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01 Processo Civil 1

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Aula 01
Conforme Novo CPC - Direito Processual Civil p/ MP-RJ - Analista Processual
Professores: Equipe Gabriel Borges, Gabriel Borges
 
 Direito Processual Civil 
 Teoria e Exercícios comentados 
 Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 01 
 
Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 1 de 70 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL P/ MINISTÉRIO PÙBLICO DO RIO DE JANEIRO ± 
2016 
 
SUMÁRIO PÁGINA 
1. Capítulo II: Normas processuais civis. 02 
2. Resumo 53 
3. Questões comentadas 57 
4. Lista das questões apresentadas 67 
5. Gabarito 70 
 
CAPÍTULO II: NORMAS PROCESSUAIS CIVIS. 
PENSAMENTO JURÍDICO CONTEMPORÂNEO 
O pensamento jurídico contemporâneo sofreu alterações consideráveis a partir da 
metade do século XX. Neste contexto, não ficou imune o Direito Processual Civil. Para 
começar a tratar do Novo Código de Processo Civil. Esta transformação está ligada à 
necessidade de atualizar-se o repertório do Direito, mas entendam que os conceitos jurídicos 
fundamentais não forma abandonados. 
Então vejamos as características do atual pensamento jurídico que afeta nossa 
disciplina. 
Primeiro, temos o reconhecimento do poder da normatividade da Constituição Federal. 
A CF é, pois, o principal meio normativo do nosso sistema jurídico, sendo assim, tem eficácia 
imediata e independe, em muitos casos, de mediação legislativa. 
O que a doutrina tem afirmado é que se passa de um modelo Estatal baseado na Lei 
(Estado eminentemente legislativo) para um Estado fundado na Constituição, ou seja, um 
Estado Constitucional por excelência. 
NORMAS PROCESSUAIS CIVIS. 
 
 Direito Processual Civil 
 Teoria e Exercícios comentados 
 Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 01 
 
Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 2 de 70 
A segunda característica, e aqui houve mudanças consideráveis, é o desenvolvimento 
da teoria dos princípios. Os princípios passam a ter sua normatividade reconhecida ± passa a 
ser uma espécie de norma jurídica. 
A terceira traz a transformação da hermenêutica jurídica. Há um reconhecimento do 
papel criativo e normativo da atividade jurisdicional. Esta é vista como essencial para o 
desenvolvimento do Direito estipulando norma jurídica ao caso concreto ou pela 
interpretação que se deve ter dos textos normativos. Neste contexto, a norma sofrerá, na sua 
aplicabilidade, a influência dos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. Os textos 
normativos passam a conviver com o método da subsunção ± na lição de Tereza Arruda Alvim 
Wambier ³muitos são os pontos em que se evidencia a fragilidade, ou pelo menos a 
insuficiência, do raciocínio dedutivo e da lógica formal e pura, instrumentos típicos da 
GRJPiWLFD�WUDGLFLRQDO´� 
A última característica alude à expansão e consagração dos direitos fundamentais, que 
infunde ao direito positivo a dignidade humana. 
 
NEOCONSTITUCIONALISMO 
A nova fase do pensamento jurídico está sendo conhecida como 
Neoconstitucionalismo. Os riscos e possibilidades do Neoconstitucionalismo são inúmeros, 
mas fugiria às nossas pretensões didáticas deste curso ± voltado para a sua aprovação e não 
para debates doutrinários ou acadêmicos. 
Vê-se que há uma tendência a supervalorização das novidades advindas do 
pensamento jurídico atual. Supervalorização dos princípios em detrimento das normas 
consolidadas; enaltecimento do Judiciário em detrimento ao Legislativo, e convenhamos, 
assistimos a uma grave insurgência do Poder Judiciário sobre o Poder Legislativo, o que pode 
gerar prejuízo á democracia e à separação de poderes; a valorização da ponderação em 
relação à subsunção. 
 
 
 Direito Processual Civil 
 Teoria e Exercícios comentados 
 Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 01 
 
Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 3 de 70 
 
Constituição da República Federativa do Brasil acolhe tanto normas quanto 
princípios de modo abrangente, por esse motivo, seria difícil considerar que seja uma 
Constituição eminentemente principiológica. Se houvesse que defini-la por um ou outro 
critério não seria errado considerá-la normativa, dado o seu caráter analítico e 
extensivo. 
Essa inferência, contudo, enfrenta a oposição do que se nomeiam constituições 
do pós-guerra, das quais o sistema brasileiro seria exemplo, uma vez que esse grupo 
tem como primado a valorização dos princípios, como contraponto à rigidez do 
regramento absoluto, que pode causar danos à convivência pacífica quando levado à 
aplicação extrema. 
A partir dessa constatação, há que se questionar quanto à hierarquia dos tipos 
normativos: se os princípios e as normas estão de fato no mesmo patamar, ou se por 
uma questão interpretativa os princípios não teriam um papel orgânico e qualitativo 
mais abrangente, o que os colocaria um degrau acima das normas. Esse tratamento 
dos princípios poderia, também, ser prejudicial ao sistema, na medida em que conferiria 
poder aos julgadores de ponderar sobre o caso que lhe é posto a julgamento. 
São alegações de sobreposição dos princípios às normas que têm justificado 
práticas como a do ativismo judicial, em extensa e polêmica disputa com o Poder 
Legislativo. A ponderação conflita com o caráter limitador do mandamento, que 
pressupõe uma norma anterior e geral, elaborada abstratamente para ser aplicada ao 
caso concreto. 
 
Divide-se a evolução do direito processual em três fases: 
a) praxismo: não existia a diferenciação entre processo e o direito material ± 
analisava-se o processo sob seus aspectos práticos, não desenvolvendo a parte científica. 
b) processualismo: desenvolve-se a parte científica e as fronteiras entre o direito 
processual e material se findam. 
c) instrumentalismo: estabelece entre um direito material e processual uma relação 
 
 Direito Processual Civil 
 Teoria e Exercícios comentados 
 Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 01 
 
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de interdependência. Nesta fase, observa uma preocupação com a tutela dos direitos e a 
efetividade do processo. Além disso, o processo passa a ser objeto de estudo de outras 
áreas. 
Agora, a quarta fase se inicia com o Neoprocessualismo. Há aqueles que a classificam 
como formalismo-valorativo ± no intuito de destacar a importância dos valores 
constitucionalmente protegidos no âmbito dos direitos fundamentais na edificação do 
formalismo processual. 
 
ARTIGO 1º DO NOVO CPC 
Art. 1° O processo civil será ordenado, disciplinado einterpretado conforme os valores 
e as normas fundamentais estabelecidos na Constituição da República Federativa do Brasil, 
observando-se as disposições deste Código. 
Vimos que a constitucionalização do Direito Processual é a base do Direito 
Contemporâneo. Há uma incorporação de normas processuais aos textos constitucionais. 
Após a Segunda Guerra, nas constituições ocidentais, houve uma consagração dos direitos 
fundamentais, assim como os tratados internacionais de direitos humanos. O devido processo 
legal e o Pacto de São José da Costa Rica são exemplos desta infiltração dos direitos 
humanos e fundamentais no âmbito processual. Por outro lado, vê-se uma doutrina disposta a 
examinar as normas infraconstitucionais. Disto, tem-se uma aproximação do diálogo entre 
constitucionalistas e processualistas. 
Pois bem. O que se tem no artigo 1° é uma explicitação da norma fundamental do 
sistema constitucional ± normas jurídicas derivam e devem estar em conformidade com a 
Constituição. A norma processual surge do sistema de controle de constitucionalidade 
determinado na própria Constituição. Fica, portanto, claro que as normas processuais não 
podem ir contra o texto constitucional, principalmente no direito processual brasileiro, no qual 
há ampla observância do princípio do devido processo legal (que iremos analisar nesta aula). 
Antes de adentrarmos os estudos dos princípios processuais, é necessário esclarecer o 
que é um princípio. Princípio nada mais é que uma espécie normativa. Humberto Ávila explica 
TXH�³RV�SULQFtSLos instituem o dever de adotar comportamentos necessários à realização de 
um estado de coisas ou, inversamente, instituem o dever de efetivação de um estado de 
FRLVDV�SHOD�DGRomR�GH�FRPSRUWDPHQWRV�D�HOH�QHFHVViULRV´�� 
 
 Direito Processual Civil 
 Teoria e Exercícios comentados 
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Os princípios incidem sobre as normas mediata ou imediatamente (direta e 
indiretamente): a) eficácia direta é aplicação do princípio sem a intermediação ou interposição 
de regra ou outro princípio. Exercem uma função integrativa ± agrega-se a outros elementos 
não antevistos em regras ou princípios. b) eficácia indireta ocorre na antemão do que 
acabamos de ver, ou seja, atua por o intermédio de outro princípio ou regra. 
Os princípios exercem uma função interpretativa, quando influenciam normas menos 
amplas ± são utilizados na interpretação de regras formadas a partir de textos normativos 
expressos ±, e uma função bloqueadora, quando justifica a não aplicação de textos 
incompatíveis com o estado das coisas que se tenta promover. 
 
DIREITOS FUNDAMENTAIS PROCESSUAIS 
Os direitos fundamentais processuais possuem duas dimensões: 
a) subjetiva: atribuem, a seus titulares, posições jurídicas de vantagens. 
b) objetiva: valores básicos e consagrados no sistema jurídico, que devem dirigir a 
aplicação de todo o ordenamento jurídico. É ver o direito fundamental como norma 
jurisdicional ± análise objetiva ±, ou como situação jurídica ativa ± análise subjetiva. 
Conclui-se que o processo deve adequar-se à tutela efetiva dos direitos fundamentais 
(subjetiva) e, estruturado de acordo com os direitos fundamentais (objetiva). Na dimensão 
subjetiva, tem-se como exemplo o §1° do artigo 536 do CPC: No cumprimento de sentença 
que reconheça a exigibilidade de obrigação de fazer ou de não fazer, o juiz poderá, de ofício 
ou a requerimento, para a efetivação da tutela específica ou a obtenção de tutela pelo 
resultado prático equivalente, determinar as medidas necessárias à satisfação do exequente. 
§ 1° Para atender ao disposto no caput, o juiz poderá determinar, entre outras medidas, 
a imposição de multa, a busca e apreensão, a remoção de pessoas e coisas, o desfazimento 
de obras e o impedimento de atividade nociva, podendo, caso necessário, requisitar o auxílio 
de força policial. (permite o juiz determinar medida executiva para efetivar a sua decisão, 
escolhendo-a de acordo com o caso concreto). 
Tendo as normas constitucionais processuais como garantidoras de verdadeiros 
direitos fundamentais processuais e a dimensão objetiva, têm-se as consequências: a) O juiz 
precisa dar aos direitos fundamentais a maior eficácia; b) o juiz deverá afastar, aplicando a 
 
 Direito Processual Civil 
 Teoria e Exercícios comentados 
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proporcionalidade, qualquer obstáculo à efetiva concretização de um direito fundamental; c) o 
juiz deve ponderar na efetivação de um direito fundamental, eventuais restrições a ele 
impostas em função do respeito a outros direitos fundamentais. 
¾ Antes de começarmos o estudar o Devido Processo Legal, vamos sanar eventuais 
dúvidas em relação à aplicação da norma processual no tempo. O artigo 14 do Novo 
CPC é bem claro e completo ao tratar o tema. Vejamos: a norma processual não 
retroagirá e será aplicável imediatamente aos processos em curso, respeitados os atos 
processuais praticados e as situações jurídicas consolidadas sob a vigência da norma 
revogada. 
 
DEVIDO PROCESSO LEGAL 
Começamos este capítulo com uma feliz citação do jurista Alexandre Freitas Câmara, 
para quem o devido processo legal é (...) um processo justo, isto é, um tratamento isonômico, 
num contraditório equilibrado, em que se busque um resultado efetivo, adaptado aos 
princípios e postulados da instrumentalidade do processo. 
Nessa definição, Freitas Câmara evidencia vários elementos essenciais à consolidação 
do devido processo legal: isonomia no tratamento das partes, efetivo contraditório, atenção 
aos demais princípios informadores do processo. 
Vamos trabalhar cada um desses elementos, podem ficar tranquilos. 
O Devido Processo Legal é previsto no art. 5° da Constituição Federal de 1988: 
Art. 5°: (...) 
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal. 
0DV�� SHUFHEDP� TXH� RV� ³Princípios Constitucionais GR� 'LUHLWR� 3URFHVVXDO´� QmR� VH�
FRQIXQGHP� FRP� RV� ³Princípios Gerais GR� 'LUHLWR� 3URFHVVXDO´�� $� SULPHLUD� PRGDOLGDGH� p�
prevista na carta magna e não somente em lei. Há, desse modo, uma distinção formal, mas 
não é só isso. 
 A diferença formal tem consequências materiais. 
Os princípios gerais são observados quando não cabíveis as normas, a analogia nem 
 
 Direito Processual Civil 
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os costumes. Segue-se a ordem prevista no art. 126 do Código de Processo Civil: O juiz não 
se exime de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei. No julgamento 
da lide caber-lhe-á aplicar:1°) as normas legais; não as havendo, recorrerá; 2°) à analogia; 
3°) aos costumes e aos princípios gerais de direito. 
 Por seu turno, os princípios previstos na Constituição Federal não seguem a 
mesma regra São observados em primeiro lugar, antes das normas legais, em atenção à 
supremacia das normas constitucionais sobre as demais. 
 Se os princípios constitucionais não fossem priorizados à lei, eles teriam o mesmo 
efeito dos princípios gerais. Estaríamos diante da estranha situação em que um preceito 
constitucional só seria observado depois da norma legal e da analogia. 
 A analogia é aquele instituto do direito no qual a falta de previsão legal para um caso 
concreto é resolvida pela aplicação de normas que preveem caso semelhante. 
O processualista Alexandre Freitas câmara faz a interessante observação sobre essa 
questão: 
Ora, a se aceitar a ideia de que esses princípios gerais são os princípios 
constitucionais, ter-se-ia de admitir que os princípios constitucionais são 
aplicados em último lugar, depois da lei e das demais fontes de 
integração de suas lacunas. Isto, porém, não corresponde à verdade. Os 
princípios constitucionais devem ser aplicados em primeiro lugar (e não 
em último), o que decorre da supremacia da norma constitucional sobre 
as demais normas jurídicas. (Lições de Direito Processual Civil, vol. I. 
Câmara, Alexandre Freitas, pág. 35) 
 2� PHVPR� SURFHVVXDOLVWD�� VHJXLQGR� FRUUHQWH� GRXWULQiULD� GRPLQDQWH�� Gi� DR� ³GHYLGR�
SURFHVVR�OHJDO´�R�status de mais importante princípio constitucional. Concordamos com ele e 
vemos que, pela disposição dos tópicos no edital, os examinadores também concordam. Os 
demais princípios constitucionais podem ser extraídos do devido processo legal, são 
derivações lógicas dele, ou como chamados no programa de seu concurso: consectários 
lógicos. 
 Feita essa introdução, vamos aprofundar nosso conhecimento sobre o Devido 
Processo Legal! 
 
 Direito Processual Civil 
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 Trata-se de um princípio fundamental. Pareceu redundante, né? Mas, é isso mesmo é 
um princípio fundamental que tanto pode referir-se ao 1) direito do processo devido, quanto 2) 
a cada uma das exigências presentes no processo. É considerado um supraprincípio, já que 
serve de base, também, a outros princípios. 
 Com ele, visa-se à ideal protetividade dos direitos, promovendo-se a integração do 
sistema jurídico em oposição a eventual lacuna no desenvolvimento do processo 
O devido processo legal surgiu do Direito inglês ± ³GXH�SURFHVV�RI�ODZ´ ± como sendo 
de natureza puramente processual. Mais tarde, passou a referir-se, também, à natureza 
material do direito. A doutrina, então, começou a analisá-lo sob dois aspectos: o devido 
SURFHVVR�OHJDO�GD�JDUDQWLD��³SURFHGXUDO�GXH�SURFHVV�RI�ODZ´), ou formal, e o devido processo 
OHJDO�VXEVWDQFLDO�RX�PDWHULDO��³VXEVWDQWLYH�GXH�SURFHVV�RI�ODZ´). 
O devido processo legal formal é composto pelas garantias constitucionais: juiz 
natural, contraditório, duração razoável do processo, entre outras. É entendido como a 
garantia do pleno acesso à justiça, ou seja, um acesso à ordem jurídica justa. Ademais, ainda 
na modalidade formal, assegura-se que a relação processual seja tratada isonômica e 
equilibradamente, de modo a respeitar o contraditório, na busca de um resultado adequado ao 
processo. 
Vale destacar que o conceito de acesso à justiça aqui, extrapola a questão da 
gratuidade. Quando analisamos o devido processo legal em sua conotação formal, referimo-
nos, além do acesso gratuito à prestação jurisdicional, falamos do acesso a uma ordem 
jurídica justa (expressão do autor Kazuo Watanabe). 
Ora, não seria suficiente garantir que todos tivessem as mesmas condições de acessar 
os órgãos jurisdicionais, mediante suprimento pelo Estado da carência econômica pela 
promoção do acesso gratuito. Essa é apenas uma face do que entendemos por acesso à 
ordem jurídica justa. 
Dessa forma, galera, visa-se dar ao interessado, além da mera oportunidade de propor 
ação que leve a juízo suas pretensões, a efetiva obtenção da tutela jurídica. 
A doutrina reconhece três abordagens do acesso à justiça (ou à ordem jurídica justa, 
como preferir). São as três fases do acesso à justiça: 
1- Assistência jurídica gratuita (conforme Lei n°1.060/50 e dispositivos legais 
 
 Direito Processual Civil 
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esparsos), em que destacamos o papel da Defensoria Pública e dos núcleos de 
prática jurídica mantidos por faculdades de direito. Mas, tenham em mente que essa 
gratuidade também abrange a esfera extrajudicial ± outra não pode ser a 
interpretação da expressão: assistência jurídica integral, presente na CF/88, que 
não seja a de entender seu sentido lato - o Estado prestará assistência jurídica 
integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos (inciso LXXIV, art 
5° da CF/88); 
2- Defesa dos direitos metaindividuais. Uma vez garantida a possibilidade de 
defesa dos direitos individuais, faltava a proteção aos coletivos e difusos, que vão 
além dos direitos individuais. Para a defesa dos interesses coletivos destaca-se o 
papel do Ministério Público. Muitos são, no Brasil, os instrumentos para garantida 
segunda fase: a ação civil pública, mandado de segurança coletivo, a ação popular, 
entre muitos outros; de modo que o Brasil está na posição de vanguarda na 
garantia desses direitos (é, galera, o Brasil tem excelentes instrumentos de garantia 
dos interesses coletivos). Isso se deve à qualidade de nossos estudiosos na área. 
Não se pode questionar que nosso País tem centros evoluídos para pesquisa sobre 
proteção dos direitos supraindividuais: garantia da moralidade administrativa; 
preservação do meio ambiente e do patrimônio histórico, cultural, artístico. 
3- Nova abordagem do acesso à justiça. Na terceira fase, propõe-se ao Direito 
Processual uma mudança da ótica sobre a prestação jurisdicional, a partir do olhar 
de quem pretende ter seus direitos satisfeitos e não mais pela posição do Estado. O 
processualista, aqui, pergunta-se se o jurisdicionado foi atendido em suas 
pretensões. A reforma do judiciário, nesse ponto, é essencial, colocando-se 
inclusive a questão do controle externo da magistratura, da redução das 
formalidades processuais etc. 
Gravem as 3 fases, pessoal, são importantes, inclusive, para compreensão de nosso 
sistema jurídico! Feitas essas considerações sobre a dimensão formal, passemos ao estudo 
da material. 
Nos EUA, desenvolveu-se o sentido segundo o qual se deve alcançar as prestações 
judiciais substancialmente devidas, ou seja, entende-se que o processo visa a prestar as 
decisões jurídicas conforme o sistema vigente. Busca-se, desse modo, que uma decisão 
 
 Direito Processual CivilTeoria e Exercícios comentados 
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tenha conteúdo coerente com o ambiente jurídico no qual foi produzida. 
Essa abordagem é parte do que se entende pelo princípio do devido processo legal 
substancial. Dizemos parte, porque ele pode ter diferentes conotações. No Brasil, assimilou-
se o princípio pelo preceito da razoabilidade e da proporcionalidade das leis; de modo que a 
sociedade seja submetida unicamente a leis razoáveis, cumprindo-se uma finalidade social do 
direito Didier Jr faz a seguinte crítica 
A experiência jurídica brasileira assimilou o devido processo legal de um 
modo bem peculiar, considerando-lhe o fundamento constitucional da 
máxima proporcionalidade (postulado, princípio, ou regra da 
proporcionalidade, conforme seja o pensamento doutrinário que se 
adotar) e da razoabilidade. (Curso de Direito Processual Civil. Didier Jr., 
Fredie, pág. 45) 
 Assim, no Brasil o sentido substancial diz respeito à elaboração e interpretação das 
leis, de modo a impedir arbitrariedades do poder público. Serve, até mesmo, para limitar o 
poder de legislar da Administração Pública. 
 Pessoal, o mais importante na dimensão substancial é saber que o processo legislativo, 
bem como a interpretação das leis, deve seguir parâmetros razoáveis e proporcionais. 
Vejam bem, as dimensões formal ou material não se contrapõem. Enquanto a formal 
diz respeito à atenção aos princípios processuais, ao momento do processo jurídico; a 
substantiva refere-se ao momento de produção de leis (processo legislativo) e de 
interpretação delas, de modo que o legislador não pode abusar do seu poder de legislar nem 
as leis podem ser aplicadas de modo abusivo. 
Uma lei para integrar o ordenamento deve estar em harmonia com ele. Seu conteúdo 
deve ser coerente com os princípios contemporâneos e conquistas nas esferas individuais e 
coletivas (dimensão material). 
 
(TRE RJ) Julgue o(s) próximo(s) iten(s), a respeito dos princípios constitucionais do 
processo civil e dos atos judiciais. 
 
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Na concepção formal, o devido processo legal corresponde à exigência e garantia de 
que as normas sejam razoáveis, adequadas, proporcionais e equilibradas; sob a 
perspectiva substancial, é o direito de processar e ser processado, de acordo com as 
normas preestabelecidas. 
COMENTÁRIOS: 
Errado Vimos que é exatamente o contrário O devido processo legal formal é o 
direito de processar e ser processado, de acordo com as normas preestabelecidas; 
enquanto na concepção substancial corresponde à exigência e garantia de que as normas 
sejam razoáveis, adequadas, proporcionais e equilibradas ± relaciona-se ao processo 
legislativo. 
Parceiros, esta é a tônica de nossa aula. Trabalhamos a teoria e comentamos uma 
questão, sendo que ao final de cada aula ainda vem uma lista de questões comentadas. 
 Vamos ainda mais adiante! 
Atualmente, tem-se estendido o devido processo legal às relações jurídicas privadas, 
ainda que a autonomia da vontade deva ser considerada. Funciona como um contrapeso para 
garantir a proximidade aos direitos fundamentais. 
Tomamos emprestado o exemplo citado por Daniel Assumpção Neves (Manual de 
Direito Processual Civil): uma aluna de universidade paulista ± (não precisamos dizer quem!) 
foi expulsa da faculdade por ter ido à aula de minissaia, após sindicância interna, sem direito 
ao contraditório. A instituição em questão era privada, mas isso não afasta sua obrigação 
de respeito aos princípios processuais fundamentais. 
Outro exemplo, expresso no Código Civil, art. 57: A exclusão do associado só é 
admissível havendo justa causa, assim reconhecida em procedimento que assegure direito de 
defesa e de recurso, nos termos previstos no estatuto. Ademais, nenhum associado poderá 
ser impedido de exercer direito ou função que lhe tenha sido legitimamente conferidos, a não 
ser nos casos e pela forma previstos na lei ou no estatuto (art. 58). 
Desse modo, o devido processo legal deve ser plenamente observado, mesmo no 
âmbito das relações particulares, estabelecendo-se equilíbrio entre a autonomia das vontades 
e o respeito aos direitos fundamentais no momento de elaboração e aplicação das normas 
jurídicas particulares. Mas, isso trabalharemos de modo mais detalhado nas próximas aulas! 
 
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Para fechar nosso primeiro encontro, só mais uma consideração para reforçar o que 
estudamos: capitaneado pelo devido processo legal ganha força na sociedade brasileira o 
entendimento de que um processo justo, em todas as instâncias, deve garantir ampla 
participação das partes e proteção dos direitos fundamentais de todos os envolvidos. 
Guardem essa lição e levem, inclusive, para o dia a dia! 
 
O devido processo legal é uma garantia contra a tirania. 
Está em constante progresso, de modo que, uma conquista 
nessa seara não sofre retrocesso. Nesse sentido, nenhuma 
norma jurídica pode ser criada sem que se observe o devido 
processo legal. A produção normativa deverá seguir, 
adequadamente, seu respectivo processo criativo. 
Assim: 
 
 
 
 
 
 
 
 Direito Processual Civil 
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Quadro exemplificativo de garantias constitucionais no âmbito do devido processo 
legal. 
Contraditório e Ampla Defesa: aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos 
acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e 
recursos a ela inerentes (art. 5°, LV). 
Juiz Natural: não haverá juízo ou tribunal de exceção (art. 5°, XXXVII). 
Proibição de provas ilícitas: são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios 
ilícitos (art. 5°, LVI). 
Tratamento igualitário às partes do processo: garantia de pleno e formal conhecimento da 
atribuição de ato infracional, igualdade na relação processual e defesa técnica por 
profissional habilitado, segundo dispuser a legislação tutelar específica (art. 227, § 3°, IV). 
Publicidade do processo: a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais 
quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem (art. 5°, LX). 
Razoável duração do processo: a todos, no âmbito judicial e administrativo, sãoassegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua 
tramitação (art.5°, LXXVIII). 
Acesso à justiça: a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a 
direito (art.5°, XXXV). 
Motivação das decisões: todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão 
públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a 
presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a 
estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo 
não prejudique o interesse público à informação (art. 93, IX). 
 
 
 
 
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DO CONTRADITÓRIO 
1. CONTRADITÓRIO CONCEITO TRADICIONAL: INFORMAÇÃO E 
POSSIBILIDADE DE REAÇÃO 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade 
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos 
seguintes: 
(...) LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados 
em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e 
recursos a ela inerentes. 
O contraditório é formado por dois elementos: informação e possibilidade de 
reação. Tão relevante é esse princípio que a doutrina moderna o trata como 
elemento do próprio conceito de processo. 
Para esses doutrinadores, a relação jurídica processual representa a projeção 
e a concretização da exigência constitucional do contraditório. ³$V� IDFXOGDGHV� 
poderes, deveres, ônus e estado de sujeição das partes no processo significam que 
esses sujeitos estão envolvidos numa relação jurídica, que se desenvolverá em 
contraditório. São suas as facetas de uma mesma realidade, não havendo razão 
para descartar a relação jurídica ou o contraditório na conceituação de processo.´�
(Neves, 2011, pág. 50). 
Para efetivar esse direito, por óbvio, os sujeitos do processo devem ter 
ciência de todos os atos processuais, tendo eles o direito de reação como garantia 
de participação na defesa de seus interesses em juízo. O princípio do contraditório, 
sendo aplicável a ambas as partes, é também comumente chamado de 
³ELODWHUDOLGDGH� GD� DXGLrQFLD´, representativa de paridade de armas entres os 
sujeitos que a contrapõem em juízo. 
 
 
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(TCDF) O princípio do contraditório consiste em um verdadeiro diálogo entre 
as partes do processo, ou seja, deve se conceder a oportunidade de participar 
do procedimento a todo aquele cuja esfera jurídica possa ser atingida pelo 
resultado do processo. 
COMENTÁRIOS: 
É isso mesmo. Questão correta! 
A informação exigida pelo princípio [do contraditório] associa-se, portanto, à 
necessidade de a parte ter conhecimento do que está ocorrendo no processo para 
que se posicione de maneira positiva ou não sobre os fatos. Fere o contraditório a 
regra que exige comportamento do sujeito processual, sem que se tenha 
instrumentalizado [viabilizado] formas para que ele tenha conhecimento da 
situação. 
Há duas formas de comunicação dos atos processuais: a citação e a 
intimação e, extensivamente, a notificação. A citação tem o objetivo de informar o 
demandado [contra quem se pede] da existência de demanda judicial contra ele e o 
integrar à relação processual. A intimação, por sua vez, busca dar ciência a alguém 
dos atos e termos do processo, para que este faça ou não alguma coisa. 
Citação Intimação Notificação 
Art. 238. Citação é o ato 
pelo qual são convocados 
o réu, o executado ou o 
interessado para integrar a 
relação processual. 
Sem a citação a relação 
processual não se 
completará e a sentença 
Na definição do código: é o ato 
pelo qual se dá ciência a alguém 
dos atos e dos termos do 
processo. (art. 269). 
O juiz determinará de ofício as 
intimações em processos 
pendentes, salvo disposição em 
contrário. (art. 271). 
Objetiva prevenir 
responsabilidades e eliminar 
a possibilidade de 
alegações futuras de 
desconhecimento. É uma 
medida preventiva. 
- Art. 726. Quem tiver 
interesse em manifestar 
 
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será inútil. 
Em qualquer momento, o 
réu poderá alegar 
independentemente de 
ação rescisória, nulidade 
da decisão do juiz pela 
falta de citação. 
Art. 239. Para a validade 
do processo é 
indispensável a citação do 
réu ou do executado, 
ressalvadas as hipóteses 
de indeferimento da 
petição inicial ou de 
improcedência liminar do 
pedido. 
§1º O comparecimento 
espontâneo do réu ou do 
executado supre a falta ou 
a nulidade da citação, 
fluindo a partir desta data 
o prazo para apresentação 
de contestação ou de 
embargos à execução. 
§ 2º Rejeitada a alegação 
de nulidade, tratando-se 
de processo de: 
I - conhecimento, o réu 
será considerado revel; 
II - execução, o feito terá 
formalmente sua vontade a 
outrem sobre assunto 
juridicamente relevante 
poderá notificar pessoas 
participantes da mesma 
relação jurídica para dar-
lhes ciência de seu 
propósito. 
 
 
 
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seguimento. 
 
Mas, atenção! Não misturem as coisas... 
O princípio do contraditório oportuniza que a parte de fato exteriorize suas 
posições, que ela dialogue, mas não impõe que as partes se manifestem de maneira 
efetiva em relação aos atos do processo. 
 
(TCDF) O princípio do contraditório é uma garantia constitucional ligada ao 
processo, mas não impõe que as partes se manifestem de maneira efetiva em 
relação aos atos do processo, bastando que a elas seja concedida essa 
oportunidade. 
Gabarito: Certo 
No tocante à reação, ela depende da vontade da parte, que pode optar por 
reagir ou se omitir em relação à demanda, lembrando que a regra processual,nesse 
caso, limita-se aos direitos disponíveis, que são aqueles que a parte pode abrir mão 
de exercê-los. Portanto, nos casos de direito disponíveis, está garantido o 
contraditório, mesmo não se verificando concretamente a reação, pois basta que a 
parte tenha tido a oportunidade de reagir. 
Nas demandas em que o objeto são direitos indisponíveis, o princípio do 
contraditório exige a efetiva reação, criando-se mecanismos processuais, para que 
mesmo diante da inércia da parte, crie-se uma ficção jurídica de que houve reação. 
Dessa forma, os fatos apresentados pelo demandante perante a revelia (ausência) 
do demandado, quando a demanda versar sobre direitos indisponíveis, não se 
presumem verdadeiros. 
Art. 345. A revelia não produz o efeito mencionado no art. 344 se: 
I - havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a ação; 
II - o litígio versar sobre direitos indisponíveis; 
 
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III - a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei 
considere indispensável à prova do ato; 
IV - as alegações de fato formuladas pelo autor forem inverossímeis ou 
estiverem em contradição com prova constante dos autos. 
 
Então, temos que nos casos de direitos disponíveis a reação só ocorre 
quando faticamente a parte reagir; sendo que nos direitos indisponíveis a reação é 
jurídica, de maneira que mesmo a parte não reagindo faticamente, há normas que 
preveem os efeitos jurídicos da reação. 
Vamos repetir para deixar mais claro: O contraditório terá efeitos distintos 
quando o litígio versar sobre direitos disponíveis ou indisponíveis. Ora, isso é de fácil 
presunção, porque se há a figura dos direitos indisponíveis no Direito brasileiro, é 
presumível que não se permitirá que a parte deixe de ter a titularidade desses 
direitos porque não compareceu em juízo. 
Dúvida: Mas professor, por que há esta extrema proteção aos direitos 
indisponíveis ao ponto de impedir-se os efeitos da revelia? 
Ótima pergunta. Importante dizer, em primeiro lugar que, em linhas gerais, a 
revelia ocorre quando a parte não contesta em juízo as alegações que foram 
realizadas contra si. Os direitos indisponíveis formam um grupo de relevância tão 
grande para a pessoa que dele ela não pode abrir mão. São os direitos relativos à 
vida, a liberdade, a saúde, a dignidade. Um exemplo: uma pessoa não pode vender 
um órgão do seu corpo, ainda que, obviamente, lhe seja seu. 
Os direitos disponíveis que, em regra, são os demais, podem ser dispostos 
pela parte, ou seja, a parte pode deles abrir mão. 
A figura dos direitos indisponíveis é tão forte que o Direito brasileiro impediu 
que o contraditório fosse formado pela simples e efetiva possibilidade de que seu 
titular se defendesse em juízo. Quando se tratar desses direitos, o juiz deverá 
estender as regras de participação da parte, de maneira que haja uma reação 
jurídica, conforme previsão legal para cada caso. 
 
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De todo o exposto até agora, podemos extrair um ensinamento para o 
contraditório em sua acepção formal: 
A plena realização do princípio do contraditório requer uma igualdade entre as partes 
processuais para que as reações possam igualar suas situações no processo. 
Todas as decisões somente serão proferidas depois de ouvidos os sujeitos 
envolvidos, em contraditório que lhe seja franqueado. O NCPC assim dispõe 
expressamente: 
Art. 9º Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja 
previamente ouvida. 
Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica: 
I - à tutela provisória de urgência; 
II - às hipóteses de tutela da evidência previstas no art. 311, incisos II e III; 
III - à decisão prevista no art. 701. 
Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em 
fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se 
manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício. 
 
2. PODER DE INFLUÊNCIA DAS PARTES NA FORMAÇÃO DO 
CONVENCIMENTO DO JUIZ 
Observem que o conceito de contraditório, fundado no binômio informação e 
possibilidade de reação, garante tão somente o aspecto formal desse princípio. 
Para garantia do aspecto substancial, não é suficiente informar e permitir a reação, 
é necessário que a reação no caso concreto haja real poder de influenciar o 
magistrado na construção do seu convencimento. 
A reação deve efetivamente conseguir influenciar o magistrado na formação 
da decisão, caso contrário, o princípio do contraditório não teria grande significação 
prática. Dessa forma, o poder de influência se junta aos elementos informação e 
 
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reação, tornando-se o terceiro elemento do contraditório. Essa nova visão passa a 
reconhecer a participação dos sujeitos na formação do convencimento do juiz. 
Desse modo, contraditório = (informação + reação) + poder de influência. 
 
 Acepção Formal Material (Substancial) 
Para que o contraditório alcance seu aspecto material, há a necessidade de a 
reação ter efetividade na formação do convencimento do juiz. A participação das partes 
no convencimento do juiz é uma nova acepção do contraditório. 
 
3. CONTRADITÓRIO: FORMA DE EVITAR SURPRESA ÀS PARTES 
Durante o desenrolar procedimental todos os atos processuais serão 
informados aos sujeitos do processo, dando a eles o direito de defesa. A conclusão 
lógica é a de que a observância do contraditório seja capaz de evitar a prolação da 
decisão que possa surpreender as partes. 
A dificuldade em aplicar essa regra ocorre, por exemplo, quando se trata de 
matéria de ordem pública, ao admitir fundamentação jurídica ± estranha ao processo 
± até o momento da prolação da decisão, e situações em que são levados fatos 
secundários ao processo pelo próprio juiz ± matérias e temas que o juiz pode 
conhecer de ofício. Ainda assim, essas situações serão consideradas ofensivas ao 
princípio do contraditório toda vez que o tratamento de tais matérias surpreender as 
partes do processo. 
Pelo princípio do contraditório, o juiz não pode basear-se em fundamentos não 
debatidos nem que não tenham sido previamente conhecidos das partes. É providência 
possível ao magistrado, de ofício, levar matéria ao processo, devendo em casos em que 
julgar ser possível surpreender as partes, ouvi-las antes de sentenciar. Condutaessa 
consagrada, por exemplo, na legislação francesa e portuguesa. 
 
 
 
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4. CONTRADITÓRIO INÚTIL 
O princípio do contraditório é considerado absoluto, sendo proibido seu 
afastamento no caso concreto tanto pelo legislador como pelo operador de direito. 
De fato, não se pode olvidar que o contraditório foi formatado para a proteção das 
partes no desenrolar do processo, mas não causa nulidade dos atos e do processo, 
se o seu desrespeito não gerar prejuízo à parte em relação ao direito que seria 
protegido pela sua observação. 
Exemplo: O autor não foi intimado da juntada pelo réu de um documento e a 
seu respeito não se manifestou. Nesse caso houve violação ao princípio do 
contraditório, mas seria relevável se o autor saísse vitorioso da demanda. 
Percebam que, no caso concreto, a virtual ofensa ao contraditório não gera 
nulidade em todas as situações. Em alguns casos pontuais, o afastamento do 
contraditório não é só admitido, como também recomendável. 
Permite-se, em determinados casos, que o contraditório seja afastado pelo 
SUySULR� SURFHGLPHQWR�� HYLWDQGR� R� FKDPDGR� ³FRQWUDGLWyULR� LQ~WLO´�� ([HPSOR�� 8PD�
sentença proferida inaudita altera parte ± isto é, a sentença proferida sem a 
participação da outra parte ± julga o mérito em favor do réu que não foi citado. 
Nesse caso, é evidente o desrespeito ao contraditório formal, já que o réu não é 
informado da existência da demanda; contudo, percebam que materialmente o 
contraditório esteve presente, pois o juiz decidiu a favor do réu ± sinal de que havia 
elementos que contribuíram para o convencimento a favor do réu. 
Vejam a previsão do CPC/2015 para situações do gênero: 
Art. 332. Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, independentemente 
da citação do réu, julgará liminarmente improcedente o pedido que contrariar: 
I - enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de 
Justiça; 
II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de 
Justiça em julgamento de recursos repetitivos; 
III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou 
de assunção de competência; 
 
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IV - enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local. 
§ 1o O juiz também poderá julgar liminarmente improcedente o pedido se verificar, 
desde logo, a ocorrência de decadência ou de prescrição. 
§ 2o Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito em julgado da 
sentença, nos termos do art 241 
§ 3o Interposta a apelação, o juiz poderá retratar-se em 5 (cinco) dias. 
§ 4o Se houver retratação, o juiz determinará o prosseguimento do processo, com 
a citação do réu, e, se não houver retratação, determinará a citação do réu para 
apresentar contrarrazões, no prazo de 15 (quinze) dias. 
 Em lugar da classificação doutrinária: contraditório inútil, entendemos que 
melhor seria nomear contraditório exclusivamente material. 
 
5. CONTRADITÓRIO ANTECIPADO 
O contraditório antecipado é a regra no Processo Civil. Os sujeitos participam 
de todo o desenrolar do processo. O juiz não decide a causa sem antes ocorrer 
ampla participação dos sujeitos processuais. O convencimento do juiz surge depois 
da oitiva das partes, ou seja, todas as decisões são tomadas depois da efetiva 
manifestação das partes. Exemplo é o do desenrolar do processo de conhecimento. 
 
6. CONTRADITÓRIO DIFERIDO OU POSTECIPADO (OU POSTERGADO) 
A estrutura básica do princípio do contraditório: 
 
Esses elementos podem ser percebidos na estrutura do processo de 
conhecimento: 
 
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Essa estrutura do contraditório parece ser a mais adequada ao 
desenvolvimento do processo, uma vez que a decisão ocorre somente após a 
oportunidade de as partes se manifestarem a respeito da matéria. Apesar de 
preferível, essa ordem pode ser afastada pelo legislador em casos excepcionais. 
Exemplo é o que ocorre na concessão de tutela de urgência inaudita altera partes 
(sem oportunidade da parte manifestar-se), situação na qual a decisão do juiz deve 
anteceder a informação e a reação, portanto, só poderá ocorrer após a prolação da 
decisão. 
1HVVH� FDVR�� RFRUUH� R� ³FRQWUDGLWyULR� GLIHULGR´�� $SHVDU� GH� RV� HVVHQFLDLV�
elementos do princípio continuarem a existir, há antecipação da decisão para o 
momento imediatamente posterior ao pedido da parte. 
A finalidade da antecipação da decisão e da postergação da defesa se deve 
ao risco de ineficácia a que algumas decisões podem estar subordinadas. Ex: 
Imaginem que uma construção venha a prejudicar o escoamento de água da chuva 
numa região. Suponham que contra essa construção insurjam os moradores 
vizinhos a ela, que solicitam imediata manifestação do juiz, já que o período de 
chuvas está próximo. O juiz pode, verificando a plausibilidade do pedido e a 
necessidade de interrupção imediata da obra, conceder a tutela pleiteada sem ouvir 
o réu, sob o risco de que a demora em proferir uma decisão possa causar prejuízos 
± o alagamento das casas vizinhas à obra ± de difícil reparação. 
Vejamos como é a estrutura do contraditório diferido: 
 
 
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Percebam que a decisão no contraditório diferido pode ser alterada depois de 
ouvida a outra parte, de maneira que ela tem em seu primeiro momento um caráter 
precário. 
Ordinariamente associado às tutelas de urgência inaudita altera partes, o 
contraditório diferido não se esgota nessas situações. Exemplo disso é o 
procedimento monitório (vide quadro abaixo), pelo qual o magistrado, perante as 
alegações na petição inicial e convencido, por meio de cognição sumária, da 
existência do direito alegado pelo demandante, expede o mandado monitório (vide 
quadro abaixo), determinando, que no prazo de 15 dias, o demandado entregue o 
bem ou realize o pagamento. Já citado, o demandado poderá ingressar comembargos, no prazo de 15 dias. No mandado monitório antes de citar o réu, já há 
uma decismR�SURIHULGD��HP�FODUD�DSOLFDomR�GR�³FRQWUDGLWyULR�GLIHULGR´� 
Conceito: ação monitória é um procedimento de cognição sumária de rito 
especial tendo como objetivo central o alcance do título executivo, de maneira 
antecipada e sem as delongas naturais do processo de conhecimento. 
³e�XPD�HVSpFLH�GH�WXWHOD�GLIHUHQFLDGD��TXH�SRU�PHLR�GD�DGRomR�GH�WpFQLFD�
de cognição sumária (para a concessão do mandado monitório) e do contraditório 
diferido (permitindo a prolação de decisão antes da oitiva do réu), busca facilitar 
em termos procedimentais a obtenção de um título executivo quando o credor 
tiver prova suficiente para convencer o juiz, em cognição não exauriente, da 
SURYiYHO�H[LVWrQFLD�GH�XP�GLUHLWR�´ (Montenegro Filho, Misael) 
 
Também é cabível na tutela de evidência D�WpFQLFD�GR�³FRQWUDGLWyULR�GLIHULGR´��
sendo ou não tutela de urgência. Mas o que vem a ser tutela de evidência? Tutela 
de evidência é aquela baseada na probabilidade (verossimilhança) de a parte ter o 
direito que alega. Não seria plausível, de acordo com o princípio do acesso à ordem 
jurídica justa, a parte ter que esperar findar o processo para ter a tutela concedida. O 
que ocorre nesses casos é a concessão da tutela primeiramente para então informar 
o réu, tendo este a possibilidade de reagir. 
 
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O contraditório diferido é excepcional, pois a prolação da decisão sem a oitiva 
do réu seria uma violência. No entanto, seja por causa do perigo de ineficácia da 
decisão tardia ou pela probabilidade de haver o direito, o contraditório diferido 
atende sim o art. 5º, LV, CF. 
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em 
geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela 
inerentes. 
 
Vamos entender mais sobre o princípio do contraditório... 
A doutrina moderna afirma que sem o princípio do contraditório não é possível 
a existência do processo, pois não haveria um julgamento justo. Derivado do devido 
processo legal, o contraditório é aplicável tanto no âmbito jurisdicional como nos 
âmbitos administrativo e negocial (contratual). 
Este princípio está consagrado no art. 5°, LV, da CF, caracteriza-se por 
possuir um aspecto jurídico e outro político. 
Pelo aspecto jurídico, ele permite que as partes do processo tenham, ao 
longo do seu curso, conhecimento de todos os fatos e atos que venham a ocorrer, 
para que possam se manifestar sobre os acontecimentos, em obediência ao devido 
processo legal. 
O aspecto político consiste na participação de todos os interessados no 
processo, surge da possibilidade de que todos os sujeitos do processo possam 
manifestar-se na medida de seu interesse jurídico. A garantia política conferida às 
partes legitima o poder jurisdicional exercido pelo Estado. 
O contraditório é reflexo do princípio democrático na estruturação processual, 
uma vez que a democracia significa participação, e a participação no processo 
ocorre pela efetivação do princípio da garantia do contraditório. 
Assim, como se divide em aspecto jurídico e político, o contraditório pode ser 
analisado sob a ótica de duas garantias: participação e possibilidade de influenciar 
na decisão. Aquela [garantia de participação] caracteriza a dimensão formal do 
 
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princípio, já analisamos, e conceitua-VH� FRPR� D� JDUDQWLD� GH� ³VHU� RXYLGR´�� GH� VHU�
comunicado e de participar do processo. Seguindo-se essa linha, o órgão 
jurisdicional garante a aplicação do princípio do contraditório ao ouvir a parte. Já 
pela dimensão substancial, sobre a qual também falamos em linhas anteriores, 
deve-VH� GDU� DR� FRQWUDGLWyULR� R� ³SRGHU� GH� LQIOXHQFLDU´�� RX� VHMD�� D� Sarte deve ser 
ouvida em condições de ter a possibilidade de influenciar no conteúdo decisório. 
Exemplificando: 
Como poderia o Estado-juiz impor multa a alguém sem que este sujeito tenha 
tido a chance de manifestar-se acerca dos fundamentos da imposição? A ele tem que 
ser dado o direito de comprovar que os fatos em que o juiz se funda não permitem a 
aplicação de multa. 
Se isso não ocorresse, teríamos restrição de direito sem o contraditório. Em 
regra, qualquer restrição de direito sem que o demandado e o demandante manifestem-
se, previamente, com a possibilidade de influenciar o resultado do processo é ilícita. 
Outro exemplo de aplicação do princípio está no inciso II do art. 772, CPC: o 
juiz pode, em qualquer momento do processo: 
(...) II - advertir o executado de que seu procedimento constitui ato atentatório 
à dignidade da justiça; 
Podemos observar que antes de punir a parte, o magistrado a adverte sobre o 
comportamento temerário para que esta possa se explicar. 
No mesmo sentido o art. 77 do NCPC: 
Art. 77. Além de outros previstos neste Código, são deveres das partes, de 
seus procuradores e de todos aqueles que de qualquer forma participem do 
processo: 
I - expor os fatos em juízo conforme a verdade; 
II - não formular pretensão ou de apresentar defesa quando cientes de que 
são destituídas de fundamento; 
III - não produzir provas e não praticar atos inúteis ou desnecessários à 
declaração ou à defesa do direito; 
 
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IV - cumprir com exatidão as decisões jurisdicionais, de natureza provisória ou 
final, e não criar embaraços à sua efetivação; 
V - declinar, no primeiro momento que lhes couber falar nos autos, o 
endereço residencial ou profissional onde receberão intimações, atualizando essa 
informação sempre que ocorrer qualquer modificação temporária ou definitiva; 
VI - não praticar inovação ilegal no estado de fato de bem ou direito litigioso. 
§ 1° Nas hipóteses dos incisos IV e VI, o juiz advertirá qualquer das pessoas 
mencionadas no caput de que sua conduta poderá ser punida como ato atentatório à 
dignidade da justiça. 
§ 2° A violação ao disposto nos incisos IV e VI constitui ato atentatório à 
dignidade da justiça, devendo o juiz, sem prejuízo das sanções criminais, civis e 
processuais cabíveis, aplicar ao responsável multa de até vinte por cento do valor da 
causa, de acordo com a gravidade da conduta. 
§ 3° Não sendo paga no prazo a ser fixado pelo juiz, a multa prevista no § 
2° será inscrita como dívida ativa da União ou do Estado apóso trânsito em julgado 
da decisão que a fixou, e sua execução observará o procedimento da execução 
fiscal, revertendo-se aos fundos previstos no art. 97. 
§ 4° A multa estabelecida no § 2° poderá ser fixada independentemente da 
incidência das previstas nos arts. 523, § 1°, e 536, § 1°. 
§ 5° Quando o valor da causa for irrisório ou inestimável, a multa prevista no § 
2° poderá ser fixada em até 10 (dez) vezes o valor do salário-mínimo. 
§ 6° Aos advogados públicos ou privados e aos membros da Defensoria 
Pública e do Ministério Público não se aplica o disposto nos §§ 2o a 5o, devendo 
eventual responsabilidade disciplinar ser apurada pelo respectivo órgão de classe ou 
corregedoria, ao qual o juiz oficiará. 
§ 7° Reconhecida violação ao disposto no inciso VI, o juiz determinará o 
restabelecimento do estado anterior, podendo, ainda, proibir a parte de falar nos 
autos até a purgação do atentado, sem prejuízo da aplicação do § 2o. 
§ 8° O representante judicial da parte não pode ser compelido a cumprir 
decisão em seu lugar. 
 
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Esse artigo demonstra que o juiz deverá, ao expedir a ordem para o 
cumprimento da diligência, avisar ao responsável (partes, terceiros) que a violação a 
determinada norma gerará multa. Caso não ocorra essa advertência prévia do 
magistrado, a multa, se aplicada, será considerada inválida, por desrespeito ao 
princípio do contraditório. Ou seja, é necessário avisar ao responsável sobre as 
possíveis consequências de sua conduta, para que possa manifestar-se sobre a 
razão de não ter cumprido a ordem. 
³2�FRQWUDGLWyULR�VH�SHUID]�FRP�D� LQIRUPDomR�H�R�RIHUHFLPHQWR�
de oportunidade para influenciar no conteúdo da decisão; 
participação e poder de influência são as palavras-chave para 
D� FRPSUHHQVmR� GHVVH� SULQFtSLR� FRQVWLWXFLRQDO�´� (Didier Jr., 
2011, pág. 52) 
 
 
Vejamos um julgado do STJ que faz um paralelo dos pronunciamentos 
judiciais e o princípio do contraditório: 
³(PHQWD�� 352&(668$/� &,9,/�� /,7,*Æ1&,$� '(� 0È-FÉ. REQUISITOS 
PARA SUA CONFIGURAÇÃO: 1. Para a condenação em litigância de má-fé, faz-se 
necessário o preenchimento de três requisitos, quais sejam: que a conduta da parte 
se subsuma a uma das hipóteses taxativamente elencadas no art. 17 do CPC; que à 
parte tenha sido oferecida oportunidade de defesa (CF, art. 5º, LV); e que da sua 
FRQGXWD�UHVXOWH�SUHMXt]R�SURFHVVXDO�j�SDUWH�DGYHUVD�´ (STJ - RECURSO ESPECIAL 
REsp 250781 SP). 
Sabemos que as questões de fato e de direito pautam os pronunciamentos 
judiciais ± o magistrado, para formar sua decisão, examina, em primeiro lugar, as 
questões de fato e em seguida as questões de direito. 
Há questões fáticas que o magistrado poderá, ex officio, apreciar. O juiz 
poderá apontar, trazer ou conhecer fatos que não tenham sido alegados no 
processo, mas não poderá decidir sobre um fato trazido ao processo de ofício, sem 
que as partes manifestem-se acerca dele. 
 
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Exemplificando: 
No litígio o juiz decide, após ouvir A e B, basear-se em um fato não alegado 
nem discutido pelos sujeitos do processo, mas que veio aos autos. Esse fato, trazido 
pelo juiz, auxilia na fundamentação da decisão com base no art. 171 c/c com o art. 
493 do NCPC. 
Art. 171. No caso de impossibilidade temporária do exercício da função, o 
conciliador ou mediador informará o fato ao centro, preferencialmente por meio 
eletrônico, para que, durante o período em que perdurar a impossibilidade, não haja 
novas distribuições. 
Art. 493. Se, depois da propositura da ação, algum fato constitutivo, 
modificativo ou extintivo do direito influir no julgamento do mérito, caberá ao juiz 
tomá-lo em consideração, de ofício ou a requerimento da parte, no momento de 
proferir a decisão. 
Parágrafo único. Se constatar de ofício o fato novo, o juiz ouvirá as partes 
sobre ele antes de decidir. 
Ora, se a decisão do magistrado é tomada com base em fato desconhecido 
das partes, fere-se o princípio do contraditório ± o fato não foi submetido ao prévio 
GHEDWH� HQWUH� RV� VXMHLWRV�� 1HVVH� FDVR�� DV� SDUWHV� QmR� H[HUFHUDP� R� ³SRGHU� GH�
LQIOXrQFLD´�� Há, em regra, a necessidade de ouvir quem será prejudicado pelos 
novos fatos trazidos ao processo, se deles não tinha conhecimento. 
Vimos análise sobre a questão de fato, partimos agora para a questão de 
direto. Sabemos que o órgão jurisdicional não pode tomar uma decisão tendo como 
base um argumento não exposto pelos sujeitos do processo. 
Exemplificando: 
O órgão jurisdicional toma conhecimento de que a lei em que o autor baseou 
a demanda é inconstitucional. O réu, no entanto, alega que esta norma não se aplica 
ao caso concreto e não que a lei seja inconstitucional. O juiz decide com base na 
inconstitucionalidade da norma ± diz que o fundamento do pedido do autor é 
inconstitucional e julga improcedente a demanda. O órgão jurisdicional pode fazer 
 
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isso, mas deve, antes, submeter essa abordagem às partes, ou seja, intimá-las para 
manifestar-se a respeito, evitando a prolação de uma decisão-surpresa. 
Outro exemplo, mais grave, seria um Tribunal de Justiça sentenciar com base 
em fato não apresentado pelas partes e sem prévia manifestação delas, restando, 
nesse caso, somente os recursos extraordinários. Esse exemplo é frequente nos 
7ULEXQDLV�GHYLGR�j�³HQWUHJD�GH�PHPRULDLV´��0XLWDV�YH]HV�RV�DGYRJDGRV�GDV�SDUWHV�
acrescentam um argumento novo no processo que não constará nos autos, uma vez 
que os memoriais são entregues nos gabinetes dos juízes. 
³(VVD� QRYD� GLPHQVmR� GR� SULQFtSLR� GR� FRQWUDGLWyULR� UHGHILQH� R� PRGHOR� GR�
SURFHVVR�FLYLO�EUDVLOHLUR��2�SURFHVVR�Ki�GH�VHU�FRRSHUDWLYR�´ (Didier Jr., 2011, pág. 
55) É o exercício democrático e cooperativo do poder jurisdicional. 
Nesse momento, paramos para realizar uma observação importante acerca 
do princípio da cooperação. Estudamos o devido processo legal e vimos que ele é a 
base para os diversos modelos de direito processual. A maioria da doutrina aponta 
dois modelos de processo na civilização ocidental influenciados pelo iluminismo: o 
inquisitivo e o dispositivo. Há, contudo, parte da doutrina que identifica um terceiro 
modelo, o cooperativo, que, de maneira breve, iremos comentá-lo. 
O princípio do cooperativo baseia-se nos princípios do devido processo legal, da 
boa-fé processuale do contraditório. Com a função de definir o modo como o processo 
civil estrutura-se no direito brasileiro, o princípio da cooperação caracteriza-se pelo 
redimensionamento do princípio do contraditório ± inclui o Estado-juiz como sujeito do 
dialogo processual e não como um espectador do duelo entre as partes. 
Dessa forma, o princípio do contraditório volta a ter sua valoração como meio 
indispensável ao aprimoramento da decisão judicial, e não apenas como um 
normativo de observação obrigatória para a validade da decisão processual. 
Observem que a condução do processo passa a ser cooperativa, já que não é 
determinada somente pelas partes nem pela formação assimétrica da relação entre 
o órgão jurisdicional e as partes. Não ocorre destaque de nenhuma das partes no 
processo. O que ocorre é o surgimento de deveres de conduta tanto das partes 
como do órgão jurisdicional, que passa a exercer uma dupla posição: torna-se 
 
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paritário no diálogo processual e assimétrico na decisão processual. O Estado-juiz 
conduz o processo levando em consideração as partes, por meio de uma visão 
partidária, com diálogo e equilíbrio. 
Vejam que essa paridade não ocorre no momento do resultado ± os sujeitos 
não têm a prerrogativa de decidir juntamente com o magistrado, isso é função 
exclusiva dele. A decisão judicial é fruto da atividade cooperativa exercida durante 
todo o arco procedimental; a decisão é a manifestação do poder do órgão 
jurisdicional ± a sentença é um ato, essencialmente, de poder do judiciário. 
Lembrem-se: assimetria não quer dizer que o órgão jurisdicional encontra-se 
em uma posição fundada somente em poderes processuais. O princípio do devido 
processo legal determina ao magistrado uma série de deveres-poderes que o torna 
sujeito do contraditório. 
O exercício jurisdicional deve obedecer ao devido processo legal, significando 
a assimetria, nesse caso, que este possui uma função originária e que é conteúdo 
de um poder que lhe é exclusivo. 
A eficácia normativa do princípio da cooperação independe de normas 
expressas, por exemplo, se há ausência de normas que determinam a coerência do 
órgão jurisdicional no processo, garantindo às partes segurança processual, o 
princípio da cooperação imputará ao magistrado essa prerrogativa. Assim, o 
princípio da cooperação torna devidos os comportamentos destinados à ocorrência 
de um processo que seja leal e cooperativo. 
Há vários deveres processuais que decorrem desse princípio, entre eles estão 
os deveres de esclarecimento, lealdade e proteção. Vejamos duas manifestações 
desses deveres em relação às partes. 
a) Dever de esclarecimento das partes: 
Parágrafo único, art. 330 §1º, CPC/2015: Considera-se inepta a petição inicial 
quando: 
I - lhe faltar pedido ou causa de pedir; 
II - o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em que se 
permite o pedido genérico; 
III - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão; 
 
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IV - contiver pedidos incompatíveis entre si. 
- os sujeitos devem redigir a PI de modo coerente e com clareza, sob pena 
de inépcia. 
b) Dever de lealdade das partes: 
Art. 80. Considera-se litigante de má-fé aquele que: 
I - deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato incontroverso; 
II - alterar a verdade dos fatos; 
III - usar do processo para conseguir objetivo ilegal; 
IV - opuser resistência injustificada ao andamento do processo; 
V - proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do processo; 
VI - provocar incidente manifestamente infundado; 
VII - interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório. 
 Os sujeitos do processo não podem litigar de má-fé; mediante observância 
dos deveres processuais, que engloba o princípio da boa-fé. 
Além desse, fala-se no dever de consulta e no dever de prevenção, uma 
variante do dever de proteção. O dever de consulta seria o dever de o juiz 
consultar as partes sobre determinada questão não debatida no processo antes de 
tomar uma decisão. Já o dever de prevenção consiste na obrigação de o 
magistrado avisar sobre as deficiências das postulações das partes, para que essas 
possam ser supridas. 
O dever de prevenção tem um escopo bem amplo e vale para situações em 
que o êxito da demanda possa ser frustrado pelo inadequado uso do processo. 
Existem quatro áreas de aplicação desse dever: 1) explicação de pedidos pouco 
claros, 2) o caráter lacunar da exposição dos fatos relevantes, 3) a necessidade de 
adequar o pedido formulado à situação concreta e 4) a sugestão de uma 
determinada atuação pela parte. 
Pois bem, acabamos de entender a relação entre o princípio do contraditório e 
o da cooperação. Vamos agora, comentar a integração entre o contraditório e outro 
princípio muito próximo a ele: o da ampla defesa. Os dois princípios estão dispostos 
em um único dispositivo da Constituição Federal de 1988 ± art. 5°, LV. 
 Entre as diversas características do princípio do contraditório, encontramos a 
de indicar uma garantia fundamental da justiça, inseparável a uma justiça 
 
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organizada, o princípio da audiência bilateral, que encontra expressão no brocardo 
romano audiatur et altera pars. Este está tão ligado ao exercício do poder, que a 
doutrina moderna o considera inerente até mesmo à própria noção de processo. 
³$�ELODWHUDOLGDGH�GD�DomR�JHUD�D�ELODWHUDOLGDGH�GR�SURFHVVR��(P�
todo processo contencioso há pelo menos duas partes: autor e 
réu. O autor (demandante) instaura a relação processual, 
invocando a tutela jurisdicional, mas a relação processual só se 
completa e põe-se em condições de preparar o provimento 
judicial com o chamaPHQWR�GR�UpX�D�MXt]R�´ (Cintra, 2011, pág. 
61) 
O magistrado, como vimos, coloca-se entre as partes invocando o seu dever 
de imparcialidade ± ouvindo uma, não pode deixar de ouvir a outra, de maneira a 
permitir a ambas a oportunidade de expor suas razões e apresentar suas provas 
para influir na decisão do juiz. É por meio da parcialidade das partes (uma 
representando a tese e a outra a antítese) que o juiz poderá chegar à síntese de um 
processo dialético. 
Dessa forma, as partes não têm papel antagônico em relação ao magistrado, 
PDV�VLP�GH�³FRODERUDGRUHV�QHFHVViULRV´�± cada sujeito do processo age em função 
do seu próprio interesse,

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