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PETIÇÃO CONST 2

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 
CÂMARA CIVEL DO TIBUNAL DE JUSTIÇA DO CEARÁ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
IMPETRANTE: Magnólia 
IMPETRADO: Secretário de Saúde do Estado 
 
MAGNÓLIA, brasileira, estada civil (...), trabalhadora rural, CPF nº (...), RG n º (...) 
residente e domiciliada na Rua (...), nº (...), bairro (...), Caicó/CE, E-mail (...), por conduto do 
Defensor Público abaixo firmado, vem respeitosamente, à presença de Vossa Excelência 
propor a impetração de: 
 
MANDADO DE SEGURANÇA INDIVIDUAL REPRESSIVO C/C PEDIDO LIMINAR 
 
Em face do Secretário de Saúde do Estado, vinculado à Secretaria de Saúde do 
Estado do Ceará. 
 
I - TEMPESTIVIDADE 
É notório, excelência, a tempestividade da impetração, haja vista que no momento do 
protocolo desta, não havia transcorrido o prazo legal ilustrado no Art. 23, da Lei nº 12.016, de 
7 de agosto de 2009, principalmente com a ciência do fato tendo sido dada em 10/10/2017. 
 
II - DOS FATOS 
 Após descobrir, em 10/10/2017, por via de Habeas Data anterior a este mandado, 
sobre sua doença, Lúpus. A IMPETRANTE juntamente com o defensor público responsável 
pelo caso, verificaram que lhe foi receitado o uso contínuo de um medicamento específico 
para o seu tratamento. Remédio este que dada a pouca frequência de diagnósticos semelhantes 
e a custosa confecção da droga a impediu de comprar pelos seus próprios meios. 
Ocorre que, como já dito, a IMPETRANTE, uma jovem humilde e de escassos 
recursos financeiros, não tendo como arcar com o pagamento dos medicamentos, os quais 
custam um valor elevado para a realidade financeira da sua família, diante de tal situação, 
novamente necessita da assistência jurídica para solucionar o seu problema. 
Ficou-se constatado que o medicamento receitado para o tratamento da jovem moça 
compõe a lista de remédios a serem gratuitamente fornecidos pelo Sistema Único de Saúde 
(SUS), também constando na relação de medicamentos excepcionais elaborada pelo próprio 
Estado do Ceará. 
A IMPETRANTE, em 11/10/2017, protocolou o requerimento junto à Secretaria de 
Saúde do Estado, porém no dia 15/10/2017 obteve a resposta formal da Secretaria, 
informando que a compra de todos os medicamentos estava suspensa por tempo 
indeterminado e, portanto, busca amparo nos seios da justiça para que lhe garanta o direito ao 
qual faz jus. 
 
III - DO DIREITO 
Estamos diante de uma transgressão direta a Constituição pátria por parte do 
IMPETRADO. Nossa Carta Magna é clara quanto ao Direito imediato a Saúde por políticas 
afirmativas. Em seu Art. 6º quanto ao Direito Social à Saúde, e a partir do Art. 196 quando se 
é mais especifica no assunto. 
É dever do Estado, com fulcro no Art. 23, II da mesma Carta Política, a promoção da 
Saúde, seja de forma preventiva ou corretiva, cabendo entre os seus entes a responsabilidade 
solidária, e neste sentido segue o julgado abaixo: 
RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. 
DIREITO À SAÚDE. TRATAMENTO MÉDICO. RESPONSABILIDADE 
SOLIDÁRIA DOS ENTES FEDERADOS. REPERCUSSÃO GERAL 
RECONHECIDA. REAFIRMAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. O tratamento 
médico adequado aos necessitados se insere no rol dos deveres do Estado, porquanto 
responsabilidade solidária dos entes federados. O polo passivo pode ser composto 
por qualquer um deles, isoladamente ou conjuntamente 
(RE 855178 RG/SE – Sergipe. Relator: Min. Luiz Fux. Julgamento: 05/03/2015. 
DJe – 050 Divulg 13-03-2015 Public 16-03-2015).5 
 
Para tanto, a previsão legal, obedecendo ao princípio da legalidade, presente na 
administração pública, prevê também a adoção das políticas necessárias ao cumprimento do 
dever legal consolidado pela Lei-Maior, em seus Art. 196 e 200, os quais passo a transcrever: 
Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao Poder 
Público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, 
devendo sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por 
pessoa física ou jurídica de direito privado. 
Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e 
hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as 
seguintes diretrizes: 
I - Descentralização, com direção única em cada esfera de governo; 
II - Atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem 
prejuízo dos serviços assistenciais; 
III - Participação da comunidade. 
Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos termos 
da lei: 
I - Controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e 8 NPJ Direito Constitucional - 
Sua Petição - Seção 2 substâncias de interesse para a saúde e participar da produção 
de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros 
insumos; 
II - Executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de 
saúde do trabalhador; 
III - ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde; 
IV - Participar da formulação da política e da execução das ações de saneamento 
básico; 
V - Incrementar, em sua área de atuação, o desenvolvimento científico e tecnológico 
e a inovação; 
VI - Fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu teor 
nutricional, bem como bebidas e águas para consumo humano; 
VII - Participar do controle e fiscalização da produção, transporte, guarda e 
utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos; 
VIII - Colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho. 
(BRASIL, 1988, [s. p.]) 
 
Fato é que existe previsão legal, inclusive especifica para a prestação aqui pleiteada, 
que é o caso da Lei 8080/90 que trata justamente do fornecimento de medicamentos, 
conforme segue: 
Art. 5º São objetivos do Sistema Único de Saúde (SUS): III - a assistência às 
pessoas por intermédio de ações de promoção, proteção e recuperação da saúde, com 
a realização integrada das ações assistenciais e das atividades preventivas. Art. 6º 
Estão incluídas ainda no campo de atuação do Sistema Único de Saúde (SUS): 
[...] 
d) de assistência terapêutica integral, inclusive farmacêutica; [...] 
VI - A formulação da política de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos e 
outros insumos de interesse para a saúde e a participação na sua produção; 
Art. 7º As ações e serviços públicos de saúde e os serviços privados contratados ou 
conveniados que integram o Sistema Único de Saúde (SUS) são desenvolvidos de 
acordo com as diretrizes previstas no art. 198 da Constituição Federal, obedecendo 
ainda aos seguintes princípios: 
I - Universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de assistência; 
II - Integralidade de assistência, entendida como conjunto articulado e contínuo das 
ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada 
caso em todos os níveis de complexidade do sistema; 
III - preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua integridade física e 
moral; 
[...] 
(BRASIL, 1990, [s. p.]) 
 
Portanto excelência, não há em que se falar de escusas quanto ao fato de que é dever 
dos entes formadores do Estado brasileiro, o dever do fornecimento de medicamentos e meios 
que promovam a saúde da população. E é justamente o que está acontecendo com a 
IMPETRANTE, vez que está sendo tolhida deste direito líquido e certo atinente a CF/88. 
III - DO CABIMENTO 
Conforme já dito acima, O artigo 23, inciso II da Carta Magna nos demonstra a 
responsabilidade solidária existente entre os entes do Estado, trazendo com louvor o então 
IMPETRADO como figurante no polo passivo deste mandado. Outrossim temos na figura daIMPETRANTE o polo ativo, vez que dela urge a necessidade. 
IV- DO PEDIDO LIMINAR 
Excelência, diante do exposto nesta impetração, é dever deste causídico clamar por 
justiça e a solução rápida da questão e assim sendo ergue-se que se acolha o “fumus boni 
juris”, principalmente quanto ao que se pleiteia, vez que se trata de transgressão de Direito 
líquido e certo. Trata-se de risco à vida da IMPETRANTE, que mediante o rito em que se toca 
um processo judicial, no decorrer deste, corre-se o risco de se esvair o bem ao qual se busca 
tutelar, a vida. Destarte, mediante o “periculum in mora”, faz-se mister o pedido, com fulcro 
no Art. 300 do NCPC vigente, bem como no Art. 7º da Lei 12016/09, que se conceda o 
fornecimento do medicamento necessário a IMPETRANTE "inaudita altera pars", garantindo 
assim o que não haja omissão ou dano atentatório a vida ora IMPETRANTE. 
V- DOS PEDIDOS 
Tendo o exposto acima como base, pede-se: 
1. A concessão da liminar em si para fornecer o remédio; 
2. A concessão da segurança com a entrega contínua do remédio; 
3. A notificação do Secretário de Segurança p/ prestar informações, nos moldes do Art, 
7º, I da lei 12016/09; 
4. A notificação da Secretaria de Saúde, nos moldes do Art. 7º, II, da Lei 12016/09; 
5. A intimação do Procurador do Estado do Estado do Ceará, conforme Art. 9º da mesma 
Lei; 
6. A condenação das custas ao IMPETRADO; 
7. Pede-se também a priorização do processo, mediante o Art. 20 da Lei 12016/09. 
 
Causa com valor de 1 mil apenas para fins de alçada. 
 
 
_____________________________________ 
Emison Souza de Azevedo 
OAB/SP (...)

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