégicos: são as contas cuja movimentação é restrita da alta administração.
Operacionais: são as contas que guardam relação com a atividade fim da empresa, estão vinculadas ao seu negócio.
Táticos: são contas de curtíssimo prazo, não guardam relação com a atividade fim da empresa, geralmente administrados pela tesouraria.
Classificação Funcional das Contas
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Na análise da liquidez os indicadores operacionais como liquidez corrente, imediata, seca e giro do circulante são de uso generalizado.
Para melhorar a qualidade dessas informações a metodologia do estudo da posição de equilíbrio de uma empresa propõe reclassificar ativos e passivos circulantes entre valores financeiros (erráticos) e operacionais (cíclicos).
Ao empresário interessam informações que permitam administrar melhor a empresa, para continuar honrando seus compromissos e manter a empresa funcionando. 
A permanência da empresa interessa a todos os parceiros: acionistas, financiadores, empregados, fornecedores, clientes e governo.
Classificação Funcional das Contas
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A contabilidade precisa ser funcional com enfoque sistêmico. 
Para ser funcional é necessário reclassificar as contas conforme sua relação com as operações da empresa.
Para ser sistêmico é preciso dispor de um modelo com visão da empresa como um todo, sob a ótica financeira.
Classificação Funcional das Contas
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Os ativos e passivos financeiros são valores circulantes com características financeiras, sem vínculo direto com a atividade operacional. Os valores do ativo chamaremos de Ativo Financeiro – AF e os do passivo de Passivo Financeiro - PF.
Ativos e Passivos Financeiros
Caixa
Depósitos bancários à vista
CDBs
Poupança
Open market
AF
 Financiamentos
Duplicatas descontadas
Dividendos a pagar
IR a pagar
Títulos a pagar
PF
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Ativos e passivos circulantes operacionais são valores ligados às operações das empresas. Suas contas guardam estreita relação com a atividade fim (operacional) da empresa. Seus volumes dependem da dimensão de negócios (produção e vendas) e da forma como a empresa opera (dimensões, prazos de vendas/comprase estoques). Os valores do ativo são chamados de Ativo Circulante Operacional –ACO e os passivos de Passivo Circulante Operacional – PCO.
Ativos e Passivos Operacionais
Duplicatas a receber
Estoques
Provisões
Adiantamentos
ACO
Fornecedores
Salários a pagar
Impostos a pagar (sobre operações)
Contribuições sociais a recolher
PCO
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Valores ativos e passivos não circulantes:
 O ativo permanente (fixo ou não circulante) representa o volume de recursos inscritos como valores de longo prazo.
 O passivo permanente abrange duas fontes de recursos de longo prazo: patrimônio líquido e exigibilidades.
Ativos e Passivos Permanentes
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Reestruturação Patrimonial
Figura 4: Reestruturação Patrimonial
Onde: 
AF é ativo financeiro;
PF passivo financeiro; 
ACO ativo circulante operacional; 
PCO passivo circulante operacional; 
AP ativo permanente;
PP passivo permanente.
A classificação funcional das contas circulantes pode ser verificada no quadro estrutura reclassificada. Fornece dados para uma análise dinâmica em oposição à análise estática da classificação tradicional.
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Saldo de disponível funciona como uma reserva financeira para atender expansões da NCG, especialmente de natureza sazonal.
Pode ser apurado pelas expressões:
Saldo de Disponível - SD
SD = AF – PF 
SD = PP – NTFP
SD = CCL - NCG
Onde: NTFP é Necessidade Total de Financiamento do Permanente.
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A NCG é um conceito econômico-financeiro e não uma definição legal.
Mede os investimentos operacionais. Indica o volume de recursos necessários para financiar a atividade operacional da empresa.
A dimensão da NCG depende do volume da atividade da empresa, produção, vendas e estoques.
Apuração algébrica
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Necessidade de Capital de Giro - NCG
NCG = ACO - PCO
NCG = CCL - SD
Valor positivo: significa necessidade de recursos para capital de giro.
Valor negativo: não há necessidade de capital de giro. 
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A NTFP pode ser medida pela soma da necessidade de investimento em capital de giro com investimentos permanentes.
Algebricamente: 
Essa necessidade deve ser coberta basicamente por passivos permanentes. 
Quando passivo permanente superar a NTFP, o SD será positivo, caso contrário será negativo.
Necessidade Total de Financiamento do Permanente - NTFP 
NTFP = NCG + AP
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Diferentes Estruturas 
Figura 5: Diferentes Estruturas Patrimoniais
Estrutura B
CCL: $ - 5
NCG: $ 5
SD: $ -10
NTFP: $ 75
Estrutura A
CCL: $ 20
NCG: $ 5
SD: $ 15
NTFP: $ 55
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Efeito tesoura é a patologia que surge com o descontrole no crescimento, da dependência de empréstimos a curto prazo e ocorre nas seguintes condições:
 As vendas crescem a taxas anuais elevadas (real ou por inflação);
 A relação ∆NCG/Vendas cresce a um ritmo maior que a relação Autofinanciamento/Vendas;
 Altas taxas de juros;
 Imobilização excessiva;
 Prejuízos;
 Distribuição excessiva de dividendos.
Efeito Tesoura
Autofinanciamento = lucro retido + depreciações e amortizações
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Efeito Tesoura
Itens
T1
T2
T3
T4
T5
Vendas
1.000,00
2.000,00
4.000,00
8.000,00
16.000,00
NCG 25%
250,00
500,00
1.000,00
2.000,00
4.000,00
Autofinanciamento 10%
100,00
200,00
400,00
800,00
1.600,00
CCL = (CCL+Autofin)
250,00
450,00
850,00
1.650,00
3.250,00
SD
0,00
-50,00
-150,00
-350,00
-750,00
Tabela 1: Evolução do Saldo de Disponível
T2
T3
T4
T5
∆NCG/vendas
0,125
0,125
0,125
0,125
Autofinanciamento/vendas
0,100
0,100
0,100
0,100
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Na Tabela 1 as receitas cresceram 100% anualmente, o que fez aparecer o efeito tesoura, isto é, SD negativo e crescente(valor absoluto) e delta NCG/vendas > autofinanciamento/vendas. 
Se as vendas crescessem 50% ao ano, haveria efeito tesoura? Recalcule a Tabela 1, com 50% de crescimento nas vendas, mantidas constantes as demais condições.
 
Efeito Tesoura - Exercício
Tabela 2: Evolução do Saldo de Disponível
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Com crescimento de 50% das vendas o SD ficou positivo e crescente sem a presença do efeito tesoura.
Então parece ser possível encontrar um ponto de equilíbrio, no qual, o delta NCG/vendas seja igual ao autofinanciamento/vendas. 
Escrevendo uma solução para o exemplo da Tabela 1 teríamos:
Se as vendas crescessem anualmente 66,67% o SD seria zero e delta NCG/vendas seria igual ao autofinanciamento/vendas.
Efeito Tesoura – Ponto de Equilíbrio
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Efeito Tesoura
Itens
T1
T2
T3
T4
T5
Vendas
1.000,00
2.000,00
2.700,00
5.200,00
8.000,00
NCG 25%
250,00
500,00
675,00
1.300,00
2.000,00
Autofinanciamento 10%
100,00
200,00
270,00
520,00
800,00
CCL = (CCL+Autofin)
250,00
450,00
720,00
1.240,00
2.040,00
SD
0,00
-50,00
45,00
-60,00
40,00
T2
T3
T4
T5
∆NCG/vendas
0,125
0,065
0,120
0,088
Autofinanciamento/vendas
0,100
0,100
0,100
0,100
Tabela 3: Evolução do Saldo de Disponível
CCL
NCG
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1) Calcular o CCL das duas estruturas e identifique a melhor estrutura.
2) Calcular SD, NCG, CCL e NTFP. 
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Exercícios
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3) Calcule: 	a) CCL
		b) SD
		c) NCG
		d) NTFP
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Exercícios
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4) Complete a Tabela e calcule
5) Complete a Tabela e calcule
Exercícios
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 Fontes
Assaf Neto, p. 153 e 195.
Braga, p. 159.
Iudícibus, p. 100 e 105.
Matarazzo, p. 391.
Pereira da Silva, p. 238.
Schrickel, p. 280.
Haroldo Vinagre Brasil
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