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Caderno de Processo penal - Curso Fórum - Marcos Paulo (CONCURSOS)

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DELEGADO CIVIL – DIREITO PROCESSUAL PENAL 
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DIREITO PROCESSUAL PENAL 
Capítulo 1 
INTRODUÇÃO AO PROCESSO PENAL 
 
1.1. Lei Processual no Tempo 
Conforme o art. 2º do CPP, a lei processual penal será aplicada desde logo, sem 
prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior, o que consagra a 
incidência do princípio da tempus regit actum. 
 
1.2. Lei Processual no Espaço 
Conforme o art. 1º do CPP, a lei processual penal se aplica em todo o território 
brasileiro, o que consagra o princípio da territorialidade. 
Entretanto, o próprio dispositivo traz algumas ressalvas com relação à aplicação 
desse princípio quando relativo: 
a) a tratados, convenções e regras de direito internacional; 
b) à jurisdição política. Ocorre, dentre outras hipóteses, nos casos dos incisos I e II do 
art. 52 da CRFB/1988, em que a competência para processar determinadas autoridades 
(Presidente e Vice-Presidente da República, Ministros de Estado, Comandantes da 
Marinha, do Exército e da Aeronáutica, Ministros do Supremo Tribunal Federal) é 
deslocada do Poder Judiciário para o Poder Legislativo (Senado Federal); 
c) aos processos de competência da Justiça Militar; 
d) aos processos de competência do Tribunal Especial (o extinto Tribunal de Segurança 
Nacional, previsto no art. 122, nº 17, da Constituição de 1937); 
e) aos processos por crimes de imprensa (esta ressalva se encontra superada, porque a 
Lei de Imprensa (Lei 5.250/1967) teve a eficácia de vários artigos suspensa liminarmente 
em sede da Ação de Descumprimento de Preceitos Fundamentais 130-7/DF). 
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1.3. Princípios 
a) Princípio do devido processo legal: previsto no art. 5º, LIV, da CRFB/1988. Há duas 
acepções: uma material, que trata da regularidade do processo legislativo, e uma de 
cunho processual, que se refere à regularidade dos atos processuais. 
b) Princípio da inocência: previsto no art. 5º, LVII, da CRFB/1988. Significa que o 
indivíduo não pode ser considerado culpado antes do trânsito em julgado da sentença 
penal condenatória. 
c) Princípio do juiz natural: previsto no art. 5º, LIII, da CRFB/1988. Significa a garantia 
de um julgamento por um juiz competente, de acordo com regras objetivas de 
competência e, com isso, a proibição da criação de tribunais de exceção. 
d) Princípio da publicidade: preleciona que todo processo é público, salvo algumas 
limitações com base no interesse social ou para tutelar-se a intimidade das partes. 
 
 
Aplicação Prática – Questão de Concurso 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
(Ano: 2016 Banca: FUNCAB Órgão: PC-PA Prova: Delegado de Polícia) 
No que respeita aos princípios da presunção de inocência e da não autoincriminação, é correto 
afirmar que: 
a) o direito ao silêncio pode ser utilizado em desfavor do réu. 
b) segundo a atual jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a sentença condenatória tem 
eficácia tão logo confirmada em segundo grau de jurisdição, não importando em violação ao 
princípio da presunção de inocência. 
c) a exigência do recolhimento do réu à prisão para apelar não ofende os princípios da não 
culpabilidade e da proporcionalidade. 
d) é possível a invocação de investigações e ações penais em andamento como maus 
antecedentes na fase da aplicação da pena. 
e) o princípio constitucional da não culpabilidade não é óbice ao lançamento do nome do réu 
no rol dos culpados antes do trânsito em julgado da sentença condenatória. 
R: Alternativa B 
 
 
 
 
 
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1.4. Sistemas processuais 
Dividiremos o tema em dois sistemas principais: Sistema Inquisitivo e Sistema 
Acusatório. 
a) Sistema Inquisitivo: se caracteriza pelo fato de o Juiz acumular o exercício de três 
funções processuais: acusar, defender e julgar. Nesse sistema, o próprio julgador tem a 
possibilidade de iniciar o processo. 
b) Sistema Acusatório: se caracteriza pela divisão de funções entre os sujeitos 
processuais. O Ministério Público exerce a titularidade da ação penal pública. O julgador 
é inerte e imparcial, não lhe é permitido iniciar o processo de ofício. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Capítulo 2 
INQUÉRITO POLICIAL 
2.1. Conceito 
O inquérito policial define-se como um procedimento administrativo conduzido 
pela polícia judiciária e direcionado à apuração de uma infração de sua autoria, com a 
finalidade de possibilitar que o titular da ação penal possa ingressar em juízo. 
 
2.2. Natureza jurídica 
É um procedimento administrativo. 
 
2.3. Finalidade 
A finalidade essencial do inquérito policial é apurar a possível infração penal 
cometida e a sua autora para que o titular da ação penal possa ter elementos 
probatórios, a justa causa, para o ingresso em juízo. 
 
2.4. Características 
As principais características são as seguintes: 
 
a) Escrito: art. 9º do CPP. Todas as peças do inquérito policial serão processadas num 
só, reduzidas a escrito ou datilografadas, e, nesse caso, rubricadas pela autoridade. 
b) Indisponível: art. 17 do CPP. Uma vez instaurado, não pode, sob hipótese alguma, ser 
arquivado pela autoridade policial. 
c) Sigiloso: art. 20 do CPP. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à 
elucidação do fato ou exigido pela sociedade. 
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d) Oficialidade: art. 4º do CPP. O inquérito policial é dirigido por órgãos públicos oficiais, 
no caso, a autoridade policial. 
e) Dispensável: art. 39, § 5º, do CPP. O órgão do Ministério Público dispensará o 
inquérito, se com a representação forem oferecidos elementos que o habilitem a 
promover a ação penal. 
 
 
INCLUSÃO: 
 
 
 
 
 
 
2.5. Procedimento: fases e especificações 
Iniciativa e instauração do inquérito policial: 
a) Crime de ação penal pública incondicionada: de ofício; mediante requisição da 
autoridade judiciária ou do Ministério Público; a requerimento do ofendido ou de quem 
tiver qualidade para representá-lo. Art. 5º, I e II, do CPP. 
b) Crime de ação penal pública condicionada: representação do ofendido. Também nos 
casos de requisição do Ministro da Justiça. Art. 5º, § 4º, do CPP. 
c) Crime de ação penal de iniciativa privada: requerimento do ofendido. Art. 5º, § 5º, 
do CPP. 
 
Durante o inquérito policial serão possíveis algumas diligências, tais como: 
apreensão de objetos, perícias, acareações etc. 
O encerramento do inquérito policial ocorre com a conclusão de todas as 
diligências, na oportunidade em que a autoridade policial elaborará minucioso relatório 
do que tiver sido apurado e enviará os autos ao juízo competente. 
 
Observação: Atribuição para a Presidência do Inquérito Policial 
De acordo com a doutrina, a atribuição recai sobre a polícia judiciária. 
Conforme o artigo 2º da IMPORTANTE Lei nº 12.830/2013: 
 “As funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais exercidas pelo 
delegado de polícia são de natureza jurídica, essenciais e exclusivas de Estado”. 
 
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Prazos para a conclusão do inquérito policial: 
 
– Regra Geral (art. 10 do CPP): o prazo será de 10 dias para o inquérito policial que tem 
indiciado preso e de 30 dias para o indiciado solto. Só se admite a prorrogação do prazo 
se o indiciado estiver solto. 
– Lei de Drogas (art. 51 da Lei 11.343/2006): o prazo seráde 30 dias para o indiciado 
preso e de 90 dias para o indiciado solto. Os prazos podem ser duplicados pelo juiz, 
ouvido o Ministério Público, mediante pedido justificado da autoridade de polícia 
judiciária. 
– Crimes contra a economia popular (art. 10, § 1º, da Lei 1.521/1951): o prazo será de 
10 dias improrrogáveis, estando o indiciado solto ou preso. 
– Justiça Federal (art. 66 da Lei 5.010/1966): o prazo será de 15 dias para o indiciado 
preso, podendo ser prorrogado por mais 15 dias, a pedido, devidamente fundamentado, 
da autoridade policial. Já para o indiciado solto, o prazo adotado é o da regra geral. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Jurisprudências 
Tema: Poder investigatório do Ministério Público (Informativos 785 e 
787 do STF) 
Ministério Público pode realizar diretamente a investigação de crimes O 
STF reconheceu a legitimidade do Ministério Público para promover, por 
autoridade própria, investigações de natureza penal, mas ressaltou que 
Súmula Vinculante 14: É direito do defensor, no interesse do representado, ter 
acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento 
investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam 
respeito ao exercício do direito de defesa. 
Súmula 234 do STF: A participação de membro do Ministério Público na fase 
investigatória criminal não acarreta o seu impedimento ou suspeição para o 
oferecimento da denúncia. 
Súmula 524 do STF: Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a 
requerimento do promotor de justiça, não pode a ação penal ser iniciada, sem novas 
provas. 
 
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essa investigação deverá respeitar alguns parâmetros que podem ser a 
seguir listados: 1) Devem ser respeitados os direitos e garantias 
fundamentais dos investigados; 2) Os atos investigatórios devem ser 
necessariamente documentados e praticados por membros do MP; 3) 
Devem ser observadas as hipóteses de reserva constitucional de 
jurisdição, ou seja, determinadas diligências somente podem ser 
autorizadas pelo Poder Judiciário nos casos em que a CF/88 assim exigir 
(ex: interceptação telefônica, quebra de sigilo bancário etc.); 4) Devem 
ser respeitadas as prerrogativas profissionais asseguradas por lei aos 
advogados; 5) Deve ser assegurada a garantia prevista na Súmula 
vinculante 14 do STF (“É direito do defensor, no interesse do 
representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já 
documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com 
competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito 
de defesa”); 6) A investigação deve ser realizada dentro de prazo 
razoável; 7) Os atos de investigação conduzidos pelo MP estão sujeitos ao 
permanente controle do Poder Judiciário. A tese fixada em repercussão 
geral foi a seguinte: “O Ministério Público dispõe de competência para 
promover, por autoridade própria, e por prazo razoável, investigações de 
natureza penal, desde que respeitados os direitos e garantias que 
assistem a qualquer indiciado ou a qualquer pessoa sob investigação do 
Estado, observadas, sempre, por seus agentes, as hipóteses de reserva 
constitucional de jurisdição e, também, as prerrogativas profissionais de 
que se acham investidos, em nosso País, os advogados (Lei 8.906/1994, 
art. 7º, notadamente os incisos I, II, III, XI, XIII, XIV e XIX), sem prejuízo da 
possibilidade — sempre presente no Estado democrático de Direito — do 
permanente controle jurisdicional dos atos, necessariamente 
documentados (Enunciado 14 da Súmula Vinculante), praticados pelos 
membros dessa Instituição.” 
(RE 593727/MG, rel. orig. Min. Cezar Peluso, red. p/ o acórdão Min. 
Gilmar Mendes, Plenário, julgado em 14/5/2015 (repercussão geral). HC 
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85011/RS, red. p/ o acórdão Min. Teori Zavascki, 1ª Turma, julgado em 
26/5/2015). 
Tema: Denúncia anônima e ação penal (Informativo nº 819 do STF) 
Denúncia anônima As notícias anônimas ("denúncias anônimas") não 
autorizam, por si sós, a propositura de ação penal ou mesmo, na fase de 
investigação preliminar, o emprego de métodos invasivos de 
investigação, como interceptação telefônica ou busca e apreensão. 
Entretanto, elas podem constituir fonte de informação e de provas que 
não podem ser simplesmente descartadas pelos órgãos do Poder 
Judiciário. Procedimento a ser adotado pela autoridade policial em caso 
de “denúncia anônima”: 1) Realizar investigações preliminares para 
confirmar a credibilidade da “denúncia”; 2) Sendo confirmado que a 
“denúncia anônima” possui aparência mínima de procedência, instaura-
se inquérito policial; 3) Instaurado o inquérito, a autoridade policial 
deverá buscar outros meios de prova que não a interceptação telefônica 
(esta é a ultima ratio). Se houver indícios concretos contra os 
investigados, mas a interceptação se revelar imprescindível para provar o 
crime, poderá ser requerida a quebra do sigilo telefônico ao magistrado. 
(HC 106152/MS, Rel. Min. Rosa Weber, 1ª Turma, julgado em 29/3/2016). 
 
Tema: Investigação criminal e autoridades com foro privativo no STF 
(Informativo nº 812 do STF) 
Investigação criminal envolvendo autoridades com foro privativo no STF 
As investigações envolvendo autoridades com foro privativo no STF 
somente podem ser iniciadas após autorização formal do STF. De igual 
modo, as diligências investigatórias envolvendo autoridades com foro 
privativo no STF precisam ser previamente requeridas e autorizadas pelo 
STF. Diante disso, indaga-se: depois de o PGR requerer alguma diligência 
investigatória, antes de o Ministro Relator decidir, é necessário que a 
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defesa do investigado seja ouvida e se manifeste sobre o pedido? NÃO. 
As diligências requeridas pelo Ministério Público Federal e deferidas pelo 
Ministro-Relator são meramente informativas, não suscetíveis ao 
princípio do contraditório. Desse modo, não cabe à defesa controlar, “ex 
ante”, a investigação, o que acabaria por restringir os poderes 
instrutórios do Relator. Assim, o Ministro poderá deferir, mesmo sem 
ouvir a defesa, as diligências requeridas pelo MP que entender 
pertinentes e relevantes para o esclarecimento dos fatos. 
(Inq 3387 AgR/CE, Rel. Min. Dias Toffoli, 2ª Turma, julgado em 
15/12/2015). 
 
 
 
INCLUSÃO 
2.6. Indiciamento 
 
- Conceito: significa a atribuição a alguém, no âmbito do inquérito policial, do 
cometimento de uma infração penal, nas hipóteses em que houver suficientes indícios 
de autoria e de materialidade da infração penal investigada. 
 
- Atribuição: conforme previsto no artigo 2º, §6º da Lei nº 12.830/2013 é um ato 
privativo do delegado de polícia, senão vejamos: 
 
 
 
 
 
 
- Espécies: 
 
a) Direto: ocorre quando o investigado encontra-se presente no ato. 
“O indiciamento, privativo do delegado de polícia, dar-se-á por ato fundamentado, 
mediante análise técnico-jurídica do fato, que deverá indicar a autoria, 
materialidade e suas circunstâncias.” 
 
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b) Indireto: é a exceção, que ocorre na hipótese em que o investigado não se encontra 
presente no ato. 
 
- Desindiciamento: significa a cassação ou revogação de anterior indiciamento. 
 
 
Aplicação Prática – Questão de Concurso 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
(Ano: 2014 Banca: ACAFE Órgão: PC-SC Prova: Delegado de Polícia)De acordo com o Código de Processo Penal assinale a alternativa correta. 
a) A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas respectivas 
jurisdições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria. 
b) Ciente da prática de um crime, a autoridade policial deverá, se possível e conveniente, dirigir-
se ao local dos fatos. 
c) O ofendido ou seu representante legal e o indiciado poderão requerer qualquer diligência, 
que sempre será realizada em até 10 dias. 
d) A autoridade policial poderá mandar arquivar autos de inquérito. 
e) O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de representação, não poderá sem 
ela ser iniciado, bem como, nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente poderá 
proceder a inquérito a requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la. 
 
R: Alternativa E 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
R: Alternativa C 
 
 
 
 
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Capítulo 3 
 AÇÃO PENAL 
3.1. Introdução 
A ação penal se caracteriza por ser o direito de pedir ao Estado-Juiz a 
aplicabilidade do Direito Penal Objetivo a determinado caso concreto. 
 
3.2. Condições da ação penal 
São condições da ação penal: legitimidade, interesse de agir, possibilidade 
jurídica do pedido. Há controvérsia a respeito da justa causa, se esta integraria ou não 
o rol das condições da ação. 
 
3.3. Princípios da ação penal 
No que tange aos princípios da ação penal, podemos subdividi-los conforme a 
natureza da ação penal. Assim, teremos princípios da ação penal pública e princípios da 
ação penal privada. Veja-se: 
 
– Princípios da Ação Penal Pública: 
 
a) Obrigatoriedade: significa que, se estiverem presentes os indícios de autoria e de 
materialidade delitiva, bem como ausentes as causas extintivas da punibilidade, o 
representante do Ministério Público está obrigado a oferecer a denúncia. 
b) Indisponibilidade: significa que o Ministério Público não pode desistir do curso da 
ação intentada, bem como do recurso eventualmente interposto. 
 
– Princípios da Ação Penal Privada: 
 
a) Oportunidade: significa que o ofendido tem a faculdade de propor a ação penal. 
b) Disponibilidade: dispõe que o querelante pode desistir de prosseguir com a ação 
penal, por meio do perdão do ofendido ou pela perempção. 
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c) Indivisibilidade: dispõe que, no caso de concurso de agentes, a queixa deverá ser 
oferecida contra todos os coautores que o querelante tiver conhecimento, não sendo 
possível a escolha contra quem intentará a ação penal. 
 
3.4. Classificação das ações penais 
A divisão das espécies de ação penal é costumeiramente identificada pelo 
critério subjetivo, ou seja, levando em consideração a qualidade do sujeito que detém a 
titularidade. Nesse sentido, dispõe o art. 100 do CP que “a ação é pública, salvo quando 
a lei expressamente a declare privativa do ofendido”. 
 
3.4.1. Ação penal pública 
A ação penal pública é aquela que deve ser promovida pelo Ministério Público, 
conforme o art. 257, I, do CPP. A ação penal pública pode ser incondicionada ou 
condicionada. 
A ação penal pública incondicionada é a regra. Ela é proposta 
independentemente da vontade ou manifestação de qualquer sujeito, bastando 
estarem presentes as condições da ação e os pressupostos processuais. 
 
 
 
 
A ação penal pública condicionada depende da manifestação de vontade do 
ofendido (ou do seu representante legal) ou da requisição do Ministro da Justiça. 
 
3.4.2. Ação penal de iniciativa privada 
A ação penal privada é aquela em que o Estado, titular exclusivo do ius puniendi 
(direito de punir), transfere à vítima ou a quem legalmente a represente a legitimidade 
para propositura da ação penal, conservando, entretanto, a titularidade do direito de 
Sumula 542 do STJ: A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de 
violência doméstica contra a mulher é pública incondicionada. 
 
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punir. Subdivide-se em: exclusivamente privada ou propriamente dita; personalíssima; 
subsidiária da pública. 
 
A ação penal exclusivamente privada ou propriamente dita é aquela em que a 
vítima ou quem legalmente a represente exerce diretamente. A sua fundamentação 
legal encontra-se no art. 31 do CPP. 
 
A ação penal personalíssima é aquela em que somente o ofendido pode exercer 
o direito de ação, não havendo possibilidade, em caso de sua morte, da transferência 
desse direito aos sucessores. A única hipótese prevista encontra-se no crime do art. 236 
do CP. 
 
A ação penal privada subsidiária da pública é aquela em que a vítima ou quem 
legalmente a represente exerce diante da inércia do titular da ação penal pública – 
Ministério Público –, ou seja, quando o órgão ministerial não oferece a denúncia, não 
promove o arquivamento ou não requisita diligências no prazo legal. O prazo é 
decadencial de seis meses, contados da data em que terminar o prazo para o Ministério 
Público adotar as providências cabíveis, conforme o art. 38 do CPP. 
 
Aplicação Prática – Questão de Concurso 
 
 
(Ano: 2016 Banca: CESPE Órgão: PC-PE Prova: Delegado de Polícia) 
Acerca da ação penal, suas características, espécies e condições, assinale a opção correta. 
a) A perempção incide tanto na ação penal privada exclusiva quanto na ação penal privada 
subsidiária da ação penal pública. 
b) Os prazos prescricionais e decadenciais incidem de igual forma tanto na ação penal pública 
condicionada à representação do ofendido quanto na ação penal pública condicionada à 
representação do ministro da Justiça. 
c) De regra, não há necessidade de a queixa-crime ser proposta por advogado dotado de 
poderes específicos para tal fim, em homenagem ao princípio do devido processo legal. 
d) Tanto na ação pública condicionada à representação quanto na ação penal privada, se o 
ofendido tiver menos de vinte e um anos de idade e mais de dezoito anos de idade, o direito de 
queixa ou de representação poderá ser exercido por ele ou por seu representante legal. 
e) É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do MP, condicionada à 
representação do ofendido, para a ação penal por crime contra a honra de servidor público em 
razão do exercício de suas funções. 
R: Alternativa E 
 
 
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Capítulo 4 
COMPETÊNCIA CRIMINAL 
4.1. Conceito 
Define-se competência criminal como sendo a medida e o limite jurisdicional, 
nos quais o órgão judicial pode atuar, ou seja, delimita o exercício da jurisdição para o 
magistrado. 
 
4.2. Espécies 
No que tange à competência, pode-se subdividi-la em três partes: 
 
– competência estabelecida em razão do lugar do crime cometido – “ratione materiae”; 
– competência estabelecida de acordo com a qualidade das pessoas acusadas – “ratione 
personae”; 
– competência estabelecida de acordo com o local em que foi praticado ou consumado 
o crime, ou o local da residência do seu autor – “ratione loci”. 
 
Deve-se observar, para tanto, o previsto no art. 69 do CPP, o qual prescreve que 
a competência é determinada em razão: do lugar da infração, e do domicílio ou 
residência do réu (“ratione loci”); da natureza da infração (“ratione materiae”); da 
distribuição; da conexão ou continência; da prevenção e da prerrogativa de função 
(“ratione personae”). Agora, analisaremos cada uma em separado: 
 
– Competênciaem razão do lugar da infração: adotou-se, em regra, a teoria do resultado 
para determinar o foro competente para a ação penal. 
 
De acordo com o art. 70, § 1º, do CPP, “iniciada a execução no território nacional, 
se a infração se consumar fora dele, a competência será determinada pelo lugar em que 
tiver sido praticado, no Brasil, o último ato de execução”. Ao contrário, o § 2º, desse 
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mesmo diploma legal, determina que, “quando o último ato de execução for praticado 
fora do território nacional, será competente o juiz do lugar em que o crime, embora 
parcialmente, tenha produzido ou devia produzir seu resultado”. Ressalta-se que esses 
parágrafos do art. 70 do CPP adotaram a teoria da ubiquidade, em conformidade com o 
disposto no art. 6.º do CP, uma vez que o Brasil tem o interesse de punir o delito cujo 
início (ação) ou fim (resultado) deu-se em seu território. 
O art. 70, § 3º, do CPP, com o objetivo de esclarecer qualquer dúvida a respeito 
do foro competente para processar o feito, dispõe que, quando incerto o limite 
territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando incerta a jurisdição por ter sido a 
infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais jurisdições, a competência 
firmar-se-á pela prevenção. 
 Da mesma forma, aplicando a mesma regra anterior, o art. 71 do CPP dispõe 
que, na hipótese de infração continuada ou permanente, praticada em território de duas 
ou mais jurisdições, a competência será firmada pelo critério da prevenção. 
 
– Competência pelo domicílio ou residência do réu: é estabelecida de forma subsidiária. 
Quando não for conhecido o lugar da infração, fixa-se a competência pelo domicílio ou 
residência do réu, nos termos do art. 72 do CPP. Entretanto, se o réu não possuir 
residência ou for ignorado o seu paradeiro, será competente o juiz que primeiro tomar 
conhecimento do fato. 
 
– Competência pela natureza da infração: conforme disciplina o art. 74 do CPP, a 
competência pela natureza da infração será regulada pelas leis de organização judiciária, 
no âmbito federal ou estadual, salvo a competência privativa do Tribunal do Júri, nos 
moldes estabelecidos pela CRFB/1988. 
 
– Competência por distribuição e prevenção: nos casos em que na mesma circunscrição 
judiciária houver mais de um juiz igualmente competente, resolve-se pela distribuição. 
A distribuição é um processo aleatório de escolha por meio de um sorteio. Aplica-se o 
art. 75 do CPP. A prevenção, por sua vez, ocorre nos casos em que concorrerem dois ou 
mais juízes igualmente competentes, e um deles tiver antecedido aos demais na prática 
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de algum ato de cunho decisório ou de medida a este relativa, ainda que anterior ao 
recebimento da denúncia ou da queixa, nos moldes do art. 83 do CPP. 
 
– Competência por conexão ou continência: 
 
a) conexão: ocorre quando há uma dependência recíproca entre os fatos delituosos. A 
competência por conexão se subdivide em: intersubjetiva – prevista no art. 76, I, do CPP; 
objetiva, lógica ou material – prevista no art. 76, II, do CPP; instrumental ou probatória 
– prevista no art. 76, III, do CPP. 
b) continência: ocorre quando uma situação estiver contida na outra e não for possível 
a separação. Pode ser de duas espécies: por cumulação subjetiva – prevista no art. 77, 
I, do CPP e por cumulação objetiva – prevista no art. 77, II, do CPP. 
 
 
 
 
 
 
 
Destaca-se que o art. 78 do CPP disciplina as regras que são utilizadas para 
determinar o juízo prevalente nos casos de reunião dos processos por conexão ou 
continência. Entretanto, há hipóteses em que essa reunião dos processos não será 
possível, devendo-se, assim, separar os feitos obrigatoriamente, a saber: no concurso 
entre a jurisdição comum e a militar; no concurso entre a jurisdição comum e a do juízo 
de menores; se em relação a algum corréu sobrevier doença mental após o fato 
criminoso. 
O art. 80 do CPP disciplina as hipóteses em que será facultativa a separação dos 
processos. 
 
– Competência por prerrogativa de função: de acordo com o art. 84 do CPP, a 
competência por prerrogativa de função é do Supremo Tribunal Federal, do Superior 
Tribunal de Justiça, dos Tribunais Regionais Federais e dos Tribunais de Justiça dos 
Cabe lembrar que, de acordo com a doutrina majoritária, a conexão e a continência 
não são consideradas como critérios de fixação de competência, mas sim da sua 
prorrogação. Desse modo, uma vez reconhecidas, possuem os seguintes efeitos: a 
reunião das ações em um mesmo processo, bem como a prorrogação da competência. 
 
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Estados e do Distrito Federal, que diz respeito às pessoas que respondem perante esses 
tribunais por crimes comuns e de responsabilidade. 
 
 
 
 
Súmula 42 do STJ: Compete a Justiça Comum Estadual processar e julgar as causas cíveis 
em que é parte sociedade de economia mista e os crimes praticados em seu detrimento. 
Súmula 62 do STJ: Compete a Justiça Estadual processar e julgar o crime de falsa anotação 
na carteira de trabalho e previdência social, atribuído a empresa privada. 
Súmula 75 do STJ: Compete a Justiça Comum Estadual processar e julgar o policial militar 
por crime de promover ou facilitar a fuga de preso de estabelecimento penal. 
Súmula 104 do STJ: Compete a Justiça Estadual o processo e julgamento dos crimes de 
falsificação e uso de documento falso relativo a estabelecimento particular de ensino. 
Súmula 107 do STJ: Compete a Justiça Comum Estadual processar e julgar crime de 
estelionato praticado mediante falsificação das guias de recolhimento das contribuições 
previdenciárias, quando não ocorrente lesão a autarquia federal. 
Súmula 140 do STJ: Compete a Justiça Comum Estadual processar e julgar crime em que o 
indígena figure como autor ou vítima. 
Súmula 147 do STJ: Compete a Justiça Federal processar e julgar os crimes praticados 
contra funcionário público federal, quando relacionados com o exercício da função. 
Súmula 208 do STJ: Compete a Justiça Federal processar e julgar Prefeito Municipal por 
desvio de verba sujeita a prestação de contas perante órgão federal. 
Súmula 209 do STJ: Compete a Justiça Estadual processar e julgar prefeito por desvio de 
verba transferida e incorporada ao patrimônio municipal. 
Súmula 546 do STJ: A competência para processar e julgar o crime de uso de documento 
falso é firmada em razão da entidade ou órgão ao qual foi apresentado o documento 
público, não importando a qualificação do órgão expedidor. 
 
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Aplicação Prática – Questão de Concurso 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Súmula Vinculante 45: A competência constitucional do Tribunal do Júri prevalece sobre 
o foro por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela Constituição 
Estadual. 
Súmula 451 do STF: A competência especial por prerrogativa de função não se estende 
ao crime cometido após a cessação definitiva do exercício funcional. 
Súmula 522 do STF: Salvo ocorrência de tráfico para o Exterior, quando, então, a 
competência será da Justiça Federal, compete à Justiça dos Estados o processo e 
julgamento dos crimes relativos a entorpecentes. 
Súmula 704 do STF: Não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa e do devido 
processo legal a atração por continência ou conexão do processo do corréu ao foro por 
prerrogativa de função de um dos denunciados. 
 
(Ano: 2015 Banca:VUNESP Órgão: PC-CE Prova: Delegado de Polícia) 
A competência para a ação penal, caso 
a) desconhecido o domicílio do ofendido, será estabelecida pelo local da infração. 
b) desconhecido o local da infração, será estabelecida pela residência ou domicílio do réu. 
c) desconhecido o domicílio do réu, será estabelecida pela prevenção. 
d) se trate de ação privada, ficará a cargo do querelante, que pode escolher entre o local da 
infração e o da sua própria residência. 
e) se trate de crime tentado, será fixada no lugar onde deveria ter se consumado a infração. 
R: Alternativa B 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
R: Alternativa C 
 
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Capítulo 5 
 TEORIA GERAL DA PROVA 
5.1. Conceito 
A prova é todo elemento pelo qual se objetiva demonstrar a existência e a 
veracidade de determinado fato. Tem por finalidade principal o convencimento do 
órgão julgador. 
 
5.2. Objeto 
O objeto da prova são os fatos principais ou secundários que exijam uma 
valoração judicial e a sua comprovação. Diz-se que o objeto da prova tem um caráter 
objetivo e outro subjetivo. O caráter objetivo é a demonstração da ocorrência de 
determinado fato. O caráter subjetivo é a formação do convencimento do juiz, de cunho 
persuasivo. 
 
5.3. Meios 
Os meios de prova se caracterizam por serem instrumentos ou atividades pelos 
quais os elementos de prova são inseridos no processo, por exemplo: documento, 
perícia, testemunha etc. 
 
5.4. Classificação 
– Quanto ao sujeito: 
a) pessoal: engloba toda afirmativa de forma consciente destinada a demonstrar a 
veracidade dos fatos afirmados. Exemplo: interrogatório. 
b) real: é advinda dos vestígios deixados pelo fato delituoso. Exemplo: o arrombamento 
de uma porta. 
 
– Quanto ao objeto: 
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a) diretas: guardam relação com o próprio fato que está sendo tratado no processo. 
Exemplo: uma testemunha que presenciou o crime. 
b) indiretas: guardam relação com outro fato distinto daquele que está sendo 
investigado, mas a sua análise permite retirar conclusões a respeito do fato investigado. 
Exemplo: o álibi. 
 
– Quanto ao efeito ou valor da prova: 
a) provas plenas: permitem um juízo de certeza quanto ao fato que se destinam a 
comprovar, em razão de serem completas. Em geral, são utilizadas como fonte primária 
para o convencimento do julgador. 
b) provas não plenas: não permitem um juízo de certeza, servindo apenas de reforço da 
convicção do julgador. 
 
5.5. Princípios 
– Princípio da presunção de inocência (princípio da não culpabilidade): traduz o direito 
de não ser declarado culpado, senão após o trânsito em julgado de sentença 
condenatória, ao término de um processo, no qual tenham sido observadas todas as 
garantias fundamentais. Esse princípio está descrito na Convenção Americana de 
Direitos Humanos (presunção de inocência), no art. 8º, nº 2. A referida Convenção utiliza 
a expressão inocência. No âmbito da nossa CRFB/1988, temos a presunção de não 
culpabilidade. Interessante perceber que, ao contrário da Convenção Americana, o 
constituinte não utiliza a expressão inocência. Diz que ninguém será considerado 
culpado. Daí a distinção entre os termos utilizados. 
– Princípio do nemo tenetur se detegere: a expressão em questão significa que ninguém 
é obrigado a contribuir para sua própria destruição. Ninguém é obrigado a produzir 
prova contra si mesmo. Esse princípio de fundamental importância está previsto tanto 
nos tratados internacionais como também na própria CRFB/1988. Ver art. 8º, nº 2, “g”, 
da CADH (Decreto 678/1992). Esse princípio consagra um instinto natural do ser 
humano. Quando pratica um crime, a tendência natural é se defender. Se quiséssemos 
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obrigá-lo a depor contra si mesmo, teríamos que admitir constrangimentos. Além da 
CADH, o princípio sob análise está previsto no art. 5º, LXIII, da CRFB/1988. 
– Princípio da inadmissibilidade das provas obtidas por meios ilícitos: esse princípio 
está previsto no art. 5º, LVI, da CF. Essa prova ilícita não é admitida no ordenamento 
pátrio pelo seguinte motivo: preservar direitos e garantias fundamentais. A vedação às 
provas ilícitas serve como fato de dissuasão à adoção de práticas probatórias ilegais: as 
provas ilícitas não são admitidas e isso serve exatamente para desestimular a adoção de 
práticas probatórias ilegais. A vedação à utilização das provas ilícitas serve também 
como fator de estímulo à adoção de práticas probatórias legais. 
 
5.6. Sistemas de avaliação da prova 
– Sistema da Prova Tarifada, Certeza Moral do Legislador, Verdade Legal: é o sistema 
em que a lei, de forma prévia, define um modelo de prova a ser produzida. Nesse 
sistema, a lei prescreve o valor e a aplicação de cada prova, no qual o julgador fica 
vinculado, em estrita obediência ao determinado legalmente. Há resquícios desse 
sistema no art. 155, parágrafo único, do CPP e no art. 158 do CPP. 
– Sistema da Íntima Convicção: é o sistema em que o julgador possui ampla liberdade 
na avaliação das provas, de acordo com o seu íntimo convencimento, não sendo 
necessária, ainda, a fundamentação da sua decisão. Verifica-se a aplicação desse 
sistema no âmbito do procedimento do Tribunal do Júri, no qual os jurados decidem em 
consonância com a sua convicção pessoal, por meio do voto secreto, sem fundamentar 
a sua decisão. 
– Sistema do Livre Convencimento Motivado, Persuasão Racional do Julgador: é o 
sistema que adotamos como regra no processo penal brasileiro, conforme disciplina o 
art. 155 do CPP. Nesse sistema, o julgador possui liberdade para formar o seu 
convencimento, sendo imprescindível a devida fundamentação, nos termos do art. 93, 
IX, da CRFB/1988. 
 
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5.7. Prova ilícita 
A prova ilícita lato sensu pode ser subdivida em: provas ilícitas stricto sensu e 
provas ilegítimas. 
As provas ilícitas stricto sensu são aquelas que foram produzidas com 
infringência de normas de direito material, de natureza constitucional ou 
infraconstitucional. 
As provas ilegítimas são aquelas que foram produzidas com infringência de 
normas de direito processual, de natureza meramente processual. 
 
 
 
 
 
 
5.8. Prova emprestada 
Define-se como aquela produzida em determinado processo e que é 
transportada, posteriormente, na forma documental para outro feito. A prova 
emprestada não se encontra listada no rol do CPP, razão pela qual é classificada como 
uma prova inominada. Os requisitos para a sua admissibilidade, de acordo com a 
doutrina majoritária, são os seguintes: identidade de partes; obediência aos 
procedimentos legais; e que seja, mais uma vez, submetida ao contraditório. 
 
Jurisprudência 
Tema: Utilização no processo penal de provas obtidas pela 
administração tributária (Informativo nº 577 do STJ) 
Registra-se a classificação da prova ilícita por derivação, a qual determina que a prova 
produzida a partir de uma prova originalmente ilícita igualmente estará afetada pela 
ilicitude, devendo, assim, ser desentranhada dos autos. Há exceções legais à não 
utilização da prova ilícita por derivação: a teoria da fonte independente (art. 157, § 
1º, do CPP), a teoria da descoberta inevitável (art. 157, § 2º, do CPP) e o encontro 
fortuito de provas (“serendipidade”). 
 
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Os dados bancários entregues à autoridade fiscal pela sociedade 
empresária fiscalizada, apósregular intimação e independentemente de 
prévia autorização judicial, podem ser utilizados para subsidiar a 
instauração de inquérito policial para apurar suposta prática de crime 
contra a ordem tributária. De fato, a Primeira Seção do STJ, ao apreciar o 
REsp 1.134.665-SP (DJe 18/12/2009), submetido ao rito do art. 543-C do 
CPC, consolidou o entendimento de que a quebra do sigilo bancário sem 
prévia autorização judicial para fins de constituição de crédito tributário 
é autorizada pela Lei n. 8.021/1990 e pela LC n. 105/2001, normas 
procedimentais cuja aplicação é imediata. Contudo, conquanto 
atualmente o STJ admita o intercâmbio de informações entre as 
instituições financeiras e a autoridade fiscal para fins de constituição de 
crédito tributário, o certo é que tal entendimento não se estende à 
utilização de tais dados para que seja deflagrada a persecução penal. Isso 
porque, como é cediço, o sigilo bancário é garantido no art. 5º da CF, e 
para que haja o seu afastamento exige-se ordem judicial que, também 
por determinação constitucional, precisa ser fundamentada (art. 93, IX). 
Na hipótese, todavia, consta do termo de constatação, retenção e 
intimação, firmado por auditor fiscal da Receita Federal, que a sociedade 
empresária apresentou diversas notas fiscais e cópias dos extratos 
bancários das contas por ela movimentadas após ser regularmente 
intimada. 
(RHC 66.520-RJ, Rel. Min. Jorge Mussi, 5ª Turma, julgado em 2/2/2016). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Aplicação Prática – Questão de Concurso 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5.9. Interrogatório 
O interrogatório é concebido pela doutrina majoritária como meio de defesa e 
meio de prova. 
Caracteriza-se como o ato espontâneo em que o acusado tem a oportunidade de 
prestar informações e esclarecimentos a respeito da infração penal que lhe é imputada 
e, ao mesmo tempo, o momento em que o juiz poderá colher informações para formar 
o seu convencimento. Cuida-se de um corolário da ampla defesa e do contraditório. 
Apresenta características como pessoalidade, oralidade, judicialidade e 
publicidade, em regra. Excepcionalmente, permite-se o interrogatório do acusado por 
meio do sistema de videoconferência ou outro recurso semelhante. No que diz respeito 
à publicidade, qualquer pessoa poderá presenciá-lo, exceto nas hipóteses descritas no 
art. 792, § 1º, do CPP. 
(Ano: 2015 Banca: FUNIVERSA Órgão: PC-DF Prova: Delegado de Polícia) 
Assinale a alternativa correta a respeito de prova, indiciamento e inquérito policial, com base 
na legislação, na jurisprudência e na doutrina majoritária. 
a) Conforme a lei, o indiciamento é ato privativo do delegado de polícia ou do órgão do 
Ministério Público, devendo ocorrer por meio de ato fundamentado, que, mediante análise 
técnico-jurídica do fato, deverá indicar a autoria, a materialidade e suas circunstâncias. 
b) O relatório de inquérito policial, a ser redigido pela autoridade que o preside, é indispensável 
para o oferecimento da denúncia ou da queixa-crime pelo titular da ação penal. 
c) As provas ilegítimas são as obtidas por meio de violação de normas de direito material, ao 
passo que as provas ilícitas são as obtidas por meio de violação de normas de direito processual. 
d) Consoante o Código de Processo Penal (CPP), admitem-se as provas derivadas das ilícitas, 
desde que não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou que as derivadas 
possam ser obtidas por uma fonte independente das primeiras. 
e) No ordenamento jurídico brasileiro, não se adota a denominada teoria da árvore dos frutos 
envenenados, de modo que a prova derivada da prova ilícita tem existência autônoma e deverá 
ser apreciada em juízo. 
R: Alternativa D 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
R: Alternativa C 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Nos termos do art. 185 do CPP, o interrogatório deverá, obrigatoriamente, ser 
realizado com a presença do defensor, constituído ou nomeado. 
O interrogatório, nos termos do art. 187 do CPP, será constituído de duas partes, 
uma referente à pessoa do acusado (interrogatório de qualificação) e uma referente aos 
fatos especificamente (interrogatório de mérito). Como regra, o interrogatório 
acontecerá ao final da instrução, após a oitiva das testemunhas. 
Quanto ao local de realização do interrogatório, quando o acusado estiver solto, 
de acordo com o Código de Processo Penal, dar-se-á na sede do órgão julgador. Estando 
preso, de outro lado, em regra, o acusado será interrogado na casa prisional. Por 
exceção, o ato realizar-se-á por videoconferência. É possível também que o réu seja 
interrogado por carta precatória. 
 
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Capítulo 6 
PROCESSO E PROCEDIMENTOS 
6.1. Introdução 
Antes de iniciarmos a classificação dos procedimentos penais, é importante 
distinguirmos as terminologias “Processo” e “Procedimento”: 
– Processo: é o instrumento utilizado pelo Estado-Juiz para aplicabilidade da jurisdição. 
A jurisdição é uma das funções exercidas pelo Estado, instrumentalizada de forma 
precípua pelo Poder Judiciário com o objetivo de aplicar o direito objetivo a 
determinado caso concreto. Assim, o Estado-Juiz se vale do processo para prestar a 
jurisdição. 
– Procedimento: é o modo pelo qual os diversos atos desencadeiam a série constitutiva 
do processo. O procedimento lista os passos do processo. Assim, enquanto o processo 
funciona como direção no movimento, o procedimento é o modo e a forma em que é 
movido o ato. 
 
6.2. Classificação dos procedimentos penais 
6.2.1 Procedimento comum 
O procedimento comum é aplicado de forma subsidiária, ou seja, mediante 
processo de exclusão. Analisaremos o procedimento comum sob as seguintes 
subdivisões: procedimento ordinário, procedimento sumário e procedimento 
sumaríssimo. A partir da Reforma de 2008 promovida no CPP, a classificação desses 
procedimentos passou a ser verificada com base na quantidade de pena cominada à 
infração penal, nos termos do art. 394 do CPP. Vejamos: 
 
6.2.1.1 Procedimento ordinário 
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O procedimento comum ordinário será aplicado quando tiver por objeto infração 
penal que tenha pena máxima cominada de valor igual ou superior a 4 (quatro) anos de 
pena privativa de liberdade, conforme o art. 394, § 1º, I, do CPP. 
Esse procedimento ocorre da seguinte maneira: 
De início, com o oferecimento da denúncia ou queixa, o juiz poderá rejeitá-la, 
nas hipóteses do art. 395 do CPP, ou recebê-la. Nesse primeiro momento, a análise do 
juiz se atém aos aspectos formais da denúncia ou da queixa. Assim, não sendo o caso de 
rejeição, o juiz procederá ao seu recebimento, nos termos do art. 396 do CPP. Ato 
contínuo, o juiz ordenará a citação do réu, intimando-o para que responda à acusação, 
por escrito, no prazo de 10 (dez) dias. 
Com a resposta do acusado, o juiz poderá absolvê-lo sumariamente com base 
nas hipóteses descritas no art. 397 do CPP. Caso contrário, não sendo hipótese de 
absolvição sumária, o juiz designará audiência de instrução e julgamento, com a 
intimação do acusado, do seu defensor, do Ministério Público e, se for o caso, do 
querelante e do assistente de acusação. 
A audiência deve ser realizada no prazo máximo de 60 (sessenta) dias. Na 
audiência una haverá a tomada de declarações do ofendido, a inquirição das 
testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem, bem como os 
esclarecimentos dos peritosàs acareações e ao reconhecimento de pessoas, com o 
interrogatório do acusado ao final. 
O número de testemunhas será de até 8 (oito) pessoas para a defesa e em igual 
número para a acusação. 
Em virtude da concentração dos atos processuais, todas as provas serão 
produzidas no ato da audiência. Após, ao final da audiência, o Ministério Público, o 
querelante e o assistente e, a seguir, o acusado poderão proceder ao requerimento de 
diligências cuja necessidade advenha de circunstâncias ou fatos verificados na instrução. 
Não sendo hipótese de requerimento de diligências, ou caso este seja indeferido, serão 
oferecidas alegações finais orais por 20 (vinte) minutos, respectivamente, pela acusação 
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e pela defesa, prorrogáveis por mais 10 (dez) minutos, proferindo o juiz, a seguir, a 
sentença. 
 
6.2.1.2 Procedimento sumário 
O procedimento comum sumário será aplicado quando tiver por objeto infração 
penal que tenha pena máxima cominada inferior a 4 (quatro) anos de pena privativa de 
liberdade, conforme o art. 394, § 1º, II, do CPP. 
Esse procedimento ocorre da seguinte maneira: 
De início, o procedimento sumário é idêntico ao rito do procedimento ordinário, 
aplicando-se as disposições dos arts. 395 a 399 do CPP. A diferença reside a partir da 
audiência de instrução e julgamento, que deverá ser realizada no prazo máximo de 30 
(trinta) dias. Na audiência, haverá a tomada de declarações do ofendido, a inquirição de 
testemunhas pela acusação e pela defesa, nesta ordem, bem como o esclarecimento 
dos peritos, as acareações e o reconhecimento de pessoas e coisas, com o interrogatório 
do acusado ao final. Após, de acordo com o art. 531 do CPP, haverá o debate. 
O número de testemunhas será de até 5 (cinco) pessoas para a defesa e em igual 
número para a acusação. 
As provas serão produzidas na audiência una. As alegações finais serão orais, 
concedendo-se a palavra por 20 (vinte) minutos à acusação e à defesa, nos termos do 
art. 534 do CPP. O juiz poderá prorrogar tal prazo por 10 (dez) minutos, devendo depois 
proferir a sentença. 
Destaca-se que nas infrações penais de menor potencial ofensivo, quando o 
juizado especial criminal encaminhar ao juízo comum as peças existentes para a adoção 
de outro procedimento, o procedimento sumário será observado, conforme o art. 538 
do CPP. 
 
6.2.1.3 Procedimento sumaríssimo 
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O procedimento comum sumaríssimo será aplicado quando tiver por objeto 
infração penal de menor potencial ofensivo. A Lei 11.313/2006 conferiu nova redação 
ao art. 61 da Lei 9.099/1995, que passou a dispor que são infrações penais de menor 
ofensivo: “as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não 
superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não cumulada com multa”. 
De início, cabe lembrar que, no âmbito do procedimento do Juizado Especial 
Criminal, o inquérito policial é substituído pela figura do termo circunstanciado. 
Podemos dividir o procedimento sumaríssimo em duas fases: 
– 1ª Fase: 
Nos termos do art. 69 da Lei 9.099/1995, a autoridade policial que tem ciência 
da ocorrência de uma infração lavrará termo circunstanciado e o encaminhará 
imediatamente ao juizado, junto com o autor do fato e a vítima. De igual forma, não 
será determinada prisão em flagrante nem se exigirá fiança ao autor do fato que for 
imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de 
comparecimento. Posteriormente, ocorre a audiência preliminar, que observará o 
seguinte: 
– Composição Civil dos Danos: caracteriza-se pelo acordo indenizatório realizado pelo 
autor do fato e a vítima, nas hipóteses em que as infrações acarretarem prejuízos morais 
ou materiais à vítima. A conciliação será conduzida pelo juiz ou por conciliador sob sua 
orientação, nos termos do art. 73, caput, da Lei 9.099/1995. Caso se trate de ação penal 
privada ou de ação penal pública condicionada à representação, o acordo homologado 
acarreta a renúncia ao direito de queixa ou de representação, de acordo com o art. 74, 
parágrafo único, da Lei 9.099/1995. Em se tratando de ação penal de natureza pública 
incondicionada, mesmo que tenha havido a homologação do acordo, o processo penal 
poderá ter prosseguimento. Não sendo, contudo, obtida a composição civil dos danos, 
o ofendido terá a oportunidade de exercer o direito de representação verbal, que será 
reduzido a termo. 
– Transação Penal: caracteriza-se pelo acordo celebrado entre o representante do 
Ministério Público e o autor do fato, no qual é proposta a aplicação de penalidade 
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alternativa, com a dispensa da instauração do processo. A sua possibilidade deverá 
observar os critérios previstos no art. 76, § 2º, da Lei 9.099/1995. Caso seja aceita a 
proposta de transação penal, o juiz deverá aplicá-la por sentença que não importará 
para fins de reincidência, sendo registrada apenas para impedir novamente o mesmo 
benefício no prazo de cinco anos. 
 
 
 
 
 
– 2ª Fase: 
A denúncia ou queixa oferecidas oralmente serão reduzidas a termo, 
entregando-se cópia ao acusado, na forma do art. 78 da Lei 9.099/1995. Observa-se que, 
se o acusado não estiver presente, a sua citação será realizada na forma dos arts. 66 e 
68 da referida lei. Caso não seja encontrado, as peças existentes serão encaminhadas 
ao juízo comum, tendo em vista não ser possível a citação por edital no rito sumaríssimo. 
No dia e hora designados, se na fase preliminar não tiver havido conciliação ou 
proposta de transação penal, será aberta a audiência. Inicia-se com a palavra ao 
defensor para responder à acusação; recebimento ou não da denúncia ou queixa; oitiva 
da vítima; oitiva das testemunhas de acusação e da defesa; interrogatório do autor do 
fato; debates orais e sentença. 
Importante registrar que nos crimes em que a pena mínima for igual ou inferior 
a 1 (um) ano, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão 
condicional do processo, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde que o acusado não esteja 
sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais 
requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena, nos termos do art. 77 do 
CP. A suspensão condicional do processo está disposta no art. 89 da Lei 9.099/1995. 
Súmula vinculante 35: A homologação da transação penal prevista no artigo 76 da 
Lei 9.099/1995 não faz coisa julgada material e, descumpridas suas cláusulas, 
retoma-se a situação anterior, possibilitando-se ao Ministério Público a continuidade 
da persecução penal mediante oferecimento de denúncia ou requisição de inquérito 
policial. 
 
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Jurisprudência 
Tema: Hipótese de inaplicabilidade da Súmula nº 337 do STJ 
(Informativo nº 591 do STJ) 
Após a sentença penal que condenou o agente pela prática de dois crimes 
em concurso formal, o reconhecimento da prescrição da pretensão 
punitiva em relação a apenas um dos crimes em razão da pena concreta 
(art. 109 do CP) não autoriza a suspensão condicional do processo em 
relação ao crime remanescente. O comando da Súmula n. 337 do STJ tem 
a seguinte redação: “É cabível a suspensão condicional do processo na 
desclassificação do crime e na procedência parcial da pretensão 
punitiva.” Na hipótese em que a declaração de extinção de punibilidade 
se dá pela pena concreta, verifica-se a existência de uma prévia 
condenação. Realmente, somente a partir do quantumconcreto, 
observa-se qual seria o prazo prescricional, dentre aqueles inscritos no 
art. 109 do CP. Ora, se a denúncia teve de ser julgada procedente 
Súmula 243 do STJ: O benefício da suspensão do processo não é aplicável em relação 
às infrações penais cometidas em concurso material, concurso formal ou continuidade 
delitiva, quando a pena mínima cominada, seja pelo somatório, seja pela incidência da 
majorante, ultrapassar o limite de um (01) ano. 
Súmula 337 do STJ: É cabível a suspensão condicional do processo na desclassificação 
do crime e na procedência parcial da pretensão punitiva. 
Súmula 696 do STF: Reunidos os pressupostos legais permissivos da suspensão 
condicional do processo, mas se recusando o Promotor de Justiça a propô-la, o Juiz, 
dissentindo, remeterá a questão ao Procurador-Geral, aplicando-se por analogia o art. 
28 do Código de Processo Penal. 
Súmula 723 do STF: Não se admite a suspensão condicional do processo por crime 
continuado, se a soma da pena mínima da infração mais grave com o aumento mínimo 
de um sexto for superior a um ano. 
 
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primeiro, para, somente após, ser reconhecida a prescrição, em razão da 
pena concreta, não houve procedência parcial da pretensão punitiva – a 
qual, de fato, foi integral – não sendo caso de incidência da Súmula n. 337 
do STJ. Precedente citado do STF: RHC 116.399-BA, Primeira Turma, DJe 
15/8/2013. 
(REsp 1.500.029-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, 6ª Turma, julgado em 
27/9/2016). 
 
 
6.3. Procedimentos Especiais 
6.3.1. Crimes afiançáveis imputados a funcionário público 
O procedimento especial para crime afiançável imputado a funcionário público 
permanece regrado pelos artigos 513 a 518 do CPP. As disposições do procedimento 
comum ordinário serão aplicadas após o recebimento da denúncia. 
 
 
 
 
 
A denúncia ou queixa deverá vir instruída com a documentação que confira 
lastro probatório mínimo à acusação, ou seja, “com documentos ou justificação que 
façam presumir a existência do delito ou com declaração fundamentada da 
impossibilidade de apresentação de qualquer dessas provas”. 
A especialidade do rito se manifesta quando o crime imputado a funcionário 
público for afiançável (nos inafiançáveis segue o rito ordinário), ou seja, naquelas 
infrações apenadas com reclusão cuja pena mínima não exceda a dois anos (crimes 
praticados por funcionário público contra a administração em geral). 
Importante! Se o agente for titular de cargo ou função com foro especial por 
prerrogativa de função, o rito a ser observado não será o dos artigos 513-518 do CPP. 
Nas hipóteses em que o processo for de competência originária dos Tribunais, 
deverão ser observadas as normas específicas. 
 
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O magistrado, após a autuação da denúncia ou queixa que esteja em sua devida 
forma, determinará a notificação do funcionário público para responder por escrito, no 
prazo de 15 dias, à imputação que lhe é feita. Esta resposta antecede o recebimento da 
peça acusatória. Caso o juiz se convença dos argumentos do acusado e de seu defensor 
concernentes à inexistência do crime ou à improcedência do pedido condenatório, 
poderá rejeitar a denúncia ou queixa de forma fundamentada. 
Por outro lado, caso resolva pelo recebimento da denúncia ou da queixa, o 
magistrado ordenará a citação do acusado, seguindo-se o rito comum ordinário, 
independente da quantidade da pena cominada. 
- Peculiaridades do procedimento 
 
a) Obrigatoriedade da defesa preliminar: a apresentação da primeira defesa preliminar 
é mera faculdade. Parcela da doutrina defende que a notificação para a sua 
apresentação é obrigatória, sob pena de nulidade. O STJ, por sua vez, editou a Súmula 
330 a respeito do tema. 
 
 
 
b) Capacidade postulatória: a defesa preliminar, como peça facultativa, pode ser 
apresentada pelo próprio denunciado ou por seu advogado. É ato que não exige 
capacidade postulatória. Se o funcionário público não for encontrado para ser 
notificado, ou estando fora da jurisdição, ser-lhe-á nomeado defensor para a prática do 
ato. Desta forma, não há expedição de precatória nem notificação por edital. 
c) Perda da condição de funcionário público: na hipótese de perda da condição de 
funcionário público, não terá mais direito à defesa preliminar. 
d) Concurso de infratores e infrações: quando tiver mais de um réu, a primeira defesa 
preliminar só será oportunizada àqueles que estejam na condição de funcionário 
público. Por seu turno, havendo concurso de crimes, o STF e o STJ assentaram 
Súmula 330 do STJ: é desnecessária a resposta preliminar de que trata o artigo 514 do 
CPP, na ação penal instruída por inquérito policial. 
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recentemente que NÃO caberá a defesa preliminar prevista no art. 514 do CPP se a 
denúncia imputar ao agente público crime funcional e crime não funcional. 
e) Efeitos da rejeição da inicial: de acordo com a doutrina majoritária, a rejeição teria 
força de decisão interlocutória terminativa. 
 
6.3.2. Crimes contra a honra 
 Com a promulgação da Lei 10.259/01, que instituiu os Juizados Especiais 
Federais, a doutrina e a jurisprudência majoritária passaram a entender que a definição 
de delito de menor potencial ofensivo é baseada, exclusivamente, no quantitativo 
máximo da pena em abstrato, não se excepcionando mais a especialidade do rito, 
conforme o artigo 61 da Lei 9.099/95. 
Dessa forma, quase todos os delitos contra a honra passaram a ser processados 
perante os juizados, com algumas exceções: 
a) dos crimes eleitorais, onde não se tem um Juizado Especial Eleitoral; 
b) dos crimes contra honra perpetrados por agente com prerrogativa de função; 
c) se o fato, em razão da sua complexidade, não permitir o oferecimento da inicial dos 
Juizados; 
d) havendo necessidade de citação por edital, por ser incompatível com o rito 
sumaríssimo. 
Assim, o procedimento especial para os crimes contra a honra passou a ser 
aplicado de forma restrita, uma vez que, em regra, tais infrações penais serão 
processadas no seio dos Juizados Especiais. 
 
 
 
Importante! O rito se particulariza, notadamente, pela previsão da tentativa 
conciliatória que deverá preceder o recebimento da queixa (ação penal privada), 
na qual as partes serão ouvidas separadamente, sem a presença dos seus 
advogados, não se lavrando termo. Após a verificação da conciliação, o juiz, depois 
de ouvir as partes em separado, promoverá o entendimento entre elas, na sua 
presença. 
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- Não comparecimento do querelante: tem-se entendido majoritariamente pelo 
reconhecimento da perempção, como sanção processual pela ausência do ofendido a 
um ato da persecução penal, o que levaria à extinção da punibilidade. 
- Não comparecimento do querelado: poderá levar à condução coercitiva, ou, caso o 
magistrado não se valha dessa alternativa, poderá haver a análise imediata da 
admissibilidade da inicial, com o recebimento ou não da queixa-crime. 
 Caso não haja conciliação em audiência designada para tal fim, o juiz receberá 
ou rejeitará a queixa-crime. Se for recebida, o acusado será citado para oferecer 
resposta à acusação no prazo de 10 dias, conforme dispõe o artigo 396 do CPP. 
Se houver oferecimento de exceção da verdade ou da notoriedade do fato, será 
dada oportunidade para o querelante apresentar resposta em dois dias, com a 
possibilidade de inquirição de testemunhas arroladas na queixa ou de outrasindicadas 
na exceção ou mesmo da contestação. 
 
6.3.3. Procedimento para os crimes contra a Propriedade Imaterial 
 
O prazo decadencial para o início da ação penal privada por crime contra a 
propriedade imaterial que deixe vestígios é peculiar. O artigo 529 do CPP estatui que 
não será admissível queixa-crime, com fundamento em apreensão e em perícias, depois 
de transcorridos trinta dias da homologação do laudo. A doutrina majoritária entende 
que a previsão do procedimento especial deve ser compatibilizada com a regra geral 
para a propositora da ação privada, que é de seis meses, contados a partir do 
conhecimento da autoria da infração penal. 
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Desta forma, com o conhecimento do infrator, deflagra-se o prazo decadencial 
de seis meses. Com a respectiva homologação do laudo, a vítima terá no máximo trinta 
dias para deflagrar a ação penal. 
 O laudo pericial dos objetos que constituam o corpo de delito deve acompanhar 
a denúncia ou a queixa que narra crime contra a propriedade imaterial, sempre quando 
a infração penal deixar vestígios, sendo o laudo verdadeira condição de procedibilidade 
para o recebimento da inicial. 
 A materialidade delitiva é, pois, indispensável para tornar possível o recebimento 
da denúncia ou da queixa, nos delitos não transeuntes (que deixam vestígios). 
Para tanto, poderá ser requerida busca e apreensão dos objetos relacionados 
com o crime, quando não tiver sido o caso de apreensão pela autoridade policial. Para a 
realização dessa diligência, o juiz nomeará dois peritos com a incumbência de 
verificarem “a existência de fundamento para a apreensão, e quer esta se realize, que 
não, o laudo pericial será apresentado dentro de 3 dias após o encerramento da 
diligência”. 
 
 
 
 
 
6.4 Procedimento do Tribunal do Júri 
Destaca-se que o procedimento do Júri tem previsão no art. 5º, XXXVIII, da 
CRFB/1988, que serve como instrumento concretizador do nosso regime democrático. 
É formado pelo Juiz Presidente e por 25 jurados, que detêm a competência para julgar 
os crimes dolosos contra a vida, dotado de soberania quanto às suas decisões, baseada 
no Sistema da Íntima Convicção, ou seja, sem a fundamentação da decisão. De acordo 
Súmula 574 do STJ: Para a configuração do delito de violação de direito autoral é a 
comprovação de sua materialidade, é suficiente a perícia realizada por amostragem 
do produto apreendido, nos aspectos externos do material, e é desnecessária dos 
titulares dos direitos autorais violados ou daqueles que os representem. 
 
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com a doutrina majoritária, o procedimento do Júri é bifásico, que se subdivide em: 
judicium accusatione (juízo da acusação) e judicium causae (juízo da causa). Vejamos: 
– 1ª Fase – judicium accusatione (juízo de acusação): 
O juiz deverá, após o recebimento da denúncia ou da queixa, ordenar a citação 
do acusado para responder a acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias. 
O número de testemunhas será de até 8 (oito) pessoas para a defesa e em igual 
número para a acusação. 
Apresentada a defesa, o Ministério Público ou o querelante serão ouvidos em 
até 5 (cinco) dias sobre preliminares e documentos, e depois o juiz determinará a 
inquirição das testemunhas e a realização das diligências requeridas pelas partes no 
prazo máximo de 10 (dez) dias. 
De acordo com o art. 411 do CPP, na audiência de instrução haverá a tomada de 
declarações do ofendido e, se possível, a inquirição das testemunhas arroladas pela 
acusação e pela defesa, nesta ordem. Além disso, proceder-se-á aos esclarecimentos 
dos peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando-se, 
em seguida, o acusado. Procede-se ao debate, em que cada parte terá 20 (vinte) minutos 
para alegações orais, e, encerrados os debates, o juiz proferirá decisão, ou o fará em 10 
(dez) dias, ordenando que os autos para tanto lhe sejam conclusos, de forma que esse 
procedimento não demore mais que 90 (noventa) dias. 
Caso o juiz fique convencido da presença da materialidade do fato e da existência 
de indícios suficientes de autoria ou de participação, pronunciará o acusado 
fundamentadamente. Caso contrário, o juiz, de forma fundamentada, poderá 
impronunciar o acusado, e, se for provada a inexistência do fato, ou não ser o acusado 
o autor ou partícipe, ou o fato não constituir crime, ou, ainda, se for demonstrada causa 
de isenção de pena ou de exclusão do crime, o juiz absolverá sumariamente desde logo 
o acusado, na forma do art. 416 do CPP. Também, o juiz poderá desclassificar a 
imputação criminosa formulada pelo Ministério Público. 
Conclui-se que a primeira tem por objeto a admissibilidade do juízo de acusação 
perante o Tribunal do Júri. Essa fase do procedimento inicia-se com o oferecimento da 
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denúncia ou queixa e termina com a decisão da pronúncia, impronúncia, 
desclassificação ou absolvição sumária. 
 
Jurisprudências 
Tema: Reexame necessário de sentença absolutória sumária no Júri 
(Informativo nº 574 do STJ) 
Após a entrada em vigor da Lei n. 11.689/2008, em 8 de agosto de 2008, 
o reexame necessário de decisão absolutória sumária proferida em 
procedimento do Tribunal do Júri que estiver pendente de apreciação 
não deve ser examinado pelo Tribunal ad quem, mesmo que o 
encaminhamento da decisão absolutória à instância superior tenha 
ocorrido antes da entrada em vigor da referida Lei. Por força do que 
dispõe o art. 2º do CPP, as normas processuais possuem aplicação 
imediata quando de sua entrada em vigor. Assim, as remessas necessárias 
não remetidas aos Tribunais ou não julgadas por estes até 8 de agosto de 
2008, data em que a Lei n. 11.689/2008 – que provocou a eliminação do 
recurso de ofício nos casos de absolvição sumária – passou a ser exigida, 
em virtude da vacatio legis de 60 dias, não podem mais ser apreciadas, 
uma vez que tal procedimento, necessário apenas para dar eficácia à 
sentença de absolvição sumária no procedimento do Tribunal do Júri, já 
não mais está em vigor, por força do princípio tempus regit actum. Vale 
dizer, a norma adjetiva que simplesmente altera o rito procedimental, 
sem qualquer desdobramento de direito material, tem aplicação 
imediata. Além disso, não obstante a sentença de absolvição sumária e o 
encaminhamento da remessa necessária ao Tribunal ocorrer sob a égide 
da antiga redação do CPP e o julgamento do recurso de ofício ser 
posterior à reforma promovida pela Lei n. 11.689/2008, nessas 
circunstâncias, a condição de eficácia da sentença de absolvição sumária 
não se encontra praticada a tempo, sendo atingida pela nova legislação, 
tornando-se despicienda. Em outras palavras, o ato processual que serve 
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de parâmetro para verificação da incidência do princípio tempus regit 
actum é o julgamento do recurso de ofício e não o simples 
encaminhamento do procedimento para o Tribunal. Caso houvesse 
ocorrido o julgamento antes de 8 de agosto de 2008, não haveria dúvidas 
acerca da validade do ato, ex vi da parte final do art. 2º do CPP. Ademais, 
convém apontar elucidativo entendimento doutrinário de que “a 
remessa necessária não é recurso, mas condição de eficácia da sentença. 
Sendo figura processual distinta da do recurso, a ela não se aplicam as 
regras de direito intertemporal processual vigentes para eles: a) o 
cabimento do recurso rege-se pela lei vigente à época da prolação da 
decisão; b) o procedimento do recurso rege-se pela leivigente à época da 
prolação da decisão”. Por essa razão, não é possível estender o raciocínio 
empregado para o cabimento do protesto por novo júri em processos 
sentenciados antes da Lei n. 11.689/2008 para a remessa necessária ou 
recurso de ofício, uma vez que estaríamos a comparar institutos com 
diferentes naturezas jurídicas. Isso porque o protesto por novo júri era 
recurso, cujo pressuposto básico de interposição, dentre outros, é a 
voluntariedade, ou seja, “a sua interposição depende, exclusivamente, do 
desejo da parte de contrariar a decisão proferida”. Por sua vez, a remessa 
necessária ou recurso de ofício, “trata-se de terminologia equivocada do 
Código de Processo Penal, uma vez que recurso é demonstração do 
inconformismo, visando à reforma do julgado, motivo pelo qual não tem 
cabimento sustentar que o juiz, ao decidir qualquer questão, 'recorre' de 
ofício de seu próprio julgado”. Nessa linha intelectiva, reconhecer o 
cabimento do protesto por novo júri para processos já sentenciados ao 
tempo da edição da Lei n. 11.689/2008 é dar primazia ao postulado 
constitucional do devido processo legal, garantindo ao réu condenado a 
pena igual ou superior a 20 anos de reclusão antes de 8 de agosto de 2008 
o direito a um novo julgamento. Em contrapartida, o reexame necessário 
para as sentenças de absolvição sumária não é direito, mas sim 
procedimento de perfectibilização da coisa julgada, sem o qual, nos 
termos da Súmula n. 423 do STF, ela não ocorreria. 
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(HC 278.124-PI, Rel. Min. Leopoldo de Arruda Raposo (Desembargador 
convocado do TJ/PE), Rel. para acórdão Min. Felix Fischer, 5ª Turma, 
julgado em 9/6/2015). 
 
Tema: Extensão da decisão de desclassificação no Júri e corréu 
(Informativo nº 583 do STJ) 
Ocorrido o desmembramento da ação penal que imputava aos 
coacusados a prática de homicídio doloso tentado decorrente da prática 
de “racha”, a desclassificação em decisão do Tribunal do Júri do crime de 
homicídio doloso tentado para o delito de lesões corporais graves 
ocorrida em benefício do corréu (causador direto da colisão da que 
decorreram os ferimentos suportados pela vítima) é extensível, 
independentemente de recurso ou nova decisão do Tribunal Popular, a 
outro corréu (condutor do outro veículo) investido de igual consciência e 
vontade de participar da mesma conduta e não responsável direto pelas 
citadas lesões. Em primeiro lugar, quanto à impossibilidade de se 
estender a corréu decisão proferida em sede que não seja recursal, tal 
questão foi enfrentada pelo STF, por ocasião do julgamento do HC 
101.118-MS (Segunda Turma, DJe 26/8/2010), segundo o qual o art. 580 
do CPP tem como objetivo dar efetividade, no plano jurídico, à garantia 
de equidade. Com efeito, essa é a interpretação mais coerente com o 
espírito da lei. O fato de a decisão cuja extensão se pretende não ser 
proferida em recurso não inibe que ela seja estendida a corréu. Do 
contrário, estaremos permitindo que corréus em situação idêntica 
venham a ser julgados de forma diferente, o que não condiz com a 
garantia da equidade. Ademais, é indiferente o fato de não estarmos 
diante de decisão conflitante proferida por um mesmo júri, até porque, 
quando a lei determina estender uma decisão proferida em favor de um 
corréu para outro corréu, a ideia é de que eles não tenham sido 
submetidos a uma única decisão, a uma decisão simultânea. Nesse 
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contexto, não se vê como permitir que um dos corréus corra o risco de 
sofrer reprimenda diversa daquela imposta ao outro corréu, sem que haja 
qualquer motivo que diferencie a situação de ambos os denunciados (não 
é hipótese de participação de menor importância ou cooperação 
dolosamente distinta). Acrescente-se que não se vê aqui eventual 
usurpação da competência do Tribunal do Júri, considerando-se que a 
decisão que se pretende estender ao paciente foi proferida por um 
Tribunal leigo. 
(RHC 67.383-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, Rel. para 
acórdão Min. Sebastião Reis Júnior, 6ª Turma, julgado em 5/5/2016). 
 
 
– 2ª Fase – judicium causae (juízo da causa): 
A segunda fase se inicia com a preclusão da decisão de pronúncia. A partir desse 
momento ocorre a preparação do processo para o julgamento em Plenário. Disciplina-
se dos arts. 422 a 452 do CPP. 
Destaca-se a possibilidade do Desaforamento, previsto no art. 427 do CPP, que 
poderá ser determinado por requerimento do Ministério Público, do assistente, do 
querelante, do acusado ou representação do juiz competente, para outra comarca da 
mesma região nas seguintes hipóteses: por interesse da ordem pública; quando houver 
dúvida sobre a imparcialidade do júri; por segurança pessoal do acusado ou quando 
houver comprovação de excesso de serviço, sendo que, neste último caso, serão ouvidos 
o juiz presidente e a parte contrária, se o julgamento não puder ser realizado no prazo 
de 6 (seis) meses, contado do trânsito em julgado da decisão de pronúncia, conforme o 
art. 428 do CPP. 
Prestado o compromisso pelos jurados, a instrução plenária será iniciada quando 
o Juiz Presidente, o Ministério Público, o assistente, o querelante e o defensor do 
acusado tomarem, de forma sucessiva e diretamente, as declarações do ofendido, se 
possível, e inquirirem as testemunhas arroladas pela acusação. A inquirição das 
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testemunhas arroladas pela defesa será feita pelo defensor do acusado antes do 
Ministério Público e do assistente. 
O número de testemunhas será de até 5 (cinco) pessoas para a defesa e em igual 
número para a acusação. 
Após a instrução, a acusação terá a palavra e, em seguida, a defesa, com o tempo 
de uma hora e meia para cada, e de uma hora para a réplica e outro tanto para a tréplica. 
Não será permitida a leitura de documento ou a exibição de objeto que não tiver sido 
juntado aos autos com a antecedência mínima de 3 (três) dias úteis, dando-se ciência à 
outra parte. Se o Conselho de Sentença, formado por 7 (sete) jurados, estiver habilitado 
a julgar, haverá o questionamento sobre a matéria de fato na forma dos quesitos, o que 
acarretará a condenação ou absolvição do acusado, pela decisão tomada por maioria de 
votos. Encerrada a votação dos quesitos, o Juiz Presidente prolatará a sentença, nos 
termos do art. 472 do CPP. 
 
Súmula 162 do STF: É absoluta a nulidade do julgamento pelo júri, quando os quesitos 
da defesa não precedem aos das circunstâncias agravantes. 
Súmula 206 do STF: É nulo o julgamento ulterior pelo júri com a participação de 
jurado que funcionou em julgamento anterior do mesmo processo. 
Súmula 603 do STF: A competência para o processo e julgamento de latrocínio é do 
Juiz singular e não do Tribunal do Júri. 
 
 
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Capítulo 7 
PRISÃO 
7.1. Conceito 
A prisão se conceitua como a restrição da liberdade de locomoção determinada 
por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente ou em virtude 
de flagrante delito, conforme o art. 5º, LXI, da CRFB/1988. 
 
7.2. Espécies 
7.2.1. Prisão em flagrante 
A prisão em flagrante é formalizada pelo auto de prisão em flagrante. De acordo 
com a inovação da Lei 13.257/2016 inserida no art. 304, § 4º, do CPP, da lavratura do 
auto de prisão em flagrante deverá constar a informação sobre a existência de filhos, 
respectivas idades e se possuem alguma deficiência e nome e o contato de eventual 
contato pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa.

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