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O Mundo do Trabalho Tarsila Gomes Capítulo 1 Lívia Borges & Oswaldo Yamamoto Objetivos O aluno deverá ser capaz de: Descrever a construção histórica do conceito de trabalho. Identificar as principais mudanças no mundo do trabalho. Discutir e levantar hipóteses explicando tais mudanças. Identificar as grandes tendências e desafios do mundo do trabalho. 2 O que é o Trabalho? Dois grandes eixos de significado Sacrifício, algo esgotante, carga, fardo, luta, lide. Punição (origem latina: tripalium) Empenho, esforço para atingir algo Aplicar capacidades Propicia o domínio da natureza, hominização. O que é o Trabalho? Dimensões do Trabalho: Formas diferentes de compreendê-lo, dependendo da esfera focada. Formal vs. Informal Braçal vs. Intelectual Simples vs. Complexo Remunerado vs. Voluntário Com remuneração fixa vs. Remuneração variável Emprego vs. Trabalho 4 Sócio-econômica: Trabalho X estrutura e política social, econômica. (foco macro em: crescimento, prosperidade, renda, emprego, conflito) Gerencial: Trabalho X sua gestão (foco meso em: planejamento, organização, controle) Concreta: Trabalho X tecnologia (foco micro em: fazer e suas condições) Ideológica:Trabalho X articulação das anteriores (foco: relações de poder) Simbólica: Trabalho X subjetividade (foco nas relações do indivíduo com seu trabalho, ou foco central da Psicologia) Perspectiva Histórica Filosofia Clássica: Platão e Aristóteles Trabalho como algo degradante, inferior e desgastante – exaltação do ócio. Atividades braçais: Escravo. 5 Perspectiva Histórica Durante a Idade Média mudanças foram acontecendo paulatinamente no que se refere à economia e à estrutura das sociedades. Surgimento do capitalismo Uma mudança visível sobre o trabalho é construída e consolidada E como lucra o capitalista? A mais-valia é a forma de lucrar com a força de trabalho (produtividade). Resulta de um excedente quantitativo de trabalho na duração prolongada do processo de trabalho MAIS-VALIA Relativa Absoluta Exploração extensiva Segmentação do trabalho 8 ABSOLUTA: Mais produção, pelo aumento do tempo de trabalho. RELATIVA: Mais produção, com menor quantidade de trabalho. Perspectiva Histórica Adam Smith (séc. XVII) Postulou o aumento de produtividade por meio da especialização do trabalhador em uma única tarefa. Especialização no trabalho pela natureza das aptidões individuais. Trabalho Produtivo x Improdutivo Adam Smith: “O trabalho de algumas das mais respeitáveis classes da sociedade é, como o dos servos, improdutivo em relação ao valor, e não se fica nem se realiza em qualquer objeto permanente ou mercadoria vendável que dure após terminado trabalho” 10 A 1ª. REVOLUÇÃO INDUSTRIAL Uma visão marxista do surgimento do capitalismo Vídeo Karl Marx Esse novo modo de produção afetou vários aspectos da organização da vida e da sociedade A ética protestante e o espírito do capitalismo A consideração do trabalho (entendido como vocação) como o mais alto instrumento de comportamento disciplinado e de evitações morais prescritos aos fiéis e o mais seguro meio de preservação da redenção da fé Marx Weber 14 A ‘glorificação do trabalho’ Consequência esperada: abundância geral e sucesso individual 15 Karl Marx . Monotonia Excessiva simplificação Eliminação da necessidade de qualificação Modelo Capitalista ALIENANTE EXPLORADOR HUMILHANTE MONÓTONO DISCRIMINANTE EMBRUTECEDOR SUBMISSO 16 Construção Ideológica O fato de haver uma construção ideológica não eliminou as reais contradições nem as insatisfações e a capacidade de reação dos trabalhadores. As pessoas foram reunidas em massas trabalhadores o que criou condições necessárias à construção da consciência de classe dos próprios trabalhadores 17 Como Reagiram os Trabalhadores (século XIX) O próprio sistema de cooperação do capitalismo dá início a: conscientização dos trabalhadores resistência dentro da fábrica conflito entre capital e trabalho 18 Paradoxo A primeira Revolução Industrial imprimiu no trabalho o paradoxo, pois engendra processos complementares e interdependentes 19 Surgimento do Taylorismo- Fordismo A 2ª. Revolução Industrial Secularização da concepção de trabalho Século XIX Crescimento da organização dos trabalhadores Maior resistência à exploração e Mais complexas as relações dentre do espaço da fábrica. Administração científica Houve o contexto favorável ao incremento na profissionalização da gerência do trabalho e das empresas e levou à elaboração de uma sustentação científica para a concepção e a organização do trabalho. Taylor Princípios da Administração Científica Para Taylor: Assegurar o máximo de prosperidade ao patrão e ao empregado O administrador seria um “ignorante” A redução dos custos da produção seria alcançada por meio da eliminação da “cera” (ociosidade) extinção dos tempos mortos 23 Radicalização da Divisão do Trabalho Taylor: Propõe a substituição dos métodos tradicionais (experiência) pelos científicos Defende ainda: Decomposição máxima de cada tarefa; Cronometragem de cada movimento operário. O trabalhador deveria ser poupado de pensar para que pudesse repetir os movimentos ininterruptamente ganhando rapidez e exatidão O administrador deveria pensar e planejar 24 Visando aumento de produtividade Seleção científica de trabalhadores e treinamento sistemático Criou espaço pedagógico na fábrica para o melhor desempenho do trabalhador O Taylorismo acaba por intensificar o processo de exploração e alienação. homem econômico Só importava o desemepnho Taylor e Fayol O Taylorismo acaba por intensificar o processo de exploração e alienação Taylor: planejamento da execução das tarefas Fayol: preocupação com as funções de gerenciamento Visão macroscópica Planejar, organizar, comandar, coordenar e controlar 26 O Movimento de Henry Ford Introdução da esteira rolante na indústria automobilista, implicando em intensa mecanização Coerente com os princípios tayloristas Inovações Tecnológicas – mecanização Econômicas – produção em massa 27 O Movimento de Henry Ford Criação de departamento social que investigava a vida pessoal do trabalhador, na tentativa de sanar problemas organizacionais. Consequências: queda de rotatividade de 370% ao ano para 16% em três anos de implementação. Política de altos salários Obs: outras fábricas também adotaram os princípios de Ford, podendo contribuir para a queda de rotatividade também 28 Cadeia de Montagem - Fordista Utilização de moldes, garantindo que peças fossem idênticas Controle permanente da exatidão das peças Uso de máquinas especializadas Movimento das peças e de seus subconjuntos na empresa pela esteira, eliminando o deslocamento dos operários, o que significava fluxo contínuo de produção BRASIL Fim de século XIX Aparecimento do sindicalismo, com os primeiros núcleos operários em São Paulo e no Rio de Janeiro. Inexistência de qualquer política salarial no Brasil nesse período. Predominava as péssimas condições de trabalho: inexistência de assistência médico-hospitalar, extensas jornadas de trabalho, ausência de descanso semanal. Início do Século XX Considerando o momento histórico Taylorismo-Fordismo. Pode-se apontar algumas tendências; Início do Século XX Primeira Guerra Mundial 1914-1918 Grande Depressão nos EUA 1929. Construção do Estado de Bem-estar e a consolidação do gerencialismo As ideias Keynesianas Keynes considera o capitalismo não-regulado (liberal: oferta e demanda) incompatível com a manutenção do pleno emprego Pleno emprego: regulação planejada e governamental Plano macroeconômico Estuda e estabelece a relação entre variáveis amplas da economia: nível de consumo, investimentos, gastos do governo, arrecadação de tributos e balança do comércio exterior 36 As ideias KeynesianasLimites a extensão da jornada de trabalho Salário Repartição dos ganhos de produtividade Estruturação de assistência aos desemepregados e acidentados Propõe um equilíbrio baseado na Proteção Social e distribuição de ganhos de produtividade: 37 As ideias Keynesianas Ciclo progressista 38 O Modelo de Estado do Bem-Estar (décadas 40 e 50 do século XX) Modelo de desenvolvimento apoiado no tripé: Organização do trabalho taylorista-fordista Regime de acumulação baseado no ciclo progressista Regulação de conflitos com institucionalização do trabalho (imposição de limites, definição de direitos sindicais e de greve, distribuição de ganhos por produtividade) Propicia estreitamento entre consumo e produtividade (busca de felicidade via: consumo e redução da centralidade do trabalho) 39 O gerenciamento do trabalho Tornou-se mais complexo: Rareou a mão-de-obra Trabalhador com poder de barganha Qualidade do desempenho Variação de desempenho É nessa fase que a atividade e a produção de conhecimento sobre o ato de gerenciar alcançam fertilidade Questões para a Psicologia e a Administração Como liderar e como motivar? Como combater a rotatividade? Como preparar gerentes? Quais as habilidades gerenciais? Como tornar as comunicações internas da organização mais eficientes? Como atrair pessoal para a empresa? Como selecionar tendo em vista um emprego de longo prazo? Quais as condições ideais de trabalho? 41 Resumindo No modelo de desenvolvimento do Estado de Bem-estar: Distanciamento do noção do sucesso como consequência do trabalho duro O trabalho mantém seu papel instrumental para fins econômicos/salarias mas também para qualidade às relações interpessoais e de bem-estar. BRASIL O Contexto Brasileiro Capitalismo tardio. Desigualdades entre as regiões e setores econômicos. OBS. O modelo de Desenvolvimento do Estado de Bem-estar pressupunha um parque industrial já desenvolvido. 44 O Contexto Brasileiro A reação no Brasil veio por meio da regulamentação das relações trabalhistas, tal como a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) Férias, salário-mínimo, limite de jornada de trabalho, Normas de segurança... 45 O Contexto Brasileiro Com a ditadura militar (após 1964), os trabalhadores sofrem forte repressão. As medidas protecionistas e as políticas de altos salários típicas do Estado do Bem-estar não predominaram no cenário do mundo do trabalho no Brasil. 46 Reabertura democrática nacional Fim de 1970 e 1980. Ressurgiu o sindicalismo organizado no País com forte poder de mobilização. Metalúrgicos do ABC aprovam em assembleia no Estádio de Vila Euclides (SP) uma das maiores greve gerias da categoria, em 1980. A CRISE DO PARADIGMA TAYLORISTA-FORDISTA Emergência de um paradigma flexível? A 3ª. REVOLUÇÃO INDUSTRIAL Esgotamento do Modelo (anos 60 e 70 do século XX) 49 Transformações organizacionais e o esgotamento do Estado de Bem-estar As organizações começaram a optar por táticas para lidar com o trabalhador: Redução de controle Abertura à participação Tecnologia: desafios É o fim do emprego? O trabalho necessita de pessoas mais qualificadas ? IMPACTOS SOBRE O EMPREGO IMPACTOS SOBRE A QUALIFICAÇÃO O Trabalho e a Tecnologia Com a adoção de novas tecnologias, o trabalho: tarefa de controle e supervisão. Significa: O fim dos trabalhos pesados e repetitivos? Maior degradação e perda do emprego? 52 Tecnologia Permite às organizações concentrar-se em suas atividades fins, eliminando e/ou terceirando setores e/ou atividades. Multiplicaram-se contratos temporários Sedução pela tarefa e pelo prazer em realiza-la X Impotência para resolver seus problemas de condições de trabalho pela insegurança no emprego Toyotismo Forma de gestão de mais impacto! Brasil O ritmo de modernização é lento quando comparado o dos países desenvolvidos. Absorve as características do processo de trabalho da Terceira Revolução Industrial sem ter concluído o modelo keynesiano/fordista. Observa-se a aplicação de vários conceitos oriundos de diferentes tipos de gestão, sejam eles os novos modelos, sejam os antigos. ´Globalização´ Intenso processo de reestruturação do mundo do trabalho Mundo do Trabalho Múltiplas identidades Mudança de significados Ampliação imprevisibilidade Alta circulação do capital financeiro. Maior competição Muda a noção de espaço Então, hoje, o que é trabalho? Hoje: Terceira Revolução Crescimento econômico mais lento, com quebra da certeza no futuro e no progresso Desemprego estrutural e dissociação entre crescimento econômico e de oferta de emprego Aumenta percepção de instabilidade do emprego Intensificação das desigualdades sociais Redução das incompatibilidades entre instrução formal e requisitos de postos de trabalho Persistência da troca de trabalho pobre e pouco saudável por dinheiro, em muitos setores Concepções opostas de centralidade do trabalho Maior visibilidade da diferença entre emprego e trabalho Aumento da exploração (crescimento da mais-valia) 58
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