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Curso de Toxicologia Geral MÓDULO V Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada, é proibida qualquer forma de comercialização do mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados a seus respectivos autores descritos na Bibliografia Consultada. 141 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores MÓDULO V ALGUNS ANTÍDOTOS UTILIZADOS NA TOXICOLOGIA Antídoto é o termo genérico para definir qualquer substância que interfere na cinética e/ou dinâmica de outra substância, diminuindo ou neutralizando seu efeito tóxico. Alguns antídotos agem por antagonismo competitivo e outros por antagonismo não- competitivo. Em linhas gerais os antagonistas são fármacos que se ligam aos receptores, interferindo na ligação dos agonistas endógenos. O antagonismo é competitivo (ex. naloxona, na intoxicação por opiáceos) quando a inibição pode ser vencida aumentando- se a concentração do agonista até alcançar o efeito máximo. Na seqüência abaixo descrevemos alguns antídotos utilizados na Toxicologia: Carvão ativado Ações terapêuticas. Adsorvente Propriedades. As substâncias adsorventes, como o carvão ativado, têm a propriedade de unir substâncias à sua superfície, o que lhes permite fixar toxinas bacterianas irritantes e gases; atuam também como protetoras das mucosas. O carvão ativado é obtido por aquecimento na ausência de oxigênio de substâncias orgânicas (em geral, madeira) submetidas rapidamente a um processo - a alta temperatura com o vapor d'água - para acrescentar seu poder absorvente por aumento de sua superfície. De outro lado, o carvão ativado absorve diversas substâncias tóxicas ou venenos no trato intestinal - cloreto de mercúrio, estricnina, morfina, aspirina, barbitúricos -, o que é muito útil no tratamento das intoxicações agudas. Indicações. Intoxicações agudas. Dose. Intoxicação aguda: prepara-se uma suspensão aquosa colocando várias colheradas (20%) em um copo com água até formar um preparado espesso, que pode ser ingerido até as 3 horas posteriores à ingestão do tóxico. Como o veneno só é absorvido pelo carvão, deve-se provocar logo o vômito ou realizar uma lavagem gástrica, conforme a gravidade da intoxicação; se a intoxicação for leve, pode ser indicado um purgante salino logo após o carvão ativado. 142 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores Reações adversas. Constipação, fezes escuras ou negras. Precauções. Não deve ser administrado junto com outros fármacos, pois existe o risco de o carvão adsorver o medicamento e impedir sua absorção intestinal. Interações. Potencialmente, pode adsorver a maioria dos fármacos e impedir sua adsorção. Contra-indicações. No caso de tratamento de intoxicações agudas, nunca se deve indicar o medicamento a um paciente em coma ou com depressão acentuada do sensório, pelo risco de aspiração. Pralidoxima Ações terapêuticas. Antídoto. Propriedades. A pralidoxima, conhecida também como 2-PAM, regenera a enzima colinesterase, sobretudo a localizada perifericamente (fora do SNC), do efeito inibidor provocado pelos inseticidas organofosforados (pesticidas ou compostos relacionados), permitindo, dessa forma, que esta enzima continue a degradar a acetilcolina acumulada junto à placa neuromuscular, restaurando seu funcionamento. Paralelamente a essa ação autonômica (SNA parassimpático) a pralidoxima reage quimicamente com alguns derivados organofosforados inativando-os. A pralidoxima deve ser administrada juntamente com a atropina, visto que este fármaco é vital no alívio dos efeitos centrais de intoxicação (depressão respiratória, salivação, broncoespasmo). O fármaco é mais eficaz quando administrado imediatamente após a exposição ao pesticida; sendo pouco eficaz caso sejam transcorridos mais de 36 horas após o envenenamento. Entretanto, em alguns casos, pode ocorrer absorção gradual do pesticida pelo intestino delgado algumas horas após sua ingestão; nesses pacientes recomenda-se administração do fármaco durante vários dias. Indicações. Tratamento do envenenamento com pesticidas organofosforados e substâncias relacionadas que exerçam efeito anticolinesterásico. Tratamento de doses elevadas de drogas anticolinesterásicas utilizadas no tratamento da mistenia grave. Dose. Envenenamento com organofosforados: adultos recebem como dose inicial de 1 a 2g de cloreto de pralidoxima, via parenteral (preferencialmente infusão em 100ml de solução fisiológica), por um período de 15-30 minutos. Na ocorrência de edema pulmonar, injetar a 143 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores mesma dose intravenosamente em solução aquosa a 5%, em tempo inferior a 5 minutos. Após 1 hora, dose similar deve ser administrada, se não ocorrerem melhoras em relação à debilidade muscular. Doses adicionais podem ser necessárias se persistir a debilidade muscular. Em crianças deve ser utilizado esquema similar, reduzindo-se a dose a 20- 40mg/kg. Em casos de superdose de drogas anticolinesterásicas: 1 a 2g de cloreto de pralidoxima administrado por via intravenosa, seguidos de acréscimos de 250mg a cada intervalo de 5 minutos. Superdose. Visão turva, diplopia, alterações na acomodação, tonturas, cefaléia, náusea, taquicardia. Esses sintomas são difíceis de serem diferenciados daqueles provocados pelo envenenamento. Tratamento: respiração artificial com o auxílio de outras medidas de suporte. Reações adversas. Dor no local da injeção. Visão turva, diplopia, alterações na acomodação, enjôos, cefaléia, náuseas, taquicardia, hipertensão diastólica e sistólica, hiperventilação, debilidade muscular. Precauções. A pralidoxima deve ser administrada com precaução nos pacientes miastênicos, pois pode precipitar uma crise miastênica. A posologia deve ser reduzida em caso de insuficiência renal. Por não existirem provas conclusivas, recomenda-se não usar em mulheres grávidas, a menos que o benefício para a mãe supere o risco potencial para o feto. A amamentação deve ser suspensa, se a mãe necessitar da droga. A segurança e a efetividade da droga em crianças ainda não foram estabelecidas. Atropina, sulfato: Ações terapêuticas. Antimuscarínico. Antiarrítmico (parenteral). Propriedades. É uma amina terciária natural que inibe as ações muscarínicas da acetilcolina sobre as estruturas inervadas por fibras colinérgicas pós-ganglionares, tal qual sobre os músculos lisos que respondem a acetilcolina, porém que não apresentam inervação colinérgica. Estes receptores pós-ganglionares estão presentes nas células efetoras autônomas do músculo liso, músculo cardíaco, nódulos sinoauricular e auriculoventricular e glândulas exócrinas. Dependendo da dose pode reduzir a motilidade e a atividade secretora do sistema gastrintestinal e o tônus do ureter e da bexiga, com ligeira ação relaxante sobre os condutos biliares e a vesícula biliar. Inibe as secreções bronquiais e salivares, a 144 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores sudoração e a acomodação, produz dilatação da pupila e aumenta a freqüência cardíaca.Antagoniza as ações dos inibidores da colinesterase nos receptores muscarínicos. Estimula ou deprime o SNC conforme a dose. É absorvido com rapidez no trato gastrintestinal; o metabolismo é hepático por hidrólise enzimática. Sua união às proteínas é moderada. A duração da ação por via oral é de 4 a 6 horas e na forma parenteral muito breve. É excretado por via renal. Indicações. Doenças espásticas do trato biliar, cólico-ureteral ou renal. Bexiga neurogênica hipertônica. Profilaxia de arritmias induzidas por intervenções cirúrgicas. Bradicardia sinusal grave, bloqueio A-V tipo I. Dose. Em doses de 0,5 a 1mg é um ligeiro estimulante do SNC, doses superiores podem produzir perturbações mentais. A dose mortal de atropina para crianças pode ser de 10mg. Dose para adultos como antimuscarínico: 0,3mg a 1,2mg com intervalos de 4 a 6 horas. Doses para crianças: 0,01 mg/kg sem ultrapassar 0,4mg cada 4 a 6 horas. Ampolas: adultos via IM, IV ou SC, 4mg a 0,6mg a cada 4 a 6 horas; em arritmias: 0,4mg a 1mg cada 1 a 2 horas, até um máximo de 2mg. Como inibidor da colinesterase: IV, 2 a 4mg, seguidos de 2mg repetidos com intervalos de 5 a 10 minutos, até o desaparecimento dos sintomas muscarínicos. Dose para crianças como antimuscarínico: SC, 0,01mg/kg, sem ultrapassar as 0,4mg cada 4 a 6 horas. Em arritmias: IV 0,01 a 0,03mg/kg. Reações adversas. São de rara incidência: confusão (em especial em idosos), enjôos, erupção cutânea, secura na boca, nariz, garganta ou pele; visão turva, sonolência ou cefaléia; fotofobia, náuseas ou vômitos. Sinais de superdose: visão turva, torpez, instabilidade, taquicardia, febre, alucinações, excitação. 145 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores Precauções. Os lactentes, pacientes com síndrome de Down e crianças com paralisia espástica ou lesão cerebral podem apresentar uma resposta aumentada aos antimuscarínicos, com aumento do potencial de efeitos colaterais. Os pacientes geriátricos ou debilitados podem responder às doses habituais com excitação, agitação, sonolência e confusão. Ter cautela ante a aparição de enjôos, sonolência ou visão turva. A administração IV de atropina durante a gravidez ou em seu término, pode produzir taquicardia no feto. Deve ser avaliada a relação risco-benefício durante o período de lactação, já que esta droga é excretada no leite materno. As crianças até dois anos e os lactentes são sensíveis aos efeitos tóxicos. A diminuição do fluxo salivar contribui ao desenvolvimento de cáries, doença periodontal, candidíase oral e mal-estar. Interações. Haloperidol, corticóides e ACTH de forma simultânea com atropina podem aumentar a pressão intra-ocular; a eficácia antipsicótica de haloperidol pode diminuir nos pacientes esquizofrênicos. Os inibidores da anidrase carbônica, o citrato e o bicarbonato de sódio podem retardar a excreção urinária de atropina, potencializando os efeitos terapêuticos ou colaterais. Os efeitos antimuscarínicos são intensificados com o uso simultâneo de anti- histamínicos, amantadina, procainamida, tioxantenos, loxapina, orfenadina e ipratropio. Os antimiastênicos podem diminuir mais a motilidade intestinal. A administração simultânea IV de ciclopropano pode produzir arritmias ventriculares. A guanetidina ou a reserpina podem antagonizar a ação inibidora dos antimuscarínicos. A atropina pode antagonizar os efeitos da metoclopramida sobre a motilidade gastrintestinal. Os inibidores da monoaminooxidase (IMAO) podem intensificar os efeitos colaterais muscarínicos. Contra-indicações. Deve ser avaliada a relação risco-benefício na presença de lesões cerebrais em crianças, cardiopatias, síndrome de Down, esofagite por refluxo, febre, glaucoma de ângulo fechado, disfunção hepática ou renal, paralisia espástica em crianças, miopatia obstrutiva, 146 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores xerostomia, neuropatia autonômica e taquicardia, toxemia gravídica, hipertensão e hipertireoidismo. Deferoxamina Ações terapêuticas. Quelante. Propriedades. Usada na forma de mesilato, trata-se de um quelante que forma complexos com os íons de ferro férrico e com os trivalentes de alumínio. A quelação tem lugar sobre uma base molar 1:1, pelo que 1g de deferoxamina pode fixar, em teoria, 85mg de ferro férrico ou 41mg de alumínio. É capaz de captar ferro livre ou fixado a ferritina e hemossiderina, formando o complexo ferroxamina. Pode também mobilizar e conjugar o alumínio dos tecidos e formar aluminoxamina. Dado que ambos os compostos (ferroxamina e aluminoxamina) excretam-se com facilidade, a eliminação de Fe e Al pela urina e as fezes é favorecida, reduzindo seus depósitos patológicos nos órgãos; não elimina o ferro da transferrina ou da hemoglobina nem o de outras substâncias que contêm hemina. A deferoxamina é absorvida rapidamente após a administração intramuscular ou subcutânea. Indicações. Tratamento de sobrecarga crônica de ferro. Hemossiderose por transfusão na talassemia maior, anemia sideroblástica, anemia hemolítica autoimune, hemocromatose idiopática ou associada com porfiria cutânea tardia. Tratamento da intoxicação aguda por ferro. Tratamento da sobrecarga crônica por alumínio em pacientes com insuficiência renal terminal submetidos à diálise contínua. 147 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores Diagnóstico. Para detectar a sobrecarga por ferro ou alumínio, realizando o teste da deferoxamina, baseando-se em que esta droga é incapaz de elevar a excreção de ferro e alumínio acima de certo limite nos indivíduos normais. Dose. Em casos de sobrecarga crônica de ferro, a finalidade terapêutica é conseguir um equilíbrio adequado de ferro e prevenir a hemossiderose. Para avaliar a resposta ao tratamento quelante, no início controlar-se-á diariamente a excreção de ferro na urina por 24 horas e averiguar-se-á a reação a doses crescentes, começando com 0,5mg e aumentando até obter um platô na curva de excreção de ferro. Considera-se que o equilíbrio é negativo quando a quantidade total de ferro eliminada excede a quantidade total adicionada pela transfusão sangüínea. O tratamento quelante é considerado satisfatório quando as concentrações séricas de ferritina estiverem próximas dos valores normais (<300mg/L). Na maioria dos pacientes resultam apropriadas as doses diárias de 20 a 40mg/kg. A via subcutânea lenta, mediante uma bomba de infusão ligeira durante 8 a 12 horas é considerada eficaz e conveniente em pacientes ambulatoriais; como coadjuvante do tratamento podem administrar-se ao redor de 200mg diários de vitamina C, que favorece a excreção do ferro pelas vias urinárias. Intoxicação aguda por ferro: após a lavagem gástrica podem ser deixados de 5 a 10g de deferoxamina na cavidade gástrica. Em pacientes normotensos pode ser ministrada numa só dose IM de 2g em adultos e 1g em crianças. Em pacientes hipotensos: por via IV 15mg/kg/hora, reduzindo após 4 ou 6 horas de tal forma que a dose não ultrapasse 80mg/kg/24h. Continuar-se-á o tratamento até que as concentrações séricas de ferro sejam inferiores à capacidade total de fixação do ferro. Sobrecarga de alumínio em insuficiência renal terminal: doses que resultariam ser efetivas: 1 a 4g por semana por via IV durante as duas últimas horasde cada terceira hemodiálise. Deve-se determinar a dose e seu modo de administração de forma precisa, bem como adaptar a posologia no decorrer do tratamento. Reações adversas. 148 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores Reações cutâneas alérgicas; reações anafiláticas; distúrbios de visão e audição; opacidade do cristalino; distúrbios gastrintestinais; trombocitopenias; distúrbios cardiovasculares (hipotensão, arritmia); distúrbios neurológicos (vertigem, convulsões); cãibras nas pernas. Precauções. A aplicação de deferoxamina pode favorecer o aparecimento de infecções, principalmente as causadas por Yersinia enterocolitica e Yersinia pseudotuberculosis, razão pela qual o tratamento deverá ser suspenso de forma imediata quando o paciente apresentar febre com enterite aguda ou enterocolite, dor abdominal difusa ou faringite. Controles oftalmológicos e audiométricos deverão ser realizados antes do início do tratamento com deferoxamina e em intervalos de aproximadamente três meses durante o tratamento, que deverá ser suspenso se aparecerem distúrbios da visão ou audição. Requer-se cautela em pacientes com insuficiência renal grave. Em pacientes com encefalopatia devida ao alumínio, a deferoxamina pode exacerbar a disfunção neurológica (crises convulsivas), talvez por um brusco aumento do alumínio circulante. Interações. O tratamento concomitante com proclorperazina (derivada da fenotiazina) pode causar distúrbios transitórios de consciência. A administração simultânea de vitamina C pode aumentar a excreção do quelato de ferro (150 a 250mg/dia de vitamina C). Doses mais altas não produzem qualquer efeito adicional sobre a excreção do quelato. Observou-se alteração da função cardíaca em pacientes com sobrecarga crônica de ferro submetido a um tratamento combinado de deferoxamina e altas doses de vitamina C (mais de 500mg diários). Contra-indicações. Hipersensibilidade à substância ativa, exceto se for possível uma insensibilização. 149 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores Flumazenil Ações terapêuticas. Antagonista dos receptores benzodiazepínicos. Propriedades. O flumazenil tem uma estrutura imidazobenzodiazepínica e ao nível do SNC comporta-se como um antagonista da ação das benzodiazepinas. O flumazenil inibe competitivamente a atividade no local de reconhecimento benzodiazepínico, situado no complexo receptor GABA/benzodiazepínico. Em seres humanos teve leve ou nenhuma atividade agonista. Não antagoniza os efeitos sobre o SNC das drogas com ação sobre os neurônios gabaérgicos, que são mediadas por outros receptores que não sejam os benzodiazepínicos (isto inclui drogas como o etanol, os barbitúricos e os anestésicos gerais), e não revertem os efeitos dos opiáceos. Antagoniza a sedação, a deterioração da resposta e a lentidão psicomotora produzida pelas benzodiazepinas. Em geral, as doses de 0,1 a 0,2mg (correspondentes a picos plasmáticos de 3 a 6ng/ml) produzem um antagonismo parcial, embora as doses de 0,4 a 1mg (produtoras de picos plasmáticos de 12 a 28ng/ml) usualmente produzam um antagonismo total nos pacientes que recebem dose de sedativos comuns de benzodiazepinas.Após a administração IV as concentrações plasmáticas de flumazenil seguem um modelo bicompartimental aberto, com uma meia-vida de distribuição inicial de 7 a 15 minutos e uma meia-vida terminal de 41 a 79 minutos. Os picos de concentração de flumazenil no sangue são proporcionais à dose, com um volume inicial aparente de distribuição de 0,5 litro/kg. A união às proteínas é de aproximadamente 50% e a droga não apresenta partição preferencial nos glóbulos vermelhos. Nos estudos farmacocinéticos realizados em indivíduos sãos, a liberação total esteve dentro de 0,7 a 1,3 L/kg/h, com uma eliminação da droga inalterada pela urina menor que 1%. Os principais metabólitos do flumazenil identificados na urina foram o ácido livre dietilado e seus conjugados glicurônicos. 150 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores Indicações. Reversão parcial ou completa dos efeitos sedativos das benzodiazepinas nos casos em que se tenha induzido ou mantido a anestesia geral mediante benzodiazepinas, nos casos em que se tenha produzido a sedação com benzodiazepinas para procedimentos diagnósticos ou terapêuticos e para o manuseio das superdosagens de benzodiazepinas. Dose. É recomendada somente a via IV. É compatível com as soluções de dextrose a 5%, Ringer-lactato e salina normal. Para minimizar a dor nas imediações do local da injeção, recomenda-se a infusão mediante uma via estabelecida sobre uma veia maior. Para o manejo inicial, recomenda-se uma primeira dose de 0,2mg IV durante 15 segundos. Se o nível de consciência não for obtido, esperar mais 45 segundos e injetar uma dose adicional de 0,2mg, que pode ser repetida com intervalos de 60 minutos até alcançar uma dose total máxima de 1mg. A maioria dos pacientes responde à dose de 0,6 a 1mg. Reações adversas. Os sintomas informados com maior freqüência foram às convulsões. As reações adversas associadas com a administração de flumazenil foram limitadas a vertigens, dor no local da injeção, sudoração, cefaléia e visão anormal ou turva. Precauções. Durante 24 horas após a administração do fármaco, é conveniente não dirigir veículos nem operar maquinário. Deve-se evitar o uso no início da gravidez, exceto em casos de absoluta necessidade. Contra-indicações. Pacientes com hipersensibilidade conhecida ao flumazenil ou as benzodiazepinas. Pacientes aos quais tenha sido ministrado um benzodiazepina para controlar uma 151 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores condição de ameaça potencial à vida (por exemplo, controle da pressão endocraniana ou do estado epiléptico). Acetilcisteína Ações terapêuticas. Mucolítico. Antídoto para a superdose com paracetamol. Propriedades. Mucolítico: a molécula de acetilcisteína possui um grupo sulfídrico livre ao qual é atribuída a propriedade de romper as pontes ou as ligações dissulfeto das mucoproteínas que outorgam viscosidade ao muco das secreções pulmonares. Este mecanismo explicaria a sua ação mucolítica. É rapidamente metabolizada para originar a cisteína e o acetilo ou a diacetilcisteína. Em algumas ocasiões a administração do aerossol de acetilcisteína provoca um incremento da obstrução das vias aéreas; se isto ocorrer o tratamento deve ser suspenso imediatamente. Antídoto para a superdose de paracetamol: a ingestão de mais de 150mg/kg deste fármaco produz saturação dos sistemas de conjugação com sulfatos e glicurônidos, razão pela qual uma grande proporção do acetaminofeno é biotransformada pela via do citocromo P-450. Isto leva à produção de quantidades importantes de um metabólito muito reativo e tóxico que é neutralizado pelo glutation.Na superdose pode ocorrer depleção das reservas celulares de glutation, com o qual o metabólito reage com proteínas do hepatócito e provoca necrose celular. Acredita-se que a acetilcisteína age como substrato de conjugação alternativa do metabólito reativo, o qual ajudaria a restabelecer os níveis de glutation, com o quala extensão do dano hepático seria reduzida. A precocidade do seu uso reduz o grau de lesão, por isso se consegue benefício quando administrado até 24 horas após a ingestão da superdose de paracetamol. 152 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores Indicações. Mucolítico: doenças broncopulmonares crônicas (enfisema crônico, enfisema com bronquite, tuberculose, bronquiectasia, amiloidose pulmonar primária); pneumonia, bronquite, traqueobronquite, fibrose cística, atelectasia por obstrução mucosa (tampão mucoso), diagnóstico bronquial. Antídoto: via oral, para a prevenção da toxicidade potencial causada pela superdose de paracetamol. Dose. Mucolítico: nebulizações, em solução a 10% (2 a 20ml) ou a 20% (1 a 10ml), de 3 a 6 vezes ao dia. Em instilação direta pode ser administrada a cada hora (1 ou 2 ml das soluções a 10% ou 20%). Antídoto: após realizar uma lavagem gástrica ou induzir êmese, administrar 120mg de acetilcisteína por quilograma de peso corporal, por via oral. A solução de administração oral prepara-se diluindo uma solução de acetilcisteína a 20% com uma bebida dietética, até uma concentração de 5%. Reações adversas. Ocasionalmente podem ser observadas estomatites, náuseas, vômitos, febre, rinorréia, tonturas, broncoconstrição. Precauções. Após a sua administração deve-se manter a via respiratória permeável, se necessário por sucção mecânica, pois ocorrerá um incremento das secreções brônquicas fluidificadas. Vigiar atentamente quando administrada em pacientes asmáticos. Se ocorrer broncoespasmo, nebulizar um broncodilatador; se a condição não melhorar, suspender o tratamento. Por não existirem provas conclusivas recomenda-se não administrar em mulheres grávidas ou durante a lactação a não ser que o benefício para a mãe supere o risco potencial para o feto. Nas doses utilizadas como antídoto, a acetilcisteína pode piorar os vômitos provocados pela intoxicação com paracetamol. Sua administração diluída diminui o risco de piora. Pode ocorrer urticária generalizada, que se não for possível controlar deve provocar a suspensão do tratamento. O tratamento deve ser 153 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores suspenso se for desenvolvida encefalopatia causada pela insuficiência hepática durante a administração de acetilcisteína. Contra-indicações. Mucolítico: hipersensibilidade a acetilcolina. Antídoto: não existem contra-indicações ao uso como antídoto. Naloxona Ações terapêuticas. Antagonista dos opiáceos. Propriedades. Não foi descrito com exatidão o mecanismo de ação pelo qual a naloxona reverte a maioria dos efeitos dos analgésicos opiáceos. Foi proposta a existência de múltiplos subtipos de receptores opiáceos repartidos no SNC - cada um deles atuaria como mediador de diferentes efeitos terapêuticos ou colaterais dos fármacos opiáceos. Os receptores m e k são mediadores de analgesia, bem como de efeitos colaterais. O receptor pode não ser mediadora de analgesia, a ação sobre este tipo de receptor pode produzir os efeitos subjetivos e simpaticomiméticos de vários opiáceos, que têm atividade mista agonista/antagonista. A naloxona deslocaria os analgésicos opiáceos administrados previamente de todos aqueles tipos de receptores, e inibiria competitivamente suas ações. Isoladamente, a naloxona não tem atividade agonista. Metaboliza-se no fígado, sua meia-vida é de 60 a 100 minutos; o início da ação aparece em 1 a 2 minutos após a administração IV, e em 2 a 5 minutos após a administração IM. Elimina-se por via renal; 70% da dose são excretados em cerca de 72 horas. Indicações. Depressão respiratória, toxicidade e depressão respiratória pós-anestesia induzida por opiáceos. 154 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores Dose. Adultos - toxicidade por opiáceos: IV, IM ou subcutânea, 0,01mg/kg ou 0,4mg como dose única; a dose deve ser individualizada; depressão por opiáceos no pós-operatório: IV, 0,1 a 0,2mg com intervalos de 2 a 3 minutos, até obter-se ventilação e nível de consciência adequados, sem dor significativa. Doses pediátricas (neonatos) - depressão induzida por opiáceos: IV através da veia umbilical, IM ou subcutânea 0,01 mg/kg; crianças: IV IM ou subcutânea 0,01mg/kg; depressão por opiáceos no pós-operatório: IV, 0,005 a 0,01mg a cada 2 ou 3 minutos, até obter-se ventilação e nível de consciência adequados, sem dor significativa. Reações adversas. Raramente foi informado aparecimento de convulsões após a administração de naloxona. Pode aparecer taquicardia ventricular ou fibrilação em pacientes com irritabilidade ventricular preexistente. Requerem atenção médica: taquicardia, hipotensão ou hipertensão arterial, aumento da sudorese, náuseas, vômitos e tremores. Precauções. A superdosagem de dextropropoxifeno pode requerer doses maiores de naloxona, como quando utilizada para antagonizar os efeitos da buprenorfina, a nalbufina ou a pentazocina. A relação risco-benefício deverá ser avaliada antes de administrar naloxona a uma mulher grávida dependente de opiáceos, porque a dependência na mãe é adquirida pelo feto. A naloxona atravessa a placenta e pode precipitar a síndrome de abstinência no feto. Interações. A naloxona reverte os efeitos opiáceos analgésicos e colaterais, e pode precipitar a síndrome de abstinência em pacientes com dependência física dos seguintes medicamentos: nalbufina, fentanila, sulfentanila, butorfanol. 155 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores Contra-indicações. A relação risco-benefício deverá ser avaliada em pacientes com irritabilidade cardíaca, dependência ou adição a opiáceos em uso. Metiltionínio, cloreto Propriedades. O azul de metileno é um corante anti-séptico utilizado no tratamento de doenças do aparelho geniturinário. Sua ação terapêutica deve-se a sua atuação como veicular de hidrogênio, ativando a respiração dos reitrócitos e diminuindo a quantidade de ácido lático nos processos de fermentação. Em geral, é mais bacteriostático do que bactericida. Também apresenta efeito analgésico, sendo eliminado pela urina, que se colore de verde ou azulado (em função da mistura de cores da urina-normalmente amarelada com o azul de metileno), o que permite seu emprego na pesquisa da permeabilidade renal. Indicações. Nos casos de intoxicação por anilina, nitritos, sulfonamidas, acetanilida, que são substâncias metahemoglobinizantes. Cistite e pielite, prostatite, uretrite, salpingite, salpingoovarite. Infecções urinárias. Dose. Casos agudos: por via IV, solução aquosa de cloreto de metiltionínio a 1%, em dose de 1 a 2mg/kg de peso (no adulto equivale a 60 a 120mg). Em casos leves de intoxicação por via oral, 200mg 3 vezes ao dia. Processos inflamatórios das vias urinárias: 20mg cada 4 horas. Contra-indicações. Hipersensibilidade ao fármaco. 156 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores Biperideno Ações terapêuticas. Antidiscinésico. Propriedades. O mecanismo de ação específico é desconhecido,porém, calcula-se que bloqueie os receptores colinérgicos centrais (do corpo estriado) de forma parcial, contribuindo assim para o equilíbrio entre atividade colinérgica e dopaminérgica nos gânglios basais. Não melhora a discinesia tardia e pode até mesmo agravá-la por seus efeitos antimuscarínicos. Pode ser administrado por via oral como cloridrato de biperideno e por via parenteral como lactato de biperideno. Tem boa absorção gastrintestinal. Indicações. Tratamento de parkinsonismo em todas as suas formas (pós-encefalítico, arteriosclerótico ou idopático) e tratamento das reações extrapiramidais induzidas por fármacos. Dose. A dose usual para adultos por via oral para o parkinsonismo é de 2mg, 3 a 4 vezes ao dia, e para reações extrapiramidais induzidas por fármacos 2mg, 1 a 3 vezes por dia. A dose por via parenteral é de 2mg, repetida com intervalos de 30 minutos, até um total de 4 doses ao dia, via intramuscular ou intravenosa lenta. A dose usual em crianças por via oral é de 1 a 2mg, 3 vezes ao dia, ou por via parenteral de 40mg/kg. A dose pode ser repetida a cada 30 minutos até 4 vezes ao dia. Reações adversas. Visão turva, constipação, diminuição da sudorese, dificuldade ou dor na micção, sonolência, secura na boca, confusão, aumento da pressão intra-ocular e erupção cutânea. 157 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores Precauções. Deve ser utilizado com cuidado em pacientes com instabilidade cardiovascular, pois aumenta o risco de ocorrer arritmia cardíaca; na presença de glaucoma de ângulo aberto, por seu efeito midriático e quando existe hipertrofia prostática ou retenção urinária, porque seu efeito antimuscarínico pode agravar o quadro. Pode agravar a miastenia grave devido à inibição da ação da acetilcolina. As crianças são especialmente sensíveis aos efeitos colaterais antimuscarínicos e os idosos podem apresentar um dano grave de memória. Em pacientes com glaucoma é recomendado examinar a pressão intra-ocular periodicamente. Interações. O uso simultâneo com antimuscarínicos ou outros medicamentos com ações similares pode intensificar os efeitos antimuscarínicos do biperideno. A administração junto com antiácidos ou antidiarréicos absorvíveis pode reduzir seus efeitos terapêuticos. O uso simultâneo com depressores do SNC pode produzir um aumento dos efeitos sedantes. Contra-indicações. Glaucoma de ângulo fechado, obstrução mecânica do trato gastrintestinal, hipertensão e hipersensibilidade ao biperideno. EDTA - Edético, ácido Ações terapêuticas. Quelante. 158 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores Propriedades. Usado como edetato de cálcio dissódico hidratado, o ácido edético reduz as concentrações sangüíneas e os depósitos de armazenamento de chumbo. O cálcio é substituído por metais bivalentes e trivalentes, especialmente por chumbo disponível, para formar complexos estáveis e solúveis que se excretam com facilidade. O ácido edético é saturado de cálcio, mas pode ser administrado em grandes quantidades por via IV sem causar mudanças significativas nas concentrações totais de cálcio do corpo ou no soro. Aumenta significativamente a quelação e a excreção urinária de zinco, mas esta ação é clinicamente insignificante, a não ser que o tratamento seja contínuo por mais de sete dias. É bem absorvido após a administração parenteral e pouco no trato gastrintestinal. A absorção de chumbo no intestino pode aumentar com a administração de ácido edético, já que o quelato de chumbo formado é mais solúvel que o chumbo. Após a absorção, o quelato é dissociado e libera íons de chumbo, o que produz um aumento dos sintomas de toxicidade por chumbo. Distribuem-se 90% no líquido extracelular; não penetra nos eritrócitos nem no LCR. Não é metabolizado; após a administração parenteral é excretado inalterado na urina ou com quelatos de metais. É eliminado por via renal; 50% do quelato formado aparecem na urina 1 hora após a administração parenteral; 70% durante as primeiras 4 horas e 95% em 24 horas. Teoricamente, 1g de edetato de cálcio e sódio é capaz de efetuar a quelação de 620mg de chumbo; entretanto, logo após a administração parenteral de 1g de edetato em pacientes com sintomas de intoxicação aguda por chumbo, somente são excretados de 3 a 5mg de chumbo. Indicações. Tratamento da intoxicação aguda e crônica por chumbo (saturnismo) e na encefalopatia por chumbo. A terapêutica combinada com dimercaprol (BAL) é o tratamento mais indicado, pois o dimercaprol complementa o edetato de cálcio e sódio, através da eliminação rápida do chumbo dos glóbulos vermelhos e do intestino e por sua mobilidade nos depósitos esqueléticos. 159 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores Dose. Também é eficaz quando administrado por via IM ou IV. Cada ciclo de tratamento não deve ultrapassar de cinco a sete dias, com intervalos de dois dias de descanso entre os ciclos. Nos casos de encefalopatia por chumbo, as crianças podem necessitar de mais dois ciclos de terapêutica, quando a mobilidade do chumbo nos depósitos esqueléticos se aproxima a uma concentração sérica crítica de 70mg/dl. Deverá ser continuada até que os valores diminuam abaixo de 50mg/dl. Quando associado ao dimercaprol, cada fármaco será administrado por via IM profunda em locais separados e simultaneamente, com aplicações a cada 4 horas durante cinco dias. Dose usual para adultos - toxicidade por chumbo: vias IV e IM, de 30 a 50mg/kg/dia divididos em 2 doses, a cada 20 horas, durante 3 a 5 dias; dose máxima: até 50mg/kg/dia. Dose pediátrica - a mesma dose para adultos por via IV; e por via IM, de 15 a 35mg/kg/dia divididos em 2 doses a cada 8 ou 12 horas, durante 3 a 5 dias e até um máximo de 75mg/kg/dia. Reações adversas. Aparecem mais freqüentemente e requerem atenção médica: calafrios ou febre repentina, fadiga, cefaléias, anorexia, mal-estar, sede, hipotensão, náuseas, vômitos ou congestão nasal. São observadas com menor freqüência: constipação, sonolência, secura na boca, chagas na boca e nos lábios. Precauções. Em pacientes com encefalopatia ou edema cerebral por chumbo, uma infusão IV rápida pode ser mortal devido ao aumento brusco da pressão intracraniana. A relação risco- benefício deverá ser avaliada no primeiro trimestre da gravidez, embora não tenham sido registrados problemas. Em crianças é aconselhável a administração IM, pois, nelas a encefalopatia por chumbo é mais comum que nos adultos. 160 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores Interações. Não é aconselhável o uso de corticóides para a redução do edema cerebral na encefalopatia, uma vez que a toxicidade renal do edetato cresce com os corticóides. Diminui a duração da ação da insulina zinco pela quelação do zinco. Contra-indicações. Anúria ou oligúria grave. A relação risco-benefício deverá ser avaliada nos seguintes quadros clínicos: desidratação (nestes casos, antes da administração da primeira dose de edetato deverá ser estabelecido o fluxo urinário), hipercalcemia, doença renal (a redução do filtrado glomerular pode retardar a excreção do quelato e aumentaro risco da nefrotoxicidade). Dissulfiram Ações terapêuticas. Sensibilizante ao álcool. Propriedades. Inibe a oxidação do acetaldeído (produto do metabolismo do álcool) e é por isso que a ingestão de álcool durante o tratamento com dissulfiram provoca uma incômoda e desagradável resposta (vômitos, cefaléias, dispnéia, sudorese, precordialgias). Seu mecanismo de ação é devido à inibição do aldeído desidrogenase hepática. O acetaldeído é responsável pelos efeitos desagradáveis que persistem até que o álcool seja metabolizado, sem interferir na sua eliminação. O dissulfiram é absorvido e eliminado lentamente; os efeitos continuam até uma ou duas semanas depois de ingerida a última dose; não produz tolerância. 161 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores Indicações. Tratamento coadjuvante de pacientes alcoólatras crônicos seletos, em combinação com suporte psicoterapêutico. Dose. Não deve ser administrado até que o paciente tenha suspendido a ingestão de álcool (pelo menos por 12 horas). Dose inicial: 500mg/dia durante uma ou duas semanas. Dose de manutenção: 250mg/dia. Nota: se o paciente consumir álcool enquanto recebe dissulfiram se desenvolve uma reação que requer tratamento: restabelecimento da pressão sangüínea, tratamento para choque e, se necessário, oxigênio, carbogênio (95% oxigênio, 5% de dióxido de carbono), vitamina C intravenosa em doses massivas (1g) e sulfato de efedrina. Reações adversas. Pode provocar neurite óptica, polineurite e neuropatia periférica. Hepatite colestática fulminante. Erupções que podem ser controladas com anti-histamínicos. Em alguns casos aparecem sonolências, fadiga, impotência, cefaléia, sabor de alho ou metálico, que costumam desaparecer após duas semanas de tratamento. Reações psicóticas foram registradas em doses elevadas ou toxicidade combinada (metronidazol, isoniazida). Precauções. Não deve ser administrado em presença de intoxicação alcoólica. O paciente deve ser plenamente informado de que receberá este medicamento e de seus possíveis efeitos assim como das precauções que deve tomar. O efeito antabuse, que se apresenta devido à administração simultânea de álcool e dissulfiram inclui avermelhamento, cefaléia, dispnéia, náuseas, vômitos, sudorese, sede, precordialgia, palpitações, debilidade, vertigem, visão turva e, em casos mais severos, podem ocorrer depressão respiratória, colapso cardiovascular, arritmias, infarto de miocárdio, insuficiência cardíaca congestiva aguda, perda de consciência, convulsões e morte. 162 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores Interações. O dissulfiram interfere com a metabolização de certos fármacos, razão pela qual alguns efeitos tóxicos podem ser incrementados. A administração em pacientes que recebem fenitoína e fármacos relacionados deve ser acompanhada com monitoramente plasmático dos mesmos, pois pode desenvolver-se intoxicação por fenitoína. A dose de anticoagulantes orais deve ser ajustada. A isoniazida pode originar andar instável e alteração nítida do estado mental quando administrada junto com dissulfiram. A combinação de dissulfiram e nitritos ou brometo de etileno em animais é a causa de incremento da incidência de tumores, sem que ainda tenha sido colocado em evidência um efeito similar em seres humanos. Durante o tratamento e em pacientes tratados com digitálicos deve-se controlar a potassemia. Contra-indicações. Hipersensibilidade ao dissulfiram ou a outros derivados tiuram utilizados na indústria do caucho. Pacientes que tenham recebido metronidazol, paraldeído, álcool ou preparações que os contenham (xaropes para a tosse) recentemente. Deve-se evitar a exposição a formas dissimuladas do álcool: vinagres, molhos, loções etc. Penicilamina Ações terapêuticas. Quelante. Anti-reumático. Antiurolitiásico. Propriedades. A penicilamina permite a quelação do mercúrio, chumbo, cobre, ferro e, provavelmente, de outros metais pesados, com os quais formam complexos solúveis estáveis que são excretados na urina. O mecanismo de ação não é conhecido na artrite reumatóide, mas pode implicar a melhora da função linfocitária. Diminui o fator reumatóide IgM e os complexos imunes no soro e no líquido sinovial, mas não reduz as concentrações 163 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores absolutas de imunoglobulinas séricas. Combina-se quimicamente com a cistina para formar penicilaminacisteína, que é mais solúvel que a cistina, e excreta-se na urina; assim, evita-se a formação de cálculos de cistina. Com o tratamento prolongado, os cálculos de cistina podem ser dissolvidos. Metaboliza-se no fígado e é eliminada pelas vias renal e fecal. Indicações. Doença de Wilson, artrite reumatóide, cistinúria, cálculos recidivantes de cistina. Dose. Quelante: 250mg, quatro vezes ao dia. Antirreumático: 125 a 250mg uma vez ao dia, como dose única; aumentá-la, se for necessário, acrescentando 125mg a 250mg/dia, com intervalos de 2 a 3 meses, até um máximo de 1,5g/dia. Antiurolitiásico: 500mg, 4 vezes ao dia. Dose geriátrica: 125mg/dia e acrescentar 125mg/dia a cada 2 ou 3 meses, até um máximo de 750mg/dia. Doses pediátricas, quelante – lactentes maiores de seis meses e crianças pequenas: 250mg como dose única; crianças maiores: dose de adulto. Reações adversas. Febre, artralgias, erupção cutânea, urticária, aumento dos gânglios linfáticos, hematúria, aumento de peso, cansaço ou debilidade não habitual, visão turva, mialgia, hemoptise, dispnéia, disfagia, dificuldade para mastigar ou falar, prurido, colúria, náuseas, vômitos e anorexia. Precauções. Sua utilização não é recomendada durante a gravidez; se for administrada, recomenda-se limitar a dose máxima diária a uma grama. Os pacientes maiores de 65 anos são mais propensos a desenvolver toxicidade hemática com a penicilamina. Os efeitos leucopênicos e trombocitopênicos aumentam a incidência de infecção microbiana, retardamento na cicatrização e hemorragia gengival. Pode provocar ulcerações orais, que têm a aparência de muguet oral e, em casos raros, glossite ou gengivoestomatite. Com a 164 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores terapêutica pode ser provocada deterioração do paladar. Para ajudar a prevenir os cálculos de cistina, recomenda-se um consumo elevado de líquidos. Interações. Os depressores da medula óssea, compostos de ouro e imunossupressores (exceto os glicocorticóides), podem aumentar o risco de reações hematológicas graves e reações renais adversas. Os suplementos de ferro podem diminuir os efeitos da penicilamina. A penicilamina pode provocar anemia ou neurite periférica, ao atuar como antagonista da piridoxina ou aumentar a excreção renal desta. Contra-indicações. A relação risco-benefício deverá ser avaliada na presença de agranulocitose ou anemia aplástica e disfunção renal. Neostigmina Ações terapêuticas. Antimiastêmico, colinérgico inibidor da colinesterase. Propriedades. É um composto sintético de amônio quaternário que inibe a degradação da acetilcolina pela acetilcolinesterase, facilitando, assim, a transmissão de impulsosna união neuromuscular. Contudo tem um efeito colinérgico sobre o músculo esquelético e também pode atuar sobre as células dos gânglios autônomos e neurônios do sistema nervoso central (SNC). Evita ou alivia a distensão pós-operatória, estimulando a motilidade gástrica e aumentando o tônus gástrico, o que representa uma associação de ações das células ganglionares do plexo de Auerbach e nas fibras musculares, como resultado da não degradação da acetilcolina liberada pelas fibras colinérgicas pré-ganglionares e pós- ganglionares. Seu efeito antimiastênico é produzido como conseqüência da potenciação do efeito máximo e da maior duração da acetilcolina na placa motora que o fármaco 165 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores produz. Absorve-se escassamente no trato gastrintestinal e com rapidez por via intramuscular. Por isso, as doses orais são muito maiores que por via parenteral: 15mg por via oral equivalem a 0,5mg administrados por via parenteral. Sua união às proteínas é baixa, metaboliza-se no fígado e alcança seu efeito máximo aos 20 ou 30 minutos de sua administração parenteral. Aproximadamente 40% são excretados por via renal. Indicações. Tratamento da miastenia grave. A neostigmina parenteral é indicada no tratamento da retenção urinária pós-operatória não obstrutiva; também pode ser indicada como antídoto da tubocurarina e de outros bloqueadores neuromusculares não despolarizantes. Dose. A dose deve ser individualizada, conforme a gravidade da patologia e a resposta do paciente. Na miastenia grave, requer-se terapêutica diurna e noturna. A maior quantidade da dose total diária pode ser ingerida nos períodos de maior fadiga, como à tarde ou nas refeições. Após um tratamento prolongado, os pacientes miastênicos tornam-se refratários a estes medicamentos. Sua administração por via oral com alimentos ou leite pode diminuir os efeitos colaterais muscarínicos. Dose usual para adultos, como antimiastênico. Dose inicial: oral, 15mg a cada 3 ou 4 horas, ajustando a dose e a freqüência conforme necessidade. Dose de manutenção: oral, 150mg administrados durante um período de 24 horas. Doses pediátricas usuais: oral, 2mg/kg ou 60mg/m2 ao dia, divididos em 6 ou 8 ingestões. Injetável dose usual para adultos (antimiastênico): 0,5mg, e as doses posteriores serão avaliadas conforme a resposta do paciente (antimiastênico). Como preventivo da distensão pós-operatória ou da retenção urinária: 0,25mg após a cirurgia, repetidos a intervalos de 4 a 6 horas, durante 2 ou 3 dias. Doses pediátricas usuais - como antimiastênico: 0,01-0,04mg/kg a intervalos de 2 a 3 horas. Reações adversas. São de incidência baixa, mas quando aparecem, requerem atenção médica: visão turva, diarréia grave, náuseas, vômitos, bradicardia, cãibras, gastralgia, cansaço ou debilidade não habituais (por efeito muscarínico), aumento da secreção brônquica, sialorréia e 166 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores lacrimejamento não habituais. Nos pacientes miastênicos, o aumento da debilidade muscular pode ser produzido por dose baixa ou resistência à medicação. Pode ser difícil distinguir as crises colinérgicas das miastênicas baseando-se apenas nos sintomas, já que o principal sintoma comum a ambas é a debilidade muscular generalizada. A debilidade iniciada 1 hora após a administração da droga deve-se provavelmente a uma superdosagem, enquanto a produzida depois de 3 horas ou mais da administração deve- se possivelmente a doses baixas ou resistência à droga. Precauções. Quando administrado por via IV, pode provocar irritabilidade uterina e induzir partos prematuros em mulheres no final da gravidez. Mediante quadros de diarréia com infecção intestinal, o tratamento deverá ser suspenso. Pode aumentar as secreções brônquicas, agravando quadro de asma brônquica. Aumenta o risco de arritmias cardíacas. Interações. A ação bloqueadora neuromuscular de anestésicos orgânicos por inalação (clorofórmio, enflurano, halotano, metoxiflurano ou ciclopropano), bem como a dos anestésicos locais por via parenteral, pode antagonizar o efeito antimiastênico da droga. Pode-se usar atropina para reduzir ou evitar efeitos muscarínicos da neostigmina; entretanto, o uso simultâneo rotineiro não é recomendado, dado que os efeitos muscarínicos podem ser os primeiros sinais de superdosagem. Não é recomendável o uso simultâneo de outros inibidores da colinesterase, devido à possibilidade de ototoxicidade. Contra-indicações. Geralmente, não são descritas. Deverá ser tomada precaução especial nos casos de asma brônquica ou bronquite espástica. ------ FIM MÓDULO V -----
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