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PETIÇÃO SURO ITAU

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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ(A) DE DIREITO DA 2ª UNIDADE DOS JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS E CRIMINAIS DE FORTALEZA – CE. 
AÇÃO DE COBRANÇA DE INDENIZAÇÃO SECURITÁRIA CUMULADA COM DANOS MORAIS.
FRANCISCO LUCIANO ALVES MAIA, brasileiro, solteiro, estudante, RG. nº. 20070596349 SSPCE e CPF nº. 537.727.843-72, e-mail: lucianomaialuciano@hotmail.com, residente e domiciliado na Rua João Braz dos Santos, nº 785, Canindezinho, Fortaleza/Ce, CEP: 60.734-520, vem, com o devido respeito e acatamento, à presença de V. Exa., propor a presente AÇÃO DE COBRANÇA DE INDENIZAÇÃO SECURITÁRIA CUMULADA COM DANOS MORAIS em face de ITAÚ UNIBANCO S/A, pessoa jurídica de direito privado, CNPJ nº 60.701.190/0001-04, com endereço: Pç. Alfredo Egydio de Souza Aranha, nº 100, Jabaquara, São Paulo – SP, CEP. 04344902, pelos motivos abaixo descritos:
I – DA JUSTIÇA GRATUITA
	O autor, inicialmente postula os beneplácitos da gratuidade da justiça, em razão de não ter condição de arcar com as despesas processuais e honorários advocatícios, sem prejuízo do sustento próprio e de sua família, estando, assim enquadrado na situação legal de necessitado. 
II - DOS FATOS
O autor é beneficiário de um seguro CARTÃO PROTEGIDO DÉBITO E MULTIPLO que abrange o serviço de roubo/furto, sob o certificado nº1.71.5695524 01, (conforme cópias em anexo), contratado em 25/10/2016, com vigência de 25/10/2016 à 07/11/2018, contratado junto à tal instituição financeira privada, ora figurante, no polo passivo desta exordial, fato totalmente normal e dentro das expectativas do autor/ consumidor, que pactuou tal serviço com o intuito de sentir-se mais seguro e ver seu patrimônio protegido.
Ocorre que, na data de 22/12/17, por volta das 08:40:00, o requerente (consumidor) dirigiu-se para um dos caixas eletrônicos situado na Avenida Osório de Paiva, nesta cidade de Fortaleza-CE, momento em que efetua dois saques no mesmo instante: (SAQUE 24H 01021245 VALOR DE R$ 1.000,00 e SAQUE 24H 01035369 VALOR DE R$ 500,00; totalizando assim R$ 1.500,00); (conforme extrato bancário em anexo).
Ocorre Nobre Julgador que logo na saída o autor foi surpreendido por dois elementos armados com arma branca e, nesta ocasião foi obrigado a entregar além do valor “sacado”, o seu cartão de débito utilizado para suas transações diárias em sua conta corrente, bem como outros dois cartões de créditos de outros bancos e outro valor de 1750,00, totalizando uma quantia de R$ 3.250,00 (três mil duzentos e cinquenta reais).
Assim, Douto Julgador, o peticionante entra em contato imediato com seu banco de relacionamento para que procedesse com o cancelamento do referido cartão, o que de pronto lhe foi atendido, e, neste mesmo momento lhe foi comunicado que existia um seguro de que lhes garantia amparo a este tipo de ocorrência, o que até então o requerente não sabia ao certo se de fato o referido seguro lhe fornecia tal cobertura, foi então redirecionado para o atendimento adequado e realmente lhes foi confirmado que o mesmo estaria coberto pelo referido serviço e assim procedeu com a abertura do sinistro nº 9.01.71.364486.0.02.
Finalizado todo este procedimento lhes foi ainda explicado que deveria procurar uma delegacia de polícia para proceder com o comunicado do ocorrido à autoridade policial, e, assim, o autor procedeu dirigindo-se à uma delegacia de polícia onde comunicou o fato à autoridade competente gerando assim um Boletim de Ocorrência nº 105.7827/2017. (Cópia em anexo).
Acontece Nobre Julgador, que ante a situação de nervosismo do autor, este acabou que por cometendo um pequeno deslize quanto ao horário exato da ocorrência; deslize este que foi o ponto crucial para que a demandada indeferisse tal solicitação levando em conta tão somente este pequeno erro quanto ao horário exato da ocorrência, não sendo capaz de sequer buscar informações mais precisas e exatas, como o horário da transação bancária referente aos saques já mencionados, bem como o horário de bloqueio do cartão de saque efetuado pelo cliente/consumidor, e, ora demandante nesta exordial.
Fato tão verossímil é, que a Ré alegou ainda em sua negatória transações bancárias efetuadas pós evento (sinistro) em “horários e datas posteriores ao evento”. E, como se observa tal informação não caracteriza a verdade, conforme extratos bancários em anexo obedecendo ao lapso temporal da data do ocorrido até a data de 08/01/18; data esta em que ocorreu de fato a primeira transação com o uso do cartão de debito, só que desta feita com a segunda via do mesmo, já devidamente recebida e desbloqueada pela parte autora.
Assim, MM Julgador, quanto ao quesito erro de horário da ocorrência do evento, no mesmo instante (03/01/18 às 14:23:14) em que a parte requerente teve a primeira negatória, procurou a mesma delegacia de polícia e procedeu com a retificação do Boletim de Ocorrência anterior (conforme cópia em anexo), e, remeteu via AR ao endereço da parte requerida, (conforme cópia em anexo), com o intuito de sanar o problema e que fosse-lhe deferido tão direito, mas tudo em vão a parte ré insiste em manter lesionado o direito do Consumidor.
Acontece, Nobre Julgador, que não satisfeito com tais respostas negatórias, a parte autora resolve acionar os órgãos de proteção ao Consumidor (PROCON ASSEMBLÉIA), tentando assim, exaurir todas as possibilidades de resolução de tal demanda, intentando tão somente ver satisfeito um direito que lhes é liquido e certo. Desta feita dando continuidade todo este caminho dificultoso, pelo o qual vem trajetando o requerente, este prossegue com a abertura de uma Declaração CIP do Consumidor nº 23.001.002.18-0000389, (conforme cópia em anexo), com retorno para o dia 29/01/18 e para sua surpresa desagradável a resposta da empresa ao PROCON Assembléia foi tão somente a reiteração das negatórias já prolatadas pela parte demandada.
E, assim Excelência, fica marcada audiência conciliatória; a qual ocorrera na data de 26/02/18, (conforme cópia em anexo), mas, infelizmente, nenhuma condição de acordo foi apresentada pela parte Ré, somente reiterando sua negatória.
Assim, Nobre Julgador, exaurida todas as possibilidades de acordo e o intento da parte autora em ver valer um direito seu que é líquido e certo, todas foram frustradas. Conforme se observa, houve um total desrespeito com a parte Autora, ora consumidor. Não recebendo o que lhes é assegurado pelas garantias contratuais do Seguro contratado, e, igualmente, como consequência o demandante vem sofrendo por diversos constrangimentos durante toda essa trajetória de tentativas de ver valer o que lhes é de direito e até a presente data aguarda ansioso por tal cumprimento. 
Em face de todos os seus esforços infrutíferos, não resta alternativa para o requerente senão buscar a intervenção do Poder Judiciário.
IV - DO DIREITO
DA RELAÇÃO DE CONSUMO
Inicialmente, urge mencionar que a Constituição Federal de 1988, no seu ARTIGO 5º, XXXII, dispõe, in verbis, que:
“Art. 5º.
XXXII – O ESTADO PROMOVERÁ, NA FORMA DA LEI, A DEFESA DO CONSUMIDOR.”;
(aditados nossos);
	Os ARTIGOS 2º e 3º, CAPUT da Lei 8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor), respectivamente, qualificam o consumidor e dispõe sobre seus direitos, destacando ser consumidor aquele que compra alguma coisa ou serviço, e fornecedor, aquele que vende ou presta serviço ao destinatário final.
“Art - 2º. “ CONSUMIDOR É TODA PESSOA FÍSICA OU JURÍDICA QUE ADQUIRE OU UTILIZA PRODUTO OU SERVIÇO COMO DESTINATÁRIO FINAL”.
“Art. 3º Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços”.
É mister destacar ainda, que os contratos de seguros caracterizam verdadeiros contratos de adesão, tendo em vista não ser propiciada ao consumidor/segurado nenhuma discussão sobre as cláusulas e condições contratuais, sobre caindo-lhesimplesmente a imposição a adquirir ao pacto.
Ademais, é cediço que o contrato de adesão celebrado entre os ora litigantes favorece em suas cláusulas a seguradora, que vem a ser, insofismavelmente, a parte econômica e tecnicamente mais forte, de forma que ao consumidor, in casu, hipossuficiente e beneficiário da justiça gratuita resta uma posição de submissão jurídica, fato que obsta flagrantemente o seu direito de defesa. 
Logo, é bem claro que o caso em tela trata-se de uma relação consumerista, tendo em vista que o requerente adquiriu a prestação de um serviço fornecido pela empresa acionada.
Destaca-se do acervo jurisprudencial Catarinense:
Quando se trata de contrato de seguro, as relações contratuais securitárias encontram-se ao abrigo do Código de Defesa do Consumidor, conforme dispõe o seu art. 3º, § 2º. (Agravo de Instrumento n. 2001.011499-2, Rel. Des. Carlos Prudêncio, publicado no DJ de 19-8-2003).
Se assim o é, a análise do pedido exordial deverá ser realizada sob as determinações constantes no Código de Defesa do Consumidor, em observância aos arts. 2º e 3º do referido diploma legal.
DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA
Tamanha é a vulnerabilidade do consumidor quanto ao fornecedor de produtos ou serviços na relação de consumo que o legislador procurou, de todas as maneiras possíveis, igualar essa gigantesca diferença, sendo tal situação, principalmente no artigo 6º, do código consumerista, como verificamos, in verbis:
Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
VIII - A FACILITAÇÃO DA DEFESA DE SEUS DIREITOS, INCLUSIVE COM A INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA, A SEU FAVOR, NO PROCESSO CIVIL, QUANDO, A CRITÉRIO DO JUIZ, FOR VEROSSÍMIL A ALEGAÇÃO OU QUANDO FOR ELE HIPOSSUFICIENTE, SEGUNDO AS REGRAS ORDINÁRIAS DE EXPERIÊNCIAS;
(Grifos nossos).
	O renomado doutrinador, Professor Humberto Theodoro Júnior, em sua obra sobre os direitos do consumidor, define o conceito de hipossuficiência, como vemos a seguir:
“QUANTO À HIPOSSUFICIÊNCIA, TRATA-SE DE IMPOTÊNCIA DO CONSUMIDOR, SEJA DE ORIGEM ECONÔMICA, SEJA DE OUTRA NATUREZA, PARA APURAR E DEMONSTRAR A CAUSA DO DANO CUJA RESPONSABILIDADE É IMPUTADA AO FORNECEDOR. PRESSUPÕE UMA SITUAÇÃO EM QUE CONCRETAMENTE SE ESTABELEÇA UMA DIFICULDADE MUITO GRANDE PARA O CONSUMIDOR DE DESINCUMBIR-SE DE SEU NATURAL ONUS PROBANDI, ESTANDO O FORNECEDOR EM MELHORES CONDIÇÕES PARA DILUCIDAR O EVENTO DANOSO”
E a razão é óbvia: o fornecedor é quem detém os meios e técnicas de produção, tendo, consequentemente, acesso aos elementos de provas relativas à demanda, isto é, o fornecedor esta em melhores condições de realizar a prova de fato ligado diretamente à sua atividade.
Assim, Excelência em apertada síntese, os fatos acima declinados se demonstram suficientes para que o Ilustre Magistrado, do alto do seu notório saber jurídico solucione o caso.
DA CORREÇÃO MONETÁRIA
A correção monetária é devida desde a data da negativa de pagamento ao segurado, momento no qual há o decréscimo do seu patrimônio, visando apenas manter o valor real da moeda. Nesse sentido:
SEGURO OBRIGATÓRIO DPVAT – QUITAÇÃO DE VALOR PARCIAL – COBRANÇA DO VALOR REMANESCENTE – IMPROCEDÊNCIA NO JUÍZO A QUO – RECURSO DA PARTE AUTORA – INVALIDEZ PERMANENTE INCONTROVERSA – GRAU DE DEBILIDADE – IRRELEVÂNCIA – DISTINÇÃO LEGAL INEXISTENTE – INAPLICAÇÃO DE RESOLUÇÃO DO CNSP – ACOLHIMENTO – JUROS DE MORA – TERMO A QUO DO 16º DIA DA ENTREGA DOS DOCUMENTOS À SEGURADORA – CORREÇÃO MONETÁRIA – DATA INICIAL DO PAGAMENTO PARCIAL – SENTENÇA REFORMADA – RECURSO PROVIDO.
[…] Os juros de mora do seguro obrigatório têm como termo inicial o 16º dia da entrega dos documentos à seguradora, enquanto a correção monetária conta-se a partir do pagamento parcial (TJSC, Ap. Cív. n. 2007.042711-1, de Tubarão, rel. Des. Monteiro Rocha, j. em 18-12-2008).
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE COBRANÇA. DIFERENÇA DE SEGURO OBRIGATÓRIO. DPVAT. INDENIZAÇÃO POR MORTE. 40 SALÁRIOS MÍNIMOS. RECIBO. COMPROVANTE DE QUITAÇÃO APENAS DA PARCELA JÁ PAGA, QUE NÃO IMPEDE O DIREITO DE REIVINDICAR O RESTANTE DA INDENIZAÇÃO. ART. 3º, DA LEI Nº 6.194/74. POSSIBILIDADE DA FIXAÇÃO COM BASE NO SALÁRIO MÍNIMO. VALOR COMPLEMENTAR DEVIDO. CORREÇÃO MONETÁRIA. INCIDÊNCIA A PARTIR DA DATA DO PAGAMENTO PARCIAL. RECURSO DESPROVIDO.
[…] A correção monetária é devida a partir da data do pagamento a menor, sobretudo porque não representa um plus, mas sim mero fator de atualização da moeda (TJPR, Ap. Cív. 0432019-4, rel. Des. Macedo Pacheco, j. em 17-10-2008).
Com isto, é correto afirmar que a contagem da correção monetária será fixada a partir da data da negativa do pagamento até o efetivo pagamento total.
DOS JUROS DE MORA
No tocante aos juros moratórios, estes decorrem do atraso, cingindo-se sua função no restabelecimento monetário para o credor do período em que deixou de receber a quantia que lhe restara devida. No presente caso, deve fluir a partir da data da citação.
Nesse sentido, a Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça decidiu nos Embargos de Declaração no Agravo Regimental no RESP 1999/0114210-5 (EARESP) n. 241964, de São Paulo, publicado no DJ de 24-9-2001, que: “[…] predomina o entendimento, em ambas as Turmas que compõem a egrégia Primeira Câmara de Direito Civil Seção deste Tribunal, que os juros de mora devem incidir a partir da citação, no percentual de 6% (seis por cento) ao ano (Rel. Min. Francisco Falcão)”.
Com o mesmo entendimento: 
“[…] Os juros, in casu, contam-se a partir da data em que a seguradora foi constituída em mora para proceder ao pagamento da diferença pleiteada pela recorrente, ou seja, a partir de sua citação. 2. A obrigação de indenizar decorrente do evento danoso, imputada a quem deu causa ao mesmo, não se confunde com a obrigação de pagar a importância segurada devida em razão do acidente, lastreada em contrato de seguro DPVAT. 3. Não sendo a seguradora a causadora dos danos que ensejaram o pagamento do seguro, não há que se cogitar na aplicação de juros de mora contados desde a data do evento danoso, prevista no enunciado da Súmula nº 54/STJ. (STJ, REsp 546392 /MG, Rel. Min. Jorge Scartezzini, publicado no DJU de 12-9-2005).
Desse modo, os juros de mora devem incidir a partir da citação.
DANOS MORAIS
A incorporação do DANO MORAL na legislação brasileira ainda pode ser considerada novidade jurídica em torno da qual ainda gira divergências doutrinarias, sobretudo no que diz respeito à quantificação da indenização a ser paga em virtude dessa espécie de dano, bem como sobre a própria existência ou não do dano, conforme a situação apresentada e a personalidade da vítima.
Discorrendo sobre as dificuldades encontradas para se estabelecer a justa recompensa pelo dano moral, ensina Sílvio de Salvo Venosa (Venosa, 2009, pag. 41), em sua Obra Direito Civil, Vol. 4, que:
“Dano moral é o prejuízo que afeta o ânimo psíquico, moral e intelectual da vítima. Sua atuação é dentro dos direitos da personalidade. Nesse campo, o prejuízo transita pelo imponderável, daí porque aumentam as dificuldades de se estabelecer a justa recompensa pelo dano”. 
Com relação ao Dano Moral experimentado pelo autor, este se encontra ínsito no próprio fato, a situação de angústia que vem experimentando toca sua esfera íntima de maneira prejudicial, retirando a paz de espírito e a energia moral do autor, que se vê até o momento à sorte e sem solução, sob o risco de ver seu direito lesado e não satisfeito pela parte Ré.
A Constituição Federal vigente deu grande relevo ao aludido direito, assim sendo, guindou ao rol do artigo 5º a proteção da honra e da intimidade, assegurando o direito de reparação por dano moral e/ou material decorrente de sua violação, como bem jurídico da mais alta relevância.
Na situação apresentada, deve o julgador também analisar a condenação em danos morais como verdadeira questão de direito TRANSINDIVIDUAL, porque saindo a requerida incólume deste processo, o Poder Judiciário cria precedente de estimulo às instituições financeiras no sentido de descumprirem suas decisões, sendo inatingíveis por qualquer tipo desanção, neste sentido:
Enunciado 379, IV Jornada de Direito Civil: "O art. 944 , caput, do Código Civil não afasta a possibilidade de se reconhecer a função punitiva ou pedagógica da responsabilidade civil . "
Patente, portanto, a violação a honra objetiva do Requerente, no momento em que a Requerida se nega ao pagamento do prêmio do seguro contratado, impondo cláusulas impeditivas de direito, cuja nulidade de pleno direito é entendimento pacífico nos Tribunais brasileiros.
Preleciona o Prof. Carlos Alberto Bittar que, a reparação do dano moral baliza-se na responsabilização do ofensor pelo simples fato da violação, na desnecessidade de prova do prejuízo e, na atribuição à indenização de valor de desestímulo a novas práticas lesivas.
Acolhida a reparabilidade do dano moral no bojo da Carta magna, a concepção atual da doutrina orienta-se no sentido de que a responsabilização do agente opera-se por força do simples fato da violação (danum in re ipsa).
Verificado o evento danoso, surge a necessidade da reparação, não havendo que se cogitar de prova de dano moral, se presentes os pressupostos legais para que haja a responsabilidade civil (nexo de causalidade e culpa).
A reparação do dano moral consiste em impor ao ofensor à obrigação de pagamento de certa quantia em dinheiro em favor do ofendido, ao mesmo tempo em que agrava o patrimônio daquele, proporciona este uma reparação satisfativa.
O valor da indenização deve ser razoavelmente expressivo. Não deve ser simbólico, como já aconteceu em outros tempos (indenização de um franco). Deve pesar sobre o bolso do ofensor como um fator de desestímulo a fim de que não reincida na ofensa.
Só assim se atenderá a finalidade de compensar e de dar satisfação ao lesado e desincentivar a reincidência.
Diante dos fatos narrados e todos os dispositivos legais que amparam o direito do peticionante, não resta aplicar outra solução senão a mais equânime para o caso em tela, sendo então a condenação ao pagamento indenizatório securitário, bem como a condenação por Danos Morais causados ao autor. Isto com fundamento no artigo 5º, X da Constituição Federal, artigos 113, 186, 187, 402, 927 e 944 todos do Código Civil, e as demais disposições do Código de Defesa do Consumidor aplicáveis ao caso concreto.
DO QUANTUM INDENIZATÓRIO
Para fixar o valor indenizatório do dano moral, deve o juiz observar as funções ressarcitórias e putativas da indenização, bem como a repercussão do dano, a possibilidade econômica do ofensor e o princípio de que o dano não pode servir de fonte de lucro. Nesse sentido, esclarece Sérgio Cavalieri Filho que:
“(...) o juiz, ao valor do dano moral, deve arbitrar uma quantia que, de acordo com seu prudente arbítrio, seja compatível com a reprovabilidade da conduta ilícita, a intensidade e duração do sofrimento experimentado pela vítima, a capacidade econômica do causador do dano, as condições sociais do ofendido, e outras circunstâncias mais que se fizerem presentes”.
A jurisprudência fornece elucidativos precedentes sobre à utilização dos citados critérios de mensuração do valor reparatório:
A indenização do dano moral deve ser fixada em termos razoáveis, não se justificando que a reparação venha a constituir-se em enriquecimento sem causa, com manifestos abusos e exageros, devendo o arbitramento operar-se com moderação, proporcionalmente ao grau de culpa e ao porte econômico das partes, orientando-se o juiz pelos critérios sugeridos pela doutrina e pela jurisprudência, com razoabilidade, valendo-se de sua experiência, e do bom-senso, atendo à realidade da vida e às peculiaridades de cada caso. Ademais, deve ela contribuir para desestimular o ofensor repetir o ato, inibindo sua conduta antijurídica (RSTJ 137/486 e STJ-RT 775/211).
V - DOS PEDIDOS
Ante o exposto, requer:
I – que Vossa Excelência receba a presente AÇÃO DE COBRANÇA DE INDENIZAÇÃO SECURITÁRIA CUMULADA COM DANOS MORAIS, julgando-a TOTALMENTE PROCEDENTE diante dos fatos e fundamentos de Direito acima expostos, condenando a Requerida para que efetue a indenização referente ao Seguro decorrente de Roubo ou Furto após saque, bem como o Seguro Bolsa Protegida, todos enquadrados no pressuposto de exigências das garantias no tópico 5.2.3 do Contrato pactuado entre as partes (conforme cópia em anexo) no valor de R$ 3.250,00 (três mil duzentos e cinquenta reais) acrescidos de correção monetária e de juros moratórios em conformidade com a lei, além da indenização por danos morais no valor de R$ 6.000,00 (seis mil reais), ou a ser fixado pelo prudente arbítrio de Vossa Excelência.
II – A citação da REQUERIDA para, querendo, apresentarem defesa sob pena de ser reputados como verdadeiros os fatos ora alegados, nos termos do artigo 344 do Código de Processo Civil/2015
III – DESIGNAÇÃO DA AUDIÊNCIA de conciliação nos termos do Art. 334 do NCPC; no endereço constante nesta, para ser tentada uma composição amigável que atenta às necessidades de ambos; se inexistir acordo, seja designada Audiência de Instrução e Julgamento, intimando-se a parte Ré para, se quiser, oferecer contestação
IV - Deferimento postulado dos beneplácitos da gratuidade da justiça, em razão de a parte autora não dispor de condição de arcar com as despesas processuais e honorários advocatícios, sem prejuízo do sustento próprio e de sua família, estando, assim enquadrado na situação legal de necessitado.
V – Requer que seja decretada a revelia da promovida e proferida julgamento antecipado da lide, caso a mesma não compareça a qualquer das audiências a serem designada no curso do processo que instaurar-se-á com esta inicial;
Protesta provar o alegado por todas as provas admissíveis em direito, especificamente, pelos documentos anexos a esta inicial, bem como, pela prova testemunhal que poderá ser arrolada, caso necessário, no curso deste.
Dá-se à causa o valor de R$ 9.250,00 (nove mil duzentos e cinquenta reais).
Respeitosamente, pede e espera deferimento.
Fortaleza – CE, 27 de Fevereiro de 2018.
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 FRANCISCO LUCIANO ALVES MAIA 
 promovente

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