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COMPORTAMENTO HUMANO ORGANIZACIONAL Profa. Cida Sanches 1 Aula 1 O que é Comportamento Organizacional? Comportamento micro, meso e macroorganizacional O ser humano O homem é um produto histórico, um ser social e é o conjunto de suas relações sociais. Os traços herdados em contato com um ambiente determinado têm como resultado um ser específico, individual e particular. A natureza biológica não basta para garantir a vida em sociedade. O homem precisa adquirir várias aptidões e aprender formas de satisfazer as necessidades. Chanlat (1992) nos diz que o ser humano é uno, ou seja, único enquanto espécie, enquanto indivíduo. Um ser biopsicossocial, que aparece profundamente ligado à natureza e à cultura que o envolve e que ele transforma. Sendo assim, só uma concepção que procura apreender o ser humano na sua totalidade pode dele se aproximar sem, contudo, jamais o esgotar completamente. Unidade I Esse mesmo homem é um ser genérico, pois pertence à espécie humana. Segundo o mesmo autor, o homem é um ser reflexivo e ativo. Reflexivo pela sua capacidade de pensar, e ativo em função de sua ação. A construção da realidade e as ações que pode empreender o ser humano não são concebidas sem se recorrer a uma forma qualquer de linguagem, portanto, o ser humano é um ser de palavra. Esse mesmo homem é também um ser de desejo, um ser simbólico, pois o universo humano é um mundo de signos, de imagens, de metáforas etc.; um ser espaço-temporal, na medida em que ele está inserido no tempo e em algum lugar – espaço. Capaz de pensar Capaz de agir R e fl e x iv o A ti v o Um ser SER HUMANO Texto: Prof. Leonor Brandão COMPORTAMENTO HUMANO ORGANIZACIONAL Profa. Cida Sanches 2 O homem não só muda o seu mundo externo como simultaneamente se transforma de maneira autoconsciente pelo seu trabalho. No nível individual, ao optar pela sobrevivência, opta pelo trabalho. No nível de espécie, o homem se fez homem ao transformar o mundo pelo seu trabalho. De acordo com Freitas (1999), o controle exterior passa para o próprio sujeito; ele é quem define suas metas e se compromete a atingi-las; o processo decisório se dá de maneira mais participativa. Essa é uma exigência da nova sociedade e das organizações em geral. Exigência de que o indivíduo tenha um papel participativo no caminho que pretende seguir, nas decisões que pretende assumir e nas consequências que estas acarretam, o que confirma a necessidade de uma identidade maleável mais estável. Freitas (1999) acrescenta que se antes era a figura do superego, como instância da crítica e do medo do castigo, que compelia o indivíduo a trabalhar mais, agora é o ideal de ego, daquele que almeja realizar um projeto e receber os aplausos e as gratificações indispensáveis aos seus anseios narcísicos. A obediência passiva dá lugar ao ativo investimento amoroso, o corpo dócil dá lugar ao coração ativo e cativo. O medo de fracassar se alia ao desejo de ser reconhecido, e quanto mais o indivíduo acredita que ele e a empresa são partes do mesmo projeto nobre, mais essa aliança tende a se fortalecer. O indivíduo inventa, cria e recria a sua própria realidade no momento em que se percebe um ser social com o poder de transformar. Chanlat (1992) diz que em todo sistema social o ser humano dispõe de uma autonomia relativa. Marcado pelos seus desejos, pelas suas aspirações e suas possibilidades, o indivíduo dispõe de um grau de liberdade, sabe o que pode atingir e que preço estará disposto a pagar para consegui-lo no plano social. O homem e o trabalho Toledo (apud Jacques, 1988) nos diz que: (...) o trabalho não se converte em trabalho propriamente humano a não ser quando começa a servir para a satisfação não só das necessidades físicas, e fatalmente circunscritas à vida animal, como também do ser social, que tende a conquistar e realizar plenamente a sua liberdade (...). De acordo com Zavattaro (1999), o trabalho é essencialmente uma ação própria do homem mediante a qual ele transforma e melhora os bens da natureza, com a qual vive historicamente em insubstituível relação. O primeiro fundamento do valor do trabalho é o próprio homem, seu sujeito – o trabalho está em função do homem, e não o homem em função do trabalho. O valor do trabalho não reside no fato de que se façam coisas, mas em que coisas são feitas pelo homem e, portanto, as fontes de dignidade do trabalho devem buscar-se, principalmente, não em sua dimensão objetiva, mas em sua dimensão subjetiva. A nova relação entre o homem e o trabalho determina que este homem possui uma identidade e que responde por esta, a qual o leva a almejar e a responder às suas necessidades, principalmente em relação ao trabalho. O fato de o COMPORTAMENTO HUMANO ORGANIZACIONAL Profa. Cida Sanches 3 homem dedicar a maior parte do seu dia útil ao trabalho denota a força que essa relação apresenta. O trabalho chega a ser mais importante que a família, pois o fracasso no trabalho acarreta fracasso familiar. A identidade serve como um mediador que permite ao homem se ajustar a cada fase – trabalho, família– evidenciando as múltiplas identidades e a necessidade de saber usá-las, de saber renová-las e mantê-las. A empresa moderna (...) precisa mobilizar todas as energias do sujeito – intelectuais, físicas, espirituais, afetivas, morais (...) no interior desse tipo organizacional é um estranho casamento de várias contradições, levando o indivíduo a uma procura incessante de um parco (baixo) equilíbrio psicológico (Freitas, 1999, p. 77). Observe a importância e a dimensão que o trabalho passa a exercer sobre o homem; é necessário que o indivíduo mobilize todas as suas energias para que possa manter o vínculo com o trabalho, alcançar o equilíbrio, a estabilidade, viver a sua identidade, para que possa se ver como ele verdadeiramente é. O trabalho é um ponto de conexão entre o homem e sua identidade, entre o homem e o eu. Segundo Sucesso (2002, p.12), a história de vida, as características pessoais, os valores, os anseios e as expectativas configuram, no nível individual, uma forma de viver e de sentir, definindo fatores básicos para a satisfação. Mais que o trabalho em si, as expectativas individuais e as situações de vida específicas determinam a percepção sobre o trabalho. Freitas (1999, p. 80) destaca, ainda, que a empregabilidade é a capacidade de se tornar necessário ou de possuir o conhecimento raro e reciclável de que as empresas hoje necessitam. Mais que a profissão, valoriza-se um elenco de repertórios variados que habilitem o indivíduo a lidar com esse mundo complexo e mutável. Essa é a relação entre a identidade e o homem no trabalho: a identidade dá ao indivíduo, ao homem, as armas para se impor, para se igualar, para se diferenciar e para assumir o seu papel no trabalho, na família, na sociedade, na vida. A identidade é o conjunto de predicados, de significados, que permite ao homem ver-se como homem e que permite que os outros também o vejam. A identidade é o diferencial que permite a ascensão ou a queda na vida do homem, seja no trabalho ou em qualquer outro aspecto. É o que permite ao homem mudar os compromissos, mudar suas características, renovar e buscar novas soluções, novas identidades para sobreviver a esta sociedade em constante evolução. Comportamento Organizacional Quando falamos em comportamento organizacional, estamos nos referindo ao comportamento das pessoas no ambiente de trabalho. Segundo Robbins (2004), comportamento organizacional refere-se ao estudo sistemático das ações e às atitudes das pessoas dentro das organizações. COMPORTAMENTO HUMANO ORGANIZACIONAL Profa. Cida Sanches 4 Para a compreensão das ações e das atitudes das pessoas no ambiente organizacional, os estudiosos dessa área buscam conceitos e métodos das ciênciascomportamentais tais como psicologia, sociologia, ciência política, antropologia, dentre outras. O comportamento organizacional é estudado em três níveis. 1. Todo indivíduo chega à organização com suas expectativas, necessidades, valores etc. (comportamento individual); 2. Esse mesmo indivíduo passa a pertencer a um grupo de trabalho (comportamento grupal); 3. Dentro da organização, esses grupos se interagem e formam o todo (comportamento de toda a organização). Segundo Chiavenato (2002), para que se estabeleça um processo de interação entre pessoas e organização, devemos ver: • As pessoas como seres humanos – dotadas de personalidade própria, com uma história particular e diferenciada, possuidoras de conhecimentos, habilidades e capacidades para a adequada gestão dos recursos organizacionais. Diferenças individuais Aprendizagem • Individual Personalidade Valores e atitudes Percepção Motivação Liderança • Grupo Comunicação Trabalho em equipe Conflito Planejamento de trabalho Estrutura • Sistema Efeitos da política de RH Cultura organizacional Mudança COMPORTAMENTO HUMANO ORGANIZACIONAL Profa. Cida Sanches 5 • As pessoas como ativadoras inteligentes de recursos organizacionais – as pessoas como fonte de impulso próprio que dinamiza a organização e não como meros recursos da organização. • As pessoas como parceiras da organização – capazes de conduzi-la à excelência e ao sucesso. Abaixo, são apresentados os três níveis do comportamento organizacional: ▪ Comportamento micro-organizacional: o foco é o indivíduo, e são estudadas as diferenças individuais, os processos de aprendizagem, a percepção e a motivação. Os processos de recursos humanos que incidem diretamente sobre os indivíduos são: seleção, avaliação de desempenho, atitudes no ambiente de trabalho (assuntos de administração de pessoas). ▪ Comportamento meso-organizacional (nível de grupos): estuda-se os grupos, trabalho em equipe, comunicação, liderança (que não será abordada nesse material, em razão de uma disciplina específica sobre esse assunto), conflitos, estresse; ▪ Comportamento macro-organizacional (nível do sistema): envolve a cultura organizacional, a estrutura, a mudança e os efeitos das políticas de gestão de pessoas. Robbins (2004) nos coloca que os objetivos do estudo do comportamento organizacional seriam: explicar, prever e controlar o comportamento humano. ✓ Explicar ocorre após o acontecido, por isso explicar no sentido de entender as causas que levam ou levaram a pessoa a se comportar daquela maneira. ✓ Prever está ligado a eventos futuros e, portanto, o estudo do comportamento permite se antecipar aos tipos de comportamento que possam ser apresentados a uma mudança. Pode-se avaliar o tipo de reação que os colaboradores teriam a uma tomada de decisão. ✓ Controlar é o objetivo mais controverso no emprego do conhecimento do comportamento humano, na medida em que esse controle não deve ser manipulativo ou ferir a liberdade individual. Devemos utilizar o controle de forma ética, e assim permitir que entendamos, por exemplo, como fazer para levar as pessoas a se esforçarem mais em seu trabalho. Segundo Vecchio (2008), os gerentes do século XXI se defrontam com diversos desafios na relação com os colaboradores. Eles incluem: • a diversidade da equipe de trabalho, • o aumento da contratação de temporários e • a expressão cada vez maior de emoções no ambiente de trabalho. Entendendo que as pessoas reagem e se comportam de maneiras diferentes e em situações diferentes, que como seres humanos somos extremamente COMPORTAMENTO HUMANO ORGANIZACIONAL Profa. Cida Sanches 6 complexos e, portanto, não se pode generalizar comportamentos, talvez o maior desafio esteja na compreensão dos fatores situacionais, no estudo sistemático das relações e, principalmente, no entendimento de que o estudo do comportamento humano é cientifico, e não um senso comum como alguns pensam. O indivíduo influencia o grupo O grupo influenciará a organização A organização influenciará o indivíduo Para refletir O cenário atual nos impõe algumas questões, tais como: globalização, flexibilização, avanços tecnológicos, ética etc. Diante disso, responda: • Como esse cenário influencia o comportamento organizacional? • Qual o impacto desse cenário no nível individual? • Como conciliar e relacionar os três níveis de estudo do comportamento organizacional? COMPORTAMENTO HUMANO ORGANIZACIONAL Profa. Cida Sanches 7 Aula 2 Personalidade: - Traços de Personalidade - Desenvolvimento da personalidade Existem muitas definições para personalidade. Personalidade vem do latim persona, que significa a “máscara do ator”. Na maioria das definições, encontramos em comum que a personalidade são traços e características individuais, relativamente estáveis, que distinguem uma pessoa das demais. Soto (2002) nos diz que podemos estudar o ser humano a partir de três pontos de vista: como indivíduo, como pessoa e como personalidade. Como indivíduo, é um complexo organismo vivo, com uma essência biológica e física. Como pessoa, é um ser dotado de inteligência, capaz de pensar, racional, o que o distingue dos demais seres vivos. Ao acrescentar a personalidade o diferenciamos de qualquer outro indivíduo dentro do grupo. Segundo Corbela (citado por Soto, 2002): A personalidade inclui aspectos intelectuais, afetivos, impulsivos, volitivos, fisiológicos e morfológicos; é uma forma de responder diante dos estímulos e as circunstâncias da vida com um selo peculiar e próprio e que dá como resultado o comportamento. Existem divergências quanto às origens ou sobre o que determina a personalidade de alguém. Alguns teóricos argumentam que a personalidade é determinada por fatores genéticos, e outros defendem a idéia de que o ambiente pode moldar e modificar a personalidade de uma pessoa. Soto (2002) ainda nos diz que, historicamente, pesquisadores assinalaram como chaves determinantes da personalidade a hereditariedade e o ambiente e, posteriormente, foi introduzido um novo fator, a situação, como agente importante capaz de moldar a personalidade. Podemos verificar na figura abaixo que tanto os fatores hereditários quanto os do ambiente atuam na formação da personalidade: Hereditariedade Características físicas, sexo Ambiente Fatores culturais Fatores sociais Fatores situacionais Personalidade Fonte: SCHERMERHORN,J.R et al. Fundamentos do comportamento organizacional. Porto Alegre: Bookman, 2008. Texto: Prof. Leonor Brandão COMPORTAMENTO HUMANO ORGANIZACIONAL Profa. Cida Sanches 8 Foram identificados diversos traços de personalidade que permitem diferenciar as pessoas. Pervin (citado por Griffin e Moorhead, 2006) define cinco grandes traços de personalidade fundamentais e relevantes para as organizações. São eles: ▪ Sociabilidade: capacidade de se relacionar bem com os outros. As pessoas muito sociáveis tendem a ser gentis, cooperativas, compreensíveis e estão mais propensas a manter melhores relações no ambiente de trabalho. ▪ Consciência/meticulosidade: refere-se à quantidade de objetivos em que cada um é capaz de se concentrar. Os que se concentram em poucos objetivos de cada vez tendem a ser mais organizados, cuidadosos, responsáveis e disciplinados no trabalho. ▪ Estabilidade emocional: diz respeito à variação de humor e à segurança. As pessoas com maior estabilidade emocional tendem a ser calmas, .exíveis e seguras. ▪ Extroversão: refere-se ao bem-estar sentido nos relacionamentos. Os extrovertidos são mais amistosos, falantes, assertivos e abertosa novos relacionamentos. ▪ Abertura: refere-se à maleabilidade das crenças e dos interesses de uma pessoa. As pessoas com alto grau de abertura estão mais dispostas a ouvir novas idéias e a mudar de opinião a partir de novas informações. O conhecimento desses traços permite aos líderes uma melhor compreensão do comportamento de seus colaboradores, mas devemos ter cuidado para não rotularmos as pessoas, uma vez que, por mais científicas que sejam, ao se tratar de pessoas as rotulações podem conter imprecisões, e outros fatores também podem interferir no comportamento das pessoas. Outra abordagem para compreender a personalidade nas organizações é a proposta por Carl Jung, psicanalista europeu, que criou um modelo de estilos cognitivos. Ele identificou quatro dimensões do funcionamento psicológico: ▪ Extroversão x introversão: os extrovertidos são orientados para o mundo exterior, enquanto os introvertidos são orientados para o mundo interior e preferem o recolhimento. ▪ Pensamento x sentimento: as pessoas que têm o estilo pensamento tomam decisões de forma racional, lógica, enquanto o outro estilo baseia suas decisões em sentimentos e emoção. ▪ Sensação x intuição: os indivíduos voltados para a sensação preferem focar nos detalhes, ao passo que os intuitivos se concentram em temas mais amplos. ▪ Julgamento x percepção: as pessoas do tipo julgamento gostam de terminar tarefas, e as do tipo percepção gostam do processo de elaboração e buscam maior número de informações. COMPORTAMENTO HUMANO ORGANIZACIONAL Profa. Cida Sanches 9 Fonte: Maximiano (2000). Todas as pessoas têm um pouco de cada comportamento, embora sintam-se mais à vontade e passem mais tempo em um modo de comportamento. A combinação dos pólos produz temperamentos, estilos e tipos psicológicos. Exemplo: introversão-percepção – gostam mais de estudar e ficar no isolamento do que interagir com os outros. Jung considerou que os polos de cada uma das quatro dimensões indicam preferências e facilidade para realizar determinadas atividades, mas que existe o outro lado de que às vezes precisamos lançar mão, o que ele chamou de teoria da sombra. Teoria da sombra: A sombra é uma dimensão onde o potencial de ação do indivíduo é menor, que é preciso ativar e desenvolver quando os problemas exigem aptidões diferentes daquelas que as preferências escolheriam. Ao se combinar os diversos tipos, encontraram dezesseis tipos de personalidade. Muitas organizações utilizam do teste Indicador de Tipos Myers- Briggs, conhecido como MBTI, para identificar o tipo de personalidade, o estilo de comunicação e a preferência de interação. Alguns autores preferem fazer modelos baseados em combinações de apenas duas dimensões, como, por exemplo, no processo decisório, analisar as dimensões pensamento – sentimento; sensação – intuição; isso permitiria COMPORTAMENTO HUMANO ORGANIZACIONAL Profa. Cida Sanches 10 identificar quatro estilos: sensitivos – pensantes, sensitivos – sentimentais; intuitivos – pensantes e intuitivos – sentimentais. Em qualquer um dos modelos adotados, o que se busca é tentar explicar o comportamento humano. A teoria da sombra insiste em que as pessoas apresentam comportamentos dominantes, ou preferenciais, ao lado de comportamentos secundários. Devemos pensar, portanto, nos tipos de Jung como ferramenta que auxilie no processo de autoconhecimento e de conhecimento das pessoas que fazem parte da organização. 14 Análise transacional Em 1956, Eric Berne, psiquiatra canadense, depois de “um amistoso divórcio com a psicanálise”, criou uma teoria nova da psicologia, tanto individual como social. Berne foi muito criticado pelos acadêmicos, que o acusaram de ser simplista. Análise transacional se constitui de um conjunto de técnicas que visam à mudança. Chama-se transacional por estudar, analisar, as trocas de estímulos e respostas entre os indivíduos, ou transações, entre indivíduos. Berne se interessava pelo que ocorre entre as pessoas na realidade. I Transações entre o eu e os outros. EU OUTRO OUTRO OUTRO OUTRO COMPORTAMENTO HUMANO ORGANIZACIONAL Profa. Cida Sanches TRANS + AÇÃO = Ato ou efeito de transigir, combinação, ajuste, operação comercial. Ação que se passa entre duas pessoas Segundo Kertész (1987), a análise transacional utiliza-se dos seguintes instrumentos: • O esquema da personalidade: pai, adulto e criança, a fase intrapessoal da AT. COMPORTAMENTO HUMANO ORGANIZACIONAL Profa. Cida Sanches 11 • A análise das transações, entre partes da personalidade. Começa a fase interpessoal desta teoria. • Os reforços sociais ou carícias: a importância do contato físico, verbal e de outros tipos. • As posições existenciais: como me vejo (percebo) e como vejo (percebo) os outros. • Estruturação do tempo: as seis formas de usá-lo. • Os jogos psicológicos: séries repetitivas de transações, com uma parte oculta. • Emoções autênticas e substitutivas ou “disfarces”. • O argumento de vida e metas de vida. • O miniargumento: uma sequência repetitiva de comportamentos individuais, dirigida por ideias errôneas. • Dinâmica de grupos: leis da estrutura e funcionamento dos grupos pequenos e suas etapas de desenvolvimento. Dos instrumentos citados, nos deteremos aos dois primeiros: o esquema da personalidade e a análise das transações entre partes da personalidade e as posições existenciais. Primeiro instrumento – o esquema da personalidade – pai, adulto e criança. Primeiro é preciso definir o que vem a ser comportamento e personalidade. Para Smith e Smith (1963), comportamento se traduz por “respostas de um organismo às mudanças do meio”. Kertész (1979) irá definir comportamento como “o que sente, pensa, diz e faz”. O que pensa e sente é o comportamento subjetivo. O que diz e faz é o comportamento objetivo. Essas quatro variáveis: pensar, sentir, dizer e fazer se inter-relacionam de tal modo que, modificando alguma delas, modifica-se as restantes. No enfoque comportamentalista, as mudanças se efetuam de “fora para dentro”: mudando-se o que se diz e faz, muda-se o que se pensa e sente. No enfoque “humanístico’, as mudanças se realizam de “dentro para fora”, ou seja, mudando-se o que se pensa e sente, muda-se o que se diz e faz. Considerando os dois enfoques, a AT irá definir a personalidade como: O modo habitual pelo qual o indivíduo pensa, sente, fala e atua para satisfazer suas necessidades no meio físico e social e irá entender o comportamento como algo multifacetado. O ser humano como um produto de uma imensa coleção de influências que são registradas desde a mais tenra idade, e que permanecem vivas manifestando-se a cada momento (Kertész, 1987). COMPORTAMENTO HUMANO ORGANIZACIONAL Profa. Cida Sanches 12 A análise transacional vê o indivíduo como um sistema integrado de pensamentos, sentimentos e condutas organizado em três subsistemas: o exteropsíquico, o neopsíquico e o arqueopsiquico. Para Eric Berne, a personalidade está formada pelo pai, o adulto e a criança, por todos os seus conteúdos e comportamentos. Estrutura • Subsistema exteropsíquico: compreende o registro de condutas aprendidas, modeladas das figuras chamadas parentais (pais ou substitutos). É a sede dos valores, da moral e dos preconceitos. É denominado funcionalmente de Estado de Ego Pai. • Subsistema neopsíquico: é o mecanismo de processamento de dados e de avaliação da realidade. Lógico e dedutivo é chamado de Estado de Ego Adulto. • Subsistema arqueopsíquico: contém os vestígios da infância e opera a partir dos sentimentos, chamado de Estado de Ego Criança, manifesta-se por meio de emoções e da busca da satisfação de necessidades. Funcionamento PAI CRÍTICO PAI NUTRITIVOCRIANÇA NATURAL CRIANÇA ADAPTADA REBELDE CRIANÇA ADAPTADA SUBMISSA P Estado de Ego PAI A Estado de Ego ADULTO C Estado de Ego CRIANÇA COMPORTAMENTO HUMANO ORGANIZACIONAL Profa. Cida Sanches 13 Estado de Ego Pai Exteropsiquê (formada a partir da influência de pais e familiares). É uma espécie de reservatório ou depósito de normas, valores, preceitos e modelos de conduta. Um conceito aprendido de vida “gravações”. Parte valorativa de nós mesmos. Segundo Kertész (1987), surge no indivíduo por volta dos três anos de idade e suas principais fontes são os pais (ou substitutos) e outros familiares e pessoas que convivam com a criança e tenham uma figura de autoridade e importância na vida dela. Está sujeito a influências culturais e impõe à pessoa ações, regras e programas de conduta. O Estado de Ego Pai se subdivide em dois tipos: • Pai crítico – educa criticando, moralizando, dirige e controla os outros. Chamado também de controlador, preconceituoso ou disciplinador. Atua de forma autoritária, dogmática e moralizadora. Em seu lado positivo, é justo, firme e determinado, orientando e protegendo de forma responsável. • Pai nutritivo ou protetor – é a parte que apoia, confia e dá permissão para pensar e agir, incentivando o crescimento e compreende os erros das outras pessoas. É negativo quando exagera na proteção, tolhendo iniciativas, quando perdoa demais, enfim, quando doa em excesso, inibindo o crescimento do outro. Estado de Ego Adulto Ainda de acordo com o mesmo autor, é a parte da nossa personalidade racional. É adaptável, organizado e objetivo. É capaz de atuar isento de emoções e julgamentos. O critério de competência do Adulto não é a exatidão, mas a qualidade do processamento e do uso que faz dos dados disponíveis. Sua principal característica é a capacidade de fazer perguntas claras e de ouvir completamente as respostas. Seria segundo Kertész, o hemisfério esquerdo do cérebro, nos destros. Sua função básica é trabalhar, estudar e operacionar. Estado de Ego Criança O estado de ego criança surge logo que se nasce. É o primeiro estado de ego a emergir no ser humano e representa as emoções básicas como alegria, amor, prazer, tristeza, raiva e medo. Esta é a parte mais autêntica do ser humano e também a mais reprimida pela educação. Segundo Kertész(1987) representada pelo hemisfério direito do cérebro dos destros, hemisfério esse que processa os sonhos, as imagens, estimulado quando se usa a criatividade e a arte. É a fonte de nossas reações emocionais, independente da nossa idade cronológica. Divide-se em: • Criança natural ou livre - Apresenta emoções autênticas. Fazem as coisas porque querem, mas seu comportamento não é destrutivo nem para si mesmo nem para os outros. Contém uma parte intuitiva e criativa, mas também astuciosa e manipuladora. O aspecto negativo da Criança Natural surge COMPORTAMENTO HUMANO ORGANIZACIONAL Profa. Cida Sanches 14 quando a pessoa se torna inconveniente, egoísta, sem freios, irresponsável ou socialmente incômoda. • Criança adaptada - Faz as coisas porque gosta, mas seu comportamento é destrutivo para os outros ou para si mesma. Apresenta dois tipos de comportamento, o submisso e o rebelde. • Criança adaptada submissa - É reprimida, complacente, conformada, tendendo a querer agradar às pessoas e retrair-se frente às dificuldades. Seu aspecto positivo é a adequação ambiental sem a qual a pessoa teria dificuldades no relacionamento social. Atende às normas e regras. • Criança adaptada rebelde - É voluntariosa, teimosa, desafiadora, agressiva e contestadora. Em seu aspecto positivo, a criança rebelde tem energia para lutar contra as injustiças, para defender seus direitos. De acordo com Kertész (1987), no jargão da AT chamamos de “OK” ao positivo e “NÃO OK” ao inadequado. A cada momento temos a opção de escolher o Estado de Ego que queremos ativar. SISTEMAS DE COMPORTAMENTOS NEGATIVOS E POSITIVOS Sistema negativo (NÃO OK) Sistema positivo (OK) PAI CRÍTICO - ( - ) Agressor, autoritário, preconceituoso, desvalorizador PAI CRÍTICO - (+) Firme, sério, justo, correto, ordenador PAI PROTETOR – ( - ) Superprotetor, sentimental, impede o desenvolvimento dos outros. PAI PROTETOR – ( + ) Afetuoso, nutritivo. Permite viver e desfrutar. ADULTO – ( - ) Não informado ou mal informado, frio, calculista, impessoal. Robotizado. ADULTO - ( + ) Ético, informado, responsável, autônomo. CRIANÇA NATURAL ( - ) Egoísta, cruel, brutal, manipuladora. CRIANÇA NATURAL ( + ) Alegre, afetuoso, emoções autênticas, criativo, curioso, intuitivo. CRIANÇA ADAPTADA SUBMISSA ( - ) Desvalorizado, temeroso, ansioso. CRIANÇA ADAPTADA SUBMISSA (+) Disciplinado CRIANÇA ADAPTADA REBELDE ( - ) Agressivo, rancoroso, desafiante. CRIANÇA ADAPTADA REBELDE ( + ) Contesta injustiças e arbitrariedades. Fonte: KERTÉSZ, Roberto. Análise transacional ao vivo. São Paulo: Summus, 1987. COMPORTAMENTO HUMANO ORGANIZACIONAL Profa. Cida Sanches 15 As transações entre as pessoas A AT permite que a pessoa identifique padrões de transações entre si mesmas e os outros. Pode ajudar a determinar qual o estado de ego que está influenciando mais fortemente o nosso comportamento e o comportamento da pessoa com a qual interagimos. Existem dois tipos de transações: • Aberta – (Complementar) O Estado de Ego endereçado é aquele que responde. A resposta ao estímulo é aquela esperada ou prevista. Quando isso ocorre, a comunicação pode continuar. Exemplos de transações abertas OK - Criança Natural para Criança Natural; Pai Protetor para Criança Natural; Adulto para Adulto. Exemplos de transações abertas não OK – Pai Crítico para Criança Rebelde ou Criança Submissa. • Bloqueada – (Cruzada) É aquela que resulta na interrupção, pelo menos temporária, da comunicação. A resposta não é apropriada ou esperada. Alguém responde com um Estado de Ego diferente daquele com que a outra pessoa estava se dirigindo a ela. Ex. Que horas são? Resposta: Pare de fazer tanta pergunta. Estado de Ego nesta situação: Adulto – Pai Crítico. Posições existenciais Segundo a AT, desde muito pequena a criança forma um conceito a respeito de si mesma. Este conceito será bom ou mal, dependendo como a criança é tratada na família. Este conceito pode ser elaborado com pensamentos: pensar mal ou bem de si mesmo, ou com imagens: ver-se bem ou mal. Em geral, esse processo se torna consciente entre os 3 e os 6 anos. É uma tomada de posição sobre a própria pessoa e os outros. Berne chamou-a de Posição Existencial. Posição existencial é a forma como percebemos a nós mesmos em relação às outras pessoas. Estas posições são descritas em termos de estar bem ou não estar bem. Berne estabeleceu quatro posições existenciais: 1 Nenhuma pessoa tem valor (“Eu não sou OK e você não é OK”). 2 Você tem valor, mas eu não tenho valor (“Eu não sou OK, você é OK”). 3 Eu tenho valor e você não tem valor (“Eu sou OK , você não é OK”). 4 Ambos temos valor (“Eu sou OK e você é OK”). COMPORTAMENTO HUMANO ORGANIZACIONAL Profa. Cida Sanches 16 Para Berne, segundo Kertész (1987), é a partir da minha posição existencial que me relaciono com o outro. A análise transacional também trabalha com as formas de conduta que adquirimos na infância, as quais ele chama de impulsores. Impulsores ou vírus do comportamento De acordo com Kertész (1987), impulsores são formas de conduta que adquirimos na infância, por intermédio de nossos pais ou substitutos, verbais e não verbais, e que forma o argumento de vida ou nosso script. As interações que fazemos com nossos pais ou autoridades nos leva a formular nossas posições existenciais e a desempenhar jogos psicológicos. Asmensagens que formam o argumento de vida podem ser classificadas em cinco categorias: • Seja forte • Seja perfeito • Seja esforçado • Seja apressado • Agrade sempre Seja forte – As pessoas que têm esse argumento de vida não demonstram suas emoções autênticas e, caso necessitem de ajuda, nunca pedem. Provavelmente, quando crianças, toda vez que demonstravam emoções recebiam ameaças dos pais ou ainda os pais eram pessoas que não demonstravam emoções. Seja perfeito – As pessoas se esforçam para alcançar a perfeição e sempre estão pensando que não fazem as coisas suficientemente bem. Provavelmente, devem ter recebido mensagens do tipo: “tudo o que você faz é mal feito”. Logo, com a desqualificação de suas capacidades, esforçam-se para dominar a situação. Geralmente dão mais informações do que se pede. Querem sempre ser entendidos e entender perfeitamente. Seja esforçado – Esse argumento é típico de pessoas que estão sempre esforçando mais, porém sem conseguir resultados. Palavras típicas: “é difícil”, “tratarei disso”, “não creio que possa”. Não termina frases, vacila quando lhe perguntam alguma coisa, apoiando-se em expressões como: bem, isto é. Seja apressado – Quem tem o apresse-se como impulsor, tem que terminar as coisas agora mesmo. Sua forma de pensar é “se não me apressar, não terminarei”. São pessoas que estão sempre pensando no que vão fazer depois. Agrade sempre – Uma pessoa com esse impulsor se sente responsável em fazer com que os outros se sintam bem. Seu pensamento interno é de que “não COMPORTAMENTO HUMANO ORGANIZACIONAL Profa. Cida Sanches 17 é suficientemente boa”, e por essa razão precisa gostar dos outros e obter aprovação de todo mundo para os seus atos. Não pode dizer “não”. Suas expressões típicas são: “poderia”, ”você quer”. Seu tom de voz é suplicante. Não existe um impulsor que seja melhor que o outro. Todos são negativos e podem nos levar a fracassar diante de uma tarefa, pois o entendimento é de que “se eu não for... (perfeito, apressado, esforçado, agradável, forte), não terei valor. Perfeito Forte Apressado Não terei valor Esforçado valor Agradável Se eu não for Veja abaixo o perfil do seu impulsor predominante: SEJA PERFEITO Perfil • Pode perder-se nos detalhes. • Tem prazer em corrigir os outros. • Certifica-se de tudo. • Aponta falhas em tudo que lhe apresentam. Resultado • Colhe mais informação do que o necessário. • Está sempre insatisfeito. • Gasta muito tempo com detalhes, frequentemente inúteis. • Segue rigorosamente normas e procedimentos. • Gera fortes pressões para si mesmo. SEJA FORTE Perfil • Não pede ajuda. • Não fala de seus sentimentos. • Não mostra suas emoções. • Tem pouca receptividade pelos sentimentos dos outros. Resultado • Não compartilha decisões. • Não delega. Centraliza. COMPORTAMENTO HUMANO ORGANIZACIONAL Profa. Cida Sanches 18 • Assume a maioria dos problemas mesmo quando não seria necessário. • Tende trabalhar mais dos que os outros sempre. SEJA APRESSADO Perfil • Tem necessidade de terminar tudo agora mesmo. • Quer as coisas para ontem. • Interrompe as pessoas por já saber o que vão dizer. • Está sempre pensando no que vai fazer depois. • Cria clima de ansiedade a sua volta. Resultado • Pela pressa deixa de avaliar alternativas. • Pode perder informações valiosas. • Gosta de ser “bombeiro”. • Comunicação truncada e ruim. SEJA ESFORÇADO Perfil • Permanente esforço para conseguir as coisas. • Repetitivo e pouco objetivo. • Tem dificuldade em entender as coisas. • Vacila frente a situações. Resultado • Posterga decisões e tarefas. • Resultado de seu trabalho é sempre lento, moroso e estafante. • No inicio da semana já está cansado. • Rodeia tentando dizer o que quer. SEJA AGRADÁVEL OU AGRADE SEMPRE Perfil • Tem necessidade de ser querido. • Precisa da aprovação de todos. • Precisa fazer com que os outros se sintam bem. • Preocupa-se sempre com que os outros vão pensar. Resultado • Avalia as coisas em termos emocionais. • Tem dificuldade e insegurança para tomar decisões. • Pode ser manipulado. • Tem dificuldade em dar e receber feedback. COMPORTAMENTO HUMANO ORGANIZACIONAL Profa. Cida Sanches 19 Para neutralizar os impulsores devemos enviar-nos mensagens no sentido de nos permitir contrariar o comando dos impulsores. Para cada impulsor deve ser ativado um permissor. Exemplo: Impulsor Permissor Seja forte Você pode sentir e mostrar o que sente. Seja perfeito É suficiente fazer as coisas bem, não perfeitamente. Seja esforçado Você pode encontrar uma forma de fazer as coisas que não lhe custe tanto. Seja apressado Tenha calma. Agrade sempre Não é preciso agradar todo mundo. COMPORTAMENTO HUMANO ORGANIZACIONAL Profa. Cida Sanches 20 Aula 3 Percepção: Fatores que influem na percepção. Sentido prático da percepção nas organizações. Importância da percepção na tomada de decisão. Auto percepção e heteropercepção. Fatores que influenciam na percepção Valores e atitude Os valores estabelecem a base para a compreensão das atitudes e da motivação e influenciam na nossa percepção. Segundo Robbins (2008), os valores representam convicções básicas que contêm um elemento de julgamento, baseado naquilo que a pessoa acredita ser correto, bom ou desejável. Os valores possuem dois tipos de atributos: de conteúdo – determina que um modo de conduta é importante; e de intensidade – determina o quanto é importante. Quando entramos em uma organização, trazemos nossos valores e isso influenciará na forma de vermos e lidarmos com as situações. A cultura tem uma forte influência sobre nossos valores e é preciso entender que os valores variam de cultura para cultura. As nossas atitudes estão diretamente inter-relacionadas aos nossos valores e, de acordo com Robbins (2008), as atitudes são afirmações avaliadoras favoráveis ou desfavoráveis e possuem três componentes: cognição, afeto e comportamento. Algumas de nossas atitudes são aprendidas por meio de nossas famílias, nossa cultura, mas, na grande maioria, elas são desenvolvidas por meio de experiências vividas e observações. Ainda segundo o mesmo autor, a convicção de que “discriminar é errado” é uma afirmação avaliadora. Essa opinião é o componente cognitivo de uma atitude, ou seja, a crença e o conhecimento sobre um estímulo e avaliação que faço do mesmo. O componente afetivo se refere ao sentimento e às emoções, e o sentimento pode provocar resultados no comportamento, ou seja, a tendência a se comportar de uma determinada maneira. Texto: Profa. Leonor Brandão COMPORTAMENTO HUMANO ORGANIZACIONAL Profa. Cida Sanches 21 Nossas atitudes são adquiridas por meio de diversos processos, entre eles: nossa experiência, nossos preconceitos, pela observação de situações ou pessoas. Você acredita que podemos mudar as atitudes de alguém e, consequentemente, seu comportamento? Se nossas atitudes não estiverem muito arraigadas em nós, será possível uma mudança de atitude por meio de treinamento, educação e comunicação. Importante ressaltar que, apesar da atitude levar a uma intenção de se comportar, pode ocorrer de uma atitude não passar da intenção, pois irá depender da situação ou circunstância. Robbins (2008) coloca que as pessoas buscam consistência em suas atitudes e seus comportamentos, de maneira que ambos pareçam racionais e coerentes. Quando surge uma inconsistência, desencadeiam-se forças que levam o indivíduo de volta ao estado de equilíbrio, para que as atitudese o comportamento voltem a ser coerentes. A isso se dá o nome de dissonância cognitiva. Dissonância cognitiva – Festinger propôs a teoria da dissonância cognitiva. Dissonância é uma inconsistência e isso gera desconforto. De acordo com Robbins (2008), Festinger diz que o desejo de reduzir a dissonância é determinado pela importância dos elementos que a criam, pelo grau de influência que a pessoa acredita ter sobre esses elementos e pelas recompensas decorrentes. Exemplo de dissonância cognitiva: uma pessoa fuma e, embora tenha consciência de que o cigarro é prejudicial à saúde, ela pode tentar justificar racionalmente que com argumentos (todo mundo vai morrer um dia, por exemplo) numa tentativa de redução de seu conflito interno ou para diminuir o seu desconforto. Percepção A percepção é algo individual e influi na forma como as pessoas se comportam na organização; é a base para o entendimento do comportamento humano nas organizações, se entendermos os fatores que levam a moldar ou distorcer a percepção. COMPORTAMENTO HUMANO ORGANIZACIONAL Profa. Cida Sanches 22 Observe a figura abaixo: O que você percebe nessas figuras? Você pode ter percebido algumas coisas que outras pessoas não perceberam e vice-versa. ▪ Cada pessoa compreende a realidade de forma diferente. ▪ O fato de um perceber de uma determinada forma não exclui a percepção do outro (certo-errado). ▪ A não percepção do ponto de vista do outro pode acarretar problemas nos níveis prático e relacional. ▪ Percepções diferentes podem aprofundar relacionamentos. COMPORTAMENTO HUMANO ORGANIZACIONAL Profa. Cida Sanches 23 Segundo Robbins (2004), percepção é o processo em que as pessoas selecionam, organizam e interpretam informações existentes, por meio de suas impressões sensoriais (tato, olfato, paladar, audição e visão) com a finalidade de dar sentido ao ambiente ou ao modo como vêem objetos e situação. A percepção é um processo pelo qual um indivíduo recebe um conjunto de estímulos por meio dos sentidos, selecionando-os, comparando-os e interpretando-os convenientemente. Segundo Kemp (1975, p. 13), percepção é "o processo pelo qual um indivíduo se apercebe do mundo que o rodeia". Os diferentes órgãos sensoriais (olhos, ouvidos, tato etc.) são submetidos a uma “multidão” de estímulos e produzem uma sensação no indivíduo. Esta sensação é uma resposta imediata dos órgãos sensoriais aos estímulos. A sensação é um fato fisiológico, já que se trata de uma resposta do organismo aos estímulos, enquanto que a percepção constitui a tomada de consciência dessa reação. Mais que um simples fenômeno sensorial, a percepção é uma conduta psicológica complexa que corresponde a um quadro de referência particular, elaborado segundo a nossa experiência pessoal e social, diz Moderno (2000). Pensamos de modo usual, criando um padrão que se ajusta ao nosso padrão tradicional, ou àquilo que gostaríamos que nosso padrão fosse, e raramente tentamos a verdadeira interpretação de uma situação. A percepção não reflete a realidade objetiva. Vemos o mundo da forma como fomos condicionados a vê-lo; na verdade, quando descrevemos o que vemos, estamos descrevendo a nós mesmos, nossas percepções e paradigmas. Fatores que influenciam a percepção Existem vários fatores que interferem na nossa percepção, como a atenção, os fatores externos e internos, conforme figura abaixo. Fatores que influenciam na percepção (adaptada de Soto, 2002). COMPORTAMENTO HUMANO ORGANIZACIONAL Profa. Cida Sanches 24 Dentre os fatores que influenciam nossa percepção, temos os fatores internos, ou seja, os fatores ligados ao observador. A forma como observo e interpreto uma situação, objeto ou pessoa está intimamente ligada aos meus valores, crenças, experiências passadas, interesse, emoção e motivação. Por exemplo, você pode passar todos os dias pela mesma rua e nunca ter reparado um restaurante, mas se você estiver com fome, com certeza notará. Outro ponto importante a ser destacado é a respeito do conceito que cada um tem de si mesmo, ou seja, sua autopercepção, pois ela influenciará fortemente a forma como vemos os objetos e as pessoas. Ela pode variar de acordo com as relações que mantemos, o trabalho que desenvolvemos e como lidamos com os nossos sucessos e fracassos. Os fatores externos, ou do alvo, também podem interferir na nossa percepção; o fato de estar mais próximo, como, por exemplo, a estratégia utilizada nos supermercados de se colocar o que se quer vender no campo de visão do consumidor. Podemos citar outros fatores do alvo, como o tamanho, o tempo, a semelhança etc. Como o alvo está sempre relacionado a uma situação, esses fatores também irão interferir. O nosso foco de estudo está em como percebemos os outros (heteropercepção), está ligado à impressão que tenho a respeito do outro, pelas suas ações, pela sua voz, pelos seus gestos, seu movimento, sua reação e pela experiência que tive com o outro. O comportamento (atitude, conduta) das pessoas é que nos leva a percebê-las e julgá-las. Segundo Soto (2002), a teoria da atribuição procura explicar como julgamos de maneiras diferentes as pessoas, diante do sentido que atribuímos a um dado comportamento. A teoria sugere que quando observamos o comportamento de alguém, tentamos identificar se o que o motiva é interno ou externo. Ainda segundo o mesmo autor, as causas internas estariam sob o controle do indivíduo, enquanto as causas externas estariam relacionadas a uma situação externa que ocasionou tal comportamento. Por exemplo, se um colaborador chega atrasado, posso atribuir que ele acordou tarde por ter ficado na “farra” ou atribuir ao trânsito. Aqui entram três fatores que irão interferir na atribuição: ▪ Diferenciação: refere-se a comportamentos diferentes em situações diferentes. Se existe um comportamento que é habitual (chegar atrasado), a atribuição será a uma causa interna; caso contrário, se não é um comportamento habitual, o observador atribuirá a uma causa externa. ▪ Consenso: quando todas as pessoas que enfrentam determinada situação respondem de maneira semelhante. Por exemplo, se todos os colegas do funcionário que chegou atrasado fazem o mesmo percurso, e também chegaram atrasados, a atribuição será a uma causa externa, se o consenso for alto. ▪ Coerência: o observador sempre busca uma coerência nas ações das pessoas. Se o funcionário chega sempre atrasado, a atribuição será a COMPORTAMENTO HUMANO ORGANIZACIONAL Profa. Cida Sanches 25 uma causa interna. Quanto mais coerente o comportamento, mais a atribuição tenderá a ser interna. Soto (2002) nos diz que observamos e julgamos as ações segundo um contexto situacional. Há evidências de que, quando julgamos o comportamento das outras pessoas, tendemos a superestimar as causas internas, ou pessoais. Podemos, com isso, incorrer no erro fundamental de atribuição. Ele dá o exemplo: uma gerente de vendas atribui o fraco desempenho de seus vendedores à preguiça deles, e não ao lançamento de um produto concorrente. Existe também a tendência das pessoas de atribuírem o seu sucesso a fatores internos, e os fracassos, a fatores externos. Considerando que o processo perceptivo é pessoa e sofre a influência de vários fatores, ela pode sofrer distorções. Distorções da percepção Distorção é o fenômeno pelo qual transformamos a realidade para que ela se adapte à nossa cultura, à nossa crença, aos nossos valores e até mesmo às impressões e intenções momentâneas. Abaixo, algumas distorções de percepção: ▪ percepção seletiva: as pessoas selecionam o que vêem, ouvem e falam, a partir de seus antecedentes, atitudes, experiências e interesses; ▪ efeito de halo: impressão da pessoa a partir de uma só característica; ▪ projeção: atribuição das características próprias a outra pessoa; ▪ estereótipo: juízoformado a respeito da pessoa, segundo a percepção do grupo a qual pertence; ▪ efeito de contraste: avaliação da pessoa a partir de comparação. As pessoas devem ter o cuidado ao julgar outras, pois podem cometer erros de julgamento em função das distorções apresentadas. Abaixo, são citados alguns processos que sofrem o impacto da nossa percepção e, por isso, devemos estar atentos às distorções, para que os mesmos sejam realizados com equidade: • entrevistas de emprego; • avaliação de desempenho; • tomada de decisão; • definição de estratégias; 19 • lealdade do empregado; • esforço do empregado. Podemos adotar algumas medidas no sentido de minimizar as distorções de percepção e melhorar a nossa capacidade de perceber, como, por exemplo: • aumentar a frequência de observações e em situações diferenciadas; COMPORTAMENTO HUMANO ORGANIZACIONAL Profa. Cida Sanches 26 • coletar percepções de outras pessoas buscando o aumento de informações e confirmando ou não a sua percepção; • estar conscientes das distorções perceptivas; • estar conscientes da administração da impressão de si mesmo e dos outros; • ter consciência de que as relações interpessoais são influenciadas pela maneira como as pessoas se percebem e interpretam as suas percepções; • quanto melhor a compreensão de mim mesmo, maior a possibilidade de compreensão do outro. COMPORTAMENTO HUMANO ORGANIZACIONAL Profa. Cida Sanches 27 Aula 4 Motivação: Conceitos básicos de motivação Motivação intrínseca x motivação extrínseca Teorias motivacionais E você? Tem fome de quê? Tem sede de quê? Fazendo uma analogia da letra dessa música com o nosso tema, podemos refletir que as pessoas têm motivos, ou motivações diferentes e pode surgir também uma questão. Texto: Prof. Leonor Brandão Texto: Prof. Leonor Brandão COMPORTAMENTO HUMANO ORGANIZACIONAL Profa. Cida Sanches 28 A gente quer mais o que? Não só comida. Se eu ganhar bem serei uma pessoa motivada? Se considerarmos o dinheiro como motivador, pergunto: por que então temos várias pessoas ganhando muito e sem nenhuma motivação? Veremos mais a frente que existem outros fatores motivadores, e que o salário não é considerado como tal. Motivação é um tema extremamente discutido, complexo e tem sido uma grande preocupação no mundo empresarial. Muitos são os pesquisadores que vêm buscando alternativas para as questões motivacionais. Podemos questionar também: De acordo com Maximiano (2000), há dois grupos de motivos que influenciam o desempenho, que são: • Motivos internos: são aqueles que surgem das próprias pessoas, como aptidões, interesses, valores e habilidades da pessoa. São os impulsos interiores, de natureza. Fisiológica e psicológica, afetados por fatores sociológicos, como os grupos ou a comunidade da qual a pessoa faz parte. • Motivos externos: são aqueles criados pela situação ou ambiente em que a pessoa se encontra. São estímulos ou incentivos que o ambiente oferece ou objetivos que a pessoa persegue, porque satisfazem necessidades, despertam um sentimento de interesse ou representam a recompensa a ser alcançada. Podemos dizer que a motivação é intrínseca, mas as organizações podem fornecer estímulos ou incentivos, com o objetivo de despertar o interesse ou a necessidade das pessoas. Segundo Robbins (2004), a motivação consistiria na disposição para fazer alguma coisa e seria condicionada pela capacidade dessa ação satisfazer uma necessidade do indivíduo. Segundo Chiavenato (1997), podemos entender a motivação como: • fatores que provocam, canalizam e sustentam o comportamento do indivíduo; • forças internas do indivíduo que respondem pelo nível, rumo e pela persistência do esforço despendido no trabalho; COMPORTAMENTO HUMANO ORGANIZACIONAL Profa. Cida Sanches 29 • estado interno que pode resultar de uma necessidade. É descrito como ativador ou despertador de comportamento geralmente dirigido para a satisfação da necessidade. Hersey e Blanchard (1986) nos dizem que o comportamento humano é orientado para a consecução do objetivo, ou pelo desejo de alcançar o objetivo. A unidade básica do comportamento é a atividade, e todo comportamento é composto de uma série de atividades. Como seres humanos, estamos sempre fazendo alguma coisa: comendo, andando, dormindo, trabalhando etc. Em muitos casos, realizamos mais de uma atividade simultaneamente – como, por exemplo, conversar e dirigir o automóvel. A qualquer momento, podemos decidir passar de uma atividade ou conjunto de atividades para outra. Isso leva a algumas questões interessantes. Por que as pessoas se envolvem em certas atividades e não em outras? Por que mudam de atividades? Para tanto, precisamos saber que motivos ou necessidades das pessoas originam determinada ação em dado momento. A figura a seguir ilustra essa questão. Para clarear a figura acima, podemos usar o exemplo: uma pessoa está com fome. Qual a sua necessidade? Comer, certo? Essa pessoa irá desenvolver todo um comportamento voltado à satisfação dessa necessidade. Ela poderá parar num restaurante, numa cantina etc. e atender a sua necessidade; dizemos que ela desenvolveu uma atividade no objetivo. Se, ao invés de parar e comer ela for ao supermercado, comprar alguma coisa, levar para casa e preparar, dizemos que ela desenvolveu uma atividade para o objetivo. A atividade no objetivo realiza rapidamente o mesmo, ao passo que a atividade para o objetivo inclui algumas etapas para atingi-lo. COMPORTAMENTO HUMANO ORGANIZACIONAL Profa. Cida Sanches 30 As organizações precisam estar atentas no estabelecimento de seus objetivos, pois, se os mesmos forem facilmente alcançáveis, não mobilizarão as pessoas e, por outro lado, o bloqueio ou impedimento de alcançar um objetivo faz com que a pessoa se frustre. Ao se frustrar, as pessoas apresentam alguns mecanismos de defesa, conforme apresentado abaixo. Formas de comportamento frustrado: mecanismos de defesa: ▪ Agressão: a frustração pode crescer até o ponto em que a pessoa se torne agressiva por não ter conseguido atingir seus objetivos. ▪ Racionalização: a pessoa não consegue atingir seu objetivo e inventa desculpas, responsabilizando outras pessoas por isso ou questionando a realidade do objetivo. ▪ Regressão: adota comportamentos imaturos, não apropriados para sua idade. ▪ Fixação: continua a apresentar o mesmo padrão de comportamento, embora as experiências tenham mostrado sua inutilidade. ▪ Resignação: ocorre quando a pessoa perde a esperança de atingir o objetivo – apatia. TEORIAS MOTIVACIONAIS Conforme já foi dito na aula anterior, existem muitas teorias motivacionais; concentraremo-nos nas teorias mais utilizadas nas organizações. As teorias de conteúdo enfatizam o que motiva as pessoas; as teorias de processo enfatizam como as pessoas se mobilizam, e as teorias de reforço enfatizam a manutenção da motivação. Teorias de conteúdo: Concentram-se nas necessidades internas que motivam o comportamento, alterando o clima organizacional. • Maslow – Hierarquia das necessidades. • McClelland – Necessidades adquiridas. • McGregor – Teoria X e Y. • Herzberg – Teoria dos dois fatores. Teorias de processo: Estudam os processos de pensamento por meio dos quais as pessoas decidem como agir. • Vroom, Porter e Lawler – Expectativa. • J. Stacy Adams – Equidade. • Edwin Locke – Estabelecimento de objetivos. Teoria do reforço: Skinner e outros se baseiam na “lei do efeito”, em que o comportamento é determinado por consequências ambientais. COMPORTAMENTO HUMANO ORGANIZACIONAL Profa. Cida Sanches 31 Abordagem comportamentalistaem que o comportamento do indivíduo pode ser controlado por meio do reforço, ou seja, quando o indivíduo dá uma resposta adequada, essa resposta deve ser reforçada para que ela se repita. Embora não possa ser considerada uma teoria motivacional, Robbins (2004) nos diz que inúmeras pesquisas indicam que as pessoas empenham-se mais em tarefas que recebem reforços do que nas demais Teorias de Conteúdo: Teoria da Hierarquia de Maslow Maslow hierarquiza as necessidades humanas tendo como foco a intensidade dos motivos. Ele considera o ser humano na sua totalidade, ou seja, um ser bio-psicossocial. Para ele, somente surgirão necessidades superiores na hierarquia à medida que as inferiores forem satisfeitas. A figura abaixo nos mostra a disposição das necessidades: Fonte: Adaptado de Robbins(2004). 25 Necessidades fisiológicas Segundo Hersey e Blanchard (1986), as necessidades fisiológicas são consideradas básicas e se referem à sobrevivência do homem, ou seja, alimento, sono, sexo. Para Maslow, se essas necessidades não forem satisfeitas, as outras oferecerão pouca motivação, como, por exemplo, uma pessoa com fome ou sono não consegue produzir direito, aprender, porque a necessidade básica estará “falando” mais alto. Nas organizações, podemos COMPORTAMENTO HUMANO ORGANIZACIONAL Profa. Cida Sanches 32 atender a essas necessidades por meio de: salário, intervalos para descanso (DSR), férias, cafezinho etc. Necessidade de segurança Maslow nos diz que quando a necessidade fisiológica está atendida, surge a necessidade de segurança. Necessidade de estar livre do medo do perigo físico e da privação das necessidades básicas. Se essa necessidade não for satisfeita, não surgirão outras. Nas organizações, essas necessidades estão relacionadas à segurança dos colaboradores, tanto física quanto psicológica, tais como equipamentos de segurança, prevenção de acidentes e estabilidade no emprego. Necessidades sociais Uma vez satisfeitas as necessidades fisiológicas e de segurança, surgem as necessidades sociais, ou seja, tendo alimento, descanso, condições para suprir as necessidades básicas e segurança, a pessoa quer pertencer a um grupo ou a vários grupos. As organizações atendem a essas necessidades nos processos de integração, nos grêmios, nas confraternizações, etc. Necessidade de estima A partir do momento em que a pessoa pertence a um grupo, ela deseja ser reconhecida por esse grupo, ou ser estimada. O atendimento dessa necessidade faz com que a pessoa se sinta confiante, útil, com poder e prestígio. Quando um colaborador recebe um elogio, é promovido ou reconhecido pelo seu trabalho, ele experimenta esses sentimentos. Necessidade de auto-realização Depois de satisfeita a necessidade de estima, surge a necessidade de autorrealização. Segundo Hersey e Blanchard (1986), Maslow a.rmou que essa necessidade está ligada ao desejo que temos de nos tornarmos aquilo que somos capazes, quando ele diz que “O que um homem pode ser, deve sê-lo”. Para ele, essa é a necessidade mais difícil de ser suprida, uma vez que ela se manifesta de formas diferentes. A organização tenta atender a essas necessidades ao oferecer bolsas de estudo, incentivos aos colaboradores naquilo que eles são capazes. Devemos entender a hierarquia das necessidades como algo cíclico, em que as necessidades se revezam continuamente, pois, na medida em que uma necessidade não está satisfeita, ela irá prevalecer em detrimento de outra. Isso porque o mais importante nessa situação é a INTENSIDADE de cada necessidade. Teoria das Necessidades Adquiridas – McClelland Segundo Vecchio (2008), McClelland utilizou Testes de Apercepção Temática (TAT) que consistiam na narração de histórias, para revelar as próprias necessidades, as necessidades predominantes, e as encontrou em um conjunto de necessidades específicas: a necessidade de realização, a de associação e a de poder: COMPORTAMENTO HUMANO ORGANIZACIONAL Profa. Cida Sanches 33 • Necessidade de realização: ainda segundo o mesmo autor, as pessoas com elevada necessidade de realização geralmente tendem a preferir situações que envolvem risco moderado e responsabilidade pessoal pelo sucesso; desejam, ainda, feedback específico sobre o desempenho. Essa necessidade oferece uma explicação importante para o sucesso e o fracasso de uma pessoa. • Necessidade de associação: as pessoas com esse tipo de necessidade tendem a ser acolhedoras e simpáticas em seus relacionamentos, valorizam a amizade e gostam do contato permanente com as pessoas. Sentem-se motivadas ao participarem de comemorações e reuniões informais. Se essa necessidade não estiver associada à de realização e poder, existe a possibilidade de serem vistas como ineficazes, em razão do receio da ruptura social ao atuar de modo direto e agressivo. • Necessidade de poder: segundo Soto (2002), a motivação de poder é o desejo de um indivíduo de influenciar no controle e no ambiente social, e manifesta-se de duas maneiras: como poder pessoal e poder social. • Poder pessoal: a influência e o controle têm como único propósito confirmar seu domínio sobre eles. • Poder social: as pessoas fazem uso desse poder para resolver os problemas organizacionais. Teoria X e Y – McGregor De acordo com Robbins (2004), Mc Gregor, após observar a maneira como o executivo tratava seus funcionários, propôs duas visões distintas do ser humano; uma negativa, que chamou de teoria X e uma positiva, chamada de teoria Y. Na teoria X, as quatro premissas dos executivos são: • o homem, por natureza, não gosta de trabalhar, e sempre que puder, vai evitar o trabalho; • como não gosta de trabalhar, ele precisa ser coagido, controlado ou ameaçado com punições para que cumpra as metas; • os trabalhadores evitam as responsabilidades e buscam orientação formal sempre que possível; • a maioria dos trabalhadores coloca a segurança acima de todos os fatores associados ao trabalho e mostram pouca ambição. A teoria Y apresenta também quatro premissas opostas à teoria X: • os trabalhadores podem considerar o trabalho tão natural quanto descansar ou se divertir; • as pessoas demonstram auto-orientação e autocontrole se estiverem comprometidas com os objetivos; • na média, as pessoas podem aprender e aceitar e até buscar responsabilidades; • a inovação e a criatividade estão distribuídas por toda a população. Ainda segundo Robbins (2004), McGregor considerava as premissas da teoria Y mais válidas do que as da teoria X, e propôs ideias como processo decisório participativo, tarefas desafiadoras etc. Não existem evidências de que COMPORTAMENTO HUMANO ORGANIZACIONAL Profa. Cida Sanches 34 a aceitação da teoria Y e a alteração do comportamento individual de acordo com ela resulte em um trabalhador mais motivado. Teoria dos dois fatores de Herzberg Segundo Robbins (2004), Herzberg partiu da ideia de que a relação de uma pessoa com o seu trabalho é básica e que essa atitude pode muito bem determinar o sucesso ou o fracasso, e investigou a seguinte questão: “O que as pessoas desejam do seu trabalho?”. Ele pediu para que as pessoas descrevessem com detalhes situações nas quais se sentiriam excepcionalmente bem ou mal a respeito de seu trabalho. Ainda segundo o mesmo autor, Herzberg identificou que algumas características tendiam a estar relacionadas com a satisfação do trabalho, e outras, com a insatisfação. A figura abaixo nos mostra os fatores intrínsecos, que parecem estar ligados com a satisfação, denominado de fatores motivacionais, e os fatores extrínsecos ligados à insatisfação, denominados fatores higiênicos. Fatores higiênicos Fonte: Robbins (2004). Com base nos dados coletados, Herzberg nos diz que o oposto de satisfação não é a insatisfação. A eliminação de características de insatisfação não levaria necessariamente à satisfação. Observou que quando as pessoasse sentiam insatisfeitas com o seu trabalho, estavam preocupadas com o ambiente em que trabalhavam. Por outro lado, quando se sentiam bem no trabalho, tratava-se do trabalho em si. Os fatores que descrevem o ambiente (extrínsecos) Herzberg chamou de fatores de manutenção ou de higiene, por serem fatores primários, com a função de prevenir a insatisfação no trabalho, portanto, a presença desses fatores não leva à satisfação, mas a sua ausência leva à insatisfação; assim, a organização deve cuidar dos mesmos, mantendo o que está bom, para que não gere insatisfação. Os fatores motivacionais (intrínsecos) estão associados com o trabalho em si ou os resultados derivados dele. COMPORTAMENTO HUMANO ORGANIZACIONAL Profa. Cida Sanches 35 Herzberg propõe que as organizações trabalhem com uma estratégia que chamou de enriquecimento do cargo, ou seja, as organizações devem oferecer incentivos e tornar o trabalho mais desafiador, no qual a pessoa possa dar um sentido ao mesmo, mas, ao mesmo tempo, devem cuidar dos fatores higiênicos, para não gerarem insatisfação. Teorias de Processo: Teoria da expectativa de Vroom Segundo Maximiano (2000), a teoria da expectativa procura explicar como as crenças e expectativas das pessoas combinam-se com os estímulos, para produzir algum tipo de força motivacional. A teoria estabelece que: 1. - o desempenho que se alcança é proporcional ao esforço que se faz; - o esforço que se faz é proporcional ao valor que se dá à recompensa;1 - se a recompensa for atraente, a motivação para o esforço será grande. Ainda segundo o mesmo autor, a teoria da expectativa procura explicar a cadeia de causas e efeitos que vai desde o esforço inicial até a recompensa final. Chiavenato (1997) nos diz que a motivação está diretamente ligada a três fatores: • Expectativa: esse fator está relacionado aos objetivos individuais e à força do desejo de atingir tais objetivos, bem como à percepção de que poderá atingi-los, e isso dependerá das possibilidades individuais e das condições externas. Esses objetivos têm valoração diferente para as pessoas. • Valência: refere-se ao grau de importância que tem o objetivo para o indivíduo. • Instrumentalidade: possibilidade de a ação de se atingir o objetivo ser recompensadora. Com objetivo de clarear os conceitos, podemos dizer que o indivíduo se pergunta: consigo atingir esse objetivo? Ao atingir, serei recompensado? A recompensa vale o esforço despendido? Se ele achar que é capaz e que a recompensa vale a pena, ele se mobilizará. Teoria da equidade de Stacy Adams De acordo com Robbins (2004), a teoria da equidade diz que os trabalhadores avaliam o esforço que dedicaram a uma atividade (entrada) e o que obtiveram com isso (resultado); então, comparam sua proporção de entrada e resultado com a proporção de outros funcionários que consideram relevantes. Ao fazer a comparação, se as proporções são iguais, diz-se que existe um estado de equidade, ou seja, a pessoa entende como justa a situação. Quando essas proporções são desiguais, tem-se a sensação de inequidade ou injustiça. Robbins (2004) ainda nos diz que o indivíduo pode se utilizar de três categorias para estabelecer o seu processo de comparação: o outro, o sistema e próprio. Na primeira categoria, o indivíduo se compara com outros indivíduos em empregos similares e estabelece a comparação entre a sua remuneração com a dos outros. Na segunda categoria, considera o sistema de remuneração COMPORTAMENTO HUMANO ORGANIZACIONAL Profa. Cida Sanches 36 da empresa e atribui se ela é justa ou não. Na terceira, é influenciado por critérios como experiências profissionais ou compromissos familiares. Podemos dizer que o indivíduo vai se comparar, e se ele considerar injusta a sua remuneração, seja porque ele considera que ele trabalha mais que outros e ganha menos, seja porque a política de remuneração da empresa não é justa, ou porque, ao assumir muitos compromissos financeiros, sua remuneração não é suficiente, ele poderá produzir menos, aumentar o absenteísmo, reduzir a qualidade etc. Teoria do estabelecimento de objetivos de Edwin Locke De acordo com Robbins (2004), as intenções expressas como metas podem ser fonte de motivação para o trabalho. Objetivos específicos aprimoram o desempenho, e objetivos difíceis, quando aceitos, acarretam melhor desempenho do que as metas mais fáceis de serem alcançadas. Nessa teoria, não podemos concluir que a participação dos funcionários no estabelecimento dos objetivos seja sempre desejável; ela será preferível quando articulada em termos de objetivos específicos e difíceis, tornando uma poderosa fonte motivacional. Teoria do Reforço: É a teoria que se preocupa com o comportamento do indivíduo em seu ambiente de trabalho, traçando estratégias para alterá-lo dentro das organizações, por meio do reforço positivo e do reforço negativo. Segundo Skinner, a eficácia do reforço depende da proximidade temporal e espacial em relação ao comportamento que se que pretende modelar, sob pena de incidir sobre outro que não esteja em questão. • O reforço positivo É uma conseqüência ou um estímulo que faz com que o comportamento se repita por meio de elogios, congratulação, prêmios, aumento de salário, desempenho e outros. Um reforço positivo fortalece a probabilidade do comportamento pretendido que segue. O seu registro é a presença (positividade) de uma recompensa (Skinner). O reforço positivo é diretamente orientado para resultados desejados. A teoria do reforço positivo parte do fato de que a pessoa se comporta por uma das seguintes razões: 1) Porque um tipo ou nível de desempenho específico é consistentemente recompensador; 2) Porque um padrão de desempenho específico foi alguma vez recompensado, de maneira que ele será repetido, na expectativa de que a recompensa se repita. COMPORTAMENTO HUMANO ORGANIZACIONAL Profa. Cida Sanches 37 • O reforço negativo É a freqüência ou a intensidade de evitar um fato com uma conseqüência desagradável, como tirar o empregado da observação por já ter melhorado seu desempenho, por exemplo. Quando o funcionário realiza um comportamento indesejável para o seu superior, ele será punido, razão pela qual responde com crítica, gritos, designação de tarefas desagradáveis, não efetuação de eventuais pagamentos, o que, diga-se, não é um método motivacional. Pelo contrário, deixa-o cada vez mais desanimado. Um reforço negativo enfraquece um determinado comportamento em proveito de outro que faça cessar o desprazer com uma situação. O seu registro é a ausência (retirada) de um estímulo que cause desprazer após a resposta pretendida. (Skinner) Verifica-se, porém, que ambos incidem após a emergência de um comportamento pretendido pelo experimentador. Portanto, podemos reforçar com elogios e recompensas as ações favoráveis de um funcionário e, assim, encorajá-lo a repetir o comportamento, ou desencorajá-lo com repreensões às ações desfavoráveis, por meio de punição, fazendo com que não haja repetição. Não podemos dizer que a punição é um método pouco utilizado; muito pelo contrário, é comum os gestores punirem os funcionários por não corresponderem ao resultado esperado, situação que faz com que as pessoas passem a produzir bem por um determinado tempo, porém logo ficam desanimadas e a produção cai, exigindo da organização um grande esforço para estimular as pessoas novamente. Isso demonstra que, apesar de a punição ser o habitual, o reforço positivo geralmente se mostra superior, quando se busca produtividade com qualidade. A punição é diferente do reforço negativo. Em termos conceituais, a punição refere-se a um desprazer (estímulo) que se faz presente, após um determinado comportamento não pretendido por aquele que a aplica, enquanto que o reforço negativo se caracteriza pela ausência (retirada) do desprazer, após a ocorrência deum comportamento pretendido por aquele que o promove. Skinner ilustra assim o aspecto antipedagógico da punição: O pai reclama do filho até que cumpra uma tarefa: ao cumpri-la, o filho escapa às reclamações (reforçando o comportamento do pai)....Um professor ameaça seus alunos de castigos corporais ou de reprovação até que resolvam prestar atenção à aula; se obedecerem estarão afastando a ameaça de castigo (e reforçam seu emprego pelo professor). De uma ou outra forma, o controle adverso intencional é o padrão de quase todo o ajustamento social - na ética, na religião, no governo, na economia, na educação, na psicoterapia e na vida familiar (SKINNER, 1971:27) COMPORTAMENTO HUMANO ORGANIZACIONAL Profa. Cida Sanches 38 COMPORTAMENTO HUMANO ORGANIZACIONAL Profa. Cida Sanches 39 Aula 5 Comportamento Meso-Organizacional e Macro-Organizacional Na unidade anterior vimos os aspectos referentes ao comportamento micro- organizacional, ou seja, o indivíduo na organização. Estudamos o ser humano e a sua personalidade, mostrando a importância do estudo da percepção, uma vez que, a mesma interfere na forma como as pessoas vêem as questões organizacionais e ainda as principais teorias motivacionais. O indivíduo entra na organização com suas expectativas, necessidades, interesses, percepções e motivações e, esse mesmo indivíduo, vai pertencer a um grupo de trabalho, influenciá-lo e sofrer influência do mesmo. Essa unidade trata especificamente sobre os processos que envolvem o comportamento meso-organizacional com assuntos como: liderança, comunicação e trabalho em equipe. Liderança Liderança é comunicar o valor e o potencial das pessoas com tanta clareza que elas passam a ver isso em si mesmas (Stephen Covey). As mudanças ocorridas no mundo dos negócios e das organizações trazem à tona várias questões, dentre elas o papel da liderança. Segundo Soto (2002) as novas realidades macroeconômicas e tendências em um mundo globalizado estão modificando o ambiente comercial e industrial e isso requer organizações competitivas, que possam responder de forma positiva a essa realidade e tendência dos mercados futuros. Para atender a essas novas exigências, compete aos líderes conhecerem e poderem transformar a cultura organizacional dentro de uma dinâmica competitiva de esforço, adaptação, desafios e mudança constante. A liderança tem desempenhado um papel fundamental nas relações humanas e a capacidade de liderar fica associada ao sucesso ou fracasso das equipes e organizações. Embora a liderança seja algo que as pessoas vivenciem de alguma forma no cotidiano, o conceito varia de pessoa para pessoa, suscitando inúmeras discussões sobre o tema. Quando falamos em liderança, as pessoas conseguem identificar alguns líderes tais como: Gandhi, Nelson Mandela, Adolf Hitler, Juscelino Kubitschek, Getúlio Vargas, Papa Paulo II, Henry Ford e Bill Gates, entre outros. O que elas possuem? O que torna essas pessoas com características tão diferentes, líderes? Qual o estilo de liderança mais apropriado? Texto: Profas. Cida Sanches & Leonor Brandão COMPORTAMENTO HUMANO ORGANIZACIONAL Profa. Cida Sanches 40 Desde os primórdios da humanidade, estamos organizados em hierarquias, com claros relacionamentos de dominação entre os membros. Segundo Gardner (1996, p. 23), os “processos de dominação” observáveis em primatas não humanos são evidentes mesmo entre os pré-escolares. As crianças dominantes controlam os brinquedos, iniciam e organizam jogos, e ajudam a manter o grupo unido; as crianças menos dominantes orientam-se com referência aos mais dominantes. Tamanho, força, habilidade, inteligência, atratividade e gênero, tudo isso contribui para determinar quais organismos ocuparão posições superiores na hierarquia social emergente. As primeiras pesquisas sobre liderança tratavam da identificação de características de líderes e não líderes, ou de líderes bem-sucedidos e malsucedidos. Alguns consideram apenas os fatores de personalidade, outros, as características físicas, entretanto, devemos considerar a liderança como algo além disso, um fator decisivo na definição dos rumos da organização e na motivação pelo cumprimento dos propósitos estabelecidos. A liderança passa a ser catalisadora do potencial em realidade. Considerando o caráter fundamental da liderança para o sucesso das organizações, abordaremos as questões que nos levem a uma compreensão básica sobre o tema. Definição de liderança Para ser líder é preciso ter um caráter forte o suficiente para fazer a coisa certa. Caráter é algo mais profundo do que personalidade. É a maturidade moral e o compromisso de agir corretamente com as pessoas (James Hunter). Ao analisarmos o tema liderança, nos deparamos com inúmeras definições propostas ao longo dos anos. Conforme definições apresentadas abaixo, veremos que, na grande maioria, há um ponto comum em considerar a liderança como a capacidade de influenciar pessoas para a consecução de um objetivo numa dada situação. Etimologicamente, liderar significa conduzir e líder é aquele que conduz o grupo. Assim, Lacombe e Heilborn (2003) dizem que liderar é conduzir um grupo de pessoas, influenciando seus comportamentos e ações para atingir objetivos de interesse comum desse grupo, de acordo com uma visão do futuro baseada num conjunto coerente de ideias e princípios. Kim e Mauborgne apud DuBrin (2006) definiram liderança como a habilidade de inspirar confiança e apoio entre as pessoas cujo desempenho depende do compromisso e da competência. Bennis apud Lacombe e Heilborn (2003) faz referência à diferença entre administrar e liderar: diz que administrar é assumir responsabilidade, fazer acontecer, enquanto que liderar é influenciar, guiar em direção a um dado objetivo. Desta maneira, o líder age segundo os recursos emocionais e espirituais da organização, sobre seus valores, comprometimento e aspirações, COMPORTAMENTO HUMANO ORGANIZACIONAL Profa. Cida Sanches 41 enquanto o administrador age sobre os recursos físicos da organização: seu capital, habilidades humanas, matérias-primas e tecnologia. Liderança é a influência que uma pessoa exerce sobre outros indivíduos e sobre as atividades do grupo. Essa influência, segundo Krech (1969, p. 489), envolve acontecimentos de comportamento interpessoal - casos de interação - nos quais o líder influi o seguidor e este por sua vez, influencia o líder. Assim, em algum momento de nossas vidas, estaremos exercendo a liderança. Sempre que uma pessoa procurar influenciar o comportamento de outra, a primeira é o líder potencial e a segunda o liderado potencial. Para Tannenbaum e Schmidt (1973), a liderança baseia-se em três aspectos ou forças e é por meio dessas três forças que o líder é capaz de escolher o estilo de liderança que vai adotar naquele momento, com aquelas variáveis, para poder sintonizá-las: • forças no gerente: a motivação interna do líder e fatores externos que ele sofre; • forças no subordinado: a motivação externa, proveniente do líder, e fatores externos que atuam sobre os subordinados; • forças na situação: as condições pelas quais a liderança é exercida. Bergamini (1994, p. 103) aponta dois aspectos comuns às definições de liderança: primeiro, que a liderança está ligada a um fenômeno grupal, isto é, envolve duas ou mais pessoas; segundo, que fica evidente tratar-se de um processo de influência exercido de forma intencional por parte dos líderes sobre seus seguidores. Liderar é ter capacidade de influenciar um grupo em direção à realização de metas, visto que a posição de liderança em um ambiente de trabalho está relacionada com o processo de interação entre as pessoas:
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